Ergonomia Como Preveção Da LER-DORT

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Ergonomia como

Prevenção da LER/DORT
CD Lucio Machado
LER e DORT

LER - lesões por esforço repetitivo

DORT - distúrbios osteomusculares relacionados ao


trabalho.

Frequentemente são causas de incapacidade laboral


temporária ou permanente.
São resultados de sobrecarga pela utilização
excessiva de determinados grupos musculares em
movimentos repetitivos.

Ocorrem com ou sem exigência de esforço


localizado ou pela permanência de segmentos do corpo em
determinadas posições por tempo prolongado.

Ocorrem nos músculos, tendões e nervos e são


bastante dolorosas.
Nomenclaturas relacionadas à LER:

LER – lesão por esforço repetitivo;


LTC – lesões por traumas cumulativos;
DOC – doença cervicobraquial ocupacional;
CTD – cumulative trauma disorders;
SSO – síndrome da sobrecarga ocupacional e
DORT – distúrbios osteomusculares relacionados ao
trabalho.
LER ou DORT
Aspectos Epidemiológicos

Com a Revolução Industrial, quadros clínicos


decorrentes da sobrecarga do Sistema Osteomuscular
tornaram-se mais numerosos.

Somente a partir da segunda metade deste século


estes quadros osteomusculares adquiriram expressão em
número e relevância.
No Brasil as LER foram primeiramente descritas
como Tenossinovite Ocupacional.

Foram apresentadas no XII Congresso de


Prevenção de Acidentes de Trabalho em 1973.

Em 1985 surgem publicações e debates


tenossinovite e digitação, resultando a portaria 4.062 de
06 de agosto de 1987, reconhecendo a tenossinovite como
doença do trabalho.
Segundo a OMS, entre 30% e 70% dos trabalhadores
dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento realizam
atividades ergonomicamente inadequadas.

A Incidência de LER/DORT no Brasil vem


aumentando, correspondendo a mais de 80% dos
diagnósticos que resultam em concessão de auxílio doença
e aposentadoria por invalidez pela Previdência em 1998.
Ergonomia como Prevenção

Um poderoso agente de proteção para LER e a DORT é


a aplicação da Ergonomia no trabalho.

Esta prevenção inicia-se pela identificação dos


fatores de risco presentes nos postos de trabalho.
Fatores de risco:

- Análise das tarefas realizadas;


- Movimentos bruscos e repetitivos;
- Uso de força;
- Posições forçadas;
- Tempo prolongado;
- Aspectos organizacionais do trabalho e
- Aspectos psicossociais.
A implantação de normas técnicas como programa
de prevenção depende da participação:

- Da direção da empresa;
- Dos trabalhadores;
- Dos sindicatos;
- Dos cipeiros(CIPA);
- Dos profissionais de saúde e
- Dos técnicos de segurança do trabalho.
Força Aplicada

Reduzir força aplicada:

- Usar equipamentos auxiliares ao invés de usar a força


braçal;
- Reduzir o peso de embalagens e distribuí-las usando a
simetria;
- Cobrir ferramentas com superfície emborrachada e rugosa;
- Prender peças em bancadas com elementos
mecânicos(morsas e presilhas) para não usar as mãos;

- Fazer manutenção para regular molas em alavancas e


também a embreagem de empilhadeiras e outros
veículos, e

- Modificar, se for o caso, o mecanismo da alavanca que


implique em grande esforço físico por parte do
trabalhador.
Movimentos Repetitivos

Reduzir movimentos repetitivos:

- Mecanizar processos;
- Adotar pausas;
- Fazer atividade de alongamento;
- Evitar competitividade entre trabalhadores em um linha de
montagem, e
- Respeitar o estabelecido na NR 17(número de toques).
Posturas Viciosas

Acabar com as posturas viciosas:

- Efetuar a antropometria, com postos de trabalho reguladas;


- Caminhar nas pausas de trabalho;
- Observar para que os braços não fiquem sem apoio;
- Verificar iluminação dos postos de trabalho, e
- Redimensionar postos de trabalho.
Compressão Mecânica

Reduzir compressão mecânica:

- Mecanizar as atividades;
- Exercer esquema de rodízio;
- Abster no máximo atividades com martelete
pneumático, e
- Adotar manoplas maiores com revestimento
emborrachado.
Causas

A causa direta parece ser o uso excessivo de


determinadas articulações do corpo.

