Avaliação Dos Riscos Na Fábrica Reviva (1) 1

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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E TECNOLOGIAS

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL

JORISA LUCIANA SAMPAIO CAMARADA

AVALIAÇÃO DE RISCOS NA FÁBRICA REVIVA: ESTUDO DE CASO


NA ÁREA DE FORMULAÇÃO DE PRODUTOS DE HIGIENE
2021

LUANDA
2021
JORISA LUCIANA SAMPAIO CAMARADA

AVALIAÇÃO DE RISCOS NA FÁBRICA REVIVA: ESTUDO DE CASO


NA ÁREA DE FORMULAÇÃO DE PRODUTOS DE HIGIENE
2021

Trabalho de Conclusão do Curso apresentado


ao curso de Engenharia De Produção Industrial,
do Departamento de Engenharias e Tecnologias
(DET), do Instituto Superior Politécnico de
Tecnologias e Ciências (ISPTEC), como
requisito parcial à obtenção do grau de licenciada
em Engenharia de Produção Industrial.

Orientador: Prof. Msc. Engo António Augusto


Muhongo (ISPTEC)
Co-orientadora: Prof. Msc. Bebiana A. S.
Pinheiro (ISPTEC)

LUANDA
2021
JORISA LUCIANA SAMPAIO CAMARADA

AVALIAÇÃO DE RISCOS NA FÁBRICA REVIVA: ESTUDO DE CASO NA


ÁREA DE FORMULAÇÃO DE PRODUTOS DE HIGIENE
2021

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a


Banca Examinadora do Curso de Engenharia
de Produção Industrial do Instituto Superior
Politécnico de Tecnologias e Ciências
(ISPTEC) sob a orientação do Prof. Muhongo

Luanda aos ____ de ____________de


_______.

BANCA EXAMINADORA

Professor
PRESIDENTE

Professor
PIMEIRO VOGAL

Professor
SEGUNDO VOGAL
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de monografia a todos que


directamente ou indirectamente contribuíram
para que este trabalho fosse possível. De uma
forma concreta dedico a toda minha família,
especialmente aos meus pais, e aos meus
irmãos, pela compreensão durante todo
processo académico. Por fim aos docentes pelo
estímulo acadêmico e todo apoio durante todo
ciclo da graduação do curso de Engenharia de
Produção.
AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho só foi possível graças a DEUS pelo dom da vida, fé,
força e perseverança e coragem nos momentos de desânimo, para que a realização do
presente trabalho fosse possível.

Agradeço aos meus Pais Jorge Jacinto Camarada e Isabel Sampaio Pascoal
pela vida, apoio incondicional em momentos difíceis e compreensão ao longo de todo
meu percurso acadêmico. Sem eles nada seria possível.
Aos meus irmãos pelo amor, confiança, consolo e compreensão nos momentos de
ausência.
Ao meu orientador Professor. Msc. Engo António Augusto Muhongo e a co-
orientadora Professora Msc. Bebiana A. S. Pinheiro pela atenção, paciência, dedicação,
motivação e incentivo que foi essencial para a conclusão deste trabalho.
Aos meus colegas pelos vários momentos de descontração, companheirismo,
união e entre ajuda. Certamente, fizeram uma grande diferença proporcionando
momentos únicos e guardados na memória.
Aos docentes no geral, pela dedicação, empenho paciência e em muitas situações
amigos. Ao Instituto Superior Politécnico de Tecnologias Ciências pela oportunidade.
A todo o pessoal da Reviva pela paciência e atenção ao longo do estágio e
agradecer também as amizades que fiz nessa instalação. O meu agradecimento especial
vai ao pessoal da Formulação e ao Director Pedro Luís pela recepção, inclusão e paciência
para transmissão de conhecimento e os vários momentos de descontração vivenciados.

A todos que, de alguma forma, directa ou indirectamente, contribuíram para a


conclusão desse trabalho.

Obrigada a todos!
“O sábio antevê o perigo e protege-se, mas os
imprudentes passam e sofrem as
consequências”.

Provérbios 22:3
RESUMO

As medidas de higiene e segurança no trabalho têm um papel fundamental na prevenção


de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho em qualquer área, independentemente
da actividade a ser desenvolvida. Assim, esta pesquisa, cujo tema é Avaliação de Riscos
na Fábrica Reviva, teve como objectivo principal avaliar os riscos que os trabalhadores
estão expostos diariamente na área de formulação de produtos de higiene, com vista a
identificar possíveis cenários causadores de doenças profissionais e acidentes de trabalho.
Para dar fundamento à mesma, fez-se uma revisão bibliográfica sobre o tema, e para a
colecta de dados procedeu-se ao levantamento documental, à observações (participativas
e não participativas) e à entrevistas não estruturadas para caracterizar o processo de
formulação de produtos de higiene. Foram utilizadas ainda algumas normas
internacionais (como são os casos da ISO 9000, 31000 e 45000), que serviram de guia
para a descrição do processo de avaliação do risco bem como para seleção da técnica de
avaliação do risco. Fez-se recurso ao método descritivo, com técnicas de inquérito e
entrevista para analisar o impacto das medidas de higiene e segurança à saúde do
operador. Foi também realizada uma análise preliminar de riscos às actividades, onde foi
identificado um risco com classificação de crítico, nove com a classificação de sérios,
oito com a classificação de moderado, três com a classificação de menor e um com a
classificação de desprezível.

Palavras-Chave: Avaliação do Risco, Higiene Segurança e saúde, Análise Preliminar de


Risco.
ABSTRACT

Occupational hygiene and safety measures play a fundamental role in preventing

occupational diseases and accidents at work in any area, regardless of the activity being

developed. Thus, this research, whose theme is Risk Assessment at Fábrica Reviva, had

as its main objective to assess the risks that workers are exposed daily in the area of

hygiene products, with a view to identifying possible scenarios causing occupational

diseases and work accidents. To support it, a literature review was carried out on the

subject, and for data collection, a documental survey, observations (participatory and non-

participatory) and non-structured interviews were carried out to characterize the product

formulation process. of hygiene. Some international standards were also used (such as the

cases of ISO 9000, 31000 and 45000), which served as a guide for the description of the

risk assessment process as well as for the selection of the risk assessment technique. The

descriptive method was used, with survey and interview techniques to analyze the impact

of hygiene and safety measures on the operator's health. A preliminary analysis of risks

to the activities was also carried out, where one risk was identified as critical, nine as

serious, eight as moderate, three as minor and one as negligible.

Keywords: Risk Assessment, Hygiene Safety and Health, Preliminary Analysis


LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- CONCEITO DE RISCO E PERIGO ..................................................................... 17


QUADRO 2- APLICABILIDADE DAS FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA APRECIAÇÃO DO
RISCO........................................................................................................................ 27
QUADRO 3- ATRIBUTOS PARA A SELECÇÃO DAS FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA
APRECIAÇÃO DO RISCO ............................................................................................. 28
QUADRO 4- ATRIBUTOS DAS FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA APRECIAÇÃO DO RISCO .. 29
QUADRO 5-ATRIBUTOS DAS FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA APRECIAÇÃO DO RISCO ... 30
QUADRO 6-ATRIBUTOS PARA A SELECÇÃO DAS FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA
APRECIAÇÃO DO RISCO ............................................................................................. 31
QUADRO 7- MODELO DE ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS ............................................ 33
QUADRO 8- TRATAMENTO DOS DADOS DE ACORDO COM OS OBJECTIVOS ESPECÍFICOS ... 38
QUADRO 9- APR (RETIRADA DE MATÉRIA-PRIMA DO ARMAZÉM) .................................. 55
QUADRO 10- APR (ABERTURA DOS RECIPIENTES DE MATÉRIA-PRIMA) .......................... 58
QUADRO 11- APR (PESAGEM DA MATÉRIA-PRIMA) ........................................................ 60
QUADRO 12- APR (TRANSPORTE DE MATÉRIA-PRIMA AO MISTURADOR) ........................ 62
QUADRO 13- APR (TRANSPORTE DE PRODUTOS PARA O RESERVATÓRIO)....................... 64
LISTA DE TABELAS

TABELA 1- CATEGORIAS DE FREQUÊNCIAS DE OCORRÊNCIAS DOS CENÁRIOS.................. 34


TABELA 2- CATEGORIAS DE SEVERIDADE DOS RISCOS IDENTIFICADOS ........................... 35
TABELA 3- MATRIZ DE RISCOS ....................................................................................... 36
TABELA 4- IDENTIFICAÇÃO DOS COLABORADORES EXPOSTOS AO RISCO ......................... 46
TABELA 5- PRIORIZAÇÃO DOS RISCOS ............................................................................. 53
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1-PIRÂMEDE DE MASLOW (ORGANIZAÇÕES) ..................................................... 16


FIGURA 2-CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS E PADRONIZAÇÃO DE CORES CORRESPONDENTE 18
FIGURA 3- PROCESSO DE GESTÃO DO RISCO ................................................................... 21
FIGURA 4- TEORIA DO DOMINÓ ...................................................................................... 25
FIGURA 5- LOGOTIPO DA FÁBRICA REVIVA ..................................................................... 41
FIGURA 6- ORGANOGRAMA DA FÁBRICA REVIVA ........................................................... 42
FIGURA 7- PLANTA DA ÁREA DE FORMULAÇÃO ............................................................. 43
FIGURA 8- FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE FORMULAÇÃO ............................................. 45
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – HISTÓRICO DE ACIDENTES DE TRABALHO NA REVIVA .............................. 47


GRÁFICO 2 – PERCENTUAL DE PESSOAS QUE JÁ SOFRERAM ACIDENTES DE TRABALHO ... 47
GRÁFICO 3- OPINIÃO DOS TRABALHADORES DE HST E RESPONSABILIDADE LIGADA À
HIGIENE E SEGURANÇA ............................................................................................. 48

GRÁFICO 4:CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS FÍSICOS NO AMBIENTE DE TRABALHO .............. 49


GRÁFICO 5: CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS QUÍMICOS NO AMBIENTE DE TRABALHO ......... 50
GRÁFICO 6: CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS ERGONÔMICOS .............................................. 51
GRÁFICO 7: CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS MECÂNICOS .................................................... 51
GRÁFICO 8: FACTORES ASSOCIADOS A OCORRÊNCIA DE ACIDENTES ............................... 52
GRÁFICO 9: MEDIDAS DE PROTEÇÃO USADA PELA EMPRESA .......................................... 53
GRÁFICO 10: PRIORIZAÇÃO DOS RISCOS NA ÁREA DA FORMULAÇÃO .............................. 54
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APR – Análise Preliminar de Risco


