Direito Internacional Público I Prof Maria Luísa Duarte

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Direito Internacional Público I Profª Maria Luísa Duarte Turma B 2021/2022

Aula Teórica n°1 28/09/2021

 Tudo é suscetível de regulação internacional;


 Não é 1 nicho de direito é a expressão de 1 ordem jurídica;
 Não faz sentido analisar o DIP através de 1 ordem normativa como a do direito
interno; este não serve para enformar o DIP;
 O DIP tem 1 identidade própria pelo que só o poderemos estudar considerando-o
enquanto 1 disciplina/área separada/individualizada;

Aula Teórica n° 2 30/09/2021

Direito Internacional Público

 Expressão de 1 ordem jurídica própria, parte institucional + regulação específica;


 Conj de regras e princípios definidos no quadro da ordem jurídica global que visam
regular a existência e funcionamento da comunidade internacional;
 Objeto: regular a existência e funcionamento da comunidade internacional (o seu
estatuto jurídico);
 Normas que surgem no quadro internacional; visam regular o comportamento dos
sujeitos internacionais

Sociedade ≠ Comunidade

Relações são entre iguais, baseadas Prevalecem os interesses comuns; são

na estrita igualdade, na livre vontade-escolha, + fortes as pulsões centrípetas e, por


e na cooperação. Unanimidade pressupõe consequência, os Estados estão unidos

igualdade de todos apesar de tudo o que os separa. Relações

pressupõem limitações da autonomia decisória que

levam á criação de regras, de deveres que não são necessariamente para


todos; quadro de integração de soberanias. Ex: UE, prevalece a maioria qualificada embora
ainda se requeira a unanimidade para algumas matérias

Estados ao tornarem-se membros sujeitaram-se a 1 outra soberania; perderam/abdicaram de


alguma autonomia; Carta da ONU: Igualdade entre os Estados-Membros no exercício da
soberania- Estabelece mesmo assim diferenças; Conselho de Segurança é composto por 15
membros; 10 são não-permanentes e 5 são permanentes- EUA, Rússia, China, RU, França;

Membros permanentes dificilmente abdicarão do seu estatuto de permanência; possuem


entre si o direito de veto (art°27 da Carta), 1 “arma jurídica” de gd dimensão, poder de
impedimento

Ex: Veto dos EUA a sanções a Israel por atropelos ao DI dado não reconhecer a soberania de
Israel;- Elemento comunitário do Conselho de Segurança não tem surtido o efeito desejado por
força de sucessivos vetos e impedimentos a 1 efetiva ação conjunta- Prevalece no entanto 1
Direito de base societária

Especialmente após o 11/09; países refugiam-se cada vez mais na sua própria soberania
(“America First”); minando a ação comunitária

UE: Modelo comunitário; Estados abdicam de alguma soberania num contexto apenas
potenciado por 1 clima de confiança

EUA violaram contrato com França em prole do RU e Austrália (caso dos submarinos); EUA
“descartaram” 1 velho aliado, França- Clima de profunda desconfiança- Compromete o
multilateralismo internacional- Único modelo viável

O multilateralismo afirma-se como a única solução viável, opondo-se-lhe o unilateralismo,


gerador de completa incompatibilidade de interesses

“Enquanto que o forte faz o que quer e o fraco sofre o que deve”- Tucídides- Submissão ao +
forte

Ex: Rússia; fronteira terrestre com 14 Estados ; a sua história reduz-se á sua
evolução/expansão face áqueles que a cercam

Perspetiva dos países circundantes: Ameaças constantes por parte da Rússia, “o gd urso, cujo
abraço é mortal”

Aula Teórica n° 3 07/10/2021

DIP: Direito de 1 org social

 Será que este é cumprido pq os destinatários o aceitam ou apenas é cumprido mesmo


que os seus destinatários não queiram? - Componente imperativa do DIP;
 Estados cumprem pq devem, não pq querem (Maioria dos casos segundo a Regente);
 Imperativo categórico: regra é admitida categoricamente, sem exceção;
 Imperativo hipotético: regra é cumprida pq tal é benéfico para os Estados e não
necessariamente pq o querem fazer;

Conj de regras + imperativas que as demais

 Ius Cogens (Direito cogente; imperativo);


 A sua imperatividade impõe-se á vontade dos Estados (obrigações erga omnes;
impõem-se a todos);
 A sua existência e grau de eficácia não é consensual;
 Exceção ao princípio da soberania; princípio estrutural; encontra-se patente nos
tratados e nos contratos; 1 Estado só se encontra sujeito a este princípio se tiver
ratificado o Tratado em questão
Surgiu com a Paz de Vestefália; solidificou-se com a Carta da ONU de 1948; existem
normas/regras que não constituem prática reiterada (costume) nem foram ratificadas
mas mesmo assim vigoram- Normas de Ius Cogens; Ex: França não aceita este
conceito;

Estados não podem contestar regras que ratificaram em tratados;

 Ex: Proibição da tortura e da pena de morte



Em alguns estados dos EUA ainda há pena de morte;
 Proibição do uso da força ≠ Ex: Intervenção dos EUA no Afeganistão no pós-11/09;
feita á revelia da ONU, é ilícita- violação do DIP; não houve quaisquer consequências ;
não foi possível aplicar sanções ao infrator apesar de ter existido 1 ilicitude;
 Mesmo assim, a ONU pode aplicar sanções militares, económicas, no entanto estas
foram esporadicamente aplicadas por força de o infrator ser frequentemente 1 dos
Estados-Membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Ex: EUA e RU;
invasão do Afeganistão); membros esses que bloqueiam/vetam qualquer atuação do
CS;

Fundamentos do DIP

1) Contratual

Sem DIP não existiria sociedade internacional; onde há Direito há sociedade e vive-versa – a
alternativa seria a completa anarquia-, a vida em sociedade exige regulação

Tal não impede que a vontade dos + fortes prevaleça invariavelmente sobre a dos + fracos (Mt
embora o DIP pretenda evitar essa mesma situação

Estado natureza ≠ Estado Sociedade

Todos contra todos, fortes prevalecem Contrato social; regido pelo Direito;

sobre os fracos; anarquia Estados aceitam limitações da sua

soberania

É incompatível a existência de DI com a soberania absoluta dos Estados (Mentalidade


generalizada do tipo “America First” incompatibiliza/impossibilita a existência de DI

2) Humanista
 Dignidade da pessoa humana; Conceitos jurídicos
 Paz e segurança da comunidade internacional; indeterminados
 DIP: Direito de base principialista; fragmentação das normas jurídicas- elemento
agregador- Princípio da proporcionalidade- válido em todas as áreas de
regulação jurídica se bem que com assinalada falta de efetividade;
 Direito humanitário (Direito na guerra)
i. Resulta de convenções internacionais, de costumes;
ii. Desenvolve-se em torno dos princípios da humanidade e da
proporcionalidade Ex: Respeito pelos prisioneiros de guerra, uso dos meios
– lesivo, recurso aos meios estritamente necessários

Algumas escolas afirmam que o DIP consiste em “Direito imperfeito”; “Ius imperfecta”- esta
conceção deve-se a 1 desconhecimento da evolução histórica do DIP e da evolução do direito
interno
Fruto desta comparação entre direito interno e DIP estas escolas perguntam-se como poderá o
DIP ser direito se não tem

 Legislador, Comparação falaciosa segundo a Regente, resultado de


 Polícia; expectativas irrealistas/desproporcionadas face á realidade
 Juíz;

 Não podemos pedir ao DIP que seja igual ao Direito Interno nas suas dinâmicas visto
que a comunidade internacional é ,por natureza, descentralizada (constelação de
Estados);
 Acreditou-se que a Carta da ONU de 1948 seria o equivalente a 1 “Constituição
Mundial”;
a) Nunca chegou a ser aplicada tal qual previsto;
b) Temos vários legisladores em cada Estado por oposição a 1 legislador
concreto;
c) Não existe polícia, do ponto de vista jurídico tal função deveria ser
desempenhada pela ONU mas quem efetivamente assume esse papel são as
superpotências (note-se o clima de Guerra Fria e a hegemonia ou binómio
EUA/URSS- “controlo do mundo”;
d) Multilateralismo plurilateral;

Influência massiva de diversos Estados; China, EUA, Rússia…

 ONU dispõe de juízes, de tribunais (Tribunal Internacional de Justiça,


tribunais arbitrais)- Estes são no entanto tribunais de jurisdição
limitada, não têm jurisdição obrigatória, são de jurisdição facultativa,
podem ser dispensados- países como a China por ex não a aceitam;

Aula Prática n° 1 08/10/2021

Será que o DIP é direito? SIM

Posição negacionista

Defende que o DIP não é verdadeiramente direito por falhar a característica da coercibilidade.
Não há polícia, não há tribunais nem legislador. Posição cética. Erro metodológico; ignora as
diferenças entre o Direito interno e o DIP e procura, erradamente, compará-los.

É falso que não exista legislador, pois há centros decisórios que produzem atos normativos
tais como a ONU ou a UE, não existe 1 polícia internacional mas verifica-se a tentativa de
criação de org dedicadas a isso; tal função pretendia-se ser assegurada pelo Conselho de
Segurança da ONU e relativamente aos tribunais, existem de facto tribunais internacionais
como o Tribunal Internacional de Justiça da ONU.

Posição intermédia
Posição híbrida. DIP é 1 direito imperfeito; as suas normas, convenções internacionais atestam
o seu caráter jurídico mas o mesmo carece de coercibilidade, não há forma de fazer os Estados
cumprir.

Pretender-se-ia que o DIP tivesse as mesmas características do direito interno/sistema jurídico


unitário; não é possível compará-los, 1 Direito centralizado com 1 Direito descentralizado, este
não é imperfeito, antes tem outras especificidades

Posição adotada (Regente)

DIP: Direito específico nas suas dinâmicas; possui fundamento social, contratual e racional.

Não voluntarista mas contratualista; Estados, se pretenderem fazer parte da comunidade


internacional têm de respeitar as normas internacionais com especial ênfase na preservação
da paz e segurança internacionais assim como a dignidade da pessoa humana ( Á exceção de
estados-pária como a Coreia do Norte)

Aula Teórica n°4 12/10/2021

Evolução histórica/Periodificação do DIP

1°Período- Formação/Ante-história do DIP até á Paz de Vestefália (1648)

2° Período- Paz de Vestefália- 1648 a 1815 (Período Clássico)

3°Período- 1820-1945 (Período Moderno)

4°Período- 1945-Atualidade (Período Contemporâneo)

1°Período

Da Antiguidade Clássica ao “epílogo” dos Descobrimentos. Assinalavam-se gds desigualdades


entre as nações. Novas questões relativas ás relações entre as nações:

 Saber se os países/reinos que descobriram rotas marítimas deverão ter direito


exclusivo á sua exploração;

“Mare Clausum” VS “Mare Liberum”

Defensores; académicos dos países Defensores; Países Baixos,

que reclamam primazia das rotas fundamentos jurídicos, contestam a

Ex: Portugal pretensão dos países que empreenderam os

Descobrimentos (Tese que prevaleceu)

“Pai do DIP”: Hugo Grócio, defensor da tese “Mare Liberum”; livre navegabilidade dos mares;
mesmo atualmente o DIP gira em torno da ideia de 1 Direito “de guerra” e de 1 Direito “de
paz”- “Direito das Gentes”

A transição para o 2° Período assinala-se com a Paz de Vestefália


 Conj de tratados que estabeleceram condições de paz no seguimento da Guerra dos
30 Anos (França, Alemanha, reação ao protestantismo);
 Congrega países vencedores e países vencidos (1°Tratado que assim o fez);
 Estabeleceu princípios que vão orientar as relações entre Estados (igualdade,
soberania, dever de não ingerência nos assuntos de outros estados, igualdade entre
catolicismo, luteranismo e calvinismo- tolerância religiosa-será por força destas
guerras religiosas que se dará 1 êxodo em massa para os EUA;
 Princípio basilar: Igualdade entre os Estados;
 Paradigma vestefaliano: Embora se possa dizer que já não reflete a org da
comunidade internacional, a ideia de Estado soberano permanece atual;

A soberania de 1 Estado envolve 1 poder centralizado na ordem jurídica interna e 1 poder


independente na ordem jurídica externa;

 Final da Idade Média; circunstâncias históricas levam á afirmação do poder soberano


do rei, ou do Estado por oposição aos poderes típicos do feudalismo (clero, nobreza,
poder local)- Ascensão do poder do “Chefe de Estado” de se impor aos demais
Realidade atual é mt + complexa e diversificada, ideia original de soberania não é
compatível com 1 comunidade internacional

Maior fragilidade do Estado Soberano por força da globalização das relações entre Estados e
enfraquecimento do princípio da territorialidade

Aceleração tecnológica contribuiu para o enfraquecimento/fragilização tanto do Estado como


da jurisdição territorial + Alterações climáticas que, sendo transnacionais, enfatizam a
necessidade de cooperação entre os Estados

2°Período: Princípio jurídico da igualdade soberana entre os Estados

1815- Congresso de Viena

Reúne na sequência da derrota de Napoleão Bonaparte (Nota: Guerras; fator de catalização do


DIP; períodos de evolução/desenv ocorreram no seguimento de guerras- 1ª GM, 2ª GM; estes
conflitos foram responsáveis por 1 evolução positiva do DIP- Tornam-se imperativas bases
humanitárias, assentes no princípio de que “na guerra não vale tudo”, estabelecendo a
proibição do uso da força, o respeito pelos prisioneiros de guerra…

Estas bases remontam ao séc XIX com a Reunificação Italiana e a obra de Solfenino relatando
cenários de guerra impulsionadores do desenv de princípios de cariz humanitário

Concerto Europeu

 1ª tentativa para vincular as potências europeias a 1 dever de consulta antes de


tomarem decisões de declaração de guerra- nações europeias aceitam estes deveres
de consulta prévia dando origem ás conferências internacionais

Período Moderno

 1ª GM (1914-1918)
1919: Tratado de Versalhes; criou a SDN e a Org Internacional do Trabalho
Visou consagrar a soberania dos Estados e procurou apelar á paz
SDN não evitou que eclodisse a 2ª GM tendo sofrido por força da abstenção dos EUA e
consequente falta de coesão e efetividade- EUA procuraram prescindir dos Aliados, advogando
o unilateralismo

4° Período; Período Contemporâneo (1945- Atualidade)

 Carta das Nações Unidas;


 Consagração do multilateralismo e do respeito pelos Direitos Humanos- Proclamação
pela ONU da DUDH- Direito cogente relativo ás relações entre Estados;
 Proibição do uso da força (princípio expressamente previsto na Carta);
 Multilateralismo a nível das relações políticas, económicas e sociais entre Estados
Diversos momentos disruptivos; alguns autores crêem que estes poderão indicar que
já não estaremos no período “humanista”
1) Queda do Muro de Berlim, colapso da URSS e do bloco comunista; fim do
bipolarismo;
2) Ataque ás Torres Gémeas (11/09);
3) Crise de 2008;
4) Ascensão da mentalidade unilateralista de “America First”

Múltiplas consequências a nível político-económico e de relações externas: Estão em causa os


próprios alicerces do multilateralismo

Alguns autores apelidam as dinâmicas atuais de “multilateralismo unipolar”- Influência


massiva de det potências (China, EUA..)

“Cisnes negros”; Ex: Pandemia, Ataque ás Torres Gémeas: Momentos altamente disruptivos
responsáveis por alterar drasticamente as dinâmicas a nível de relações internacionais e a nível
geopolítico

Erupções de soberania

 Movimentos internos que se traduzem em “explosões de soberania”;


 Ex: Caso atual da Polónia; pretende que as suas leis se sobreponham a todo e qualquer
DI

Aula Teórica n° 5 14/10/2021

Ac do TC da Polónia (07/10/2021)

 Recusa em aceitar o primado da UE; vincula todos os tribunais da Polónia- Desrespeito


pelo princípio do primado da EU – Não se enquadra no entanto no conceito de “cisne
negro” (acontecimento que surte fortes impactos a nível político, social e económico
No entanto esta recusa em aceitar a limitação de soberania prejudica o funcionamento
da comunidade internacional;
 Polónia tem vindo a travar múltiplos “braços-de-ferro” no respeitante ao primado do
direito da EU

Situação que não é exclusiva da Polónia; questão já foi levantada pelos TC de Espanha,
Alemanha ou da Holanda
Considerou que det competências do Banco Central Europeu não eram adequadas,
limitavam a atuação da Alemanha (Cons alemã tem de prevalecer qd, manifestamente, os
tratados não puderem ser interpretados de acordo com as competências atribuídas ao BCE

 Problemas de separação de poderes, da independência dos tribunais (Questão


extremamente atual na Polónia)

Estado de Direito

Separação de poderes Direitos fundamentais

Polónia; violação da separação de poderes; interferência do poder executivo no poder judicial


(Gov nacional-conservador)

Falta de garantias da independência do poder judicial/tribunais

o Medidas que permitem “escolher a dedo” os juízes como a aposentação obrigatória no


caso de juízes com mandatos já mt longos (Gov quis manipular a constituição do TC,
retirando os que formavam 1 maioria de oposição ao Gov;
o Função jurisdicional- juíz não pode ser responsabilizado pelo exercício da sua função
(inamovibilidade)- Polónia interferiu com 1 das pedras basilares da org do poder
judicial;
Tribunal Europeu declarou sanções em virtude deste incumprimento (ação de
incumprimento)
Resposta da UE
- Suspensão do Plano de Resiliência para a Polónia;
- Regulamento que prevê o respeito pelos princípios do Estado de Direito
(regulamento de condicionalidade) com diversas consequências a nível económico
estando o seu cumprimento dependente de apreciação da Comissão Europeia

Acórdão de 07/10/2021 do TC polaco traduz-se numa estratégia da Polónia, tendo os


seus membros fortes ligações ao poder político

Os tratados não preveem especificamente o princípio do primado sendo que o TC interpreta o


art 1° do Tratado da UE por forma a justificar a prevalência da soberania polaca sobre a
soberania da UE

Argumento não é totalmente destituído de mérito/razão (Opinião da Regente)

 Limitações á soberania dos Estados têm de estar contratualmente definidas

Nota: Decisão/Parecer do Tribunal Permanente de Justiça Internacional (1927)

- As limitações á soberania dos Estados “não se presumem, têm de estar expressas”: vai de
encontro ao pensamento da corrente positivista

Estados só se encontram vinculados pelo que se encontra devidamente estipulado/acordado

Formas de extensão das cláusulas contratuais (costume internacional, interpretações


extensivas…
Princípio do primado; Direito da UE prevalece sobre o direito interno de cada estado

Torna-se difícil aceitar que 1 regulamento da UE prevaleça até sobre o direito constitucional de
cada Estado

Princípio do primado nunca esteve presente nos tratados

Foi relegado para legislação avulsa que não tem a mesma força jurídica/juridicidade/
vinculatividade de 1 norma convencionada como as que constam nos tratados

Reação do TC da Polónia em resposta á aplicação extensiva do direito da UE mas em particular


o princípio do primado- Orientação jurisprudencial que não é exclusiva da Polónia, verificando-
se diversas “erupções de soberania”

