Parashá 1 Bereshit Revisado
Parashá 1 Bereshit Revisado
Parashá 1 Bereshit Revisado
COM
PARASHÁ – ESTUDOS BÍBLICO CONGREGACIONAL
PORÇÃO SEMANAL DA TORÁ Nr. 01 – BERESHIT (NO PRINCÍPIO)
(GENESIS 1:1 - 6:8)
Referência nos Profetas/ HAFTARÁ: Isaías 42:5 a 43:10.
Escritos Apostólicos: Actos 13:15 / Mar. 10:1-12; 1 Cor. 6:12-20; 1 Tim. 2:11-15; João 1:1-5.
Salmo complementar: 139.
INTRODUÇÃO:
Os primeiros capítulos do Génesis narram os primórdios da Criação. Por serem muito profundos, é difícil 1
compreender todo o seu conteúdo sem um conhecimento prévio dos ensinamentos da Torá, conforme foram
revelados no Talmude e na Cabalá.
Esta é sem dúvida a maior Parashá da Torah, a mais difícil de ser comentada por se tratar de uma narrativa
metafórica, ou seja, é como se Adonai estivesse contando uma parábola para mostrar uma realidade, todo
comentário sobre esta Parashá torna-se quase conjectural pois há momentos em que Adonai é literal em sua
narrativa e há momentos em que Ele é metafórico, por isso, traçamos um roteiro simples para que haja uma boa
compreensão dos fatos.
Os principais aspectos panorâmicos desta Parashá são:
* “B’reshit bará Elohim et Hashamaim vê et Ha'áretz - Em princípio criou Elohim os céus e a terra”
* Os “tempos” (e não dias) da criação e o Shabat - שבת.
* Os seres vivos criados do nada, apenas pela Palavra do Eterno, foram povoando a terra.
* O ser humano (Adam, humanidade) criados à imagem e semelhança de quem? Adonai Eterno não tem corpo,
forma, imagem, figura ou gênero, havia um modelo ou molde pelo qual Adonai usou para criar o homem?
* O Éden, (para o homem o guardar e cultivar) um local literal, morada perfeita para seres humanos perfeitos,
com as suas duas árvores (da Vida e do Conhecimento do bem e do mal).
* A mulher: bênção (e não objeto) do Eterno para auxiliar o homem, seria uma criação secundária pois foi a última
criatura a ser criada.
* HaSatan “a serpente” sagaz (do hebraico, o opositor, instalado no Éden para uma finalidade específica) e
também servo do Eterno.
* O Pecado ou Chata - חטא: desobedecer; errar o propósito; violação da Torah.
* A Árvore do teste (local específico) ou do conhecimento do bem e do mal posta no centro da Criação, cujo fruto
(saber) alcançado pelo homem o separou da árvore da Vida (Torah), cujo caminho doravante seria pelo
Mashiach. O caminho do homem seria, a partir de então, a redescoberta do Eterno e o propósito final: Vida
Eterna.
* O Yetzer haTov e Yetzer haRá (inclinação do bem e inclinação para o mal) presente em todas as criaturas do
Eterno, que passou a agir no homem com mais facilidade após o pecado.
Estes são os principais aspectos do estudo inicial desta Parashá que dá início as narrativas sagradas da Torah,
as próximas narrativas já fazem parte do cotidiano da vida dos primeiros habitantes da terra.
No Princípio: - Bereshit (Por causa do Reshit): O Talmude proclama que o Universo não teria sido criado senão
fosse pelo mundo espiritual, pela Palavra Divina, pela Toráh, chamada Reshit, principio de tudo!
Criou D’us – Elohim (D’us) tem, em hebraico, a forma plural, para indicar que D’us compreende e unifica todas
as forças infinitas e eternas. E para que não se pense que são muitos deuses, o verbo Bará (criou) foi empregado
no singular, imediatamente depois de Elohim.
O exegeta Abraham Ilbn – (1089-c.1164) argumentou que esta palavra não é nada além de um plural
majestático concebido pelo homem devido às múltiplas e ilimitadas manifestações de D’us.
A Torá começa por mostrar a Israel e ao mundo que o universo tem um princípio. Entre as religiões pagãs, existe
a crença de que o universo é eterno ou que as coisas foram criadas numa luta entre diferentes deuses. A teoria
da evolução ensina que tudo se desenrolou mediante a casualidade.
Mas a Torá ensina que há Um que está acima do universo, e que deu início a todas as coisas. Este conhecimento
evita toda a adoração às coisas criadas ao invés do
Criador, que é a mesma essência da idolatria, como está
escrito em Romanos 1:20:25.
O facto de Alguém ter dado início e ter feito vir à existência
todas as coisas, ensina que Ele é dono de tudo aquilo que
existe e que tem o direito de governar sobre tudo aquilo
que lhe pertence. Por essa razão Ele é o grande
Legislador do universo. Se há Um que deu início a tudo
aquilo que existe, tanto nos céus como na terra, o visível
e o invisível, então toda essa criação tem que cumprir os
seus propósitos.
Este Ser superior deu início ao tempo, ao espaço, à
matéria, e a todos os seres vivos porque tinha uma razão muito específica para o fazer. Portanto, Ele tem a plena
autoridade para fazer o que quiser com as coisas que criou, para que absolutamente tudo, seja levado a cumprir
os seus propósitos. Isto faz dEle o grande Condutor da criação.
Este princípio está relacionado com tudo aquilo que ele exige da sua criação, ao dar uma instrução específica
para cada parte desta. Todas as coisas estão submetidas a uma Torá, uma instrução. Cada coisa criada tem
instruções a cumprir. Essas instruções são o propósito do Criador para cada coisa específica.
O homem é um ser criado com um propósito muito específico; o de servir Aquele que o criou e que o colocou no
Seu plano universal. O propósito do homem é cumprir aquela Torá que o Eterno lhe designou. Se um homem
não serve ao Criador conforme a Torá, rebela-se contra o mesmo princípio existencial de toda a criação e perde
o direito de existir. Tudo o que existe está ali porque o Eterno o fez e porque Ele tem um plano específico para
cada criatura. Nenhum detalhe da criação carece de significado.
Um Midrash (leitura interpretativa que os sábios judeus fazem das escrituras) ensina que esse plano é a Torá,
que a sabedoria infinita do Único Eterno compôs desde a eternidade, num estado fora do tempo. 3
A Palavra hebraica que é traduzida como “no princípio” é “bereshit”. É uma palavra composta por duas palavras,
“be” que significa “dentro de”, “em”, “com” “por meio de”, “por causa de” etc.; e “reshit”, que significa “primeiro”,
“primícia”, “início”, “principal” etc. Esta palavra vem da mesma raiz de rosh que significa “cabeça”, “líder”, “chefe”,
“principal”, “governante”, etc.
