Práticas de Uma Educação Inclusiva
Práticas de Uma Educação Inclusiva
Práticas de Uma Educação Inclusiva
RESUMO
Este artigo tem como objetivo ressaltar a contribuição da Educação Especial para o pleno
desenvolvimento de uma Educação Inclusiva dentro do âmbito escolar. Tendo como base
princípios que se compõe de dois saberes – a inclusão e a pedagogia, pois o foco sempre
será o indivíduo que está sempre em processo de construção e reconstrução do
conhecimento. Os educadores indicaram um repensar de sua atuação e novas propostas de
trabalho, com base em processos interdisciplinares, que teriam como diretrizes a realidade
sociocultural e a produção de um trabalho voltado ao resgate da história dos educandos, e a
construção, com eles, da visão de cidadania para uma sociedade mais justa e humana.
Enfatizar a necessidade de se pensar a verdadeira revolução que começa a ocorrer em todo
o contexto educacional, pois a inclusão dos alunos com necessidades especiais passa a ser
tarefa essencial na nova empreitada educacional. Eis alguns teóricos que fundamentaram as
discussões: Reinhard (2007), Fagali (1993), Porto (2011).
INTRODUÇÃO
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educacional existente na população escolar. Desta forma, através de inúmeras pesquisas
científicas, o grande avanço ocorrido nos estudos a respeito da Educação Especial e da
pessoa com necessidades educativas especiais, o que fortaleceu o movimento de expansão
da inclusão e possibilitou a unificação do ensino regular e especial, rumo a práticas cada
vez mais inclusivas.
Este trabalho procura, também, relacionar questões conceituais referentes à
pessoa com necessidades educativas especiais, de maneira a esclarecer alguns termos
construídos socialmente, sendo que esse estudo remonta, de forma generalizada, a um
histórico da educação especial, fazendo um viés na legislação inclusiva que proporcionou a
garantia de direitos sociais e, por fim, fortalecendo a inclusão da pessoa com necessidades
educativas especiais no contexto educacional.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste estudo foi à pesquisa
bibliográfica, onde foram examinadas as literaturas atuais, periódicos, artigos e revistas
que forneceram subsídios para esclarecer, conceituar, identificar e expressar opiniões sobre
a inclusão. Portanto, contou-se com as contribuições de Fernández (1991), Melo & Silva
(2002), Ferreira e Guimarães (2003), dentre outras.
DESENVOLVIMENTO
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Esse novo paradigma de pensamento e ação visa combater conceitos
estereotipados, contribuindo para o equilíbrio do processo de desenvolvimento das PNEE,
pois somente com mecanismos de compensação das limitações apresentadas por esses
indivíduos, a escola poderá fortalecer atitudes de superação dos sentimentos de
inferioridade. Essas ações devem ser implementadas como métodos e procedimentos
especiais, que tornam possível a operacionalização de tais mecanismos.
Segundo Fonseca (apud PORTO, 2007, p. 57):
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visual, auditiva, física, motora, deficiências múltiplas, autismo, distúrbios severos de
comportamento, distúrbios de aprendizagem e superdotação”. O processo de incorporação
dessa clientela na escola regular denominava-se integração, sendo que pessoas com
necessidades especiais deveriam acompanhar os currículos das escolas regulares, tendo
que, necessariamente, adaptar-se ao espaço escolar.
Observamos aqui de acordo com o autor que esta tarefa vai muito além da sala
de aula e não depende tão somente do educador. O aprendizado inclusivo desta forma deve
ser construído dia após dia com o auxílio e acompanhamento de todas as esferas sociais
desde a família ao governo.
Ao olharmos a prática educacional nas últimas décadas vem sofrendo
modificações nos aspectos históricos, culturais e sociais. Neste sentido, PERRENOUD
(1988) apud NÓVOA, Antônio (2007 p.14) diz que:
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Ao longo das últimas décadas, os especialistas da educação têm-se esforçado por
racionalizar o ensino procurando controlar a priori os fatores aleatórios e
imprevisíveis do ato educativo, expurgando o cotidiano pedagógico de todas as
práticas, de todos os tempos que não contribuem para o trabalho escolar
propriamente dito.