Estados não acordaram com det limitações á sua soberania

Problema político : Sociedade vs Comunidade

Caso da UE; Estados decidem exercer em comum poderes que são seus pq assim o entendem
ser benéfico

Entende-se que a aplicação extensiva do princípio do primado se traduz num choque de


legitimidade, a da UE e a legitimidade democrática de cada Estado para além de extravasar
aquilo que os estados acordaram nos tratados

UE não dispõe de legitimidade democrática

UE tbm já violou princípios/pressupostos do Estado de Direito qd acordou com a Turquia para


reter 1 número massivo de refugiados em campos com condições mínimas de habitação

UE pretenderia, segundo algumas opiniões fazer a transição para a integração política, 1


Estado federado, algo com que os países-membros nunca acordaram/concordaram; tratar-se-
iam os membros sem atender ás suas múltiplas idiossincrasias geopolíticas, económicas,
históricas, sociais

Tratamento uniforme; a deturpação do paradigma do Estado de Direito assenta ou funda-se na


ferramenta económica, sendo que a UE não recorre a 1 argumentação devidamente
fundamentada mas a 1 argumento de força, ameaçando retirar fundos/apoios/financiamento

Regente desaprova vivamente esta atuação e esta subversão do paradigma do Estado de


Direito ( Trata-se tbm de sanções pecuniárias por incumprimento que atuam como incentivos
ao cumprimento das diretrizes da UE)

Aula Prática n°2 14/10/2021

Evolução do DIP

1) “Pré-história do DIP”
 Antiguidade
o Corpo de normas destinada a regular relações entre romanos e estrangeiros
(ius gentium) ou entre o Estado e estrangeiros;
o Políticas de alianças entre povos em situações de interesse comum (diversos
centros de poder)
 Idade Média
o Ainda não há Estados tirando o caso de Portugal;
o Pluralidade dispersa de poderes (reinos, principados, senhores feudais…)
Dispersão de poderes;
o Idade Média: Ius Commune (para as relações comerciais; ex- Lex mercatoria)

Novo paradigma fruto da época dos Descobrimentos

Mare Clausum Mare Liberum

Portugal, Espanha, países Holanda/Países Baixos

á frente dos Descobrimentos Usufruto comum

Usufruto exclusivo dos mares pelos descobridores Hugo Grócio

das rotas marítimas (monopólio)

Conclusão: Manifestações de preocupação reguladora a nível internacional

2) Período Clássico; Paz de Vestefália (1648)


 2 Tratados bilaterais; resultado da Guerra dos 30 Anos, resposta á Reforma
Protestante;
 Depois de Vestefália o centro de poder passou a ser a fig do Estado-Soberano por
oposição á maior dispersão e diversidade de centros de poder;
 Fig jurídica organizadora no continente europeu;
 Daqui resultaram 7 princípios

-Tolerância religiosa; - Soberania estadual; Ainda


- Igualdade entre Estados; - Pacta sunt servanda, hoje
- Dever de não ingerência nos assuntos internos; são
- Respeito pelas fronteiras; -Princípio da “Guerra Justa” relevantes

Excetuando este; Temos o ex das Guerras Napoleónicas; importa det o que é 1


causa justa e quem é que det o que é 1 “guerra justa”

Atualmente: Carta da ONU ou das Nações Unidas; “Constituição Global”

Proibição de guerra- Exceção: Legítima defesa ou legítima defesa coletiva

a) Dever de não interferência nos assuntos internos


 Exige 1 política de total neutralidade por parte de todos os Estados;
 Não é compatível com violações dos direitos humanos, o principio da proteção dos
direitos humanos prevalece ou tende a prevalecer, de acordo com 1 teoria recente,
sobre o princípio da não ingerência nos assuntos internos*

A ingerência cabe á ONU


*Surgiu em Vestefália, encontra-se na Carta da ONU mas, em virtude de constantes
violações dos DH, entende-se que deverá caber á ONU a interferência

Atuação efetiva, a sua decisão, recai sobre o Conselho de Segurança

b) Respeito pelas fronteiras


 Estados vizinhos devem coibir-se de violar essas fronteiras;
 Ex: Crimeia e Rússia
Província da Ucrânia; Rússia invadiu a Crimeia e anexou-a sob o
pretexto de a maioria da pop ser de origem russa
Pretensão expansionista da Rússia, ex-URSS; Rússia, fazendo parte do Conselho de
Segurança, levaria á inexistência de qualquer atuação por parte da ONU
c) Soberania estadual
 Dentro do seu território o Estado tem soberania total

d) Igualdade entre os Estados


 Todos os países-membros da comunidade internacional seriam juridicamente
iguais independentemente das suas características geográficas, demográficas,
territoriais;
 Está consagrada juridicamente
o Verifica-se na AG da ONU mas não no Conselho de Segurança,
igualdade entre estados é por isso relativa

5 membros permanentes com direito de veto- Circunstâncias que


representam maior desigualdade para os demais estados

Direito de veto acarreta prós e contras na medida em que serve de


“travão” face a conflitos militares/guerras mas tbm se traduz num
poder de evitar que se proceda a 1 atuação efetiva
e) Tolerância religiosa
 Difere atualmente do significado originado por Vestefália;
 Estados com religião oficial católica não poderiam invadir/interferir com Estados
cuja religião oficial fosse o protestantismo

Panorama atual: Estados europeus são laicos, noção de tolerância religiosa traduz-
se apenas no respeito por todas as religiões, não podendo existir discriminação em
função desse elemento
f) Pacta sunt servanda
 A partir do momento em que 1 Estado se vincula a 1 tratado/convenção, o
assina, este fica obrigado/vinculado a cumpri-lo

Período Clássico

i. Vestefália e princípios
ii. Declaração de Independência EUA (1776)
iii. Revolução Francesa (1789)
Difusão a nível global dos ideais do liberalismo, nomeadamente o princípio da separação de
poderes, indispensável para a existência de 1 comunidade internacional para além da
afirmação do princípio da autodeterminação dos povos

Fulcral para o desenv do DIP

3) Período Moderno (1815-1945)


 Inicia-se com o final das Invasões Napoleónicas e consequente Congresso de
Viena (1° subperíodo); Obj: Assegurar que os Estados europeus
providenciariam condições para a paz; 1° acordo/tratado multilateral
 Multilateralismo: Estados vinculam-se a respeitar o tratado;
o Aprofundar-se-á a noção de resolução de conflitos pela via
diplomática;
o Surgem os primeiros embriões de org internacionais (org de gestão
para det assuntos…);
o Afirmar-se-á ou assinalar-se-á 1 alargamento da comunidade
internacional;
 Conferência em Haia: Países fora da Europa; designações- Estados “civilizados”
(europeus); semicivilizados (Pérsia, China) e não civilizados (colónias);

 2° Subperíodo (Final da 1ª GM);


o Visou-se procurar outras soluções para a guerra;
o Tratado de Versalhes; 1ª tentativa de criação de 1 org internacional com o propósito
de assegurar a paz; (Pacto da Sociedade das Nações)

Pretendiam-se formas de limitar o uso da força e não proíbi-la por completo;


o Surgiu a OIT (Org Internacional do Trabalho), estabeleceu normas de proteção dos
trabalhadores tbm através de convenções visando salvaguardar os dts fundamentais
dos trabalhadores;
o Criou-se o Tribunal Permanente de Justiça para solucionar diferendos
 Terá inspirado o surgimento do Tribunal Internacional de Justiça no âmbito da
ONU;
 Procurou-se solucionar litígios + eficazmente

Período Moderno (1815-1945)


a) Congresso de Viena
o Multilateralismo;
o Org Internacionais (fase ainda embrionária);
o Via diplomática;
o Comunidade internacional;
b) Pós-1ª GM
o Sociedade das Nações Fim: Paz + OIT + TPJ

Aula Teórica n° 6 19/10/2021


 Fonte de direito: Metáfora através da qual o jurista afere quais os modos de revelação
das normas;
 Fontes escritas- Lei (Sistema português)
Fontes não-escritas- Costume (Sistema anglo-saxónico- Dto Comum + jurisprudência +
EUA)
DIP
- Normas escritas e consuetudinárias; - Pluralidade de fontes;
- Fragmentação; regimes jurídicos internacionais raramente estão codificados/concentrados
num só instrumento; Ex: Dto do Ambiente

Eventual sobreposição de normas e consequentes conflitos/antinomias


Gera problemas a nível da interpretação de normas e hierarquia normativa das fontes

Sai prejudicado o elemento de previsibilidade do Dto por força das incertezas que tendem a
surgir Derivam tbm da possível existência ou não de costume e das dificuldades
inerentes +a verificação dos seus requisitos
 Comissão de Dto Internacional: Órgão da ONU; visa codificar as normas internacionais
e contribuir para o desenv do DIP
o Trabalhos/debates surtem impacto extremamente positivo no sentido de
identificar regimes internacionais e diminuir a incerteza face á aplicação de
normas
 Resolução 73/203 da ONU: Determinação do Dto Internacional Costumeiro;
 DIP começou por ser 1 Dto de base costumeira; a partir do Congresso de Viena, finais
do séc XIX e + tarde com o Tratado de Versalhes opera-se a contratualização das
relações internacionais (Tratado de Versalhes assinalou 1 contributo qualitativamente
superior);
 DIP evoluiu para 1 realidade + plurilateral, + institucionalizada com o Tratado de
Versalhes (vinculou múltiplos Estados) e + tarde com a SDN

Fontes
 Art 38° do Estatuto do Trib Intern de Justiça; + de 100 anos; elaborado para o Trib
Permanente de Justiça- 1920; apresenta alguns anacronismos facilmente
ultrapassáveis por recurso a 1 interpretação atualista
“Ponto de partida”, embora alvo de mts críticas na doutrina; não há referência á “soft
law”; é considerado algo arcaico, crítica incide sobre a expressão infeliz “princípios gerais
de Dto reconhecidos pelas nações civilizadas”
Pendor idiomático + negativo
Anacronismo; expressão traduz 1 forma de discriminação entre os demais Estados/nações.
Expressão está datada
Art 45°: “Nações amantes da paz”-1945
 Proibição do uso da força e da guerra;
 Rescaldo da 2ª GM;
 “Amantes da paz”: Aliados; potências vencedoras ≠ Derrotados; potências do Eixo
(Alemanha, Itália, Japão)
Art 38°: Visa diferenciar entre Estados que devem estar/participar na formação de princípios
gerais de Direito e outros que pelo seu comportamento não devem estar
Expressão em questão de forma a ser + atual deveria ser, por ex:”Estados de direito”
 Fontes formais (Dto positivado, leis),
 Costume (força jurídica/vinculatividade assenta no facto de ser 1 prática reiterada,
vinculando como norma costumeira todos os Estados, até os que não assinaram o
Estatuto);
 Jurisprudência;
 Equidade (forma de justiça no caso concreto; não é 1 fonte de Dto- Constitui 1
imperfeição do art 38°

Teve e ainda tem como destinatário o TIJ


- Art 38°: Elucidava o TIJ sobre as fontes que devia utilizar na resolução de litígios
de forma decrescente

1° Normas internacionais
2°Costume
3°Princípios gerais de Direito
4°Jurisprudência
5° “Douta opinião dos doutores”
6° Se as partes assim concordarem dizer qual o dto aplicável mediante 1
“concertação” entre as partes

Não se pretende estabelecer 1 hierarquia das fontes, não pretende aferir qual a
fonte hierarquicamente superior ou de maior relevância, não pretende dizer qual é
que deve prevalecer sobre as demais (Não se trata de 1 apreciação valorativa)

Apenas as normas de “Ius Cogens” são, neste contexto, hierarquicamente


superiores ás demais pq não podem ser revogadas por quaisquer outras

Profª Regente
 Não existe hierarquia de fontes mas sim hierarquia de normas;
 Art 38° não é suficiente para aferir essa hierarquia de normas pois não faz
referência ás normas de “Ius Cogens”
O Tratado é 1 contrato
 Convenção, tratado, acordo, protocolo, carta- Pluralidade de designações-
constituição, concordata, memorando, pacto, compromisso, convénio;
 Designações por vezes têm significado próprio, outras vezes prendem-se com questões
de estilo;
 Conceito de Tratado (1969) Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT-
I)
o Regula aspetos do “nascimento, desenv e morte do tratado”;
o CVDT- II1986- Regula aspetos do anterior em relação a tratados celebrados entre
Estados e org internacionais (mt semelhante á convenção anterior)
CVDT- II (1986)
 Tratado: acordo internacional celebrado por escrito pelos Estados e regido pelo Dto
Internacional independentemente da sua designação;
 Acordo de vontades entre Estados
o Acordo escrito (acordos não escritos não estão proibidos pelo Dto
Internacional; acordos secretos, verbais, só produzem efeitos “inter partes” ,
não podendo ser registados, não são oponíveis a terceiros; CVDT-II não os
proíbe; Estados podem celebrar contratos entre si;
o Não importa o n° de instrumentos que engloba (docs/legislação avulsa)

Classificação dos tratados


 Tratados têm de ser respeitados; art 26°, “Pactum sunt servanda”;
Tratado-quadro ≠ Tratado-lei
Estabelece 1 regime geral, É autoaplicável; Ex: Convenção
por vezes tão geral que não é diretamente de Albufeira '91 (entrou em vigor em
aplicável 2000) sobre as bacias hidrográficas
de rios transfronteiriços. Estabelece regime extremamente
densificado/detalhado

Tratados bilaterais ≠ Multilaterais


Entre 2 partes/Estados Entre múltiplos Estados
Regras distintas

Acordos solenes ≠ Sob forma simplificada


Exigem processo solene Podem tornar-se vinculativos por mera

de ratificação assinatura do plenipotenciário

(Const de '76 não o prevê, não o

permite, exige a ratificação solene

O costume

Noção

Prática geral acompanhada de convicção de obrigatoriedade.

“Prática” = uma série de comportamentos, ações ou abstenções, que ocorrem na realidade


com um determinado sentido; estes comportamentos têm de ter relevância jurídico-
internacional

Pressupostos (para que seja uma prática)


1. Estadualidade
 Cabe aos Estados criar o DIP costumeiro, logo, apenas os atos praticados por Estados
podem relevar neste sentido
Outros atores internacionais que podem dar o seu contributo material:
 Organizações internacionais: na realidade, formalmente, os autores da prática
costumeira são os Estados membros dessas organizações e não as organizações ou os seus
órgãos em si mesmos
 Jurisprudência internacional e doutrina: se as suas opiniões forem além do que o
Direito Costumeiro estipula, o papel determinante cabe, em último lugar, aos Estados que,
se adoptarem estas opiniões, formarão prática costumeira
2. Publicidade
 Transparência
 Apenas podem constituir prática costumeira os atos praticados pelos Estados de forma
pública, assumindo-os abertamente
 Excluídos: atos dissimulados
Composição
 Atos materiais: comportamentos físicos e praticados abertamente
 Outros atos jurídico-internacionais: reservas, declarações interpretativas, denúncias ou
recessos, resoluções, protestos, reconhecimentos, silêncio, etc.
 Normas convencionais: muitas vezes cristalizam/ codificam a prática costumeira!

Requisitos (para que seja uma norma costumeira)


1) Generalidade (art.º 38º/1, alínea b) ETIJ)
 A prática tem de ser geral, isto é, tem de ter o concurso de vários Estados (pode
bastar que uns adoptem uma certa prática e os demais aceitem ou se limitem a não a
condenar)
 Quantidade e qualidade dos Estados: elemento essencial da generalidade não é a
quantidade mas a qualidade dos Estados que praticam determinado comportamento
internacionalmente (contrariamente à formação dos Tratados, no caso do Costume,
nem todos os Estados estão numa posição de igualdade)
 Os Estados mais interessados e também mais poderosos quer em termos
económicos quer em termos políticos têm papel acrescido
 Países desenvolvidos VS PED
 Países com maior poder internacional: membros permanentes do Conselho de
Segurança da ONU (EUA, França, Reino Unido, Rússia, China)- elemento qualitativo!

 A alegada regra do objetor persistente: segundo esta, um Estado poderia escapar-


se à obrigatoriedade de uma norma costumeira sob condição de a ter rejeitado de
forma persistente e consistente desde o seu período de formação
 Assim, o DIP seria geral, mas não universal: haveria Estados vinculados à norma
costumeira e outros, os objetores persistentes, não vinculados
 Violaria a igualdade entre Estados
 Novos Estados independentes: teriam período para escolherem estar ou não
vinculados às normas costumeiras anteriores, o que viola claramente a igualdade
(teorias voluntaristas)
 Estar-se-ia a relativizar a obrigatoriedade do DIP Costumeiro
 EM SUMA, a regra do objetor persistente implica uma violação da igualdade,
relativiza a ordem jurídica internacional e não tem qualquer base efetiva na prática
dos Estados: deve por isso ser rejeitada

2) Reiteração
 A prática costumeira deve ser reiterada
 É a reiteração que permite a generalização da prática: testa o grau de adesão à
prática
 É impossível determinar em abstrato o nível de reiteração exigido e o período de
tempo que tal implica: basta que seja tempo suficiente para mostrar a consistência do
costume

3) Consistência (= coerência)  Os Estado apoiantes devem ser coerentes na sua adesão


(não podem, verbalmente, apoiar a norma costumeira e, na prática, terem atos que a
contrariam, tal como também não podem invocar a norma costumeira apenas
quando lhes convém)
 Necessidade que a generalidade dos Estados seja coerente
 ≠ reiteração: é preciso reiteração para testar a consistência, mas pode haver
reiteração sem consistência

A opinio iuris
A opinio iuris consiste, basicamente, na vontade do Estado ficar vinculado à norma
costumeira, ou seja, é a convicção de obrigatoriedade da mesma.
A jurisprudência presume a existência desta opinio iuris sempre que estejamos
perante uma prática pública que seja:
i) Geral
ii) Reiterada
iii) Consistente

Espécies de costume

1. Universal: vincula todos os sujeitos de DIP ou com capacidade para cumprir o


costume ou violá-lo

 Ao rejeitarmos a regra do objetor persistente, somos forçados a concluir que estas


normas costumeiras vinculam todos os Estados existentes e que, se se mantiverem
em vigor, vincularão os futuros Estados

2. Não universal: isto sucede quando não houve apoio numa prática generalizada,
reiterada e consistente a nível universal, contudo, a nível regional tais requisitos
foram respeitados pelos Estados que integram a região

 Costumes regionais: “região” deve aqui ser entendido enquanto conceito cultural
(cultura jurídica), embora possa também ter relevância o elemento geográfico (ex.
pode haver um costume regional que abranja países da UE e os EUA, embora não
tendo relevância geográfica, neste costume há a partilha da mesma cultura jurídica =
“região”)
 Também quanto a costumes regionais se rejeita a teoria do objetor persistente: a
única diferença relativamente às regras dos costumes universais é o seu âmbito, a
natureza é exatamente igual, assim como a sua vinculatividade

 Face a Estados terceiros? A regra é a sua não vinculatividade; exceções:

i) Regras regionais quanto à utilização de certos espaços comuns (ex. exercício


do direito de passagem inofensiva pelo mar territorial que atribuam direitos
especiais aos Estados costeirospodem invocá-los perante Estados terceiros)
ii) Direitos territoriais atribuídos pelo DIP costumeiro

Fundamento

Existem duas correntes que tentam justificar a obrigatoriedade do costume


internacional (e de qualquer outra norma internacional):

(a) voluntarista ou consensualista, segundo a qual os Estados vinculam-se aos


costumes em razão do seu consentimento; e

(b) objetivista, para a qual o costume configura uma regra objetiva, exterior e
superior às vontades estatais. Há, atualmente, uma tendência da doutrina mais
moderna em filiar-se à corrente objetivista.