CIP – Clean In Process
DDS – Diálogo Dário de Segurança
EPC – Equipamento de Protecção Colectiva
EPI – Equipamento de Protecção Individual
HSST – Higiene Sáude e Segurança no Trabalho
IBC – Recipiente intermediário a granel
IGT – Inspecção Geral do Trabalho
ISO- Internacional Organization for Standardization (Organização Internacional para a
Padronização)
LER/DORT – Lesões por Esforços Repetitivos/ Distúrbio Osteomuscular Relativo ao
Trabalho
LUP – Lição de Um Ponto
NP- Norma Portuguesa
OIT – Organização Internacional do Trabalho
SST – Saúde e Segurança no Trabalho
ASST – Assessoria e Suporte em Segurança do Trabalho
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11
1.1.Problematização ......................................................................................................... 11
1.2.Hipóteses..................................................................................................................... 12
1.3.Objectivos Gerais e Específicos ..................................................................................... 12
1.3.1.Objectivo geral ......................................................................................................... 12
1.3.2.Objectivos específicos ............................................................................................... 12
1.4.Justificativa................................................................................................................. 13
1.5.Estrutura do Trabalho ................................................................................................ 13
2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 15
2.1.Fundamentos de Segurança no trabalho ..................................................................... 15
2.2.Gestão de Riscos ......................................................................................................... 16
2.2.1.Risco de Acidente de trabalho .................................................................................. 18
2.3.Processos de Gestão do Risco ...................................................................................... 20
2.3.1.Avaliação do Risco ................................................................................................... 21
2.4.Fases da Avaliação do Risco........................................................................................ 23
2.4.1.Identificação do Risco .............................................................................................. 23
2.4.2.Análise do Risco ....................................................................................................... 23
2.4.2.1.Causalidade dos Acidentes (Teoria do Dominó)..................................................... 24
2.4.3.Valoração do Risco................................................................................................... 25
2.5.Técnicas de Avaliação de Risco ................................................................................... 25
2.5.1.Factores para a selecção das Ferramentas................................................................ 25
2.5.1. Análise Preliminar de Perigos/Risco ........................................................................ 32
3.METODOLOGIA DE PESQUISA .......................................................................... 37
3.1.Quanto a Natureza ...................................................................................................... 37
3.2.Quanto a Abordagem .................................................................................................. 37
3.3.Quanto aos Objectivos ................................................................................................ 37
3.4.Quanto aos Procedimentos Técnicos ........................................................................... 37
3.5.Normas e legislações nacionais e internacionais utilizadas para consulta na avaliação do
risco.....................................................................................................................................39
4.ESTUDO DE CASO .................................................................................................. 41
4.1.Apresentação da Empresa........................................................................................... 41
4.2.Estrutura organizacional ............................................................................................ 42
4.2.1.Organograma ........................................................................................................... 42
4.2.2.Área de formulação .................................................................................................. 42
4.3.Descrição do Processo de Formulação......................................................................... 44
4.3.1.Instrução de fabrico ................................................................................................. 44
4.3.2.Retirada da matéria-prima ...................................................................................... 44
4.3.3.Pesagem da matéria-prima....................................................................................... 44
4.3.4.Mistura.......................................................................................................................44
4.3.5.Reservatórios ........................................................................................................... 45
4.4.Avaliação dos Riscos Associados ao Processo de Formulação ........................................ 46
4.4.1 Avaliação dos riscos da etapa de retirada das matérias-primas do armazém ........... 54
4.4.2.Avaliação dos riscos referentes a pesagem da matéria-prima ................................... 59
4.4.3.Avaliação dos riscos para a etapa de transporte da matéria-prima ao misturador ... 61
4.4.4.Avaliação dos riscos para a etapa de transporte de produtos para o reservatório .... 63
CONCLUSÕES E SUGESTÕES ................................................................................ 66
Sugestões para empresa .................................................................................................... 67
Sugestões para futuros trabalhos ...................................................................................... 68
Limitações de estudo ......................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 69
APÊNDICE A - ROTEIRO DO INQUÉRITO FEITO AOS FUNCIONÁRIOS ... 71
APÊNDICE B - MAPA DE RISCO DA ÁREA DA FORMULAÇÃO .................... 74
APÊNDICE C – PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO ......................... 75
APÊNDICE D – LIÇÃO DE UM PONTO ................................................................. 76
11

1. INTRODUÇÃO
Com a revolução industrial a variedade dos riscos ambientais passou a ter um
aumento expressivo, passando também a ocorrer, em detrimento disto, um aumento
assinalável no número de acidentes de trabalho, em sua maioria, resultante das condições
de trabalho precárias da época (NASCIMENTO, 2016).

Até finais de 2017, dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho) davam


conta que a taxa de mortalidade por acidente de trabalho situava-se a volta das 4 pessoas
por minuto (OIT, 2018). Esta estatística alarmante, por si só, vem impulsionando a
necessidade de segurança no ambiente de trabalho ocupar uma posição cada vez mais
imprescindível, dada a relação indissociável que a mesma, além da salvaguarda da
integridade física dos colaboradores, estabelece com a produtividade.

Como forma de inverter este quadro, a mesma instituição propõe seis etapas a
serem acauteladas de maneira sequenciada, sendo a primeira a antecipação de novos
riscos de SST – Saúde e Segurança no Trabalho (OIT, 2018). Com esta orientação, a OIT
passa a reforçar, então, a importância da avaliação de riscos no ambiente de trabalho como
fator nuclear para a prevenção de eventuais acidentes e/ou redução de custos a si
associados.

A análise de risco, segundo registos do departamento de defesa dos EUA, foi


implementada inicialmente na área militar no início do século XXI, tendo sido adaptada
às demais áreas com o mesmo propósito, o de prevenir perdas materiais e humanas
passíveis de prejudicar qualquer organização, tanto a nível do seu património quanto da
sua imagem (OLIVEIRA, 2008). Para Engenharia de produção industrial, no âmbito do
estudo da higiene e segurança, dado o seu dinamismo e a implementação de novos
processos com o passar dos anos, urge ainda mais o conhecimento prévio dos riscos
associados à cada uma das actividades desenvolvidas neste ambiente, tornando-se numa
ferramenta essencial para a prevenção e doenças ocupacionais e acidentes de trabalho
(CHINAQUI, 2012).

1.1.Problematização

Em Angola, só no ano de 2020, o IGT (Inspecção Geral do Trabalho) registou um


índice de cerca de 3 acidentes por dia, estando o sector da indústria, da construção civil e
de serviços na frente desta estatística. Não existindo, porém, dados que sustentem a
12

existência de estudos voltados a aplicação da avaliação de riscos como mecanismo de


resposta ou prevenção destes acidentes (ANGOP, 2021). Neste contexto, a presente
pesquisa propôs-se a estudar a avaliação de riscos e a sua importância numa indústria de
produtos de limpeza, mais precisamente na sua área de formulação. Para tanto,
considerou-se a seguinte questão:

Que influência tem a avaliação de riscos que os colaboradores estão expostos na área
de formulação?

1.2.Hipóteses

 H1- A avaliação de riscos poderá levar a identificação e correção de possíveis


desvios, a fim de prevenir futuros acidentes na área de formulação, e
consequentemente, a implementação de melhores práticas para salvaguardar a
integridade física do colaborador.
 H2- A avaliação de riscos poderá não surtir um efeito muito expressivo a nível
das condições de trabalho, dado o facto de o grau de criticidade destes, não ser
muito elevado.

1.3.Objectivos Gerais e Específicos


1.3.1. Objectivo geral
Avaliar os riscos que os colaboradores estão expostos na área da formulação.
1.3.2. Objectivos específicos
Para o alcance do objectivo geral, esta pesquisa conta com os seguintes objectivos
específicos:
• Descrever o processo de formulação de produtos de higiene.
• Aplicar a APR na área de formulação de produtos de higiene.
• Apresentar algumas medidas de mitigação dos riscos da área de formulação de
produtos de higiene.
13

1.4.Justificativa
O desenvolvimento desta pesquisa foi motivado pela necessidade de se perceber
o quanto a aplicação efectiva da avaliação de riscos pode impactar na melhoria dos
processos das indústrias de forma geral, e da área de formulação da Reviva em particular,
considerando sempre em primeiro lugar o bem-estar dos trabalhadores, por causa da
crescente preocupação sentida cada vez mais no mundo do trabalho relativamente aos
acidentes no local de trabalho. Apesar de já terem sido melhoradas muitas situações
relativamente à Higiene e Segurança no Trabalho (HST), ainda há muito a se fazer. Ainda
existem muitas pessoas a trabalharem em locais de trabalho inseguros e insalubres e onde
os fatores psicossociais relacionados com trabalho são também um factor de risco
acrescido, nomeadamente a pressão psicológica, o stress, a alteração dos regime de
trabalho por turnos, e muitas outras situações que poderão resultar em danos na saúde
física e mental.

Outrossim, foi possível ainda, no âmbito académico, despertar a urgência para o


surgimento de mais pesquisas relacionadas com o tema em estudo, por formas a contribuir
para um entendimento mais sólido a respeito do impacto da aplicação da avaliação de
riscos, sua importância e maior conhecimento sobre as técnicas utilizadas para avaliação
de riscos.

De forma geral, este trabalho gerou ainda uma oportunidade valiosa para as
empresas angolanas que actuam nos mais diversos sectores, e não só, tomarem
consciência da pertinência que há em se fazer um estudo prévio das suas instalações e das
condições de trabalho por si providas para, além de servir como marco do quanto esta
valoriza os seus colaboradores, poder actuar também na retenção de eventuais encargos
por danos materiais.

1.5.Estrutura do Trabalho
O presente trabalho conta com 4 capítulos. No Capítulo 1 faz-se a Introdução do
estudo desenvolvido, a problematização, os objectivos, e a justificativa.
O Capítulo 2 diz respeito à fundamentação teórica. Este retrata o desenvolvimento
do trabalho.
No Capítulo 3 apresenta-se a metodologia aplicada, destacando a natureza, os
objectivos, procedimentos técnicos, a abordagem, instrumentos e técnicas de coleta e
análise de dados utilizado neste trabalho.
14

No capítulo 4 tem-se o estudo de caso. Neste tópico faz-se uma descrição do objeto
de estudo, dos processos envolvidos; Bem como a análise e apresentação das informações
recolhidas e as conclusões tiradas com a realização do estudo, limitações encontradas, e
ainda as sugestões para a empresa e para eventuais trabalhos futuros.
15

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo, foi feita a discussão sobre a pesquisa, apresentando pontos de vista
de diferentes autores sobre os termos, conceitos e constatações, que serviram como
suporte para o estudo de caso.

2.1.Fundamentos de Segurança no trabalho


Segurança do Trabalho é o conjunto de ações, normas, procedimentos e medidas
preventivas que devem ser adotadas com intuito de proteger a integridade e saúde do
trabalhador em seu ambiente de trabalho, diminuir os riscos de acidente de trabalho e de
doenças ocupacionais.

De acordo com Miguel (2003), a segurança é, na sua mais ampla percepção, um


conceito substancialmente unido ao ser humano, individual ou socialmente considerado.
O seu desenvolvimento e evolução limita-se à evolução do ser humano com a mesma
relevância de outros aspectos que são facetas do mesmo poliedro, tais como a Ecologia,
o bem-estar social, a estabilização das pressões sociais, em suma, a qualidade de vida em
todas as suas componentes e circunstâncias. O ambiente de trabalho acarreta uma série
de situações que prejudicam a saúde das pessoas e geram graves acidentes, independente
da sua actividade. Todos estamos expostos a riscos, logo, é importante pensar em
maneiras que visam prevenir e minimizar ao máximo tais ocorrências.

