Direito Internacional Público I Prof Maria Luísa Duarte
Direito Internacional Público I Prof Maria Luísa Duarte
Direito Internacional Público I Prof Maria Luísa Duarte
Sociedade ≠ Comunidade
Ex: Veto dos EUA a sanções a Israel por atropelos ao DI dado não reconhecer a soberania de
Israel;- Elemento comunitário do Conselho de Segurança não tem surtido o efeito desejado por
força de sucessivos vetos e impedimentos a 1 efetiva ação conjunta- Prevalece no entanto 1
Direito de base societária
Especialmente após o 11/09; países refugiam-se cada vez mais na sua própria soberania
(“America First”); minando a ação comunitária
UE: Modelo comunitário; Estados abdicam de alguma soberania num contexto apenas
potenciado por 1 clima de confiança
EUA violaram contrato com França em prole do RU e Austrália (caso dos submarinos); EUA
“descartaram” 1 velho aliado, França- Clima de profunda desconfiança- Compromete o
multilateralismo internacional- Único modelo viável
“Enquanto que o forte faz o que quer e o fraco sofre o que deve”- Tucídides- Submissão ao +
forte
Ex: Rússia; fronteira terrestre com 14 Estados ; a sua história reduz-se á sua
evolução/expansão face áqueles que a cercam
Perspetiva dos países circundantes: Ameaças constantes por parte da Rússia, “o gd urso, cujo
abraço é mortal”
Fundamentos do DIP
1) Contratual
Sem DIP não existiria sociedade internacional; onde há Direito há sociedade e vive-versa – a
alternativa seria a completa anarquia-, a vida em sociedade exige regulação
Tal não impede que a vontade dos + fortes prevaleça invariavelmente sobre a dos + fracos (Mt
embora o DIP pretenda evitar essa mesma situação
Todos contra todos, fortes prevalecem Contrato social; regido pelo Direito;
soberania
2) Humanista
Dignidade da pessoa humana; Conceitos jurídicos
Paz e segurança da comunidade internacional; indeterminados
DIP: Direito de base principialista; fragmentação das normas jurídicas- elemento
agregador- Princípio da proporcionalidade- válido em todas as áreas de
regulação jurídica se bem que com assinalada falta de efetividade;
Direito humanitário (Direito na guerra)
i. Resulta de convenções internacionais, de costumes;
ii. Desenvolve-se em torno dos princípios da humanidade e da
proporcionalidade Ex: Respeito pelos prisioneiros de guerra, uso dos meios
– lesivo, recurso aos meios estritamente necessários
Algumas escolas afirmam que o DIP consiste em “Direito imperfeito”; “Ius imperfecta”- esta
conceção deve-se a 1 desconhecimento da evolução histórica do DIP e da evolução do direito
interno
Fruto desta comparação entre direito interno e DIP estas escolas perguntam-se como poderá o
DIP ser direito se não tem
Não podemos pedir ao DIP que seja igual ao Direito Interno nas suas dinâmicas visto
que a comunidade internacional é ,por natureza, descentralizada (constelação de
Estados);
Acreditou-se que a Carta da ONU de 1948 seria o equivalente a 1 “Constituição
Mundial”;
a) Nunca chegou a ser aplicada tal qual previsto;
b) Temos vários legisladores em cada Estado por oposição a 1 legislador
concreto;
c) Não existe polícia, do ponto de vista jurídico tal função deveria ser
desempenhada pela ONU mas quem efetivamente assume esse papel são as
superpotências (note-se o clima de Guerra Fria e a hegemonia ou binómio
EUA/URSS- “controlo do mundo”;
d) Multilateralismo plurilateral;
Posição negacionista
Defende que o DIP não é verdadeiramente direito por falhar a característica da coercibilidade.
Não há polícia, não há tribunais nem legislador. Posição cética. Erro metodológico; ignora as
diferenças entre o Direito interno e o DIP e procura, erradamente, compará-los.
É falso que não exista legislador, pois há centros decisórios que produzem atos normativos
tais como a ONU ou a UE, não existe 1 polícia internacional mas verifica-se a tentativa de
criação de org dedicadas a isso; tal função pretendia-se ser assegurada pelo Conselho de
Segurança da ONU e relativamente aos tribunais, existem de facto tribunais internacionais
como o Tribunal Internacional de Justiça da ONU.
Posição intermédia
Posição híbrida. DIP é 1 direito imperfeito; as suas normas, convenções internacionais atestam
o seu caráter jurídico mas o mesmo carece de coercibilidade, não há forma de fazer os Estados
cumprir.
DIP: Direito específico nas suas dinâmicas; possui fundamento social, contratual e racional.