Teoria do objetor persistente

Sustenta que não estaria obrigada ao cumprimento do costume a pessoa


internacional que provar que persistentemente e inequivocadamente se opôs ao seu
conteúdo desde a sua formação. Esta teoria já foi adotada pela CIJ no caso das
Pescarias (1951), no entanto, a doutrina atual tende a rejeitá-la devido ao seu cunho
voluntarista.

Aula Teórica n° 7 21/10/2021

Art 38° do ETIJ

Costume

 Prática reiterada com convicção de obrigatoriedade;


 Definição consensualmente aceite tanto no DtoPúb como no DtoPriv;
 Elemento psicológico: convicção de obrigatoriedade

Uso: existe a prática mas não a convicção de obrigatoriedade- comportamento não é
exigível juridicamente
Ex: Usos sociais; cumprimentar os vizinhos (não carece de regulação jurídica)

Costume engloba sempre prática e convicção de obrigatoriedade

No DIP apenas a corrente positivista exclui a relevância do costume


Corrente voluntarista- Costume deriva da vontade de os Estados se vincularem ao
mesmo
Corrente objetivista- Costume constitui 1 regra objetiva e superior ás vontades
estatais
Res 73/203- Determinação do Dto Costumeiro Internacional

Prática tem por foco os Estados, é adotada por Estados mas a adoção por org
internacionais tbm adota alguma relevância

Internacionalização/pluralidade de sujeitos

Para a formação do costume é relevante a atuação juridicamente imputável dos

Teoria do objetor persistente

Requisitos do costume

 Prática geral: alargada; não é necessário que seja adotada por todos os Estados
mas requere-se que esta seja seguida pela generalidade dos Estados;
 Reiteração: repetição, não há 1 mínimo de atos que sejam considerados
necessários para formar essa prática;
 Prática pode ser expressa pela função legislativa, judicial, executiva ou por via e
atos diplomáticos assim como por declarações de Chefes de Estado ou Chefes de
Gov Podem indicar posições/futuras atuações de det Estado

Atos relevantes para a formação de 1 costume

Qd é que há 1 prática reiterada com convicção de obrigatoriedade?

Afere-se com base em indícios; essa verificação é efetuada pelos tribunais internacionais mas
tbm internos que aferem a existência ou não de 1 norma costumeira sobre det matéria

Doutrina tbm pode ser 1 instrumento auxiliar para aferir a existência/inexistência de 1


costume

Objetor persistente

 Define a posição de 1 Estado que de forma persistente e continuada se opõe a det


conduta e á sua transformação em norma costumeira;
 Essa objeção tem de datar da data de formação da conduta ocorrendo a sua
desaplicação no respeitante a esse Estado;
 Objeção tem de ser expressa clara e persistentemente ou coerentemente, tendo de
ser comunicada aos demais Estados
o Objeção não impede a formação da norma;
o Prática geral não tem de ser a prática de TODOS os Estados;
o A nível de representatividade não se verifica propriamente 1 igualdade entre
Estados (Ex: 5 membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU);
o Objeção torna a norma inoponível ao Estado em questão, o seu cumprimento
não lhe é exigível

Apenas não sucede isto relativamente a normas de “Ius Cogens” , aplicáveis, por definição, a
todos, com eficácia “erga omnes”

Dto Costumeiro Particular

De âmbito regional, local ou outro (bilateral)

Haverá costume bilateral?

- Formado somente entre 2 Estados; - Ac 1960 TIJ (Portugal Vs Índia);

Prof Inocêncio Galvão Telles defendeu a existência do costume bilateral e o tribunal aceitou
esta fig

 Única vez em que o tribunal reconheceu esta modalidade de costume;


 Atualmente a defesa desta fig encontra-se diminuída ou enfraquecida

Relação entre o Costume e os Tratados

Res 73/203 da ONU; Conclusão 11

Entende-se que esta articulação nem sempre é pacífica

o Positivistas: Prevalecem os Tratados;


o Não positivistas: Prevalece o Costume;

o Regente: Igualdade de normas; norma posterior revoga norma anterior, normas


encontram-se em igualdade hierárquica
Nota: Não poderemos aplicar o critério cronológico qd a norma costumeira revista
caráter de norma de “Ius Cogens”, nesse caso esta não poderá ser revogada por 1
norma de tratado
Se assim não suceder, a norma costumeira poderá ser revogada por 1 norma de
tratado, podendo tbm a norma costumeira caducar por falta de uso

Isto tbm pode ocorrer com as normas de Tratados

Art 27° da Carta da ONU

 Art 2°/7: Princípio da proibição da ingerência nos assuntos internos


Herança da Paz de Vestefália; Estados devem abster-se de ingerir/interferir com a
jurisdição doméstica de outros Estados

Regente: Norma caduca por desuso; a prática internacional após a Guerra Fria, déc de
'90, pautou-se por 1 “banalização” da ingerência
 Deu-se a erosão da norma por força da inconsistência do conceito “assuntos internos”;
 Tornou-se + difuso pelo que todos os assuntos serão de interesse internacional
Assuntos Internos (tradicionalmente considerados como tal)

 Sistema de governo;
 Relação entre Estado e cidadãos
o Alvo de 1 profunda internacionalização;
o Deixou de ser 1 questão puramente doméstica tbm por força da consagração
na Carta da ONU do princípio da dignidade humana;
o Atualmente, tudo é passível de constituir algo com interesse internacional
Ex: Portugal, anos 60, Estado Novo, alegou-se que a sua “prerrogativa” de
manter as colónias africanas, ou províncias ultramarinas, se inseria no âmbito
dos assuntos internos
i. Esta argumentação de nada serviu, ONU não atribuiu qualquer
razão/mérito a tais alegações, condenando veementemente Portugal
enquanto nação/potência colonizadora;
ii. Prevaleceu a defesa do princípio da dignidade humana para reprovar
vivamente a manutenção de colónias, atentando ainda contra o
princípio da autodeterminação dos povos

Aula Teórica n° 8 26/10/2021

Fontes tipificadas Art 38°

 Critério/expressão normativa do DIP- Princípios gerais de Direito (base principialista do


DIP)

Contraste com o forte impulso legiferante dos membros da comunidade internacional-
não é, no entanto, incompatível com a relevância dos princípios;

Qt + intenso for o impulso legiferante + tendem a ocorrer fenómenos de conflito, de


sobreposição

Qd tal sucede deve-se recorrer aos princípios gerais de direito; critérios de integração de
lacunas. Ex: “Mutis posidetis”- Princípio de acordo com o qual não se devem alterar as
fronteiras internacionalmente reconhecidas (Princípio especifico de DIP)

 Princípios gerais, transversais


o Proporcionalidade;
o Boa fé;
 Princípios + importantes
o Boa fé;
o Proporcionalidade;
o Humanidade (especialmente relevante no contexto do Dto Humanitário em
âmbito de conflitos armados)
 Princípios gerais de Direito não são meramente indicativos, são vinculativos, a
dificuldade reside na sua identificação;
 Doutrina serve enquanto meio auxiliar para densificar os PGD
Não se criam normas mas auxilia na identificação de normas, particularmente
as de “Ius Cogens” (Opinião dos juristas de maior renome constitui 1 instrumento
indispensável para identificar devidamente os PGD);
Ex: Guerra da Jugoslávia (Queda do Muro de Berlim + Colapso do comunismo);
considerou-se que a intervenção que se verificou constituía 1 exceção ao princípio da
não-ingerência

Jurisprudência
 Fonte auxiliar de dto;
 Fig do precedente judicial, qd 1 tribunal julga, a sua decisão tem efeitos no caso
concreto mas dependendo da natureza da decisão e da estrutura jurídica em que o
dito tribunal se insere pode ser declarada eficácia “erga omnes”;
Exclusivo do sistema anglo-saxónico (RU, EUA..)
Precedente tbm tem forte influência no Dto da UE Ex: Relevância doutrinária do
princípio do primado da EU que tem sido posto em causa atualmente pela Polónia e o
seu TC Esta relevância serve mt vezes para “clarificar” conceitos, interpretar
normas e integrar lacunas para além de, embora não tão frequentemente, criar
normas inovatórias e desenvolver princípios novos

Art 38°/2: Remete para a equidade

o Não é, em termos rigorosos, 1 fonte de dto;


o Justiça do caso concreto;
o Qd 1 tribunal se encontra investido na faculdade de julgar com base na equidade tal
significa que este tem o poder de criar, para o caso concreto, 1 critério de decisão com
base na ideia de justiça material;
o Equidade não é fonte de dto, não cria novas normas mas sim critérios de decisão para
o caso concreto;
o Não tem relevância prática; esta disposição nunca foi ativada/acionada;
i. Nunca 1 tribunal julgou por pacto entre as partes com base;
ii. Princípios equitativos; todos os decisores são obrigados a procurar as soluções
+ equilibradas sem no entanto afastar a norma aplicável ao caso em questão

Fontes não- tipificadas

1) Atos unilaterais1

- Adotados por 1 sujeito de Dto Interno; Estados ou ONG' S, o ato é adotado por 1 só
sujeito e apenas a este deve ser imputado;

- Declarações de vontade do sujeito jurídico do qual emanam que, por referência a


princípios e regras do Dto Internacional, produzem efeitos jurídicos, de âmbito geral, de
modo autónomo;

- São vinculativos para os autores e, eventualmente, para terceiros, dependendo neste


caso do seu caráter normativo, de conteúdo geral e abstrato (resoluções ou decisões dos
órgãos competentes das Org Internacionais). Certas declarações feitas por Estados ou
resoluções adotadas por Org Internacionais não passarão de simples proclamações
políticas das quais se infere que não criaram dts e obrigações. Torna-se por isso necessário
recorrer á interpretação do ato em causa e do contexto em que foi anunciado/conhecido,

1
Direito Internacional Público e ordem jurídica global do séc XXI, Maria Luísa Duarte, págs 151 e segs, 2ª
reimpressão 2019; AAFDL Editora
não sendo de excluir a aceitação da sua natureza hibrida e, de certo modo, transitória de
“soft law”;

- Dúvida sobre se estes são fonte de Dto (Importa fazer a distinção entre atos unilaterais
meramente aplicativos e atos unilaterais que definem princípios e regras abstratas;

- Regente: Algumas resoluções da ONU (como a Res de 1960 relativamente ao princípio da


autodeterminação dos povos), a Carta da ONU…;

- Os próprios Estados podem produzir atos unilaterais como foi a proclamação/declaração


unilateral do Brexit com o RU

Terá esta declaração de intenção caráter expresso ou tácito para que tenha relevância?

Declaração não-receticia: Produz efeitos independentemente das manifestações de entes


externos ou dos demais (Silêncio tbm pode constituir 1 declaração deste género)

 Fig do Estoppel?- Instituto jurídico segundo o qual o comportamento de 1 Estado


vincula o próprio Estado- Instituto q det os efeitos associados ao comportamento de 1
Estado

Exigem-se requisitos de coerência, consistência e boa fé tanto na determinação de norma


costumeira como na identificação e atribuição de relevância ao comportamento de 1 Estado-
Exigência básica de coerência e consistência

Hierarquia

 Profª Regente: Não há hierarquia de fontes, trata-se de 1 rel de equivalência e


paridade

Hierarquia de normas: Traduz-se na existência da fig do “Ius Cogens”

Existem 2 patamares Soft law (qd o jurista não está seguro da existência de
norma pode sempre dizer que existe “soft law” ou Dto
indicativo)
Hard Law Normas impositivas comuns

Normas impositivas

Corresponde qualificadas/fundamentais

á definição de “Ius Cogens”, presente no art 53° da Convenção de Viena sobre o Dto dos
Tratados (CVDT-I)

Outros autores falam de “efetividades em ação”

- Declarações políticas de Estados em cimeiras internacionais (normatividade emergente);

- Particularmente relevantes no âmbito das alterações climáticas; têm-se verificado + avanços


neste contexto por recurso á “soft law” do que propriamente por via do “hard law”;
- Comunidades epistemológicas (comunidades de cientistas, peritos que reúnem, pesquisam,
organizam grupos de trabalho, produzindo conhecimento e auxiliando o decisor na medida em
que lhe conferem coerência e consistência;

Nota: Convenções tbm são fruto/produto do “hard law” em funcionamento no respeitante á


sua preparação

“Hard Law”

 Dto Impositivo; dever ser que se impõe á vontade dos demais;


 Destacam-se as normas inderrogáveis que correspondem ao “Ius Cogens”;

o Conceito relativamente consensual tirando o caso de França;


o A dificuldade reside na sua devida identificação/reconhecimento

Torna-se necessária

 Aceitação generalizada;
 Salvaguarda da dignidade da pessoa humana e da paz;
 Defesa/Consagração do Estado de Direito no sentido de respeito
pelo Dto ou observância do Dto

Preocupação com o respeito pelo Dto e condenação de movs


golpistas como o que ocorreu recentemente no Sudão

 A superioridade das normas internacionais pode ser implícita, decorrente da sua


aceitação generalizada ou expressa como no caso do art 103° da Carta da ONU onde
se procede expressamente á identificação da superioridade de 1 conj de normas
internacionais

Aula Teórica n° 7 28/10/2021

Como é que 1 Estado se vincula a 1 convenção internacional? Esta só vincula as partes


contratantes? Como é que se torna 1 parte contratante? (negociação, elaboração do texto,
assinatura)

Resulta da Convenção e das Constituições dos Estados a determinação do processo de


negociação, aprovação, assinatura ou ratificação, fiscalização, entrada em vigor/produção de
efeitos

Sistemas podem variar muito de Estado para Estado mediante fatores como

- Relação que a Constituição espelha/concretiza entre Dto Interno e Dto Internacional;

- Sistema de governo

Existem constituições que são + internacionalistas que outras

 Sistema monista (primazia do Dto Interno);


 Sistema pluralista;
CRP de ’76 :

- Constituição internacionalista, humanista e europeísta;

- Tem 1 elevado grau de abertura (aliás quase total) ao Dto Internacional; “Constituição amiga
do DIP”

Art 7° e 8° da CRP: disposições fundamentais relativas á articulação entre Dto Interno e


DIP

Art 7°/1: Portugal rege-se nas Relações Internacionais pelos princípios da independência
nacional, do respeito pelos DH, igualdade entre Estados, não ingerência nos assuntos internos
de outros Estados (Art proclamatório; assunção de 1 compromisso)

Art 8°:

- Relevância técnico-jurídica: Cláusula de receção e eficácia das normas de DIP no Dto


Interno/ordem jurídica portuguesa;

- 8°/1: PGD - 8°/2: Dto convencional

- 8°/3: Pensado para o Dto comunitário; Dto da UE mas tbm no respeitante ao Dto da ONU

- 8°/4: Princípio do primado do Dto da EU

Predisposição + ou – aberta á “pauta axiomática” do DIP depende tbm

 Sistema de governo
o Presidencialista; poderes + alargados do PR no processo de vinculação
internacional;
o Parlamentar; preponderância do Parlamento no processo de vinculação;
o Semipresidencialista (negociação cabe ao Gov via resolução do Conselho de
Ministros; Gov tbm pode em certos termos ter competência para aprovar embora
na maioria dos casos seja a AR a aprovar; PR tem o poder fundamental de assinar
convenções e ratificar tratados tendo este o dto de ser devidamente informado
pelo Gov que responde politicamente perante o PR

Poder de assinar ou recusar assinatura/ratificação é livre

Outros potenciais intervenientes

 O TC na fiscalização preventiva se esta for suscitada no referente á compatibilidade do


texto com a CRP (278°/1);
 Eleitorado nos casos em que ocorra referendo (115° + 295°)
o Referendo deve ser realizado antes da aprovação, se + de 50% dos eleitores se
pronunciar contra a aprovação do tratado/convenção, inviabiliza-se a entrada
em vigor do tratado/convenção;
o Mesmo que não registe os 50% necessários para que o referendo se torne
vinculativo, o resultado pode á mesma surtir efeitos e ter expressão a nível
político e legislativo;
o Questão que vai a referendo é sempre objeto de fiscalização preventiva pelo
TC e deve ser objetiva;
o Art 295°;
o Art 115°/3: Só prevê realização de referendo referente a questões/matérias
constantes de convenção internacional (não abrange matérias de tratados

Profª Regente : Matérias de integração europeia deveriam ter sido referendadas dado que
colidem, influenciam aspetos ligados á soberania pelo que a pop, os cidadãos deveriam ser
chamados a pronunciar-se, gerando 1 debate público e promovendo 1 maior esclarecimento
face ao assunto em questão

O custo da adesão á UE consistiu justamente numa limitação de soberania

 Qd estas limitações não são voluntariamente acatadas, a UE recorre á suspensão de


financiamento/afetação de verbas/recursos aos Estados que não respeitem as
limitações á soberania;
 Tentativas de referendo em Portugal foram ambas chumbadas embora tenham levado
a alterações políticas e legislativas;
 Mais tarde Portugal alterou a CRP para acolher o primado do Dto da UE no âmbito da
elaboração de 1 “Constituição Europeia” (no seguimento da rejeição desta
Constituição por via de referendo em França e na Holanda, a Constituição Europeia
nunca chegou a entrar em vigor;
 Art 295°: Exceção ao 115° para permitir realização de referendo sobre matérias
constantes de tratados que visem o aprofundamento da união europeia;

Estados deverão evitar nas suas Constituições situações de “ratificação imperfeita”

 Estados não podem desrespeitar 1 tratado que os vincule com base nas suas
Constituições
Estados não podem vir + tarde dizer, após ratificação, que não irão aplicar/respeitar o
tratado

Salvo se se tratar de 1 “violação manifesta” de 1 elemento fundamental da


Constituição sobre matéria de competência (277°/2 CRP + 46° CVDT-I)

Regente: Considera que não deveremos interpretar de forma literal e restritiva2 o art 46°
como dizendo respeito apenas a matérias no âmbito do procedimento de vinculação
internacional já que “ (…) 1 Estado não pode, através de compromissos internacionais, afetar o
núcleo de proteção dos dts fundamentais na medida em que o não poderia fazer no plano
interno- por ex, no caso português, aceitar limites á proibição absoluta da pena de morte
(24°/2, CRP) (…)ou a pena de prisão perpétua (33°/4)”3

No entanto, essa “violação manifesta” não poderia deixar de ser percebida / detetada pelo
país em questão bem como os demais

 Estados são livres para definir o seu regime interno de vinculação mas uma vez
ratificado não poderão recorrer a eventuais inconstitucionalidades (que a existirem
2
Em defesa de 1 interpretação literal e restrita- Eduardo Correia Baptista, Direito Internacional Público
Vol I , pág 287

3
Direito Internacional Público e ordem jurídica global do séc XXI, Maria Luísa Duarte, págs 204-205, 2ª
reimpressão 2019; AAFDL Editora
teriam muito provavelmente sido notadas antes da ratificação) para não aplicar as
normas de tratados ou convenções pelo que se deverá evitar situações de “ratificação
imperfeita”