Nas Escrituras existe uma relação muito íntima entre reshit e Mashiach (Messias). O Mashiach é o princípio de
todas as coisas, como lemos em Colossenses 1:15-18:
“O qual é imagem do Elohim invisível, o primogénito de toda a criação; Porque nele foram criadas todas as coisas
que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam
potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por
ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogénito dentre os mortos, para que em tudo tenha
a preeminência.”
O Messias Yeshua é o verbo divino, é aquele que recebeu todo o poder no céu e na terra, mas porque o Eterno
o colocou nessa posição? Contudo, só há um Elohim, e todos os outros que falam em nome dEle, são Elohim
por procuração, da mesma forma que um advogado representa o seu cliente, ou da mesma forma que um
administrador, administra a empresa do dono da empresa, porque o dono lhe deu poderes para isso. Contudo,
nada é feito ou decidido sem o aval do dono da empresa. Apesar da palavra “Elohim” aparecer na forma plural,
isso não significa necessariamente que se trate de várias pessoas ou um conjunto de entidades. Como podemos
ver no caso de Moisés que era apenas uma pessoa, no entanto obteve o cargo de “Elohim” diante do rei do
Egipto, o Faraó. O termo Elohim pode apontar também para um superlativo, relacionado com autoridade máxima
para poder afirmar a sua vontade. Por isso Elohim poderia ser traduzido como “governante máximo” e “juiz
supremo”. Portanto o atributo elohim está intimamente conectado com a justiça.
Ainda que o texto de Bereshit mostre que Elohim (plural) criou os céus e a terra, vemos que o verbo “criou” (em
hebraico: bará) se encontra no singular. Isto ensina-nos que Elohim não deve ser entendido como vários deuses
ou um conjunto de pessoas que coexistem num deus em unidade de personalidades, mas que Elohim é uma
referência a um ser singular. Existem vários Elohim (seres a quem são atribuídas funções divinas como por
exemplo os anjos; e alguns grandes nomes da história de Israel como Moisés e os profetas que também falavam
em nome do Eterno). Mas esse Elohim depende do Único Elohim Verdadeiro, do Eterno Todo-Poderoso YHWH.
Contudo, entre aqueles que desempenharam em determinadas situações as funções de Elohim, existe um que
é considerado o principal entre todos os Elohim (no sentido de representatividade; ou seja, aquele que é o
principal representante do Eterno Todo-Poderoso), esse Elohim é Yeshua, a quem foi dado todo o poder nos
céus e na terra. Mas não esqueçamos um pormenor, a ele foi dado? Logo alguém lhe deu. E quem é que lhe deu
esse poder/autoridade? Foi aquele que lhe deu a vida, o Eterno YHWH, louvado seja o Seu Santo Nome. O
Eterno é Um, e dEle dependem todas as coisas visíveis e invisíveis (incluindo Yeshua.) Já o Eterno é totalmente
autónomo e independente, e vive por si mesmo.
Esta é também a confissão principal que quase todos os judeus fazem duas vezes por dia ao proclamar aquela
frase que é a essência da fé monoteísta: “Sh’má Israel, Adonai Eloheinu, Adonai Echad”, que traduzido
significa “Ouve Israel, YHWH é o nosso Elohim, YHWH é Um.”
Muitos grupos judeus usam a palavra “Adonai” no lugar do Nome Santo, por levarem ao extremo o mandamento
de não pronunciar o nome do Eterno Todo-Poderoso em vão, e por não estarem certos da sua pronúncia correcta.
Ou seja, ao Messias Yeshua, foi dado um raio de acção no qual ele teria a primazia, e esse raio de acção é a
criação (visível e invisível), contudo, quem lhe deu essa autoridade foi Aquele a quem mesmo o próprio Verbo, o
Messias, é submisso. E Esse é o Eterno Todo-Poderoso, o dador da vida e que fez vir à existência todas as
coisas.
“Bereshit bara Elohim”, pode significar “no princípio criou Elohim…” o que mostra que em determinado
tempo da Eternidade algo foi criado por Elohim; como pode também ser traduzido como “no princípio criou um
elohim”, o que significa que alguém em determinado momento da Eternidade criou um ser (um molde) que deu
início ao princípio de todas as coisas. Yeshua é chamado de princípio. Já o Eterno não tem princípio nem fim.
O Eterno decidiu governar a criação por intermédio do Messias. Portanto, a palavra “reshit” está relacionada nas
Escrituras com o princípio de um reinado. Além disso, o projecto Messias é a razão pela qual todas as coisas
foram criadas e para quem tudo fora criado. O Eterno criou todas as coisas por meio do plano Mashiach, e para 5
o Mashiach, que mais tarde viria a manifestar-se em carne, como lemos em 1 João 1:1-2:
Em João 1:14a está escrito: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós”
João 1:1-3: “1 No princípio era o Memra (Verbo/Palavra), e o Memra estava com Elohim, e o Memra era Elohim.
2 Ele estava no princípio com Elohim. 3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que
foi feito se fez.”
Percebemos pelo primeiro versículo de Génesis, que ninguém pode conhecer o Criador directamente, sendo só
possível conhecê-lo, através das coisas que ele criou, como
lemos em Romanos 1:19- 20: “19 Porquanto, o que de
Elohim se pode conhecer, neles se manifesta, porque
Elohim lho manifestou. 20 Pois os seus atributos
invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são
claramente vistos desde a criação do mundo, sendo
percebidos mediante as coisas criadas, de modo que
eles são inescusáveis;;”
O Criador é invisível e inalcançável para as coisas
criadas. Só é possível conhecê-lo através daquilo que
Ele revela de si mesmo. Neste texto Ele ensina-nos que
o caminho para o conhecer passa pela criação e pelo
princípio. Desta forma, o Filho, o Messias, é o principal
agente (representante) pelo qual o invisível se manifesta ao mundo, como lemos em Hebreus 1:1-3:
“1 Havendo Elohim antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, 2 nestes
últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também
os mundos; 3 sendo Ele o resplendor da Sua Shechinah e a expressa imagem do Seu Ser, e El−Shaddai pelo
poder da Sua palavra, e em Sua essência realizou a purificação dos nossos pecados, e assentou−se à direita da
Majestade nas alturas,”
Em João 14:6, 9b está escrito: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim....
