Enc Cronicas Indigenas

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Leitor fluente – 8o e 9o anos

VEREDAS

DANIEL MUNDURUKU
Crônicas indígenas para rir e refletir na escola

Leitor fluente — 8o e 9o anos do Ensino Fundamental

PROJETO DE LEITURA
Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Tom Nóbrega

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Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA

O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1

Enigmas e adivinhas convidam à decifra- Alegórica árvore do tempo…


ção: “trouxeste a chave?”. A adivinha que lemos, como todo e qual-
Encaremos o desafio: trata-se de uma quer texto, inscreve-se, necessariamente, em
árvore bem frondosa, que tem doze galhos, um gênero socialmente construído e tem,
que têm trinta frutas, que têm vinte e qua- portanto, uma relação com a exteriorida-
tro sementes: cada verso introduz uma nova de que determina as leituras possíveis. O
informação que se encaixa na anterior. espaço da interpretação é regulado tanto
pela organização do próprio texto quanto
Quantos galhos tem a árvore frondosa? pela memória interdiscursiva, que é social,
Quantas frutas tem cada galho? Quantas histórica e cultural. Em lugar de pensar que
sementes tem cada fruta? A resposta a cada a cada texto corresponde uma única leitura,
uma dessas questões não revela o enigma. Se é preferível pensar que há tensão entre uma
for familiarizado com charadas, o leitor sabe leitura unívoca e outra dialógica.
que nem sempre uma árvore é uma árvore, Um texto sempre se relaciona com outros
um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, produzidos antes ou depois dele: não há como
uma semente é uma semente… Traiçoeira, a ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-
-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com Retornemos à sombra da frondosa árvo-
as possibilidades ocultas nas sementes. re — a árvore do tempo — e contemplemos
outras árvores:
O que é, o que é?
Deus fez crescer do solo toda
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é espécie de árvores formosas de ver
deixar escapar o sentido que se insinua nas e boas de comer, e a árvore da vida
ramagens, mas que não está ali. no meio do jardim, e a árvore do
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao conhecimento do bem e do mal. (…)
mesmo tempo que se alonga num percurso E Deus deu ao homem este manda-
vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na mento: “Podes comer de todas as
terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em árvores do jardim. Mas da árvore do
flores, que escondem frutos, que protegem conhecimento do bem e do mal não
sementes, que ocultam coisas futuras. comerás, porque no dia em que dela
“Decifra-me ou te devoro.” comeres terás de morrer”.2
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que Ah, essas árvores e esses frutos, o
se desdobram em meses, que se aceleram em desejo de conhecer, tão caro ao ser
dias, que escorrem em horas. humano…

2
Há o tempo das escrituras e o tempo da ções interpessoais e, progressivamente, como
memória, e a leitura está no meio, no inter- resultado de uma série de experiências, se
valo, no diálogo. Prática enraizada na expe- transforma em um processo interno.
riência humana com a linguagem, a leitura
é uma arte a ser compartilhada. Somente com uma rica convivência com ob-
jetos culturais — em ações socioculturalmente
A compreensão de um texto resulta do res- determinadas e abertas à multiplicidade dos
gate de muitos outros discursos por meio da modos de ler, presentes nas diversas situações
memória. É preciso que os acontecimentos ou comunicativas — é que a leitura se converte em
os saberes saiam do limbo e interajam com as uma experiência significativa para os alunos.
palavras. Mas a memória não funciona como Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu-
o disco rígido de um computador em que nidade de leitores que discute os textos lidos,
se salvam arquivos; é um espaço movediço, troca impressões e apresenta sugestões para
cheio de conflitos e deslocamentos. novas leituras.

Empregar estratégias de leitura e des- Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-


cobrir quais são as mais adequadas para mar a escola numa comunidade de leitores é
uma determinada situação constituem um o horizonte que vislumbramos.
processo que, inicialmente, se produz como
atividade externa. Depois, no plano das rela- Depende de nós.