Aula Teórica n° 8 02/11/2021

Distinção entre Tratado e Acordo

 CVDT-I não faz distinção, considera-os equivalentes;


 Dto Constitucional norte-americano: Distinção funda-se na existência de “executive
agreements”- tinham de ser aprovados pelo Senado
Ex: EUA não aderiram á SDN, Senado opôs-se

Tratados tinham de ser aprovados pelo Senado mas os acordos e a sua ratificação
cabiam ao PR por via dos “executive agreements”
 CRP: Acordo, convenção, tratado

Termo + abrangente (art 8°/2)- Convenção: qualquer convénio independentemente de


forma, 1 tratado ou 1 acordo

Art°161°, i)- Disposição central (Competência político-legislativa)


- AR tem competência para “aprovar tratados, designadamente os tratados de
participação de Portugal em org internacionais (…) bem como os acordos
internacionais que versem matérias da sua competência reservada ou que o Gov
entenda submeter á sua apreciação”

Modalidade da categoria + geral de “convénio”

Doutrina diverge sobre se a diferença é material ou formal

Tratado Acordo

Existem matérias que Apenas difere na designação

têm de ser legisladas sob forma de e no procedimento

tratado

Tratados: CRP- Têm de ser aprovados pela AR

Acordos: Podem ser aprovados pela AR ou pelo Gov

Diferenças a nível de fiscalização de constitucionalidade

o Pronúncia pela inconstitucionalidade de 1 tratado- art 278°/1 + 279°/1 e 2 : Tratado


não está condenado, pode ser confirmado por maioria qualificada pela AR
Cabe ao PR ratificar ou vetar em caso de confirmação parlamentar no seguimento de
pronúncia do TC pela inconstitucionalidade
o Tratado é ratificado, acordo é assinado

Intervenção do PR- Trata-se em ambos os casos de 1 ato livre (Regente)


o CRP aponta, em parte, no 161°, i) para 1 noção material de tratado, aí encontram-se
discriminadas as matérias que vêm a adotar a forma de tratado (nesses casos não há
dúvidas que assume a forma de tratado independentemente da designação
internacional que o convénio tiver);
o Tratados- convénio sob forma solene;
o Acordos- convénio sob forma simplificada;

Expressão “designadamente” no art 161°, i) é meramente enunciativa

Alguma doutrina defende que há outras matérias para além das do 161° i) que devam adotar
forma de tratado (seriam as matérias + importantes)

2ª parte: Admite-se, no entanto, no âmbito de matérias de competência


reservada da AR a aprovação sob a forma de acordo

Profª Regente: Não há reserva material de forma de tratado fora das matérias designadas no
161°, i)

O que há é 1 reserva material de convenção internacional que tem de ser aprovada sob a
forma de tratado

≠ Doutrina oposta recorre ao argumento de salvaguardar


ou impedir a intrusão do executivo na competência da AR para defender 1 reserva material de
tratado em matérias que não estão elencadas no 161°, i)

Regente: No entanto, não se prevê delegação de competências no âmbito de aprovação de


tratados pelo que o argumento da reserva material em matérias que não apenas as do 161°, i)
perde relevância

 CRP apesar de internacionalista não é mt flexível no respeitante á vinculação


internacional (por ex, a CRP não prevê acordos ultra-simplificados);
 Fig da aplicação provisória: Enquanto o acordo/protocolo estiver em processo de
aprovação internacional este vigoraria provisoriamente;
CRP não prevê esta fig mt embora a aplicação provisória seja por vezes aceite
- Não existe a obrigação de ratificação/aprovação; aplicação provisória não impede ou
não obsta á aprovação interna ou rejeição interna
 Acordos ultra-simplificados (art 12°/1 da CVDT-I)- O consentimento de 1 Estado em
ficar vinculado por 1 tratado manifesta-se pela mera assinatura do representante
desse Estado;
 Convenções internacionais no âmbito da UE;
 Parte significativa das normas internacionais consta de convenções aprovadas no
âmbito da UE

Celebrados no âmbito de Art Acordos mistos

competências da UE 47° TUE Convénios que versam sobre

-Personalidade jurídica internacional, PC de matéria que já é da competência

Dto Internacional; da UE mas tbm sobre matérias que


- Está sujeita ao princípio da especificidade, ainda são da competência dos
só pode vincular no âmbito das suas competências; Estados (ex: políticas de energia)
- Acordos comunitários como os de pesca (quotas) Ex: Acordo de Paris; celebração
Arts 216° e 218° Tratado sobre o funcionamento da EU é feita pela UE no que lhe diz
o Não são aprovados pela AR/Parlamento; são respeito pelos Estados por

integralmente aprovados/celebrados pela UE; força das competências que


o Receção no ordenamento interno português- lhes disserem respeito.

Art 8°/3- Convenções deste género não vão á AR mas Apenas vincula o Estado
esta pode manifestar-se nos termos da alínea n) do 161°; se este o aprovar-8°/2:
Gov é quem decide visto representar Portugal no - Ratificação é 1 ato livre
Conselho da UE não obstante a influência
política, a pressão que pese sobre o Estado,
nomeadamente o princípio da leal cooperação
Cada Estado deve promover a aprovação interna de modo a melhor concretizar os objetivos
comunitários

Articulação entre o DIP e o Dto Interno


Plano teórico
- Corrente dualista - Corrente monista
Parte do pressuposto de que estamos (Ou com primado do DIP* ou com primado
perante 2 ordens jurídicas distintas que operam Dto Interno)
“paralelamente mas de costas voltadas” * Prevalência cabe ao DIP por força
Norma aprovada numa ordem não é dos princípios basilares e das normas de
automaticamente reconhecida pela outra “Ius Cogen
(exige-se processo de ratificação especifica) Maioria das Const aceita
Baseada no dogma da soberania dos expressamente a sua vinculação ao DIP
Estados Internormatividade
Corrente minoritária, poucos autores Ordens jurídicas que mantêm entre
a defendem, poucas Const a perfilham si 1 relação de interdependência e
abertura, não de hierarquia

Está apenas em causa a “prevalência


funcional” ou “cumplicidade jurídica”

Não há Trib Internacional de jurisdição obrigatória, compete aos tribunais nacionais a


articulação das normas internacionais com as normas internas
- Sistema de interação ou de “portas comunicantes”

 Baseado na necessidade de articulação

Problema da incorporação Qual será a eficácia, lugar na pirâmide

Como é que é a norma internacional hierárquico-normativa do Dto Interno

é recebida na ordem jurídica interna? da norma internacional?

Terá natureza supraconstitucional,

constitucional, ou constitucional com valor de lei?

Uma vez celebrado/ratificado o acordo não pode o Estado sob o pretexto de afirmar a
prevalência da Constituição, vir + tarde desvincular-se unilateralmente do acordo

Art 8° CRP

8°/1: Disposição residual, abrange as normas ou permite a receção de normas internacionais


que não se enquadram nos n°s 2, 3 e 4

8°/2: Convenções internacionais; cláusula de receção plena

8°/3: Atos da UE e resoluções da ONU; entram diretamente na ordem jurídica portuguesa se


tal estiver previsto nos tratados institutivos

8°/4: Diz respeito á eficácia

Aula Teórica n° 9 04/11/2021

Art ° 8°

 Normas internacionais europeias- lugar na ordem jurídica portuguesa

- Qual a consequência de 1 eventual conflito que envolva norma interna e norma


internacional europeia?

o Conflito internormativo- Critérios cronológico, de especialidade, hierárquico-


normativo

Em princípio não há conflitos internormativos inultrapassáveis (Geralmente a ordem


jurídica é autossuficiente)

Tribunais têm a responsabilidade de interpretar as normas

Ex: Dever de interpretar conforme a Constituição

- Juiz irá procurar 1 sentido literal na norma que se funde em aspetos da lei constitucional

Conciliação prática; sucede frequentemente no âmbito dos dts fundamentais

Ex: Liberdade de expressão VS Reserva da vida privada OU dto de imagem

Jurisprudência portuguesa,
deixou de ser tão restritiva em termos de liberdade de expressão por influência das
interpretações/ponderações do Tribunal Europeu dos Dtos do Homem

Art 8°/1: Dto geral ou comum (Dto costumeiro, que resulta dos princípios gerais de direito)
A generalidade da doutrina portuguesa considera que esta disposição é pelo menos
equivalente á CRP

+ 16°/2: Parte integrante do Dto Internacional Material (DUDH)

Não é 1 convenção, é 1 declaração que foi aprovada em 1948 pela ONU por via de 1
Resolução

- Maioria da doutrina assume/aceita eficácia “erga omnes” (DUDH)

Função equivalente Função supraconstitucional

á constitucional

Art 16°/2: Disposição algo “irrelevante” já que dificilmente haverá alguma disposição da CRP
que colida, ou se oponha á DUDH

Tal não impede que se deva proceder a 1 interpretação criteriosa

Não obstante o 16°/2 é 1 art de caráter proclamatório + que 1 instrumento de interpretação

Ex: Art 15°/1 DUDH; se se interpretasse esta disposição de forma literal concluir-se-ia que o
Dto Internacional não admitia a condição de apátrida (Prevista no art 15° da CRP)- Não há 1
conflito, apenas se insta os Estados a evitarem situações de apatridia

Art 15°/2 da DUDH- Proíbe perda de nacionalidade por motivos arbitrários

≠ Há Estados que preveem a perda de nacionalidade por força de crimes contra a Pátria, por
ex- Restrições a dts fundamentais são permitidas desde que adequadas, necessárias e
proporcionais

Art 8°/1: DUDH adota valor equivalente ao da CRP

Art 8°/2: Dto convencional, resultante de convenções e tratados. Não expressa o


posicionamento na ordem jurídica portuguesa, apenas diz que “prevalecem”/vigoram na
ordem interna

Prevalecem enquanto “vincularem o Estado português”

Compromisso de o Estado português aplicar normas convencionais na ordem interna

 Existindo 1 incompatibilidade entre o regime interno e o regime da convenção dá-se 1


“ilegalidade atípica”- Surge a obrigação de desaplicar a norma interna legislativa;
 Se o conflito for entre norma constitucional e norma convencional

Proíbe-se a extradição de cidadãos portugueses (art 33°/1)



Previa-se que os Estados deveriam extraditar/”
“entregar” os seus cidadãos se outros Estados o solicitarem
Art 204°: Princípio da constitucionalidade- Norma convencional não deve ser aplicada
se colidir com a CRP
“ Nos feitos submetidos a julgamento não podem os tribunais aplicar normas que
infrinjam o disposto na CRP ou os princípios nela consignados”
- Normas convencionais têm valor infraconstitucional mas supralegal (superior a
norma constante de ato legislativo)

Art°277°/2: “ A inconstitucionalidade orgânica ou formal de tratados internacionais


regularmente ratificados não impede a aplicação das suas normas na ordem jurídica
portuguesa, desde que tais normas sejam aplicadas da outra parte, salvo se tal
inconstitucionalidade resultar de violação de 1 disposição fundamental”

Art 8°/3: Âmbito de aplicação- normas ou atos não-normativos; visa a UE e as org


internacionais de que Portugal faça parte mas em particular a ONU (as demais org
internacionais não têm competência para vincular diretamente o Estado português
Aplicação direta de normas europeias e internacionais sem qualquer tipo de
mediação na ordem jurídica portuguesa;
- Normas vigoram diretamente, com + força do que se fosse 1 norma legislativa
interna; não se requer publicação em Diário da República…

Art 8°/4: Introduzido na penúltima Revisão Constitucional, pensado para dar resposta
ás disposições da “Constituição Europeia” (art 6°)- Princípio do primado encontrava-
se aí consagrado expressamente

“São aplicáveis imediatamente na ordem interna” mas remete-se ou recorre-se á


jurisprudência

Nunca entrou em vigor, projeto foi abandonado (rejeição em

referendo na Holanda e em França)

Surgiu em seu lugar, + tarde, o Tratado de Lisboa (2007), onde se faz, a propósito desta
matéria 1 remissão para a jurisprudência do TEDH

Art 7°/6 + 8°/4 (disposição redundante, veio explicitar o que já se deduzia do 7°/6

Não surgem conflitos; prevê-se que Portugal possa proceder a limitações á sua soberania por
via de cooperação no âmbito da UE

Não é 1 cheque em branco; existem 2 “travões”

 Referência a “no exercício das suas competências” (“As disposições dos


tratados que regem a UE e as normas emanadas das suas instituições, no
exercício das respetivas competências, são aplicáveis na ordem interna, nos
termos definidos pelo direito da União, com respeito pelos princípios
fundamentais do Estado de direito democrático”;
 “princípios fundamentais do Estado de dto democrático”- expressão vaga,
conceito jurídico indeterminado, deve ser interpretada em termos
sistemáticos e teleológicos
o Regente (Separação de poderes + Dts fundamentais)
Ac TC Julho 2020 (Ac 422/2020)

 Procede á densificação dos princípios fundamentais do Estado de dto


democrático/identidade constitucional do Estado português (TC enquanto garante
último da CRP);
 Regente: Primado do Dto da UE não é absoluto nem incondicional, resulta do
respeito pelo princípio da competência, não tem fundamento hierárquico (Posição
minoritária na doutrina portuguesa, embora o Ac do TC 422/2020 perfilhe este
entendimento)

Posição maioritária: Aceitação acrítica da doutrina portuguesa do princípio do
primado do Dto da UE e sua aplicação direta

Matéria dos Tratados- Convenção de Viena (CVDT-I)

Direito dos tratados – fontes 


A matéria relativa ao Dto. Dos tratados foi objeto de um processo de codificação: 
- Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados, de 29 de maio de 1969; 
- Convenção de Viena sobre os Direitos dos Tratados entre Estados e Organizações
Internacionais, de 21 de março de 1986. 
- A CVDT-I define as condições de validade dos tratados, especialmente o regime de normas
ius cogens. 
- As respetivas convenções não esgotam o regime jurídico aplicável ao ciclo biojurídico do
nascimento, vida e morte dos tratados. Por exemplo o artigo 73º CVDT-I ressalva as matérias
relativas à sucessão de Estados, responsabilidade internacional de um estado ou a abertura de
hostilidades entre Estados. 
-“As questões não reguladas” continuarão a ser regidas “pelo direito internacional 
consuetudinário”. 
- O direito interno do direito dos tratados consiste nas disposições constantes nas
constituições de cada estado e do tratado institutivo de cada organização
internacional, relativas as competências e procedimentos de vinculação externa por via de ato
convencional. 

O nascimento dos tratados 

Artigo 6.ºCVDT-I- todo e qualquer estado tem capacidade para celebrar tratados. O direito de
negociar e de concluir acordos internacionais faz parte dos atributos clássicos da
personalidade jurídica internacional dos estados soberanos- ius tractum. No exercício desse
poder o estado é limitado pelas obrigações decorrentes o DI e do DConstitucional. 

- A celebração de entes estaduais não soberanos dependerá de previsão da Constituição do


estado. 

Artigo7.º, CVDT-I- a representação do estado no processo de celebração do tratado


é assegurada pelo plenipotenciário, em favor do qual foi emitido um documento de  plenos
poderes ou cujo estatuto de representante se presume em virtude das funções  que exerce:
- Chefes de estado, chefes de governo, ministro dos negócios estrangeiros; 
- Chefes de missão diplomática;
- Representantes acreditados dos estados numa conferência diplomática ou junto de uma
organização internacional ou de um dos seus órgãos para a adoção do texto de um tratado
nessa conferencia, organização ou órgão - art.7º/2, CVDT-I. 
» A celebração de um tratado internacional varia conforme o número de estados que
participam, a necessidade de aprovação pelos órgãos internos e a natureza das matérias
reguladas.  

Porém o procedimento padrão desdobra-se nas seguintes fases: 


✓ Negociação, adoção e autenticação do texto- art. 9º e 10º, CVDT-I
✓ Manifestação do consentimento- art. 11º-17º, CVDT-I 
✓ Entrada em vigor- artigos 24º e 25º, CVDT-I 
✓ Depósito, registo e publicação- art. 76º-80º, CVDT-I 

Negociação, adoção e autenticação do texto- art. 9º e 10º, CVDT-I 

No tratado bilateral, a negociação é realizada entre a missão diplomática e os órgãos


do estado acreditador- art.3º,c)- CV sobre relações diplomáticas ou, no  quadro de
cimeiras bilaterais entre representantes dos estados, ao nível político ou  a nível técnico. 

No tratado multilateral, a negociação é conduzida em conferências


diplomáticas expressamente convocadas para o efeito ou no seio de organizações
internacionais, com a vantagem de que na segunda modalidade, o procedimento dos
trabalhos estar aprovado e os negociadores contarem com o apoio logístico e burocrático
da organização anfitriã. 

A adoção significa a sua fixação, a redação definitiva do texto do acordo/ tratado


internacional exige muitos cuidados e é um momento-chave da negociação. Todos os
estados devem participar na elaboração do texto-9º/1, CVDT-I. 

No caso de uma conferência internacional, a CVDT-I prevê a maioria de 2/3


dos estados presentes e votantes, salvo se esses estados pela mesma
maioria, decidirem aplicar uma regra diferente, por exemplo, a maioria simples ou a
unanimidade art.9º/2, CVDT-I. 

A autenticação do texto reconhecido como verdadeiro e definitivo:  procedimento


previsto no projeto de acordo ou definido pelos estados participantes- art.10º, a), CVDT-
I. 

Art.10º, b)- regra subsidiária consiste numa das três modalidades possíveis: 

- Assinatura- durante muito tempo a assinatura valia como autenticação   consentimento


ou vinculação. Segundo a CVDT-I, a mesma ainda pode ter esse 
duplo efeito para os acordos ultrasimplificados- art.12º, CVDT-I, porém a CRP proíbe-os. 

- Assinatura ad referendum/ rubrica- o efeito de autenticação é provisório, porque exige


confirmação do órgão estadual competente para este efeito ou assinatura a realizar em
momento ulterior. 

Nos tratados multilaterais, os vários instrumentos negociados são reunidos na Acta ou


Acto Final da conferência diplomática, autenticada pela assinatura dos representantes.

No caso da negociação de um tratado por uma organização internacional, a regra é a da


distinção entre os plenos poderes pra negociar e   mandato para assinar, porque,
frequentemente, se trata de competências atribuídas a órgãos diferentes. Art.7/3. 

- Depois de autenticado o texto só poderá ser modificado por acordo das partes ou, se
for um erro ou gralha, através do procedimento de retificação previsto no art 79.º CVDT-
I
 Formato 
- Preâmbulo, com a enumeração das partes e dos fundamentos. 
- Corpo dispositivo, com os respetivos artigos relativos ao regime jurídico e as disposições
finais, definidoras de aspetos específicos sobre diversos assuntos, as disposições finais
relativas as condições de vigência e aplicação do tratado produzem efeitos desde a
adoção dos textos- art.24º/4, CVDT-I. 
- Anexos, com disposições técnicas, regras normativas complementares ou meras
declarações políticas, fazem parte do tratado e têm em princípio a idêntica força jurídica. 
- Manifestação do consentimento- este é o momento jurídico mais importante
que antecede o nascimento do tratado, coincidente coma entrada em vigor. A relevância
jurídica deste momento impõe-se com evidência lapaliciana: como acordo de vontades
manifestado de modo juridicamente adequado.  