1°Período
“Pai do DIP”: Hugo Grócio, defensor da tese “Mare Liberum”; livre navegabilidade dos mares;
mesmo atualmente o DIP gira em torno da ideia de 1 Direito “de guerra” e de 1 Direito “de
paz”- “Direito das Gentes”
Maior fragilidade do Estado Soberano por força da globalização das relações entre Estados e
enfraquecimento do princípio da territorialidade
Estas bases remontam ao séc XIX com a Reunificação Italiana e a obra de Solfenino relatando
cenários de guerra impulsionadores do desenv de princípios de cariz humanitário
Concerto Europeu
Período Moderno
1ª GM (1914-1918)
1919: Tratado de Versalhes; criou a SDN e a Org Internacional do Trabalho
Visou consagrar a soberania dos Estados e procurou apelar á paz
SDN não evitou que eclodisse a 2ª GM tendo sofrido por força da abstenção dos EUA e
consequente falta de coesão e efetividade- EUA procuraram prescindir dos Aliados, advogando
o unilateralismo
“Cisnes negros”; Ex: Pandemia, Ataque ás Torres Gémeas: Momentos altamente disruptivos
responsáveis por alterar drasticamente as dinâmicas a nível de relações internacionais e a nível
geopolítico
Erupções de soberania
Ac do TC da Polónia (07/10/2021)
Situação que não é exclusiva da Polónia; questão já foi levantada pelos TC de Espanha,
Alemanha ou da Holanda
Considerou que det competências do Banco Central Europeu não eram adequadas,
limitavam a atuação da Alemanha (Cons alemã tem de prevalecer qd, manifestamente, os
tratados não puderem ser interpretados de acordo com as competências atribuídas ao BCE
Estado de Direito
- As limitações á soberania dos Estados “não se presumem, têm de estar expressas”: vai de
encontro ao pensamento da corrente positivista
Torna-se difícil aceitar que 1 regulamento da UE prevaleça até sobre o direito constitucional de
cada Estado
Foi relegado para legislação avulsa que não tem a mesma força jurídica/juridicidade/
vinculatividade de 1 norma convencionada como as que constam nos tratados
Caso da UE; Estados decidem exercer em comum poderes que são seus pq assim o entendem
ser benéfico
Evolução do DIP
1) “Pré-história do DIP”
Antiguidade
o Corpo de normas destinada a regular relações entre romanos e estrangeiros
(ius gentium) ou entre o Estado e estrangeiros;
o Políticas de alianças entre povos em situações de interesse comum (diversos
centros de poder)
Idade Média
o Ainda não há Estados tirando o caso de Portugal;
o Pluralidade dispersa de poderes (reinos, principados, senhores feudais…)
Dispersão de poderes;
o Idade Média: Ius Commune (para as relações comerciais; ex- Lex mercatoria)
Período Clássico
i. Vestefália e princípios
ii. Declaração de Independência EUA (1776)
iii. Revolução Francesa (1789)
Difusão a nível global dos ideais do liberalismo, nomeadamente o princípio da separação de
poderes, indispensável para a existência de 1 comunidade internacional para além da
afirmação do princípio da autodeterminação dos povos
Sai prejudicado o elemento de previsibilidade do Dto por força das incertezas que tendem a
surgir Derivam tbm da possível existência ou não de costume e das dificuldades
inerentes +a verificação dos seus requisitos
Comissão de Dto Internacional: Órgão da ONU; visa codificar as normas internacionais
e contribuir para o desenv do DIP
o Trabalhos/debates surtem impacto extremamente positivo no sentido de
identificar regimes internacionais e diminuir a incerteza face á aplicação de
normas
Resolução 73/203 da ONU: Determinação do Dto Internacional Costumeiro;
DIP começou por ser 1 Dto de base costumeira; a partir do Congresso de Viena, finais
do séc XIX e + tarde com o Tratado de Versalhes opera-se a contratualização das
relações internacionais (Tratado de Versalhes assinalou 1 contributo qualitativamente
superior);
DIP evoluiu para 1 realidade + plurilateral, + institucionalizada com o Tratado de
Versalhes (vinculou múltiplos Estados) e + tarde com a SDN
Fontes
Art 38° do Estatuto do Trib Intern de Justiça; + de 100 anos; elaborado para o Trib
Permanente de Justiça- 1920; apresenta alguns anacronismos facilmente
ultrapassáveis por recurso a 1 interpretação atualista
“Ponto de partida”, embora alvo de mts críticas na doutrina; não há referência á “soft
law”; é considerado algo arcaico, crítica incide sobre a expressão infeliz “princípios gerais
de Dto reconhecidos pelas nações civilizadas”
Pendor idiomático + negativo
Anacronismo; expressão traduz 1 forma de discriminação entre os demais Estados/nações.
Expressão está datada
Art 45°: “Nações amantes da paz”-1945
Proibição do uso da força e da guerra;
Rescaldo da 2ª GM;
“Amantes da paz”: Aliados; potências vencedoras ≠ Derrotados; potências do Eixo
(Alemanha, Itália, Japão)
Art 38°: Visa diferenciar entre Estados que devem estar/participar na formação de princípios
gerais de Direito e outros que pelo seu comportamento não devem estar
Expressão em questão de forma a ser + atual deveria ser, por ex:”Estados de direito”
Fontes formais (Dto positivado, leis),
Costume (força jurídica/vinculatividade assenta no facto de ser 1 prática reiterada,
vinculando como norma costumeira todos os Estados, até os que não assinaram o
Estatuto);
Jurisprudência;
Equidade (forma de justiça no caso concreto; não é 1 fonte de Dto- Constitui 1
imperfeição do art 38°
1° Normas internacionais
2°Costume
3°Princípios gerais de Direito
4°Jurisprudência
5° “Douta opinião dos doutores”
6° Se as partes assim concordarem dizer qual o dto aplicável mediante 1
“concertação” entre as partes
Não se pretende estabelecer 1 hierarquia das fontes, não pretende aferir qual a
fonte hierarquicamente superior ou de maior relevância, não pretende dizer qual é
que deve prevalecer sobre as demais (Não se trata de 1 apreciação valorativa)
Profª Regente
Não existe hierarquia de fontes mas sim hierarquia de normas;
Art 38° não é suficiente para aferir essa hierarquia de normas pois não faz
referência ás normas de “Ius Cogens”
O Tratado é 1 contrato
Convenção, tratado, acordo, protocolo, carta- Pluralidade de designações-
constituição, concordata, memorando, pacto, compromisso, convénio;
Designações por vezes têm significado próprio, outras vezes prendem-se com questões
de estilo;
Conceito de Tratado (1969) Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT-
I)
o Regula aspetos do “nascimento, desenv e morte do tratado”;
o CVDT- II1986- Regula aspetos do anterior em relação a tratados celebrados entre
Estados e org internacionais (mt semelhante á convenção anterior)
CVDT- II (1986)
Tratado: acordo internacional celebrado por escrito pelos Estados e regido pelo Dto
Internacional independentemente da sua designação;
Acordo de vontades entre Estados
o Acordo escrito (acordos não escritos não estão proibidos pelo Dto
Internacional; acordos secretos, verbais, só produzem efeitos “inter partes” ,
não podendo ser registados, não são oponíveis a terceiros; CVDT-II não os
proíbe; Estados podem celebrar contratos entre si;
o Não importa o n° de instrumentos que engloba (docs/legislação avulsa)
O costume
Noção
2) Reiteração
A prática costumeira deve ser reiterada
É a reiteração que permite a generalização da prática: testa o grau de adesão à
prática
É impossível determinar em abstrato o nível de reiteração exigido e o período de
tempo que tal implica: basta que seja tempo suficiente para mostrar a consistência do
costume
A opinio iuris
A opinio iuris consiste, basicamente, na vontade do Estado ficar vinculado à norma
costumeira, ou seja, é a convicção de obrigatoriedade da mesma.