Quem me vê a mim vê o Pai;”
O Pai manifesta-se neste mundo através do Seu Filho. Contudo, Yeshua não é YHWH em carne. Representa o
Pai, fala e age em Nome de Seu Pai, mas porque o Seu Pai lhe deu autoridade para isso. Contudo, Yeshua é
submisso ao Seu Pai e parte da criação dEste.
O Eterno tem um Filho, gerado como o primogénito da criação. Contudo, não podemos incorrer no erro de pensar
que o Eterno é como os homens ou os animais, para que se possa reproduzir e ter filhos como nós, ou misturar-
se com seres humanos e ter filhos. Esse pensamento é encontrado nas religiões pagãs entre pessoas que não
conhecem a verdade da Torá. Quando se fala do Filho, refere-se ao facto de ter sido feito à imagem deste, e
também à missão que lhe foi atribuída, a de ser imitador e seu representante, da mesma forma que um filho imita
e representa o seu pai numa família.
O rei David foi o oitavo filho de Jessé, contudo, é chamado primogénito, cf. Salmo 89:20, 27. Quando o apóstolo
Shaul/Paulo escreve aos Colossenses que o Messias é o primogénito de toda a criação, não significa que ele
Muitos creem que existe um hiato de tempo indefinido entre o versículo 1 e o versículo 2 do capítulo 1 de
Génesis. Foram criados céus e terra (vs.1), e depois muita coisa terá acontecido até a mesma terra ter ficado
desordenada, ou caótica (vs. 2).
O Eterno é perfeito no que faz, logo não iria criar algo desordenado, ou imperfeito, algo terá dado origem a essa
desordem.
Em 1 João 3:8 está escrito: “8 quem comete pecado é de HaSatan; porque HaSatan peca desde o princípio.
Para isto o Filho de Elohim se manifestou: para destruir as obras do Adversário..”
Aqui está escrito que HaSatan é um homicida e pecou “desde o princípio”, o qual nos dá a entender que o seu
pecado começou no princípio da obra da criação física. O Criador não é a origem do mal, nem pode fazer nada
errado, como está escrito em Deuteronómio 32:4: “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus
caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é”
Em Tiago 1:13b, 16-17 está escrito: “porque Elohim não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. (…) Não
erreis, meus amados irmãos. Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes,
em quem não há mudança nem sombra de variação.
A criação celestial, o mundo espiritual constituído pelos anjos e seres celestiais, deu-se antes da fundação da
terra, conforme lemos em Job 38:4-7: “Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens
inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que
estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, Quando as estrelas da alva juntas
alegremente cantavam, e todos os filhos de Elohim jubilavam?”
Quanto tempo passou desde a criação do universo até à criação do homem? 15 mil milhões de anos ou seis 8
dias? Muito provavelmente ambas as respostas estarão certas.
Sob o ponto de vista da Torá, foram seis dias. Mas como o universo foi expandido e continua a expandir-se, o
tempo também se dilatou.
✓ O primeiro dos dias da Torá até pode ter tido a duração normal de 24 horas, quando visto na perspectiva
de começo do tempo. Mas a duração desse dia, na nossa perspectiva actual, segundo o cientista judeu Gerald
Schroeder, é de 8 mil milhões de anos.
✓ O segundo dia, desde a perspectiva da Torá durou também 24 horas. Mas na nossa perspectiva actual
durou a metade do dia anterior, ou seja, 4 mil milhões de anos.
✓ No terceiro dia, também durou a metade do dia anterior, 2 mil milhões de anos.
✓ O quarto dia – 1000 milhões de anos.
✓ O quinto dia – 500 milhões de anos.
✓ O sexto dia – 250 milhões de anos. Se somarmos estes seis dias, temos como resultado a idade do
universo de 15,750 milhões de anos. E isso vai coincidir com os cálculos da cosmologia moderna.
Aquilo que Elohim diz, também o faz, cf. Números 23:19; Salmo 33:9. A primeira coisa que o Eterno fez foi a
luz. A partir daqui vemos a organização do universo. A primeira coisa feita foi a luz. Mas vejamos que o sol ainda
não tinha sido feito. Isto mostra-nos que não é a mesma luz que posteriormente foi produzida pelo sol e as
estrelas, mas sim outra luz.
Em 2 Corintios 4:6 está escrito: “Porque Elohim, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem
resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Elohim, na face do Messias
Yeshua.”
Neste texto, o apóstolo Shaul ensina-nos que a luz surgiu das mesmas trevas. Isto também pode ser entendido
de uma forma simbólica. Se o Eterno pode fazer luz mesmo na obscuridade mais compacta que já existiu jamais,
não existe obscuridade nas nossas vidas que seja demasiado compacta para que o nosso Pai celestial não a
possa utilizar para algo positivo. Para Ele tudo é possível, incluindo criar luz das trevas. No fundo, as trevas são
a ausência de luz.
• 1:4 “E viu Elohim que era boa a luz; e fez Elohim separação entre a luz e as trevas.”
Esta luz primordial foi a luz do Messias. Foi o primeiro a ser revelado na criação, dado que foi esta luz que deu
origem à criação. No entanto, esta luz foi separada das trevas, foi escondida do mundo para ser revelada mais
adiante, como lemos em João 1:4-10: “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece
nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Houve um homem enviado de Elohim, cujo nome era João. Este
veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. Não era ele a luz, mas para
que testificasse da luz. Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo. Estava no
mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.”
“Todos aqueles que habitam sobre o árido, se prostrarão e o adorarão; e bendizirão e glorificarão e cantarão ao
Senhor dos espíritos.”
Ainda que estes textos (do livro de Enoque) não tenham sido reconhecidos como a Palavra de Elohim e contado
entre os livros canónicos, temos que reconhecer o testemunho de Judas que citou o seu livro na sua carta (Judas
14). Isso dá-nos o aval para considerar os escritos deste profeta, que viveu antes do dilúvio, não como uma
escritura inspirada, mas como uma fonte de informações a ter em conta.
O interessante é que, segundo este livro, Enoque pode ver o “Filho do Homem” e ter uma revelação sobre a sua
origem. O nome do Filho do Homem foi mencionado diante da “cabeça dos dias”, antes que o sol, a lua e as 10
estrelas fossem feitos. Ele será a luz dos povos, cf. Isaías 49:6.
Este livro também nos diz que o Filho do Homem foi eleito e guardado diante do Senhor dos espíritos, antes da
criação do mundo, e pela eternidade, cf. Miqueias 5:2. 1:5b “e foi a tarde e a manhã do primeiro dia.”
– A Torá não descreve as coisas de uma forma estritamente linear, mas sim de uma forma circular ou espiral.