A CVDT-I, no seu artigo 11º, estabelece a regra da escolha livre da forma de 
manifestação do consentimento. 

✓ Assinatura, nos procedimentos simplificados, tem o efeito de  vincular o estado –


art.12º, CVDT-I. 
✓Troca de instrumentos constitutivos do tratado, que consiste na  entrega recíproca dos
textos, é usada no procedimento de  acordos bilaterais.
✓ A ratificação é o ato através do qual a autoridade do estado  competente para
conclusão de tratados internacionais manifesta, de modo solene, que o estado se considera
vinculado e se compromete, nos termos do princípio pacta sunt servanda, a dar execução ao
tratado. 
✓ Os termos aceitação, aprovação ou adesão cruzam-se com o  vocabulário difuso dos textos
constitucionais. A adesão designa, de ordinário, o processo de aceitação de trabalhos
multilaterais vigentes. 

»O ato de manifestação do consentimento produz efeitos, de acordo com o art.16º, no 


momento: 
- Da troca de instrumentos entre os estados; 
- Do depósito junto do depositário; 
- Da sua notificação aos outros estados contratantes ou do depositário. 

» O consentimento refere-se ao tratado no conjunto das suas cláusulas – princípio


da unidade matéria, salvo se as partes contratantes admitirem soluções de vinculação
seletiva- 17º, CVDT-I. Por exemplo as cláusulas da EU, chamadas opt-out. Também
as reservas. 

As reservas no Direito dos Tratados 

É uma declaração unilateral, feita no momento da vinculação, pela qual o Estado manifesta a


vontade de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado e da sua
aplicação a esse estado- 2º/1, d), CVDT-I. Só se aplicam aos contratos multilaterais. 

A admissibilidade da reserva depende de previsão do próprio tratado, de modo expresso ou


implícito.- 19º, CVDT-I. 
- A formulação das reservas está sujeita a vários tipos de limites. 

- Limites materiais- de enunciação expressa pelo tratado que proíbe ou autoriza a reserva em


relação a certas disposições- art 19º, a) e b); de enunciação implícita, nos casos em que a
reserva é incompatível com o objeto e o fim do tratado – 19º, c), CVDT-I. Se a reserva for
formulada em violação destes limites, a consequência será a ineficácia da reserva ou a sua
nulidade no caso de pretender excluir ou modificar o alcance inderrogável de uma norma ius
cogens codificada pelo tratado ou relativa a obrigação erga omnes. Igualmente nula é a
disposição de um tratado que autorize uma reserva sobre matéria regulada por norma
imperativa de direito internacional geral- 53º, CVDT-I. 

Faz sentido existirem reservas nos tratados gerais de codificação de regras costumeiros. 

Em matéria de direitos humanos, uma conceção teórica largamente dominante, de sentido


limitador da admissibilidade de reservas inaceitáveis no caso de normas garantidoras de ius
cogens ou de normas fundamentais sobre o objeto e o fim da proteção do tratado, não
impede uma prática errática e divergente no seio dos órgãos competentes pela garantia de
aplicação das convenções internacionais sobre direito humanos. A convenção europeia sobre
os direitos do homem autoriza as reservas no art 57º, mas proíbe as reservas de caráter geral
e condiciona a admissibilidade de reservas especificas à identificação de lei interna que
“estiver em discordância com aquela disposição”. 

- Limites temporais- a reserva deve ser comunicada durante o processo de


conclusão do tratado, no momento da assinatura, da ratificação, da aceitação ou da 
aprovação- 19º, CVDT-I. Depois de se constituir como parte contratante, o estado só poderá
limitar a eficácia jurídica do tratado através da invocação do artigo 46º CVDT-I ou por via de
denúncia. 

- Limites procedimentais- a reserva exige forma escrita e deve ser comunicada por escrito aos
estados contratantes e aos outros estados que possam vir a ser partes no tratado, assim
como os atos de aceitação, de objeção e de retirada- art.  23º, CVDT-I. 

Se o tratado autoriza a reserva, esta não precisa de ser aceite pelos outros Estados, salvo se
for outra a solução prevista- art.20º/1. Noutros casos, o princípio é o da aceitação ou da
rejeição através da objeção- arg.20º´/2, 3 e 4, CVDT-I.  

A reserva é uma declaração unilateral cujos efeitos dependem da expressão de vontade das
restantes partes, corolário da natureza contratual e concertada do tratado. 
O critério principal é o da autonomia da vontade dos Estados que podem, por unanimidade-
20º/2 ou por maioria aceitar uma reserva mesmo que esta se mostre ”incompatível ”com o
objeto e o fim do estado”. 

Art.20º/5, CVDT-I- oferece um exemplo de relevância jurídica do silêncio: salvo disposição em


contrário, a reserva é considerada aceite por um estado quando este não formulou qualquer
objeção à reserva no prazo de 12 meses, a contar da data em que recebeu a notificação sobre
a reserva ou da data em que se vinculou ao tratado, se esta for posterior. 

No caso de tratados constitutivos de organizações internacionais, a reserva exige a aceitação


dos órgãos competentes dessa organização- artigo. 20º/3, CVDT-I.
Efeitos da reserva: dependem da reação dos outros estados, no próprio tratado com uma
autorização expressa ou em reação à notificação especifica sobre a reserva. A reserva só é
juridicamente relevante se for aceite, pelo menos, por outro estado contratante-20º/4, c),
CVDT-I. 

Os efeitos da reserva são relativos, porque apenas se projetam na relação entre o estado  autor
da reserva e os estados que a aceitaram, o tratado aplicar-se-á “na medida do previsto por
essa reserva” -art.21/1, CVDT-I. 
Se a reserva exclui a aplicação de uma parte do tratado, os estados que aceitaram a reserva
não podem exigir ao estado autor da reserva o cumprimento das obrigações inerentes ao
regime jurídico afastado. 

Entre o estado autor da reserva e o estado que formulou objeção cumpre distinguir,  

✓ Se a objeção foi acompanhada de uma manifestação inequívoca de vontade contraria a


entrada em vigor do tratado, o tratado não se aplicará nas relações entre os dois estados-
20º/4,b), CVDT-I; 
✓ Se a objeção não for interpretada no sentido de oposição à vigência do tratado, este aplicar-
se-á na relação entre ambos os Estados, salvo na parte do prevista pela reserva- 21º/3,
CVDT-I. 

Reservas e figuras afins 

- Declaração interpretativa- a doutrina pergunta se devido as parecenças com a figura da


reserva não fará sentido aplicar-lhe o regime da mesma. As d.i. formulados por um estado ou
organização internacional, visam precisar ou clarificar o sentido ou alcance que o estado
declarante atribui ao tratado ou algumas das suas disposições. – Apresentadas quando se
manifesta o consentimento. 

- Declaração interpretativa condicional- um estado ou org. internacional declara que


faz depender o seu consentimento da aceitação de uma interpretação especifica sobre
o tratado ou algumas das suas disposições. É uma reserva disfarçada que se tornará
numa verdadeira se prevalecer a interpretação que o estado declarante não pretende aceitar. 
– Apresentadas na mesma altura que as reservas e as declarações interpretativas tout  court. 

» Nos tratados multilaterais as reservas facilitam o processo de ratificação e potenciam a


aceitação por um número mais alargado de estados. Também, por outro lado,  permitem a
aprovação de regimes jurídicos mais exigentes e avançados em relação ao conteúdo das
obrigações internacionais que os estados assumem ou recusam, em função da representação
dinâmica dos seus interesses estratégicos. = fragmentação do regime jurídico.  

22º/1, CVDT-I- O estado autor da reserva pode a todo o tempo retira-la.


Entrada em vigor 

O momento da entrada em vigor é, em princípio, definido pelo próprio tratado, em sede


de disposições finais ou acordo ad-hoc- 24º/1 CVDT-I. 
Na ausência de determinação específica, o tratado entra em vigor depois da ratificação por
parte de todos os Estados que tenham participado na concepção, o que constitui um requisito
muito exigente, especialmente nos tratados multilaterais alargados- 24º/2 

- Nos tratados bilaterais a entrada em vigor costuma coincidir com a data em que se concluiu a
troca de notas.  

- Nos tratados multilaterais a vigência pode ficar dependente de uma condição (número
minimo de ratificações) ou de um termo (por exemplo, passados dois anos). 

Para o Estado que adere a um tratado que já está em vigor na ordem


jurídica Internacional, a data de início de vigência é a data em que ocorreu o ato de
consentimento 24º/3. 
- A chamada aplicação a título provisório ou a aplicação provisória, prevista no artigo 25º
CVDT I um, tende a adquirir por força da prática diplomática recente, a autoridade do uso
frequente.  Esta possibilidade deve estar prevista ao próprio tratado ou, de outro modo,
resultar de acordo entre os Estados que participaram na negociação. 

» A Constituição portuguesa, por via do artigo 8º/2, não permite a aplicação a título
provisório. Porém se a aplicação provisória resultar de uma disposição transitória do próprio
tratado, adotado por maioria de 2/3, a aplicação provisória pode-se aplicar- 9º/2, CVDT I,
articulado com o artigo 24º/4,CVDT-I. 

Depósito, registo e publicação 

- Todas estas figuras têm como propósito de assegurar ao Tratado a devida publicidade
e resguardo seguro. 
- Nos tratados multilaterais, a prática é de designar um depositário, o Estado em cujo território
foi negociado o tratado, uma Organização Internacional o seu secretário-geral no caso de
um tratado celebrado sob os auspícios da Organização Internacional em causa-76º/1, CVDT-I. 

- O depositário exerce o encargo de caráter Internacional, devendo agir com imparcialidade


76º/2, CVDT-I. 

- 77º, CVDT-I- Funções do depositário 

- Providenciar o registo do tratado junto do Secretariado da ONU- 77º/1, g), CVDT-I. 

- 80º/1, CVDT-I- após a sua entrada em vigor, os tratados são transmitidos ao secretariado Das 
Nações Unidas para efeitos de registo e publicação, dele depende o direito da parte de o
invocar  perante qualquer órgão das Nações Unidas.

A vida dos tratados 


- Artigo 26º, CVDT-I- Pacta sunt servanda -“Todo o tratado em vigor víncula as partes e deve
ser por elas cumprido de boa fé.” 

- Para todos os efeitos, o Tratado é o contrato celebrado por partes que  assumem, de boa fé e
com vontade genuína de cumprir, as obrigações inerentes ao compromisso pactício.  

- Mesmo antes da entrada em vigor do tratado, mesmo já o Estado que assinou o convénio


“deve abster-se de atos que privem um tratado do seu objeto ou do seu fim.”- 18º, a). 

- O ato de celebrar ou de ratificar um tratado é, por natureza, um ato livre. Do princípio da boa
fé derivam limitações ao comportamento do Estado signatário, mas nunca à luz do direito dos
tratados, um dever de ratificação. 

Dever de ratificar 
- Existe um dever de ratificar em virtude de um tratado anterior:- pacta  sunt servanda. 
- É imposto pela constituição. No caso da CRP é imposto pelo resultado  de um referendo,
favorável e vinculativo em relação a ratificação do tratado. 
- Outro corolário do princípio aqui tratado, consiste na ininvocabilidade do direito  interno
como fundamento para descartar as obrigações de fonte convencional-27º. CVDT-I 
Art. 46º, CVDT-I 

1 - A circunstância de o consentimento de um Estado em ficar vinculado por um tratado ter


sido  manifestado com violação de uma disposição do seu direito interno relativa à
competência para  concluir tratados não pode ser invocada por esse Estado como tendo
viciado o seu  consentimento, salvo se essa violação tiver sido manifesta e disser respeito a
uma norma de  importância fundamental do seu direito interno*. 

2 - Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que
proceda,  nesse domínio, de acordo com a prática habitual e de boa fé. 

» Constitui uma solução de compromisso entre a tese de constitucionalista( nulidade do


tratado  celebrado com violação de regras constitucionais) e tese internacionalista ( validade
deste tipo  de tratados afetados porque ratificações imperfeitas). 

*A consequência jurídica para o tratado em causa não tem de ser necessariamente a


nulidade,  pode ser mera ineficácia ou inaplicabilidade um, dependendo do regime previsto na
constituição do Estado contratante, eventualmente compatível com sanação superveniente do
vício que  afetou a manifestação do consentimento.
----» O artigo 46º, é suscetível de invocação em relação a um tratado cujas cláusulas
constituam  uma violação notória e evidente de normas internas, de importância fundamenta,
por exemplo  sobre direitos fundamentais. 

- Os efeitos produzidos com base no Tratado repercutem-se um, sob a forma de direitos e 
obrigações, da esfera jurídica das partes contratantes. A determinação do âmbito de eficácia 
dos tratados recorta-se a partir dos seguintes critérios: 

a) Temporal- a regra é a da não retroatividade do acordo, inaplicável aos atos e fatos


anteriores  à sua entrada em vigor, salvo se for outra a vontade das partes-28º/1, CVDT-I. 

b) Espacial- a obrigatoriedade do tratado estende-se à totalidade do território de cada uma


das  partes, salvo se outra regra resultar do próprio tratado- 29º, CVDT-I. 

c) Material- em princípio, tratado é um ato jurídico autónomo e autossuficiente, tal não 


prejudica, contudo, a existência de tratados sobre a mesma matéria ou visando instituir  
regimes internacionais, celebrados em momentos diferentes e com divergência de  soluções
jurídicas- tratados sucessivos. 

A Carta das Nações Unidas estabelece, o critério da prevalência das obrigações  assumidas em
virtude da carta sobre quaisquer outras obrigações resultantes de um  tratado sucessivo,
relativo, por exemplo, a questões militares e de segurança coletiva. 

O direito de Viena estipula regras subsidiárias de resolução de conflitos  internormativos


resultantes de tratados sucessivos incompatíveis- 30º, CVDT-I. Importa  distinguir duas
situações. 
1. - Se se verificar identidade das partes, prevalecem as obrigações  definidas
pelo tratado posterior, salvo se a relação com o tratado  
anterior não for de antinomia ou e incompatibilidade, caso em que se  
mantém a aplicação do convénio mais antigo- 30º/3, CVDT-I. 
2. - Se não se verificar identidade das partes, o regime entre as  partes comuns
no tratado anterior e posterior é o referido na  
primeira situação- 30º/4, alínea a), CVDT-I; nas relações entre um  
estado que é parte em ambos os tratados e um estado que é parte  
apenas num deles, os direitos e obrigações recíprocos são regulados  
pelo tratado no qual os dois estados são partes- 30º/4, b), CVDT-I; a  
impossibilidade de execução de obrigações conflituantes é geradora de  
responsabilidade internacional- 30º/5, CVDT-I. 

Critérios de vinculação interpretativa que podemos extrair das disposições relevantes  da


CVDT-I. 

a) A interpretação como operação intelectual que, inspirada pelo critério matricial  da boa fé,
combina e articula os diferentes elementos de trabalho da função  interpretativa –
elemento literal, elemento histórico, o elemento sistemático e o  teleológico- artigo 31º,
CVDT-I.
b) A interpretação como resultado deve refletir um significado de base objetivista,  dada a
importância reconhecida ao contexto- art.31º/2, CVDT-I, e de base  teleológica que
valorize o objeto e o fim do tratado- 31º/1, CVDT-I, sem prejuízo,  todavia, da concessão
feita pelo artigo 31º/4. 
c) ... matéria não importante  

-----»»»O princípio fundamental da equivalência das línguas oficiais, corolário do 


respeito pela igualdade entre os Estados-Membros e a correlativa proibição de 
discriminação entre os cidadãos da EU, tem orientado o Tribunal de Justiça no  sentido
de rejeitar interpretações baseadas na prevalência de uma versão  linguística sobre
outra, preferindo, ao invés, soluções de interpretação  sistemática e finalística,
induzidas pelo método da conciliação linguística e em  perfeita consonância com a
regra do 33º/4, CVDT-I. 

Tratados e terceiros Estados 

Artigo 34º CVDT-I- “Um tratado não cria obrigações nem direitos para um  terceiro
Estado sem o consentimento deste.” 
=406º/2 
- Princípio do efeito relativo dos tratados 
- Axioma romano- o acordado entre as partes não pode prejudicar ou beneficiar 
outros. 
-No DIP, a relatividade é um corolário da soberania dos estados e em relação a  todos
os sujeitos jurídicos dotados de capacidade para celebrar tratados, é uma  exigência da
autonomia privada. 
- Este princípio não é absoluto na medida em que a sua aplicação esta sujeita a  limites
e condições.  
- Estado que não é parte do tratado é um Estado terceiro. Em relação a este  Estado, a
possibilidade de um tratado criar direitos ou obrigações na respetiva  esfera jurídica
depende do seu consentimento- que terá forma de aceitação  expressa e por escrito
no caso de obrigações – 35º, CVDT-I. No caso da atribuição  de direitos, presumes que
existe consentimento enquanto não houver indicação  em contrário, constituindo,
pois, um exemplo de relevância jurídica do silencio  por parte do Estado Terceiro. 
- Artigo 37º, CVDT-I- revogação ou modificação de obrigações e direitos de  terceiros
Estados.- Teoria do acordo colateral entre os estados partes no tratado  principal e os
estados terceiros. O consentimento do terceiro estado gera uma  espécie de acordo
triangular.»» Os direitos e obrigações passam a integrar a área  de atuação jurídica do
terceiro estado após o consentimento- 35º e 36º e não  desde a entrada em vigor do
tratado.
- O artigo 38º não é uma exceção à regra do consentimento- pois trata-se de uma 
consequência direta da natureza consuetudinária da norma em causa.  
2 exemplos de situações que parecem ser exceções à regra 
1. Tratados aplicáveis a “situações objetivas” ou estatuto territorial- o  acordo sobre
regimes de neutralidade de um estado ou de  desmilitarização, em princípio,
produzem uma situação objetiva oponível  a toda a comunidade internacional. =
autoridade erga omnes dos  tratados sobre delimitação de fronteiras. 
2. 6º/2CNU + 103º= impõe aos estados que não são membros das NU, o  respeito das
obrigações relacionadas com tudo “quanto for necessário a  manutenção da paz e
da segurança internacionais” 
Nestas duas situações depara- mo- nos com obrigações de fonte  heterovinculativa,
baseadas numa ideia de comunitária e integradora do DIP. 