Embora a importância de melhorar a segurança e a saúde no trabalho seja cada


vez mais reconhecida, continua a ser difícil obter uma imagem precisa do seu impacto a
nível global.

A Segurança como sinónimo de prevenção de acidentes tem evoluído de uma


forma crescente, englobando um número cada vez maior de factores e actividades, desde
as primeiras acções de reparação de danos (lesões) até um conceito mais amplo onde se
buscou a prevenção de todas as situações geradoras de efeitos indesejados para o trabalho
(COSTA, 2016). Os princípios utilizados para a qualidade de vida das pessoas, espelhadas
na pirâmide de Malow, também são usados para motivar e treinar funcionários dentro das
empresas, ajudando até mesmo no planeamento estratégico organizacional, como mostra
a Figura 1.

A Prevenção de acidentes de trabalho surge, assim, como obrigatoriedade de


consciência face à eventualidade de danos físicos, psíquicos e morais para a vítima, que
perderia a sua capacidade de ganho e a possibilidade de disfrutar de uma vida activa
16

normal. Seriam igualmente irreparáveis as consequências para a família e sobretudo para


a sociedade que se veria privada da eficiência, das qualidades e do contributo para a
criação de riqueza de um dos seus membros.

Figura 1-Pirâmede de Maslow (Organizações)

Fonte: Abreu (2013)

A primeira preocupação social é a segurança das pessoas nos respectivos locais de


trabalho, como mostra a figura 1. Dessa forma, a par da segurança social, surgiram e
evoluíram em diversos países acções tendentes a prevenir danos às pessoas, decorrentes
de actividades laborais, uma delas abordada nessa pesquisa, que destina-se a uma
avaliação dos riscos a que estão expostos os colaboradores da fábrica reviva, com intuito
de minimizar ou eliminar os impactos que os acidentes decorrentes dos perigos associados
aos riscos que aquela fábrica acarreta, têm sobre os colaboradores daquela instituição.

2.2.Gestão de Riscos

As organizações de todos os tipos e dimensões enfrentam factores e influências,


internas e externas que tornam incerto se, e quando atingirão os seus objectivos. O efeito
da que esta incerteza tem nos objectivos ou organização designa-se risco.

Todas as actividades de uma organização envolvem riscos, e eles são geridos de


acordo a sua identificação e análise, avaliando dessa forma a necessidade da sua alteração
tratando-o de formas a satisfazer os critérios do seu tratamento. Durante este processo são
comunicadas todas as pessoas expostas ao mesmo, de formas avaliar as suas causas e
possíveis consequências da exposição ao mesmo, com intuito de desenvolver acções para
17

controlo do mesmo. Deste modo, antes de dar início à abordagem sobre o processo gestão
de riscos é importante diferenciar os conceitos de risco e perigo, sobre a perspetiva de
diferentes autores, conforme demostrado no Quadro 1.

Quadro 1- Conceito de Risco e Perigo

Tema Autor Conceitos


NP4410 Fonte ou situação com potencial para o dano, em termos de lesões
(2004) ou ferimentos para o corpo humano ou de danos para a saúde, para
o patrimônio, para o ambiente do local de trabalho, ou uma
combinação deste.

Comissão Condição ou um conjunto de circunstâncias que têm o potencial de


PERIGO
Europeia causar ou contribuir para uma lesão ou morte
(2006)

ISO Fonte com potencial para provocar lesão e afeção da saúde.


45001
Comissão Possibilidade, elevada ou reduzida, de alguém sofrer danos
Europeia provocados pelo perigo
(2006)

RISCO ISO 45001


Efeito da incerteza

MAPETSS
É a combinação da probabilidade e da gravidade de aquisição de
(Decreto
uma lesão ou de um dano para a saúde de acordo com a causa e o
31/94 de 5
efeito, o momento e a circunstância da ocorrência.
de Agosto
Fonte: Autora (2021)

Pode-se observar no quadro acima, que o conceito de perigo por diferentes autores
pouco difere, sendo que para a presente pesquisa, a definição segundo a NP4410 (2004)
18

foi a que melhor se enquadrou, pois é a que melhor foi de encontro ao que se pretendeu
na pesquisa. Igualmente para o conceito de risco, cuja definição que melhor se enquadra
na pesquisa, foi a do Maptess, por causa das circunstâncias em que foi efectuado o estudo
de caso.

2.2.1. Risco de Acidente de trabalho


Os riscos de acidente de trabalho são inerentes a qualquer actividade produtiva, e
o mesmo é definido como a função da probabilidade de ocorrência de um evento
indesejado e dos seus respectivos danos (LOUZA, 2021).

É acidente de trabalho, o acidente que se verifique


no local e tempo de trabalho, e produza directa ou
indirectamente lesão corporal, perturbação
funcional ou doença de que resulte a morte ou
redução na capacidade de trabalho ou de ganho.
(MIGUEL, 2003, PÁG. 29)
Para que sejam identificados os riscos de acidentes de trabalho se faz necessário
conhecer os tipos de risco. De acordo com Cardella (1999), factores ambientais que
actuam sobre o indivíduo são: os agentes físicos, químicos ergonómicos e biológicos, cuja
presença no ambiente de trabalho constitui a causa principal do surgimento de um efeito
demasiadamente nocivo para o trabalhador.

Figura 2-Classificação dos riscos e padronização de cores correspondente

Físicos: Ruídos, vibrações, radiações (ionizantes e não ionizantes), frio, calor,


pressões anormais e humidade.

Químicos: Poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias,


compostos ou outros produtos químicos.

Biológicos: vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas e bacillos.

Ergonómicos: Esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de


pesos, exigência de postura inadequada, controlo rígido de produtividade,
jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade.

Mecânicos: Arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem protecção,


iluminação inadequada, electricidade, armazenmento inadequado, probabilidade de
incêndio ou explosão.

Fonte: Adaptado Louza (2019)


19

Os principais riscos ocupacionais são classificados em grupos de acordo com sua


natureza e possui padronização de cores correspondente como mostra a figura 2. Os
contaminantes presentes no local de trabalho, são responsáveis pelo chamado “efeito
prejudicial”, ou seja, as consequências que o organismo não pode recuperar, rompendo-
se o equilíbrio e desencadeando um conjunto de efeitos designados por doença. Desta
feita é de extrema importância abordarmos sobre os diferentes riscos que estão na base
de diversas doenças ocupacionais sendo elas factores que impossibilitam o bom
desempenho industrial e podem levar a morte dos trabalhadores.

 Riscos Físicos: riscos que precisam do ar como meio de condução para se


propagar. As vibrações e o ruído são exemplos específicos de riscos físicos. Em
Angola, é exigido aos empregadores que estabeleçam medidas de protecção,
forneçam informações e notifiquem as autoridades relativamente a radiações
ionizantes. Para Moreira (2010), a atmosfera dos locais de trabalho deverá ser
isenta de odores que obstruam a respiração, de condensação e de poluentes
perigosos e inconvenientes, por exemplo, gases e poeiras.

 Riscos Químicos: Segundo, Farias (2008), os produtos químicos perigosos no


local de trabalho são substâncias, misturas e materiais que se podem classificar de
acordo com os riscos e perigos sanitários e psicológicos que representam. Para o
mesmo Autor esses riscos incluem irritações cutâneas, agentes cancerígenos ou
sensibilizadores respiratórios que têm um efeito adverso na saúde dos
trabalhadores na sequência do contacto directo ou exposição ao produto químico,
normalmente por inalação, contacto com a pele ou ingestão.

 Riscos Biológicos: São exemplos de riscos biológicos segundo Moreira (2010),


bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros o que os
define como substâncias orgânicas que constituem uma ameaça à saúde dos seres
humanos e outros organismos.

 Riscos Ergonómicos: Moreira (2010), define como sendo um factor físico


ambiental, nefasto para o sistema músculo-esquelético. São exemplos de riscos
ergonómicos, o movimento repetitivo, manuseamento manual, conceção
20

desadequada do local de trabalho, da função ou tarefa laboral, altura


desconfortável do posto de trabalho e postura incorrecta.

Em Angola, a Lei Geral do Trabalho (LGT) Capítulo V, artigos 85° á 95°,


publicado no Diário da República nº6, de 11 de Fevereiro, de 2000 “Lei nº2/00", o
empregador é obrigado a garantir que nenhum trabalhador seja exposto ao manuseamento
manual de cargas ou qualquer ambiente sem ser informado dos danos que isso pode
provocar na sua saúde e das medidas de prevenção que deve tomar. É obrigado também
a garantir a vigilância da saúde dos trabalhadores expostos a riscos, prestando especial
atenção àqueles que executem trabalho monótono ou cadenciado. Para além dos riscos
acima mencionados podemos encontrar ainda outros riscos como:

 Riscos psico-sociais;
 Riscos mecânicos;
 Riscos novos e emergentes.

Todos esses riscos são considerados agentes ambientais que podem trazer ou
ocasionar danos à saúde do trabalhador nos ambientes de trabalho, e a sua análise
qualitativa e quantitativa é feita em função de sua natureza, concentração, intensidade e
tempo de exposição.

2.3. Processos de Gestão do Risco

A norma ISO 31010 (2012), define o processo de gestão dos riscos como a
aplicação sistemática de políticas, procedimentos e práticas de gestão às actividades de
comunicação, consulta, estabelecimento do contexto e identificação, análise, avaliação,
tratamento, monitorização e controlo do risco, como mostra a figura 3.

Este processo deverá ser:

 Parte integrante da gestão: a gestão de topo deve ser responsável pelo


desenvolvimento e monitorização de acções necessárias para a mitigação dos
riscos;
 Integrado na cultura e práticas organizacionais: a gestão de risco não deve ser
uma actividade isolada, deve ser levada a cabo tal como todas as actividades
principais e dos processos de uma organização.
 Feito a medida dos negócios e processos da organização: deve ser alinha de
acordo ao contexto interno e externo, e perfil da organização.
21

Figura 3- Processo de Gestão do Risco

Fonte: Adaptada ISO 31000 (2012)

O processo de gestão de riscos compreende as etapas apresentadas na figura 3,


porém, para esta pesquisa o foco será a avaliação de Risco.

2.3.1. Avaliação do Risco

A avaliação de riscos é essencial para garantir a segurança das empresas e de todos


os seus colaboradores, pois consiste na análise das situações indesejadas que podem
causar danos para a saúde e segurança dos trabalhadores no seu local de trabalho
decorrentes das circunstâncias em que o perigo ocorre no trabalho.

É importante que os trabalhadores participem na avaliação de risco. Eles


conhecem os problemas e os detalhes do que realmente acontece quando executam as
suas tarefas ou actividades, então eles devem estar envolvidos na avaliação. O seu
conhecimento ou competência prática também é frequentemente necessário para
desenvolver medidas preventivas viáveis (Cardella, 1999).
22

O mesmo autor, refere ainda que, a participação dos trabalhadores não é apenas
um direito, é fundamental para a gestão da saúde e da segurança no trabalho, permitindo
assim que esta seja eficaz e eficiente.