Por essa razão não se deve entender estas palavras como um seguimento do que ocorreu antes, mas sim como
um resumo do que se passou durante todo esse dia.
Segundo a Torá, o dia começa com a noite. Isto porque primeiro existiram as trevas, e logo depois veio a luz.
Isso perfaz um dia.
A palavra “dia”, em hebraico “yom”, tem quatro significados principais:
- Dia, o período em que há luz (aproximadamente 12 horas), cf. Génesis 1:5a.
- Dia, jornada (24 horas), cf. Génesis 1:5b.
- Um tempo mais largo limitado, uma época, cf. Génesis 2:4.
- Mil anos, cf. Salmo 90:4; 2 Pedro 3:8.
1:6 “E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.”
Este texto parece indicar que existia água (possivelmente em forma de vapor) por cima da atmosfera, em torno
da terra. Nesse caso, esta água foi também a que caiu sobre a terra durante o dilúvio nos tempos de Noé. Esta
“capa” de água protegeria a terra dos raios radioactivos do espaço que causam dano à vida biológica. Uma capa
desse tipo produziria duas coisas importantes; uma pressão atmosférica mais alta, e um clima tropical óptimo,
durante todo o ano.
O desaparecimento dessa capa protectora após o dilúvio, pode ser uma das principais razões para que o tempo
de vida humana tenha sido reduzido em 90%. A nova condição de vida após o dilúvio, também poderia ser uma
explicação lógica sobre o porquê da extinção dos dinossauros.
O rabino Rashi escreve que a obra de organizar a água, não foi concluída no segundo dia, mas sim no terceiro,
e por isso não é dito o habitual que é dito em relação aos outros dias, e “e viu Elohim que era bom”. Por essa
razão, no terceiro dia Elohim diz duas vezes que era bom. Cada obra terminada foi avaliada e declarada boa.
• 1:8-9 “E chamou Elohim à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo. E disse Elohim:
Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi.”
No princípio a porção seca era um só continente. Mais tarde foi dividida a terra, cf. Génesis 10:25.
Conforme já vimos em Job 38:6, o Eterno fundou uma “pedra angular” na terra. Esta “pedra” principal da terra
é o monte Sião. Segundo Ezequiel 28:13-14, ali estava o lugar de adoração do anjo sumo sacerdotal antes da
sua queda em pecado. Naquele lugar terá sigo criado Adão, segundo a tradição hebraica. Nesse mesmo lugar
Abraão colocou o seu filho Isaque sobre o altar.
Nesse sítio Salomão edificou o Templo. Nesse monte o Filho de Elohim foi sacrificado para redimir o pecado
desde Adão, e para limpar o mundo de toda a iniquidade e a esse lugar o Messias voltará para levantar de novo
o reinado de David e governar sobre toda a terra.
Pela palavra do Eterno, a terra começou a produzir vegetação. Aqui não se fala de nenhum acto de criação.
Segundo o Midrash, no primeiro dia Elohim criou a matéria-prima a partir da qual construiria todo o mundo. Como
já vimos antes, todas as coisas existiam como uma matéria sem forma. Durante os dias posteriores Elohim formou
e moldou essa matéria para que as coisas se tornassem da forma que nós as conhecemos.
Segundo o Midrash, o jardim do Éden brotou ao mesmo tempo que o resto da vegetação. Além disso, está escrito
que o próprio Eterno plantou esse jardim, cf. Génesis 2:8. 11
O paraíso é o palácio do Eterno na terra. Em determinado momento da história, este jardim foi tirado da terra e
agora está no terceiro céu, cf. 2 Coríntios 12:4. No futuro será restabelecido na terra e os justos poderão entrar
nele, como está escrito em Apocalipse 2:7.
“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido, e
dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o
recebe.”
1:26-27 “E disse Elohim: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e
domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e
sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Elohim o homem à sua imagem; à imagem de
Elohim o criou; homem e mulher os criou.”
Uma Mitzva positiva: “Bênção/princípio” da procriação em Bereshit 1:28; Trata-se de uma Mitzva-Brachá de
caráter positivo (Mandamento-Benção) ou, simplesmente, de uma Palavra-Princípio.
De fato a benção que aparece em Bereshit 1:28, dirigida aos seres humanos, e a mesma que a aparece em
Bereshit 1:22, dirigida aos seres alados (aves), repteis e seres aquáticos.
Esta Mitzva tem sido objeto de infindáveis debates e discussões, mas não resta duvida que o Eterno dirige-se
aos seres por Ele criados, abençoando-os (não ordenando). De qualquer forma estabelece-se um principio pelo
qual todo servo do Eterno, assim como aves, peixes e outros animais, devem encontrar seu par(companheira).
No caso do homem, o matrimônio, isto é, o leito sem maculas, torna-se, em função desta Mitzva, uma obrigação.
O celibato fica completamente afastado pois, a Mitzva/Bênção só poderá ser concretizada na situação do homem
unido a uma mulher.
Em Bereshit 1:22, em relação aos seres alados, repteis e aquáticos, encontra-se o seguinte:
“V’yberach'otam Elohim lemor peru ur'bu umilu et’hamayim bayamiym veha-oph’yrech ba’aretz” - "E Elohim os
abençoou, dizendo: frutifiquem e tornem-se muitos, e encham as águas dos mares. Que as aves multipliquem-
se sobre a terra...”
Em Bereshit 1:28, em relação ao homem e a mulher (macho e fêmea), encontra-se:
“V’yberach'otam Elohim, vayômer l’hem Elohim peru ur'bu umilu et’ha’aretz vekib’shuha uredu bidgath chaym
ub’oph hashamaym ubekal-chayah ha’romeset al-ha'áretz” - “E Elohim os abençoou. E Elohim lhes disse: sejam
férteis e tornem-se muitos. Encham a terra e a conquistem. Dominem o peixe do mar, os pássaros do céu e todo
animal que rasteja sobre a terra…”
Portanto, como observamos, o Eterno abençoa os seres animais e a humanidade com a possibilidade de procriar,
os faz macho e fêmea. Esta Mitzvá não deve ser entendida como uma “ordem” para indiscriminadamente se
colocar filhos no mundo mas sim, certamente que sim, para que o homem descubra sua parceria com o Eterno
no processo de criação. Está no homem a possibilidade de gerar e de cultivar o jardim e de dar prosseguimento
ao propósito de criação de filhos de Elohim.