Situações que envolvem um efeito de capilaridade jurídica no sentido em que as 


normas do tratado extravasam o perímetro original das partes, mas não devem  ser
tratadas como exceções ao princípio do efeito relativo. 
1. A cláusula da nação mais favorecida, serve para o estado A garantir ao  estado B,
por via de acordo, todas as vantagens que vier a reconhecer em  acordos futuros
celebrados com o Estado C.  
2. A sucessão dos Estados em matéria de tratados suscita questões de  particular
dificuldade no plano jurídico, condicionadas pelas fortes  implicações política de
uma ou outra solução. Duas soluções diferentes,  nos estados de recente
independência o critério é o da “tábua rasa” pelo  que o estado não está obrigado
manter os tratados celebrados pelo  estado predecessor- 16º/1 CVSE; Já, os
estados resultantes de unificação  ou separação de estados, a regra aplicável é
inversa, pois existe uma  relação de continuidade jurídica entre os estados
predecessor e sucessor,  não deve ser considerado um estado terceiro. 
3. Proliferam os tratados celebrados entre Estados, no plano bilateral ou  multilateral,
sobre direitos humanos ou relações económicas, que  atribuem direitos e
estabelecem obrigações para os respetivos cidadãos  nacionais que estes, graças
ao princípio da aplicabilidade direta, poderão  invocar NOS tribunais domésticos
ou NOS tribunais internacionais criados  para interpretar e aplicar os tratados em
causa, como acontece com o  tribunal europeu dos direitos do Homem. Não
configura um desvio ao  princípio do efeito relativo dos tratados, porque este se
refere ao elenco  dos destinatários das normas. 
4. Tratados relativos à criação de uma Organização Internacional regulam a  sua
existência jurídica e determinam as regras fundamentais aplicáveis  ao seu
funcionamento, em relação ao Tratado institutivo, a Organização  Internacional
não é terceiro nem parte, mas sim o objeto do referido tratado.
Revisão e modificação dos tratados 
A vida dos pode passar por processos de revisão, tal como previstos nas regras   específicas do
próprio tratado ou regulados de modo supletivo pelas disposições dos  art.39º-41º da - Artigo
37º, CVDT-I. 
- Art. 39º- a revisão é por acordo das partes, corolário do princípio geral tratado  posterior
revoga ou altera tratado anterior. 
- Por razões extrajurídicas, o tratado é passível de modificação sem revisão, é a chamada 
modificação implícita. 
A revisão pode ser adotada por acordo entre a maioria dos Estados partes, mesmo que o
tratado inicial tenha sido aprovado por unanimidade- o acordo de revisão só é  aplicável nas
relações entre os Estados que o ratificaram. 
- Os problemas de ordem jurídica resolvem-se com base nos artigos 21º,  30º/4, b) e o 40º/4, -
Artigo 37º, CVDT-I.  
O Tratado de Lisboa , na alteração que introduzir no artigo 48º/2, TUE, contraria   a tese dos
limites materiais, de modo Expresso, que os projetos de revisão dos  tratados podem “ir no
sentido de aumentar ou reduzir as competências  atribuídas à União pelos tratados”.  
As previsões de limites materiais em cláusulas expressas têm um  significado político, pouco
relevante no plano jurídico. Se os limites em causa não gozarem de uma vinculatividade
reforçada em virtude da sua natureza  consuetudinária a imperatividade e ius cogens, uma
norma convencional não  pode impedir a sua própria alteração, o que seria contraditório com
o princípio  da autonomia da vontade e da liberdade de contratar. 

 - Eventual violação destas cláusulas expressas não inquinaria a validade  do tratado e podia-se
resolver à luz do princípio geral Pactum posterius derogat  priori. 

A modificação implícita do tratado, pode resultar da prática subsequente dos  estados


ou da superveniência de novas regras de direito internacional. ✓ Uma prática
posterior à entrada em vigor dos tratados seguida pelas partes na sua aplicação pode
conduzir à alteração de cláusulas dos  tratados.- art. 27º e 23º CNU 
✓ Pode igualmente verificar-se uma alteração implícita do tratado em  virtude da
formação de uma nova regra de DIP, designadamente por via  do costume. 
- Alteração dos termos/ da aceção dos termos 

- A MI permite maior adaptação do tratado e contribui para consolidar a efetividade  entre as


partes.~
- A MI envolve riscos pela incerteza que gera quanto ao texto escrito vigente, em  especial,
pelo efeito e erosão que provoca na vontade soberana e igual das partes. 

A morte dos tratados  

O regime aplicável à vida dos tratados, à sua interpretação e aplicação, é  claramente


dominado pelo princípio da lealdade e fidelidade ao compromisso  assumido- pacta
sunt servanda. 
- Garantia de estabilidade e previsibilidade das relações internacionais. - Quando o
compromisso nasceu de uma situação que corrompem a  autenticidade e a liberdade
da vontade, preservar a liberdade de consentimento, figuram como causas de
invalidade do tratado- 47º- 52, CVDT-I. 
- O desvalor da nulidade pode ainda resultar da violação de normas  paramétricas, de
direito interno ou de direito Internacional geral. 
- A questão da nulidade é mais delicada, porque a noção em causa e os  instrumentos
jurídicos associados ao seu exame nasceram NOS direitos  nacionais, pelo que não é,
nem pode ser direto o seu transplante para o direito  Internacional. 

De modo, a promover uma objetividade nas causas de invalidade, CVDT-I: 


- Estabeleceu o caráter irretroativo das suas disposições- 4º - para que a  invocação de
uma das causas da invalidade não rompa com compromissos e  equilíbrios contratuais;
- Regulou o procedimento a seguir quanto à nulidade de um tratado, à cessação  da sua
vigência, à retirada ou à suspensão da sua aplicação – 65º- 68º - Estabeleceu o recurso
facultativo ao Tribunal Internacional de Justiça, à  arbitragem e à conciliação- 66º 

» Garantia de equilíbrio entre os deveres de vinculação e o direito à  desvinculação –


no conjunto há uma presunção de validade e vigor jurídico  favorável aos tratados:  
✓ Tipicidade das causas de invalidade – causas da invalidade são de  enunciação
taxativa (art. 42º/1), mas em relação à extinção e à suspensão  podem-se
considerar outras, desde que previstas pelo tratado (art.  42º/2). 
✓ Princípio da irrelevância das violações ao direito interno aplicável ao  processo de
vinculação Internacional do Estado, salvo no caso de  Violação grave e manifesta
na acepção do art. 46º
✓ A invalidade e as vicissitudes não relacionadas com a questão de  validade, não
afetam o dever geral de um Estado respeitar as obrigações  decorrentes do direito
Internacional, pois está vinculado por via do  costume e de outras regras
convencionais- 43º 
✓ Invalidades e outras questões afetam o tratado no seu todo (art. 44º/1)   –
admitindo-se algumas exceções desde que compatíveis com a  divisibilidade das
disposições do tratado- 44º/2,3,4 e 5 
✓ Estado não pode invocar a nulidade se após ter tomado conhecimento  dos factos
aceitou expressamente a validade e vigência dos tratados ou,  devido à sua
conduta, conclui-se que aceitou a validade do tratado (art.  45º) 

Nulidade dos Tratados 

- A CVDT-I, combina efeitos jurídicos típicos da nulidade e efeitos jurídicos pressupostos  pela
anulabilidade.  

» A noção de nulidade significa que o ato jurídico nulo não produz efeitos desde o início   da
sua vigência, ex tunc, uma vez que as disposições do tratado carecem de força  jurídica, deste
modo nenhum estado pode invocar em seu favor um tratado nulo- 69º/1. No entanto alguns
dos atos praticados e alguns dos efeitos produzidos podem ser  mantidos- 69º e 71º, CVDT-I. 

- 69º/2- Tanto quanto possível a nulidade do tratado fundamenta o direito de solicitar o 


restabelecimento da situação que existiria se os atos não tivessem sido praticados projeção
retroativa limitada. 

As causas de invalidade dos tratados estão enumeradas e tipificadas na Convenção de   Viena,


São caracterizadas como comportamentos ilícitos, contrários aos princípios e  regras do direito
Internacional.  
- 8 causas de invalidade dos tratados 46º a 53º 
- 7 Referem-se a vícios do consentimento 
- 1 respeita à violação de normas substantiva imperativa de direito Internacional  geral- 53º 

Nulidade 

- Relativa 

- Absoluta 
Nulidade relativa- A causa de invalidade só pode ser invocada pela parte cujo  consentimento
foi manifestado ou obtido de modo contrário ao direito, o vício é  sanável-45º e este tipo de
invalidades não afeta a vigência do tratado, salvo se for um  tratado bilateral, e não prejudica a
sua aplicação nas relações entre as outras partes, no  caso de Tratado multilateral, ISTO é não
afeta a vigência de Tratado multilateral. 

1. Violação das disposições de direito relativas à competência para concluir  tratados – 46º 
2. Restrição específica dos poderes de manifestação do consentimento de um  Estado- Apenas
invocável se a restrição em causa tiver sido notificada aos outros  Estados que
participaram na negociação-47º 
3. Erro relativo ao conteúdo do acordo, que funcionou como base essencial do  consentimento
em ficar vinculado 
4. Dolo de uma das partes da negociação 
5. corrupção do representante do Estado-50º 

Nulidade absoluta- Pode ser invocada em qualquer altura, pelo Estado prejudicado, por 
qualquer parte no Tratado, e, e inclusivo, Por Estados e entidades que não estão  vinculados
pelo Tratado nulo, mas que, neste caso, exercem um direito de proteção de  interesses
públicos internacionais. O vício não é sanável- 45º e há proibição da  divisibilidade do tratado-
44º/5 

1. Coação sobre o representante de um Estado- 51º 


2. Coação sobre um Estado pela ameaça ou pelo emprego da força-52º, não 
necessariamente numa ameaça militar, como tmb pode ser económica  3. Violação da
norma imperativa de direito Internacional geral- ius cogens 53º 

- Nulidade originária  

- Nulidade superveniente-64º- as partes tem de eliminar os efeitos jurídicos produzidos e


poderão manter no futuro direitos e obrigações desde que uma  tal “manutenção não seja
incompatível com a norma imperativa de direito internacional  geral”-71º/2, b)- admite a
divisibilidade. 

A eficácia jurídica dos tratados pode sofrer diferentes graus de inibição, dependendo  da
causa geradora do juízo de desvalor: 

✓ Ineficácia jurídica, limitada à inoponibilidade perante ONU- falta de registo-102º,  CNU 


✓ Nulidade absoluta e relativa- 69, CVDT-I 
✓ Inexistência jurídica
Cessação da vigência e suspensão da sua aplicação 

A vontade das partes está, sujeita ao princípio pacta sunt servanda, e por conseguinte,  a
desvinculação, a cessação de vigência ou a suspensão dos efeitos do tratado devem   respeitar
os procedimentos sedimentados pelo direito dos tratados e codificados pela  Convenção de
Viena. 

Para além das causas de cessação de vigência já referidas, a Convenção de Viena  enumera
outras-54º 

1. Causas internas- previstas no próprio tratado, incluindo situações típicas de  caducidade
que põem fim à vigência do tratado em virtude do decurso do  tempo- 54º/a); por vontade
comum das partes, de efeito abrogante- 54º/b) ou  substitutivo- 59º; por vontade
unilateral de uma parte, sob a forma de denúncia 
tratado bilateral ou retirada, tratado multilateral-56º; violação do tratado-60º 2.
Causas externas- impossibilidade superveniente de execução- 61º; alteração  fundamental
de circunstâncias- 62º 
-A desvinculação do tratado, através de denúncia/recesso é uma manifestação típica da 
vontade soberana do Estados, aplicação do princípio da autonomia contratual, porém  tem de
vir prevista no próprio tratado. O artigo 56º reconhece um direito implícito de  denúncia se : 

✓ for esta a intenção das partes 


✓ este direito poder ser deduzido da natureza do acordo 

- A denúncia está sujeita a notificação com antecedência mínima de 12 meses- 56º/2


_____””_____ 
O artigo 60º, prevê em caso de violação substancial, a extinção ou suspensão do tratado  
bilateral e do tratado multilateral, no todo ou em parte.----exceção de não cumprimento   do
tratado. 60º/5- exclui os efeitos extintivos ou suspensivos da exceção de não   cumprimento do
tratado em relação às disposições destinadas à proteção da pessoa  humana contidas NOS
tratados de direito humanitário, aplicáveis no contexto de  conflitos armados.  

- Estamos perante regras de natureza dispositiva que podem ser substituídas por outras,  no
próprio tratado, quer no sentido de facilitar a sua invocação quer no sentido oposto  de proibir
esta causa de extinção/ suspensão do tratado- 60º/4 

______””_______ 
Desuso – a violação do tratado por prática continuada e reiterada pode ditar a sua  extinção
com a consequente substituição pela norma resultante do costume contra  legem; na prática
pode também ocorrer pela sua não aplicação.
_________””__________________ 

Uma situação objetiva e definitiva da impossibilidade superveniente de execução do  tratado


confere à parte o direito à cessação da vigência do convénio, se for bilateral, e  o direito de
retirada se for multilateral. 

No caso de impossibilidade temporária, esta constitui motivo de suspensão da aplicação do


tratado- 61º/1 

A impossibilidade de execução deve corresponder ao desaparecimento ou destruição  


definitivos de um objeto indispensável ao cumprimento do regime convencionado.- Limitada
aos casos de impossibilidade física. 

61º/2- Proíbe à parte a alegação da impossibilidade de execução como motivo de  extinção ou
de suspensão de aplicação do tratado quando essa impossibilidade resulta  de violação, pela
parte invocadora, de uma obrigação prevista no Tratado relativa a  qualquer uma das partes-
Proíbe o acesso do infrator ao benefício da infração. 

_______””________________ 

62º-constitui uma codificação do direito costumeiro existente a respeito da cessação de 


vigência de um tratado por alteração de circunstâncias, assenta na regra da irrelevância   de
uma alteração fundamental de circunstâncias como fundamento de extinção ou de 
desvinculação.  

62º/3- princípio quem pode mais pode o menos, confere a parte que estiver em  condições de
invocar a alteração fundamental de circunstâncias com o propósito de  solicitar a suspensão de
aplicação do tratado- NOS casos de conflito armado. 

______________””______________ 
CVDT não regula de modo autónomo e específico a questão das implicações da  beligerância
armada na vigência e aplicação dos tratados (art. 73º a 75º) 

➢ Rutura de relações diplomáticas entre Estados não obsta a conclusão de tratados,  mas, um
tratado concluído nestas circunstâncias não produz efeitos no que diz respeito  às relações
diplomáticas e consulares. 

_________””___________________ 

A extinção de um tratado só opera para o futuro- 70º 

- Cessa para as partes a obrigação de continuar a cumprir o tratado 

- Não prejudica os chamados direitos adquiridos e os efeitos produzidos no período de 


vigência 

_________””____________ 

A suspensão tem em vista salvar o Tratado da declaração de óbito. 


A suspensão de um tratado ocorre: 

✓ Por vontade de todas as partes (art. 57º/a) 


✓ Por vontade de algumas partes com efeitos suspensivos limitados às relações  mútuas (art.
58º) 
✓ Por vontade das partes por meio de acordo posterior (art. 59º/2) ✓ Alternativa à
cessação em caso de violação (art. 60º/1 e 2) e em caso de  impossibilidade temporária de
execução ou alteração fundamental das  circunstâncias (art. 61º/1 e 62º/3) 

Os efeitos da suspensão são temporários e limitados ao princípio da boa-fé. 72º 

- Princípio da jurisdição facultativa torna impossível a exigência da arguição judicial das 


nulidades e das causas de caducidade e suspensão de aplicação. 
➢ No entanto, a boa fé impõe aos Estados partes o respeito de certas regras de procedimento
– art. 65º a 67º que refletem princípios procedimentais e de direito costumeiro baseados na
boa fé (TIJ, 1997)

Aula Teórica n° 10 09/11/2021

Sujeitos de DIP

- Personalidade jurídica internacional : Suscetibilidade/possibilidade de ser titular de dts e de


ser sujeito de deveres;

-Capacidade jurídica: Medida de dts de que se é titular ou que se podem exercer e dos
deveres a que se está sujeito

Individuo Estado

Será sujeito de DIP?

Ambos têm personalidade jurídica, estão no mesmo plano nesse aspeto, mas isso já não
acontece qt á capacidade jurídica
Só o Estado tem capacidade jurídica plena (titular de todos os dts, sujeito de todos os
deveres- “Competência das competências”

Quem pode definir o âmbito da sua própria competência (Conceito ligado á soberania, Estados
têm-na mas não a UE

Exceções; Estados “falhados” ou “failed states” Ex: Bósnia-Herzegovina (dificuldades


em conciliar 3 etnias); Kosovo,
- Países que não estão em condições para assegurar e garantir a sua independência financeira;
dependem na íntegra a nível financeiro de org internacionais e suas verbas (UE, ONU);
- São essencialmente protetorados, votam no âmbito da ONU de acordo com os interesses dos
países/estados que os financiam;
-Traduzem a impossibilidade de assegurar as funções de 1 Estado (garantir a paz interna, a
ordem pública…)
Estado Soberano
 Estado que tem condições para ser independente perante os demais Estados, ou
independente no contexto da ordem jurídica internacional;
 Tem de exercer 1 poder supremo que se sobreponha aos demais poderes internos
(Supremacia)
Não aconteceu, por ex, nos casos da Síria (movs secessionistas), da Colômbia (movs de
guerrilha)
- Ex de 1 Estado que já se viu e ainda se vê com movs independentistas ou
secessionistas – Espanha, atualmente com a Catalunha e nos anos 70 do séc XX
principalmente, com a ETA- País Basco;
 Qd o Estado não se consegue sobrepor a movs internos, quer
separatistas/independentistas ou militares/de guerriha, tratar-se-á de 1 Estado que
não é soberano, será 1 “failed state”
Estado
 “Sujeito dos sujeitos” ou sujeito + importante;
 Estabelece a sua própria competência na Constituição

Individuo
 A sua competência é estabelecida por convenções internacionais;
 Tbm estão sujeitos a deveres ( a nível do Dto Penal Internacional, devem respeito a
essas normas);
 Dts e deveres não são estabelecidos pelo próprio individuo

Organizações Internacionais
 Associações de Estados e de outros sujeitos de DIP;
 Criadas por tratado;
 Dotadas de órgãos próprios com competências estabelecidas nos seus tratados
institutivos;
 Pessoas coletivas de DIP;
 Os fins a que se destinam limitam a sua atuação; são os Estados que formam a org
internacional e desse modo estabelecem igualmente as suas competências (ex:
tratados institutivos da UE);
 “Pessoa coletiva funcional”- org internacionais exercem a sua personalidade jurídica
assim como as suas competências mediante os fins que visam prosseguir;
 Os Estados estabelecem, enquanto parte contratante, as competências dos demais
sujeitos de DIP

Estado
- Inicialmente era o único sujeito de DIP (consideravam-se poucas exceções);
- Séc XX: Transição para a pluralidade
Generalidade da doutrina : Existem vários sujeitos de DIP, as divergências prendem-se com os
autores que defendem 1 elenco + restrito de sujeitos e os que optam por defender 1 elenco +
alargado de sujeitos
Sujeitos- titulares de dts e sujeitos a deveres

Atores- têm visibilidade, impacto, influência no contexto internacional mas não possuem os
mesmos dts nem estão sujeitos aos mesmos deveres que os sujeitos de DIP
Regente: Ainda não se pode considerar as org internacionais como sujeitos de DIP tal qual os
Estados, essas org internacionais ainda não possuiriam o estatuto jurídico de subjetividade
internacional (Apesar disto a Regente não defende a conceção de 1 elenco + restrito de
sujeitos de DIP
Empresas transnacionais (Google, Amazon, Apple, Facebook…)
- Exercem grande influência e a sua atuação repercute-se de forma generalizada por múltiplos
Estados por força do seu caráter transnacional (segmentação do processo de produção,
maximização dos lucros por recurso a mão de obra barata existente em países com legislação
laboral pouco eficaz ou inexistente + globalização);
- Serão por isso atores no palco internacional
- Em casos de violações de dts ou de normas internacionais podem estas empresas incorrer em
responsabilidade? E se sim, incorrem em responsabilidade perante quem? Podem ser julgadas
por tribunais internacionais?