Considera-se uma das causas principais do


aparecimento de LER os movimentos de alta repetitividade
durante o desenvolvimento de determinadas tarefas.
Fatores de risco:

- Postura(fixas, extremas, torcionadas, desvios...);


- Movimento e força(repetitividade, frequência...);
- Conteúdo do trabalho(tipo, distribuição...);
- Fatores psicológicos(pressão, mental...), e
- Características individuais(musculatura, corporal, sexo,
idade, técnica...)
Sintomas

Tais como:

Grau I - dor e sensação de peso, fadiga de aparecimento


insidioso, geralmente nos membros superiores podendo
acometer membros inferiores, sensação de peso e
desconforto com pontadas ocasionais;
Grau II - dor mais intensa com sensação de
formigamento e calor, manifestando-se inclusive nas
tarefas domésticas;

Grau III - dor forte persistindo ainda no repouso, e

Grau IV - dores as vezes insuportáveis, perda de força


e dos controles musculares e invalidez para qualquer
tarefa produtiva.
Diagnóstico

Consiste na investigação clínica com o objetivo de


esclarecer a existência de uma ou mais entidades
nosológicas, fatores etiológicos e agravamento.

O início dos sintomas tem predominância nos finais de


jornada de trabalho ou durante os picos de produção com
alívio no repouso.
Cabe ao médico atentar:

- Houve tempo suficiente de exposição aos fatores de


risco?
- Houve intensidade suficiente de exposição aos fatores
de risco?
- Os fatores existentes no trabalho são importantes para,
entre outros, produzir ou agravar o quadro clínico?
Tratamento

Como em qualquer outro caso, quanto mais precoce o


diagnóstico e início do tratamento maiores as possibilidades
de êxito.

Os analgésicos e anti-inflamatórios são úteis no


combate à dor aguda e inflamação, mas se usados
isoladamente não são efetivos na dor crônica.
Tratamento é multiprofissional, estabelecendo
um programa com objetivos gerais e específicos, e é
composto por:

- Médicos;
- Fisioterapeutas;
- Terapeutas ocupacionais,
- Psicólogos;
Prevenção

Não depende de medidas isoladas como troca de


mobiliários e equipamentos e sim a implantar um programa
de prevenção de LER/DORT iniciando com uma análise dos
fatores de risco(AET).

A NR 17 estabelece alguns parâmetros que podem


auxiliar a adaptação das condições de trabalho às
características dos trabalhadores.
Para prevenção devem ser seguidos esses passos:

- Pausas programadas(10 minutos para cada 50


minutos);
- Adequação dos postos de trabalho;
- Controle e avaliação do ambiente;
- Exames médicos periódicos;
- Diminuição do ritmo de trabalho no aparecimento dos
sintomas e
- Realização da AET.
Grupos de Risco

Na atualidade existe uma tendência de extinção dos


trabalhos fisicamente mais pesados, que utilizem a utilização
da mão, implicando a realização de esforços.

Por outro lado a utilização de novas tecnologias, área


de informação (TI), demanda a utilização cada vez maior das
mãos acompanhada de movimentos altamente repetitivos.
Grupos com maior probabilidade de adquirirem LER:
- Empacotadeiras;
- Descarregadores;
- Processadores de dados;
- Digitadores;
- Montadores de peças;
- Pianistas;
- Etiquetadores;
- Britadores;
- Costureiras e tricoteiras...
Fatores de Risco

O desenvolvimento das LER é multicausal tendo fatores


diretos e indiretos que são independentes.

