Parashá 1 Bereshit Revisado

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PARASHÁ – ESTUDOS BÍBLICO CONGREGACIONAL
PORÇÃO SEMANAL DA TORÁ Nr. 01 – BERESHIT (NO PRINCÍPIO)
(GENESIS 1:1 - 6:8)
Referência nos Profetas/ HAFTARÁ: Isaías 42:5 a 43:10.
Escritos Apostólicos: Actos 13:15 / Mar. 10:1-12; 1 Cor. 6:12-20; 1 Tim. 2:11-15; João 1:1-5.
Salmo complementar: 139.

INTRODUÇÃO:
Os primeiros capítulos do Génesis narram os primórdios da Criação. Por serem muito profundos, é difícil 1
compreender todo o seu conteúdo sem um conhecimento prévio dos ensinamentos da Torá, conforme foram
revelados no Talmude e na Cabalá.
Esta é sem dúvida a maior Parashá da Torah, a mais difícil de ser comentada por se tratar de uma narrativa
metafórica, ou seja, é como se Adonai estivesse contando uma parábola para mostrar uma realidade, todo
comentário sobre esta Parashá torna-se quase conjectural pois há momentos em que Adonai é literal em sua
narrativa e há momentos em que Ele é metafórico, por isso, traçamos um roteiro simples para que haja uma boa
compreensão dos fatos.
Os principais aspectos panorâmicos desta Parashá são:

* “B’reshit bará Elohim et Hashamaim vê et Ha'áretz - Em princípio criou Elohim os céus e a terra”
* Os “tempos” (e não dias) da criação e o Shabat - ‫שבת‬.
* Os seres vivos criados do nada, apenas pela Palavra do Eterno, foram povoando a terra.
* O ser humano (Adam, humanidade) criados à imagem e semelhança de quem? Adonai Eterno não tem corpo,
forma, imagem, figura ou gênero, havia um modelo ou molde pelo qual Adonai usou para criar o homem?
* O Éden, (para o homem o guardar e cultivar) um local literal, morada perfeita para seres humanos perfeitos,
com as suas duas árvores (da Vida e do Conhecimento do bem e do mal).
* A mulher: bênção (e não objeto) do Eterno para auxiliar o homem, seria uma criação secundária pois foi a última
criatura a ser criada.
* HaSatan “a serpente” sagaz (do hebraico, o opositor, instalado no Éden para uma finalidade específica) e
também servo do Eterno.
* O Pecado ou Chata - ‫חטא‬: desobedecer; errar o propósito; violação da Torah.
* A Árvore do teste (local específico) ou do conhecimento do bem e do mal posta no centro da Criação, cujo fruto
(saber) alcançado pelo homem o separou da árvore da Vida (Torah), cujo caminho doravante seria pelo
Mashiach. O caminho do homem seria, a partir de então, a redescoberta do Eterno e o propósito final: Vida
Eterna.
* O Yetzer haTov e Yetzer haRá (inclinação do bem e inclinação para o mal) presente em todas as criaturas do
Eterno, que passou a agir no homem com mais facilidade após o pecado.

Estes são os principais aspectos do estudo inicial desta Parashá que dá início as narrativas sagradas da Torah,
as próximas narrativas já fazem parte do cotidiano da vida dos primeiros habitantes da terra.

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Comentários da Parashá
Primeira Leitura: 1:1 a 2:3
• 1:1 “No princípio criou o Eloáh YAHWH os céus e a terra No princípio criou o Eloáh
YAHWH os céus e a terra.
• 2 E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Ruach
• de Eloáh se movia sobre a face das águas.
• 3 E disse Eloáh: Haja luz; e houve luz.
• 4 E viu Eloáh que era boa a luz; e fez Eloáh separação entre a luz e as trevas.
• 5 E Eloáh chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o 2
dia primeiro....”

No Princípio: - Bereshit (Por causa do Reshit): O Talmude proclama que o Universo não teria sido criado senão
fosse pelo mundo espiritual, pela Palavra Divina, pela Toráh, chamada Reshit, principio de tudo!
Criou D’us – Elohim (D’us) tem, em hebraico, a forma plural, para indicar que D’us compreende e unifica todas
as forças infinitas e eternas. E para que não se pense que são muitos deuses, o verbo Bará (criou) foi empregado
no singular, imediatamente depois de Elohim.
O exegeta Abraham Ilbn – (1089-c.1164) argumentou que esta palavra não é nada além de um plural
majestático concebido pelo homem devido às múltiplas e ilimitadas manifestações de D’us.

A Torá começa por mostrar a Israel e ao mundo que o universo tem um princípio. Entre as religiões pagãs, existe
a crença de que o universo é eterno ou que as coisas foram criadas numa luta entre diferentes deuses. A teoria
da evolução ensina que tudo se desenrolou mediante a casualidade.
Mas a Torá ensina que há Um que está acima do universo, e que deu início a todas as coisas. Este conhecimento
evita toda a adoração às coisas criadas ao invés do
Criador, que é a mesma essência da idolatria, como está
escrito em Romanos 1:20:25.
O facto de Alguém ter dado início e ter feito vir à existência
todas as coisas, ensina que Ele é dono de tudo aquilo que
existe e que tem o direito de governar sobre tudo aquilo
que lhe pertence. Por essa razão Ele é o grande
Legislador do universo. Se há Um que deu início a tudo
aquilo que existe, tanto nos céus como na terra, o visível
e o invisível, então toda essa criação tem que cumprir os
seus propósitos.
Este Ser superior deu início ao tempo, ao espaço, à
matéria, e a todos os seres vivos porque tinha uma razão muito específica para o fazer. Portanto, Ele tem a plena
autoridade para fazer o que quiser com as coisas que criou, para que absolutamente tudo, seja levado a cumprir
os seus propósitos. Isto faz dEle o grande Condutor da criação.
Este princípio está relacionado com tudo aquilo que ele exige da sua criação, ao dar uma instrução específica
para cada parte desta. Todas as coisas estão submetidas a uma Torá, uma instrução. Cada coisa criada tem
instruções a cumprir. Essas instruções são o propósito do Criador para cada coisa específica.
O homem é um ser criado com um propósito muito específico; o de servir Aquele que o criou e que o colocou no
Seu plano universal. O propósito do homem é cumprir aquela Torá que o Eterno lhe designou. Se um homem
não serve ao Criador conforme a Torá, rebela-se contra o mesmo princípio existencial de toda a criação e perde
o direito de existir. Tudo o que existe está ali porque o Eterno o fez e porque Ele tem um plano específico para
cada criatura. Nenhum detalhe da criação carece de significado.

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Este texto fala de um início, e daqui tiramos a elação de que o tempo é uma criação e que o Criador está fora do
tempo. Tempo e existência são conceitos inferiores, estando o Eterno acima de ambos e de qualquer outro
conceito. Nós sabemos que a criação existe, contudo, o Eterno está acima do próprio conceito de existência.
Após esse início em que a criação começa, é dito que os céus e a terra foram criados, o que nos ensina que o
espaço e a matéria não são eternos, mas que vieram à existência em determinado momento histórico, no princípio
do tempo. O que existia antes do princípio? Só Um Elohim. Contudo, com Elohim, existiam planos que estavam
ali desde a eternidade, quando não havia tempo, visto que só a partir da criação é que começou o tempo. Tudo
o que estava dentro do Criador, antes da criação, está fora do tempo, mas não como algo existente como nós
entendemos, mas sim como parte de um pensamento, um conselho, um plano e um projecto.

Um Midrash (leitura interpretativa que os sábios judeus fazem das escrituras) ensina que esse plano é a Torá,
que a sabedoria infinita do Único Eterno compôs desde a eternidade, num estado fora do tempo. 3

A Palavra hebraica que é traduzida como “no princípio” é “bereshit”. É uma palavra composta por duas palavras,
“be” que significa “dentro de”, “em”, “com” “por meio de”, “por causa de” etc.; e “reshit”, que significa “primeiro”,
“primícia”, “início”, “principal” etc. Esta palavra vem da mesma raiz de rosh que significa “cabeça”, “líder”, “chefe”,
“principal”, “governante”, etc.
Nas Escrituras existe uma relação muito íntima entre reshit e Mashiach (Messias). O Mashiach é o princípio de
todas as coisas, como lemos em Colossenses 1:15-18:

“O qual é imagem do Elohim invisível, o primogénito de toda a criação; Porque nele foram criadas todas as coisas
que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam
potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por
ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogénito dentre os mortos, para que em tudo tenha
a preeminência.”

O Mashiach representa também as primícias, o reshit, da


ressurreição, como está escrito em 1 Coríntios 15:20, 23: “Mas
de facto o Messias ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as
primícias dos que dormem. (…) Mas cada um por sua ordem: o
Messias as primícias, depois os que são do Messias, na sua
vinda.”

O Messias é o projecto que está por trás de todas as coisas


criadas. Foi através do Messias que foi dado início ao conceito
criação. O Messias sai directamente do Pai, e do Messias sai toda a criação. Ou seja, toda a criação, visível e
invisível, é feita a partir de um molde inicial, molde esse que é o Messias, a partir do qual tudo veio à existência.
Ele é verdadeiramente o Filho do Eterno, porque é o Único do seu tipo, e por isso é chamado unigénito, porque
é o único que sai directamente do Pai, enquanto todo o resto já é criado a partir desse primogénito, desse reshit,
ou desse início.
O texto de Génesis (em hebraico: Bereshit) diz-nos no original hebraico transliterado:
“Bereshit bara Elohim”. O texto literalmente traduzido diz-nos: No princípio criou Elohim. Contudo, aqueles
que foram escolhidos pelo Eterno para O representarem, também são chamados de elohim. Isso não implica
que existam vários deuses, mas sim que existem seres, cujas funções são as de representar o Eterno quando
estes interagem com os homens.
A palavra hebraica “elohim”, é a forma plural de “eloah” que significa “Poderoso”. Vem de “el” que significa
“poderoso”; “poder”, “força”. Estas três palavras, “El”, “Elohah” e “Elohim”, são utilizadas nas Escrituras como
sinónimas em referência ao Criador. As três foram traduzidas para o português como “Deus” na maioria das
versões portuguesas.
A palavra “El” aparece cerca de duzentas vezes nas Escrituras, na maior parte das vezes como referência ao
Criador. Em alguns casos significa “poder”, cf. Génesis 31:29; Provérbios 3:27; Miqueias 2:1. A forma plural

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de “el”, “elim”, não é usada em referência ao criador, mas sim a outros poderes, humanos ou seres espirituais,
cf. Êxodo 15:11: Job 41:25; Salmo 89:6. Também é usada para se referir a deuses pagãos, cf. Isaías 57:5;
Daniel 11:36.
A palavra “Elohah” aparece 56 vezes nas Escrituras, maioritariamente no livro de Job. Somente aparece duas
vezes no Pentateuco, cf. Deuteronómio 32:15-17.
A forma plural de “Eloah”, é “Elohim”, e aparece cerca de 2600 vezes nas Escrituras. Esta palavra não é um
nome pessoal, mas sim um título e atributo que expressa autoridade e juízo. É utilizada em referência ao Criador
na grande maioria dos casos, mas também em referência aos anjos, cf. Salmo 8:5 e em relação a deuses pagãos,
cf. Génesis 31:30.
Moisés obteve o título de Elohim, cf. Êxodo 4:16; 7:1; e os juízes de Israel são também chamados de Elohim,
cf. Êxodo 21:6; 22:8-9. Isso aconteceu como Moisés e com os juízes, porque ambos exerciam funções divinas
que lhes foram incutidas pelo Eterno. Ou seja, foram-lhe atribuídas funções divinas, não por mérito próprio, mas 4
porque o Eterno assim o decretou. Resumindo, os anjos, são elohim, porque representam o Eterno, e o próprio
Messias é um Elohim, na medida em que é o Principal (reshit) representante do Eterno.

O Messias Yeshua é o verbo divino, é aquele que recebeu todo o poder no céu e na terra, mas porque o Eterno
o colocou nessa posição? Contudo, só há um Elohim, e todos os outros que falam em nome dEle, são Elohim
por procuração, da mesma forma que um advogado representa o seu cliente, ou da mesma forma que um
administrador, administra a empresa do dono da empresa, porque o dono lhe deu poderes para isso. Contudo,
nada é feito ou decidido sem o aval do dono da empresa. Apesar da palavra “Elohim” aparecer na forma plural,
isso não significa necessariamente que se trate de várias pessoas ou um conjunto de entidades. Como podemos
ver no caso de Moisés que era apenas uma pessoa, no entanto obteve o cargo de “Elohim” diante do rei do
Egipto, o Faraó. O termo Elohim pode apontar também para um superlativo, relacionado com autoridade máxima
para poder afirmar a sua vontade. Por isso Elohim poderia ser traduzido como “governante máximo” e “juiz
supremo”. Portanto o atributo elohim está intimamente conectado com a justiça.
Ainda que o texto de Bereshit mostre que Elohim (plural) criou os céus e a terra, vemos que o verbo “criou” (em
hebraico: bará) se encontra no singular. Isto ensina-nos que Elohim não deve ser entendido como vários deuses
ou um conjunto de pessoas que coexistem num deus em unidade de personalidades, mas que Elohim é uma
referência a um ser singular. Existem vários Elohim (seres a quem são atribuídas funções divinas como por
exemplo os anjos; e alguns grandes nomes da história de Israel como Moisés e os profetas que também falavam
em nome do Eterno). Mas esse Elohim depende do Único Elohim Verdadeiro, do Eterno Todo-Poderoso YHWH.
Contudo, entre aqueles que desempenharam em determinadas situações as funções de Elohim, existe um que
é considerado o principal entre todos os Elohim (no sentido de representatividade; ou seja, aquele que é o
principal representante do Eterno Todo-Poderoso), esse Elohim é Yeshua, a quem foi dado todo o poder nos
céus e na terra. Mas não esqueçamos um pormenor, a ele foi dado? Logo alguém lhe deu. E quem é que lhe deu
esse poder/autoridade? Foi aquele que lhe deu a vida, o Eterno YHWH, louvado seja o Seu Santo Nome. O
Eterno é Um, e dEle dependem todas as coisas visíveis e invisíveis (incluindo Yeshua.) Já o Eterno é totalmente
autónomo e independente, e vive por si mesmo.
Esta é também a confissão principal que quase todos os judeus fazem duas vezes por dia ao proclamar aquela
frase que é a essência da fé monoteísta: “Sh’má Israel, Adonai Eloheinu, Adonai Echad”, que traduzido
significa “Ouve Israel, YHWH é o nosso Elohim, YHWH é Um.”
Muitos grupos judeus usam a palavra “Adonai” no lugar do Nome Santo, por levarem ao extremo o mandamento
de não pronunciar o nome do Eterno Todo-Poderoso em vão, e por não estarem certos da sua pronúncia correcta.
Ou seja, ao Messias Yeshua, foi dado um raio de acção no qual ele teria a primazia, e esse raio de acção é a
criação (visível e invisível), contudo, quem lhe deu essa autoridade foi Aquele a quem mesmo o próprio Verbo, o
Messias, é submisso. E Esse é o Eterno Todo-Poderoso, o dador da vida e que fez vir à existência todas as
coisas.
“Bereshit bara Elohim”, pode significar “no princípio criou Elohim…” o que mostra que em determinado
tempo da Eternidade algo foi criado por Elohim; como pode também ser traduzido como “no princípio criou um
elohim”, o que significa que alguém em determinado momento da Eternidade criou um ser (um molde) que deu
início ao princípio de todas as coisas. Yeshua é chamado de princípio. Já o Eterno não tem princípio nem fim.