Corrente dogmática: Elenco + restrito de sujeitos de DIP (Estados + Individuo+ Org


internacionais)
Corrente anglo-saxónica (+ pragmática): Quem participa/atua no palco internacional com 1
profundo impacto, mas não se enquadra propriamente no conceito de sujeito de DIP
considera-se que tem 1 “personalidade jurídica emergente” (Realidades intermédias)
Regente: Não se deverá considerar esta questão apenas de acordo com a corrente dogmática,
dever-se-á ter/praticar 1 abordagem + aberta, + flexível (Casos como o das empresas
transnacionais ou os movs independentistas tornam necessária esta abordagem + flexível)
Aula Teórica n° 11 11/11/2021
Personalidade jurídica internacional
- Prerrogativas associadas á condição de se ser 1 sujeito internacional;
- Estado (capacidade jurídica plena-“ pode fazer tudo o que não for proibido”);
- Conceção tradicional dos poderes dos Estados no âmbito da sua personalidade jurídica
internacional
o Ius belli: Dto de fazer a guerra (perdeu-se atualmente por força da Carta da ONU,
proibição do uso da força exceto nos casos do art 51°- Legítima defesa, dto reativo, era
baseado no “principio da guerra justa”);
o Ius legationis: Dto de enviar delegações diplomáticas (mantém-se atualmente);
o Ius traectuum: Dto de participar nas negociações e celebrar acordos internacionais
(mantém-se)
Outras prerrogativas + atuais
 Dto de reclamação internacional (dto de recurso aos tribunais internacionais; dto de
petição, dto de apresentar queixas aos órgãos das org internacionais designados para
o efeito- comités em questão fazem a instrução, elaboram 1 parecer/recomendação;
não são tribunais

Multiplicação destas entidades “parajurisdicionais” (comités e órgãos semelhantes regem-se


igualmente pelo princípio da independência face ao poder executivo) e outras de foro +
administrativo que propriamente jurisdicional Fruto do multilateralismo

- Problemas ao nível dos valores do Estado de Direito são remetidos para os tribunais
internacionais

Qd é que surge o sujeito de DIP?

No caso do Estado importar ter em conta

- O que é 1 Estado? Quais os elementos da estadualidade?

o Questão complexa derivada da contaminação do jurídico pelo político (Gd


relatividade);
o Existência de 1 Estado depende de reconhecimento e de quem faz esse
reconhecimento

Nota (Ex): Rep Turca do Norte do Chipre- “pretensão de Estado”- nunca foi reconhecida
internacionalmente, apenas o foi pela Túrquia

Só a parte grega é que aderiu á UE, esta não reconhece a parte turca

- Não basta proclamar a independência, é necessário o reconheciemento

Ex: Kosovo- produto de 1 mov secessionista da Sérvia; foi reconhecido como Estado por
diversos outros. Questão controvertida; Estado falhado/ protetorado, encontra-se
dominado por máfias, o país de que se separou, a Sérvia, não o reconhece assim como a
Rússia (diversos problemas secessionistas), membro permanente do CS da ONU, tal qual a
China, que tbm não reconhece o Kosovo como Estado. Neste contexto Espanha tbm não
reconheceu o Kosovo pois perderia legitimidade face á questão da Catalunha á qual não
reconhece independência.

Palestina: Reconhecida por + de 130 Estados

- Não é membro pleno de direito da ONU; EUA vetam esse reconhecimento- veto absoluto,
impeditivo; para entrar na ONU é preciso 1 parecer favorável do CS pelo que fazendo os
EUA parte do mesmo e sendo aliados antigos de Israel, não haverá o consentimento em
reconhecer a Palestina como Estado;

- Foi, apesar de tudo, reconhecida pela UNESCO;


- Palestina encontra-se sob ocupação israelita nos colonatos
Reconhecimento de Estados ( Convenção de Montevideu- 1933)
 Codificou/positivou Dto Costumeiro;
 Estabelece o reconhecimento declarativo (reconhecimento de 1 Estado por outro tem
relevância jurídica mas tal não é suficiente para que o eventual Estado o seja
efetivamente aos olhos da comunidade internacional
Elementos da estadualidade
- Pop permanente; - Território determinado;
- Governo que assegure a gestão e controlo efetivos do território;
- Capacidade de entrar em relações com os demais Estados (interpretação atualista- deve
entender-se a este propósito que tbm se abrange os demais sujeitos de DIP que não os
Estados)
 Exigência de verificação cumulativa dos elementos/pressupostos
- Base territorial (Ex: microestados- Mónaco- pode condicionar o elemento da capacidade
de entrar em relações com os demais sujeitos de DIP;
o Mesmo que as fronteiras sejam internacionalmente contestadas ou que a maior
parte do território não esteja sobre o controlo das autoridades competentes, tal
não impede liminarmente o reconhecimento como Estados (Palestina já foi
reconhecida como Estado apesar da ocupação israelita)

1) Criação
 Pode surgir por separação, acordo, declaração de independência;
 Resulta frequentemente de 1 separação amigável- Implica elaboração de tratados
( Sudão do Sul- separação amigável do Sudão; existência ameaçada por conflitos
internos + Checoslováquia- caso de separação amigável ≠ Jugoslávia (separação
por via de 1 guerra extremamente violenta que deu origem a vários Estados-
Sérvia, Croácia, Eslovénia, Montenegro, Bósnia-Herzegovina…;

2) Reconhecimento por parte dos outros Estados ou demais sujeitos de DIP


 UE detém faculdades de reconhecimento apesar de não ser 1 Estado (prerrogativas
assentam no princípio da legitimidade);
 Divide-se em 2 critérios
i. Da efetividade
Critério pragmático; se determinadas forças garantem o controlo do território e exercem o
poder (controlo efetivo) , está-se em condições de reconhecer internacionalmente o Estado
como tal
ii. Da legitimidade/legalidade
Pressupõe a prática de 1 Estado de Direito, um Governo democraticamente eleito por via de 1
sufrágio popular livre, a atuação legítima ou devidamente fundada mediante o princípio da
autodeterminação…. Frequentemente dá-se 1 conflito no âmbito deste critério por força do
critério da efetividade:
- Ex: Caso da tomada de poder pelos talibãs no Afeganistão (Governo “recém-instaurado”
detém o controlo efetivo do território mas obteve o poder pelo recurso á força e á violência,
verificando-se tbm 1 desrespeito pela igualdade de género e diversas violações dos DH

 Reconhecimento é 1 ato livre, discricionário, nenhum Estado ou org internacional está


ou pode ser obrigado a reconhecer 1 outro Estado;
 Art 41°/2 do Projeto sobre a Responsabilidade Internacional dos Estados por Atos
Internacionalmente Ilícitos elaborado pela Comissão de Dto Internacional da ONU:
- “Nenhum Estado deve reconhecer 1 situação resultante de 1 grave violação do DIP,
sobretudo se se tratar de 1 norma de Ius Cogens nem deverá apoiar a manutenção
dessa situação”4

Reconhecimento nestes casos deixa de ser livre para ser 1 ato condicionado; limita-se
o critério da efetividade em prole do critério da legitimidade

Regente aprova esta atuação, no entanto incorre-se no risco de conduzir á


subjetivação e instrumentalização

Reconhece-se 1 Estado mas não se reconhece outro; situações de incoerência e incongruência


Ex: Apoio dos EUA a ditaduras na América Latina como a que vigorava em Cuba nos anos 60
com Fulgêncio Baptista (“ São ditadores, mas são os nossos ditadores”)- Com a revolução
cubana e a instauração do governo de Raúl e Fidel Castro foi declarado ilegítimo, não foi
reconhecido (tanto que ainda se mantém o embargo a Cuba)

Individuo
 Começou por ser 1 súbdito, a sua RJ era apenas estabelecida em relação ao Estado-
nacionalidade; gozava de “proteção diplomática”- qd fosse detido em país terceiro
apenas poderia apelar ás autoridades do seu Estado-nacionalidade mas este não era
obrigado a prestar auxílio
Proteção diplomática era, do ponto de vista do Estado-nacionalidade facultativa, “o
Estado ajuda se quiser”, o DIP não impunha 1 dever de ajuda/auxílio
Paradigma alterou-se
DUDH + Carta da ONU+ Convenções subsequentes

4
Responsability of States for Internationally Wrongful Acts- 2001
https://legal.un.org/ilc/texts/instruments/english/draft_articles/9_6_2001.pdf
 Consagração do individuo como sujeito de diversos dts pessoais, políticos, sociais,
económicos, que se impõem ou que são oponíveis á vontade do seu Estado-
nacionalidade;
 Individuo já não é 1 súbdito, tanto é sujeito de dts como de deveres (não violar regras
de DIP, em particular o Dto Penal Internacional- crimes de guerra, de genocídio, de
tortura…)

Aula Teórica nº 12 16/11/2021


Teoria dos poderes implícitos
 Nasceu no Dto Constitucional norte-americano;
 Objetivo: Adaptar a letra da Constituição á necessidade de novos poderes no âmbito
do Gov federal norte-americano;
 “Quem pode o mais, pode o menos”; se 1 entidade pode praticar os atos previstos no
seu estatuto, esta pode tbm exercer outros poderes que se liguem ás suas atribuições
i. Tem o potencial de evitar revisões de estatutos jurídicos;
ii. Recorrendo-se tbm á interpretação teleológica, a teoria dos poderes
implícitos permite 1 ampliação dos poderes de ação das org
internacionais; (ampliação particularmente paradigmática com o caso
dos Capacetes Azuis, resultado da prática institucional e do exercício da
teoria dos poderes implícitos;
ONU
- Criada em 1945; pensada ainda durante a 2ª GM;
- Carta das NU entra em vigor em Outubro de 1945;
- Art 4º da CNU: estabelece processo de adesão
o Aprovado pela Assembleia-Geral mediante recomendação favorável do Conselho
de Segurança;
o Basta que 1 dos 5 membros permanentes exerça o veto para que 1 Estado não
venha a integrar a ONU (Ex: Kosovo, veto da Rússia);
o Ex: Portugal; só entrou em ’55; contexto de Guerra Fria, veto cruzado, paralisação
dos processos de adesão; + tarde houve 1 acordo que fez cessar esta paralisação,

Carta das NU
 Considerada por alguns como “Constituição Mundial”; ponto de vista jurídico-formal;
tratado multilateral; ponto de vista funcional; Carta das NU atua como 1 constituição,
acabando por se impor á vontade dos demais Estados;
 Art 2º/6: ONU fará com que os Estados que não são membros atuem de forma a
manter a paz + art 103º
-Obrigações decorrentes da Carta sobrepõem-se a todas as demais resultantes de qualquer
outro acordo internacional;
- Aplica-se mesmo aos Estados que não são membros; aplicação fundacional equivalente á de
1 constituição

ONU
 “Mal-amada”
a) Nível + baixo de reputação;
b) Prende-se com a falta de efetividade e autoridade na sua atuação para impor a
proibição do uso da força e sancionar os que não a cumprem;
Tem vários planos de atuação
 Segurança coletiva;
 Proteção dos DH (consagra-se com a DUDH de 1948);
 Desenv humano (aqui cabe quase tudo; diversas agências especializadas, algumas
anteriores á agência-mãe como a OIT;
Relação “umbilical” com a ONU
- Relação de vinculação; assinam 1 acordo de vinculação onde se comprometem a
elaborar 1 plano de atuação coordenado com os objetivos da ONU;
- Exs: FAO (alimentação); UNESCO, OMS;
- Desempenham atribuições da ONU no terreno;
- Objetivos do Milénio: visavam estabelecer metas como a eliminação da pobreza extrema

 Alterações climáticas;
 ONU atua de forma sistemática em diversos campos

ONU é a concretização do multilateralismo


- Criação anos 40; período de graça, embora curto;

Clima de Guerra Fria; guerras por delegação- ex: Guerra da Coreia, mundo bipolar;
Mov dos Não-Alinhados Anos 50
Anos 60: Mov de descolonização
Final dos anos 80: Queda do Muro de Berlim, rutura da hegemonia entre 2 superpotências;
 Clima de elevada tensão gerava no entanto 1 certo equilíbrio/estabilidade

Colapso da URSS
Ascensão de 1 hiperpotência (EUA)
ONU teve de se adaptar a este novo “desequilíbrio”
o Esforços complicaram-se após o 11/09 e a invasão do Afeganistão pelos EUA e seus
aliados;
o Entrar-se-á numa fase de unilateralismos multipolares
Prof CBM: Vários Estados a reivindicar 1 força própria, desacreditando o
multilateralismo, procurando afirmar a sua superioridade. Não se pretende respeitar a
vinculação nem concretizar o multilateralismo.
Apesar da sua baixa efetividade, no plano internacional não há 1 opção viável á ONU.

Esta fragilidade da ONU prende-se com a sua própria estrutura funcional


i. Arts 108º e 109º da CNU; Revisão; ocorreram algumas revisões da Carta mas tratou-se
de alterações de pormenor
ii. Mesmo entendendo-se que, de modo geral, deveria ocorrer 1 alteração de fundo no
que diz respeito aos membros permanentes do CS, ao seu alargamento extinção ou
extinção do poder de veto;
iii. Elaboraram-se diversos relatórios que projetavam alterações + profundas á estrutura
do CS mas estes nunca tiveram concretização prática;
iv. Alterações á CNU exigem o consentimento do CS (membros permanentes jamais irão
abdicar dos seus poderes enquanto elementos do CS)

Tbm não se irão mostrar a favor do alargamento do elenco de membros permanentes


- Solução seria acabar com o dto de veto mas os membros permanentes jamais o consentirão
- Poder-se-á elaborar 1 compromisso político, mas tratar-se-á de “soft law”
Veto implícito: 1 dos membros permanentes “dá a entender que 1 dada proposta de resolução
não o satisfaz ou que irá vetar e o autor retira a proposta (Razão pela qual o veto não ocorreu
tantas vezes como as que se pressupõe)
Veto (Art 7ºe 25º da CNU)

Órgãos (art 7º)


- Assembleia-Geral (arts 9º a 22º) - Conselho de Segurança (arts 23º a 32º)
- Secretário-Geral (arts 97º a 101º) - Conselho Económico e Social (arts 61º a 72º)
- Conselho de Tutela (arts 86º a 91º - Tribunal Internacional de Justiça (arts 92º a 96º)

Os demais órgãos são secundários e outros tantos de caráter subsidiário criados pelos órgãos
principais no âmbito do exercício da teoria dos poderes implícitos em diversas áreas
(refugiados, saúde, manutenção da paz…) + Agências especializadas

Assembleia-Geral
- Composta por 5 membros de cada Estado; órgão plenário, lógica de Parlamento;

Conselho de Segurança
- Órgão restrito, 10 membros não-permanentes que seguem 1 certa rotatividade de forma a
assegurar 1 alguma equidade + 5 membros permanentes;
- Competências:
 Resolução de controvérsias internacionais;
 Art 12º: Enquanto o CS estiver a exercer as suas competências a Assembleia-Geral não
se deve pronunciar sobre o conflito nem condicionar a atuação do CS

Quando não consegue decidir sobre 1 matéria pq está bloqueado pelo veto, atua
a Assembleia-Geral

Art 27º- Dto de veto


 Para questões que não são de procedimento exige-se voto favorável de 9 membros,
incluindo o voto favorável dos 5 membros permanentes;
 Duplo veto: estratégia de funcionamento que permite aos membros permanentes
conservar o seu poder
o A qualificação da questão não é em si de procedimento pelo que os membros
permanentes podem vetar na qualificação da matéria de modo a que esta não
seja de procedimento (interessa aos membros não-permanentes que a
questão seja de procedimento pq requerer-se-ia para a aprovação apenas
maioria simples pelo que se conseguiria ultrapassar o veto dos membros
permanentes; neste sentido, os membros permanentes de forma a não serem
contrariados, vetam a qualificação da questão como procedimental para que
esta não beneficie da aprovação por maioria simples)
 Estado que esteja envolvido numa controvérsia não pode votar nas questões
respeitantes á mesma (isto apenas se aplica para os casos de resolução pacífica de
conflitos, disposições previstas no Cap VI pelo que no âmbito do Cap VII onde as
normas dizem respeito a situações de ação em caso de ameaça á paz ou ato de
agressão)
o Ex: Guerra da Síria; Rússia estava envolvida, votou á mesma sendo membro
permanente do CS;
 Voto favorável é em sentido positivo; qual o valor da abstenção?