Kaîn e Hebel (Cain e Abel): Cain significa comprar, adquirir, possuir; Abel significa fumaça, vaidade. Adonai fala
com Caim (conforme Bereshit/Gênesis 4:6-16) tentando evitar uma tragédia, entretanto, o livre arbítrio estava
nas mãos de Caim, Adonai não interfere nas decisões dos homens, culpar o Eterno pelas injustiças dos homens
tem sido uma constante ao longo da história da humanidade, mesmo nos corações mais duros Adonai sempre
tenta evitar um mal maior falando por meio de seu Espírito, mas a decisão e a culpa pelas consequências é
inteiramente do homem.
1:28 “E Elohim os abençoou, e Elohim lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e
sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se
move sobre a terra.”
Este é o primeiro mandamento que aparece na Torá. O homem tem a obrigação de se multiplicar. Para poder 14
multiplicar-se de forma adequada deve casar, e ter filhos. Aquele que não quer casar e ter filhos, resiste ao
propósito original para o ser humano.
A família é o pilar principal do fundamento da sociedade. O Eterno não abençoou o homem quando estava só,
mas sim quando estava acompanhado com a sua esposa. Isto ensina-nos que o matrimónio entre homem e
mulher, recebeu uma bênção do céu.
Neste caso, a bênção do céu resultou na sua capacidade de poder procriar e ter muitos filhos, o qual é uma das
bênçãos maiores que o homem pode receber, cf. 1 Samuel 2:20; Salmo 127:3-5; Provérbios 17:6.
1:29 “E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de
toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.”
Toda a vegetação e frutos da terra, foram criados para servir de alimento aos homens. Os animais não foram
criados com o propósito de servir de alimento ao homem, isso só veio a ser instituído mais tarde, cf. Génesis 9:3.
Ou seja, até ao dilúvio, o homem seguia um regime alimentar vegetariano.
• 1:30 “E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma
vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi.”
De igual modo, os animais só comiam vegetais. Nenhum animal matava outro para comer. O mundo foi criado
muito diferente do mundo que conhecemos hoje, depois da queda em pecado, cf. Romanos 8:19-22: “Porque
a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Elohim Porque a criação ficou sujeita à
vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, Na esperança de que também a mesma criatura
será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Elohim. Porque sabemos que
toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora.”
• 1:31 “E viu Elohim tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia
sexto.”
A morte não é boa, é um inimigo. Não havia morte. Mais adiante a morte não entra apenas no homem, mas
também no mundo, pelo pecado do homem, como está escrito em Romanos 5:12: “Portanto, como por um
homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens
por isso que todos pecaram.”
O texto de Génesis 1:31, mostra-nos que o relato no capítulo 2, onde diz que não era bom que o homem
estivesse só, cf. 2:18, não foi escrito de forma cronológica. No capítulo 2 há uma explicação mais detalhada do
que se passou durante os últimos dias da criação, narrados no capítulo 1. Como já vimos antes, a Torá não
narra as coisas de forma linear, mas sim de forma circular, avançando e logo voltando atrás para dar mais
detalhes do que já fora avançado anteriormente.
Se não entendermos este princípio não entenderemos muitos dos textos. Lembremo-nos que, Moisés não
escreveu a Torá em tempo real, mas sim escreveu eventos que se tinham passado há muito tempo, e por isso
2:1-2 “Assim os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados. E havendo Deus acabado no dia
sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.”
Há quem diga, com base neste versículo que o Eterno ainda trabalhou no sétimo dia e só depois descansou.
Mas a única coisa que aconteceu no sétimo dia, foi o cessar a obra da criação, ou seja, a criação está completa
com o cessar do trabalho. O que aconteceu no sétimo dia da criação? O Eterno cessou o seu labor, logo, o
próprio cessar, torna a obra completa.
2:3 “E abençoou Elohim o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que 15
Deus criara e fizera”.
O sétimo dia foi um dia abençoado pelo Eterno. Existe uma bênção especial pronunciada sobre esse dia. Nenhum
outro dia da semana tem uma bênção específica. Anteriormente os seres vivos, animais, e homens, já tinham
sido abençoados, mas agora, o Eterno abençoa um dia, um lapso de tempo de 24 horas. Mas não só o abençoou,
como o santificou.
Essa palavra tem duas conotações, apartar de algo, e apartar para algo. Neste caso, o sétimo dia foi apartado
dos demais dias para ser diferente. Mas não foi apenas isso; foi também separado para o Eterno, para ser de
sua exclusiva propriedade. Algo que é santificado, só pode ser usado para o propósito para o qual foi santificado.
Se é utilizado para outra coisa ou com outro motivo, é profanado.
Logo, o Shabbat foi santificado entre os demais dias da semana, para ser diferente e foi santificado para ser
exclusiva propriedade do Criador. Esse dia é seu, foi separado para Ele, para ser o seu próprio dia, por isso
Isaías o cita como “meu dia santo” em Isaías 58:13-14 onde está escrito.
“Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso,
e o santo dia de YHWH, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a
tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras, Então te deleitarás em YHWH, e te farei cavalgar
sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca de YHWH o disse.”
O Shabbat é o dia do Eterno. Ele tem um propósito muito específico para esse dia. Depois de terminar toda a
obra da criação em seis dias, preparou um dia exclusivo por meio do qual ele pudesse ter uma relação especial
com o homem e trabalhar de uma forma concreta dentro do homem, santificando-o, como lemos em Êxodo
31:13:
“Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal
entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou YHWH que vos santifica.”
O homem foi criado à imagem e semelhança de Elohim, e por isso é filho de Elohim. Portanto, o homem foi criado
para ser um reflexo e um imitador do seu Pai celestial. E como o Pai cessou o seu labor no sétimo dia, o homem
deverá fazer o mesmo, cf. Êxodo 20:8-11:
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é
o sábado de YHWH teu Elohim; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo,
nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias
fez YHWH os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou YHWH
o dia do sábado, e o santificou.”
Um filho obediente faz o mesmo que o seu pai. Um filho rebelde não imita o pai. Então, o que deve fazer o homem
durante o sétimo dia? Duas coisas principais, cessar as actividades habituais da semana, e dedicar-se de uma
forma especial ao Eterno. Dessa forma, poderá obter o benefício da bênção que foi pronunciada sobre esse dia.
É importante salientar, que a palavra Shabbat não significa “descanso”, no sentido de recuperar forças. O Eterno
não se cansa, como lemos em Isaías 40:28:
“Não sabes, não ouviste que o Eterno Elohim, YHWH, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga?
É inescrutável o seu entendimento.”
16
Portanto, o sétimo dia não foi feito, primeiramente com o propósito de dar descanso ao homem dos seus labores
fatigantes. No princípio o homem não tinha um labor que o fizesse suar ou gastar as suas forças para ter a
necessidade de se recuperar durante um dia da semana. Esse não é o conceito principal do Shabbat. O propósito
principal é que seja um dia de dedicação ao Eterno, de uma forma especial, diferente dos restantes dias da
semana.