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O Messias é o projecto que está na origem de todas as coisas criadas. O Messias está no princípio de todas as
coisas, como está escrito em João 1:18: “Elohim nunca foi visto por alguém. O Filho unigénito, que está no seio
do Pai, esse o revelou.”
O Messias é anterior à criação do mundo físico e do mundo invisível, pois através dele é que tudo veio à
existência, pois ele foi o molde da criação (visível e invisível).
Como podemos ler em João 17:5, 24b: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que
tinha contigo antes que o mundo existisse.”(…) “ para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me
amaste antes da fundação do mundo.”

O Eterno decidiu governar a criação por intermédio do Messias. Portanto, a palavra “reshit” está relacionada nas
Escrituras com o princípio de um reinado. Além disso, o projecto Messias é a razão pela qual todas as coisas
foram criadas e para quem tudo fora criado. O Eterno criou todas as coisas por meio do plano Mashiach, e para 5
o Mashiach, que mais tarde viria a manifestar-se em carne, como lemos em 1 João 1:1-2:
Em João 1:14a está escrito: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós”
João 1:1-3: “1 No princípio era o Memra (Verbo/Palavra), e o Memra estava com Elohim, e o Memra era Elohim.
2 Ele estava no princípio com Elohim. 3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que
foi feito se fez.”
Percebemos pelo primeiro versículo de Génesis, que ninguém pode conhecer o Criador directamente, sendo só
possível conhecê-lo, através das coisas que ele criou, como
lemos em Romanos 1:19- 20: “19 Porquanto, o que de
Elohim se pode conhecer, neles se manifesta, porque
Elohim lho manifestou. 20 Pois os seus atributos
invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são
claramente vistos desde a criação do mundo, sendo
percebidos mediante as coisas criadas, de modo que
eles são inescusáveis;;”
O Criador é invisível e inalcançável para as coisas
criadas. Só é possível conhecê-lo através daquilo que
Ele revela de si mesmo. Neste texto Ele ensina-nos que
o caminho para o conhecer passa pela criação e pelo
princípio. Desta forma, o Filho, o Messias, é o principal
agente (representante) pelo qual o invisível se manifesta ao mundo, como lemos em Hebreus 1:1-3:
“1 Havendo Elohim antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, 2 nestes
últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também
os mundos; 3 sendo Ele o resplendor da Sua Shechinah e a expressa imagem do Seu Ser, e El−Shaddai pelo
poder da Sua palavra, e em Sua essência realizou a purificação dos nossos pecados, e assentou−se à direita da
Majestade nas alturas,”
Em João 14:6, 9b está escrito: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim....
Quem me vê a mim vê o Pai;”
O Pai manifesta-se neste mundo através do Seu Filho. Contudo, Yeshua não é YHWH em carne. Representa o
Pai, fala e age em Nome de Seu Pai, mas porque o Seu Pai lhe deu autoridade para isso. Contudo, Yeshua é
submisso ao Seu Pai e parte da criação dEste.
O Eterno tem um Filho, gerado como o primogénito da criação. Contudo, não podemos incorrer no erro de pensar
que o Eterno é como os homens ou os animais, para que se possa reproduzir e ter filhos como nós, ou misturar-
se com seres humanos e ter filhos. Esse pensamento é encontrado nas religiões pagãs entre pessoas que não
conhecem a verdade da Torá. Quando se fala do Filho, refere-se ao facto de ter sido feito à imagem deste, e
também à missão que lhe foi atribuída, a de ser imitador e seu representante, da mesma forma que um filho imita
e representa o seu pai numa família.
O rei David foi o oitavo filho de Jessé, contudo, é chamado primogénito, cf. Salmo 89:20, 27. Quando o apóstolo
Shaul/Paulo escreve aos Colossenses que o Messias é o primogénito de toda a criação, não significa que ele

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tenha nascido do Pai através de uma reprodução, mas sim que a ele foi atribuído o lugar de governante sobre
todas as coisas criadas, tanto as visíveis como as invisíveis.
O filho primogénito é o que levará o nome do seu pai e o direito de liderar a família na ausência do pai. De igual
modo, o Messias é chamado Filho, não porque tenha havido uma reprodução, mas porque o Eterno lhe concedeu
a posição de liderança sobre todas as coisas criadas, já que foi a partir deste “início/reshit” que tudo veio à
existência.
O Filho é quem representa o Pai na criação. O conceito hebraico de Filho tem a ver com o discipulado,
representatividade e delegação de autoridade. Nas Escrituras hebraicas, os discípulos são chamados filhos,
apesar não terem sido concebidos biologicamente pelo seu mestre, cf. 1 Reis 2:12; 20:35; 2 Reis 2:3ss; João
8:39, 41; Efésios 5:1. Estes “filhos” então recebem a autoridade delegada para actuar como representantes do
seu mestre.
Portanto, quando as Escrituras falam dos “filhos de Elohim”, referem-se aos anjos ou homens que receberam 6
poder do Criador, para julgar e governar sobre alguma área da criação, tratando-se assim de autoridade
delegada, cf. Job 1:6; 38:7; Salmo 82:6; João 10:34-38. Por essa razão, todos aqueles que recebem Yeshua,
lhes é concedido o poder, ou seja, a autoridade, para se tornarem filhos de Elohim, como está escrito em João
1:12: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Elohim, aos que crêem no
seu nome;”
Tudo o que é visível é uma demonstração física do invisível. Tudo aquilo que sucede no mundo visível é o
resultado daquilo que primeiro sucedeu no mundo invisível.
“no principio criou Elohim os céus” - A palavra hebraica que é traduzida como “céus” é “shamayim”. É uma
palavra que aparece na forma dual. Há três formas para os substantivos no idioma hebraico, singular, dual e
plural. Neste caso a palavra “shamayim” fala de céus.
Isto ensina-nos que existem vários tipos de céus. Os céus superiores podem estar divididos em várias secções,
e o mesmo poderá acontecer com os céus inferiores. Em 2 Coríntios 12:2-4, Shaul Hashalia disse que tinha
estado no paraíso no terceiro céu:
“Conheço um homem no Messias, que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Elohim
o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Elohim o
sabe) Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar.”
Ou seja, a Palavra mostra-nos que pelo menos três céus existirão, mas não quer dizer que sejam só esses, aliás,
sabendo nós que o Eterno habita na luz inacessível, certamente que Shaul nunca poderia estar a vislumbrar o
céu onde o Eterno habita, por isso, é razoável crer que existirão mais céus.
O Talmud fala de sete céus, segundo os diferentes termos utilizados no hebraico que aparecem nas Escrituras.
Os sete são:
1. Vilón, cf. Isaías 40:22.
2. Rakia, cf. Génesis 1:17.
3. Shechakim, cf. Éxodo 30:36; Job 14:19; Salmo 78:23-24.
4. Zevul, cf. 1 Reis 8:13; Isaías 63:15.
5. Maón, cf. Deuteronómio 26:15.
6. Makón, cf. 1 Reis 8:39.
7. Aravot, cf. Salmo 68:4;
Contudo, se são três, sete ou mais céus, o Eterno saberá. A nós foi-nos dado conhecimento que foram criados
céus e terra. O resto se não nos é revelado, talvez é porque não nos pertença saber (Deuteronómio 29:29).
Contudo, sabemos pelas Escrituras que existe mais do que um céu.
Génesis 1:2 “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se
movia sobre a face das águas.”
A palavra hebraica que foi traduzida como “sem forma/sem ordem” é “tohu”, que significa:
- caos, massa informe, desordem, confusão
- vazio, vacuidade, nulidade, vanidade
- ermo, deserto.
Um dos argumentos defendidos por determinados grupos de crentes, é que o facto da terra estar “sem ordem e
vazia” foi causado por um juízo divino sobre o pecado. Nesse caso, podemos equacionar o facto de ter existido

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uma criação anterior que foi destruída por água, ou alguém que teria estado ali e que teria deixado a terra numa
desordem total. Vamos ler 2 Pedro 3:3-7 onde está escrito:
“3 sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores com zombaria andando segundo as suas
próprias concupiscências, 4 e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram,
todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. 5 Pois eles de propósito ignoram isto, que pela
palavra de Elohim já desde a antigüidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água
subsiste; 6 pelas quais coisas pereceu o mundo de então, afogado em água; 7 mas os céus e a terra de agora,
pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição dos
homens ímpios..”
Este texto parece dizer que esse estado de desordem da criação anterior foi reparado por uma destruição com
água. No entanto, também é provável que o apóstolo Kefas se estivesse a referir ao dilúvio, que se deu na actual
criação. 7
• Um Hiato de Tempo?

Muitos creem que existe um hiato de tempo indefinido entre o versículo 1 e o versículo 2 do capítulo 1 de
Génesis. Foram criados céus e terra (vs.1), e depois muita coisa terá acontecido até a mesma terra ter ficado
desordenada, ou caótica (vs. 2).
O Eterno é perfeito no que faz, logo não iria criar algo desordenado, ou imperfeito, algo terá dado origem a essa
desordem.
Em 1 João 3:8 está escrito: “8 quem comete pecado é de HaSatan; porque HaSatan peca desde o princípio.
Para isto o Filho de Elohim se manifestou: para destruir as obras do Adversário..”
Aqui está escrito que HaSatan é um homicida e pecou “desde o princípio”, o qual nos dá a entender que o seu
pecado começou no princípio da obra da criação física. O Criador não é a origem do mal, nem pode fazer nada
errado, como está escrito em Deuteronómio 32:4: “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus
caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é”
Em Tiago 1:13b, 16-17 está escrito: “porque Elohim não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. (…) Não
erreis, meus amados irmãos. Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes,
em quem não há mudança nem sombra de variação.
A criação celestial, o mundo espiritual constituído pelos anjos e seres celestiais, deu-se antes da fundação da
terra, conforme lemos em Job 38:4-7: “Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens
inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que
estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, Quando as estrelas da alva juntas
alegremente cantavam, e todos os filhos de Elohim jubilavam?”

No Salmo 104:1-9 está escrito:


“Bendize, ó minha alma, oh YHWH! YHWH, meu Elohim, tu és magnificentíssimo; estás vestido de glória e de
majestade. Ele se cobre de luz como de um vestido, estende os céus como uma cortina. Põe nas águas as vigas
das suas câmaras; faz das nuvens o seu carro, anda sobre as asas do vento. Faz dos seus anjos espíritos, dos
seus ministros um fogo abrasador. Lançou os fundamentos da terra; ela não vacilará em tempo algum. Tu a
cobriste com o abismo, como com um vestido; as águas estavam sobre os montes. À tua repreensão fugiram; à
voz do teu trovão se apressaram. Subiram aos montes, desceram aos vales, até ao lugar que para elas fundaste.
Termo lhes puseste, que não ultrapassarão, para que não tornem mais a cobrir a terra”.
Segundo este Salmo parece que a ordem da criação das coisas foi a seguinte:
1. A luz.
2. Os céus.
3. A terra.
Este Salmo (104) também nos ensina que as águas tinham coberto as montanhas antes de serem repreendidas
e sujeitas a um limite. Em várias montanhas espalhadas pelo mundo, existem sinais nas rochas de ondas do mar
que as desgastaram durante muito tempo.
Isto não pode ser o resultado do dilúvio uma vez que as águas do dilúvio cobriram a terra apenas por alguns
meses. Estes sinais terão que ser anteriores ao dilúvio. Muitas das montanhas que existem hoje em diferentes

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lugares da terra, mostram sinais de terem estado no fundo do mar onde se formaram os diferentes sedimentos
durante o dilúvio.
Segundo os cálculos modernos, o Universo, no seu estado actual, tem uma idade de 15 a 20 mil milhões de
anos. Albert Einstein, ensinou que a cosmologia do Big Bang não trouxe apenas à existência o espaço e a
matéria, mas também o tempo.
A teoria da relatividade também nos ensina que o tempo não é constante. A nossa compreensão do tempo está
afectada pelo nosso ponto de partida na hora de calcular o tempo. Dependendo de onde estamos situados para
calcular o tempo, o tempo irá ser diferente. Um minuto na lua passa mais rápido que um minuto na terra. Um
minuto no sol é mais lento. E pelo facto do universo estar em constante expansão, o tempo também está a mudar
e a dilatar-se, desde a nossa perspectiva.

Quanto tempo passou desde a criação do universo até à criação do homem? 15 mil milhões de anos ou seis 8
dias? Muito provavelmente ambas as respostas estarão certas.

Sob o ponto de vista da Torá, foram seis dias. Mas como o universo foi expandido e continua a expandir-se, o
tempo também se dilatou.
✓ O primeiro dos dias da Torá até pode ter tido a duração normal de 24 horas, quando visto na perspectiva
de começo do tempo. Mas a duração desse dia, na nossa perspectiva actual, segundo o cientista judeu Gerald
Schroeder, é de 8 mil milhões de anos.
✓ O segundo dia, desde a perspectiva da Torá durou também 24 horas. Mas na nossa perspectiva actual
durou a metade do dia anterior, ou seja, 4 mil milhões de anos.
✓ No terceiro dia, também durou a metade do dia anterior, 2 mil milhões de anos.
✓ O quarto dia – 1000 milhões de anos.
✓ O quinto dia – 500 milhões de anos.
✓ O sexto dia – 250 milhões de anos. Se somarmos estes seis dias, temos como resultado a idade do
universo de 15,750 milhões de anos. E isso vai coincidir com os cálculos da cosmologia moderna.

• 1:3 “E disse Elohim: Haja luz. E houve luz.”

Aquilo que Elohim diz, também o faz, cf. Números 23:19; Salmo 33:9. A primeira coisa que o Eterno fez foi a
luz. A partir daqui vemos a organização do universo. A primeira coisa feita foi a luz. Mas vejamos que o sol ainda
não tinha sido feito. Isto mostra-nos que não é a mesma luz que posteriormente foi produzida pelo sol e as
estrelas, mas sim outra luz.
Em 2 Corintios 4:6 está escrito: “Porque Elohim, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem
resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Elohim, na face do Messias
Yeshua.”
Neste texto, o apóstolo Shaul ensina-nos que a luz surgiu das mesmas trevas. Isto também pode ser entendido
de uma forma simbólica. Se o Eterno pode fazer luz mesmo na obscuridade mais compacta que já existiu jamais,
não existe obscuridade nas nossas vidas que seja demasiado compacta para que o nosso Pai celestial não a
possa utilizar para algo positivo. Para Ele tudo é possível, incluindo criar luz das trevas. No fundo, as trevas são
a ausência de luz.

• 1:4 “E viu Elohim que era boa a luz; e fez Elohim separação entre a luz e as trevas.”
Esta luz primordial foi a luz do Messias. Foi o primeiro a ser revelado na criação, dado que foi esta luz que deu
origem à criação. No entanto, esta luz foi separada das trevas, foi escondida do mundo para ser revelada mais
adiante, como lemos em João 1:4-10: “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece
nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Houve um homem enviado de Elohim, cujo nome era João. Este
veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. Não era ele a luz, mas para
que testificasse da luz. Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo. Estava no
mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.”

