Diagnostico Da Situação

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Introdução

O presente trabalho de planificação de projectos tem como tema analise da situação, que é
caracterizado por ser “suficientemente alargado, suficientemente aprofundado, sucinto,
suficientemente rápido, suficientemente claro e por corresponder às necessidades do próprio
processo de planeamento”.
Diagnostico da Situação

A primeira etapa da metodologia de projecto, o diagnóstico de situação, visa a elaboração de


um mapa cognitivo sobre a situação-problema identificada, ou seja, elaborar um modelo
descritivo da realidade sobre a qual se pretende actuar e mudar.

Quando desenvolvemos um projecto no contexto de cuidados de saúde devemos realizar uma


análise integrada das necessidades da população, na perspectiva de desenvolver estratégias e
acções, concentrando os esforços e aproveitando os recursos disponíveis de forma a fomentar
o trabalho em equipa entre os profissionais de saúde e equipa multidisciplinar e promover a
capacidade, motivação e autonomia da população. Para que se criem respostas de qualidade
que satisfaçam as necessidades da população é fundamental mobilizar os recursos humanos
que são um elemento fulcral para a mudança em qualquer instituição, assim como é
importante que estes possuam um bom nível de formação, adequada às suas funções e que
invistam na formação contínua.

Neste sentido, segundo BRISSOS “A saúde deve ser vista como vector de desenvolvimento, o
que pressupõe que a mesma seja parte integrante de uma estratégia de intervenção
multisectorial, com projectos que tenham características de sustentabilidade.”

Um projecto em saúde deve ser sustentável e ter a capacidade de proporcionar benefícios num
prolongado período de tempo, tendo as seguintes características:

produzir benefícios que possam perdurar e que mesmo na ausência do projecto possam
perpetuar os seus efeitos; criar dinâmica para outras iniciativas na equipa multidisciplinar,
particularmente nos Enfermeiros; e por fim, permitir o desenvolvimento global, inovador e
irreversível, de modo autónomo tendo em conta os recursos existentes.

Assim, segundo BRISSOS “Criam-se, assim, condições para um desenvolvimento


participativo e humano, com reforço da competência, informação, educação, formação e
cidadania, em que os recursos humanos se assumem como o principal componente”.

O diagnóstico da situação deve corresponder às necessidades de saúde das populações. Não é


possível formular uma política de intervenção sem uma boa colheita de informação, desta
forma os instrumentos para tal serão abordados posteriormente. Neste sentido, a execução de
um Projecto tem como objectivo final a satisfação das necessidades identificadas, de forma a
que, por um lado, o mesmo resolva ou minimize os problemas de saúde identificados, ou, por
outro lado, optimize ou aumente a eficácia dos serviços prestados à população.
O diagnóstico da situação é dinâmico, no qual a caracterização da situação é contínua,
permanente e com actualizações constantes. Nesta base de ideias, trata-se de um processo
contínuo, no qual não se parte do mesmo ponto inicial, mas de um ponto aperfeiçoado, com o
intuito de ter em atenção as alterações na realidade, nas instituições de saúde e respectivos
serviços, não descurando as dificuldades e complicações inerentes. Desta forma e tendo em
conta todos os factores intervenientes, é fulcral que o diagnóstico da situação seja realizado
num tempo rápido, de forma a possibilitar uma acção em tempo útil e suficientemente
aprofundado que permita a implementação de medidas pertinentes e resolúveis.

Assim, o diagnóstico da situação de saúde tem um papel justificativo das actividades


realizadas nos serviços, funcionando como padrão de comparação no momento da avaliação
e, consequentemente, como ponto de balanço no sucesso ou avanço alcançado com as
medidas implementadas.

Centrar na ideia de “diagnóstico da situação implica referir outros dois conceitos,


nomeadamente o de problema e o de necessidade. Sendo assim, problema de saúde pode ser
definido como um “estado de saúde julgado deficiente pelo indivíduo, pelo médico ou pela
colectividade” e, por outro lado, necessidade é definida como “a diferença entre o estado
actual e aquele que se pretende atingir”, representando o necessário para corrigir o problema
identificado.