Os trabalhadores têm o direito/dever de:

 Alertar os supervisores para os riscos percecionados no seu trabalho;


 Comunicar todas as ocorrências relevantes ocorridas na área do ASST;
 Participar ativamente na avaliação sempre que para tal lhe for solicitado;
 Colaborar com o responsável de saúde e segurança no trabalho na diminuição dos
acidentes de trabalho, doenças profissionais e impactes;
 Receber formação/instruções sobre as medidas a aplicar;
 Zelar pela sua segurança e saúde, bem como das outras pessoas afetadas pelas
suas ações (Cardella, 1999).

Quando são efetuadas avaliações de risco deve-se ter em consideração o facto de


que podem estar presentes no local de trabalho trabalhadores de outros sectores (por
exemplo, trabalhadores de limpeza, seguranças privados, trabalhadores de manutenção)
ou ainda outras pessoas exteriores à empresa (por exemplo, clientes, visitantes,
transeuntes). Essas pessoas serão também consideradas como pessoas em risco, mas deve
ser tido igualmente em atenção o facto de que a sua presença pode criar novos riscos no
local de trabalho (Cardella, 1999).

A norma NP 31000:2012, define o processo de avaliação/apreciação do risco


como um processo global de identificação, análise e avaliação do risco.

A avaliação de riscos tem, assim, por objetivo a implementação eficaz de medidas


necessárias para proteger a segurança e a saúde dos trabalhadores. Estas medidas podem
ser na ordem da prevenção de riscos profissionais, da informação e formação adequada
dos trabalhadores e criação de meios para aplicar tais medidas necessárias. Para se poder
fazer a avaliação dos riscos a que os trabalhadores estão expostos, antes deve se proceder
a uma identificação de perigos existentes nos locais de trabalho de uma organização.

Assim, numa primeira análise à empresa, faz-se a decomposição analítica ou


detalhada do risco, podendo ser uma tarefa, um local, um equipamento de trabalho, a
estrutura etc., de forma a se conseguir uma caracterização, a sua relação com a fonte,
23

possível desenvolvimento, probabilidade de ocorrência, extensão e colaborador(es)


exposto (s).

2.4.Fases da Avaliação do Risco

De acordo com a norma NP 31000: 2012, o processo de Avaliação dos riscos


compreende as seguintes fases, conforme a figura 3:

 Identificação do Risco
 Análise do Risco
 Valoração do Risco

2.4.1. Identificação do Risco

A identificação do risco é feita mediante a aquisição de dados, não só através de


manuais de máquinas, fichas de segurança, histórico de ocorrências, inquéritos e
questionários, mas também através da observação directa com o intuito de identificar
materiais, sistemas, processos e instalações que podem ter consequências indesejáveis
e/ou danosas para os trabalhadores ou terceiros que estejam expostos.

No processo de identificação de riscos, devem também ser identificadas as pessoas


que estão ou podem vir estar expostas a tais perigos identificados, podendo estas ser os
colaboradores, fornecedores, clientes, visitantes, dependendo da actividade da empresa.
Assim, a identificação de perigos consiste na verificação dos perigos presentes numa
dada situação de trabalho e suas possíveis consequências, em termos dos danos sofridos
pelos trabalhadores expostos.

2.4.2. Análise do Risco

Após o processo de identificação de riscos procede-se então a sua análise. A


análise do risco fornece uma entrada para a avaliação do risco e para as decisões a serem
tomadas quanto a necessidade dos riscos serem tratados, sobre as estratégias e métodos
mais apropriados para o tratamento do risco. Deste modo deve-se estimar o nível de risco
em função dos seguintes elementos:

 Determinação severidade das consequências;


 Estimativa da probabilidade da ocorrência;
24

 Avaliação da eficácia das medidas de controlo existentes.

Para efetuar uma correta avaliação dos riscos deve-se ter em conta factores sociais,
económicos e também ambientais, fazendo uma comparação entre o valor obtido da
análise de riscos e um referencial de risco tolerável. Através desta comparação,
equaciona-se e prioriza-se as necessidades de intervenção, podendo esta intervenção
traduzir-se na interrupção da actividade em causa e sua correção, ou apenas uma acção
de acompanhamento consoante a magnitude dos riscos e a priorização definida pela
análise dos riscos.

2.4.2.1.Causalidade dos Acidentes (Teoria do Dominó)

Costa (2016) explica que a Teoria do Dominó proposta por Heirich em 1941, é
provavelmente a teoria mais considerada na utilização de modelos sequenciais. O seu
princípio baseia-se no fato de que os acidentes ocorrem devido às relações de causa-efeito
entre cinco elementos ordenados nesta ordem padrão:

a) Personalidade;
b) Falha Humana;
c) Actos e condições inseguras;
d) Acidente;
e) Lesão.

A ocorrência de um deles implica o desencadear de todos os outros elementos que


é metaforicamente explicado através da queda de peças de dominó na posição vertical em
que a primeira peça (primeiro acontecimento) desencadeia a queda das restantes
originando no final danos pessoais.

No âmbito da prevenção consegue eliminar-se o risco se for eliminado um dos


fatores centrais da cadeia do “dominó” (a cadeia será interrompida). Serão portanto
eliminadas as condições ou atos inseguros de modo evitar-se a propagação que originará
o acidente e consequentemente o dano conforme mostra a figura 4.
25

Figura 4- Teoria do Dominó

Fonte: Costa (2016)

Deste modo, o acidente de trabalho nunca acontece sozinho, ele é causado quando
o homem não está devidamente preparado para o trabalho e comete actos inseguros, ou
então acontece porque ocorrem condições inseguras que comprometem a segurança do
trabalhador.

2.4.3. Valoração do Risco

Esta fase consiste em apoiar a tomada de decisão com base nos resultados da
análise dos riscos, sobre os quais os riscos que precisam de tratamento e a prioridade da
implementação do tratamento. Esta fase envolve a comparação do nível de risco
identificado no decorrer da etapa de análise com os critérios de riscos, considerados de
acordo o contexto do risco. Com base nesta comparação a necessidade de tratamento pode
ser considerada.

2.5. Técnicas de Avaliação de Risco


2.5.1. Factores para a selecção das Ferramentas

A apreciação do risco poderá ser realizada com diferentes graus de profundidade


e de detalhe, utilizando um ou vários métodos que vão do simples ao complexo, (ISO
26

31010, 2016). A forma da apreciação e os seus resultados deverão ser coerentes com os
critérios do risco desenvolvidos como parte do estabelecimento do contexto.

Para a escolha da técnica adequada, devem ser tidos em conta os seguintes


factores:

 Complexidade do problema e os métodos necessários à sua análise;


 Natureza e grau de incerteza na apreciação do risco com base na quantidade de
informação disponível e no que é requerido para satisfazer os objectivos;
 A amplitude dos recursos necessários em termos de tempo e nível de
conhecimento, dados necessários ou custo;
 Se o método consegue fornecer um resultado quantitativo.
27

Quadro 2- Aplicabilidade das ferramentas e técnicas para apreciação do risco

Fonte: ISO 31010 (2016)


28

Quadro 3- Atributos para a selecção das ferramentas e técnicas para apreciação do risco

Fonte: ISO 31010 (2016)


29

Quadro 4- Atributos das ferramentas e técnicas para apreciação do risco

Fonte: ISO 31010 (2016)


30

Quadro 5-Atributos das ferramentas e técnicas para apreciação do risco

Fonte: ISO 31010 (2016)


31

Quadro 6-Atributos para a selecção das ferramentas e técnicas para apreciação do risco

Fonte: ISO 31010(2016


32

2.5.1. Análise Preliminar de Perigos/Risco

Para o estudo de caso desta pesquisa, a metodologia para avaliação dos riscos será
qualitativa, utilizando a técnica de análise preliminar de riscos.

De acordo com a norma NP EN 31010 (2016), a análise preliminar de riscos


(APR) ou análise preliminar de perigos (APP), é um método de análise indutivo simples
cujo objectivo é identifica perigos, situações ou eventos que podem causar dano a uma
dada actividade, instalação ou sistema.

Esta ferramenta é normalmente aplicada no início do desenvolvimento de um


projecto ou quando existe pouca informação sobre os detalhes da concepção ou sobre os
procedimentos operacionais e frequentemente pode ser um precursor de estudos
posteriores ou pode fornecer informação para a especificação da concepção de um sistema
ou processo. É útil ainda quando se pretende priorizar os perigos e os riscos de análises
existentes, ou quando as circunstâncias não permitem a utilização de uma técnica mais
completa.

1- Principais Vantagens e Limitações do uso da APR

As principais vantagens do uso da APR:

 Umas das principais vantagens referenciadas pela norma 31010 (2016) é de que
pode ser utilizada quando existe informação limitada;
 Permitir que os riscos sejam considerados muito cedo no ciclo de vida;
 Cardela 1999, por sua vez que a APR é uma técnica mais abrangente, informando
as causas que ocasionaram a ocorrência de cada um dos eventos e as suas
respectivas consequências, bem como obtenção de uma avaliação qualitativa da
severidade das consequências e frequência de ocorrência do cenário de acidente e
do risco associado na matriz de riscos.

Para a Norma 31010 (2016), a principal limitação no uso dessa técnica é


fornecimento de apenas uma informação preliminar, não abrangente e nem fornecer
informação detalhada sobre os riscos e sobre a melhor forma de os prevenir.
33

2- Aplicação

O uso da APR ajuda a selecionar as áreas da instalação nas quais outras técnicas
mais detalhadas de análise de riscos ou de contabilidade devam ser usadas
posteriormente. Para efectuar esta análise, é necessário que se tenha a informação do
processo a ser avaliado, bem como detalhes da sua concepção que se considerem
relevantes. Posteriormente deve ser elaborada uma lista de perigos ou situações
perigosas, considerando determinadas características.

As principais etapas para a aplicação da APR:

Definição dos objectivos e do escopo da análise.

 Definição das fronteiras do processo/instalação analisada.


 Coleta de informações sobre a região, a instalação e os riscos envolvidos.
 Subdivisão do processo/instalação em módulos de análise.
 Realização da APR propriamente dita (preenchimento da tabela), como mostra a
figura 2.
 Elaboração das estatísticas dos cenários identificados por Categorias de Risco
(frequência e severidade).
 Análise dos resultados e preparação do relatório.

Quadro 7- Modelo de Análise Preliminar de Riscos

Fonte: Autora (2021)


34

Para a execução da análise, o processo/ instalação em estudo deve ser dividido em


módulos de análise. A realização da análise propriamente dita é feita através do
preenchimento de uma planilha de APR para cada módulo. A planilha adotada para a
realização da APR, mostrada no Quadro 7, deve ser preenchida conforme a descrição
respectiva a cada campo.

