Documento Recuperado Psicologia
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A palavra motivação vem do Latin “motivus”, relativo a movimento, coisa móvel. Vemos
que a palavra motivação, dada a origem, significa movimento. Quem motiva uma pessoa, isto é,
quem lhe causa motivação, provoca nela um novo ânimo, e ela começa a agir em busca de
novos horizontes, de novas conquistas (NAKAMURA, 2005).
A motivação pode ser definida como o conjunto de fautores que determina a conduta de
um indivíduo. A motivação tem sido alvo de muitas discussões. No campo clínico, quando se
estudam algumas doenças, na educação, voltada para o processo de aprendizagem. Na vida
religiosa, quando se tenta compreender o que motiva alguém a ter fé numa determinada crença.
E, nas organizações, buscando obter um maior rendimento dos profissionais que formam o
quadro de uma corporação (NAKAMURA, 2005).
Segundo Nakamura, a motivação directa é aquela que nos impulsiona directamente ao
objecto que satisfaz uma necessidade nossa. Por exemplo: você admira e se identifica com uma
cultura estrangeira e investe todos seus esforços no aprendizado da respectiva língua. Já a
motivação indirecta ou instrumental é aquela que nos impulsiona em direcção a um objectivo
intermediário, por exemplo, aprender inglês, que, por sua vez, possibilitará a satisfação de uma
necessidade maior.
O gerente deve saber como extrair do ambiente de trabalho as condições externas para
elevar a satisfação profissional.
A motivação existe dentro das pessoas e se dinamiza através das necessidades humanas.
Todas as pessoas têm suas necessidades próprias, que podem ser chamadas de desejos,
aspirações, objectivos individuais ou motivos. Certas necessidades são basicamente
semelhantes quanto à maneira pela qual fazem as pessoas organizarem seu comportamento para
obter sucesso.
Tipos de Motivação
Para aprendizagem desta Unidade, vamos considerar dois tipos de motivação, a motivação
intrínseca e a Motivação extrínseca. Em função das definições da motivação apresentadas
anteriormente, podemos definir a motivação extrínseca aquela em que a fonte que a origina
encontra-se no meio exterior ao indivíduo, mas quando a fonte que a origina se encontra no
interior do sujeito essa chama-se intrínseca.
Por exemplo, quando o pai promete ao filho uma viagem para o Brasil, caso se suceda bem nos
estudos esta motivação é extrínseca porque a fonte da motivação é exterior ao sujeito, mas
quando o sujeito se esforça em estudar porque sente a necessidade de aprender não porque
alguém lhe impôs, prometeu prémio ou castigo, essa motivação por ser própria do sujeito e
denomina-se intrínseca.
Note: uma motivação pode começar por ser extrínseca e passar a intrínseca, pois ao longo do
processo o sujeito pode perceber a importância desta aprendizagem e que passa a se empenhar
independentemente do prémio ou castigo prometido.
Teorias Motivacionais
Procuramos discutir três teorias da motivação a dos Behavioristas, dos cognitivistas e a dos
humanistas (sobretudo a hierarquia das necessidades de Abraham Maslow).
Teoria Behaviorista
Nesta teoria, a motivação esta dependente do condicionamento, isto é, da associação entre o
estímulo e a resposta. O reforço ou a recompensa são elementos fundamentais para a
motivação, o indivíduo actua para alcançar o prémio que satisfaz a sua necessidade.
Para esses teóricos o ensino deveria estar repleto de condicionamentos ou reforços (prêmios e
elogios), por isso evidenciam a motivação extrínseca.
Teoria Cognitiva
Os cognitivistas consideram o Homem um ser racional capaz de decidir conscientemente o que
quer ou não quer fazer. Bruner citado por Piletti (1995) considera o desejo de aprender, um
motivo intrínseco que encontra tanto sua fonte como sua recompensa em seu próprio exercício.
As imposições da escola para este autor não despertam as energias naturais que sustentam a
energia espontânea, tais como: o desejo de competência, profundo compromisso em relação a
reciprocidade social, etc. A ênfase para esses teóricos esta na motivação intrínseca.
Teoria Humanista
Vamos nos centrar na visão de Abraham Maslow, um dos fundadores da teoria humanista;
aceitou a ideia de que o comportamento humano pode ser motivado pela satisfação de
necessidades biológicas.
Maslow distingue as necessidades básicas das superiores. As básicas são por exemplo as
fisiológicas, de segurança, e as superiores abrangem as estéticas, de reconhecimento, etc.
Maslow citado por Piletti, questiona: “quando não há alimento, o homem vive apenas pelo
alimento, mas o que acontece quando o homem consegue satisfazer sua necessidade de
alimentos?” Imediatamente surgem outras necessidades cuja satisfação provoca o aparecimento
de outras. Daí que esquematizou uma hierarquia de sete conjuntos de necessidades:
a) Necessidades fisiológicas;
b) Necessidades de segurança;
c) Necessidade de amor e de participação;
d) Necessidade de estima;
e) Necessidade de realização;
f) Necessidade de conhecimento e de compreensão; e
g) Necessidades estéticas.