A jurisprudência presume a existência desta opinio iuris sempre que estejamos
perante uma prática pública que seja:
i) Geral
ii) Reiterada
iii) Consistente
Espécies de costume
2. Não universal: isto sucede quando não houve apoio numa prática generalizada,
reiterada e consistente a nível universal, contudo, a nível regional tais requisitos
foram respeitados pelos Estados que integram a região
Costumes regionais: “região” deve aqui ser entendido enquanto conceito cultural
(cultura jurídica), embora possa também ter relevância o elemento geográfico (ex.
pode haver um costume regional que abranja países da UE e os EUA, embora não
tendo relevância geográfica, neste costume há a partilha da mesma cultura jurídica =
“região”)
Também quanto a costumes regionais se rejeita a teoria do objetor persistente: a
única diferença relativamente às regras dos costumes universais é o seu âmbito, a
natureza é exatamente igual, assim como a sua vinculatividade
Fundamento
(b) objetivista, para a qual o costume configura uma regra objetiva, exterior e
superior às vontades estatais. Há, atualmente, uma tendência da doutrina mais
moderna em filiar-se à corrente objetivista.
Costume
Prática tem por foco os Estados, é adotada por Estados mas a adoção por org
internacionais tbm adota alguma relevância
Internacionalização/pluralidade de sujeitos
Requisitos do costume
Prática geral: alargada; não é necessário que seja adotada por todos os Estados
mas requere-se que esta seja seguida pela generalidade dos Estados;
Reiteração: repetição, não há 1 mínimo de atos que sejam considerados
necessários para formar essa prática;
Prática pode ser expressa pela função legislativa, judicial, executiva ou por via e
atos diplomáticos assim como por declarações de Chefes de Estado ou Chefes de
Gov Podem indicar posições/futuras atuações de det Estado
Afere-se com base em indícios; essa verificação é efetuada pelos tribunais internacionais mas
tbm internos que aferem a existência ou não de 1 norma costumeira sobre det matéria
Objetor persistente
Apenas não sucede isto relativamente a normas de “Ius Cogens” , aplicáveis, por definição, a
todos, com eficácia “erga omnes”
Prof Inocêncio Galvão Telles defendeu a existência do costume bilateral e o tribunal aceitou
esta fig
Regente: Norma caduca por desuso; a prática internacional após a Guerra Fria, déc de
'90, pautou-se por 1 “banalização” da ingerência
Deu-se a erosão da norma por força da inconsistência do conceito “assuntos internos”;
Tornou-se + difuso pelo que todos os assuntos serão de interesse internacional
Assuntos Internos (tradicionalmente considerados como tal)
Sistema de governo;
Relação entre Estado e cidadãos
o Alvo de 1 profunda internacionalização;
o Deixou de ser 1 questão puramente doméstica tbm por força da consagração
na Carta da ONU do princípio da dignidade humana;
o Atualmente, tudo é passível de constituir algo com interesse internacional
Ex: Portugal, anos 60, Estado Novo, alegou-se que a sua “prerrogativa” de
manter as colónias africanas, ou províncias ultramarinas, se inseria no âmbito
dos assuntos internos
i. Esta argumentação de nada serviu, ONU não atribuiu qualquer
razão/mérito a tais alegações, condenando veementemente Portugal
enquanto nação/potência colonizadora;
ii. Prevaleceu a defesa do princípio da dignidade humana para reprovar
vivamente a manutenção de colónias, atentando ainda contra o
princípio da autodeterminação dos povos
Qd tal sucede deve-se recorrer aos princípios gerais de direito; critérios de integração de
lacunas. Ex: “Mutis posidetis”- Princípio de acordo com o qual não se devem alterar as
fronteiras internacionalmente reconhecidas (Princípio especifico de DIP)
Jurisprudência
Fonte auxiliar de dto;
Fig do precedente judicial, qd 1 tribunal julga, a sua decisão tem efeitos no caso
concreto mas dependendo da natureza da decisão e da estrutura jurídica em que o
dito tribunal se insere pode ser declarada eficácia “erga omnes”;
Exclusivo do sistema anglo-saxónico (RU, EUA..)
Precedente tbm tem forte influência no Dto da UE Ex: Relevância doutrinária do
princípio do primado da EU que tem sido posto em causa atualmente pela Polónia e o
seu TC Esta relevância serve mt vezes para “clarificar” conceitos, interpretar
normas e integrar lacunas para além de, embora não tão frequentemente, criar
normas inovatórias e desenvolver princípios novos
1) Atos unilaterais1
- Adotados por 1 sujeito de Dto Interno; Estados ou ONG' S, o ato é adotado por 1 só
sujeito e apenas a este deve ser imputado;
1
Direito Internacional Público e ordem jurídica global do séc XXI, Maria Luísa Duarte, págs 151 e segs, 2ª
reimpressão 2019; AAFDL Editora
não sendo de excluir a aceitação da sua natureza hibrida e, de certo modo, transitória de
“soft law”;
- Dúvida sobre se estes são fonte de Dto (Importa fazer a distinção entre atos unilaterais
meramente aplicativos e atos unilaterais que definem princípios e regras abstratas;
Terá esta declaração de intenção caráter expresso ou tácito para que tenha relevância?