O diagnóstico da situação é caracterizado por ser “suficientemente alargado, suficientemente


aprofundado, sucinto, suficientemente rápido, suficientemente claro e por corresponder às
necessidades do próprio processo de planeamento”.

Assim, deve apresentar determinados requisitos, nomeadamente “a descrição


preferencialmente quantitativa da situação, o conhecimento dos factores que a determinam, a
análise da sua evolução e perspectivas e a avaliação”. Neste sentido, o diagnóstico da situação
é dividido em quatro etapas, nomeadamente:

 A identificação dos problemas existentes no seio da população em estudo;


 Estudo da evolução prognóstica dos problemas, prevendo as repercussões que eles
possam vir a ter em termos de estado da população;
 Estudo da rede de causalidade dos problemas, determinando as causas e os factores de
risco que condicionam a sua existência, assim como as inter-relações entre aqueles,
tornando possível identificar as áreas causais mais vulneráveis e cuja minimização
mais influenciará o estado da população; e, finalmente,
 A determinação das necessidades, identificando a magnitude da diferença entre o
estado actual e o desejado, correspondente ao necessário para solucionar os problemas.

Em suma, na etapa do diagnóstico da situação definem-se os problemas quer quantitativa quer


qualitativamente, estabelecendo-se as prioridades e indicando-se as causas prováveis,
seleccionando-se posteriormente os recursos e os grupos intervenientes. É assim uma etapa
que envolve a recolha de informações de natureza objectiva e qualitativa, não descurando o
aprofundamento que se pressupõe.

Neste sentido, o Diagnóstico da Situação, enquanto conceito mais alargado do que a


identificação de problemas, deve consolidar a análise do contexto social, económico e cultural
onde o problema se insere, assim como as potencialidades e os mecanismos de mudança
existentes. Assim, deverá assumir um carácter sistémico, interpretativo e prospectivo,
devendo a sua elaboração “assentar na compreensão do carácter sistémico da realidade;
envolver uma relação de causalidade linear numa primeira fase e ser mais integrado numa
segunda fase; ser multidisciplinar; ser um instrumento de participação e de consciencialização
dos actores; ser um instrumento de pesquisa – acção; ser já intervenção por ser um
instrumento de interacção e de compreensão do real”.

Problema

A definição do problema constitui o início da concretização de uma investigação ou


elaboração de um projecto, e nesta etapa inserem-se igualmente a definição das hipóteses e a
operacionalização das variáveis a considerar. De uma forma geral, segundo o mesmo autor, o
problema caracteriza-se por identificar e descrever, estabelecer relações entre as variáveis,
apreciar a pertinência e precisar o objectivo.

Ainda assim, a identificação e elaboração dos problemas é uma tarefa complexa, e que
segundo GUERRA (1994) ocorre nas seguintes etapas:

Identificação das causalidades dos problemas (recorrendo às hipóteses do projecto);


caracterização qualitativa e quantitativa do problema e das causalidades; análise da evolução
do problema no passado e perspectivas da sua evolução futura; Identificação dos
intervenientes, das suas diferentes percepções do problema e expectativas face à sua
resolução; levantamento de experiências concretas já existentes de intervenção ao problema;
clarificação dos recursos e forças que ajudam à resolução do problema e a definição das
prioridades de intervenção, face à análise do problema.
Desta forma, o problema é um elemento fulcral para a definição do diagnóstico, uma vez que
esta etapa requer a produção de um quadro que identifique e relacione entre si os problemas
mais relevantes da situação, ou instituição, no momento da nossa avaliação.

A definição do problema pode ser feita através de um raciocínio indutivo ou dedutivo, do qual
se entenda que o método indutivo parte do específico para o geral, ou seja, após a observação
de vários fenómenos singulares é feita a procura para o que os unifica. Por sua vez, no método
dedutivo, o ponto de partida da investigação são as teorias, sendo que se parte do geral e
abstracto para dados ou fenómenos específicos e singulares.