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 8


Em Mateus 4:13-16 está escrito: “E, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins
de Zebulom e Naftali; Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz: A terra de Zebulom, e a
terra de Naftali, Junto ao caminho do mar, além do Jordão, A Galileia das nações; O povo, que estava assentado
em trevas, Viu uma grande luz; aos que estavam assentados na região e sombra da morte, A luz raiou.”
Em João 3:19 está escrito: “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as
trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.”
Em João 8:12; 12:46 está escrito: “Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me
segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida. (…) Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele
que crê em mim não permaneça nas trevas.”
Em Actos 26:13-15 está escrito: “Ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do
sol, cuja claridade me envolveu a mim e aosque iam comigo. E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me
falava, e em língua hebraica dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os 9
aguilhões. E disse eu: Quem és, Senhor? E ele respondeu: Eu sou Yeshua, a quem tu persegues;”
Os rabinos antigos consideraram que o Messias foi a razão pela qual foram criados os céus e a terra. A Luz que
foi revelada antes da formação do sol e as estrelas, foi vista como a luz do Messias que estava à procura de um
recipiente apropriado para se poder manifestar finalmente.
Um Midrash antigo diz: “Esta é a luz do Messias... para ensinar-te que o Eterno viu a geração do Messias e o
Seu serviço antes da criação do universo e ele o escondeu... sob o Seu trono de glória. hasatán lhe perguntou:
“Amo do universo: ¿Para quem é essa luz sob o Teu trono de glória?” E o Eterno respondeu: “Ela está reservada
para aquele que se encarregará de te destruir”.”
Em outro Midrash lemos:
"Desde o princípio da criação do mundo o rei Messias nasceu, porque ele entrou na mente (de Elohim)
inclusivamente antes do mundo ser criado."
No livro do profeta Enoque, o sétimo depois de Adão (citado também em Judas vs. 14-15), no capítulo 46 está
escrito:
“Ali vi alguém que tinha uma “cabeça de dias” e a sua cabeça era como de lã branca; e com ele outro cuja figura
tinha a aparência de um homem, e a sua figura era cheia de graça, como um dos anjos santos. Perguntei ao anjo
que ia comigo, e que me tinha feito conhecer todos os segredos a respeito desde Filho do homem: ‘Quem é ele,
de onde vem, porque vai ele com a cabeça de dias?’”
“Ele respondeu-me dizendo: “Este é o Filho do homem que possui a justiça e com ele que habita a justiça, que
revelará todos os tesouros escondidos, porque o Senhor dos espíritos o escolheu, e ganhou o direito perante o
Senhor dos Espíritos para a Eternidade.”
“O filho do homem que tu viste fará levantar os reis e os poderosos dos seus leitos, e os fortes dos seus assentos;
e rasgará os freios dos fortes, e partirá os dentes dos pecadores; e derrubará os reis dos seus tronos e do seu
poder, porque eles não o exaltaram e porque não o glorificaram e porque não confessaram humildemente de
onde lhes foi dada a realeza. Mudará a face dos fortes e as encherá de temor; as trevas serão a sua morada e
vermes a sua cama, e não poderão esperar levantar-se da sua cama, porque não exaltaram o nome do Senhor
dos espíritos…”:
No capítulo 48 do mesmo livro está escrito:
“Neste lugar vi o manancial de justiça, que é inesgotável, e ao seu redor havia muitas fontes de sabedoria e todos
os sedentos bebiam e eram cheios de sabedoria, e tinham as suas moradas com os justos, os santos e os
eleitos.”
“E nesse momento, este Filho do homem foi nomeado perto do Senhor dos espíritos, e o seu nome (foi dado)
diante da “cabeça dos dias”.
“E antes que o sol e os sinais fossem criados, antes que se fizessem as estrelas do céu, o seu nome foi dado
diante do Senhor dos espíritos.
“Será ele um bastão para os justos, a fim de que possam se apoiar sobre ele e não cair; será a luz dos povos, e
será a esperança daqueles que sofrem no seu coração”.
“Todos aqueles que habitam sobre o árido se prostrarão e o adorarão; e abençoarão e glorificarão e cantarão ao
Senhor dos espíritos.”

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 9


“E por aquele é por quem ele foi eleito e guardado diante dEle (o Senhor) antes da criação do mundo, e pela
eternidade…”

“Todos aqueles que habitam sobre o árido, se prostrarão e o adorarão; e bendizirão e glorificarão e cantarão ao
Senhor dos espíritos.”

Ainda que estes textos (do livro de Enoque) não tenham sido reconhecidos como a Palavra de Elohim e contado
entre os livros canónicos, temos que reconhecer o testemunho de Judas que citou o seu livro na sua carta (Judas
14). Isso dá-nos o aval para considerar os escritos deste profeta, que viveu antes do dilúvio, não como uma
escritura inspirada, mas como uma fonte de informações a ter em conta.
O interessante é que, segundo este livro, Enoque pode ver o “Filho do Homem” e ter uma revelação sobre a sua
origem. O nome do Filho do Homem foi mencionado diante da “cabeça dos dias”, antes que o sol, a lua e as 10
estrelas fossem feitos. Ele será a luz dos povos, cf. Isaías 49:6.
Este livro também nos diz que o Filho do Homem foi eleito e guardado diante do Senhor dos espíritos, antes da
criação do mundo, e pela eternidade, cf. Miqueias 5:2. 1:5b “e foi a tarde e a manhã do primeiro dia.”
– A Torá não descreve as coisas de uma forma estritamente linear, mas sim de uma forma circular ou espiral.
Por essa razão não se deve entender estas palavras como um seguimento do que ocorreu antes, mas sim como
um resumo do que se passou durante todo esse dia.
Segundo a Torá, o dia começa com a noite. Isto porque primeiro existiram as trevas, e logo depois veio a luz.
Isso perfaz um dia.
A palavra “dia”, em hebraico “yom”, tem quatro significados principais:
- Dia, o período em que há luz (aproximadamente 12 horas), cf. Génesis 1:5a.
- Dia, jornada (24 horas), cf. Génesis 1:5b.
- Um tempo mais largo limitado, uma época, cf. Génesis 2:4.
- Mil anos, cf. Salmo 90:4; 2 Pedro 3:8.

1:6 “E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.”

Este texto parece indicar que existia água (possivelmente em forma de vapor) por cima da atmosfera, em torno
da terra. Nesse caso, esta água foi também a que caiu sobre a terra durante o dilúvio nos tempos de Noé. Esta
“capa” de água protegeria a terra dos raios radioactivos do espaço que causam dano à vida biológica. Uma capa
desse tipo produziria duas coisas importantes; uma pressão atmosférica mais alta, e um clima tropical óptimo,
durante todo o ano.
O desaparecimento dessa capa protectora após o dilúvio, pode ser uma das principais razões para que o tempo
de vida humana tenha sido reduzido em 90%. A nova condição de vida após o dilúvio, também poderia ser uma
explicação lógica sobre o porquê da extinção dos dinossauros.
O rabino Rashi escreve que a obra de organizar a água, não foi concluída no segundo dia, mas sim no terceiro,
e por isso não é dito o habitual que é dito em relação aos outros dias, e “e viu Elohim que era bom”. Por essa
razão, no terceiro dia Elohim diz duas vezes que era bom. Cada obra terminada foi avaliada e declarada boa.

• 1:8-9 “E chamou Elohim à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo. E disse Elohim:
Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi.”

No princípio a porção seca era um só continente. Mais tarde foi dividida a terra, cf. Génesis 10:25.
Conforme já vimos em Job 38:6, o Eterno fundou uma “pedra angular” na terra. Esta “pedra” principal da terra
é o monte Sião. Segundo Ezequiel 28:13-14, ali estava o lugar de adoração do anjo sumo sacerdotal antes da
sua queda em pecado. Naquele lugar terá sigo criado Adão, segundo a tradição hebraica. Nesse mesmo lugar
Abraão colocou o seu filho Isaque sobre o altar.
Nesse sítio Salomão edificou o Templo. Nesse monte o Filho de Elohim foi sacrificado para redimir o pecado
desde Adão, e para limpar o mundo de toda a iniquidade e a esse lugar o Messias voltará para levantar de novo
o reinado de David e governar sobre toda a terra.

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 10


• 1:11-12 “E disse Elohim: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê
fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela sobre a terra; e assim foi. E a terra produziu erva,
erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua
espécie; e viu Elohim que era bom.”

Pela palavra do Eterno, a terra começou a produzir vegetação. Aqui não se fala de nenhum acto de criação.
Segundo o Midrash, no primeiro dia Elohim criou a matéria-prima a partir da qual construiria todo o mundo. Como
já vimos antes, todas as coisas existiam como uma matéria sem forma. Durante os dias posteriores Elohim formou
e moldou essa matéria para que as coisas se tornassem da forma que nós as conhecemos.
Segundo o Midrash, o jardim do Éden brotou ao mesmo tempo que o resto da vegetação. Além disso, está escrito
que o próprio Eterno plantou esse jardim, cf. Génesis 2:8. 11
O paraíso é o palácio do Eterno na terra. Em determinado momento da história, este jardim foi tirado da terra e
agora está no terceiro céu, cf. 2 Coríntios 12:4. No futuro será restabelecido na terra e os justos poderão entrar
nele, como está escrito em Apocalipse 2:7.
“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido, e
dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o
recebe.”

• Segunda Leitura, 1:14-23.


1:14-15 “E disse Elohim: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a
noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos. E sejam para luminares
na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim foi.”
O sol, a lua e as estrelas (incluindo os planetas), foram colocados nos céus para cumprir sete propósitos divinos
fundamentais:
• - Separar o dia da noite;
• - Servir como sinais;
• - Marcar as datas divinas;
• - Mostrar dias;
• - Mostrar anos;
• - Servir de luzes na expansão dos céus;
• - Alumiar a terra.
Podemos constatar, que mesmo antes de a Torá ter sido dada a Israel, antes de existir Israel e mesmo antes de
ter sido criado o homem, o Eterno já decretava que iria estabelecer dias solenes em que lhe deveria ser prestado
culto. Talvez nas traduções contemporâneas, seja mais difícil constatar isso, contudo, a palavra que é traduzida
como estações, é a palavra hebraica moedim, plural de moed, que significa tempo assinalado; festa solene; dia
de santa convocação. Isso ensina-nos uma coisa. Mesmo antes do sétimo dia ter sido santificado por ser o dia
em que o Eterno descansou da obra que fizera, Ele estabeleceu moedim, ou seja, dias solenes de descanso e
de adoração.
1:16 “E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor
para governar a noite; e fez as estrelas.”
Ainda que a lua não tenha luz própria, é dotada de uma superfície apropriada que permite que seja iluminada,
dando a ideia que tem luz própria, mas na realidade é como uma espécie de espelho, que reflecte a luz solar que
ilumina a parte escura da Terra durante a noite.
• 1:21 “E Deus criou as grandes baleias, e todo o réptil de alma vivente que as águas
abundantemente produziram conforme as suas espécies; e toda a ave de asas conforme a sua espécie;
e viu Elohim que era bom.”

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 11


Neste momento foi criado também o “nefesh”, a alma, dos seres biológicos, do reino animal. É possível que os
dinossauros sejam mencionados nas Escrituras como contemporâneos com os homens, no tempo de Job, cerca
de 1700 anos A.C., segundo os textos de Job 40:15-24*; 41:1-34*.
*As características realçadas não correspondem propriamente ditas ao que hoje nós chamamos de hipopótamo
e de crocodilo.

• Terceira Leitura, 1:24 – 2:3


1:25 “E fez Elohim as feras da terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e todo
o réptil da terra conforme a sua espécie; e viu Elohim que era bom.”
12
Todos os animais foram criados pelo Eterno. Todos têm o seu propósito na criação. Alguns deles, nós não
compreendemos a razão de existirem, mas nada foi feito ao acaso. Todos eles, desde o maior ao mais pequeno,
até mesmo os parasitas, foram criados pelo Eterno, e todos têm um papel fundamental no equilíbrio biológico do
planeta.

1:26-27 “E disse Elohim: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e
domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e
sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Elohim o homem à sua imagem; à imagem de
Elohim o criou; homem e mulher os criou.”

Uma Mitzva positiva: “Bênção/princípio” da procriação em Bereshit 1:28; Trata-se de uma Mitzva-Brachá de
caráter positivo (Mandamento-Benção) ou, simplesmente, de uma Palavra-Princípio.
De fato a benção que aparece em Bereshit 1:28, dirigida aos seres humanos, e a mesma que a aparece em
Bereshit 1:22, dirigida aos seres alados (aves), repteis e seres aquáticos.
Esta Mitzva tem sido objeto de infindáveis debates e discussões, mas não resta duvida que o Eterno dirige-se
aos seres por Ele criados, abençoando-os (não ordenando). De qualquer forma estabelece-se um principio pelo
qual todo servo do Eterno, assim como aves, peixes e outros animais, devem encontrar seu par(companheira).
No caso do homem, o matrimônio, isto é, o leito sem maculas, torna-se, em função desta Mitzva, uma obrigação.
O celibato fica completamente afastado pois, a Mitzva/Bênção só poderá ser concretizada na situação do homem
unido a uma mulher.
Em Bereshit 1:22, em relação aos seres alados, repteis e aquáticos, encontra-se o seguinte:
“V’yberach'otam Elohim lemor peru ur'bu umilu et’hamayim bayamiym veha-oph’yrech ba’aretz” - "E Elohim os
abençoou, dizendo: frutifiquem e tornem-se muitos, e encham as águas dos mares. Que as aves multipliquem-
se sobre a terra...”
Em Bereshit 1:28, em relação ao homem e a mulher (macho e fêmea), encontra-se:
“V’yberach'otam Elohim, vayômer l’hem Elohim peru ur'bu umilu et’ha’aretz vekib’shuha uredu bidgath chaym
ub’oph hashamaym ubekal-chayah ha’romeset al-ha'áretz” - “E Elohim os abençoou. E Elohim lhes disse: sejam
férteis e tornem-se muitos. Encham a terra e a conquistem. Dominem o peixe do mar, os pássaros do céu e todo
animal que rasteja sobre a terra…”
Portanto, como observamos, o Eterno abençoa os seres animais e a humanidade com a possibilidade de procriar,
os faz macho e fêmea. Esta Mitzvá não deve ser entendida como uma “ordem” para indiscriminadamente se
colocar filhos no mundo mas sim, certamente que sim, para que o homem descubra sua parceria com o Eterno
no processo de criação. Está no homem a possibilidade de gerar e de cultivar o jardim e de dar prosseguimento
ao propósito de criação de filhos de Elohim.
Kaîn e Hebel (Cain e Abel): Cain significa comprar, adquirir, possuir; Abel significa fumaça, vaidade. Adonai fala
com Caim (conforme Bereshit/Gênesis 4:6-16) tentando evitar uma tragédia, entretanto, o livre arbítrio estava
nas mãos de Caim, Adonai não interfere nas decisões dos homens, culpar o Eterno pelas injustiças dos homens
tem sido uma constante ao longo da história da humanidade, mesmo nos corações mais duros Adonai sempre
tenta evitar um mal maior falando por meio de seu Espírito, mas a decisão e a culpa pelas consequências é
inteiramente do homem.