Fazer referencia as contribuições da motivação para o processo de ensino e
aprendizagem.
“Através da acção educativa o meio social exerce influências sobre os indivíduos e estes, ao
assimilarem e recriarem essas influências, tornam-se capazes de estabelecer uma relação activa
e transformadora em relação ao meio social.” Libâneo
O sucesso no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos está totalmente relacionado à
motivação para aprender. O aluno motivado busca novos conhecimentos e oportunidades,
mostrando-se envolvido com o processo de aprendizagem, participando continuamente das
tarefas com entusiasmo e disposição para novos desafios.
Mas será que essa é a realidade das nossas salas de aula? Os alunos estão realmente motivados
a participarem das actividades escolares de forma constante, com entusiasmo e dispostos a
desafios?
Tollefson (2000) nos convida a reflectir sobre um círculo vicioso que existe actualmente no
contexto escolar. No que consiste esse círculo vicioso? A autora afirma que o aluno não tem um
bom desempenho no processo de aprendizagem e culpa o professor pelo seu fracasso. O
professor, por sua vez, acreditando que o aluno é o único responsável pelo seu fracasso, não se
empenha em motivá-lo para a aprendizagem. E, assim, ambos vão justificando os seus
comportamentos.
Como uma das inúmeras alternativas disponíveis para o professor romper com esse círculo
vicioso e, consequentemente, criar um clima favorável à motivação dos alunos, gostaríamos de
destacar para esta conversa a Teoria da Autodeterminação, que consiste em uma das diversas
abordagens teóricas sobre a motivação. Reeve, Deci e Ryan (2000) evidenciam que a
autodeterminação é uma necessidade humana inata e está relacionada à motivação intrínseca.
Nessa perspectiva, as pessoas têm uma propensão natural para a realização de suas actividades
que desafia as habilidades já existentes. Desse modo, as pessoas agiriam de forma espontânea,
por vontade própria e não a partir de pressões externas.
A Teoria da Autodeterminação propõe três necessidades psicológicas fundamentais para o
desenvolvimento de orientações motivacionais auto determinadas: a) necessidade de autonomia
(as pessoas acreditam naturalmente que são capazes de realizar uma actividade por vontade
própria e não por pressões externas); b) necessidade de competência (capacidade da pessoa
interagir satisfatoriamente com o seu meio); c) necessidade de pertencer ou de estabelecer
vínculos (percepção de pertencer ou de fazer parte).
É importante ressaltar que existem duas orientações motivacionais: a intrínseca e a extrínseca.
A motivação intrínseca é uma disposição natural e espontânea, que impulsiona o aluno a buscar
novidades e desafios. Guimarães (2004a, p.37) ressalta que “a motivação intrínseca refere-se à
escolha e realização de determinada actividade por sua própria causa, por esta ser interessante,
atraente ou, de alguma forma, geradora de satisfação”. Já a motivação extrínseca pode ser
definida como “a motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou actividade,
como para obtenção de recompensas materiais ou sociais, de reconhecimento, objectivando
atender aos comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências ou
habilidades” (p.46).
Para promover a motivação intrínseca no processo de aprendizagem escolar, as interacções em
sala de aula precisam ser fontes de satisfação das três necessidades psicológicas propostas pela
Teoria da Autodeterminação apontadas acima. O professor configura-se como principal agente
que irá possibilitar um clima de sala de aula favorável ou não ao desenvolvimento das
orientações motivacionais (GUIMARÃES; BORUCHOVITCH, 2004).
Antes de darmos sequência às necessidades propostas pela Teoria da Autodeterminação, cabe
salientar que a motivação do aluno implica na motivação do professor. Referindo-se à
participação do professor na motivação dos alunos, Brophy (1999) ressalta que a perspectiva
educacional sobre motivação tem como foco os professores como pessoas que buscam
influenciar a motivação de seus alunos no contexto de sala de aula. A tarefa dos professores é
desenvolver a motivação dos alunos para a aprendizagem e induzi-los a se engajarem nas
actividades académicas com uma orientação para aprender.
Quanto às necessidades psicológicas fundamentais para as orientações motivacionais
autodeterminadas, vale ressaltar que, nesta conversa, vamos nos concentrar na terceira
necessidade – pertencer ou estabelecer vínculos.
A necessidade de pertencer, de estabelecer vínculos ou de se sentir parte de um contexto é o
pano de fundo para a competência e autonomia no processo de aprendizagem escolar.
Guimarães (2004b) destaca que várias pesquisas científicas relacionadas à interacção entre
professor e aluno evidenciaram a importância de se promover, na sala de aula, um ambiente que
favoreça o estabelecimento de vínculos seguros. Isso só ocorrerá a partir do interesse,
disposição e intencionalidade do professor na satisfação das necessidades e perspectivas dos
seus alunos.