Hierarquia
Existem 2 patamares Soft law (qd o jurista não está seguro da existência de
norma pode sempre dizer que existe “soft law” ou Dto
indicativo)
Hard Law Normas impositivas comuns
Normas impositivas
Corresponde qualificadas/fundamentais
á definição de “Ius Cogens”, presente no art 53° da Convenção de Viena sobre o Dto dos
Tratados (CVDT-I)
“Hard Law”
Torna-se necessária
Aceitação generalizada;
Salvaguarda da dignidade da pessoa humana e da paz;
Defesa/Consagração do Estado de Direito no sentido de respeito
pelo Dto ou observância do Dto
Sistemas podem variar muito de Estado para Estado mediante fatores como
- Sistema de governo
- Tem 1 elevado grau de abertura (aliás quase total) ao Dto Internacional; “Constituição amiga
do DIP”
Art 7°/1: Portugal rege-se nas Relações Internacionais pelos princípios da independência
nacional, do respeito pelos DH, igualdade entre Estados, não ingerência nos assuntos internos
de outros Estados (Art proclamatório; assunção de 1 compromisso)
Art 8°:
- 8°/3: Pensado para o Dto comunitário; Dto da UE mas tbm no respeitante ao Dto da ONU
Sistema de governo
o Presidencialista; poderes + alargados do PR no processo de vinculação
internacional;
o Parlamentar; preponderância do Parlamento no processo de vinculação;
o Semipresidencialista (negociação cabe ao Gov via resolução do Conselho de
Ministros; Gov tbm pode em certos termos ter competência para aprovar embora
na maioria dos casos seja a AR a aprovar; PR tem o poder fundamental de assinar
convenções e ratificar tratados tendo este o dto de ser devidamente informado
pelo Gov que responde politicamente perante o PR
Profª Regente : Matérias de integração europeia deveriam ter sido referendadas dado que
colidem, influenciam aspetos ligados á soberania pelo que a pop, os cidadãos deveriam ser
chamados a pronunciar-se, gerando 1 debate público e promovendo 1 maior esclarecimento
face ao assunto em questão
Estados não podem desrespeitar 1 tratado que os vincule com base nas suas
Constituições
Estados não podem vir + tarde dizer, após ratificação, que não irão aplicar/respeitar o
tratado
Regente: Considera que não deveremos interpretar de forma literal e restritiva2 o art 46°
como dizendo respeito apenas a matérias no âmbito do procedimento de vinculação
internacional já que “ (…) 1 Estado não pode, através de compromissos internacionais, afetar o
núcleo de proteção dos dts fundamentais na medida em que o não poderia fazer no plano
interno- por ex, no caso português, aceitar limites á proibição absoluta da pena de morte
(24°/2, CRP) (…)ou a pena de prisão perpétua (33°/4)”3
No entanto, essa “violação manifesta” não poderia deixar de ser percebida / detetada pelo
país em questão bem como os demais
Estados são livres para definir o seu regime interno de vinculação mas uma vez
ratificado não poderão recorrer a eventuais inconstitucionalidades (que a existirem
2
Em defesa de 1 interpretação literal e restrita- Eduardo Correia Baptista, Direito Internacional Público
Vol I , pág 287
3
Direito Internacional Público e ordem jurídica global do séc XXI, Maria Luísa Duarte, págs 204-205, 2ª
reimpressão 2019; AAFDL Editora
teriam muito provavelmente sido notadas antes da ratificação) para não aplicar as
normas de tratados ou convenções pelo que se deverá evitar situações de “ratificação
imperfeita”
Tratados tinham de ser aprovados pelo Senado mas os acordos e a sua ratificação
cabiam ao PR por via dos “executive agreements”
CRP: Acordo, convenção, tratado
Tratado Acordo
tratado
Alguma doutrina defende que há outras matérias para além das do 161° i) que devam adotar
forma de tratado (seriam as matérias + importantes)
Profª Regente: Não há reserva material de forma de tratado fora das matérias designadas no
161°, i)
O que há é 1 reserva material de convenção internacional que tem de ser aprovada sob a
forma de tratado
Art 8°/3- Convenções deste género não vão á AR mas Apenas vincula o Estado
esta pode manifestar-se nos termos da alínea n) do 161°; se este o aprovar-8°/2:
Gov é quem decide visto representar Portugal no - Ratificação é 1 ato livre
Conselho da UE não obstante a influência
política, a pressão que pese sobre o Estado,
nomeadamente o princípio da leal cooperação
Cada Estado deve promover a aprovação interna de modo a melhor concretizar os objetivos
comunitários
Uma vez celebrado/ratificado o acordo não pode o Estado sob o pretexto de afirmar a
prevalência da Constituição, vir + tarde desvincular-se unilateralmente do acordo
Art 8° CRP
Art ° 8°
- Juiz irá procurar 1 sentido literal na norma que se funde em aspetos da lei constitucional
Jurisprudência portuguesa,
deixou de ser tão restritiva em termos de liberdade de expressão por influência das
interpretações/ponderações do Tribunal Europeu dos Dtos do Homem
Art 8°/1: Dto geral ou comum (Dto costumeiro, que resulta dos princípios gerais de direito)
A generalidade da doutrina portuguesa considera que esta disposição é pelo menos
equivalente á CRP
Não é 1 convenção, é 1 declaração que foi aprovada em 1948 pela ONU por via de 1
Resolução
á constitucional
Art 16°/2: Disposição algo “irrelevante” já que dificilmente haverá alguma disposição da CRP
que colida, ou se oponha á DUDH
Ex: Art 15°/1 DUDH; se se interpretasse esta disposição de forma literal concluir-se-ia que o
Dto Internacional não admitia a condição de apátrida (Prevista no art 15° da CRP)- Não há 1
conflito, apenas se insta os Estados a evitarem situações de apatridia
≠ Há Estados que preveem a perda de nacionalidade por força de crimes contra a Pátria, por
ex- Restrições a dts fundamentais são permitidas desde que adequadas, necessárias e
proporcionais
Art 8°/4: Introduzido na penúltima Revisão Constitucional, pensado para dar resposta
ás disposições da “Constituição Europeia” (art 6°)- Princípio do primado encontrava-
se aí consagrado expressamente
Surgiu em seu lugar, + tarde, o Tratado de Lisboa (2007), onde se faz, a propósito desta
matéria 1 remissão para a jurisprudência do TEDH
Art 7°/6 + 8°/4 (disposição redundante, veio explicitar o que já se deduzia do 7°/6
Não surgem conflitos; prevê-se que Portugal possa proceder a limitações á sua soberania por
via de cooperação no âmbito da UE
Artigo 6.ºCVDT-I- todo e qualquer estado tem capacidade para celebrar tratados. O direito de
negociar e de concluir acordos internacionais faz parte dos atributos clássicos da
personalidade jurídica internacional dos estados soberanos- ius tractum. No exercício desse
poder o estado é limitado pelas obrigações decorrentes o DI e do DConstitucional.
Art.10º, b)- regra subsidiária consiste numa das três modalidades possíveis:
- Depois de autenticado o texto só poderá ser modificado por acordo das partes ou, se
for um erro ou gralha, através do procedimento de retificação previsto no art 79.º CVDT-
I
Formato
- Preâmbulo, com a enumeração das partes e dos fundamentos.
- Corpo dispositivo, com os respetivos artigos relativos ao regime jurídico e as disposições
finais, definidoras de aspetos específicos sobre diversos assuntos, as disposições finais
relativas as condições de vigência e aplicação do tratado produzem efeitos desde a
adoção dos textos- art.24º/4, CVDT-I.
- Anexos, com disposições técnicas, regras normativas complementares ou meras
declarações políticas, fazem parte do tratado e têm em princípio a idêntica força jurídica.
- Manifestação do consentimento- este é o momento jurídico mais importante
que antecede o nascimento do tratado, coincidente coma entrada em vigor. A relevância
jurídica deste momento impõe-se com evidência lapaliciana: como acordo de vontades
manifestado de modo juridicamente adequado.
A CVDT-I, no seu artigo 11º, estabelece a regra da escolha livre da forma de
manifestação do consentimento.
