Eurýnomê & Ophíôn
Eurýnomê & Ophíôn
Eurýnomê & Ophíôn
EURYNOME
CONSORTES E DESCENDÊNCIA
Após a ascensão do patriarcado, Eurýnomê foi injustamente
rebaixada ao status de amante de Zeús, e de criadora, passou a ser
considerada apenas uma Ôkeanís, filha de Okeanós e Têthýs. Sendo
assim, Eurýnomê se tornou a deusa das águas, dos prados e pastos, e uma
das maiores Ôkeanídes. Ela foi a terceira esposa de Zeús, que gerou com
ele as três Khárites, deusas da beleza e da graça, Euphrosýnê, Aglaía e
Tháleia. Eurýnomê também era considerada a deusa do rio Neda, na
Arkadía, e a mãe do rio Asôpós.
FILIAÇÃO
Do nada – Orphikoí, Theogonía
Ôkeanós – Apollónios Rhódios, Pausanías, Hómêros
Ôkeanós & Têthýs – Hesíodos, Apollódôros, Hyginus.
DESCENDÊNCIA
Descendência desconhecida (com Ophíôn) – Orphikoí, Theogonía
Asôpós (com Zeús) – Apollódôros
Khárites: Euphrosýnê, Aglaía, Tháleia – Hesíodos, Apollódôros,
Kallímakhos, Hyginus.
MITOLOGIA
Todavia, mesmo na versão pratiarcal da mitologia, Eurýnomê e seu
consorte Ophíôn, reinaram no monte Olýmpous sob os Titánes, antes da
revolta de Krónos, mas quando este derrotou seu pai, Eurýnomê foi
vencida por Rheía e lançada às profundezas de Ôkeanós.
"Kronídes [Zeús se regozija sobre o corpo derrotado de Typhoeús,
enviado por Gaía para defender a causa dos Titánes] riu em voz alta, e
zombou dele como uma torrente de palavras saindo de sua garganta
zombeteira: Um bom aliado o antigo Krónos encontrou em você,
Typhoeús! Gaía dificilmente poderia gerar esse grande filho com Iapetós.
Um alegre campeão dos Titánes... trazer de volta Astraios para o céu; se
quiser, deixe Eurýnomê e Ophíôn retornar para o céu, e Kronos no
comboio desse par!" – Nónnos, Dionysiakás.
CULTO SAGRADO
Sob o nome de Eurýnomê se adorava Ártemis, na cidade de
Phigalía, na Arkadía, o que deixa a hipótese de que o culto dessas duas
deusas foram fundidos em um só. Lá havia um santuário de difícil acesso,
que era aberto apenas uma vez por ano para realizar sacrifícios públicos e
privados. Se peregrinos penetrassem no santuário, iriam encontrar a
imagem da deusa como uma mulher com calda de serpente, presa por
correntes de ouro. Nesta forma, Eurýnomê do mar era considerada a mãe
de todos os prazeres.
"O rio Lymax (depois de sua nascente) cai no Neda [na Arkadía]. Onde as
correntes se encontram localiza-se o santuário de Eurýnomê, um local
sagrado desde a antiguidade e de difícil aproximação por causa da
aspereza do solo. Ao seu redor muitas árvores de ciprestes, crescem juntas.
O povo de Phigalía acredita que Eurýnomê seja um sobrenome de Ártemis.
Alguns dentre eles, no entanto, que descendem das antigas tradições,
declaram que Eurýnomê era filha de Ôkeanós, a quem Hómêros menciona
na Ilíada, dizendo que, juntamente com Thétis recebeu Hephaístos. no
mesmo dia, a cada ano eles abrem o santuário de Eurýnomê, mas em
qualquer outro momento é uma transgressão para eles abri-lo. Nessa
ocasião sacrifícios também são oferecidos pelo Estado e por indivíduos. Eu
não cheguei na estação do festival, e eu não vi a imagem de Eurýnomê,
mas, os phigalioi me disseram que correntes de ouro prendem a imagem de
madeira, que representa uma mulher, até o quadril, mas abaixo desta um
peixe. Se ela é filha de Ôkeanós, e vive com Thétis no fundo do mar, o
peixe pode ser considerado como uma espécie de emblema dela. Mas não
poderia haver ligação provável entre sua forma e Ártemis." – Pausanías,
Descrição da Grécia.
OPHION
FILIAÇÃO
Do nada – Orphikoí, Theogonía
Ôkeanós – Apollónios Rhódios, Pausanías, Hómêros
Ôkeanós & Têthýs – Hesíodos, Apollódôros, Hyginus.
DESCENDÊNCIA
Descendência desconhecida (com
Eurýnomê) – Orphikoí, Theogonía
NOTA PESSOAL
1. Eurýnomê era, provavelmente, a mesma que a Titanís Têthýs
cujos filhos Potamoí alimentavam as pastagens (nomía) com o fluxo de
suas águas. O marido de Eurýnomê, Ophíôn, que significa "Serpente", era
semelhante ao marido de Têthýs, Okeanós, que na arte clássica era
representado com uma cauda serpentina de peixe no lugar de pernas e
segurando uma serpente (ophís).
2. É provável que Ophíôn e Eurýnomê, filha de Ôkeanós, também
fossem igualados com Ouranós (Céu) e Gaía (Terra). Na teogonia órfica
Gaía, sob o nome de Phúsis, era a filha do Hýdros (Água) e Thésis, deuses
primordiais semelhantes a Ôkeanós e Têthýs. Foi Krónos quem derrotou
Ouranós pelo o trono do céu no mito de Hesíodos.
3. Eurýnomê, esposa de Ophíôn, também foi identificada com
Eurýnomê, a mãe das Khárites com Zeús. Ambos eram deusas do pasto. As
Khárites presidiam sobre a primavera. Ela também era a nutriz de
Hephaístos, que assim como Eurýnomê, no mito órfico, ele foi expulso do
céu para o rio Ôkeanós.
4. Na teogonia órfica, Ophíôn e Eurýnomê aparentemente foram
equiparados aos deuses primordiais, Khrónos e Anánkê e também com o
primogênito Phánes.