A inclusão não diz respeito a colocar as crianças nas escolas regulares, mas a
mudar as escolas para torná-las mais responsivas às necessidades de todas as
crianças, diz respeito a ajudar todos os professores a aceitarem a
responsabilidade quanto à aprendizagem de todas as crianças que estão atual e
correntemente excluídas das escolas por qualquer razão. Isto se refere a todas as
crianças que não estão beneficiando-se com a escolarização, e não apenas
aquelas que são rotuladas com o termo “necessidades educacionais especiais”.
Espera-se que com a educação inclusiva sejam abandonadas definitivamente as
barreiras celetistas de aprendizagem observado ao longo das décadas, onde poucos eram
privilegiados com o acesso ao saber como afirma FREITAS, Soraia Napoleão Apud
RODRIGUES (2006 p.162):
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acesso ao saber. Poucos podiam participar dos espaços sociais nos quais se
produziam e transmitiam conhecimento.
Mas afinal por onde começar as mudanças para que estas práticas possam ser
reformuladas a fim de atender as diversidades e as necessidades educacionais? Sabe-se que
não podemos inovar todos os dias, mas se houver desejo, assessoria e disponibilidade,
podemos testar muitas habilidades em salas de aulas, que virão a ajudar no
desenvolvimento intelectual destes alunos.
A inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais depende não só
da boa prática ou excelente formação do professor. Incluir com a finalidade educacional
exige atitude e colaboração dos colegas em relação aos alunos integrados, a família, a
comunidade, fatores socioeconômicos e socioculturais. Mas e a escola, qual o seu papel?
No mundo capitalista e de cultura individualista típico do mundo pós-industrial
em que vivemos, onde o egoísmo e o preconceito fazem parte do cotidiano da sociedade e
onde a tendência é o incentivo à competitividade, como numa selva que só sobrevive o
“mais forte”, ou neste caso o “o mais preparado”, é papel fundamental da educação é fazer
as pessoas refletirem sobre como superar os desafios impostos pela mesma sociedade que
exige a “inclusão”.
Neste sentido FERREIRA E GUIMARÃES (2003, p. 121) afirmam:
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querendo também enxergar o outro e também a si mesmo, pois é neste momento que há a
interação aluno versus professor e a construção do saber.
Sistematizar os pensamentos, estar atento à procura do desejo de melhor
ensinar, aprendendo também a acompanhar o ritmo de seu aluno estando em sintonia com
este, fazer novas experiências, arriscar-se em novos métodos talvez seja necessário, como
afirma WERNECK, Cláudia, (Apud FERREIRA E MARLY 2003 p. 121): “Traga dúvidas
e incerteza, doses de ansiedade, construa e desconstrua hipóteses, pois aí reside à base do
pensamento cientifico do novo século. Um século cansado de verdades, mas sedento de
caminhos”. A educação, portanto, deve lançar olhar para o futuro, refazer a prática
pedagógica, observando as modificações estruturais do mundo com a finalidade de aliar
cada vez mais teoria a prática.
Neste sentido de acordo com Perrenoud, em seu livro “A prática Reflexiva no
oficio do professor”, os profissionais da educação, que possuem competências
disciplinares, didáticas e transversais inconsistentes, sofre no cotidiano a perda de controle
de sua classe e tentam desenvolver estratégias mais eficazes, aprendendo com
experiências, o que na sua visão é um desperdício, pois:
Por um lado, eles descobrem por meio de tentativa e erro, não sem sofrimento,
conhecimentos elementares que teriam podido construir em sua formação
profissional, por exemplo, que as crianças não são adultas, que todas elas são
diferentes, que elas precisam de confiança, que elas constroem por si mesmas
seus saberes. Por outro lado, para sobreviver, desenvolvem práticas ofensivas
que, embora não propiciem aprendizado, ao menos lhes permitem manter o
controle da situação por isso, alguns evitam, durante muito tempo, aplicar
métodos ativos e dialogar com outros profissionais. (PERRENOUD, 2002
p.195).