__________
1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2
A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e
10, 16 e 17.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA pertence, analisando a temática, a perspec-


tiva com que é abordada, sua organização
UM POUCO SOBRE O AUTOR estrutural e certos recursos expressivos em-
pregados pelo autor.
Procuramos contextualizar o autor e sua obra Com esses elementos, o professor irá iden-
no panorama da literatura brasileira para tificar os conteúdos das diferentes áreas do
jovens e adultos. conhecimento que poderão ser abordados,
os temas que poderão ser discutidos e os
RESENHA recursos linguísticos que poderão ser explo-
rados para ampliar a competência leitora e
Apresentamos uma síntese da obra para escritora dos alunos.
que o professor, antecipando a temática, o
enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar QUADRO-SÍNTESE
a pertinência da adoção, levando em conta
as possibilidades e necessidades de seus O quadro-síntese permite uma visualização
alunos. rápida de alguns dados a respeito da obra
e de seu tratamento didático: a indicação
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA do gênero, das palavras-chave, das áreas e
temas transversais envolvidos nas atividades
Apontamos alguns aspectos da obra, consi- propostas; sugestão de leitor presumido para
derando as características do gênero a que a obra em questão.

3
F nas tramas do texto
Gênero:
• Compreensão global do texto a partir de
Palavras-chave:
reprodução oral ou escrita do que foi lido ou
Áreas envolvidas:
de respostas a questões formuladas pelo pro-
Temas transversais:
fessor em situação de leitura compartilhada.
Público-alvo:
• Apreciação dos recursos expressivos em-
pregados na obra.
• Identificação e avaliação dos pontos de
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e
a) antes da leitura opiniões diante de questões polêmicas.
Os sentidos que atribuímos ao que se lê • Produção de outros textos verbais ou ainda
dependem, e muito, de nossas experiências de trabalhos que contemplem as diferentes
anteriores em relação à temática explorada linguagens artísticas: teatro, música, artes
pelo texto, bem como de nossa familiaridade plásticas, etc.
com a prática leitora. As atividades sugeridas
neste item favorecem a ativação dos conhe- nas telas do cinema
cimentos prévios necessários à compreensão
e interpretação do escrito. • Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou
DVD, que tenham alguma articulação com a
• Explicitação dos conhecimentos prévios obra analisada, tanto em relação à temática
necessários à compreensão do texto. como à estrutura composicional.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto
a partir da observação de indicadores como nas ondas do som
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração,
informações presentes na quarta capa, etc. • Indicação de obras musicais que tenham
• Explicitação dos conteúdos da obra a partir alguma relação com a temática ou estrutura
dos indicadores observados. da obra analisada.

b) durante a leitura nos enredos do real


São apresentados alguns objetivos orienta- • Ampliação do trabalho para a pesquisa de
dores para a leitura, focalizando aspectos informações complementares numa dimen-
que auxiliem a construção dos sentidos do são interdisciplinar.
texto pelo leitor.
• Leitura global do texto. DICAS DE LEITURA
• Caracterização da estrutura do texto.
• Identificação das articulações temporais e Sugestões de outros livros relacionados de
lógicas responsáveis pela coesão textual. alguma maneira ao que está sendo lido, esti-
• Apreciação de recursos expressivos empre- mulando o desejo de enredar-se nas veredas
literárias e ler mais:
gados pelo autor.
• do mesmo autor;
c) depois da leitura
• sobre o mesmo assunto e gênero;
São propostas atividades para permitir melhor • leitura de desafio.
compreensão e interpretação da obra, indican-
do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos Indicação de título que se imagina além do
relacionados aos conteúdos das diversas áreas grau de autonomia do leitor virtual da obra
curriculares, bem como a reflexão a respeito analisada, com a finalidade de ampliar o
de temas que permitam a inserção do aluno no horizonte de expectativas do aluno-leitor,
debate de questões contemporâneas. encaminhando-o para a literatura adulta.