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 12


Outra fantasia encontrada, principalmente no cristianismo, é de atribuir culpa das tragédias a Satan, sim sabemos
que ele faz o trabalho ao qual lhe foi designado, atiçar a nossa Yetzer haRá, mas o poder de decisão e ato é
exclusivamente nosso.
O primeiro homicídio e o início de um caminho de violência e maldição para a terra, Adonai da a proibição de
vencer a violência com a violência, o nascimento do terceiro filho de Adam e Eva: Shét (compensação) da início
a geração dos adoradores e servos do Eterno ou os filhos de D'us (B'nei haElohim), e as filhas dos homens
(geração de Cain) também da início ao conflito entre o bem e o mal e a corrupção geral do gênero humano mostra
que a geração dos filhos da serpente (ímpios) sempre estariam agindo na terra contra os filhos de D’us.
Mais uma vez, vemos que o ser humano, é a forma visível daquilo que até então era invisível. O homem físico é
feito à imagem e semelhança dos homens espirituais (anjos). A diferença deste homem que é criado, é que este
tem um corpo físico. É espiritual e carnal, ao contrário dos seres celestiais que não tem corpo físico.
Primeiro o Eterno criou o corpo humano a partir do barro da terra, cf. 2:7. Depois criou a vida humana, ao soprar 13
o Ruach de vida no seu nariz. A primeira lufada de ar que o homem respirou foi o espírito do Eterno. Isto ensina-
nos que o homem está acima dos animais. Os animais possuem corpo e alma, enquanto o homem tem corpo,
alma e espírito. Nestes versículos de Génesis (26-27), percebemos que ao homem foi dada autoridade para
dominar sobre os animais, o que mostra também que ele é superior a estes.
Vemos que o texto diz “façamos o homem à nossa imagem”. Mais uma vez percebemos que o Eterno não
estava sozinho, pois já existia uma criação antes da criação física.
O Eterno é o Único Elohim existente, e o Único que é o dador da vida de tudo o que vive (visível e invisível). No
entanto, percebemos que oEterno trabalhou na obra da criação física, com aqueles que ele criou primeiramente,
o Messias, o primeiro ser a ser criado, e os seus anjos que foram feitos a partir do Messias. Já o Eterno, como
já dissemos, não tem princípio nem fim, e está além do conceito de existência e do conceito criação. 1ª Timóteo
1:17 – 6:16
O Midrash interpreta este texto da seguinte forma:
“Moisés escreveu a Torá segundo aquilo que o Eterno lhe ditava. Quando o Eterno lhe instruiu a escrever o vs.
26 “Façamos o ser humano” – Moisés fez uma objecção: - Amo do Universo, perguntou: Porque dás aos heréges
uma oportunidade para pecar ao deduzir quanto lêem esta parte do texto, na forma plural, que mais do que um
Elohim criou o homem?
O Eterno respondeu:
“escreve como te digo. Se alguém deseja pecar, deixa-o pecar. Eu expresso-o no plural para dar uma lição ao
ser humano. Uma pessoa importante normalmente pensa que para ele é supérfluo deixar-se aconselhar pelos
seus subordinados. Deixa-o estudar este versículo, e assim dar-se-á conta que mesmo o Criador, que criou o
mundo superior e o mundo inferior, consultou os seus anjos antes de criar o homem.”
Isto ensina-nos que antes de se criar o homem, houve uma decisão na corte celestial. O Eterno convocou os
seres superiores que participavam nos seus planos de forma activa, cf. 1 Reis 22:19; Job 1:6; 2:1; Daniel 4:17;
Apocalipse 4:4; 5:11. Também os anjos são comparticipantes nas obras do Eterno, visto que são enviados a
executar ordens divinas, cf. Salmo 103:20.
Vemos então que, nesse momento os anjos foram convidados a tomar uma decisão colectiva para a criação do
ser humano. Contudo, apesar de participarem nessa decisão, não tiveram um papel activo na hora de criar o
homem, porque está escrito no versículo 27: “criou Elohim o homem”, não diz: “criaram”, o que exclui então os
anjos como participantes dessa criação.
O ser humano teria que reflectir a forma de ser do Eterno no mundo físico, da mesma forma que os anjos reflectem
no mundo espiritual.
Está escrito em Romanos 5:14b: “Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir”
Adão foi criado segundo o plano Messias. Como o Messias estava predestinado a ser o reflexo do Eterno, Adão
teria que ser feito semelhante a esse plano, esse molde, esse homem original. “e domine sobre…” O ser humano
foi criado para dominar sobre os animais e sobre a terra e dessa forma ele reflectiria o domínio do Criador sobre
todas as coisas. Este domínio do homem dependia da sujeição ao Dono de todas as coisas. A independência do
homem do seu Criador foi a sua ruína.
“homem e mulher os criou” – A palavra hebraica para “homem” é “Adam”, que, em primeiro lugar, não significa
“varão”, mas sim “ser humano”, e também “raça humana”. Portanto “Adão” é um composto de homem e mulher.

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 13


Mais adiante vemos como a mulher não foi criada aparte do varão, mas sim como uma parte dele. Os dois juntos
foram o ser humano, “Adam”, como também está escrito em Génesis 5:2: “Homem e mulher os criou; e os
abençoou e chamou o seu nome Adão, no dia em que foram criados.”
A expressão “homem e mulher”, deve ser entendida como “masculino e feminino”. Isto ensina-nos que o varão
não é completo sem uma mulher que o complemente, e uma mulher não é completa sem um varão que a
complemente. Os dois foram criados para ser a raça humana, um não pode existir sem o outro, e vice-versa.

1:28 “E Elohim os abençoou, e Elohim lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e
sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se
move sobre a terra.”

Este é o primeiro mandamento que aparece na Torá. O homem tem a obrigação de se multiplicar. Para poder 14
multiplicar-se de forma adequada deve casar, e ter filhos. Aquele que não quer casar e ter filhos, resiste ao
propósito original para o ser humano.
A família é o pilar principal do fundamento da sociedade. O Eterno não abençoou o homem quando estava só,
mas sim quando estava acompanhado com a sua esposa. Isto ensina-nos que o matrimónio entre homem e
mulher, recebeu uma bênção do céu.
Neste caso, a bênção do céu resultou na sua capacidade de poder procriar e ter muitos filhos, o qual é uma das
bênçãos maiores que o homem pode receber, cf. 1 Samuel 2:20; Salmo 127:3-5; Provérbios 17:6.

1:29 “E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de
toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.”
Toda a vegetação e frutos da terra, foram criados para servir de alimento aos homens. Os animais não foram
criados com o propósito de servir de alimento ao homem, isso só veio a ser instituído mais tarde, cf. Génesis 9:3.
Ou seja, até ao dilúvio, o homem seguia um regime alimentar vegetariano.

• 1:30 “E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma
vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi.”

De igual modo, os animais só comiam vegetais. Nenhum animal matava outro para comer. O mundo foi criado
muito diferente do mundo que conhecemos hoje, depois da queda em pecado, cf. Romanos 8:19-22: “Porque
a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Elohim Porque a criação ficou sujeita à
vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, Na esperança de que também a mesma criatura
será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Elohim. Porque sabemos que
toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora.”

• 1:31 “E viu Elohim tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia
sexto.”

A morte não é boa, é um inimigo. Não havia morte. Mais adiante a morte não entra apenas no homem, mas
também no mundo, pelo pecado do homem, como está escrito em Romanos 5:12: “Portanto, como por um
homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens
por isso que todos pecaram.”
O texto de Génesis 1:31, mostra-nos que o relato no capítulo 2, onde diz que não era bom que o homem
estivesse só, cf. 2:18, não foi escrito de forma cronológica. No capítulo 2 há uma explicação mais detalhada do
que se passou durante os últimos dias da criação, narrados no capítulo 1. Como já vimos antes, a Torá não
narra as coisas de forma linear, mas sim de forma circular, avançando e logo voltando atrás para dar mais
detalhes do que já fora avançado anteriormente.
Se não entendermos este princípio não entenderemos muitos dos textos. Lembremo-nos que, Moisés não
escreveu a Torá em tempo real, mas sim escreveu eventos que se tinham passado há muito tempo, e por isso

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 14


não tinhaque seguir uma sequência cronológica. É dessa forma que trabalha o cérebro humano, e a Torá foi
escrita para ser compatível com o raciocínio humano.

2:1-2 “Assim os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados. E havendo Deus acabado no dia
sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.”

Há quem diga, com base neste versículo que o Eterno ainda trabalhou no sétimo dia e só depois descansou.
Mas a única coisa que aconteceu no sétimo dia, foi o cessar a obra da criação, ou seja, a criação está completa
com o cessar do trabalho. O que aconteceu no sétimo dia da criação? O Eterno cessou o seu labor, logo, o
próprio cessar, torna a obra completa.

2:3 “E abençoou Elohim o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que 15
Deus criara e fizera”.

O sétimo dia foi um dia abençoado pelo Eterno. Existe uma bênção especial pronunciada sobre esse dia. Nenhum
outro dia da semana tem uma bênção específica. Anteriormente os seres vivos, animais, e homens, já tinham
sido abençoados, mas agora, o Eterno abençoa um dia, um lapso de tempo de 24 horas. Mas não só o abençoou,
como o santificou.
Essa palavra tem duas conotações, apartar de algo, e apartar para algo. Neste caso, o sétimo dia foi apartado
dos demais dias para ser diferente. Mas não foi apenas isso; foi também separado para o Eterno, para ser de
sua exclusiva propriedade. Algo que é santificado, só pode ser usado para o propósito para o qual foi santificado.
Se é utilizado para outra coisa ou com outro motivo, é profanado.
Logo, o Shabbat foi santificado entre os demais dias da semana, para ser diferente e foi santificado para ser
exclusiva propriedade do Criador. Esse dia é seu, foi separado para Ele, para ser o seu próprio dia, por isso
Isaías o cita como “meu dia santo” em Isaías 58:13-14 onde está escrito.

“Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso,
e o santo dia de YHWH, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a
tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras, Então te deleitarás em YHWH, e te farei cavalgar
sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca de YHWH o disse.”

O Shabbat é o dia do Eterno. Ele tem um propósito muito específico para esse dia. Depois de terminar toda a
obra da criação em seis dias, preparou um dia exclusivo por meio do qual ele pudesse ter uma relação especial
com o homem e trabalhar de uma forma concreta dentro do homem, santificando-o, como lemos em Êxodo
31:13:
“Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal
entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou YHWH que vos santifica.”

O homem foi criado à imagem e semelhança de Elohim, e por isso é filho de Elohim. Portanto, o homem foi criado
para ser um reflexo e um imitador do seu Pai celestial. E como o Pai cessou o seu labor no sétimo dia, o homem
deverá fazer o mesmo, cf. Êxodo 20:8-11:

“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é
o sábado de YHWH teu Elohim; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo,
nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias
fez YHWH os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou YHWH
o dia do sábado, e o santificou.”

Um filho obediente faz o mesmo que o seu pai. Um filho rebelde não imita o pai. Então, o que deve fazer o homem
durante o sétimo dia? Duas coisas principais, cessar as actividades habituais da semana, e dedicar-se de uma
forma especial ao Eterno. Dessa forma, poderá obter o benefício da bênção que foi pronunciada sobre esse dia.

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 15


A palavra hebraica que foi traduzida como “cessou” é “shavat”, e daí vem a palavra “shabbat” que significa
“cessar”; “parar”; “interromper”. A palavra “shabbat” aparece pela primeira vez em Êxodo 16:23 onde está escrito:
“E ele disse-lhes: Isto é o que YHWH tem dito: Amanhã é repouso, o santo sábado de YHWH; o que quiserdes
cozer no forno, cozei-o, e o que quiserdes cozer em água, cozei-o em água; e tudo o que sobejar, guardai para
vós até amanhã.”

É importante salientar, que a palavra Shabbat não significa “descanso”, no sentido de recuperar forças. O Eterno
não se cansa, como lemos em Isaías 40:28:

“Não sabes, não ouviste que o Eterno Elohim, YHWH, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga?
É inescrutável o seu entendimento.”
16
Portanto, o sétimo dia não foi feito, primeiramente com o propósito de dar descanso ao homem dos seus labores
fatigantes. No princípio o homem não tinha um labor que o fizesse suar ou gastar as suas forças para ter a
necessidade de se recuperar durante um dia da semana. Esse não é o conceito principal do Shabbat. O propósito
principal é que seja um dia de dedicação ao Eterno, de uma forma especial, diferente dos restantes dias da
semana.
Contudo, esse dia também foi criado com o propósito de dar descanso ao homem, pois umas das características
do Eterno é a presciência divina. Ou seja, ele sabia que o homem iria pecar, visto que a criação física, como já
vimos, reflecte o que acontece no mundo sobrenatural.
Da mesma forma que um homem celestial pecou (satanás), o homem carnal também pecaria. E a necessidade
de haver um dia de descanso para o homem, é o resultado da queda desde em pecado, e em consequência
disso, o trabalho tornou-se em algo pesado, que implica que haja a necessidade de descanso para que o homem
recupere as forças, como lemos em Deuteronómio 5:14:
“Mas o sétimo dia é o sábado de YHWH teu Elohim; não farás nenhum trabalho nele, nem tu, nem teu filho, nem
tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o
estrangeiro que está dentro de tuas portas; para que o teu servo e a tua serva descansem como tu;”
Em Êxodo 20:11 está escrito:
“Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou;
portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.”
O Shabbat é convertido num santuário no tempo. Este foi o primeiro tipo de templo que o Eterno fez. Mais adiante
designou também um lugar físico para um templo. Há tempos santos e lugares santos, tempos apartados e
lugares apartados. Estes são princípios incorporados na criação, que ajudam o homem a relacionar-se de forma
correcta com o criador.
O propósito do Shabbat não foi estabelecido no Sinai, com a entrega da Torá a Israel, mas sim na criação. Não
foi estabelecido para Israel, mas sim para o homem. O Shabbat foi instituído logo após a criação do homem. A
primeira coisa que o homem experienciou após ser criado, foi o Shabbat do Eterno (Isaias 56:2). Isto ensina-nos
que o Shabbat foi feito para o homem, como está escrito em Marcos 2:27: “E disse-lhes: O sábado foi feito por
causa do homem, e não o homem por causa do sábado.”
O Sábado não foi feito para os judeus, mas sim para o homem, para todos os filhos de Adão. Não há nenhum
texto nas Escrituras, que mostre que o Sábado tenha sido substituído por outro dia, ou que tenha sido abolido ou
que tenha sido cumprido de forma espiritual.
Todas as tentativas de introduzir tais doutrinas estão destinadas a fracassar na hora de fazer uma análise mais
minuciosa da mensagem dos Escritos inspirados pelo Espírito do Eterno, incluindo os Escritos Apostólicos,
conhecidos como o “Novo Testamento”.

• Quarta Leitura, 2:4 – 3:21


• 2:4 “Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que YHWH Elohim
fez a terra e os céus.”

