2019 Eriac Automatizacao Ensaios Subestacoes Primario e Secundario Artigo
2019 Eriac Automatizacao Ensaios Subestacoes Primario e Secundario Artigo
2019 Eriac Automatizacao Ensaios Subestacoes Primario e Secundario Artigo
1 INTRODUÇÃO
Em um mercado cada vez mais competitivo onde a disponibilidade de energia elétrica ao cliente é essencial
para o faturamento das empresas distribuidoras, um acompanhamento periódico da operação de seus ativos
se faz necessário. Toda vez que um equipamento entra no sistema deve-se realizar um comissionamento
para garantir o seu perfeito funcionamento.
De acordo com o CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia [1], o conceito de
comissionamento é: “Atividade técnica que consiste em conferir, testar e avaliar o funcionamento de
máquinas, equipamentos ou instalações, nos seus componentes ou no conjunto, de forma a permitir ou
autorizar o seu uso em condições normais de operação”. Além do comissionamento no startup, ao longo da
sua vida útil os equipamentos são submetidos a diversos tipos de intervenções (manutenções), sejam
preventivas, preditivas ou corretivas.
Para proceder ao comissionamento dos equipamentos, seja no startup ou durante as rotinas de manutenção,
é necessário realizar vários ensaios específicos, sendo que a grande maioria destes demandam
instrumentos/equipes especializados. Por esta razão é necessário utilizar uma grande variedade de
instrumentos de teste dedicados, tais como: caixa de injeção de tensão e corrente de alta potência, hipot,
medidor de relação de espiras ou “Transformer Turn Ratio” (TTR), microhmímetro, variac (levantamento
da curva de excitação), oscilógrafo de disjuntor, mala de teste de relés, qualímetro, polarímetro, fasímetro,
dentre outros.
Com isso, é necessário também que as equipes sejam treinadas em diversas filosofias / métodos para
utilização correta de todos estes instrumentos, além de sólidos conhecimentos sobre os equipamentos a
serem testados. Visando otimizar os trabalhos de manutenção e comissionamento, foram desenvolvidos
dois novos equipamentos capazes de substituir os vários instrumentos citados acima, sendo estes: CE-7012
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* Rua Visconde de Ouro Preto, nº 75, CEP 38.405-202, Uberlândia, MG, Brasil – [email protected]
e CE-7024 (família CE-70XX) com capacidades de geração de 300 e 800 amperes RMS, respectivamente.
Por agregarem diversas funcionalidades, tais equipamentos possibilitarão a redução da mão de obra e
tempo para realização dos ensaios, mantendo um único padrão / filosofia para manuseio dos mesmos.
2 DESENVOLVIMENTO
Os principais aspectos a serem avaliados para o perfeito funcionamento dos equipamentos elétricos são:
Suportabilidade dielétrica;
Medição de relação de transformação (TTR mono ou trifásico);
Medição de baixas resistências elétricas;
Medição de resistência ôhmica;
Levantamento da curva de excitação de TCs (tensão de joelho);
Medição de tempo de abertura/fechamento do disjuntor e/ou seus polos;
Verificação da fiação;
Medição do burden no secundário de TCs e TPs;
Medição de valores de pick-up e tempos de operação das funções de proteção;
Entre outros.
Os novos equipamentos da família CE-70XX foram criados para atender a necessidade de que a
manutenção deve ser feita de maneira rápida, segura e eficiente. Para cada um dos testes citados
anteriormente, com a utilização destes equipamentos, há um ganho considerável de velocidade e
confiabilidade nas tarefas em três momentos distintos:
No pré-teste: os arquivos podem ser ajustados sem o uso do equipamento (off-line). Nessa fase o
usuário poderá inserir os dados nominais dos equipamentos juntamente com os erros associados. É
permitido ainda que seja criado um check list com todos os procedimentos necessários para a
execução do teste, esquemas de ligação, valores típicos esperados, etc. Neste caso, um especialista
pode elaborar todos os arquivos de teste no escritório e disponibilizar em seguida para as equipes
de campo, criando um padrão para todos os testes realizados, inclusive entre equipes diferentes.
No momento do teste: o usuário pode carregar os arquivos já preparados, realizar os procedimentos
listados no check list e efetuar as ligações do cabeamento informadas no próprio software. Todos
os canais da ferramenta de teste são autoprotegidos caso haja erro nas ligações. Canais de corrente
em aberto, canais de tensão em curto ou qualquer tipo de sobrecarga levam à atuação da proteção
interna do equipamento protegendo a ferramenta e minimizando possíveis problemas no
equipamento sob teste.