09/11/2020 10:26:57
VEREDAS

DANIEL MUNDURUKU
Crônicas indígenas para rir e refletir na escola

Leitor fluente — 8o e 9o anos do Ensino Fundamental

UM POUCO SOBRE O AUTOR RESENHA

Daniel Munduruku nasceu em Belém do Pará e Talvez não exista nada de mais absurdo do que
cresceu em meio à tribo indígena dos Mundu- a ideia de que um grupo de pessoas mereça
rukus. Formado em Filosofia, foi professor duran- mais vida do que as outras. Acontece que basta
te dez anos e atuou como educador social de rua olhar em volta para perceber que esse equívoco
existencial tem força no mundo que nos rodeia:
pela Pastoral do Menor em São Paulo. Desenvolve
contamina nossos olhares, nossa interação, nos-
atividades como contador de histórias em escolas
sas escolhas e preferências. Como nos diz Daniel
da rede pública e particular. Participa, frequen-
Munduruku, “a cabeça dos brasileiros é repleta de
temente, de ciclos de palestras e conferências,
estereótipos e de equívocos”, em especial no que
sempre destacando o papel da cultura indígena
diz respeito aos povos indígenas. Talvez o mais
na formação da sociedade brasileira. Tem diversos emblemático desses enganos esteja encravado na
livros publicados, entre os quais Coisas de índio e própria palavra índio, cunhada pelos colonizado-
As serpentes que roubaram a noite e outros mi- res. Remonta à desapropriação brutal causada
tos, que receberam a menção de Livro Altamente pela chegada dos europeus o hábito de chamar
Recomendável pela Fundação Nacional do Livro os povos indígenas de algo que não são, negando
Infantil e Juvenil. Atua ocasionalmente em filmes sua multiplicidade e suas especificidades.
e documentários, como Hans Staden, premiado Nessas Crônicas indígenas para rir e refletir na
no Festival de Cinema de Gramado. escola, Daniel Munduruku compartilha conosco