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 16


Esta é a primeira vez que aparece escrito na Torá, o Nome pessoal de Elohim, YHWH. Esse nome aparece mais
de 6500 vezes no Tanach (vulgo Antigo Testamento). Este é o único nome pessoal do Eterno, que é apresentado
nas Escrituras. Todos os demais nomes são genéricos, são títulos, mas este é o Nome próprio do Eterno.
Esse nome é aquele que mais revela a sua essência. Por não termos a certeza da sua pronúncia exacta, optamos
por não escrevê-lo de forma completa, para não induzir em erro.
Usamos muitas vezes a expressão “HaShem” que significa “o Nome”, o qual é uma prática muito antiga que se
encontra mesmo nos Escritos Apostólicos, cf. 3 João 7. Como a raiz de YHWH está relacionada com vida e
existência em si mesmo, usamos também a tradução “o Eterno”, como uma referência a esse Nome.
No capítulo 1, vê-se a obra criativa de Elohim de forma superficial, mas no capítulo dois, são revelados os
detalhes mais profundos de certas acções que foram descritas de forma geral no capítulo um. Quando o Eterno
se apresenta superficialmente, dá a conhecer o seu atributo de justiça, mas quando nos deixamos envolver e a
17
ver de mais perto, ele apresenta-se com o seu nome pessoal, YHWH, que está relacionado com a sua
misericórdia. Isto ensina-nos que quanto mais perto nos chegamos ao Eterno, mais conheceremos o seu amor.

• 2:7 “E o Eterno formou o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o
homem foi feito alma vivente”
O homem, é o único ser que foi capacitado para viver em dois mundos, o mundo inferior, material, e o mundo
superior, espiritual. Por isso, houve a necessidade de um acto de criação único, diferente do dos anjos e diferente
do dos animais. O homem é uma combinação entre o pó da terra, e o sopro de vida do Eterno. Quando estes
dois se uniram, o homem tornou-se uma alma vivente.
O Espírito de vida do Eterno, é o que faz com que cada ser possa viver. O ser humano não é um ser eterno em
si mesmo. A ideia pagã da imortalidade da alma não vem das escrituras, mas é sim um conceito filosófico grego
que se infiltrou tanto no judaísmo como no cristianismo. A alma do homem depende do Espírito do Eterno para
poder existir.
Só há Um que é imortal por si só, como lemos em 1 Timóteo 6:16: “Aquele que tem, Ele só, a imortalidade, e
habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno.
Amém.”
O homem só pode alcançar a imortalidade numa estreita relação com Aquele que existe por si mesmo, o Pai
celestial. A imortalidade independente é um mito inventado por satanás. Esse mito foi vendido a Eva quando ele
a enganou levando-a a “desligar-se” do Dador da vida dizendo: “certamente não morrerás”. Não há vida eterna
separada do Eterno. As Escrituras ensinam que a alma é mortal, destrutível e pode perder-se.
• 2:8-9 “E plantou YHWH um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem que tinha formado.
E YHWH fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio
do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.”
No meio do jardim existiam duas árvores, uma perto da outra. A árvore da vida representa a Torá, que é chamada
“árvore da vida” em Provérbios 3:18 onde está escrito: “É árvore de vida para os que dela tomam, e são bem-
aventurados todos os que a retêm.”
• 2:11 “O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro.”

Pishón significa “estender-se”, “abundar”. O ambiente original para o homem foi de abundância. A escassez é o
resultado da maldição.
• 2:12 “E o ouro dessa terra é bom; ali há o bdélio, e a pedra sardónica.”
O homem foi criado para ter abundância económica e valorizar o ouro. A Torá é que mostra que o ouro é valioso.
O outro tem valor porque a Torá diz que é bom. Não é o ouro que é mau. As riquezas materiais não são más,
são boas. O errado é o amor às riquezas, como lemos em 1 Timoteo 6:10: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 17


de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com
muitas dores.”
• 2:15 “E tomou YHWH o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.”
O propósito inicial era que o homem se multiplicasse para ser uma família grande que se espalhasse sobre toda
a terra, e que expandisse a beleza do jardim do Éden por toda a terra, guardando-a de toda a má influência que
pudesse vir de satanás através dos animais, sobre os quais Adão teria que exercer domínio, e não submeter-se.
“para o lavrar e o guardar” Estas duas tarefas são básicas em qualquer obra viva para que tenha êxito. Trata-
se de crescimento e protecção. Não é suficiente fazer crescer uma obra viva, também há que protegê-la e guardá-
la. Tudo o que vive é vulnerável e precisa de cuidado. Uma congregação que só pensa em crescer, perderá
muitas vidas. Estes dois princípios também estão expressos na bênção Aarónica, cf. Números 6:24, que diz “O 18
Eterno te abençoe e te guarde”.
Em que sentido é que Adão teria que proteger o jardim? O jardim não era perfeito? Então não poderiam existir
inimigos nem elementos negativos que pudessem estragar o jardim? Ou existiam? Efectivamente existiam! O
mal já existia. A árvore do conhecimento do bem e do mal constitui uma evidência de que já existia o mal em
algum lugar.
É evidente que a queda no pecado de parte da criação invisível já tinha acontecido. O homem foi advertido acerca
disso, e tinha a missão de resistir a esse mal para que não estragasse o Reino do Eterno no mundo onde tinha
sido colocado para governar. Isto mostra-nos que o homem não foi criado só com o propósito de propagar a
glória do Eterno no mundo, mas também para combater o mal.

• 2:16-17 “E ordenou o YHWH ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente,
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres,
certamente morrerás.”
Aqui aparece pela primeira vez na Torá a palavra “ordenou”, (em hebraico: tsavá), que é a raiz da palavra
“mandamento”, em hebraico “mitsvá”.
O Eterno deu um mandamento positivo ao homem, de comer de todas as árvores do jardim excepto uma, e um
mandamento negativo, de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Os mandamentos positivos
trazem bênçãos sobre aqueles que os obedecem e os mandamentos negativos trazem castigo sobre aqueles
que lhes desobedecem.
Através dos mandamentos, o homem é elevado a uma posição elevada. A palavra mitsvá, inclui o conceito de
encargo. Quando uma pessoa recebe um encargo divino, sente-se importante e é elevada ao estatuto de
colaborador do Eterno, ao cumprir os planos de forma consciente e voluntária. Os mandamentos são ferramentas
que o Eterno entregou nas mãos do homem para poder manter uma relação íntima com Ele e também aprofundar
essa intimidade com Ele.
Se o homem viola os mandamentos, há uma ruptura nessa relação, e o homem entra numa decadência espiritual.
Um ser humano sem normas, é pior que um animal, porque os animais cumprem as normas que foram
estabelecidas para eles.
O cumprimento dos mandamentos eleva o homem espiritualmente, mas a violação dos mandamentos, reduze-o
ao pó do qual foi tomado.
A árvore do conhecimento do bem e do mal, representa o livre arbítrio. O homem tinha a possibilidade de pecar.
Era livre para escolher entre a obediência e a desobediência. Se o homem não tivesse mandamentos, não teria
a opção para ser desobediente.
Onde não há lei, não há transgressão (pecado).
Dessa forma, o amor estaria baseado na liberdade de escolha, e assim é mais poderoso, pois é um amor
incondicional. O Eterno não quer, nem nunca quis autómatos, mas sim pessoas que O desejem amar de sua livre
vontade e com todo o seu coração, toda a sua alma, e todas as suas forças (Deuteronómio 6:4-5). Ou seja, Ele
deseja um amor voluntário, não obrigado.
Seria fácil para o Eterno criar seres “programados” para lhe obedecerem, sem que errassem. Contudo, pouco ou
nenhum sentido haveria nisso, pois o Eterno teria plena consciência que aqueles seres que ele criou amavam-

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 18


no e serviam-no mas apenas porque foram concebidos com esses parâmetros, não porque fosse vontade deles.
O Eterno criou o ser humano com vontade própria, para que se manifeste a sinceridade nos corações daqueles
que o amam de verdade. O Eterno proibiu o homem de comer daquela árvore, mas o homem continuava a ter
autonomia para o fazer, apesar de o Eterno o ter proibido. Caso o homem desobedecesse, haveria uma
consequência catastrófica – a morte. As Escrituras falam de, pelo menos, três tipos de morte:
• - “Morte” espiritual, quando o espírito humano de desliga da fonte da vida, cf. Efésios 2:1. Isto implica
uma morte “figurativa”, porque um homem desligado do Eterno, nada é, visto que está entregue às suas próprias
concupiscências.
• - Morte física, quando o espírito abandona o corpo e volta ao Eterno que o deu, cf. Génesis 5:5;
Eclesiastes 12:7.
• - Morte Eterna (a segunda morte), quando todo o ser é consumido no lago de fogo, cf. Mateus 5:29;
25:41; Apocalipse 20:14. 19
Como é que podemos interpretar as palavras: “no dia em que dele comerdes, certamente morrerás”?
O dia em que Adão pecou, experimentou uma morte espiritual, pois ao pecar desligou-se do Criador Todo-
Poderoso. O homem sem Elohim nada é, é como se estivesse morto. Ao desobedecer, comendo do fruto daquela
árvore, há uma rotura na relação íntima que ele tinha até então com Elohim, e por essa razão, o Eterno, após
Adão ter pecado, sai à sua procura dizendo “onde estás?”, porque já não havia ligação espiritual.
Sabemos que Adão não morreu de imediato, pois gerou filhos e viveu 930 anos. Um dia para o Eterno são 1000
anos. Logo Adão atingido os 930 anos, não atinge o segundo milénio de vida, pois no mesmo dia (entenda-se
como 1000 anos), em que come da árvore do jardim, morre fisicamente.
Há quem creia, por tradição, que Adão foi enterrado pelo próprio Elohim, na gruta de Macpela, que estava perto
da entrada do Jardim do Éden. Essa talvez seja a razão pela qual Abraão tivesse tanto interesse em comprar
esse terreno, para a sepultura de Sara, de si mesmo, e da sua descendência.
Não é o caso das narrativas sagradas e descrições feitas na Torah. A questão seguinte: "o homem é, também,
carne" em Gênesis 6:3 significa que, a mesma carne que havia recebido o influxo da Ruach haElohim (Espírito
de D'us), tais homens que receberam este influxo tornando-se "imagem" de Elohim, conforme encontramos logo
no início de Bereshit, se corromperam de tal modo que Adonai entristeceu-se de tê-los criado.
Por isso mesmo foram seres diferenciados e viviam centenas de anos como, por exemplo, Matusalém que viveu
mais de 900 anos.
Eram quase que "imortais", mas tinham tendências carnais, isto é, paixões carnais. Por isso mesmo o Eterno
limitou seu tempo de vida a, no máximo, 120 anos.
“O meu Espírito não contenderá para sempre com o homem”.
Ou seja, perpetuamente, pois o "homem" Adam foi, provavelmente, tomado de materiais inferiores, e recebeu a
Ruach para ser uma "ALMA VIVENTE", uma vida carnal com alma e espírito.
Daí que o homem, no momento da criação, é a composição da matéria (corpo), da alma
(vida/sangue/sentimentos/inclinações) e do espírito (fôlego/sopro divino).
Este homem era um ser superior, um quase "super-homem" e por ter recebido a Ruach haElohim (Espírito de
D'us) foi chamado nesta passagem da Torah de B’nei haElohim (filhos de superiores, governantes, homens de
D’us).
Note que a Torah menciona, nesta passagem de Bereshit 6 os "B’nei haElohim", pois no momento da criação
era o próprio Eterno criando todas as coisas (a mão do Eterno, sua Ruach, conforme aparece logo no início).
O homem chamado "Adam" (da terra, vermelho) recebeu a Ruach haElohim, mas manteve suas tendências
passionais.
• 2:18 “E disse YHWH: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora para ele.”
O homem não foi criado para estar só. A mulher foi tirada do homem com o propósito de estar diante dele, e
complementá-lo. Este texto ensina-nos que o propósito principal da mulher, é apoiar o homem para que ele possa
cumprir os propósitos do Eterno juntamente com ela. Quando a Torá fala em exercer domínio, no 1:26-28, não
expressa de forma singular, mas sim no plural. Istoensina-nos que o homem não pode exercer domínio estando
só. Necessita da ajuda da sua esposa, para poder exercer um domínio correcto sobre a criação.

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 19


Quando o homem estava só, foi posto no jardim para lavrá-lo e protegê-lo. Ao homem também foi incutida a
tarefa de dominar a criação e dar nomes proféticos sobre todos os animais.
Contudo, para o Eterno não era correcto que só a um homem fosse incutida tamanha responsabilidade. O Eterno
queria ter muitos filhos, e o varão sozinho não podia cumprir com essa tarefa. Era necessário uma esposa que
pudesse ajudá-lo nessa tarefa. Por essa razão, o Eterno desenhou o corpo da mulher especialmente concebido
com a capacidade de ter filhos.
Isto ensina-nos que a vida familiar e a educação dos filhos são as tarefas principais de uma mulher. O ponto mais
alto na vida de uma mulher, é poder casar-se com o propósito de ser uma ajuda para o seu marido, ter filhos e
ajudar o seu marido a criá-los para que sejam fiéis ao Eterno. O homem foi criado para se movimentar num
círculo mais amplo, a mulher foi criada para mover-se no mundo do lar, em primeiro lugar, cf. Provérbios 31:10-
31.
A mulher foi capacitada de uma forma especial, para poder ser um apoio para o seu marido. O homem humilde 20
aceita os conselhos sábios e a ajuda que o Eterno lhe dá através da sua esposa. É dever do homem apoiar a
sua mulher, e é dever da mulher apoiar o seu marido.
A mulher é essencial à vida do homem pelas razões que já vimos, mas o homem também tem um papel
fundamental na vida da mulher. A mulher precisa do benefício do trabalho do seu marido, e da protecção deste.
A revelação divina vem em primeiro lugar ao homem, e é transmitida por intermédio do homem à mulher.
Em algumas ocasiões o Eterno fala ao homem através da sua esposa, mas essa não é a regra, mas sim um
complemento. O Eterno não falou à mulher acerca dos mandamentos que o homem tinha recebido, logo, isso
ensina-nos que é dever do homem ensinar a Torá à sua esposa. O homem é quem tem a última palavra na hora
de decidir em questões familiares, pois ele é a cabeça da mulher, como lemos em 1 Coríntios 11:3: “Mas quero
que saibais que o Messias é a cabeça de todo o homem, e o homem (esposo) a cabeça da mulher (casada); e
Elohim a cabeça do Messias”.
O homem tem mais capacidade para ver as coisas de um modo geral, mas não tem tanta capacidade para ver
os detalhes. A mulher foi capacitada para vercertas coisas que o homem não pode ver e ele tem a obrigação de
escutá-la para poder ter uma imagem mais abrangente das coisas antes de tomar as decisões finais e dirigir
correctamente a sua família.
• 2:19 “Havendo, pois, YHWH formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os
trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso
foi o seu nome.”
O Eterno trouxe ao homem os animais que tinha feito, para que o homem dominasse sobre cada um deles através
do discernimento espiritual e a sua capacidade de falar. Através do discernimento espiritual ele conseguiu
identificar o carácter e a função de cada espécie, e em função disso deu o nome a cada um. Adão foi criado para
ser dirigido pelo Espírito do Eterno. Naquele momento ainda não havia pecado nele, e as suas relações e
revelações espirituais não sofriam impedimentos de qualquer tipo.
Ele sabia, através da sua visão profética, acerca da função e propósito de cada coisa e animal e podia dominar
sobre cada um deles conforme o plano do Criador. Ao dar os nomes aos animais, o homem dominava-os com a
sua palavra. Aquele que dá nome a algo, é aquele que tem autoridade sobre aquela coisa.
O Eterno deu nome à luz, às trevas, à expansão, à terra e ao mar. Ele domina sobre todas estas coisas. De igual
modo, deu o nome ao homem no dia em que o criou, cf. 5:2. Na sequência, o homem também dá o nome aos
animais, e dessa forma, colabora com o Eterno na sua obra.
• 2:21-22 “Então YHWH fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das
suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; E da costela que YHWH tomou do homem, formou uma
mulher, e trouxe-a a Adão.”
O texto hebraico não fala de costela, mas sim das costas Os rabinos crêem que foi da parte da coluna vertebral
do homem, que o Eterno formou a mulher. Isso faz todo o sentido sob o ponto de vista científico, pois a medula
óssea possuí as células base da constituição humana.