Aqui percebemos que entre estes dois autores que é preciso, práticas novas e
mais eficazes, mas elas não devem ser feitas como “experimentos” a “sorte”, mas baseá-las
nas competências profissionais. A participação do professor, por inteiro, (corpo,
organismo, inteligência e desejo) nessa relação, na sala de aula, no processo ensino-
aprendizagem demanda a participação dos alunos também por inteiro. O organismo,
transversalizado pela inteligência e o desejo, irá se mostrando em um corpo, e é deste
modo que intervém na aprendizagem, já corporizado. (FERNÁNDEZ, 1990).
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irá se mostrando em um corpo, e é deste modo que intervém na aprendizagem, já
corporizado. (FERNÁNDEZ, 1990, p.62).
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A aprendizagem constitui-se em um processo, uma função, que vai além da
aprendizagem escolar e que não se circunscreve exclusivamente à criança. A
aprendizagem, como experiência, guarda um elemento universal do humano, na
medida em que permite a transmissão do conhecimento e, por meio desse
processo, garante a semelhança e a continuidade do coletivo, ao mesmo tempo
permitindo a diferenciação e a transformação. O aprender envolve
simultaneamente a inteligência, os desejos e as necessidades e, por meio do
cognitivo, busca–se semelhanças, enquanto que, por meio dos desejos e das
necessidades, buscam-se o individual, o subjetivo e o diferente.
Nesse âmbito, temos que contar com o contexto cultural, financeiro ou físico
para atender a todos os alunos que possuem algum tipo de dificuldade de aprendizado.
Esse é um processo que deve ser construído, dia após dia com a participação de todos os
membros da sociedade.
É preciso analisar e atuar com visão crítica e reflexiva sobre as questões
culturais, políticas, da formação profissional e pessoal, dos envolvidos com o problema. A
atuação do profissional docente não engloba somente seu espaço físico de atuação, mas
também sua maneira de pensar a Educação Inclusiva e seu conhecimento a respeito da
área.
CONCLUSÃO
O processo de inclusão caminha por uma nova ordem de pensamento e ação,
longe de obter respostas imediatas para a problemática da inclusão do portador de
necessidades educativas especiais no contexto educacional, apenas visualizando uma
variedade de perspectivas e desafios para a efetiva implementação dessa nova modalidade
de ensino.
Desta forma a escola deve estar empenhada com a mudança, com a
modificação da cultura e da organização da escola. Ressaltando que não basta uma
formação na área inclusiva para valorizar a diferença humana.
O professor tem que ter uma postura e acreditar na inclusão para ela acontecer,
assim como toda equipe aceitar os desafios que se terá não só com esses alunos, mais com
outros, e em diferentes aspectos, afinal cada sala de aula ele encontrará a diversidade e
devendo estar preparado para trabalhar e se por acaso não estiver, deverá buscar, aprender,
criar, saber articular maneiras e jamais desistir da sua função de educador diante das
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barreiras que poderá encontrar. Sendo assim o educador capaz de transformar a sociedade,
quebrando preconceitos, pois ele tem que acreditar que a mudança e possível e buscar que
essa aconteça.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva Com Os Pingos nos Is. Editora:
Meditação, Porto Alegre, 2004.
FONSECA, Vitor da. Educação Especial: Programa de intervenção precoce. Porto Alegre:
Cortez, 1996.
FRIAS, E. M. A. Inclusão do aluno com necessidades educacionais especiais. In S.
Stainback & W. Stainback, Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 1999.
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GÓES, Maria Cecília Rafael de e LAPLANE, Adriana Lia Friszman. (orgs.). Políticas e
Práticas de Educação Inclusiva. Editora: Autores Associados, Campinas São Paulo,
Coleção Educação Contemporânea, 2004.
MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: Contextos Sociais. Editora: Artmed, São Paulo,
2003.
SOUZA, Rita de Cácia e SILVA, Greice Santos. Desafios para o educador inclusivo. O
educador frente à diversidade e à inclusão. Revista da FACED, nº 09, 2005.
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WERNECK, Claudia. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva. Rio de
Janeiro: WVA,1997
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