Faz sentido existirem reservas nos tratados gerais de codificação de regras costumeiros.
- Limites procedimentais- a reserva exige forma escrita e deve ser comunicada por escrito aos
estados contratantes e aos outros estados que possam vir a ser partes no tratado, assim
como os atos de aceitação, de objeção e de retirada- art. 23º, CVDT-I.
Se o tratado autoriza a reserva, esta não precisa de ser aceite pelos outros Estados, salvo se
for outra a solução prevista- art.20º/1. Noutros casos, o princípio é o da aceitação ou da
rejeição através da objeção- arg.20º´/2, 3 e 4, CVDT-I.
A reserva é uma declaração unilateral cujos efeitos dependem da expressão de vontade das
restantes partes, corolário da natureza contratual e concertada do tratado.
O critério principal é o da autonomia da vontade dos Estados que podem, por unanimidade-
20º/2 ou por maioria aceitar uma reserva mesmo que esta se mostre ”incompatível ”com o
objeto e o fim do estado”.
Os efeitos da reserva são relativos, porque apenas se projetam na relação entre o estado autor
da reserva e os estados que a aceitaram, o tratado aplicar-se-á “na medida do previsto por
essa reserva” -art.21/1, CVDT-I.
Se a reserva exclui a aplicação de uma parte do tratado, os estados que aceitaram a reserva
não podem exigir ao estado autor da reserva o cumprimento das obrigações inerentes ao
regime jurídico afastado.
Entre o estado autor da reserva e o estado que formulou objeção cumpre distinguir,
- Nos tratados bilaterais a entrada em vigor costuma coincidir com a data em que se concluiu a
troca de notas.
- Nos tratados multilaterais a vigência pode ficar dependente de uma condição (número
minimo de ratificações) ou de um termo (por exemplo, passados dois anos).
» A Constituição portuguesa, por via do artigo 8º/2, não permite a aplicação a título
provisório. Porém se a aplicação provisória resultar de uma disposição transitória do próprio
tratado, adotado por maioria de 2/3, a aplicação provisória pode-se aplicar- 9º/2, CVDT I,
articulado com o artigo 24º/4,CVDT-I.
- Todas estas figuras têm como propósito de assegurar ao Tratado a devida publicidade
e resguardo seguro.
- Nos tratados multilaterais, a prática é de designar um depositário, o Estado em cujo território
foi negociado o tratado, uma Organização Internacional o seu secretário-geral no caso de
um tratado celebrado sob os auspícios da Organização Internacional em causa-76º/1, CVDT-I.
- 80º/1, CVDT-I- após a sua entrada em vigor, os tratados são transmitidos ao secretariado Das
Nações Unidas para efeitos de registo e publicação, dele depende o direito da parte de o
invocar perante qualquer órgão das Nações Unidas.
- Para todos os efeitos, o Tratado é o contrato celebrado por partes que assumem, de boa fé e
com vontade genuína de cumprir, as obrigações inerentes ao compromisso pactício.
- O ato de celebrar ou de ratificar um tratado é, por natureza, um ato livre. Do princípio da boa
fé derivam limitações ao comportamento do Estado signatário, mas nunca à luz do direito dos
tratados, um dever de ratificação.
Dever de ratificar
- Existe um dever de ratificar em virtude de um tratado anterior:- pacta sunt servanda.
- É imposto pela constituição. No caso da CRP é imposto pelo resultado de um referendo,
favorável e vinculativo em relação a ratificação do tratado.
- Outro corolário do princípio aqui tratado, consiste na ininvocabilidade do direito interno
como fundamento para descartar as obrigações de fonte convencional-27º. CVDT-I
Art. 46º, CVDT-I
2 - Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que
proceda, nesse domínio, de acordo com a prática habitual e de boa fé.
- Os efeitos produzidos com base no Tratado repercutem-se um, sob a forma de direitos e
obrigações, da esfera jurídica das partes contratantes. A determinação do âmbito de eficácia
dos tratados recorta-se a partir dos seguintes critérios:
A Carta das Nações Unidas estabelece, o critério da prevalência das obrigações assumidas em
virtude da carta sobre quaisquer outras obrigações resultantes de um tratado sucessivo,
relativo, por exemplo, a questões militares e de segurança coletiva.
a) A interpretação como operação intelectual que, inspirada pelo critério matricial da boa fé,
combina e articula os diferentes elementos de trabalho da função interpretativa –
elemento literal, elemento histórico, o elemento sistemático e o teleológico- artigo 31º,
CVDT-I.
b) A interpretação como resultado deve refletir um significado de base objetivista, dada a
importância reconhecida ao contexto- art.31º/2, CVDT-I, e de base teleológica que
valorize o objeto e o fim do tratado- 31º/1, CVDT-I, sem prejuízo, todavia, da concessão
feita pelo artigo 31º/4.
c) ... matéria não importante
Artigo 34º CVDT-I- “Um tratado não cria obrigações nem direitos para um terceiro
Estado sem o consentimento deste.”
=406º/2
- Princípio do efeito relativo dos tratados
- Axioma romano- o acordado entre as partes não pode prejudicar ou beneficiar
outros.
-No DIP, a relatividade é um corolário da soberania dos estados e em relação a todos
os sujeitos jurídicos dotados de capacidade para celebrar tratados, é uma exigência da
autonomia privada.
- Este princípio não é absoluto na medida em que a sua aplicação esta sujeita a limites
e condições.
- Estado que não é parte do tratado é um Estado terceiro. Em relação a este Estado, a
possibilidade de um tratado criar direitos ou obrigações na respetiva esfera jurídica
depende do seu consentimento- que terá forma de aceitação expressa e por escrito
no caso de obrigações – 35º, CVDT-I. No caso da atribuição de direitos, presumes que
existe consentimento enquanto não houver indicação em contrário, constituindo,
pois, um exemplo de relevância jurídica do silencio por parte do Estado Terceiro.
- Artigo 37º, CVDT-I- revogação ou modificação de obrigações e direitos de terceiros
Estados.- Teoria do acordo colateral entre os estados partes no tratado principal e os
estados terceiros. O consentimento do terceiro estado gera uma espécie de acordo
triangular.»» Os direitos e obrigações passam a integrar a área de atuação jurídica do
terceiro estado após o consentimento- 35º e 36º e não desde a entrada em vigor do
tratado.
- O artigo 38º não é uma exceção à regra do consentimento- pois trata-se de uma
consequência direta da natureza consuetudinária da norma em causa.