Um dos aspectos importantes nesta etapa, consiste na avaliação da qualidade e pertinência do


problema, para o qual é fundamental considerar os parâmetros de apreciação definidos por
ALMEIDA e FREIRE (2007), de acordo com os quais o problema deve:

 Ser concreto e real;


 Reunir condições para o estudo (recursos técnicos e materiais, disponibilidade por
parte do contexto onde é realizado);
 Ser operacionalizado através de uma hipótese científica;
 Ser relevante para a teoria e/ou prática;
 Estar formulado de forma clara e perceptível por outros investigadores.

Elaboração do Diagnóstico

A montagem de um projeto inicia com a elaboração do diagnóstico, sem o qual será difícil
desenvolver um projeto consistente e eficaz. O diagnóstico permite uma aproximação prévia
com a realidade. Propicia também iniciar um diálogo com a comunidade e ter uma percepção
prévia de seus problemas. O diagnóstico se vale de algumas ferramentas específicas, que
podem ser utilizadas para obter dados e informações. O termo diagnóstico provém do adjetivo
grego diagnostikós, que significa “capaz de distinguir”. Assim, podemos entender o
diagnóstico como sendo o conhecimento necessário para discernir ou distinguir.

Funções do diagnóstico

Em qualquer ação que pretendamos desenvolver, devemos inicialmente distinguir,


sistematizar, coletar informações e tomar contato com as pessoas e atores envolvidos na
problemática sobre a qual desejamos nos debruçar. Nesse sentido, o diagnóstico constitui
uma avaliação prévia de determinada situação, um juízo fundamentado sobre um conjunto de
circunstâncias.
De uma forma simples, pode-se dizer que o diagnóstico tem como principal finalidade
identificar o problema central. Porém, como se observa na figura abaixo, a identificação clara
de um problema está condicionada a diversos fatores.

Mapa Mental: Alberto Bracagioli Neto e Ivaldo Gehlen, 2017.

Ferramentas do diagnóstico

Entrevistas semiestruturadas – Trata-se de entrevistas orientadas por um conjunto de


perguntas previamente organizadas, que abordam a temática a ser estudada. Elas se
diferenciam de um questionário, pois permitem o diálogo; por isso, a sequência é determinada
de acordo com o desenvolvimento da abordagem do entrevistado. Em vista disso, é oportuno
desenvolver a arte de formular perguntas abertas, estimulantes, dignificantes e referentes a
elementos-chave.

Mapas

Instrumentos interessantes para se realizar uma discussão e uma análise de informações de


forma visualizada, os mapas podem ser preparados em papel ou até mesmo desenhados no
chão. Podem ser utilizados para caracterizar, entre outros fatores, os recursos naturais, a
estrutura social, a comunidade, a propriedade, os fluxos econômicos, a migração e a visão do
futuro. A escolha de um desses instrumentos depende dos objetivos e da temática do
diagnóstico. VERDEJO, 2006.

Diagramas

Um diagrama valioso e eficiente para a identificação dos atores institucionais locais e sua
inter-relação é o diagrama de Venn, também conhecido como diagrama de tortas. Para
executá-lo, escreve-se no centro de um papel o nome da comunidade ou do grupo em questão;
depois, pergunta-se quais são as instituições com as quais essa comunidade ou esse grupo tem
relação.

Outro diagrama de interesse é a chamada árvore de problemas, que busca analisar a relação
causa-efeito de determinado problema. As raízes da árvore simbolizam as causas do
problema; o problema figura no tronco; e os galhos representam os efeitos. O exercício é
realizado em um tempo aproximado de duas horas, iniciando-se com o desenho da árvore e a
inscrição do problema na área do tronco. Durante a discussão, são anotadas as causas (raízes)
e os efeitos (galhos) do problema mencionado. Ao final, são discutidas as ações que possam
ser implementadas para eliminar ou controlar as causas do problema.

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