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seu apanhado de absurdos: situações anedóticas PROPOSTAS DE ATIVIDADES
que desvelam as ideias distorcidas a respeito dos
povos originários. Por que tantas pessoas ainda Antes da leitura
manifestam estranhamento ao ver um membro
de alguma nação indígena usando terno ou calça 1. Revele aos alunos o título do livro. Faça uma
jeans? O que implica encarar os povos indígenas apresentação do gênero crônica – texto curto em
como seres do passado? Por que conhecemos tão prosa, presente em revistas e jornais, que muitas
pouco a diversidade de línguas, o conhecimento vezes propõe ao leitor uma reflexão sobre as
e as práticas das várias nações indígenas que questões de seu tempo, às vezes por meio de rela-
vivem no Brasil? tos de acontecimentos, frequentemente fazendo
Existe algo bastante especial nesse convite à uso de recursos como a ironia e o humor.
reflexão e ao riso: enquanto boa parte da tra- 2. Dê destaque para a imagem da capa. Vemos
dição do humor e das piadas se constrói sobre uma sequência de reflexos e em cada um deles
estereótipos e toma como objeto os que não se um personagem usa roupas e adereços diferentes.
adequam às nossas concepções de normalidade, Que adereços são esses? De que maneira os alunos
Munduruku nos convida a rir de quem reproduz interpretariam essa imagem?
3. Leia com a turma o texto da quarta capa, com
estereótipos. Riso e reflexão combinados nos
fragmentos da apresentação do autor. Veja se os
ajudam a questionar os espelhos distorcidos que
alunos percebem que as reticências entre colche-
orientam nossa concepção de mundo, para, a
tes indicam que os parágrafos foram selecionados
partir daí, aprendermos a escutar e a respeitar
de um texto mais longo. Após a leitura do texto,
os universos que existem para além das nossas
questione: de que maneira são retratados os po-
molduras envidraçadas.
vos indígenas? O que se costuma falar ou silenciar
Estereótipos e generalizações estão longe de ser sobre eles?
inofensivos, pois contribuem para o apagamento 4. Leia com a turma o texto de apresentação do
das diferenças, alimentam o racismo, tonam invi- autor. Por que o texto se chama Apanhador de
síveis sujeitos históricos e desqualificam modos de absurdos? Chame atenção para a passagem: “há
vida. É por isso que, no final de muitos relatos, o pessoas que acham que merecem mais vida que
riso deixa também um gosto amargo: “seria cô- outras, como se umas recebessem privilégios do
mico se não fosse trágico”, nos diz Munduruku. universo em detrimento de outras”. Quem seriam
A escolha do autor de rir para não chorar nos con- essas pessoas que acreditam que são melhores
vida a “desentortar” nosso pensamento: por meio do que as demais e se acham merecedoras de
de seus textos, procura acender no leitor a chama privilégios?
da curiosidade pelas outras vidas que não a sua. 5. Para que os alunos conheçam mais o autor do
livro, assista com eles à entrevista em que Daniel
QUADRO-SÍNTESE Munduruku compartilha as lembranças dolorosas
dos tempos de escola e fala do papel fundamental
que seu avô Apolinário desempenhou em sua tra-
Gênero: Crônicas
jetória. Disponível em: <https://www.youtube.com/
Palavras-chave: Povos indígenas, estereótipos,
watch?v=J_cwwHRhRw4> (acesso em: 22 out. 2020).
colonização, contemporaneidade, escola, filoso-
fia, plantas medicinais, cultura ancestral Durante a leitura
Componentes curriculares envolvidos: Língua
Portuguesa, História, Geografia 1. No texto de apresentação, o autor comenta
Competências Gerais da BNCC: 2. Pensamento que, fazendo uso do humor, escreveu os textos
científico, crítico e criativo; 3. Repertório cultural; para desconstruir visões equivocadas, desmontar
7. Argumentação; 9. Empatia e cooperação estereótipos e convidar o leitor a transformar
Tema transversal: Diversidade cultural seu ponto de vista. Proponha aos alunos que, em
Público-alvo: Leitor crítico (8o e 9o anos do Ensino cada crônica, procurem reconhecer os absurdos
Fundamental) revelados pelo autor. Em quais dessas visões equi-
vocadas eles próprios costumavam acreditar?