No pós-teste: o usuário pode solicitar um relatório, gerado automaticamente, com todas as
informações relevantes do procedimento executado. Por fim cria-se um banco de dados com todos
os testes realizados construindo um histórico de cada dispositivo.
Outro grande benefício de utilizar a ferramenta está no acompanhamento dos parâmetros de desgaste dos
equipamentos, devido à padronização dos testes, uma vez que é muito fácil confrontar os resultados obtidos
em duas intervenções subsequentes, orientando o trabalho de previsão de substituição e mitigação de
falhas. Cabe ressaltar ainda que esta ferramenta possibilita a realização de testes com frequências diferentes
da frequência da rede, evitando assim possíveis interferências externas.
Todos os testes necessários em um equipamento podem ser agrupados em um único plano de testes
automatizando ainda mais os ensaios e reduzindo o tempo total para execução dos mesmos. No plano de
testes são disponibilizados alguns recursos como, por exemplo: inserir imagens com o esquema de ligação,
checklist, diferentes testes em sequência que utilizam a mesma conexão e pausas para mudança de
conexão.
A Figura 1 mostra a tela principal da plataforma de testes Conprove Test Center (CTC) que gerencia os 26
aplicativos do equipamento. Todos os softwares estão disponíveis nos idiomas: Português, Inglês ou
Espanhol. Observe que o equipamento permite testes tanto em níveis de primário quanto secundário.
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Fig. 1. Tela principal da plataforma Conprove Test Center (CTC)
A Figura 2 ilustra um exemplo de relatório gerado automaticamente pelos softwares da plataforma CTC.
Todas as informações relevantes do teste são incluídas, além de campos próprios para o usuário personalizar
com dados, figuras, esquemas e logomarcas.
Nos próximos tópicos são fornecidos detalhes dos principais testes de componentes elétricos fazendo uma
comparação entre os métodos / instrumentos tradicionais e o método / instrumento apresentado neste artigo.
O teste de relação de transformação consiste em injetar valores de tensão ou corrente no primário e medir o
valor no secundário. Normalmente os TTR’s tradicionais possuem apenas o teste injetando um valor de
tensão fixo (teste de um único ponto). Já os CE-70XX podem realizar os testes injetando tensão ou corrente
em uma ampla faixa de valores (teste em vários pontos distintos) resultando em uma maior confiabilidade
no teste. Permite ainda testar transformadores de instrumentos não convencionais, sejam do tipo que
utilizam bobinas de Rogowski, eletrônicos ou que possuem saída de baixa tensão. Atende as normas IEC
61850 e IEC 61869-9 para testar os transformadores de instrumentos não convencionais que possuem saída
digital no formato Sampled Values (SV).
Há uma funcionalidade na família CE-70XX que é única e que reduz significativamente o tempo do teste
de relação em transformadores de força. O recurso consiste em realizar um teste de relação de
transformação de forma trifásica e realizar a comutação dos TAP’s de forma automática sem a necessidade
de módulos adicionais.
Utilizando como exemplo um transformador com 17 taps, em um TTR monofásico deve-se realizar 51
medições de relação de transformação e no mínimo 3 mudanças de fiações, entretanto com o uso do
equipamento apresentado neste artigo o número de medições seria 17 e a fiação seria feita uma única vez,
o que daria ao usuário um ganho mínimo de velocidade da ordem de 5 vezes. A Figura 3 ilustra os
resultados de teste de um transformador, realizado de maneira trifásica. Note que o modo de realizar as
conexões e os resultados da relação de cada enrolamento é mostrado no software. Os valores da relação e
de defasamento medidos são apresentados por fase, permitindo comparação direta dos resultados com os
valores de placa do equipamento sob teste.
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Fig. 3. Exemplo de teste de relação de transformação.
A medição da resistência ôhmica entre contatos (resistência de contato de disjuntores, chaves secionadoras
e comutadores), permite a determinação do estado da camada de metalização (prata) dos contatos fixos e
móveis, bem como visualizar o valor de resistência existente entre as conexões do equipamento até o
barramento de alimentação. Nestes casos os valores devem estar compreendidos na faixa de micro ohms.
