39 - RDC 67 21 12 2009
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CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS
Seção I
Objeto
Art. 1° Esta Resolução estabelece os requisitos gerais de tecnovigilância a
serem adotados por todos os detentores de registro de produtos para a saúde sediados
em território nacional.
Art. 2° Para fins desta Resolução entende-se como tecnovigilância o sistema de
vigilância de eventos adversos e queixas técnicas de produtos para a saúde na fase de
pós-comercialização, com vistas a recomendar a adoção de medidas que garantam a
proteção e a promoção da saúde da população.
Art. 3° Para fins desta Resolução entende-se como detentor de registro de
produto para a saúde o titular do registro de produto para a saúde junto à Anvisa.
Parágrafo único. O detentor de registro é o responsável legal pelo produto para
a saúde registrado em seu nome no Brasil e, como tal, é quem deve responder às
autoridades sanitárias sobre qualquer queixa técnica, evento adverso, situação de
séria ameaça à saúde pública, alerta, ação de campo e demais ocorrências que
representem risco sanitário e que estejam relacionadas aos seus produtos.
Seção II
Definições
Art. 4° Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:
I - alerta: comunicação escrita direcionada aos profissionais de saúde,
pacientes, usuários, setor regulado e à comunidade em geral, cujo objetivo é informar
a respeito do risco de ocorrência de evento adverso relacionado ao uso de produto
para a saúde;
II - ação de campo: ação realizada pelo fabricante ou detentor de registro de
produto para a saúde, com objetivo de reduzir o risco de ocorrência de evento
adverso relacionado ao uso de produto para saúde já comercializado;
III - evento adverso: qualquer efeito não desejado, em humanos, decorrente do
uso de produtos sob vigilância sanitária;
IV - evento adverso grave: evento adverso que se enquadra em pelo menos
uma das seguintes situações:
(a) leva a óbito;(b) causa deficiência ou dano permanente em uma estrutura do
organismo;(c) requer intervenção médica ou cirúrgica a fim de prevenir o
comprometimento permanente de uma função ou estrutura do organismo;(d) exige
hospitalização do paciente ou prolongamento da hospitalização; e (e) leva a
perturbação ou risco fetal, morte fetal ou a uma anomalia congênita;
V - evento adverso não-grave: qualquer outro evento adverso que não esteja
incluído nos critérios de evento adverso grave;
VI - gerenciamento do risco: aplicação sistemática de políticas, procedimentos
e práticas, com objetivo de analisar, avaliar e controlar riscos;
VII - instruções de uso: manuais, prospectos e outros documentos que
acompanham o produto para a saúde, contendo informações técnicas sobre o
produto;
VII - notificação: ato de informar a ocorrência de evento adverso ou queixa
técnica envolvendo produtos para a saúde para os detentores de registro, autoridades
sanitárias ou outras organizações;
VIII - produto para a saúde: produto que se enquadra em pelo menos uma das
duas categorias descritas a seguir: (a) produto médico - produto para a saúde, tal
como equipamento, aparelho, material, artigo ou sistema de uso ou aplicação médica,
odontológica ou laboratorial, destinado à prevenção, diagnóstico, tratamento,
reabilitação ou anticoncepção e que não utiliza meio farmacológico, imunológico ou
metabólico para realizar sua principal função em seres humanos, podendo,
entretanto, ser auxiliado em suas funções por tais meios; (b) produto para
diagnóstico de uso in vitro - reagentes, padrões, calibradores, controles, materiais,
artigos e instrumentos, junto com as instruções para seu uso, que contribuem para
realizar uma determinação qualitativa, quantitativa ou semi-quantitativa de uma
amostra proveniente do corpo humano e que não estejam destinados a cumprir
alguma função anatômica, física ou terapêutica, que não sejam ingeridos, injetados
ou inoculados em seres humanos e que são utilizados unicamente para prover
informação sobre amostras obtidas do organismo humano;
IX - queixa técnica: qualquer notificação de suspeita de
alteração/irregularidade de um produto/empresa relacionada a aspectos técnicos ou
legais, e que poderá ou não causar dano à saúde individual e coletiva;
X - rastreabilidade: habilidade de descrever a história, aplicação, processos e
localização de um produto, a uma determinada organização, por meios de registros e
identificação;
XI - risco: combinação da probabilidade de ocorrência de dano e da gravidade
deste dano;
XII - séria ameaça à saúde pública: qualquer tipo de ocorrência que resulta em
risco iminente de morte, lesão grave ou doença séria que requer uma rápida medida
corretiva; e
XIII - Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS): constituído pelo
Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Centros de
Vigilância Sanitária (Visas) Estaduais, do Distrito Federal e Municipais.
