O Patologizar - James Hillman

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As relações entre a psicopatologia e

o patologizar

A visão de James Hillman


A ferida e o olho são um só...
Patologia e insight não são opostos para a Psique
O patologizar não é um campo, mas um fundamento,
um fio condutor de nosso ser, trançado em cada complexo
O sintoma
Estranho
Estrangeiro ao Ego
Incompreensível
Sofrimento

Uma ponte para o “inconsciente”


Psicopatologia e individualidade.
O medo de sermos o que realmente somos envolve
o aspecto psicopatológico da individualidade.

Tommy Ingberg
A experiência patológica confere um indelével sentido de alma,
Diferente do que pode ser dado pelo amor, beleza ou religião.

Sabor distinto, amargor, salinidade...

Uma ferida que aguça a sensibilidade...

Joe Fig
Os eventos patologizados são centrais para a experiência da alma.
Há uma necessidade psicológica para a atividade patologizante.

Ilusões, depressões, ideias supervalorizadas, vôos maníacos,


raivas, ansiedades, compulsões, perversões, medos, culpas,
fracassos...

O que destrói e é destruído; o que está quebrado e dói...

Elton Fernandes
Psicopatologia e Medicina
Modelo médico.
O sintoma como doença.
Fantasia do tratamento (alívio do sofrimento).
A psicologia tenta se afastar do
modelo médico, e se aproximar
de modelos de comunicação,
sociais, afetivos e espirituais.
Mas o patologizar pode
continuar sendo negligenciado...

Vincent Cacciotti
A terapia pode só querer integrar, tornar o ego mais forte (a busca do UM).
Não respeita a desintegração, as várias vozes da Psique.
Se a desintegração é excluída, a integração perde sentido.
Quer sintetizar ao invés de analisar; integrar ao invés de diferenciar.

Flora borsi
Raquel Baran

A doença/sofrimento abre as portas


para uma realidade que se mantém
fechada sob o ponto de vista da saúde.
Psicopatologia e “Medicina”
O perigo da dependência das profissões de ajuda em relação
à fantasia de doença (terapia profissional).
O diagnóstico é dado, o sofrimento é literalizado, e a partir daí
somente o terapeuta conhecerá a saída...

O sistema de saúde seria sobrecarregado pela


fantasia de doença, e não pela doença em si
Mas a terapia também pode ser o lugar onde nos envolvemos com o Pathos.
A análise fornece o vaso no qual o patologizar inconsciente pode derramar-se
e ser cozido o tempo necessário para que seu significado emerja.

Tomasz Kopera

Uma tentativa de devolver alma ao sintoma


O sintoma como um lugar central de valor na vida
Psicopatologia e religião
A religião contém o patologizar.
Quando ela se enfraquece, ele se libera.
Acusações de Nietzsche, Freud e Marx, de que ela nos torna inconscientes...
Cristianismo e psicopatologia
A predominância da imagem da cruz
Amor e sofrimento interligados, com a busca da crucificação/sacrifício
Cristo como um monomito pode incorporar diversas figuras, como
Apolo, Eros, Hércules, Mithra.
O indivíduo pode imitar uma delas, sem estar
consciente dessas múltiplas possibilidades.
Sofremos por ser doentes ou pecadores,
e a nossa cura se encontra na ciência ou na fé

O patologizar é arquetípico.
A fantasia de doença é primária, e modelo médico ou
religioso apenas maneiras de nos engajarmos à ela.
Podemos aguentar o sintoma como um herói, merecê-lo como um mártir,
tratálo como um doutor, vivenciá-lo como uma punição, etc.
O objetivo não é negar a percepção
médica ou religiosa,
mas vê-las como perspectivas,
e colocar também a psicológica.

Enxergar a necessidade de patologizar


em cada situação,
com seus propósitos e valores...
O patologizar é uma das maneiras de se imaginar a vida,
através de uma perspectiva deformada e aflita.
É válido, autêntico e necessário.
O que o patologizar pode estar
dizendo sobre a alma?

O que a alma diz através dele?

É necessário buscar a compreensão


antes do tratamento,
no nível individual,
fenomenológico
e ateórico.

Vincent Cacciotti
Para ficar com a Psique,
temos que esquecer a vontade de aliviar ou corrigir.
Dar espaço para o decaído, o bizarro, a dor e o fantástico.
Ficar na confusão, no medo, para aprofundar.
Apreender o que a imaginação faz em sua loucura particular.
Acompanhar a psique e tentar enxergá-la de uma perspectiva mítica.
O método não é abandonado.
Busca-se uma história e
um diálogo com as imagens.

O patologizar produz figuras


que tem o poder de nos mover

Nicola Verlato
Ao me afastar dos sintomas, aumento sua autonomia.
E isso é diferente de apenas se entregar a compulsões e impulsos.
Porque nesse caso não me aproximo,
dialogo, com eles (as diversas pessoas da psique).

Objetivo: Ver o patologizar como uma linguagem metafórica.


Uma das “línguas” que a Psique usa para se descrever, como os sonhos
Um estilo culposo diante do patologizar pode ser visto como uma
inflação do Ego, ou como defesa contra fantasias arquetípicas.

Tentar associar a culpa aos deuses, e não ao Ego (que busca a perfeição).

Para quem estou sentindo culpa? A qual mito pertence minha aflição?
Do que estou esquecendo, que fator arquetípico preciso incluir na minha vida?
Algo na Psique está falando, chamando à reflexão.
O patologizar ajuda a nos afastarmos das normas e ideais.
Contra a ditadura do herói, a favor das diferentes figuras da imaginação.

Janusz Orzechowski)
O patologizar não nos deixa escapar do espaço
fechado necessário para o cultivo da alma.
Calor, opressão e intensidade, que são
antídotos para as inflações espirituais.
Profundidade e lentidão.
Patologizar é um modo de mitologizar.
A reversão como um método.
Platão (a busca dos originais da consciência)

Busca das encenações míticas, e das intenções obscuras de seus autores,


levantando quais naturezas e poderes estão presentes.

Freud fez isso com o mito de Édipo, mas depois foi reducionista.
Perigo: usar a mitologia para se rotular síndromes.

Não se busca uma nova forma de classificar a psicopatologia,


mas sim de a experimentarmos.

Observar o seu trabalho intrapsiquicamente dentro de nossas fantasias,


e daí através delas em nossas ideias, valores, moralidades, sentimentos...
A psicologia arquetípica se preocupa mais em criticar, em
Buscar significados alternativos, do que em estabelecer princípios

A psicologia profunda não quer deixar as doenças para trás, e por isso
Quer valorizar até os termos dos manuais, não como realidades literais,
E nem como convenções profissionais, mas como fontes de reflexão e
Modos de encontrar-se dentro de um mito.
FIM

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