Valores altos de resistência de contato provocam o surgimento de pontos quentes e, consequentemente,
ocorre a aceleração da deterioração da camada de metalização, gerando um efeito cascata até danificar o
equipamento. O instrumento comumente utilizado para medição de baixas resistências é o “DUCTER” ou
Microhmímetro. O teste consiste em injetar corrente e medir o valor de tensão.
Os equipamentos da família CE-70XX possuem uma ampla faixa de medição sendo que o CE-7012 possui
um intervalo de medição de 333nΩ a 100MΩ e o equipamento CE-7024 possui um intervalo entre 125nΩ a
100MΩ. A metodologia aplicada é a 4 fios (método de Kelvin) para impedir que a própria fiação ou
resistência de contato dos cabos de teste interfiram no resultado.
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Fig. 4 – Exemplo de medição de resistência de enrolamento de um TC.
Em todo comissionamento é essencial a correta verificação dos cabos que monitoram os sinais do sistema
de potência levando a informação aos sistemas de proteção, medição e controle. Ocorrências de conexões
mal feitas, inversão de polaridades ou ligações equivocadas interferem diretamente na proteção, na
medição e no controle do sistema de potência.
Atualmente para realizar o teste de fiação utilizam-se fontes de tensão e corrente com alta potência. Os
equipamentos clássicos são, em sua grande maioria, monofásicos e trabalham nas condições da rede,
gerando problemas relacionados à frequência e variações de amplitude, além de possuírem elevados
volume e peso. A família CE-70XX permite injeções de corrente e tensão com elevada potência inclusive
de modo trifásico, detectando problemas mais rapidamente do que um equipamento monofásico, reduzindo
o tempo de teste e facilitando as medições de polaridade da fiação.
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2.10 Medição do burden no secundário de TCs e TPs
Uma medição também importante é a do burden (carga) no secundário dos transformadores de instrumento,
uma vez que elevados valores de burden podem levar à saturação de um TC ou à sobrecarga térmica de um
TP. Elevadas cargas no secundário de transformadores de instrumento podem resultar em: maiores erros
nos valores refletidos pelos transformadores, má operação das proteções (podem ocorrer operações
indevidas ou a não operação da proteção), redução da vida útil do transformador, dentre outros problemas.
Sempre que há uma intervenção que inclua um novo dispositivo (qualímetro, oscilógrafo, relé de proteção,
medidores, etc) é recomendado realizar a medição do burden e confrontar com os valores definidos em
placa dos transformadores de instrumento associados.
Para a realização destes testes é necessário o uso de fontes de tensão e corrente com potência suficiente
para injetar o valor de secundário do TC ou TP e medir a tensão ou corrente associada e o defasamento. De
posse destes valores é possível calcular a impedância de burden. Os equipamentos da família CE-70XX
realizam estes testes medindo o burden automaticamente, de forma direta e rápida.
A Tabela I mostra uma comparação de peso e volume entre o CE-7012 e o conjunto de equipamentos
necessários para se atingir a mesma funcionalidade, desconsiderando o peso dos cabos. Devido à grande
variedade de equipamentos tradicionais disponíveis no mercado foram escolhidos aqueles que apresentam
as maiores proximidades em termos de faixa de valores para injeção e medição de tensões e correntes.
De acordo com a Tabela I verifica-se que o CE-7012 é equivalente a pelo menos 10 equipamentos de teste
disponíveis atualmente no mercado, apresentando aproximadamente 14% do peso total e 7% do volume
desses dispositivos. Salienta-se que tais relações percentuais calculadas poderiam ser ainda menores caso
fossem consideradas as embalagens de cada equipamento. Devido recursos de pré-teste e pós-teste o usuário
do CE-7012 poderá efetuar os testes em média de 3 a 5 vezes mais rápido do que utilizando os equipamentos
tradicionais.
4 REFERÊNCIAS
[1] CONFEA - Manual de Procedimentos para a Verificação do Exercício Profissional, 2015, p. 32. Acesso
em 17/12/2018, disponível em:
http://www.confea.org.br/media/Manual%20de%20Fiscaliza%C3%A7%C3%A3o%20FINAL.pdf
[2] GIIL, Paul. Electrical Power Equipment Maintenance and Testing. New York, second edition, 2009.
[3] Power Transformer Maintenance and Application Guide, EPRI, Palo Alto, CA: 2002.
[4] HADDA, A; WARNER, D. F. Advances in High Voltage Engineering. London, 2007.
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