Designa de maneira geral os fatores de trabalho


relacionados com as LER, estabelecidos na maior parte dos
casos por meio de observações empíricas e depois
confirmadas em estudos epidemiológicos.
Na caracterização da exposição aos fatores de
risco, alguns elementos são importantes, dentre eles:

- Região anatômica exposta aos fatores de risco;


- Intensidade dos fatores de risco;
- Organização temporal da atividade(ciclos, pausas,
horários...) e
- Tempo de exposição aos fatores de risco.
Ginástica Laboral

Compreende exercício físicos de:

- Alongamento;
- Fortalecimento muscular;
- Coordenação motora e
- Relaxamento.
Seus primeiros registros são de 1925, na Polônia,
onde os operários se exercitavam com uma pausa
adaptada dependendo de cada ocupação.

Esta ginástica laboral só foi documentada em


1928, no Japão, onde era aplicada diariamente em
trabalhadores dos correios.

Alguns anos depois foi introduzida na Holanda e


na Rússia e em 1968 nos EUA.
Indenização

A norma técnica do MPAS-INSS diz que será concedido


o auxílio doença acidentário, B 91 (CID), quando se provar a
incapacidade temporária e o nexo.

Na falta deste nexo, será concedido auxílio doença


previdenciário, B 31 (CID).

Se for produzida incapacidade definitiva para o


exercício da função (B 94) será concedido auxílio acidente.
São consideradas acidente de trabalho, de
acordo com o art. 132 do decreto 2.172 de 05 de junho
de 1997, que em seu parágrafo 2º diz:

“Constatando-se que a doença resultou de


condições especiais em que o trabalho é executado e
com ele se relaciona diretamente, a previdência social
deve equipará-la a acidente de trabalho”.
Auxílio Doença e Auxílio Acidente
Formas Clínicas de LER

É representada por lesões que atingem todos os


segmentos dos membros superiores, espádua e pescoço.

Os tipos mais conhecidos de lesões são:


Tenossinovites

Inflamação aguda ou crônica dos tendões dos músculos


extensores dos dedos.

É uma das formas mais frequentes, caracterizada por:

- crepitação;
- Calor e rubor locais;
- Dor e impotência funcional.
Divide-se em:

Tenossinovite dos extensores dos dedos e do


carpo – comuns em digitadores e operadores de mouse,
decorrem da contração dos músculos e

Tenossinovite dos flexores dos dedos e do


carpo – decorrentes de movimentos repetitivos de
flexão dos dedos das mãos, acometem tendões do
antebraço e punho.
Epicondilites

Provocadas pelo estiramento dos pontos de


inserção dos músculos do carpo no cotovelo, ocasiona
inflamação que atinge tendões e músculos locais.

Está associada ao movimento de flexão do


punho, atingindo atividades como a de descascador de fios
elétricos.
Bursites

A localização mais importante é nos ombros, mas são


encontradas em outras regiões.

São decorrentes de processo inflamatório que


acomete as bursas, pequenas bolsas constituídas de colágeno,
na região onde os tecidos são submetidos à fricção,
geralmente próximas tendões e articulações.
Tendinite

Formam a grande maioria das incapacidades dos


tecidos moles em torno dar articulações e são fatores
importantes para ruptura desses tendões.

Podem não ser ocupacionais e atingem parte da


população adulta, especialmente a mais sedentária.
Cistos Sinoviais

Localizam-se geralmente no dorso do punho,


decorrentes de degeneração do tecido sinovial(reveste as
superfícies das articulações).

Seu aparecimento é favorecido por trabalhos


manuais que exijam força, nem sempre são ocupacionais e
incapacitantes.
Dedo em Gatilho

Impossibilidade de estender os dedos após flexão


máxima, quando o paciente tenta estender os dedos forçando
contra obstáculos sente um ressalto e os dedos voltam a se
estenderem.

Incide nas atividades em que há associação de força


com compressão palmar por instrumentos como alicates,
tesouras e gatilhos de bombas de gasolina.
Síndrome do Túnel do Carpo

Decorre da compressão do nervo mediano ao nível do


carpo devido o estreitamento deste espaço ocorrendo mais
resistência ao trânsito dos flexores e assim maior atrito entre
tendões e ligamentos.

Ocorre parestesia, impotência funcional nos 3


primeiros dedos da região.

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