6
2. O livro apresenta a seção Para refletir, em que desse líder, assista com eles à entrevista da Agên-
o autor se aprofunda em alguns tópicos explo- cia Pública. Disponível em: <https://www.youtube.
rados nas crônicas. Peça aos alunos para prestar com/watch?v=nlxRbEJy3SE> (acesso em: 22 out.
especial atenção em passagens que esclarecem 2020). Leia com eles a carta profecia publicada
questões como: Por que é mais apropriado usar em 2019 no jornal The Guardian, na qual o líder
as palavras indígenas e não índios; povos e não kaiapó alerta sobre os perigos que o modo de vida
tribos? Quais direitos indígenas são garantidos e a ganância do homem branco têm trazido para
pela Constituição? o mundo. Disponível em: <https://midianinja.org/
3. Daniel Munduruku menciona algumas canções news/nos-povos-da-amazonia-estamos-cheios-
populares no cenário musical brasileiro que mui- de-medo-em-breve-voces-tambem-terao-diz
tas vezes retratam os povos indígenas de maneira -cacique-raoni/> (acesso em: 22 out. 2020).
estereotipada e/ou idealizada. Proponha aos 2. Um dos mais recorrentes equívocos apontados
alunos que tomem nota do título para ouvi-las por Daniel Munduruku em relação aos povos
com uma postura crítica. indígenas é o de imaginar que, por fazerem uso
4. Certamente, os alunos vão perceber que a de itens como telefones celulares e se vestirem de
maior parte das crônicas é autobiográfica. Peça modo similar aos outros brasileiros, eles estejam
que prestem atenção nos títulos que reproduzem perdendo sua cultura. Para que os alunos reflitam
fragmentos de falas dirigidas ao autor como: “Você um pouco mais sobre essa questão, assista com eles
é índio de verdade?”, “Você fala a minha língua?”.
ao vídeo do Instituto Socioambiental, #Menos-
Veja se os alunos percebem, durante a leitura, que
preconceitomaisindio, disponível no link <https://
o autor dá a entender que ele se depara frequen-
www.youtube.com/watch?v=uuzTSTmIaUc> (aces-
temente com perguntas e afirmações do tipo.
so em: 22 out. 2020), bem como o clipe do rapper
5. Peça aos alunos que prestem atenção nas muitas
guarani Kunumi MC, disponível em: <https://www.
situações desagradáveis vivenciadas por Daniel
youtube.com/watch?v=cT7ZXxAMetY> (acesso em:
Munduruku no ambiente escolar – seja como
22 out. 2020). Sugira ainda que acompanhem o
aluno, seja visitando escolas para conversar com
canal do Youtube Wariu, em que o jovem Chris-
alunos. De que maneira os estabelecimentos de
ensino acabam por reforçar estereótipos sobre os tian Wari’u Tseremey’wa, da etnia Xavante, fala
povos indígenas? a respeito do que significa ser indígena no século
6. Diga aos alunos que prestem atenção nas XXI. Disponível em: <https://www.youtube.com/
ilustrações de João Montanaro que aparecem watch?v=ySfDWo5dLFE> (acesso em: 22 out. 2020).
no início de cada capítulo. Sugira que procurem 3. Além de explicar o motivo pelo qual as palavras
revisitar a ilustração depois da leitura de cada índío e tribo são inadequadas para se referir aos
texto, buscando perceber a relação entre o texto e povos originários, Daniel Munduruku explica por-
a imagem. Veja se notam como o ilustrador evoca, que é importante aprender a se referir às etnias
em imagens, a distância entre os estereótipos a indígenas pelo nome. Para que os alunos saibam
respeito dos povos indígenas e os indígenas con- mais sobre os mais de 305 povos que habitam o
temporâneos, bem como o modo opressivo com território brasileiro, visite com eles a página Povos
que esses povos têm sido tratados. Montanaro, Indígenas do Brasil, do Instituto Socioambiental,
além de ilustrador, é cartunista e publica charges disponível em: <https://pib.socioambiental.org>
no jornal Folha de S. Paulo: sugira que os alunos (acesso em: 22 out. 2020). Nela, é possível encon-
visitem sua página no Instagram, <https://www. trar o nome da maior parte dos povos originários
instagram.com/joaomontanaro/?hl=pt-br> que vivem no país e obter informações de cada
etnia. Assista com os alunos ao documentário de
Depois da leitura 26 minutos Índio somos nós, em que indígenas
de diferentes etnias descrevem seus modos de
1. Na crônica – Vocês não têm vergonha? –, o autor vida. Disponível em: <https://www.youtube.com/
fala de um evento em que esteve ao lado de Raoni watch?v=ZecRLbA7H3w> (acesso em: 22 out. 2020).
Metkutire, da etnia Kaiapó, uma das maiores lide- 4. Na crônica O índio é mesmo preguiçoso? e na se-
ranças indígenas do Brasil. Para que os alunos co- ção Para refletir da página 27, o autor desconstrói a
nheçam um pouco mais da importante trajetória equivocada associação do indígena com a preguiça