CAPÍTULO II
DA TECNOVIGILÂNCIA NA EMPRESA
Art. 5° O detentor de registro de produto para saúde deve designar por
documento escrito pelo menos um profissional com formação em nível superior, com
registro em conselho de classe, como responsável pela área de tecnovigilância da
empresa.
Art. 6° O detentor do registro de produto para saúde deve estruturar e
implantar um sistema de tecnovigilância em sua empresa, de modo a:
I - prever e prover os recursos necessários ao cumprimento das disposições
desta Resolução;
II - padronizar e garantir o cumprimento dos protocolos e procedimentos
realizáveis na área de tecnovigilância, em consonância com o sistema da qualidade
da empresa;
III – garantir um efetivo gerenciamento dos riscos associados aos seus
produtos;
CAPÍTULO III
DA NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA
Art. 8° O detentor de registro de produto para saúde deve notificar ao SNVS
No mais rapidamente possível, atendendo aos seguintes prazos:
I - No prazo máximo de 72 (setenta e duas horas) corridas após conhecimento,
as seguintes ocorrências verificadas em território nacional e associadas a produto
para saúde registrado em seu nome:
a) óbito;
b) séria ameaça à saúde pública; e
c) falsificação.
II - No prazo máximo de 10 (dez) dias corridos após conhecimento, as
seguintes ocorrências verificadas em território nacional e associadas a produto para
saúde registrado em seu nome:
a) evento adverso grave, sem óbito associado;
b) evento adverso não grave, cuja recorrência tem potencial de causar evento
adverso grave em paciente, usuário ou outra pessoa.
III - No prazo máximo de 30 (trinta) dias corridos após conhecimento, queixa
técnica verificada em território nacional e associada a produto para saúde registrado
em seu nome, que possa levar a evento adverso grave em paciente, usuário ou outra
pessoa, desde que pelo menos uma das condições abaixo seja verificada:
a) a possibilidade de recorrência da queixa técnica não é remota;
b) uma ocorrência do mesmo tipo já causou ou contribuiu para óbito ou sério
dano à saúde nos últimos dois anos;
CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 12. Eventos adveros ou queixas técnicas em decorrência da utilização dos
produtos para a saúde citados na notificação ao SNVS que possam configurar
infração à legislação sanitária federal serão apurados mediante devido processo
administrativo.
Parágrafo único. A notificação de eventos adversos ou queixas técnicas ao
SNVS não implica a imediata responsabilidade do detentor de registro por eventos
danosos causados a outrem em decorrência da utilização do(s) produto(s) para saúde
citado(s) na notificação.
Art. 13. Sem prejuízo de outras cominações legais, inclusive penais, de que
sejam passíveis os responsáveis técnicos e legais, a empresa responderá
administrativa e civilmente por infração sanitária resultante da inobservância desta
Resolução e demais normas complementares, nos termos da Lei n° 6.437/77.
Art. 14. Caberá à Anvisa e aos demais membros do SNVS, no âmbito de suas
competências e mediante pactuação de responsabilidades, a adoção de medidas ou
procedimentos para os casos não previstos nesta Resolução.
Art. 15. Fica estabelecido o prazo de 180 (cento e oitenta) dias para que a
Anvisa disponibilize as ferramentas e sistemas necessários para o cumprimento das
determinações previstas nesta Resolução.
Art. 16. Fica estabelecido o prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias para os
detentores de registro de produtos para a saúde se adequarem a esta Resolução.
Art. 17. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
DIRCEU RAPOSO DE MELLO