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 20


No episódio da formação da mulher, encontramos uma bela ilustração profética relativamente à preparação da
noiva do Messias. No plano eterno do Pai celestial, o Messias tinha sido destinado para ser o Rei sobre todo o
universo. Este governo foi reflectido no homem relativamente aos animais e à terra. Contudo, como o homem
não deveria exercer esse domínio sozinho, a mulher foi tirada dele, para que fosse um governo a dois, de homem
e mulher. De igual modo, o Eterno tirou do Messias uma esposa, para partilhar com ele o governo de toda a
criação. E da mesma forma que o homem foi induzido a um sono profundo, o Messias teria que passar pelo sono
da morte. Durante o sono, a mulher foi tirada do homem. De igual modo, a noiva do Messias, foi tirada com base
na morte do Messias.
A morte do Messias é a base sobre a qual a noiva podia ser tirada, formada e aperfeiçoada, para poder ser uma
ajuda complementar no governo messiânico global. Isso não significa que a noiva não existia antes da morte do
Messias Yeshua. A noiva já existia, como lemos em 1 Corintios 10:1-4. 21
Em Efésios 5:25-27 está escrito: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a
si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a
apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e
irrepreensível.”
Estes textos ensinam que a noiva do Messias já existia antes dele se entregar para morrer por ela. Contudo, a
morte do Messias foi necessária para poder aperfeiçoá-la para que não tivesse mancha nem ruga nem nada
semelhante. A congregação do Messias, são os fiéis entre do povo de Israel, naturais e enxertados, como lemos
em Jeremias 31:4a e Mateus 16:18b: “Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! (…) “sobre esta
rocha edificarei a minha congregação,”
• 2:23 “E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será
chamada mulher (ishá), porquanto do homem (ish) foi tomada.”
As primeiras palavras do homem quando despertou do seu sono foram: “Esta é agora”. Isso significa que ele
teria estado à procura entre os animais algum ser semelhante a ele, que pudesse ser a sua parceira. Segundo o
Midrash, ao ver que todos os animais tinham parceiras, queixou-se ao Eterno por não ter uma. Então o Eterno
fê-lo cair no sono e deu-lhe Eva.
Este texto ensina-nos que Adão falava hebraico, a mesma língua que o Eterno usou quando criou o mundo.
Segundo Siftei Chachamim, em todas as línguas antigas do mundo, a palavra “mulher” não deriva da palavra
“homem”, excepto no hebraico.
Portanto, o jogo de palavras usado por Adão (ishá/ish), é uma prova de que falava o idioma hebraico. O hebraico
foi falado por todos os homens até àconfusão das línguas, no episódio da torre de Babel, quase 2 mil anos depois.
A partir dali, o hebraico foi dividido em setenta idiomas diferentes. No judaísmo o idioma hebraico é chamado
“halashón hakodesh”, a “língua sagrada”.
• 2:24 “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos
uma carne.”
Aqui está a base para o matrimónio entre o homem e mulher. O matrimónio é um pacto entre homem e mulher
que tem implicações sociais. Este texto ensina-nos que primeiro há um passo de abandono da vida social
relativamente à família (pais e se for caso disso irmãos). Logo há uma união oficial quando uma mulher se torna
em “sua” mulher, e depois sim poderão unir-se fisicamente para ser uma só carne.
Esta é a ordem estabelecida desde a criação para a formação da união entre homem e mulher. Ou seja. O sexo
é algo que não deve ser encarado com ânimo leve. O sexo deverá acontecer sim, quando o casal tem plena
consciência de que são a companhia que querem para as suas vidas. O sexo deverá ser sempre o último estágio
da relação matrimonial.
Hoje em dia os casais conhecem-se, e começam de imediato a ter relações sexuais, sem sequer equacionarem
a hipótese de poder vir a fazer vida juntos. Isso é errado segundo a Torá. O sexo deverá acontecer unicamente
quando o homem e a mulher estão plenamente convictos que aquela pessoa é a certa.
A que escolheram para ser a sua companhia para toda a vida. Não é apenas um simples registo no cartório que
ratifica um casamento, mas sim o compromisso assumido por ambos, o pacto que existe entre o homem e a

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mulher, como um compromisso vitalício perante YHHWH. O sexo é o que sela a união do homem e da mulher
como uma só carne, logo é como um vínculo, e como tal, deverá ser sempre o último passo de uma relação.
Em Mateus 19:4-6 o nosso Mestre ensina-nos: “Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele
que os fez no princípio macho e fêmea os fez, E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua
mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou
não o separe o homem.”
A união entre homem e mulher num pacto/acordo matrimonial, é registado no céu. Neste primeiro matrimónio, o
Eterno trouxe a mulher ao homem e casou-os. Depois entregou às autoridades/testemunhas a missão de
confirmar os pactos matrimoniais. Portanto, toda a intenção de estabelecer uma relaçãoíntima entre homem e
mulher tem que ser registada diante de testemunhas. As autoridades são representantes do Eterno. O matrimónio
é um pacto feito diante do Eterno, como lemos em Malaquias 2:14: “E dizeis: Por quê? Porque YHWH foi
testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a 22
mulher da tua aliança.”
Em Eclesiastes 4:12 está escrito: “E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três
fios não se quebra facilmente.”
• 2:25b “E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.”
O homo foi criado à imagem de Elohim. Como Elohim é luz e cobre-se de luz, o homem brilhava antes de cair
em pecado. O Midrash ensina que o homem foi criado rodeado com nuvens de glória, e tinha uma espécie de
escamas que logo caíram quando pecou. Sendo assim, não devemos entender a expressão “nús” como uma
nudez vergonhosa como a dos homens de hoje quando não estão vestidos. O homem estava nú, porque estava
no seu estado mais puro, e ao pecar, ao perder essa pureza, constatou que estava despido – nú.
A vergonha da nudez que ele sentiu ao cair em pecado, é devido à perda da roupa original que tinha. Agora não
podia recuperar a glória da sua roupa original. Nem sequer o rei Salomão podia chegar ao nível de formosura de
um lírio do campo, cf. Mateus 6:29. Isto mostra-nos que, o homem que foi criado muito superior às flores, é agora
um ser caído, que perdeu a sua glória original que tinha antes da sua queda em pecado, como lemos em
Romanos 3:23: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Elohim;”
Por outro lado, a vergonha por expor o seu corpo, não existia no homem original, porque não havia nele maus
instintos, porque o pecado não tinha entrado no homem. Segundo Rashi, o yetser hará (expressão hebraica que
significa, a inclinação natural que o homem tem para o mal), só entrou no homem após este ter comido o fruto
proibido.
• 3:1 “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o YHWH tinha feito. E
esta disse à mulher: É assim que Elohim disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?”
A serpente ataca a mulher por várias razões. A mulher é mais sensível aos impulsos espirituais que o homem,
tanto do mundo da luz, como do mundo das trevas.
1 Timóteo 2:14: “E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.”
Em 2 Corintios 11:3 está escrito: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim
também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há no
Messias.
Os mandamentos tinham sido entregues ao homem, e ele, por sua vez, tinha transmitido esses mandamentos à
sua esposa. Portanto, Adão não foi enganado, porque ele sabia muito bem qual era o mandamento que tinha
recebido do Eterno relativamente à árvore proibida. A serpente fez uma pergunta ridícula para entrar em
discussão com a mulher. A estratégia do adversário é baseada na mentira.
Ele é o pai da mentira. Uma verdade torcida também é uma mentira. Em contraste, a Torá do Eterno é a verdade,
cf. Salmo 119:142. A mentira de satanás consiste em torcer os mandamentos da Torá. Com a primeira pergunta,
a serpente mudou um mandamento e assim tentou projectar a imagem de um Elohim cruel que escraviza os
homens mediante a lei, proibindo tantas coisas que poderiam disfrutar se estivessem livres da lei. Essa foi a sua
estratégia desde o início, e a sua estratégia não mudou desde então.

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• 3:3 “Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele
tocareis para que não morrais”.
Há quem defenda que a mulher acrescentou ao mandamento. E que não era proibido tocar na árvore, só comer
dela. Sabemos que não devemos acrescentar nem tirar nada dos mandamentos, como lemos em Deuteronómio
4:2.
Contudo, Eva assim estaria a mentir, sem que ainda o pecado tivesse entrado no seu coração. Isso é impossível.
Por isso não faz muito sentido que ela estivesse a acrescentar ao mandamento, sendo que esta informação pode
surgir como um complemento da narrativa da instrução do Eterno ao homem. Seria então proibido comer e tocar.
• 3:4 “E a serpente disse à mulher: certamente não morrereis!”
Aqui vemos como o adversário deturpa o mandamento do Eterno. Vemostambém que a doutrina da imortalidade
da alma, tem origem nestas palavras do adversário. Esta, e todas as outras doutrinas que são contrárias às 23
escrituras, como por exemplo a anomia (ausência de lei), são promovidas por satanás.
• 3:5 “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis
como Deus, sabendo o bem e o mal.”
A serpente demonstra conhecer o que há na mente de Elohim. Aqui ela tenta estabelecer uma religião diferente.
Como atractivo para a sua nova religião, ela oferece a liberdade da lei, isto é, não estar sujeito a uma lei, e o
crescimento pessoal mediante um conhecimento superior.
É uma religião que cria uma independência aparente; aparente porque quando o homem a adopta, não se torna
independente, mas sim servo de satanás. Em vez se estar sujeito aos mandamentos, o homem toma decisões
próprias segundo os seus próprios critérios. Mediante a confiança no seu próprio conhecimento, e na sua própria
mente, pensa que sabe aquilo que deve fazer e não fazer.
Assim, a sua própria mente converte-se em “Elohim” e é ele que decide, segundo aquilo que entende. Aquilo que
não entende, não aceita nem pratica. A religião budista, apesar de ser uma das que mais reúne simpatizantes,
no fundo é uma religião satânica, pois promove o endeusamento de cada ser humano. Ou seja, defende que o
homem, por si só, é capaz de atingir o nirvana espiritual. Esse sempre foi o propósito de satanás, ser o “elohim
“da terra. Como ao homem foi dada essa missão (a de dominar e governar a terra), satanás logo procurou iludir
o homem com um discurso semelhante a “queres ser o elohim da terra? Eu posso-te ajudar com isso, posso
ajudar-te a ser deus.”
Contrariamente a esses ensinamentos da religião budista, a fé hebraica, que nos é ensinada nas Sagradas
Escrituras, mostra que o homem por si só nada é, pois tudo o que ele é, e possui, depende do Eterno Todo-
Poderoso. Louvado seja o Seu Santo Nome.
• 3:6 “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore
desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu
com ela.”
A mulher foi enganada pela palavra da serpente, e por se deixar levar pelos seus instintos carnais, sentindo-se
tentada ao ver que o fruto era agradável aos olhos. A maior parte das tentações com as quais nos deparamos,
estão relacionadas com os nossos sentidos (a nossa carnalidade), ela sentiu-se tentada por duasrazões; - o fruto
era agradável à vista; e a sua ambição egoísta de querer ser “deus”. Este é o retrato da sociedade dos nossos
dias.
O homem é muito influenciado pelas aparências, e a nossa experiência ensina-nos desde o princípio, que um
fruto com bom aspecto exterior, na maior parte das vezes está podre no seu interior. O homem nunca está
contente com aquilo que alcança, e o seu desejo de cobiça, do querer estar no topo, o de ser melhor, etc. resultou
no desgoverno que sempre existiu após a queda, e que se revela em força nos dias de hoje.
Ao homem foi dado, aquando da criação, uma posição de autoridade, uma posição de domínio sobre a terra e
as criaturas da terra. Mas ele quis mais, deixou-se levar pela sua ambição de querer mais, e isso acabou por
destruí-lo.

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A mulher foi enganada pela palavra da serpente. Acreditou mais nas palavras mentirosas do adversário, do que
nas palavras do Eterno que tinham sido transmitidas pelo seu marido.
A tentação da independência mental, foi o que fez com que o pecado entrasse no mundo. O egocentrismo
humano, é o maior obstáculo para o Reino dos céus na terra.
Adão deixou-se seduzir pela mulher em vez de dominar sobre a serpente com a Palavra de Elohim.
• 3:7 “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas
de figueira, e fizeram para si aventais.”
O conhecimento dos homens deixa de basear-se na revelação inerente à total união espiritual com o Eterno.
Perderam a glória que tinham e conheceram que estavam nus. A palavra hebraica traduzida como “conhecer”, é
“yadá”, não significa apenas discernir intelectualmente, mas também saber por experiência.
Agora experimentaram verdadeiramente o que implicava estarem nus em todos os sentidos da palavra. Em 24
primeiro lugar ficaram nus da presença divina, que os tinha dotado de tanta glória que até os seus corpos
brilhavam. Além disso, segundo o que ensina Rashi, ficaram nus do mandamento que tinham tido em mãos.
Devido ao efeito que o fruto causou neles, naquele momento puderam entender a vergonha que implicava estar
nú e por isso, cozeram para si mesmo folhas de figueira para se cobrir. As folhas de figueira, representam a
religiosidade do homem caído, que tenta substituir a glória do Eterno através dos seus próprios esforços.
Essas roupas foram substituídas pelo Eterno que lhes providenciou outro tipo de roupa, feita a partir de um animal
inocente que teve que derramar o seu sangue. Vejamos que houve um sacrifício inerente à expiação do pecado
do homem.
O sistema de sacrifícios por expiação torna-se vigente quando há pecado. Os sacrifícios de animais para
expiação, apontam para o sacrifício perfeito que haveria de ser feito pelo Messias de Israel, cujo sangue cobriria
os pecados do mundo. Naquele momento, o sangue do animal sacrificado, era uma sombra do sangue que seria
derramado por Yeshua, que da mesma forma, cobriria as vergonhas do homem (os pecados/a sua nudez).
A Escritura ensina que o pecado entrou no mundo por intermédio de Adão, e portanto, o pecado estendeu-se a
toda a sua linhagem (humanidade). A semente da árvore do conhecimento do bem e do mal, criou raízes e
produziu o seu fruto no interior do homem (no seu coração/mente). Isto causou uma divisão no interior do seu
ser, uma divisão de vontade, a qual vemos reflectida em Romanos 7:15 onde está escrito. “Porque o que faço
não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.”
O carácter do homem perverteu-se. Ele transformou-se num ser diferente, com pecado em si, o que não existia
no princípio, e a sua forma de ser não pode agradar ao Eterno, antes pelo contrário, desperta a sua ira, pela sua
rebeldia nata, como lemos em Efésios 2:3: “Entre os quais todos nós (judeus) também antes andávamos nos
desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira,
como os outros também (gentios).”
• 3:8 “E ouviram a voz de YHWH, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se
Adão e sua mulher da presença de YHWH entre as árvores do jardim.”
A vergonha que Adão e Eva sentiram era imensa, e levou-os a esconderem-se da presença do Eterno.
• 3:9-10 “E chamou YHWH a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no
jardim, e tive medo, porque estava nu, e escondi-me.”
A sensação de medo entra no mundo, em consequência do pecado.
• 3:11“E Elohim disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei
que não comesses?”
O Eterno sabe todas as coisas, e não precisa de ser informado sobre o que se passa. Apesar disso ele faz uma
pregunta a Adão, para assim dar-lhe a oportunidade para se arrepender e confessar o seu pecado.
• 3:12 “Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi.”