2 exemplos de situações que parecem ser exceções à regra
1. Tratados aplicáveis a “situações objetivas” ou estatuto territorial- o acordo sobre
regimes de neutralidade de um estado ou de desmilitarização, em princípio,
produzem uma situação objetiva oponível a toda a comunidade internacional. =
autoridade erga omnes dos tratados sobre delimitação de fronteiras.
2. 6º/2CNU + 103º= impõe aos estados que não são membros das NU, o respeito das
obrigações relacionadas com tudo “quanto for necessário a manutenção da paz e
da segurança internacionais”
Nestas duas situações depara- mo- nos com obrigações de fonte heterovinculativa,
baseadas numa ideia de comunitária e integradora do DIP.
- Eventual violação destas cláusulas expressas não inquinaria a validade do tratado e podia-se
resolver à luz do princípio geral Pactum posterius derogat priori.
- A CVDT-I, combina efeitos jurídicos típicos da nulidade e efeitos jurídicos pressupostos pela
anulabilidade.
» A noção de nulidade significa que o ato jurídico nulo não produz efeitos desde o início da
sua vigência, ex tunc, uma vez que as disposições do tratado carecem de força jurídica, deste
modo nenhum estado pode invocar em seu favor um tratado nulo- 69º/1. No entanto alguns
dos atos praticados e alguns dos efeitos produzidos podem ser mantidos- 69º e 71º, CVDT-I.
Nulidade
- Relativa
- Absoluta
Nulidade relativa- A causa de invalidade só pode ser invocada pela parte cujo consentimento
foi manifestado ou obtido de modo contrário ao direito, o vício é sanável-45º e este tipo de
invalidades não afeta a vigência do tratado, salvo se for um tratado bilateral, e não prejudica a
sua aplicação nas relações entre as outras partes, no caso de Tratado multilateral, ISTO é não
afeta a vigência de Tratado multilateral.
1. Violação das disposições de direito relativas à competência para concluir tratados – 46º
2. Restrição específica dos poderes de manifestação do consentimento de um Estado- Apenas
invocável se a restrição em causa tiver sido notificada aos outros Estados que
participaram na negociação-47º
3. Erro relativo ao conteúdo do acordo, que funcionou como base essencial do consentimento
em ficar vinculado
4. Dolo de uma das partes da negociação
5. corrupção do representante do Estado-50º
Nulidade absoluta- Pode ser invocada em qualquer altura, pelo Estado prejudicado, por
qualquer parte no Tratado, e, e inclusivo, Por Estados e entidades que não estão vinculados
pelo Tratado nulo, mas que, neste caso, exercem um direito de proteção de interesses
públicos internacionais. O vício não é sanável- 45º e há proibição da divisibilidade do tratado-
44º/5
- Nulidade originária
A eficácia jurídica dos tratados pode sofrer diferentes graus de inibição, dependendo da
causa geradora do juízo de desvalor:
A vontade das partes está, sujeita ao princípio pacta sunt servanda, e por conseguinte, a
desvinculação, a cessação de vigência ou a suspensão dos efeitos do tratado devem respeitar
os procedimentos sedimentados pelo direito dos tratados e codificados pela Convenção de
Viena.
Para além das causas de cessação de vigência já referidas, a Convenção de Viena enumera
outras-54º
1. Causas internas- previstas no próprio tratado, incluindo situações típicas de caducidade
que põem fim à vigência do tratado em virtude do decurso do tempo- 54º/a); por vontade
comum das partes, de efeito abrogante- 54º/b) ou substitutivo- 59º; por vontade
unilateral de uma parte, sob a forma de denúncia
tratado bilateral ou retirada, tratado multilateral-56º; violação do tratado-60º 2.
Causas externas- impossibilidade superveniente de execução- 61º; alteração fundamental
de circunstâncias- 62º
-A desvinculação do tratado, através de denúncia/recesso é uma manifestação típica da
vontade soberana do Estados, aplicação do princípio da autonomia contratual, porém tem de
vir prevista no próprio tratado. O artigo 56º reconhece um direito implícito de denúncia se :
- Estamos perante regras de natureza dispositiva que podem ser substituídas por outras, no
próprio tratado, quer no sentido de facilitar a sua invocação quer no sentido oposto de proibir
esta causa de extinção/ suspensão do tratado- 60º/4
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Desuso – a violação do tratado por prática continuada e reiterada pode ditar a sua extinção
com a consequente substituição pela norma resultante do costume contra legem; na prática
pode também ocorrer pela sua não aplicação.
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61º/2- Proíbe à parte a alegação da impossibilidade de execução como motivo de extinção ou
de suspensão de aplicação do tratado quando essa impossibilidade resulta de violação, pela
parte invocadora, de uma obrigação prevista no Tratado relativa a qualquer uma das partes-
Proíbe o acesso do infrator ao benefício da infração.
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62º/3- princípio quem pode mais pode o menos, confere a parte que estiver em condições de
invocar a alteração fundamental de circunstâncias com o propósito de solicitar a suspensão de
aplicação do tratado- NOS casos de conflito armado.
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CVDT não regula de modo autónomo e específico a questão das implicações da beligerância
armada na vigência e aplicação dos tratados (art. 73º a 75º)
➢ Rutura de relações diplomáticas entre Estados não obsta a conclusão de tratados, mas, um
tratado concluído nestas circunstâncias não produz efeitos no que diz respeito às relações
diplomáticas e consulares.