Contudo, esse dia também foi criado com o propósito de dar descanso ao homem, pois umas das características
do Eterno é a presciência divina. Ou seja, ele sabia que o homem iria pecar, visto que a criação física, como já
vimos, reflecte o que acontece no mundo sobrenatural.
Da mesma forma que um homem celestial pecou (satanás), o homem carnal também pecaria. E a necessidade
de haver um dia de descanso para o homem, é o resultado da queda desde em pecado, e em consequência
disso, o trabalho tornou-se em algo pesado, que implica que haja a necessidade de descanso para que o homem
recupere as forças, como lemos em Deuteronómio 5:14:
“Mas o sétimo dia é o sábado de YHWH teu Elohim; não farás nenhum trabalho nele, nem tu, nem teu filho, nem
tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o
estrangeiro que está dentro de tuas portas; para que o teu servo e a tua serva descansem como tu;”
Em Êxodo 20:11 está escrito:
“Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou;
portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.”
O Shabbat é convertido num santuário no tempo. Este foi o primeiro tipo de templo que o Eterno fez. Mais adiante
designou também um lugar físico para um templo. Há tempos santos e lugares santos, tempos apartados e
lugares apartados. Estes são princípios incorporados na criação, que ajudam o homem a relacionar-se de forma
correcta com o criador.
O propósito do Shabbat não foi estabelecido no Sinai, com a entrega da Torá a Israel, mas sim na criação. Não
foi estabelecido para Israel, mas sim para o homem. O Shabbat foi instituído logo após a criação do homem. A
primeira coisa que o homem experienciou após ser criado, foi o Shabbat do Eterno (Isaias 56:2). Isto ensina-nos
que o Shabbat foi feito para o homem, como está escrito em Marcos 2:27: “E disse-lhes: O sábado foi feito por
causa do homem, e não o homem por causa do sábado.”
O Sábado não foi feito para os judeus, mas sim para o homem, para todos os filhos de Adão. Não há nenhum
texto nas Escrituras, que mostre que o Sábado tenha sido substituído por outro dia, ou que tenha sido abolido ou
que tenha sido cumprido de forma espiritual.
Todas as tentativas de introduzir tais doutrinas estão destinadas a fracassar na hora de fazer uma análise mais
minuciosa da mensagem dos Escritos inspirados pelo Espírito do Eterno, incluindo os Escritos Apostólicos,
conhecidos como o “Novo Testamento”.
• 2:7 “E o Eterno formou o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o
homem foi feito alma vivente”
O homem, é o único ser que foi capacitado para viver em dois mundos, o mundo inferior, material, e o mundo
superior, espiritual. Por isso, houve a necessidade de um acto de criação único, diferente do dos anjos e diferente
do dos animais. O homem é uma combinação entre o pó da terra, e o sopro de vida do Eterno. Quando estes
dois se uniram, o homem tornou-se uma alma vivente.
O Espírito de vida do Eterno, é o que faz com que cada ser possa viver. O ser humano não é um ser eterno em
si mesmo. A ideia pagã da imortalidade da alma não vem das escrituras, mas é sim um conceito filosófico grego
que se infiltrou tanto no judaísmo como no cristianismo. A alma do homem depende do Espírito do Eterno para
poder existir.
Só há Um que é imortal por si só, como lemos em 1 Timóteo 6:16: “Aquele que tem, Ele só, a imortalidade, e
habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno.
Amém.”
O homem só pode alcançar a imortalidade numa estreita relação com Aquele que existe por si mesmo, o Pai
celestial. A imortalidade independente é um mito inventado por satanás. Esse mito foi vendido a Eva quando ele
a enganou levando-a a “desligar-se” do Dador da vida dizendo: “certamente não morrerás”. Não há vida eterna
separada do Eterno. As Escrituras ensinam que a alma é mortal, destrutível e pode perder-se.
• 2:8-9 “E plantou YHWH um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem que tinha formado.
E YHWH fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio
do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.”
No meio do jardim existiam duas árvores, uma perto da outra. A árvore da vida representa a Torá, que é chamada
“árvore da vida” em Provérbios 3:18 onde está escrito: “É árvore de vida para os que dela tomam, e são bem-
aventurados todos os que a retêm.”
• 2:11 “O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro.”
Pishón significa “estender-se”, “abundar”. O ambiente original para o homem foi de abundância. A escassez é o
resultado da maldição.
• 2:12 “E o ouro dessa terra é bom; ali há o bdélio, e a pedra sardónica.”
O homem foi criado para ter abundância económica e valorizar o ouro. A Torá é que mostra que o ouro é valioso.
O outro tem valor porque a Torá diz que é bom. Não é o ouro que é mau. As riquezas materiais não são más,
são boas. O errado é o amor às riquezas, como lemos em 1 Timoteo 6:10: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz
• 2:16-17 “E ordenou o YHWH ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente,
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres,
certamente morrerás.”
Aqui aparece pela primeira vez na Torá a palavra “ordenou”, (em hebraico: tsavá), que é a raiz da palavra
“mandamento”, em hebraico “mitsvá”.
O Eterno deu um mandamento positivo ao homem, de comer de todas as árvores do jardim excepto uma, e um
mandamento negativo, de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Os mandamentos positivos
trazem bênçãos sobre aqueles que os obedecem e os mandamentos negativos trazem castigo sobre aqueles
que lhes desobedecem.
Através dos mandamentos, o homem é elevado a uma posição elevada. A palavra mitsvá, inclui o conceito de
encargo. Quando uma pessoa recebe um encargo divino, sente-se importante e é elevada ao estatuto de
colaborador do Eterno, ao cumprir os planos de forma consciente e voluntária. Os mandamentos são ferramentas
que o Eterno entregou nas mãos do homem para poder manter uma relação íntima com Ele e também aprofundar
essa intimidade com Ele.
Se o homem viola os mandamentos, há uma ruptura nessa relação, e o homem entra numa decadência espiritual.
Um ser humano sem normas, é pior que um animal, porque os animais cumprem as normas que foram
estabelecidas para eles.
O cumprimento dos mandamentos eleva o homem espiritualmente, mas a violação dos mandamentos, reduze-o
ao pó do qual foi tomado.
A árvore do conhecimento do bem e do mal, representa o livre arbítrio. O homem tinha a possibilidade de pecar.
Era livre para escolher entre a obediência e a desobediência. Se o homem não tivesse mandamentos, não teria
a opção para ser desobediente.