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Aqui percebemos que as mesmas características de satanás (o acusador), foram absorvidas pelo homem assim
que pecou. O seu carácter tornou-se satânico, e por essa razão ele acusa o Eterno por lhe ter uma mulher que
o fez pecar.
Em vez de dar a cara, culpabiliza a mulher para tentar fugir à sua responsabilidade, pensando dessa forma que
não seria castigado por aquilo que havia feito. Uma pessoa espiritualmente imatura não reconhece a sua culpa,
e deita sempre a culpa nos demais.
Uma pessoa madura está disposta a assumir a responsabilidade dos seus actos, e por vezes assumir também a
culpa dos outros e sofrer o castigo por eles para os proteger.
Adão sabia as consequências: sabia que aquilo que ele podia esperar agora, era a morte. O salário do pecado é
a morte. O medo da morte produz escravidão. Só um nos pode libertar do temor da morte, o seu nome é Yeshua,
como lemos em Hebreus 2:14-15: “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele
participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; 25
E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.
• 3:13 “E disse YHWH à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e
eu comi.”
O Eterno dá também à mulher, uma oportunidade de se arrepender. Mas ela segue o mau exemplo do seu marido
e não assume a responsabilidade, acusando a serpente.

• 3:14 “Então YHWH disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e
mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua
vida.”
Para a serpente não há possibilidade de arrependimento. Por isso o Eterno não lhe faz nenhuma pergunta, e dita
a sentença directamente. A serpente perde as suas patas e é reduzida ao ser mais maldito de todos os animais
terrestres.
O Eterno diz que ela comerá pó todos os dias da sua vida. Sabemos que o ser humano é feito do pó da terra, e
também sabemos que satanás é representado pela serpente. Quando o Eterno diz que a serpente comeria pó
todos os dias da sua vida, existe um sentido espiritual implícito.
O texto diz-nos muito mais do que aquilo que parece à primeira vista. A serpente comeria pó todos os dias da
sua vida, porque ela alimentar-se-ia do pó do homem, isto é, alimentar-se-ia carnalidade humana. Todas as vezes
que o homem peca, dá alimento à serpente, pois são os pecados do homem que alimenta o apetite voraz de
satanás. Cada vez que o homem peca, satanás fica saciado.
• 3:15 “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a
cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”
Aqui fala-se em primeiro lugar de uma inimizade entre a mulher e a serpente. A mulher é a mãe dos seres
humanos, e portanto representa a vida. Foi dessa forma que Adão entendeu esta mensagem para logo dar um
novo nome à mulher - Chavá (Eva) - que significa “vida”, e que até então era chamada ishá (mulher).
Apesar do homem se ter submetido ao espírito de rebeldia e independência, todavia existia nele uma inclinação
para o bem, o yetser hatov, que o motivaria a não violar os mandamentos do Eterno. Desta forma existia, até
certo ponto, uma inimizade natural inata, em toda a raça humana contra os poderes do mal, tanto internos como
externos.
Em segundo lugar, fala-se aqui da descendência da serpente da descendência da mulher. A descendência da
serpente são os homens que violam os mandamentos do Eterno, e a descendência da mulher representa os
homens que obedecem aos mandamentos do Eterno combatendo a inimizade contra a serpente e o mal.
Desde há muito tempo que este texto também é entendido como uma profecia messiânica. O midrash ensina:
“esta é Aquela Semente que vem de outro lugar. E quem é este? É o Rei Messias.”
Em Gálatas 3:16 está escrito: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às
descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo.”

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Esta interpretação não exclui as outras interpretações relativamente à palavra descendência. Contudo, destaca-
se o facto de que a palavra para descendência em Génesis 3:15 está escrita na forma singular masculina.
Evidentemente aqui há uma profecia de um descendente especial, uma semente única. A palavra hebraica que
foi traduzida como semente, é zerá, que significa:
➢ - semente, gérmen, grão, trigo;
➢ - período de sega, sementeira;
➢ - esperma, sémen;
➢ - posteridade, descendência, filhos, raça.

Atentemos ainda para o facto de que a Torá fala aqui da semente de uma mulher, o qual é uma coisa excepcional
em toda a Escritura. A semente, o esperma, vem somente do homem. Como é que agora se fala da semente de 26
uma mulher? Evidentemente aqui temos uma profecia de um nascimento sobrenatural do Messias. O texto
parece indicar que se tratará do nascimento do Messias sem o sémen de um varão.
O Eterno continua dizendo que ela, a semente, o descendente, terá que esmagar a cabeça da serpente, ou seja,
destruir o poder daquele que incitou a mulher ao pecado. Aqui é anunciada a destruição do poder de satanás.
Em 1 João 3:8 está escrito: “Quem comete o pecado é do diabo (semente da serpente); porque o diabo peca
desde o princípio (bereshit). Para isto o Filho de Elohim (semente da mulher) se manifestou: para desfazer as
obras do diabo. (pisar a cabeça da serpente)”
O Filho de Elohim, que é o último Adão e o Segundo Homem, cf. 1 Coríntios 15:45-47, veio para destruir as
obras de satanás. Através da sua obediência à Torá venceu o adversário, cf. Filipenses 2:8; Salmo 40:7-8.
Adão perdeu por desobedecer aos mandamentos de Elohim. Yeshua venceu por obedecer à Torá do Eterno. A
única forma de vencer sobre satanás, é através da obediência à Torá do Eterno. Aquele que não obedece a
Elohim, submete-se automaticamente ao reino da desobediência e ao príncipe da rebeldia. Pecado é a
transgressão da Torá, pecado é a desobediência aos mandamentos do Eterno, cf. 1 João 3:4.
Satanás, depois de ser esmagado, será destruído para sempre no lado de fogo, como lemos em Mateus 25:41:
“Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno,
preparado para o diabo e seus anjos;”
Em Apocalipse 20:10 está escrito:
“E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de
dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.”
O texto “e tu lhe ferirás o calcanhar”, pode ser interpretado como uma referência aos descendentes de Jacob,
que farão parte da última geração antes do regresso do Messias. O nome Jacob (em hebraico Yaakov), está
relacionado com a palavra hebraica para ekev, que significa calcanhar. Nos últimos tempos, os filhos de satanás,
aqueles que violam os mandamentos, farão guerra contra os santos que guardam os mandamentos de Elohim,
que foram dados através de Moisés, e têm o testemunho de Yeshua (Apocalipse 14:2) como lemos em
Apocalipse 12:17: “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os
que guardam os mandamentos de Elohim, e têm o testemunho do Messias Yeshua”.
• 3:16 “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à
luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.”
O mundo da mulher, a família, foi afectado pelo pecado dela. As coisas que existiam numa pequena escala,
foram agora aumentadas para se tornarem em algo muito mais doloroso. Por ter sido a mulher a influenciar o
seu marido, o Eterno estabelece uma hierarquia familiar, em que o homem dominaria sobre a mulher. É fácil
perceber isso na sociedade, pois o homem, por norma é sempre o responsável principal de uma família.
• 3:17“E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que
te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os
dias da tua vida.”

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O homem pôs a mulher à frente do Eterno. Preferiu dar ouvidos à voz da sua mulher do que ao conselho do
Eterno. Isto ensina-nos que o foco das nossas vidas, não deve ser ninguém a não ser o Eterno Todo-Poderoso.
Podemos amar muito o nosso cônjuge, e os nossos filhos, mas o amor ao Eterno deverá prevalecer sobre todas
as coisas (Deuteronómio 6:4-5). Este texto ensina-nos que a forma de podermos discernir e vencer a tentação,
é através da Torá, a instrução de YHWH. Se o homem tivesse sido fiel à Torá, não teria caído em pecado.
O mundo do homem, a sua vida laboral, foi afectado pelo castigo inerente ao seu pecado. Devido a esse pecado,
a terra é também amaldiçoada, pois o homem dominava sobre ela.
• 3:18 “Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo.”
A maldição que veio sobre a terra mudou a estrutura desta. A genética das plantas passou a produzir espinhos
e cardos. A própria natureza foi afectada pelo pecado do homem, como também está escrito em Romanos 8:20-
22: “Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, Na 27
esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória
dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora.”
Em 2 Pedro 3:3-4 está escrito: “Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando
segundo as suas próprias concupiscências, E dizendo (…)todas as coisas permanecem como desde o princípio
da criação.”
Diz-nos também o profeta Isaías (24:4-6): “A terra pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e se murcha;
enfraquecem os mais altos do povo da terra. A verdade, a terra está contaminada por causa dos seus moradores.”
Não devemos encarar com ânimo leve as advertências do apóstolo Pedro, sobre os enganadores que vêm nestes
últimos tempos. Uma das coisas que eles dizem é que tudo tem sido igual desde a criação, até aos nossos dias.
Esses não sedão conta das mudanças inerentes aos juízos de Elohim na história do universo. A natureza foi
amaldiçoada e sujeita à corrupção, quando Adão pecou.
Contudo, a maldição sobre a natureza também foi levada pelo Messias, simbolizada pela coroa de espinhos que
foi posta sobre a sua cabeça na hora da sua morte, cf. Mateus 27:29.
• 3:19 “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado;
porquanto és pó e em pó te tornarás.”
Aquilo que até então era gratuito, o homem agora teria que conseguir em resultado do seu trabalho, e o seu pão
iria sair do suor do seu rosto. Esta profecia tem o seu cumprimento até aos dias de hoje, em que as pessoas
trabalham para sobreviver, para ganhar o pão para si e para a sua família,
A morte entrou no mundo por causa do pecado. Contudo, antes de ditar a sentença sobre o homem e a mulher,
o Eterno anunciou uma parte do seu plano de salvação mediante a descendência da mulher. Este plano de
salvação inclui a restauração de todas as coisas.
Para que haja uma restauração total por causa do desastre que foi causado pelo pecado do primeiro casal
humano, não é apenas o inimigo do homem que tem de ser destruído, mas também o pecado e as consequências
deste. Teria que haver uma rectificação, em hebraico “tikun”, justamente no ponto onde o primeiro homem falhou,
na obediência aos mandamentos no momento da tentação levada a cabo pela serpente.
O Messias Yeshua fez essa rectificação pelo pecado de Adão. Onde Adão falhou, Yeshua não falhou.
Quais são as consequências do pecado? A morte. Logo o homem tem que ser resgatado da morte. E mesmo a
morte tem que ser eliminada para que haja uma restauração de tudo. Portanto, o Redentor prometido não tinha
apenas que libertar o homem da morte, mas também destruir a morte para sempre, cf. 1 Coríntios 15:26;
Apocalipse 20:15.
• 3:20 “E chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os viventes.”
O nome Eva (do hebraico Chavá), vem da palavra chayá, que significa “vive”. Por intermédio da mulher, o ser
humano poderia continuar vivo, sem que a sua raça entrasse em extinção, e por meio da mulher viria Aquele que
daria a possibilidade ao homem de herdar a vida eterna.

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• 3:21 “E fez o Eterno a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu.”
Um animal inocente teve que dar o seu sangue para que Adão e Eva pudessem ser vestidos. Este sacrifício foi
o único feito no jardim do Éden. Através desse acto, o Eterno estava a dar uma mensagem aos homens de que
aquela roupa não era suficiente, a que representava aos seus próprios esforços para substituir e recuperar a
glória perdida.
Era necessário que houvesse derramamento de sangue inocente para poderem ser redimidos do pecado e das
suas consequências. Este acto anunciou a morte do Messias, que teria que ocorrer no futuro (pois o cordeiro
estava preparado desde a fundação do mundo), para redimir o homem dos seus pecados e das suas
consequências, como lemos em Hebreus 9:12: “Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio
sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efectuado uma eterna redenção”
O Eterno anunciou seu plano de salvação de duas maneiras, a primeira através da mensagem do descendente 28
da mulher que esmagaria a cabeça da serpente, e, em seguida, mediante o único sacrifício que foi feito no jardim,
a fim de cobrir a nudez do ser humano.
A palavra hebraica “ yeshuá ”, “salvação”, fala de um acto de libertação, que causa um estado de amplitude, livre
de limitações. O verbo “Yeshua” significa “salvar”, no sentido de: “dar lugar”; “preparar um sítio”, “tirar para um
lugar espaçoso”; “tirar de apuros”.
Desta forma, o termo salvação nas Escrituras, não significa apenas que o homem seja libertado do pecado, da
morte e da ira de Elohim, para poder participar no mundo vindouro, mas também está implícito nesta palavra
todos os aspectos da vida humana. Trata-se de ser salvo de tudo o que impede o cumprimento do propósito
inicial de Elohim, para que se origine uma situação de Shalom (paz) permanente. Shalom é um estado completo
de ordem, saúde, perfeição e harmonia.
A salvação tem a sua razão de ser na queda em pecado, quando o homem e a criação foram postos sob maldição.
O homem necessita de ser salvo do pecado e das suas consequências, entre elas, a morte, e o resto da criação
necessita de ser salva da corrupção, que veio como consequência do pecado do homem.
A salvação tem um lado negativo e outro positivo. Elohim salva de algo negativo para produzir algo positivo. Por
exemplo, salva-nos da morte eterna para nos dar vida eterna. Através da salvação, Elohim restaura a sua criação,
e livra-a detodas as consequências destrutivas da queda, para restabelecer o estado original de harmonia,
perfeição, saúde e paz que existia no paraíso. A salvação implica a restauração e o restabelecimento do estado
original de todas as coisas criadas que foram afectadas pela queda em pecado.
Em Isaías 49:6 está escrito: “Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e
tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até
aos confins da terra”.
No Messias Yeshua, concentra-se toda a obra de salvação de Elohim. O nome Yeshua significa “salvação”. No
Messias está representada toda a nação de Israel e em Israel estão representadas todas as nações da terra. O
Messias veio salvar o seu povo dos seus pecados, cf. Mateus 1:21, mas também para salvar o mundo, cf. 1
João 2:2, como também está escrito em Romanos 1:16b: “primeiro do judeu, e também do grego.”
Por essa razão, a obra de salvação que o Eterno prepara através do Messias, tem a ver tanto com a salvação
inteira de Israel, como nação, cf. Romanos 11:26, como com cada individuo dentro de Israel e no resto do mundo,
cf. 1 Timóteo 4:10. Além disso, a sua obra tem a ver com a salvação de toda a criação, tanto a visível como a
invisível, cf. Colossenses 1:19-20; Romanos 8:19-25; Hebreus 9:23.
Em Lucas 1:67-79 está escrito: “E Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito Santo, e profetizou, dizendo: Bendito
o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu o seu povo, E nos levantou uma salvação poderosa na casa de
Davi seu servo. Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo; Para nos livrar dos
nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam; Para manifestar misericórdia a nossos pais, E lembrar-
se da sua santa aliança, E do juramento que jurou a Abraão nosso pai, De conceder-nos que, Libertados da mão
de nossos inimigos, o serviríamos sem temor, Em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.
E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, Porque hás-de ir ante a face do Senhor, a preparar os seus
caminhos; Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, Na remissão dos seus pecados; Pelas entranhas
da misericórdia do nosso Deus, Com que o oriente do alto nos visitou; Para iluminar aos que estão assentados
em trevas e na sombra da morte; A fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.”