No contexto da APR, um cenário de acidente é definido como sendo o conjunto


formado pelo risco identificado, suas causas e cada um de seus efeitos. Um exemplo
cenário de acidente possível seria: grande liberação de substância tóxica devido à ruptura
de tubulação levando à formação de uma nuvem tóxica.

De acordo com a metodologia da APR, os cenários de acidente devem ser


classificados em categorias de frequência, as quais fornecem uma indicação qualitativa
da frequência esperada de ocorrência para cada um dos cenários identificados. A Tabela
1 mostra as frequências em uso actualmente para a realização da APR.

Tabela 1- Categorias de frequências de ocorrências dos cenários

Faixa de
Categoria Denominação Frequência Descrição
Anual
Possível mas improvável de
Extremamente
A f<10-4 ocorrer durante a vida útil do
Remota
processo e instalação
Não se espera que ocorra
B Remota 10-4<f<10-3 durante a vida útil do
processo/instalação
Pouco provável que ocorra
C Improvável 10-3<f<10-2 durante a vida útil do
processo/instalação
Espera-se que ocorra até uma
D Provável 10-2<f<10-1 vez durante a vida útil do
processo/ instalação
Espera-se que ocorra várias
E Frequente f>10-1 vezes durante a vida útil do
processo/instalação
Fonte: Adaptado Cardella (1999)
35

Esta avaliação de frequência poderá ser determinada pela experiência dos


componentes do grupo ou por banco de dados de acidentes (próprio ou de outras empresas
similares). Os cenários de acidente também devem ser classificados em categorias de
severidade, as quais fornecem uma indicação qualitativa da severidade esperada de
ocorrência para cada um dos cenários identificados.

Tabela 2- Categorias de Severidade dos riscos identificados

Categoria Denominação Descrição /Características


-Sem danos ou danos insignificantes aos equipamentos, à
propriedade e/ou ao meio ambiente;
-Não ocorrem lesões/mortes de funcionários, de terceiros
I Desprezível
(não funcionários) e/ou pessoas (indústrias e comunidade);
o máximo que pode ocorrer são casos de primeiros socorros
ou tratamento médico menor.
-Danos leves aos equipamentos, à propriedade e/ou meio
ambiente (os danos materiais são controláveis e/ou de baixo
II Marginal custo de reparo);
-Lesões leves em empregados, prestadores de serviços ou
em membros da comunidade.
-Danos severos aos equipamentos, à propriedade e/ou ao
meio ambiente;
-Lesões de gravidade moderada em empregados,
III Crítica prestadores de serviço ou membros da comunidade
(probabilidade remota de morte);
-Exige acções correctivas imediatas para evitar seu
desdobramento em catástrofe.
-Danos irreparáveis aos equipamentos, à propriedade e/ou
ao meio ambiente (reparação lenta ou impossível);
IV Catastrófica -Provoca mortes ou lesões graves em várias pessoas
(empregados, prestadores de serviço ou em membros da
comunidade).
Fonte: Adaptado Cardella (1999)
36

Costa (2016), ressalta que é importante observar que para cada classe de
severidade e frequência deve ser adequada ao tipo do sistema e empreendimento
analisado, para tomar a análise do risco mais preciso e menos subjetivo. Dessa forma, a
combinação da frequência de ocorrência dos cenários e as categorias de severidade dos
riscos identificados, dá origem a matriz de riscos como mostra a tabela 10.

Tabela 3- Matriz de Riscos

Severidade/Categoria A B C D E

IV 2 3 4 5 5

III 1 2 3 4 5

II 1 1 2 3 4

I 1 1 1 2 3

Severidade Frequência Risco


I Desprezível A Extremamente Remota 1 Desprezível
II Marginal B Remota 2 Menor
III Crítica C Improvável 3 Moderado
IV Catastrófica D Provável 4 Sério
E Frequente 5 Crítico

Fonte : Cardella 1999


37

3. METODOLOGIA DE PESQUISA
Os dados deste estudo dizem respeito ao período de abril a junho de 2021. No
tocante a metodologia aplicada, conforme Gil (2002), a classificação de uma pesquisa,
não excetuando esta, deve considerar quatro critérios, nomeadamente: natureza, forma de
abordagem do problema, objectivos e procedimentos técnicos.

3.1.Quanto a Natureza
Quanto a natureza a pesquisa foi aplicada, uma vez que propôs soluções práticas
para resolução de problemas associados à redução do impacto dos riscos que os
colaboradores estão submetidos durante a execução das suas actividades diárias na área
de formulação, isto, por intermédio da avaliação de riscos.

3.2.Quanto a Abordagem
Relativamente a abordagem a pesquisa foi mista, dado que procurou identificar as
causas ligadas aos acidentes de trabalho decorrentes dos riscos existentes na área de
formulação. Obteve-se também, para o mesmo efeito, alguns dados relativos ao número
de acidentes registados no período em análise.

3.3.Quanto aos Objectivos


Concernente aos objectivos, esta pesquisa foi de caráter descritivo e exploratório.
Pois, procurou-se, no primeiro objectivo, descrever as etapas do processo de formulação,
com e sem o envolvimento do pesquisador. Em adição, optou-se também pela via
exploratória, devido a necessidade de fazer-se um estudo prévio sobre o tema para poder-
se dar uma resposta cientificamente sustentada à questão levantada na problematização.

3.4.Quanto aos Procedimentos Técnicos


No que se refere aos procedimentos técnicos utilizados, esta pesquisa foi
classificada como um estudo de caso, por considerar apenas a sua aplicação na área de
formulação da empresa Reviva. No entanto, devido a amplitude de análise que a mesma
exigiu, fez-se também recurso a outros procedimentos, tais como pesquisas bibliográfica
e documental.
38

A pesquisa bibliográfica consistiu no levantamento de referências teóricas já


analisadas, tais como livros, artigos e meios electrónicos que discutem o tópico. Já a
pesquisa documental requereu o levantamento de informações a partir de fontes sem
tratamento analítico, como acervos da empresa.
Para efeito de tratamento dos dados colectados no período demarcado para a
realização do estudo, no quadro a seguir ilustra-se os instrumentos de colecta e análise de
dados utilizados, assim como os envolvidos em cada um destes, para cada um dos quatro
objectivos delineados.

Quadro 8- Tratamento dos dados de acordo com os objectivos específicos


Objectivo Instrumento de
Instrumento de recolha Envolvidos
específico análise

 Entrevistas não-
Descrever o estruturadas.
processo de  Observação (não- Operadores
-
formulação. participativa e Pesquisador
participativa)

 Análise documental.

 Entrevistas não-
estruturadas.
Aplicar a APR na  Observação (não-
Análise de conteúdo Operadores
área de formulação participativa e
Pesquisador
participativa)

 Análise documental.
 Inquéritos
 Observação (não-
Apresentar medidas participativa e
de mitigação dos Análise de conteúdo
participativa) Pesquisador
riscos da área de Análise estatística
 Análise documental.
formulação.

Fonte: Autora (2021)


39

3.5.Normas e legislações nacionais e internacionais utilizadas para consulta na


avaliação do risco.

 NP ISO 31000: 2012

A norma internacional ISO 31000, Risk management – Principles and guidelines


(Gestão de Riscos- Princípios e Linhas de Orientação) na sua versão portuguesa (NP ISO
31000:2013) fornece os princípios, a estrutura e o processo para a gestão de riscos. Foi
editada pela ISO (International Standard Organization), juntamente com outras normas
complementares, nomeadamente a ISO Guide 73 – Risk management – Vocabulary e a
ISO 31010 – Risk management - Risk assessment techniques (Técnicas de Apreciação
de Risco). Pode ser aplicada em todas as organizações independentemente da dimensão,
actividade ou sector. A implementação da gestão de riscos segundo esta norma, facilita
as organizações nas suas análises de risco e avaliações de risco, ao aumentar a
probabilidade de atingir os seus objectivos, nas identificações de oportunidades e eficácia
na alocação de recursos para o tratamento dos riscos.

 NP ISO 45001

É uma norma internacional para o Sistema de Gestão de Saúde e Segurança


Ocupacional (SGSSO), a qual traz como foco a melhoria do desempenho de qualquer
empresa em termos de Saúde e Segurança do Trabalho (SST). Objectivo desta norma é
proporcionar uma estrutura para gerir os riscos e as oportunidades para a SST. O objetivo
e os resultados pretendidos do sistema de gestão da SST são prevenir lesões e afeções da
saúde relacionadas com o trabalho e proporcionar locais de trabalho seguros e saudáveis;
consequentemente, é de extrema importância para a organização, eliminar os perigos e
minimizar os riscos para a SST através da adoção de medidas eficazes de prevenção e de
proteção. Quando estas medidas são aplicadas pela organização através do seu sistema de
gestão da SST, estas melhoram o desempenho da SST. Um sistema de gestão da SST
pode ser mais eficaz e eficiente quanto mais cedo adotar ações para tratar oportunidades
de melhoria do desempenho da SST.
40

 ISO 9001

Esta norma constitui uma referência internacional para a certificação de sistemas


de gestão da qualidade. A certificação de acordo com a ISO 9001 reconhece o esforço da
organização em assegurar a conformidade dos seus produtos e/ou serviços, a satisfação
dos seus clientes e a melhoria contínua (SEIFFERT , 2010). Com base nesta abordagem
percebe-se que a norma ISO 9001 fornece direcção e requisitos que auxiliam uma
instituição no período de desenvolvimento do produto ou serviço satisfazendo as
necessidades dos clientes, isto a partir da aplicação de um sistema de gestão de qualidade,
sistema este que ajudará na execução do trabalho de forma segura e com poucas
probabilidades de ocorrência de um incidente.

 Enquadramento jurídico da HSST em Angola

A Constituição da república de Angola estabelece o direito do trabalhador à


HSST, em conformidade com a lei, sendo os principais diplomas legislativos que contêm
disposições sobre HSST os seguintes: (i) A Constituição da República de Angola; (ii) Lei
Geral do Trabalho, Capitulo V, artigos 85° á 95°, publicado no Diário da República nº6,
de 11 de Fevereiro, de 2000 “Lei nº2/00"; (iii) Decreto executivo nº6/96, de 2 de
Fevereiro, publicado no Diário da Republica nº5; (iv) Decreto executivo nº21/98, de 30
de Abril, publicado no Diário da Republica nº30; (v) Decreto N.º 31/94 de 5 de Agosto,
que aprova os princípios para a promoção da higiene segurança e saúde no trabalho; (vi)
Decreto executivo nº40/86, de 13 de Outubro de 1986, publicado no Diário da República;
(vii) Decreto executivo nº53/05, de 15 de Agosto, publicado no Diário da República nº
97, I Série, que aprova o regime jurídico de acidentes de trabalho e doenças profissionais
41

4. ESTUDO DE CASO
4.1.Apresentação da Empresa

Esta pesquisa teve seu estudo de caso realizado na fábrica REVIVA, cujo objecto
social da empresa é a fabricação de produtos de higiene e limpeza. Situada em Luanda, é
parte do grupo Nuvibrands, com estrutura alicerçada e implementada com valores
fortemente enraizados no país e suas tradições, combinada com uma presença e apoio
permanente ao mercado Nacional, nomeadamente: clientes, distribuidores e parceiros,
surgindo assim com intuito de suprir as necessidades do mercado angolano, fornecendo
produtos de higiene.
Figura 5- Logotipo da fábrica Reviva

Fonte: Arquivos da Reviva (2021)

A Fábrica Reviva, localizada na zona do Kikuxi com uma área de 30.000 m2 e


uma capacidade instalada de mais de 60.000 ton/ano, tem como objectivo ser uma
referência de excelência na gestão da Qualidade, tendo para isso recrutado profissionais
com vasta experiência no negócio, que asseguram processos robustos e fiáveis e a
produção sempre de acordo com as especificações estabelecidas. As principais áreas de
actuação da fabricação de produtos de higiene, são:

 Higiene do Lar: Lava loiça, limpa vidros, Desinfetante das mãos e lixívia.

