Sobre Pedagogia I. Kant

Faculdade de Letras e Ciências Sociais
Departamento de Línguas
Ensino de Português
História e Filosofia da Educação
2º Ano - Laboral 1º Semestre
Discentes:
António Rungo
Atália Maússe
Esdras Decaijo
Rosta Nhacuongo
Docente:
Baltazar Transval
Immanuel Kant
Sobre a pedagogia, Tradução de Francisco Cock Fontanella. 2ª ed. Piracicaba: Editora

Unimep, 1999.
Immanuel Kant foi um filósofo prussiano. Amplamente considerado como o principal

filósofo da era moderna, Kant operou, na epistemologia, uma síntese entre o
racionalismo continental, e a tradição empírica inglesa. Nasceu a 22 de abril de 1724,
Königsberg; e faleceu a 12 de fevereiro de 1804, Königsberg.Tendo se formado na
Universidade de Conisberga (1770), Universidade de Conisberga (1755), Collegium
Fridericianum (1740) e mais. Ele foi Influenciado por: René Descartes, Aristóteles,
Platão (etc). Kant foi um filósofo alemão, fundador da “Filosofia Crítica” - sistema que
procurou determinar os limites da razão humana. Sua filosofia foi sintetizada em suas
três obras principais: “Crítica da Razão Pura”, “Crítica da Razão Prática” e “Crítica do
Juízo”.
Síntese do texto
Segundo Kant, A Educação é uma arte cuja prática necessita ser aperfeiçoada por
várias gerações, daí que um princípio de pedagogia diz: Não se deve educar as crianças
segundo o presente de estado da espécie humana mas segundo a ideia de
humanidade e de sua inteira destinação. Immanuel Kant diz que a educação vai regular
vai até aos 16 anos. A sujeição do educando pode ser positiva: quando faz aquilo que
lhe é mandado, enquanto não pode ainda julgar por si mesmo, tendo apenas a
capacidade de imitar. Negativa enquanto o educando deve fazer aquilo que os outros
desejam, se quer eles; por sua vez, façam algo que lhe seja agradável. Kant acrescenta
ainda que a pedagogia ou doutrina da educação divide-se em física e prática. A
Educação Física é o que o homem tem em comum com os animais, ou seja, os
cuidados com a vida corporal. A Educação prática ou moral (chama-se prática tudo
aquilo que se refere a liberdade) é aquela que diz respeitgo à construção (cultura) do
homem, para que possa viver como um ser livre. A educação consiste 1. Na cultura
escolástica ou mecânica a qual diz respeito à habilidade: é, portanto, didático
(informator); 2. Na formação pragmática, a qual se refere a prudência; 3. Na cultura
moral, tendo em vista a moralidade. No que toca a habilidade requer se que seja sólida
e não passageira. A prudência consiste na arte de aplicar aos homens a nossa
habilidade e uma dessas artes da aparência que é o decore cujo objectivo é esconder
os próprios defeitos e manter aparência externa. Para além destes tipos de educação,
existe a Educação rígida que é aquela que nos afasta das comodidades, devendo ser
impositiva, mas nem por isso, escravizante. Na educação o Homem deve portanto: 1.
Ser disciplinado. Procurar impedir que animalidade prejudique o carácter humano,
tanto no indivíduo, como na sociedade. Portanto a disciplina consiste em domar a
selvageria; 2. Tornar-se culto. A cultura abrange a instrução e vários conhecimentos. É
a criação de habilidade e é a posse de uma capacidade condizente com todos os fins
que almejamos; 3. A educação cuida do homem para que seja prudente que
permaneça em seu lugar na sociedade e que seja querido e tenha influência; 4. Deve
por fim, cuidar da moralização. O Homem não se sente a vontade sem fazer nada, pois