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Sujeitos de DIP
-Capacidade jurídica: Medida de dts de que se é titular ou que se podem exercer e dos
deveres a que se está sujeito
Individuo Estado
Ambos têm personalidade jurídica, estão no mesmo plano nesse aspeto, mas isso já não
acontece qt á capacidade jurídica
Só o Estado tem capacidade jurídica plena (titular de todos os dts, sujeito de todos os
deveres- “Competência das competências”
Quem pode definir o âmbito da sua própria competência (Conceito ligado á soberania, Estados
têm-na mas não a UE
Organizações Internacionais
Associações de Estados e de outros sujeitos de DIP;
Criadas por tratado;
Dotadas de órgãos próprios com competências estabelecidas nos seus tratados
institutivos;
Pessoas coletivas de DIP;
Os fins a que se destinam limitam a sua atuação; são os Estados que formam a org
internacional e desse modo estabelecem igualmente as suas competências (ex:
tratados institutivos da UE);
“Pessoa coletiva funcional”- org internacionais exercem a sua personalidade jurídica
assim como as suas competências mediante os fins que visam prosseguir;
Os Estados estabelecem, enquanto parte contratante, as competências dos demais
sujeitos de DIP
Estado
- Inicialmente era o único sujeito de DIP (consideravam-se poucas exceções);
- Séc XX: Transição para a pluralidade
Generalidade da doutrina : Existem vários sujeitos de DIP, as divergências prendem-se com os
autores que defendem 1 elenco + restrito de sujeitos e os que optam por defender 1 elenco +
alargado de sujeitos
Sujeitos- titulares de dts e sujeitos a deveres
≠
Atores- têm visibilidade, impacto, influência no contexto internacional mas não possuem os
mesmos dts nem estão sujeitos aos mesmos deveres que os sujeitos de DIP
Regente: Ainda não se pode considerar as org internacionais como sujeitos de DIP tal qual os
Estados, essas org internacionais ainda não possuiriam o estatuto jurídico de subjetividade
internacional (Apesar disto a Regente não defende a conceção de 1 elenco + restrito de
sujeitos de DIP
Empresas transnacionais (Google, Amazon, Apple, Facebook…)
- Exercem grande influência e a sua atuação repercute-se de forma generalizada por múltiplos
Estados por força do seu caráter transnacional (segmentação do processo de produção,
maximização dos lucros por recurso a mão de obra barata existente em países com legislação
laboral pouco eficaz ou inexistente + globalização);
- Serão por isso atores no palco internacional
- Em casos de violações de dts ou de normas internacionais podem estas empresas incorrer em
responsabilidade? E se sim, incorrem em responsabilidade perante quem? Podem ser julgadas
por tribunais internacionais?
- Problemas ao nível dos valores do Estado de Direito são remetidos para os tribunais
internacionais
Nota (Ex): Rep Turca do Norte do Chipre- “pretensão de Estado”- nunca foi reconhecida
internacionalmente, apenas o foi pela Túrquia
Só a parte grega é que aderiu á UE, esta não reconhece a parte turca
Ex: Kosovo- produto de 1 mov secessionista da Sérvia; foi reconhecido como Estado por
diversos outros. Questão controvertida; Estado falhado/ protetorado, encontra-se
dominado por máfias, o país de que se separou, a Sérvia, não o reconhece assim como a
Rússia (diversos problemas secessionistas), membro permanente do CS da ONU, tal qual a
China, que tbm não reconhece o Kosovo como Estado. Neste contexto Espanha tbm não
reconheceu o Kosovo pois perderia legitimidade face á questão da Catalunha á qual não
reconhece independência.
- Não é membro pleno de direito da ONU; EUA vetam esse reconhecimento- veto absoluto,
impeditivo; para entrar na ONU é preciso 1 parecer favorável do CS pelo que fazendo os
EUA parte do mesmo e sendo aliados antigos de Israel, não haverá o consentimento em
reconhecer a Palestina como Estado;
1) Criação
Pode surgir por separação, acordo, declaração de independência;
Resulta frequentemente de 1 separação amigável- Implica elaboração de tratados
( Sudão do Sul- separação amigável do Sudão; existência ameaçada por conflitos
internos + Checoslováquia- caso de separação amigável ≠ Jugoslávia (separação
por via de 1 guerra extremamente violenta que deu origem a vários Estados-
Sérvia, Croácia, Eslovénia, Montenegro, Bósnia-Herzegovina…;
Reconhecimento nestes casos deixa de ser livre para ser 1 ato condicionado; limita-se
o critério da efetividade em prole do critério da legitimidade
Individuo
Começou por ser 1 súbdito, a sua RJ era apenas estabelecida em relação ao Estado-
nacionalidade; gozava de “proteção diplomática”- qd fosse detido em país terceiro
apenas poderia apelar ás autoridades do seu Estado-nacionalidade mas este não era
obrigado a prestar auxílio
Proteção diplomática era, do ponto de vista do Estado-nacionalidade facultativa, “o
Estado ajuda se quiser”, o DIP não impunha 1 dever de ajuda/auxílio
Paradigma alterou-se
DUDH + Carta da ONU+ Convenções subsequentes
4
Responsability of States for Internationally Wrongful Acts- 2001
https://legal.un.org/ilc/texts/instruments/english/draft_articles/9_6_2001.pdf
Consagração do individuo como sujeito de diversos dts pessoais, políticos, sociais,
económicos, que se impõem ou que são oponíveis á vontade do seu Estado-
nacionalidade;
Individuo já não é 1 súbdito, tanto é sujeito de dts como de deveres (não violar regras
de DIP, em particular o Dto Penal Internacional- crimes de guerra, de genocídio, de
tortura…)
Carta das NU
Considerada por alguns como “Constituição Mundial”; ponto de vista jurídico-formal;
tratado multilateral; ponto de vista funcional; Carta das NU atua como 1 constituição,
acabando por se impor á vontade dos demais Estados;
Art 2º/6: ONU fará com que os Estados que não são membros atuem de forma a
manter a paz + art 103º
-Obrigações decorrentes da Carta sobrepõem-se a todas as demais resultantes de qualquer
outro acordo internacional;
- Aplica-se mesmo aos Estados que não são membros; aplicação fundacional equivalente á de
1 constituição
ONU
“Mal-amada”
a) Nível + baixo de reputação;
b) Prende-se com a falta de efetividade e autoridade na sua atuação para impor a
proibição do uso da força e sancionar os que não a cumprem;
Tem vários planos de atuação
Segurança coletiva;
Proteção dos DH (consagra-se com a DUDH de 1948);
Desenv humano (aqui cabe quase tudo; diversas agências especializadas, algumas
anteriores á agência-mãe como a OIT;
Relação “umbilical” com a ONU
- Relação de vinculação; assinam 1 acordo de vinculação onde se comprometem a
elaborar 1 plano de atuação coordenado com os objetivos da ONU;
- Exs: FAO (alimentação); UNESCO, OMS;
- Desempenham atribuições da ONU no terreno;
- Objetivos do Milénio: visavam estabelecer metas como a eliminação da pobreza extrema
Alterações climáticas;
ONU atua de forma sistemática em diversos campos
Clima de Guerra Fria; guerras por delegação- ex: Guerra da Coreia, mundo bipolar;
Mov dos Não-Alinhados Anos 50
Anos 60: Mov de descolonização
Final dos anos 80: Queda do Muro de Berlim, rutura da hegemonia entre 2 superpotências;
Clima de elevada tensão gerava no entanto 1 certo equilíbrio/estabilidade
Colapso da URSS
Ascensão de 1 hiperpotência (EUA)
ONU teve de se adaptar a este novo “desequilíbrio”
o Esforços complicaram-se após o 11/09 e a invasão do Afeganistão pelos EUA e seus
aliados;
o Entrar-se-á numa fase de unilateralismos multipolares
Prof CBM: Vários Estados a reivindicar 1 força própria, desacreditando o
multilateralismo, procurando afirmar a sua superioridade. Não se pretende respeitar a
vinculação nem concretizar o multilateralismo.