Onde não há lei, não há transgressão (pecado).
Dessa forma, o amor estaria baseado na liberdade de escolha, e assim é mais poderoso, pois é um amor
incondicional. O Eterno não quer, nem nunca quis autómatos, mas sim pessoas que O desejem amar de sua livre
vontade e com todo o seu coração, toda a sua alma, e todas as suas forças (Deuteronómio 6:4-5). Ou seja, Ele
deseja um amor voluntário, não obrigado.
Seria fácil para o Eterno criar seres “programados” para lhe obedecerem, sem que errassem. Contudo, pouco ou
nenhum sentido haveria nisso, pois o Eterno teria plena consciência que aqueles seres que ele criou amavam-
• 3:14 “Então YHWH disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e
mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua
vida.”
Para a serpente não há possibilidade de arrependimento. Por isso o Eterno não lhe faz nenhuma pergunta, e dita
a sentença directamente. A serpente perde as suas patas e é reduzida ao ser mais maldito de todos os animais
terrestres.
O Eterno diz que ela comerá pó todos os dias da sua vida. Sabemos que o ser humano é feito do pó da terra, e
também sabemos que satanás é representado pela serpente. Quando o Eterno diz que a serpente comeria pó
todos os dias da sua vida, existe um sentido espiritual implícito.
O texto diz-nos muito mais do que aquilo que parece à primeira vista. A serpente comeria pó todos os dias da
sua vida, porque ela alimentar-se-ia do pó do homem, isto é, alimentar-se-ia carnalidade humana. Todas as vezes
que o homem peca, dá alimento à serpente, pois são os pecados do homem que alimenta o apetite voraz de
satanás. Cada vez que o homem peca, satanás fica saciado.
• 3:15 “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a
cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”
Aqui fala-se em primeiro lugar de uma inimizade entre a mulher e a serpente. A mulher é a mãe dos seres
humanos, e portanto representa a vida. Foi dessa forma que Adão entendeu esta mensagem para logo dar um
novo nome à mulher - Chavá (Eva) - que significa “vida”, e que até então era chamada ishá (mulher).
Apesar do homem se ter submetido ao espírito de rebeldia e independência, todavia existia nele uma inclinação
para o bem, o yetser hatov, que o motivaria a não violar os mandamentos do Eterno. Desta forma existia, até
certo ponto, uma inimizade natural inata, em toda a raça humana contra os poderes do mal, tanto internos como
externos.
Em segundo lugar, fala-se aqui da descendência da serpente da descendência da mulher. A descendência da
serpente são os homens que violam os mandamentos do Eterno, e a descendência da mulher representa os
homens que obedecem aos mandamentos do Eterno combatendo a inimizade contra a serpente e o mal.
Desde há muito tempo que este texto também é entendido como uma profecia messiânica. O midrash ensina:
“esta é Aquela Semente que vem de outro lugar. E quem é este? É o Rei Messias.”
Em Gálatas 3:16 está escrito: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às
descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo.”
Atentemos ainda para o facto de que a Torá fala aqui da semente de uma mulher, o qual é uma coisa excepcional
em toda a Escritura. A semente, o esperma, vem somente do homem. Como é que agora se fala da semente de 26
uma mulher? Evidentemente aqui temos uma profecia de um nascimento sobrenatural do Messias. O texto
parece indicar que se tratará do nascimento do Messias sem o sémen de um varão.
O Eterno continua dizendo que ela, a semente, o descendente, terá que esmagar a cabeça da serpente, ou seja,
destruir o poder daquele que incitou a mulher ao pecado. Aqui é anunciada a destruição do poder de satanás.
Em 1 João 3:8 está escrito: “Quem comete o pecado é do diabo (semente da serpente); porque o diabo peca
desde o princípio (bereshit). Para isto o Filho de Elohim (semente da mulher) se manifestou: para desfazer as
obras do diabo. (pisar a cabeça da serpente)”
O Filho de Elohim, que é o último Adão e o Segundo Homem, cf. 1 Coríntios 15:45-47, veio para destruir as
obras de satanás. Através da sua obediência à Torá venceu o adversário, cf. Filipenses 2:8; Salmo 40:7-8.
Adão perdeu por desobedecer aos mandamentos de Elohim. Yeshua venceu por obedecer à Torá do Eterno. A
única forma de vencer sobre satanás, é através da obediência à Torá do Eterno. Aquele que não obedece a
Elohim, submete-se automaticamente ao reino da desobediência e ao príncipe da rebeldia. Pecado é a
transgressão da Torá, pecado é a desobediência aos mandamentos do Eterno, cf. 1 João 3:4.
Satanás, depois de ser esmagado, será destruído para sempre no lado de fogo, como lemos em Mateus 25:41:
“Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno,
preparado para o diabo e seus anjos;”
Em Apocalipse 20:10 está escrito:
“E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de
dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.”
O texto “e tu lhe ferirás o calcanhar”, pode ser interpretado como uma referência aos descendentes de Jacob,
que farão parte da última geração antes do regresso do Messias. O nome Jacob (em hebraico Yaakov), está
relacionado com a palavra hebraica para ekev, que significa calcanhar. Nos últimos tempos, os filhos de satanás,
aqueles que violam os mandamentos, farão guerra contra os santos que guardam os mandamentos de Elohim,
que foram dados através de Moisés, e têm o testemunho de Yeshua (Apocalipse 14:2) como lemos em
Apocalipse 12:17: “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os
que guardam os mandamentos de Elohim, e têm o testemunho do Messias Yeshua”.
• 3:16 “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à
luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.”
O mundo da mulher, a família, foi afectado pelo pecado dela. As coisas que existiam numa pequena escala,
foram agora aumentadas para se tornarem em algo muito mais doloroso. Por ter sido a mulher a influenciar o
seu marido, o Eterno estabelece uma hierarquia familiar, em que o homem dominaria sobre a mulher. É fácil
perceber isso na sociedade, pois o homem, por norma é sempre o responsável principal de uma família.
• 3:17“E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que
te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os
dias da tua vida.”
• 3:22 “Então disse YHWH: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para
que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente,”
A Árvore do conhecimento do bem e do mal (local específico) do teste (conhecimento do bem e do mal) no centro
da Criação, cujo fruto (saber) alcançado pelo homem o separou da árvore da Vida, cujo caminho doravante seria
pelo Mashiach. O caminho do homem seria, a partir de então, a redescoberta do Eterno e o propósito final: Vida
Eterna.