o ócio atormenta. Ex: Adão e Eva no paraíso terrestre lado a lado cantando canções
pastorais e contemplando a beleza da natureza. Isso os atormentaria. O homem deve
permanecer ocupado, de tal forma que tendo em vista o fim que almeja, se realize sem
sentir-se a si mesmo e que o seu melhor repouso seja aquele que sucede o trabalho.
Kant defende a criação de escolas experimentais antes de criar escolas normais. A
única escola experimental foi o Instituto de Dessau. Entretanto defende que a
obediência é um elemento essencial do carácter de uma criança. A criança deve
aprender a reverenciar a Deus primeiro como Senhor da sua vida e do universo; depois
como providente e finalmente como seu Juiz. Kant reitera que se quisermos solidificar
o carácter moral das crianças, urge seguir o que se segue. É preciso ensinar-lhes da
melhor maneira através de exemplos e com regras, deveres a cumprir. Esses deveres
são aqueles costumeiros, que as crianças têm em relação a si mesmas e aos demais. a)
Deveres para consigo mesmos: consistem em conservar uma certa dignidade interior,
a qual faz do Homem a criatura mais nobre de todas; b) Deveres para com os demais:
Deve-se inculcar nas crianças o respeito e atenção aos direitos humanos e procurar
assiduamente que os ponha em práctica. Ex: Se uma criança encontra um pobre e o
afasta rudemente do seu caminho e bate nele, não se deve dizer "não faça isso, isso
machuca, tenha dó, é um pequeno infeliz..." ao contrário deve ser tratada com a
mesma arrogância e deve-se fazê-la sentir vivamente quanto sua conduta é contrária
ao direito da humanidade.
Entendimento do grupo
De acordo com o entendimento do grupo no que tange ao texto sobre pedagogia Kant,
compreende-se que a educação é um processo que cabe inteiramente ao Homem e
apenas a ele, tendo em vista que o Homem é seu sujeito, objeto e objectivo. A
educação deve ter 4 bases, em que é iminente uma disciplina no homem para que se
impeça que o homem seja desviado do seu destino, aquele da humanidade, por suas
inclinações animais. A disciplina submete o homem às leis da humanidade e começa
fazendo-o sentir a coação dessas leis. Mas isso deve começar cedo. É assim, por
exemplo, que envia-se crianças à escola. Inicialmente, não na intenção de que elas
aprendam alguma coisa, mas a fim de que se habituem a ficar tranquilamente
sentadas e a observar pontualmente o que se lhes ordena, de modo que, mais tarde,
elas não cheguem a por em prática , de facto e imediatamente, tudo o que lhes vêm à
mente. O grupo pôde ter também a percepção de que na educação se deve cultivar a
cultura por forma a proporcionar a posse de uma faculdade que serve para as mais
variadas finalidades (habilidade). Tomamos atenção a prudência pelo que quando se
vive em sociedade é necessária essa delicadeza. Acrescenta-se a necessidade de se
observar a moralidade, o Homem não deve ser simplesmente apto a todos os tipos de
fins, mas ele deve também adquirir mentalidade para só escolher os fins bons.
Pudemos compreender ainda que o Homem só pode tornar Homem pela educação.
Ele é nada, a não ser o que a educação faz dele. É necessário lembrar que o Homem só
é educado pelos Homens e por Homens que, por sua vez, tenham sido educados. Por
isso, a falta de disciplina e de instrução faz com que alguns Homens, também, sejam
maus educadores para os seus educandos.
Aspectos positivos
De acordo com entendimento Kantiano a punição moral possui uma finalidade