 Higiene Pessoal: Gel de banho, Amaciador, Sabonete em líquido, Loção corporal,


óleo corporal, álcool em gel.
42

4.2. Estrutura organizacional


4.2.1. Organograma
O organograma da empresa que segundo Dutra (2006) ela representa a
configuração geral dos cargos, das funções, autoridade e subordinação no ambiente
interno de uma organização. Deste modo, a figura 6 representa a configuração geral da
fábrica reviva.
Figura 6- Organograma da fábrica Reviva

Fonte: Arquivos da Reviva (2021)

4.2.2. Área de formulação


A área de formulação, como é designada a área de produção da fábrica, foi
campo de acção desta pesquisa. Como mostra a figura 7, está dividida pelas seguintes
sub-áreas:
43

Figura 7- Planta da Área de Formulação

Fonte: Arquivos da Reviva (2021)

 Armazém de matérias primas (vermelha): é o espaço físico destinado a


deposição das matérias-primas que serão usadas no processo para original o
produto.
 Sala de pesagem (verde): é o local destinado para a pesagem das matérias-primas
que são retiradas do armazém para o produto que se pretende produzir.

 Sala de lavagem (branca): é a sala na qual faz-se a lavagem de todos os


equipamentos, ferramentas e utensílios utilizados durante o processo.

 Sala de lixívia (preto): a sala de lixivia é a zona destinada a formulação somente


da lixivia onde existem misturados destinados somente a esse produto.

 Plataforma (laranja): é a área onde se encontram os misturadores e pré-


misturadores para executar a misturas das matérias-primas colocadas para dar
origem aos produtos.

 Sala de CIP (lilás): a sala de CIP é o local onde é realizada a programação


necessária que dá funcionamento aos equipamentos tanto os misturadores e
reservatórios e linhas.

 Reservatório (azul): zona destinada ao armazenamento dos produtos já


formulados e prontos para ir ao enchimento.
44

4.3. Descrição do Processo de Formulação

O processo de formulação refere-se essencialmente à mistura de matérias-primas


para a formação do produto final. Na Reviva, este processo compreende cinco etapas:
instrução de fabrico, retirada da matéria-prima, pesagem da matéria-prima, mistura e
transferência para o reservatório.

4.3.1. Instrução de fabrico

Todo o processo de formulação começa com uma lista de instrução de fabrico. É


neste documento onde constam os procedimentos e as demais informações inerentes ao
fabrico do produto pretendido, desde os tipos de matérias-primas, quantidades a produzir,
equipamentos a utilizar e outras características importantes.

4.3.2. Retirada da matéria-prima

Posteriormente à instrução de fabrico segue-se a etapa de retirada da matéria-


prima. Esta, refere-se ao transporte da matéria-prima do armazém à área de pesagem para
serem utilizadas no processo de produção a ser realizado. Esta retirada é feita com o
auxílio de empalhadeiras, paletes e outros acessórios que facilitem o transporte da mesma.

4.3.3. Pesagem da matéria-prima

Depois de ter as matérias-primas disponíveis e devidamente organizadas para o


processo em questão efectua-se a pesagem destas nas quantidades indicadas. Daqui, a
matéria-prima segue para a etapa de mistura.

4.3.4. Mistura

Na mistura ocorre a homogeneização da matéria-prima pesada e a água, nas


quantidades parametrizadas para a execução do processo. De referir ainda que, nesta
etapa, as quantidades ou a capacidade exigidas na instrução de fabrico serão as variáveis
determinantes para a escolha do misturador a utilizar, podendo ser um IBC, um pré-
misturador ou um misturador com capacidade de 5 ou 10 toneladas.
45

4.3.5. Reservatórios

Para finalizar o processo ocorrido na área da formulação, o produto, após


aprovação pela área de mistura, é transferido para reservatórios onde é armazenado para
posteriormente seguir à linha de enchimento.
A figura 8, descreve as principais actividades da área de formulação.

Figura 8- Fluxograma do processo de formulação

Fonte: Autora (2021)

O fluxograma da área de formulação da fábrica Reviva, vem descrever como são


feitos os produtos de higiene. Resumidamente processo inicia com a instrução de
fabrico que é onde se retrata todas as características do produto que será feito,
posteriormente verifica-se se as matérias-primas necessárias estão disponíveis em
armazém. Se as matérias-primas estiverem todas disponíveis faz-se a pesagem das
mesmas para se dar inicio ao processo, caso não estiverem disponíveis cancela-se a
produção deste produto. Depois da pesagem das matérias-primas dependendo da
46

quantidade de produto que se pretende produzir, é escolhido o misturador dependendo


da capacidade e da quantidade a ser produzida vai o produto. Por fim ao sair do
misturador verifica-se se o produto é de higiene pessoal ou higiene do lar e escolhesse
o reservatório indicado, após a verificação de qual reservatório deve ir, faz-se o envio
para o mesmo e se dá como concluído o processo da área da formulação.

4.4.Avaliação dos Riscos Associados ao Processo de Formulação


Como visto anteriormente, a avaliação de riscos começa pela sua identificação.
Sendo que esta foi conduzida, inicialmente, mediante a identificação dos indivíduos
potencialmente expostos aos riscos inerentes ao processo em estudo.
Na Tabela 3 podemos constatar que a área de formulação conta com cinco
funcionários, sendo um responsável, um técnico químico e três operadores. Estes, são
todos do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 27 e os 39 anos.
Concernente à observação, esta foi feita segundo o preenchimento de cinco questionários,
representando 100% da amostra estudada.

Tabela 4- Identificação dos colaboradores expostos ao risco

Categoria Número total Percentual (%)

Responsável da área 1 20

Técnico 1 20

Operador 3 60

Total 5 100

Fonte: Autor (2021)

Ainda sobre este ponto, impôs-se a necessidade de se fazer um levantamento


estatístico a respeito do número de ocorrências na empresa. O gráfico abaixo ilustra este
levantamento.
Nota-se através da ilustração acima uma tendência crescente no que se
refere ao desenvolvimento de acidentes de trabalho com o passar do tempo, a começar de
outubro de 2020 até abril de 2021, não tendo se registado qualquer ocorrência no período
anterior à este.
47

Gráfico 1 – Histórico de Acidentes de Trabalho na Reviva

Fonte: Arquivos da Reviva (2021)

Destas ocorrências, quatro colaboradores da área de formulação estão incluídos


na estatística como mostra o gráfico a seguir.

Gráfico 2 – Percentual de pessoas que já sofreram acidentes de trabalho

Fonte: Autora (2021)

Esta observação conduziu a dois questionamentos: o primeiro está relacionado à


opinião dos colaboradores sobre a higiene e segurança na área em questão; e o segundo,
tem a ver com a atribuição de responsabilidade das medidas de segurança. Estes dados
podem ser observados nos gráficos abaixo.
48

Gráfico 3- Opinião dos trabalhadores de HST e responsabilidade ligada à higiene e


segurança

Opinião dos trabalhadores sobre a higiene e Responsabilidade ligada à


segurança do trabalho higiene e segurança

Fonte: Autora (2021)

Nota-se, através do gráfico à esquerda, um conhecimento razoável da parte de


60% dos colaboradores no tocante aos riscos existentes na área de formulação, enquanto
os demais informaram ter um mau conhecimento sobre o assunto. No mesmo universo,
conforme o gráfico à direita, quatro destes colaboradores afirmaram ser responsabilidade
da empresa as questões voltadas à segurança no local de trabalho.
49

Percebe-se no presente gráfico que os funcionários declararam que 60% das

vibrações do meio são excessivas , 20% afirmam ser moderadas e outro 20% não

apresenta opinião relativamente ao risco, risco este que acaba causando efeitos diretos ao

operador como falta de concentração, problemas gastrointestinais, distúrbios no sistema

nervoso, danos a região espinal e danos na região espinal , 80% dos colaboradores

declaram que ruídos no ambiente são excessivos o que não é um resultado satisfatório

pois os funcionários expostos sobre o ruído a um período de trabalho prolongado acaba

afetando o desempenho durante a realização do seu do seu trabalho e afectar o sistema

nervoso podendo levar mesmo a perda auditiva e o ambiente térmico tem uma

representactividade de 80% o que também preocupante pelo facto de causar desconforto

no trabalhador durante a execução do seu trabalho

Gráfico 4:Classificação dos riscos físicos no ambiente de trabalho

Fonte: Autora (2021)

Questionado aos trabalhadores sobre a usa exposição aos riscos químicos


verificou-se que s 100% dos funcionários o que representa a população total da área da
formulação afirmam que a exposição aos produtos químicos é excessiva o que é muito
preocupante pelo facto de causar problemas graves desde irritações na pele, queimaduras
e podendo chegar até a explosão, intoxicação e asfixia, obtendo-se que 40% dos
funcionários o que representa 2 funcionários afirmam que a percentagem de poeira é
50

reduzida o que apesar de ser a minoria é preocupante pelo facto das doenças respiratórias
a qual os trabalhadores estão submetidos.

Segundo os funcionários as neblinas são consideradas de baixas a inexistentes.


Devido ao tipo de actividade prática pela empresa é impossível os trabalhadores não
estarem expostos aos riscos químicos com muita intensidade, sendo imprescindível o uso
de EPI´s a fim de combater os riscos a qual estão sujeitos.