Apesar da sua baixa efetividade, no plano internacional não há 1 opção viável á ONU.
Os demais órgãos são secundários e outros tantos de caráter subsidiário criados pelos órgãos
principais no âmbito do exercício da teoria dos poderes implícitos em diversas áreas
(refugiados, saúde, manutenção da paz…) + Agências especializadas
Assembleia-Geral
- Composta por 5 membros de cada Estado; órgão plenário, lógica de Parlamento;
Conselho de Segurança
- Órgão restrito, 10 membros não-permanentes que seguem 1 certa rotatividade de forma a
assegurar 1 alguma equidade + 5 membros permanentes;
- Competências:
Resolução de controvérsias internacionais;
Art 12º: Enquanto o CS estiver a exercer as suas competências a Assembleia-Geral não
se deve pronunciar sobre o conflito nem condicionar a atuação do CS
Quando não consegue decidir sobre 1 matéria pq está bloqueado pelo veto, atua
a Assembleia-Geral
O que é que temos de ter em conta para considerar det atuação como 1 ingerência inter-
estatal ilícita?
Fontes
- Trabalhos da Comissão para o DIP da ONU (2019- conj de conclusões em relação a normas
imperativas de Ius Cogens )
Prevalece sobre os tratados;
Normas imperativas que não podem ser afastadas por vontade das partes;
Conclusão 19: 8 normas de Ius Cogens; Prof Alexandre Guerreiro considera que o
princípio da não-ingerência tbm é 1 norma de Ius Cogens
AG CS
Resoluções não têm a mesma vinculatividade Decisões são vinculativas
mas as declarações no âmbito de reconhecimento de
Estados adotam relevância política e jurídica
Ex: Conflito na Síria. Das últimas situações em que a intervenção ocidental direta na guerra
visou alcançar a renúncia de Bashar Al-Assad o Parlamento alemão considerou que apenas o
Irão e o Iraque tinham legitimidade suficiente para atuar/intervir na Síria; os demais Estados
ocidentais não teriam por isso legitimidade para intervir na Síria
“Ingerência por convite” tem de ser estabelecida pelo Estado que a solicita;
Ex: Caso da Nicarágua; EUA não tinham legitimidade para intervir, têm de ser os países
afetados e que procuram auxílio a estabelecer a legitimidade do Estado terceiro,
intervenção não pode, por ex, ocorrer por força de pressão da parte de forças rebeldes
mas sim por parte de autoridades legitimas representativas de 1 dado Estado;
Critério do controlo efetivo + Critério da legitimidade democrática entram em jogo
Ex: Caso do Afeganistão; talibãs são reconhecidos por muito poucos Estados; está em causa a
inexistência do elemento da legitimidade democrática; talibãs tomaram o poder num golpe
militar recorrendo ao uso da força tendo em seguida perpetrado diversas violações de DH
Pode existir por via de reconhecimento por outros Estados mesmo sem um Governo que
detenha o controlo efetivo do território como no caso da prática de relações diplomáticas com
embaixadores do Estado em questão.
Situação de Estado de Necessidade- 1 det Estado é forçado a atuar de certa forma dado que a
sua própria existência se encontra ameaçada.
Exceções ao princípio da não ingerência impõem que o estado de exceção não tenha
sido causado nem potenciado pelo Estado que pretende intervir sobre o pretexto de
repor a situação de 1 det Estado á “normalidade”;
Ex: Intervenção na Checoslováquia; URSS forçou os representantes da Checoslováquia
a afastarem-se para que 1 acordo fosse assinado por outros representantes +
favoráveis á URSS;
Interferência ≠ Ingerência em sentido estrito
Manifestação de ingerência por Intervenção militar/contexto de conflito
meios não hostis (controlo/ armado
monopólio económico, influência política)
Até que ponto é que poderá ser considerado interferência ou ingerência no sentido de
“atitude hostil”?
- Será interferência se, por ex, for 1 embargo em retaliação (caso do embargo dos EUA a Cuba)
Fundamentos
- Princípio da soberania estadual
Consagração do princípio da territorialidade e da jurisdição pessoal
“Refugiado” é regulado pelo DIP a nível de dts e definição. Os demais enquadram-se apenas
no Dto Estadual ou Interno de cada Estado; vigora a propósito dos migrantes o princípio da
soberania ou a soberania estadual
Convenção de Genebra
Quem se encontre fora do seu país por ter 1 fundado receio de perseguição por
motivos taxativos
- Raça; - Religião; - Nacionalidade; - Opiniões políticas;
- Pertencer a 1 grupo social específico
“Receio fundado”: de difícil prova; na prática baseia-se no testemunho;
“Perseguição”: Remete para a ação de 1 agente, desastres naturais que levem á
existência de migrantes não geram refugiados;
“Pôr em causa dts fundamentais”: Perseguição tem de se fundar nos motivos
enunciados na Convenção de Genebra (raça, religião, nacionalidade, etnia, opiniões
políticas, pertencer a 1 grupo social próprio)
Soberania e Territorialidade
Territorialidade- poder de determinação jurídica de pessoas e situações nos limites do
seu território;
Cada Estado define a utilização dos seus recursos e a forma como compatibiliza o
desenv económico com a proteção do ambiente e em que termos;
Conflito entre os deveres do Estado relativos á não-emissão de gases poluentes e o seu
desen económico;
UNFCC (Tratado de 1992; entrou em vigor em '94, tem atualmente 197 partes)
o Define o que são alterações climáticas;
o Fixa objetivo de estabilização de concentração de GHG num período de tempo que
permita a adaptação;
o Princípios da solidariedade intergeracional, responsabilidades comuns mas
diferenciadas, precaução, desenv sustentável, cooperação;
o Mecanismos: informação, aprovação de programas nacionais de mitigação e
adaptação, promoção de cooperação e transferência (tecnologias, práticas, processos,
conhecimento) e gestão integrada; comunicação de políticas com objetivo de regressar
a emissões 1990; dever dos países desenvolvidos de financiamento;