7
e comenta como essa ideia preconceituosa tem percepção equivocada desses povos. Proponha
raízes na diferente compreensão do tempo. Para aos alunos que visitem a biblioteca da escola e
se aprofundar um pouco mais nesse assunto, vale a analisem os livros didáticos disponíveis: de que
pena escutar a reflexão do autor sobre o conceito maneira retratam os povos indígenas, seja nos
de “Bem Viver”. Disponível em: <https://www. textos, seja nas imagens? Encoraje os alunos a
youtube.com/watch?v=jDMUg7LPixM> (acesso em: levantar possíveis críticas à abordagem dos livros
22 out. 2020). em questão.
5. A língua de um povo é um dos seus maiores 8. A seção Para refletir da página 70 fala de um
patrimônios, pois guarda uma maneira única tema de fundamental importância: os direitos
de pensar e conceber o mundo. Na seção Para dos povos indígenas estabelecidos pela Consti-
Refletir da página 45, Daniel Munduruku nos tuição de 1988. Para saber quais são os direitos
mostra como muitas das palavras que utilizamos garantidos aos povos indígenas, leia com eles o
em nosso cotidiano e dos nomes topográficos do texto disponível na página do Instituto Socio-
Brasil têm origem nas línguas indígenas. Para que ambiental: <https://pib.socioambiental.org/pt/
os alunos compreendam mais sobre a variedade Constitui%C3%A7%C3%A3o> (acesso em: 22 out.
de línguas existentes no país, visite com eles a 2020). Em seguida, assista ao memorável discurso
página do Instituto Socioambiental: <https:// proferido pelo jovem Ailton Krenak, porta-voz do
pib.socioambiental.org/pt/L%C3%ADnguas> movimento indígena, no Congresso Nacional em
(acesso em: 22 out. 2020). Sugerimos mais 1987. Disponível em: <https://www.youtube.com/
vídeos sobre o tema: a apresentação do projeto watch?v=kWMHiwdbM_Q> (acesso em: 22 out.
Cantos da Terra, do pensador indígena Ailton 2020). Para que você possa se preparar para discutir
Krenak, no link <https://www.youtube.com/ o tema com os alunos, recomendamos que assista
watch?v=5754E0TMUP4> (acesso em: 22 out. 2020); ao documentário Índio cidadão?, de 2014.
um projeto em Roraima que criou espaços de
ensino para as línguas macuxi wapichana, dispo- LEIA MAIS...
nível em: <https://www.youtube.com/watch?v=
fgGbmGW6xjg> (acesso em: 22 out. 2020); e o w do mesmo autor
belo projeto realizado por uma escola em Brasi- As serpentes que roubaram a noite e outros mitos.
lândia (MS), no qual uma professora encorajou São Paulo: Peirópolis.
alunos indígenas e seus colegas não indígenas Kabá Darebu. São Paulo: Brinque-Book.
a criar um dicionário ilustrado da língua Ofaié. O karaíba: uma história do pré-Brasil. São Paulo:
Disponível em: <https://www.youtube.com/ Melhoramentos.
watch?v=mqQsyfqVSho> (acesso em: 22 out. 2020). O sinal do pajé. São Paulo: Peirópolis.
6. Na crônica Minha vó foi pega a laço, o autor co- A caveira gigante, a mulher lesma e outras his-
menta seu incômodo e estranhamento ao escutar tórias indígenas de assustar. São Paulo: Global.
alguém dizer, com orgulho, que sua avó indígena
foi raptada à força e obrigada a viver uma vida w sobre o mesmo assunto
que não queria. Escute com os alunos a canção A vida não é útil, de Ailton Krenak. São Paulo:
Sangue vermelho, da cantora Kae Guajajara, do Companhia das Letras.
povo Guajajara, que traduz com pungência e A terra dos mil povos, de Kaká Werá Jecupé. São
sensibilidade a experiência vivida por seus ances- Paulo: Peirópolis.
trais. Disponível em: <https://www.youtube.com/ Tembetá: conversas com pensadores indígenas,
watch?v=P9aAhuJLnt0> (acesso em: 22 out. 2020). de Idjahure Kadiweu. Rio de Janeiro: Azougue
7. Na crônica Se você é o índio, então não tenho Editorial.
medo, Daniel Munduruku comenta como muitas Ay kakyri tama: eu moro na cidade, de Marcia
vezes a maneira como os indígenas são retrata- Wayna Kambeba. São Paulo: Polén Livros.
dos no material didático dos livros de História Eu sou macuxi e outras histórias, de Julie Dorrico.
pode fazer com que os alunos desenvolvam uma Nova Lima: Caos e Letras.

09/11/2020 10:26:58

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