Não impede a formação da vontade do órgão, ausência tbm não impede a


votação/deliberação, não lhe coloca obstáculos
Aula Teórica nº13 18/11/2021 Ingerência inter-estatal no âmbito do DIP Professor
Alexandre Guerreiro

O que é que temos de ter em conta para considerar det atuação como 1 ingerência inter-
estatal ilícita?
Fontes
- Trabalhos da Comissão para o DIP da ONU (2019- conj de conclusões em relação a normas
imperativas de Ius Cogens )
 Prevalece sobre os tratados;
 Normas imperativas que não podem ser afastadas por vontade das partes;
 Conclusão 19: 8 normas de Ius Cogens; Prof Alexandre Guerreiro considera que o
princípio da não-ingerência tbm é 1 norma de Ius Cogens

- Proibição do uso da força; - Proibição da tortura;


- Proibição da escravatura; - Proibição do apartheid;
- Proibição de genocídio; - Princípio da soberania;
- Princípio da igualdade; - Princípio da autodeterminação dos povos
(Lista não exaustiva, admitem-se + normas de Ius Cogens)

Prof Alexandre Guerreiro


- Proibição da ingerência tbm tem valor de ius cogens;
- Após 1945 a base do DIP será a CNU
 Assinalou o início de 1 nova ordem internacional;
 Constituição da org da ONU; reflete as dinâmicas de poder internacionais no
seguimento da 2ª GM, com os Aliados a ocuparem posições cimeiras no CS;
 Art 103º da CNU; tratados celebrados pelos Estados não se podem sobrepor ás
disposições da Carta;
Pautada pela abdicação de certos elementos de soberania; assinalou o fim do
unilateralismo; consagrou-se o multilateralismo;
- Soberania dos Estados foi alvo de limitações por vontade dos Estados

Na Carta surge a designação “povos”- representados pelos Estados


- Ser humano é reconhecido como sujeito de DIP; é o centro de ação do DIP
- Art 2ºda CNU
 Princípio da igualdade de soberanias, (não significa que os Estados não possam ter
formas diferentes e em graus diferentes de projeção de soberania para o exterior);
 Estados estão todos vinculados por igual não obstante haver países com maior grau de
projeção internacional;

Art 3º: Recurso preferencial a meios pacíficos de resolução de conflitos


Art 4º: Proibição do uso da força; conflitos internacionais e ingerência que esteja em causa é
da mediação da ONU

AG CS
Resoluções não têm a mesma vinculatividade Decisões são vinculativas
mas as declarações no âmbito de reconhecimento de
Estados adotam relevância política e jurídica

Comissão de Dto Internacional da ONU


- Projetos remontam a 1948; reconhece-se 1 conj de valores do Dto Internacional;
- Resolução 190 (1965): Declaração sobre o princípio da não ingerência nos assuntos internos
dos Estados; foi aprovada por mais de 80% dos membros
 Suficiente para reconhecer a singularidade/relevância do princípio da não ingerência;
 Larga maioria potencia a sobreposição do conteúdo da Resolução a eventuais pressões
políticas; a sua inobservância sujeita os Estados que as violarem a responsabilidade
internacional;
- Note-se que, mesmo existindo o mecanismo de responsabilização internacional as grandes
potências tendem a subverter a atuação dos decisores políticos através do monopólio
económico;

Muitos países já consagram nas suas Constituições o princípio da não ingerência


 Se 1 Estado não admite essa possibilidade na sua ordem interna tbm não a admitirá
quanto a outros Estados;
 Exceções: Art 51º (“Regulamenta” o recurso ao dto á legítima defesa)
i. Dto á legítima defesa (já consagrado, inerente á soberania de cada Estado),
tem de obedecer a det critérios para poder ser exercido;
ii. Critério da necessidade (Exercício da legítima defesa tem de constituir a única
forma de proteção face á ameaça ou iminência de 1 conflito armado;
iii. Critério da proporcionalidade (Método escolhido para recorrer ao uso da força
deverá ser adequado á agressão que se verifica ou deverá variar na medida da
agressão que estiver a decorrer, dependendo da sua gravidade);
iv. Regras de DIP (ex: alvos de confrontos armados só podem ser militares)

Ex: Conflito na Síria. Das últimas situações em que a intervenção ocidental direta na guerra
visou alcançar a renúncia de Bashar Al-Assad o Parlamento alemão considerou que apenas o
Irão e o Iraque tinham legitimidade suficiente para atuar/intervir na Síria; os demais Estados
ocidentais não teriam por isso legitimidade para intervir na Síria

 “Ingerência por convite” tem de ser estabelecida pelo Estado que a solicita;
 Ex: Caso da Nicarágua; EUA não tinham legitimidade para intervir, têm de ser os países
afetados e que procuram auxílio a estabelecer a legitimidade do Estado terceiro,
intervenção não pode, por ex, ocorrer por força de pressão da parte de forças rebeldes
mas sim por parte de autoridades legitimas representativas de 1 dado Estado;
 Critério do controlo efetivo + Critério da legitimidade democrática entram em jogo

Ex: Caso do Afeganistão; talibãs são reconhecidos por muito poucos Estados; está em causa a
inexistência do elemento da legitimidade democrática; talibãs tomaram o poder num golpe
militar recorrendo ao uso da força tendo em seguida perpetrado diversas violações de DH
Pode existir por via de reconhecimento por outros Estados mesmo sem um Governo que
detenha o controlo efetivo do território como no caso da prática de relações diplomáticas com
embaixadores do Estado em questão.
Situação de Estado de Necessidade- 1 det Estado é forçado a atuar de certa forma dado que a
sua própria existência se encontra ameaçada.
 Exceções ao princípio da não ingerência impõem que o estado de exceção não tenha
sido causado nem potenciado pelo Estado que pretende intervir sobre o pretexto de
repor a situação de 1 det Estado á “normalidade”;
 Ex: Intervenção na Checoslováquia; URSS forçou os representantes da Checoslováquia
a afastarem-se para que 1 acordo fosse assinado por outros representantes +
favoráveis á URSS;
Interferência ≠ Ingerência em sentido estrito
Manifestação de ingerência por Intervenção militar/contexto de conflito
meios não hostis (controlo/ armado
monopólio económico, influência política)

Até que ponto é que poderá ser considerado interferência ou ingerência no sentido de
“atitude hostil”?
- Será interferência se, por ex, for 1 embargo em retaliação (caso do embargo dos EUA a Cuba)

Trata-se de “aprovação de medidas hostis” + que propriamente sanções


Prof Alexandre Guerreiro
- O termo “sanções” pressuporia que há alguém ou algo “acima” dos EUA que as aplica;
- Podem existir medidas hostis primárias e secundárias consoante a sua
gravidade/grau/intensidade

Será que o princípio da não ingerência só se aplica a países membros da ONU?


Prof AG considera que não; entramos na questão de quais os Estados efetivamente soberanos
(há Estados soberanos que, embora não sejam reconhecidos internacionalmente de modo
unânime como tal, caso da Palestina, e que não são membros da ONU, são todavia, pelo
menos para o Prof AG, Estados soberanos que se encontram por isso sujeitos ao princípio da
não ingerência)

Profª Regente (Contexto atual)


 Erosão do “domínio reservado dos Estados” (este constituía 1 “barreira” á ingerência a
qualquer nível por parte dos demais Estados; depende do sistema político e da forma
como o próprio Estado se projeta internacionalmente;
 Nota: Há crimes internacionais + graves respeitantes a violações de DH, verificando-se,
apesar da existência de regulação internacional, uma tendência atual para se
considerar cada vez + os DH, o seu tratamento e densificação como pertencendo á
soberania dos Estados

Aula Teórica nº 14 23/11/2021


Profª Ana Rita Gil - Proteção Internacional de Refugiados e Migrantes

Regulada pelo Dto Internacional, Constitucional, Europeu (Internormatividade)


Haverá, no entanto, o dto humano a emigrar?
- Não há Dto Costumeiro ou de tratados que garanta/confira esse dto (há o dto a sair dos
Estados mas não o de entrar nestes)
Entrada nos diferentes territórios, nos diferentes Estados, não é livre- Inexistência de 1 dto a
emigrar

Fundamentos
- Princípio da soberania estadual
 Consagração do princípio da territorialidade e da jurisdição pessoal

Quem pode entrar e circular no território?


a) Elemento que adota relevância no controlo das fronteiras;
b) Elemento populacional- atributo soberano do Estado; compete-lhe gerir as questões
associadas a quem vive, quem permanece e quem entra no território. Nota:
“Estrangeiros”- vistos por alguns como ameaças á autoconservação dos Estados
(posições a este respeito são deveras extremadas; não é de esperar que ocorra 1
abertura das fronteiras)
c) Limites á soberania exclusiva dos Estados
i. Pós-2ª GM; primeiros acordos que visavam proteger migrantes;
ii. Carta da ONU
- Art 13º: Todas as pessoas perseguidas podem pedir asilo a outros Estados; (Este
ideal esbateu-se; Estados não se consideravam obrigados a 1 dever de acolher;
iii. Convenção de Genebra (1951)
- Elemento central do Dto Internacional dos Refugiados;
- Criou a fig universal do refugiado: definição, requisitos; Estados vêem restringido o
seu poder soberano, exigindo-se-lhes a proteção e acolhimento destas pessoas

Noção jurídica mt restrita; diversas limitações


- Não obstante, ocorreu 1 cisão entre o conceito de refugiados (conforme estabelecido na
Convenção de Genebra) e migrantes (todos os demais que não se enquadrassem na definição
prevista pela Convenção de Genebra);
(Sistema limitativo; categorizar pessoas nunca irá facilitar a atuação do aplicador do DIP)

“Refugiado” é regulado pelo DIP a nível de dts e definição. Os demais enquadram-se apenas
no Dto Estadual ou Interno de cada Estado; vigora a propósito dos migrantes o princípio da
soberania ou a soberania estadual
Convenção de Genebra
 Quem se encontre fora do seu país por ter 1 fundado receio de perseguição por
motivos taxativos
- Raça; - Religião; - Nacionalidade; - Opiniões políticas;
- Pertencer a 1 grupo social específico
 “Receio fundado”: de difícil prova; na prática baseia-se no testemunho;
 “Perseguição”: Remete para a ação de 1 agente, desastres naturais que levem á
existência de migrantes não geram refugiados;
 “Pôr em causa dts fundamentais”: Perseguição tem de se fundar nos motivos
enunciados na Convenção de Genebra (raça, religião, nacionalidade, etnia, opiniões
políticas, pertencer a 1 grupo social próprio)

Conceito densificado pela jurisprudência


- Conj de pessoas que por causa das suas características específicas são tratadas de
modo diferentes, discriminatório, face aos demais elementos da sociedade em que se
inserem
Ex: Mulheres; crianças-soldado; albinos; det doenças
1) Perseguição
2) Receio fundado + Prova do receio da perseguição
3) Perseguição tem de se fundar nos aspetos enunciados a título taxativo
Refugiados de guerra, ambientais e económicos não são refugiados para a Convenção de
Genebra
 Aqueles que o são gozam de diversos dts tais como o princípio do “non-refoulement”,
não-repulsão ou não expulsão;
Arts 1º + 33º da Convenção de Genebra
1 pessoa não pode ser devolvida a 1 país onde corra perigo de violação do seus DH
ou corra o risco de ser perseguida (não devover, não expulsar, não repulsar)
Concede 1 proteção relativa na medida em que nem todos os migrantes
são considerados como refugiados para efeitos desta convenção, não obstante
encontrarem-se muitas vezes em situações análogas ás dos “refugiados em sentido
formal”
 Exceções ao “non-refoulement” art 1º f) + 33º/2 da Convenção de Genebra
- Quem tenha cometido crimes contra a Humanidade;
- Quem tenha cometido crimes graves que não sejam políticos;
- Quem tenha violado normas da Carta das NU;
Estas pessoas, apesar de eventualmente poderem ser consideradas refugiados, não irão
gozar do dto de não-repulsão
Avanços no contexto atual
Dado tratar-se de 1 regime restrito em geral, procurou alargar-se o conceito de refugiado para
proteção de situações que assim o exigem
Ex: Emigrantes forçados (refugiados de guerra)
- Quem está sujeito a perigo de perseguição ou ameaças á sua segurança assim como a
violações dos seus DH não deve permanecer no território onde se encontra sujeito a esses
perigos/riscos;
- Dto Regional, no entanto, não alargou o conceito de refugiado mas criou estatutos
complementares para conceder maior proteção aos migrantes;
- TEDH: “Não podemos enviar pessoas, mesmo que não sejam refugiados, para o seu território
de origem se aí estiver sujeito a tratamentos degradantes e a perigo de vida”
Proteção Indireta; non-refoulement visa proteger pessoas mesmo que estas não se insiram
no conceito jurídico-formal de refugiados
 Migrantes de guerra;
 Pessoas que vivam sob regimes ditatoriais- pânico/ameaça/perigo constante de
violência e violação dos seus DH (regime opressor);
 Existem apenas algumas “proteções complementares”;
 O entendimento + abrangente do non-refoulement começou a ser afirmado pelo TEDH
que defende que este princípio deveria ser considerado como absoluto;
 Quem provar perante o TEDH que se regressar ao seu país de origem será alvo, por ex,
de tortura, este não poderá ser devolvido ao seu território mesmo que tenha
cometido crimes como o de terrorismo
Entendimento maioritário da jurisprudência
 Nem todos os migrantes são aceites/conseguem entrar; se forem refugiados em
sentido estrito e disso fizerem prova, estão protegidos pela Convenção de Genebra, os
restantes gozam somente de 1 proteção subsidiária;
 Não se abrange os migrantes ambientais (subida do nível das águas, aumento da
temperatura, desastres naturais…): Situação que não se encontra regulada embora a
conjetura atual o exija;
 Não se admite atualmente o conceito de “refugiado económico”;
 Migrações massivas, extremamente prementes no contexto atual do séc XXI por força
da junção de vários fatores como a maior incidência de conflitos armados e de
catástrofes naturais, frequentemente causadas pelas alterações climáticas; importa
por isso proceder a 1 densificação da regulação destinada á proteção dos refugiados;
Protocolo 7 da Convenção Europeia dos DH
-Expulsão coletiva está terminantemente proibida;
- Trata-se de 1 fenómeno discriminatório; constitui igualmente 1 risco para o non-refoulement
na medida em que não se verificou 1 análise casuística da condição dos migrantes

Atualmente, o TEDH já equiparou as exclusões coletivas (Húngria, Itália, Croácia, já foram


condenadas por terem levado a cabo ou contribuído para que situações desse género
ocorressem)
1 barco da Marinha italiana impediu a entrada de migrantes reeviando-os para a Líbia,
um país em guerra, verificando-se, naturalmente, a total inexistência de condições de
segurança
Nota: Não há mecanismos propriamente ditos cuja função seja a de responsabilização e
monitorização dos casos de desrespeito ou violação das normas da Convenção de Genebra;
existe o ACNUR e a Comissão de DH da ONU que visam proceder a esse controlo

Aula Teórica nº 15 25/11/2021 Profª Heloísa Oliveira Alterações Climáticas


Essencialmente de regime de Direito Internacional
- Constituições + recentes preveem dever específico de combate ás alterações climáticas (+
abrangentes, reguladas para além do DIP)
Pq é que falamos sobre alterações climáticas?
 Situação necessariamente internacional; art 2º/7 da CNU;
 Ambiente: preocupação/património comum da Humanidade; questões de âmbito
internacional
- Bem insuscetível de apropriação individual;
- Bem jurídico público e internacional;
- Exs relevância internacional: United Nations Convention on Biological Diversity
(UNCBD); COP 26 Glasgow Climate Pact;
- Estados reconhecem que não é legítimo que qualquer Estado se abstenha de proteger o meio
ambiente (Verifica-se, contudo, 1 conflito entre a proteção ambiental a nível internacional e o
princípio da territorialidade)

Soberania e Territorialidade
 Territorialidade- poder de determinação jurídica de pessoas e situações nos limites do
seu território;
 Cada Estado define a utilização dos seus recursos e a forma como compatibiliza o
desenv económico com a proteção do ambiente e em que termos;
 Conflito entre os deveres do Estado relativos á não-emissão de gases poluentes e o seu
desen económico;

Conflito com a proteção ambiental


 Poluição transfronteiriça causa danos no território de outro Estado (Caso Trail Smelter
Anos 30- Veio contribuir para que se estabelecessem princípios de Direito Ambiental
Internacional; 1 empresa canadiana estava a operar ao longo de 1 rio que desagua nos
EUA estando a emitir gases tóxicos que que provocaram danos á flora e ás áreas de
cultivo nos EUA; o Tribunal concluiu que o Canadá havia violado a soberania dos EUA,
a sua territorialidade; daqui surgiu o conceito “Trans Boundary Harm”, reconhecendo
igualmente o princípio de que o “poluídor” deverá responder pela sua atuação de
forma a assegurar a inviolabilidade da soberania);
 Norma costumeira de proibição de danos ambientais transfronteiriços;
 As emissões de GHG: danos estruturalmente difusos, diferidos no tempo;
 Normas ambientais são de caráter erga omnes (oponíveis a todos);

Testes á subjetividade internacional


1) Estados sem território?
- Há Estados que, atualmente, como Tuvalu ou as Bahamas, que podem vir a perder o seu
território devido ás alterações climáticas por força do aquecimento global e consequente
aumento do nível das águas dado serem Estados costeiros situados no Hemisfério Sul;
- Como é que este dano poderá ser compensado?
 Comunidade internacional- possibilidade de construir ilhas artificiais, cedência de
território por parte dos demais Estados assim como 1 dever de financiar medidas
de prevenção da erosão do solo;

2) Centralidade dos atores não estaduais


- Proliferação de ONG'S que participam na criação, implementação e monitorização do
cumprimento do direito ambiental internacional;
- ONG'S como a NGU-WB Commitee;
- Empresas transnacionais que ,apesar de não terem o mesmo impacto que as ONG'S, se
revelam um fator importante na medida em que a segmentação do processo de produção
abrange diversos Estados, sendo que as fábricas tendem a localizar-se em países em
desenvolvimento sem legislação laboral adequada, emitindo frequentemente diversos
desperdícios tóxicos;
- ONG'S estão creditadas internacionalmente para participar em conferências ambientais;
- Comunidades epistémicas (conj de especialistas em det matéria com conhecimentos
científicos; ex- IPCC- os seus contributos influenciam a jurisprudência internacional em termos
de Dto do Ambiente; Protocolo de Quioto);
- Entidades infra-estaduais; ex: Climate Alliance
 Visa o estabelecimento de obrigações internacionais no âmbito do Dto do Ambiente a
nível regional, local, mas sobretudo municipal no contexto das diretrizes do Acordo de
Paris;

3) “Administração Pública Ambiental”


 Tratados de Dto do Ambiente; não há 1 org internacional do Ambiente;

Criam estruturas que monitorizam cumprimento de obrigações convencionais e até


assumam compromissos novos
o Ex: Protocolo de Montreal; por incumprimento de obrigações no âmbito do
tratado o corpo administrativo em questão poderá sancionar o Estado que
assim o fizer, podendo este perder o seu dto de voto na matéria;
o Algumas das estruturas que vão sendo criadas, vão desenvolvendo
continuamente standards e critérios de avaliação;
o Aplicam regras próprias de Dto Administrativo;

Testes á teoria das fontes


 Esbatimento de fronteiras entre hard law e soft law
 Área ambiental é extremamente fragmentada em termos de codificação;
 Centralidade dos princípios de Dto do Ambiente; precaução, avaliação de impacto
climático, desenv sustentável, responsabilidades comuns, mas diferenciadas
Ambiguidade; surgiram inicialmente em atos de soft law, declarações
políticas, conferências
Adota caráter de norma costumeira; mt discutido; Profª considera que já é 1 norma
costumeira
Ter-se-á já tornado 1 norma de costume internacional de Dto
Ambiental? Será já 1 norma jurídica em sentido próprio? Qual a natureza jurídica das
declarações políticas como as da COP '26?

Dto dos Tratados Ambiental


 Grandes dificuldades no que diz respeito á sua garantia do seu cumprimento e
efetividade;
 Tratados-quadro ou chapéu: criam objetivos genéricos, sem compromissos
substantivos específicos;
 Desenv mediante conferências de partes, protocolos e soft law;
 Definição de procedimentos: cooperação, avaliação, informação, análise custo-
benefício;
 Uma vez estabelecidas obrigações específicas, o Estado passa a poder ser devidamente
responsabilizado pela Comunidade Internacional

UNFCC (Tratado de 1992; entrou em vigor em '94, tem atualmente 197 partes)
o Define o que são alterações climáticas;
o Fixa objetivo de estabilização de concentração de GHG num período de tempo que
permita a adaptação;
o Princípios da solidariedade intergeracional, responsabilidades comuns mas
diferenciadas, precaução, desenv sustentável, cooperação;
o Mecanismos: informação, aprovação de programas nacionais de mitigação e
adaptação, promoção de cooperação e transferência (tecnologias, práticas, processos,
conhecimento) e gestão integrada; comunicação de políticas com objetivo de regressar
a emissões 1990; dever dos países desenvolvidos de financiamento;

Protocolo de Quioto (Assinado em '97, só entrou em vigor em 2005-192 partes + Acordo de


Paris; 2015-2016-193 partes)
 Especificação do objetivo: manter o aumento da temperatura bem abaixo de 2°C,
idealmente 1,5° (média temperatura pré-industrial);
 NDC (Contribuições Determinadas Nacionalmente) a 5 anos: dever de preparar e
comunicar sucessivamente;
 Súmula do princípio das responsabilidades comuns mas diferenciados- Noção de que
devem ser os Países Desenvolvidos a assumir a liderança na redução do impacte
ambiental e no apoio e financiamento á adaptação dos países menos desenvolvidos

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