meramente retribuitiva, que é o processo interno de autoavaliação, onde o indivíduo
reflete os erros e procura mudar os seus comportamentos. A obediência ajuda o
indivíduo na submissão , construindo um carácter essencial para o futuro do Homem.
Aspectos Negativos
No pensamento Kantiano a punição física é negativa, pois é o castigo corporal em que

em outras circunstâncias pode transformar-se em violência física e o indivíduo pode
ter traumas emocionais e por outras sequelas neurológicas.
Relação com a educação em Moçambique
Em Moçambique a educação tem grande influência da cultura. Na região norte do país

predomina a sociedade matrilinear, onde a educação é garantida pelo irmão mais
velho da mãe, isto é, o tio mais velho; na zona sul a educação é da responsabilidade da
família do marido. No contexto moçambicano a escola tem servido de local onde as
crianças aprendem a ler, contar e escrever. Quase não se aprende a arte ou ofício.
Cabe aos pais essa essa responsabilidade. Por exemplo se um pai é pedreiro acaba
levando o filho nas obras, então assistindo o trabalho do pai, o filho vai assimilando e
ser ensinado o trabalho. Acontece o mesmo com um pai que é pescador, carpinteiro,
serralheiro etc. Para menina, a mãe ensina a cozinhar, costurar, lavar e muito mais.
Portanto as instituições públicas têm a função de aperfeiçoar a educação doméstica. A
religião na educação tem desempenhado um grande papel para o desenvolvimento da
criança. A religião procura levantar e resolver questões relacionadas à ética, moral e,
também, ao comportamento que envolve a sociedade. Além disso, ela abre espaço
para que os alunos aprendam mais sobre a paz, justiça, empatia e a importância do
amor ao próximo. Mais que ensinar para o futuro, a religião ensina para vida. Isso
significa, que além do aprendizado intelectual com matérias voltadas ao processo
natural escolar como matemática, português entre outras, a religião tem transmitido
valores essenciais para sociedade, como a bondade, o respeito, a coletividade que
cada vez que o tempo passa esses valores estão se perdendo. Mesmo com a existência
de muitas religiões no país, não há choque na aprendizagem, cabendo a cada um
respeitar os princípios e a doutrina de cada religião, pois Moçambique é um país laico.
Críticas:
O aluno estuda cerca de 12 anos (ensino primário e secundário) porém quando conclui
esses 12 anos não tem nenhuma habilidade prática para vida. Daí cabendo aos país o
ensino da arte aos filhos. A mãe deve ensinar a filha a arte da culinária, trabalhar a
terra. O pai deve ensinar ao filho a arte da carpintaria, serralheria, pesca, artesanato
etc, pois essas habilidades a escola não ensina a prática. O Ministério da Educação
emplementou disciplinas como Educação Musical, Agropecuária, Ofícios e
Empreendedorismo, mas o que assistimos é que essas disciplinas são lecionadas muita
da vezes por professores não qualificados na área. Se o professor é qualificado, as
aulas são teóricas e não práticas. Uma vez que as disciplinas são de natureza prática e
a falta dela compromete a aprendizagem. Daí que o Ministério devia apostar e investir
mais nas disciplinas práticas porque são elas que contribuem bastante e elas podem
muito bem estimular o auto emprego.
A educação Moçambicana não tem formação sólida, pois são poucas vezes que o
educador procura saber das capacidades da criança. Há crianças com incapacidades de
percepção que são mantidas com outras aptas num acto de negligência. A educação
não observa o relativismo cultural. Em geral não é observada a origem do aluno na
área educativa em contexto da diversidade cultural, assim não se compreende de onde
vem muitas das dificuldades dos educandos.
Contribuição que o texto dá para a melhoria da educação em Moçambique
Numa visão holística da educação em Moçambique, é necessário consolidar a

disciplina, o cuidado por forma a se compreender melhor os educandos. Deve se partir
do pressusto da sua educação doméstica, para que o educando não seja repreendido
num dos seus actos incorrectos sem o seu conhecimento. Necessita-se de princípio,
que se entenda o relativismo cultural. Ademais, é necessário domar os educandos com
comportamentos selvagens. Entretanto não se deve escravizá-los. Umas das melhorias
que o texto em causa traz a educação é o cerne da punição, onde devemos punir os
que transgridem as ordens. Então, de acordo com a regra infligida podemos ter a
punição física e moral. Destaca-se que uma das contribuições Kantiana para a
educação em Moçambique é que nos traz uma consciência crítica a se desenvolver e
consequentemente o compromisso com a transformação e libertação da sociedade, a
educação precisa ser racional, no sentido de que a pessoa é um ser que se guia pela
razão e não pelo instinto, diferente dos animais, de acordo com Kant. Portanto em
Moçambique a educação deve ter como base os pilares do Kant, por forma a
proporcionar à sociedade um Homem íntegro. Outro aspecto a ser destacado como
contribuição Kantiana, é a instrução ou a formação moral. É necessário compreender
acções que os responsáveis têm com as crianças na intenção de cuidá-las em todos os
aspectos.
Nota: O grupo recomendaria o texto a todos sujeitos da práxis educativa, não só, mas
também aos demais indivíduos da sociedade, pois o texto ensina meios e formas de
educação eficientes.

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