Gráfico 5: Classificação dos riscos químicos no ambiente de trabalho

Classificação Dos Riscos Químicos

100%
80%
60%
40%
20%
0%
Excessiva Moderada Baixa Inexistent Sem
e opinião
Produtos químicos 100% 0% 0% 0% 0%
Poeiras 40% 20% 20% 20% 0%
Neblinas 0% 0% 50% 50% 0%

Fonte: Autora (2021)

Relativamente aos riscos ergonômicos em função das respostas obtidas do


questionário registrou-se que o esforço físico intenso, levantamento e transporte manual
de peso e a postura inadequada são excessivos, logo diariamente ocorre com muita
frequência a exposição dos funcionários a este risco. Embora seja um risco com muita
facilidade de ser corrigido o resultado obtido é grave pois acabam afetando a integridade
física ou mental do funcionário levando a problemas como fadiga, lesões e etc.
51

Gráfico 6: Classificação Dos Riscos Ergonômicos

Classificação Dos Riscos Ergonômicos

100%
80%
60%
40%
20%
0%
Excessiva Moderad Baixa Inexisten Sem
a te opinião
Esforço fisíco intenso 100% 0% 0% 0% 0%
Levantamento e transporte
100% 0% 0% 0% 0%
manual de peso
Postura inadequada 100% 0% 0% 0% 0%

Fonte: Autora (2021)

Para os riscos mecânicos, os funcionários identificaram como principais riscos a

iluminação inadequada e ferramentas inadequadas para manuseio. Em que 40% declaram

que a exposição de trabalho com a iluminação inadequada é excessiva, 40% afirmaram

ser moderada e 20%, não se pronunciou. Relativamente a este risco, é um dos mais

preocupantes, pois, a iluminação insuficiente poderá ocasionar acidentes como a pesagem

errada da matéria-prima. Para as ferramentas inadequadas, 40% afirmaram ser excessiva,

40% moderada e 20% afirmaram ser baixa, devendo ter muita atenção para evitar cortes

ou esforços desnecessários.

Gráfico 7: Classificação dos riscos mecânicos

Classificação dos riscos mecânicos

100%
80%
60%
40%
20%
0%
Excessiva Moderad Baixa Inexisten Sem
a te opinião
Iluminação inadequada 40% 40% 0% 0% 20%
Ferramentas inadequadas 40% 40% 20% 0% 0%

Fonte: Autora (2021)


52

Ainda a respeito do percentual de acidentes de trabalho registados durante o


período da pesquisa, o gráfico a seguir ilustra os factores associados à ocorrência destes.

Gráfico 8: Factores associados a ocorrência de acidentes

Fonte: Autora (2021)

A partir do ilustrado neste gráfico foi possível classificar e avaliar os riscos


existentes na área de formulação. Nas secções que seguem, esta classificação será
apresentada ao detalhe, para cada uma das etapas do processo em questão.
O uso de EPI’s é indispensável para proteger o profissional individualmente em todas as
actividades que irá realizar para que se evitem consequências negativas e para salvaguardar a
saúde e integridade dos trabalhadores, garantindo assim que as actividades realizadas com
segurança e eficiência.

Relativamente aos resultados obtidos é possível verificar que os equipamentos

essenciais para a realização desta actividade são fornecidos com uma correspondência de

100% de equipamento essenciais como: Óculos de proteção, Botas, Luvas e Máscaras. O

que é um resultado satisfatório.

E existindo outros equipamentos que se precisa melhorar colocando-se a disposição

dos trabalhadores e levá-los a usar, obtendo-se assim um percentual de 40% e 20%. E

relativamente a sinalização demonstra que tem sido muito bem compreendida e

considerada pelos funcionários verificando-se um percentual de 80%.


53

Gráfico 9: Medidas de proteção usada pela empresa

Fonte: Autora (2021)

A tabela descrita abaixo apresenta os riscos identificados, o seu nível de risco e a


prioridade de cada um deles, para se definir qual dos riscos devem ser priorizados e
determinar quais medidas correctivas devem ser utilizados e atenção que deve ser dada
aos respectivos riscos para controlo ou até mesmo a redução de criticidade dos riscos.

Tabela 5: Priorização dos riscos

ID Risco Nível de risco Prioridade


1 Contacto com químicos Crítico 1ª
2 Postura inadequada Sério 2ª
3 Inalação de poeira e gases Sério 2ª
4 Ferramentas inadequadas Sério 2ª
5 Levantamento manual de cargas Sério 2ª
6 Ruído Sério 2ª
7 Salpico de produtos químicos Moderado 3ª
8 Vibrações Moderado 3ª
9 Queda de matéria-prima Menor 4ª
10 Queda do operador Menor 4ª
11 Vibrações Desprezível 5ª

Fonte : Autora (2021)


54

Como ilustrado no gráfico ilustrado a baixo é possível verificar a sequência dos


riscos em função das suas prioridades, destacando os críticos como aqueles que precisam
de maior atenção, acompanhamento e controlo para que se evite danos e possa ser
reduzido o seu nível de criticidade e posteriormente encontram-se os riscos sério e
moderados que são os que exigem maior atenção que os riscos menor e desprezível que
são os que necessitam de pouca ou nenhuma atenção.

Gráfico 10: Priorização dos riscos na área da formulação

Priorização Dos Riscos Na Área Da Formulação

100

50

0
Contacto com químicos Postura inadequada
Inalação de poeira e gases Ferramentas inadequadas
Levantamento manual de cargas Ruído
Salpico de produtos químicos Vibrações
Queda de matéria-prima Queda do operador
Vibrações

Autora (2021)

4.4.1 Avaliação dos riscos da etapa de retirada das matérias-primas do armazém

Não havendo qualquer risco associado à actividade de instrução de fabrico,


começaremos por apresentar então os riscos associados a retirada da matéria-prima do
armazém. As observações feitas conduziram a elaboração da APR apresentada abaixo.
55

Quadro 9- APR (Retirada de Matéria-prima do armazém)

Fonte: Autora (2021)


56

Como se observa no quadro 9, há maior incidência dos riscos químicos (inalação


de poeira) e ergonômicos (postura inadequada) durante a retirada das matérias-primas do
armazém, sendo ambos de nível sério. O Diálogo Diário de Segurança, supervisão e a
lição de um ponto, para o caso dos riscos ergonômicos, fazem-se necessários como
medidas mitigadoras, de modo a evitar consequências mais gravosas como fadiga, insônia
e lesões da parte dos colaboradores. No que se refere aos riscos químicos, estes podem
incorrer em doenças respiratórias, pelo que o uso de máscaras de segurança, a ordem e
limpeza, o diálogo diário de segurança, sistema de ventilação e a redução do tempo de
exposição devem ser considerados como medidas de controlo e mitigação deste risco.
Apesar de terem uma incidência menor, também nesta etapa os riscos mecânicos
(quedas de matérias-primas) devem ser acautelados para não resultar em falhas humanas.
Recomenda-se para este caso o uso de botas antiderrapantes, proteção facial, DDS,
supervisão e procedimento operacional padrão.
Segundo a APR apresentada os riscos a serem priorizados são os riscos químicos
(inalação de poeira) e ergonômicos (postura inadequada) sendo corrigidos e aplicando
medidas de controlo e posteriormente o risco mecânico (queda de matéria-prima) se for
possível de ser melhorado.

4.4.1. Avaliação dos riscos durante a abertura dos sacos recipientes de matérias-
primas

Nesta etapa, a semelhança do que se viu na anterior, foram também identificados


os riscos químicos, ergonômicos e mecânicos. Se bem que com manifestações distintas,
como se constata no quadro a seguir.
Tratando-se dos riscos químicos, o salpico de produtos químicos tem um grau
moderado, devendo ainda assim ser controlado através de protecção facial, botas de
segurança, luvas protetoras, sistema de ventilação, supervisão, controlo médico e saúde
ocupacional e fichas de segurança. Por outro lado, a inalação de gases representa um nível
de risco sério, podendo resultar em irritabilidade ou asfixia, sendo um imperativo a
educação e treinamento e o POP (como medidas mitigadoras) e da máscara de segurança
para efeitos de controlo.
57

Também em grau moderado temos nesta etapa o risco ergonômico (postura


inadequada). Como medida mitigadora, propõe-se a adopção de sistemas de pausas, DDS
e LUP para poder-se evitar o cansaço físico e lesões a nível da coluna, braços etc.
O nível de riscos identificados indica que os riscos a serem priorizados são os
riscos químicos (inalação de gases) e mecânicos (ferramentas inadequadas) que precisam
ser corrigidos e aplicar medidas de controlo. Verificou-se também dois riscos de nível
moderado, risco químico (salpico de produtos químicos) e ergonômico (postura
inadequada) que são situações que precisam ser melhoradas com a elaboração de
programas.
58

Quadro 10- APR (Abertura dos recipientes de matéria-prima)

Fonte: Autora (2021)


59

Por fim, identificou-se também nesta actividade o risco mecânico (ferramentas


inadequadas), com potencial de provocar ferimentos aos colaboradores. Dada a sua
severidade crítica, propõe-se a utilização de luvas protetoras, supervisão, DDS e
procedimento operacional padrão como medida de controlo deste risco.

4.4.2. Avaliação dos riscos referentes a pesagem da matéria-prima

Também na actividade de pesagem contamos com os riscos identificados na etapa


anterior, isto é, químico ergonômico e mecânico. Estes são apresentados ao detalhe no
quadro abaixo.
60

Quadro 11- APR (Pesagem da matéria-prima)

Fonte: Autora (2021)


61

Pelo quadro acima, nota-se que o risco de contato com químicos tem a sua
probabilidade de ocorrência consideravelmente alta, podendo gerar queimaduras e
irritabilidade, pelo que o uso de luvas de segurança, óculos de proteção, máscara de filtro
e informação administrativa, Macacão de proteção contra produtos químicos, supervisão,
e diálogo diário de segurança deverá ser tida em conta, no que ao controlo deste risco diz
respeito. Sobre os riscos químicos, foi ainda identificada a possibilidade de inalação de
poeiras e gases, sendo necessário, para este caso, a limitação do tempo de exposição, a
educação e o treinamento e o sistema de ventilação como mecanismos de mitigação.
Sobre os riscos ergonômicos, a postura inadequada apresenta um nível moderado, não
sendo necessário qualquer medida de controlo. Ao passo que as medidas mitigadoras
desta etapa coincidem com os aplicados na etapa anterior. Por outro lado, o levantamento
manual de carga representa um riso sério, podendo resultar principalmente em lesões a
nível da coluna.
O risco mecânico associado ao manuseio de ferramentas inadequadas apresenta
uma incidência moderada, sendo por isso recomendado a melhorias dos equipamentos de
trabalho e o treinamento.

4.4.3. Avaliação dos riscos para a etapa de transporte da matéria-prima ao


misturador

Nesta etapa foi possível identificar Risco mecânico (queda de matéria-prima),


risco físico (ruídos) e riscos físicos (vibrações), risco ergonômico (levantamento manual
de cargas) e risco químico (inalação de gases). O quadro que segue apresenta ao pormenor
a APR para esta actividade tomando em conta cada um destes riscos.
62

Quadro 12- APR (Transporte de matéria-prima ao misturador)

Fonte: Autora (2021)


63

A nível dos riscos mecânicos e riscos físicos, a quedas de matérias-primas e as


vibrações apresentaram uma severidade moderada, podendo causar perdas patrimoniais,
lesões ou ferimentos caso medidas de controlo como DDS, supervisão, ordem e limpeza,
procedimento operacional e limitação do tempo de exposição não se tenham em conta. Já
o risco químico associado à inalação de gases apresenta uma severidade séria, impondo
o também o uso de máscaras de filtro, controlo médico e saúde ocupacional, supervisão,
a informação administrativa e o sistema de ventilação para dispersão das partículas como
medidas de controlo para consequências como asfixia, irritabilidade ou intoxicação.
Sobre os riscos ergonômicos, levantamento manual de cargas apresenta uma
severidade séria, exigindo medida de controlo como supervisão, limitação do tempo de
exposição, o DDS e a LUP devem ser consideradas para efeito de mitigação de problemas
ligados a lesões e problemas no sistema nervoso. Por outro lado, os riscos físicos, ruído
apresenta uma severidade de nível sério, podendo resultar em ruptura do tímpano, perda
da audição e afectar o sistema nervoso pelo que o isolamento acústico, limitação de tempo
de exposição, DDS e a supervisão devem ser implementadas para efeitos de controlo e
mitigação respectivamente.