A autora afirma ainda, que o fortalecimento dos recursos internos dos alunos, proveniente da
satisfação da necessidade de pertencer, pode representar um maior envolvimento destes com as
actividades de aprendizagem e, consequentemente, um melhor desempenha académico. É
importante salientar que “a percepção de aceitação torna o aluno mais motivado e mais
comprometido com a própria educação e, consequentemente, pode-se esperar um melhor
aproveitamento e melhores resultados de aprendizagem” (GUIMARÃES, 2004b, p.196).
A partir de um estudo realizado com alunos, Osterman (2000) identificou que, se comparado ao
apoio familiar e dos colegas, o apoio oferecido pelos professores influência de maneira efectiva
o envolvimento dos alunos com o contexto e actividades escolares. A autora alerta que estes
dados possibilitam uma compreensão mais precisa dos motivos atribuídos à falta de motivação
dos alunos. E, que, na maioria dos casos, os problemas motivacionais são relacionados às
causas internas do aluno, ao seu ambiente familiar ou às relações com os seus colegas,
esquecendo-se de relacioná-las às interacções com o professor. No entanto, os estudos
fortalecem a ideia de que as acções do professor devem estar voltadas para a satisfação da
necessidade de pertencer dos alunos.
Outra pesquisa sobre motivação, desenvolvida por Silva (2004), com alunos e professores de
Física do Ensino Médio de escolas públicas do estado de São Paulo, também demonstrou a
importância das interacções entre professor e aluno. O autor estabeleceu algumas dimensões
para analisar os dados colectados e uma delas se referia à interacção entre professor e aluno e
sua relação com a motivação. Nesse sentido, os resultados da pesquisa possibilitaram a
constatação de que os alunos consideram o professor como um elemento importante para a sua
motivação. O discurso dos alunos ainda permitiu inferir que uma grande parte da motivação do
aluno é decorrente de sentir-se bem na sala de aula, ser respeitado e incluído, além de fazer
parte dos diálogos, ser ouvido e poder se expressar.
Todos nós temos a necessidade de viver em colectividade, dependemos das relações sociais
para sobrevivermos, o que é natural do ser humano. São as relações sociais que inserem as
pessoas na sociedade e essas relações acontecem na família, no trabalho e na escola. Na
literatura científica, evidenciam-se cada vez mais os estudos e as pesquisas voltadas para as
relações das pessoas.
Uma temática muito abordada recentemente, refere-se às Redes Sociais, que consistem em
redes de pessoas que comungam dos mesmos objectivos. A dinâmica dessas redes está na
interacção dos seus atores/sujeitos, visando à troca e o compartilhamento de informações e
conhecimentos, que promoverão um processo de aprendizagem, rumo à construção de novos
conhecimentos.
A sala de aula deveria funcionar como uma rede social, voltada para um objectivo comum, que
é a aprendizagem, possibilitada pela interacção entre professor e aluno, aluno e aluno,
conhecimento teórico e tácito, contexto escolar e contexto histórico-social do aluno etc.
Reforçando essa ideia, Reeve, Deci e Ryan (2000) destacam algumas influências sócio-culturais
na motivação. Para esses autores, o ambiente de sala de aula tem o potencial de fomentar ou de
impedir a natureza ativa dos alunos e seus esforços para a autodeterminação. Algumas
influências são objectivas ou contingenciais do ambiente, tais como oportunidades (actividades
interessantes) e eventos externos (recompensas, supervisão). Outras influências são as relações
interpessoais, incluindo as relações com outras pessoas (pais, professores e colegas) ou com
grupos, comunidades, organizações ou com a nação em geral. Coletivamente, essas influências
sócio-culturais oferecem oportunidades, obstáculos e um clima geral no qual se desenvolve o
self.
Os autores ressaltam, ainda, que muitas relações têm implicações sobre a motivação dos alunos,
mas a Teoria da Autodeterminação focaliza aquelas nas quais pessoas de maior “status” ou
experiência tentam motivar outras pessoas de menor “status” ou experiência (por exemplo: pais
e crianças, professores e alunos etc.). Relações desiguais como essas indicam que, de modo
significativo, é de responsabilidade do professor influenciar a motivação do aluno e não o
inverso, muito embora não se desconsidere a influência do comportamento do aluno na
motivação e no comportamento do professor.
Assim, podemos concluir que as acções do professor só estarão voltadas para a satisfação da
necessidade de pertencer dos alunos se ele apresentar disposição para a mudança e demonstrar
interesse em atender às expectativas dos alunos. Para isso, o professor precisará conhecer as
mais diversas abordagens teóricas sobre a motivação e inseri-las na sua acção prática,
realizando continuamente reflexões sobre a sua acção pedagógica, buscando compreender e
interpretar as diferentes situações do contexto escolar e do aluno nele inserido. Essa acção
reflexiva contribuirá de forma efectiva para a motivação e consequente aprendizagem dos
alunos.
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