Na verdade não havia árvore nenhuma, tudo é metafórico, havia sim um local específico onde, de imediato, era
proibido o acesso aos primeiro seres humanos, eles iriam sim poder consultar o Conhecimento contido neste
lugar, porém de forma gradual, paulatinamente, a medida em que eles fossem crescendo espiritualmente, mas
haSatan encurtou este caminho e o homem pôs tudo a perder pela desobediência à Palavra de D'us.
A Árvore da Vida é a própria Torah Sagrada, onde o seu conhecimento nos dá Vida(ver Levítico 18:5).
* O Yetzer haTov e Yetzer haRa (inclinação do bem e inclinação para o mal) que passou a agir no homem.
Nós carregaremos estas duas inclinações para o resto de nossas vidas, inclusive no Olam Habá, porém, o que
vai fazer a diferença para a nossa salvação é o nosso domínio sobre estas duas forças(ver Gênesis 4:7). O
pecado não é um estado mas sim uma Ação, assim, não existe esta doutrina do pecado original criado por Roma,
o pecado não é passado pelo DNA, isso é um absurdo, toda criança nasce sem pecado, ela aprende a pecar
observando as más ações de seus pais, a Torah em Bereshit 8:21 declara que o homem é mal desde a sua
juventude e não desde o seu nascimento.
Assim, tentamos decifrar as primeiras narrativas de Bereshit segundo a Midrash hebraica.
Alguém herdar a vida eterna com pecado no seu coração, seria incompatível. Em vez de exterminar a raça
humana, o Eterno deu-lhe uma oportunidade de entrar no seu plano de redenção total. A expulsão do paraíso foi
• 4:3 “E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta a YHWH”.
A Torá diz apenas que foi do fruto da terra, o que dá a entender que foi um fruto qualquer, mostrando que Caim
não foi selectivo na hora de escolher a oferta para o Eterno, não procurou o melhor. Vejamos a diferença no texto
sobre a oferta de Abel:
• 4:4 “E Abel também trouxe dos primogénitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o
Senhor para Abel e para a sua oferta.”
Abel não trouxe uma ovelha qualquer, mas um dos primogénitos do seu rebanho. Segundo o Midrash, Abel
ofereceu generosamente o melhor que tinha, cordeiros que nunca tinham sido tosquiados ou trabalhado, e que
não tinham defeito. Elohim teria mostrado a Adão e Eva quais eram os animais limpos que poderiam ser
sacrificados em oferta, cf. Génesis 7:2, e por isso, Abel sabia que tipo de animais o Eterno aceitaria.
É provável que o animal que foi sacrificado no jardim antes da expulsão, tenha sido um cordeiro, cf. Apocalipse
13:8; 1 Pedro 1:19-20. Também existe a possibilidade de Abel se estar a basear na revelação que o Eterno teria
dado mediante esse sacrifício. Segundo o Midrash, os sacrifícios de Caim e Abel foram feitos a 14 de Abib, o
mesmo dia em que o sacrifício da Páscoa iria ser feito mais adiante, e o mesmo dia em que Yeshua expira no
madeiro, à hora em que os cordeiros estavam a ser oferecidos no templo.
Em Hebreus 11:4 está escrito: “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou
testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.”
Abel sacrificou pela fé. Não diz “por fé”, sim “pela fé”. Não era por uma fé qualquer, sim pela fé, a de sempre, a
única que foi dada desde o principio, a fé estabelecida pelo Eterno Todo-Poderoso. É provável que Abel tivesse
a fé no sacrifício futuro do Messias, segundo o que o Eterno tinha revelado anteriormente, cf. 3:15, 21. E por
essa fé foi justificado, ou seja, declarado inocente e livre da culpa do seu pecado.
• 4:5-7 “Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o
semblante. E o Eterno disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres,
não é certo que serás aceite? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo,
mas sobre ele deves dominar.”
O Eterno aqui revela a Caim que os seus actos eram incorrectos, pois se ele praticasse o bem, certamente seria
aceite. YHWH ensina-lhe que o homem deverá controlar os seus instintos malignos, o yetser hará (a inclinação
natural que o homem tem para pecar), a sua carnalidade. Por meio do arrependimento e a graça do Eterno, o
homem poderá dominar sobre o pecado. Aquele que não se arrepende das suas más obras, não dominará sobre
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o pecado, mas será dominado por este.
• 4:7-10 “E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou
Caim contra o seu irmão Abel, e o matou. E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele
disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão? E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu
irmão clama a mim desde a terra.”
Mais uma vez o Eterno faz uma pergunta a Caim. O Eterno sabia a resposta, mas queria uma confissão por parte
de Caim, que ele se arrependesse por ter-se deixado dominar pelos seus instintos carnais. Caim não o faz, nega
não assumindo a sua culpa.
O texto hebraico refere-se a sangue no plural. Rashi diz que isso alude a todos os filhos de Abel que não tiveram
oportunidade de nascer. Já o Talmud diz que se refere às várias feridas que Caim lhe provocou, e que o sangue
saía de várias partes do corpo, porque Caim não sabia por onde é que sairia a sua alma (vida).
• 4:15 “YHWH, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E
pôs YHWH um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse.”
Os sábios do Talmud, oferecem várias explicações sobre o tipo de sinal que o Eterno pôs sobre Caim: dizem que
se tornou num leproso; ou que o Eterno lhe deu um cão de guarda; que um corno cresceu na sua testa, o que
teria uma letra do Nome Sagrado (YHWH) gravado na sua frente. Rashi entende que uma letra do Nome foi
gravada na sua testa.
Contudo, a única conclusão que podemos tirar pelas Sagradas Escrituras, é que seria algo que era bem visível
e que seria algo que as pessoas temeriam de modo a respeitarem Caim.
• 4:16-17 “E saiu Caim de diante da face do Senhor, e habitou na terra de Node, do lado oriental do
Éden. E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele edificou uma cidade, e
chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho Enoque;”
Este é um dos textos que reforçam a ideia de que Adão e Eva já teriam tido filhas, e provavelmente, foi uma
dessas filhas que acompanhou Caim, e que se tornou sua mulher.
• 4:18-19 “E a Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael e Metusael
gerou a Lameque. E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra,
Zilá.”
• 4:23-24 “E disse Lameque a suas mulheres Ada e Zilá: Ouvi a minha voz; vós, mulheres de
Lameque, escutai as minhas palavras; porque eu matei um homem por me ferir, e um jovem por me pisar.
Porque sete vezes Caim será castigado; mas Lameque setenta vezes sete.”
Há quem creia que Lameque matou Caim, mas o texto não nos dá informações suficientes para concluir isso. O
que podemos concluir é que o pecado de Lameque foi bem mais grave do que o de Caim.
Shavua Tov.
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