4.4.4. Avaliação dos riscos para a etapa de transporte de produtos para o


reservatório

Por fim, para a operação de transporte de produtos para o reservatório,


incluem-se os riscos ergonômico, mecânico e físico. Mais informações sobre eles
podemos encontrar no quadro a seguir.
64

Quadro 13- APR (Transporte de produtos para o reservatório)

Fonte: Autora (2021)


65

Nota-se que o risco da postura inadequada e da queda do operador são ambos de


menor incidência, apresentando, por isso, as mesmas medidas de mitigação. Por sua vez,
o risco físico identificado nesta etapa (vibrações) tem um grau de ocorrência desprezível,
sendo necessária somente medida de controlo como limitação de tempo de exposição,
supervisão e controlo médico e saúde ocupacional, este risco está fortemente associado
ao surgimento de distúrbios nos sistemas nervoso e circulatório principalmente.
Os riscos ergonômicos (postura inadequada) e risco mecânicos (queda do
operador) apresentam um nível de risco que não carece de muita atenção e que deve ser
melhorado se possível.
Risco físico (vibrações) não necessita de uma intervenção a menos que se
justifique para uma análise mais pormenorizada.
66

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

A realização desta pesquisa permitiu analisar e avaliar os riscos existentes na área


de formulação de produtos de higiene. Durante este processo, constataram-se potenciais
cenários que podem causar doenças ocupacionais e acidentes de trabalho aos
colaboradores, pois acarretam inúmeros riscos. Desta forma chegou- se a conclusão que
os riscos que apresentam maiores níveis de risco são:
 Contacto com produtos químicos (com nível de risco crítico);
 Postura inadequada (com nível de risco sério)
 Inalação de poeiras e gases (com nível de risco sério);
 Ferramentas inadequadas para manuseio (com nível de risco sério);
 Levantamento manual de cargas (com nível de risco sério);
 Ruído (com nível de risco sério);

A etapa que apresenta maior nível de risco é a pesagem das matérias-primas, pois é a
única etapa que tem risco crítico e os demais riscos carecem de muito acompanhamento.
Segundo os dados obtidos vindo dos colaboradores, verificou-se que os mesmos
apresentaram preocupação relativamente aos riscos que estão expostos no local de
trabalho, 100% declaram estar expostos de modo excessivo a produtos químicos durante
a sua actividade diária, 80% afirmam trabalhar a riscos de ruido e ambiente térmico
desconfortável de modo excessivo o que acaba complicando muito a execução da sua
actividade. 100% dos colaboradores afirmam estar expostos de modo excessivo a esforços
físicos intensos, levantamento manual de carga e postura inadequada. Os mesmos
colaboradores, 40% afirmam trabalhar sob iluminação inadequada e com ferramentas
inadequadas para manuseio de modo excessivo e moderado. Estas preocupações fazem-
se sentir ao verificar-se que 80 % dos colaboradores da área já sofreram acidentes por
conta dos riscos acima referenciados.
Constatou-se ainda que:
 Os trabalhadores estão sujeitos diariamente no seu local de trabalho a certos tipos
de riscos nomeadamente: ao calor, produtos químicos, vibrações, poeira,
levantamento manual de cargas, posturas inadequadas, devidas as actividades que
realizam;
 Não existe uma comissão interna para prevenção de acidentes de trabalho desta
forma não existe supervisão dos trabalhos;
 Após a realização do inquérito (Apêndice), constatou-se que mais da metade dos
trabalhadores já sofreram acidentes de trabalho, alegando que há falta de
67

responsabilidade da empresa no que diz respeito à higiene e segurança no trabalho


e negligência por parte de alguns colaboradores;
 Não existe nenhum programa de sensibilização estabelecido para colaboradores,
sobre a importância de medidas de prevenção contra acidentes de trabalho.

Importa frisar que a avaliação dos riscos e a adopção de medidas de higiene e


segurança para prevenção dos mesmos, têm um impacto positivo para organização e a
saúde do colaborador, visto que, resultará na diminuição considerável dos acidentes de
trabalho e como consequência maior aumento da produtividade. A avaliação de riscos na
na fábrica Revivateve um impacto positivos porque os trabalhadores passaram a conhecer
os riscos de suas actividades, levando deste modo alguns a tomar mais cuidado na
realização das suas actividades e a importarem-se mais com o uso dos equipamentos de
proteção individual.
Portanto, os próprios trabalhadores também devem ser responsáveis pela sua
segurança, cumprindo as medidas disponíveis para a sua protecção, e não somente a
entidade patronal. Quando as pessoas adoptam comportamentos susceptíveis aos riscos,
os bons resultados não aparecem.

Sugestões para empresa


Como consequência da avaliação de riscos realizada na Reviva, recomenda-se:
 A criação de uma comissão interna de prevenção de acidentes de trabalho;
 A realização de diálogos diários de segurança, para sensibilização dos
colaboradores sobre a importância do cumprimento das medidas de prevenção,
conservação e estima dos equipamentos;
 Formar e informar aos trabalhadores acerca dos primeiros socorros;
 A avaliação periódica dos riscos existentes na organização do ponto de vista da
HST, bem como a adoção de uma metodologia para gestão dos riscos;
 Elaboração de um mapa de riscos com acções e prazos para a o tratamento de
riscos, bem como o seu responsável;
 A redução do tempo que os colaboradores estão expostos, por via de alternância
das actividades, para diminuição do tempo a que estão expostos a determinado
risco;
68

 Incentivar os colaboradores a cultura de prevenção de acidentes com a realização


de seminários ou actividades voltados a este tema.
Sugestões para futuros trabalhos
 Avaliação do impacto das medidas de tratamento e controlo dos riscos no processo
de formulação;
 Avaliação quantitativa dos riscos com apoio de instrumentos de medição como o
decibelímetro.
 Avaliação do impacto das medidas de protecção contra acidentes de trabalho no
processo de formulação;

Limitações de estudo
As principais limitações encontradas para essa pesquisa foram:

 Indisponibilidade de informações voltadas a custos por parte da empresa, que


permitiriam fazer uma análise de como a avaliação de influencia nos custos
voltados a ocorrência de acidentes.
 Não foi permitido tirar fotos da área em estudo
 Ausência de instrumentos para que se fizesse a análise quantitativa dos riscos
existentes no processo;
 Resistência dos colaboradores ao uso dos EPIs
69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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70

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de orientação para a implementação da norma NP 4397: IPQ – Instituto Português
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2004.
 Cardella, B. Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes. São Paulo: Atlas
S.A, 2010.
71

APÊNDICE A - ROTEIRO DO INQUÉRITO FEITO AOS FUNCIONÁRIOS

O presente inquérito tem como objetivo registar as opiniões dos trabalhadores que
trabalham no processo de formulação dos produtos da fábrica Reviva, com vista a
recolher informações relativamente às condições ambientais de trabalho existentes, ao
cumprimento das normas de Higiene e Segurança no Trabalho, as principais causas de
acidente de trabalho, e saber quais as implicações que estes fatores poderão ter a saúde
dos trabalhadores.

Trata-se simplesmente de um trabalho académico e destina-se a fins científicos, daí a


garantia total sigilo e anonimato das opiniões proferidas, O sucesso deste trabalho
depende da sua cooperação, por isso agradece-se que responda com sinceridade as
perguntas formuladas.

1. Feminino Masculino
1. Idade__________
2. Função que exerce actualmente ______________
3. Horário de trabalho praticado:
Manhã Noite
4. Quantas horas trabalhas por dia?
8 horas diárias 12 horas diárias
5. A quanto tempo trabalha na empresa?
6. Qual a sua opinião sobre a Segurança de modo geral na empresa?

Classificação Excessiva Moderada Baixa Inexistente Sem opinião

R Físicos Vibrações Vibrações Vibrações Vibrações Vibrações


Ruído Ruído Ruído Ruído Ruído
Ambiente Ambiente Ambiente Ambiente Ambiente
I térmico térmico térmico térmico térmico
Químicos Produtos Produtos Produtos Produtos Produtos
químicos químicos químicos químicos químicos
S Poeiras Poeiras Poeiras Poeiras Poeiras
Neblinas Neblinas Neblinas Neblinas Neblinas
Biológicos Bactérias Bactérias Bactérias Bactérias Bactérias
Fungos Fungos Fungos Fungos Fungos
72

C Parasitas Parasitas Parasitas Parasitas Parasitas


Ergonômicos Esforço físico Esforço físico Esforço Esforço Esforço físico
O intenso intenso físico físico intenso
intenso intenso
Levantamento Levantamento Levantamento
S e transporte e transporte Levantament Levantament e transporte
manual de manual de oe oe manual de
peso peso transporte transporte peso
manual de manual de
Postura Postura peso peso Postura
iniquada iniquada iniquada
Postura Postura
iniquada iniquada
Acidentes Iluminação Iluminação Iluminação Iluminação Iluminação
inadequada inadequada inadequada inadequada inadequada

Ferramentas Ferramentas Ferramentas Ferramentas Ferramentas


Inadequadas Inadequadas Inadequadas Inadequadas Inadequadas

7. Que medidas de protecção a empresa tem para se prevenir?


Capacetes de segurança
Óculos de protecção (com ou sem viseira)
Botas de biqueira de aço e antiderrapantes
Luvas de protecção
Vestuário adequado
Auriculares/ auscultadores
Máscaras/ dispositivos filtrantes
Exaustores de gases e vapores
Exames médicos periódicos
Piso antiderrapante
Placas de sinalização
Outra(s)
Qual(ais)? ___________________________________________________

8. Já alguma vez sofreu algum acidente no local de trabalho?


Sim Não v

Tipo de acidente:
Atingido por objecto Libertação de gases
Corte/feri da Choque com objecto
Queimadura Entalamento
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Exposição Hiper-reforço
Penetração por objecto Queda em altura
Queda ao mesmo nível Lesão provocada pelo não uso de um EPI
Outro
Qual? __________________________

9. De quem é a responsabilidade de Higiene e Segurança no trabalho?

Empresa Trabalhador

10. Qual a sua opinião sobre a Segurança na empresa?


Muito boa
Boa
Razoável

Sem opinião

11. O que acha que poderia ser feito para melhorar a Higiene e a Segurança na
Empresa?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

Obrigado pela sua colaboração


74

APÊNDICE B - MAPA DE RISCO DA ÁREA DA FORMULAÇÃO


75

APÊNDICE C – PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO


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APÊNDICE D – LIÇÃO DE UM PONTO

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