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Este texto ensina-nos o sentido amplo do conceito salvação. A salvação vem de Elohim através do Messias, ao
povo de Israel, para redimir e libertar a nação de Israel de todos os seus inimigos, e também para dar
conhecimento de salvação para o perdão dos pecados, tanto aos judeus, como aos não-judeus, para que cada
um possa servir ao Elohim sem temor em santidade e justiça todos os dias da sua vida e caminhar no caminho
de shalom.
A salvação envolve três épocas, passado, presente e futuro.
1. Passado – “que nos salvou” cf. 2 Timóteo 1:9. No momento de receber pessoalmente a Yeshua como
Senhor e Salvador, cf. João 1:12-13; Romanos 10:9-10, Elohim nos salva, faz com que nasçamos de novo e
circuncida o nosso coração. Nesta frase está incluído tanto o sentido nacional, colectivo, da salvação “nós”, como
o sentido pessoal, individual.
2. Presente – “operai a vossa salvação com temor e tremor”, cf. Filipenses 2:12b. Este processo
normalmente é definido nos Escritos Apostólicos como santificação. 29
3. Futuro - "a salvação já prestes a se revelar no último tempo” cf. 1 Pedro 1:5. A salvação todavia não está
completa em todas as áreas da vida humana e colectiva. Tampouco para a criação em geral.
É importante destacar que as Escrituras falam da salvação como algo colectivo, “nos salvou”, “da vossa
salvação”. O Apóstolo Paulo poderia ter escrito “que cada um de vocês se ocupe da vossa salvação pessoal”,
mas não o fez. O sentido colectivo da salvação é algo predominante em toda a Escritura, incluindo os Escritos
Apostólicos.
Isto não invalida o facto de haver uma responsabilidade pessoal de cada um, cf. Êxodo 32:33; Números 14:24;
21:9; Deuteronómio 24:16; Romanos 1:16; 10:8-10.
Cada um morre e se perde por causa do seu próprio pecado, Ezequiel 18:20; Efésios 2:1; Colossenses 2:13.
E cada um é salvo pela sua própria fé e obediência pessoal, Ezequiel 18:21; Marcos 16:16; João 3:16.
Contudo, a salvação pessoal de cada um que faz parte de Israel (natural ou enxertado), depende da salvação
colectiva que Elohim providenciou para a nação de Israel. Não há salvação fora do pacto que Elohim fez com
Abraão. Abraão, Isaque e Jacob, o povo de Israel, e o Messias de Israel, são o único canal de salvação para
todo o mundo.

• Quinta Leitura, 3:22 – 4:26

• 3:22 “Então disse YHWH: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para
que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente,”
A Árvore do conhecimento do bem e do mal (local específico) do teste (conhecimento do bem e do mal) no centro
da Criação, cujo fruto (saber) alcançado pelo homem o separou da árvore da Vida, cujo caminho doravante seria
pelo Mashiach. O caminho do homem seria, a partir de então, a redescoberta do Eterno e o propósito final: Vida
Eterna.
Na verdade não havia árvore nenhuma, tudo é metafórico, havia sim um local específico onde, de imediato, era
proibido o acesso aos primeiro seres humanos, eles iriam sim poder consultar o Conhecimento contido neste
lugar, porém de forma gradual, paulatinamente, a medida em que eles fossem crescendo espiritualmente, mas
haSatan encurtou este caminho e o homem pôs tudo a perder pela desobediência à Palavra de D'us.
A Árvore da Vida é a própria Torah Sagrada, onde o seu conhecimento nos dá Vida(ver Levítico 18:5).
* O Yetzer haTov e Yetzer haRa (inclinação do bem e inclinação para o mal) que passou a agir no homem.
Nós carregaremos estas duas inclinações para o resto de nossas vidas, inclusive no Olam Habá, porém, o que
vai fazer a diferença para a nossa salvação é o nosso domínio sobre estas duas forças(ver Gênesis 4:7). O
pecado não é um estado mas sim uma Ação, assim, não existe esta doutrina do pecado original criado por Roma,
o pecado não é passado pelo DNA, isso é um absurdo, toda criança nasce sem pecado, ela aprende a pecar
observando as más ações de seus pais, a Torah em Bereshit 8:21 declara que o homem é mal desde a sua
juventude e não desde o seu nascimento.
Assim, tentamos decifrar as primeiras narrativas de Bereshit segundo a Midrash hebraica.
Alguém herdar a vida eterna com pecado no seu coração, seria incompatível. Em vez de exterminar a raça
humana, o Eterno deu-lhe uma oportunidade de entrar no seu plano de redenção total. A expulsão do paraíso foi

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um acto de bondade, com o propósito de restaurar o ser humano, antes de permitir comer da árvore da vida e
viver eternamente. Depois da redenção final, o homem poderá comer da árvore da vida, como está escrito em
Apocalipse 2:7; 22:2, 14.
Há muitos que defendem que a graça é um conceito neo-testamentário, e que desde a morte de Yeshua, que
vivemos na era da graça. Contudo, a graça está no mundo desde a queda do homem, pois caso contrário, ele
teria sido destruído na hora em que pecou, e a raça humana seria extinta. A palavra que é traduzida com graça
nos Escritos apostólicos, é a mesma palavra que é traduzida como misericórdia no Tanach (vulgo Antigo
Testamento).
A graça está no mundo desde a queda. Uma das funções de Yeshua não foi trazer a graça, mas sim anunciá-la,
e demonstrar que o Eterno é um Elohim misericordioso, que providenciou uma forma de o mundo ser salvo
através do arrependimento.
A graça não nos liberta das nossas responsabilidades perante o Eterno, antes pelo contrário, ensina-nos que o 30
Eterno é misericordioso, e que mesmo depois do homem ter escolhido viver desligado do Eterno (não dando
ouvidos à sua instrução), ele providenciou uma forma de o homem retornar (teshuvá) ao caminho estabelecido
por Ele, e dessa forma reconciliar-se com Ele.
• 4:1-2 “E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei
de YHWH um homem. E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador
da terra.”
A Palavra fala-nos que até aqui, Adão e Eva teriam tido dois filhos, mas não podemos afirmar que esses seriam
os primeiros. Há quem diga que Adão e Eva já teriam tido filhos, e provavelmente mulheres, pois Eva enfatiza o
facto de ter dado à luz um homem, o que poderá ser um indício que essa não seria a primeira vez que isso
acontecia.
Contudo, isso são apenas possibilidades, não factos concretos. Outra elação que pode ser tirada do texto, é que
provavelmente Caim e Abel eram gémeos, pois diz apenas uma vez que ela concebeu, e duas vezes que deu à
luz.

• 4:3 “E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta a YHWH”.
A Torá diz apenas que foi do fruto da terra, o que dá a entender que foi um fruto qualquer, mostrando que Caim
não foi selectivo na hora de escolher a oferta para o Eterno, não procurou o melhor. Vejamos a diferença no texto
sobre a oferta de Abel:
• 4:4 “E Abel também trouxe dos primogénitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o
Senhor para Abel e para a sua oferta.”
Abel não trouxe uma ovelha qualquer, mas um dos primogénitos do seu rebanho. Segundo o Midrash, Abel
ofereceu generosamente o melhor que tinha, cordeiros que nunca tinham sido tosquiados ou trabalhado, e que
não tinham defeito. Elohim teria mostrado a Adão e Eva quais eram os animais limpos que poderiam ser
sacrificados em oferta, cf. Génesis 7:2, e por isso, Abel sabia que tipo de animais o Eterno aceitaria.
É provável que o animal que foi sacrificado no jardim antes da expulsão, tenha sido um cordeiro, cf. Apocalipse
13:8; 1 Pedro 1:19-20. Também existe a possibilidade de Abel se estar a basear na revelação que o Eterno teria
dado mediante esse sacrifício. Segundo o Midrash, os sacrifícios de Caim e Abel foram feitos a 14 de Abib, o
mesmo dia em que o sacrifício da Páscoa iria ser feito mais adiante, e o mesmo dia em que Yeshua expira no
madeiro, à hora em que os cordeiros estavam a ser oferecidos no templo.
Em Hebreus 11:4 está escrito: “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou
testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.”
Abel sacrificou pela fé. Não diz “por fé”, sim “pela fé”. Não era por uma fé qualquer, sim pela fé, a de sempre, a
única que foi dada desde o principio, a fé estabelecida pelo Eterno Todo-Poderoso. É provável que Abel tivesse
a fé no sacrifício futuro do Messias, segundo o que o Eterno tinha revelado anteriormente, cf. 3:15, 21. E por
essa fé foi justificado, ou seja, declarado inocente e livre da culpa do seu pecado.

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O Eterno atentou com agrado para Abel, em primeiro lugar, e depois para a sua oferta. Viu a atitude do seu
coração de amor, entrega e fé, e essa atitude foi recompensada com a manifestação do seu agrado.

• 4:5-7 “Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o
semblante. E o Eterno disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres,
não é certo que serás aceite? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo,
mas sobre ele deves dominar.”
O Eterno aqui revela a Caim que os seus actos eram incorrectos, pois se ele praticasse o bem, certamente seria
aceite. YHWH ensina-lhe que o homem deverá controlar os seus instintos malignos, o yetser hará (a inclinação
natural que o homem tem para pecar), a sua carnalidade. Por meio do arrependimento e a graça do Eterno, o
homem poderá dominar sobre o pecado. Aquele que não se arrepende das suas más obras, não dominará sobre
31
o pecado, mas será dominado por este.
• 4:7-10 “E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou
Caim contra o seu irmão Abel, e o matou. E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele
disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão? E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu
irmão clama a mim desde a terra.”
Mais uma vez o Eterno faz uma pergunta a Caim. O Eterno sabia a resposta, mas queria uma confissão por parte
de Caim, que ele se arrependesse por ter-se deixado dominar pelos seus instintos carnais. Caim não o faz, nega
não assumindo a sua culpa.
O texto hebraico refere-se a sangue no plural. Rashi diz que isso alude a todos os filhos de Abel que não tiveram
oportunidade de nascer. Já o Talmud diz que se refere às várias feridas que Caim lhe provocou, e que o sangue
saía de várias partes do corpo, porque Caim não sabia por onde é que sairia a sua alma (vida).
• 4:15 “YHWH, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E
pôs YHWH um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse.”
Os sábios do Talmud, oferecem várias explicações sobre o tipo de sinal que o Eterno pôs sobre Caim: dizem que
se tornou num leproso; ou que o Eterno lhe deu um cão de guarda; que um corno cresceu na sua testa, o que
teria uma letra do Nome Sagrado (YHWH) gravado na sua frente. Rashi entende que uma letra do Nome foi
gravada na sua testa.

Contudo, a única conclusão que podemos tirar pelas Sagradas Escrituras, é que seria algo que era bem visível
e que seria algo que as pessoas temeriam de modo a respeitarem Caim.
• 4:16-17 “E saiu Caim de diante da face do Senhor, e habitou na terra de Node, do lado oriental do
Éden. E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele edificou uma cidade, e
chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho Enoque;”
Este é um dos textos que reforçam a ideia de que Adão e Eva já teriam tido filhas, e provavelmente, foi uma
dessas filhas que acompanhou Caim, e que se tornou sua mulher.
• 4:18-19 “E a Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael e Metusael
gerou a Lameque. E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra,
Zilá.”
• 4:23-24 “E disse Lameque a suas mulheres Ada e Zilá: Ouvi a minha voz; vós, mulheres de
Lameque, escutai as minhas palavras; porque eu matei um homem por me ferir, e um jovem por me pisar.
Porque sete vezes Caim será castigado; mas Lameque setenta vezes sete.”
Há quem creia que Lameque matou Caim, mas o texto não nos dá informações suficientes para concluir isso. O
que podemos concluir é que o pecado de Lameque foi bem mais grave do que o de Caim.

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• 4:25 “E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela deu à luz um filho, e chamou o seu nome Set;
“porque, disse ela, Deus me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou.”
Segundo o Midrash, Eva pensou no Rei Messias quando nasceu Set. O nome Set significa “substituto”, e aponta
para várias coisas no ministério do Messias. O Messias iria ser um substituo para o homem que morrera. O
Messias também representa o homem e pode fazer um intercâmbio de forma que a sua morte possa dar vida ao
homem morto. A fé numa morte e ressurreição representativa do Messias está escondida na declaração de Eva.
• 4:26 “E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar
o nome de YHWH.”
Vemos que os relatos de nascimentos, são apenas de meninos, não havendo uma única referência, até aqui, a
nascimentos de meninas. Isso mais uma vezreforça o argumento de que nasciam também meninas, mas como 32
a semente é passada pelo homem, provavelmente serão nascimentos considerados pouco relevantes para a
narrativa bíblica.

• Sexta Leitura, 5:1-24


• 5:2 “Homem e mulher os criou; e os abençoou e chamou o seu nome Adão, no dia em que foram
criados.”
O nome Adão tem relação com as palavras “adam”, “avermelhado”, “adamá”; “terra” e “dam”, “sangue. Então,
quando o Messias é chamado Filho do Homem, em hebraico “ben Adam”, significa que é tomado da terra e tem
carne e sangue por ser um descendente físico do primeiro homem Adão. O Filho do Homem é um ser terrestre,
que tem a sua origem no céu, cf. 1 Coríntios 15:47.
• 5:3 “E Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem,
e pôs-lhe o nome de Set.”
Como já dissemos, Adão foi gerado à semelhança dos seres celestiais, sem pecado. Mas a descendência de
Adão já foi gerada à semelhança dele mesmo, em pecado.
• 5:22 “E andou Enoque com Elohim, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos
e filhas.”
Andar com Elohim significa andar segunda a instrução de Elohim, cumprindo os seus mandamentos. A forma
substantiva da palavra hebraica halachá, que significa “o caminhar”.
Halachá é uma palavra habitualmente usada para se referir às ordenanças das autoridades judaicas com o
propósito de enquadrar os mandamentos da Torá no quotidiano de cada judeu.
• 5:24 “E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Elohim para si o tomou.”
Com base neste texto, e no de Hebreus 11:5, muitos crêem que Enoque não morreu, tendo sido arrebatado.
Contudo, a Palavra diz-nos que ninguém subiu ao céu senão aquele que de lá desceu (João 3:13), e que aos
homens está ordenado morrerem uma vez (Hebreus 9:27). O que o texto do vs. 24 nos diz, é que Enoque morreu
sim, porque o Eterno o tomou para ele, relacionemos isso com o texto de Eclesiastes 12:7: “E o pó volte à terra,
como o era, e o espírito volte a Elohim, que o deu.”
Enoque não viu a morte (Hebreus 11:5), porque não assistiu à morte dos ímpios da sua geração. Isso estava
reservado para um outro homem justo, Noé.

• Sétima Leitura, 5:25 – 6:8


• 5:29 “A quem chamou Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de
nossas mãos, por causa da terra que o Senhor amaldiçoou.”
Noé era justo na sua geração, e por ele, a terra não foi destruída, mas sim purificada pelas águas do dilúvio.

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• 6:2 “Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si
mulheres de todas as que escolheram.”
A corrupção da humanidade: Na passagem de Bereshit 6: 1-5 tudo indica que a menção é aos filhos de D’us
(b’nei Elohim), a saber os descendentes de Shet, o terceiro filho de Adan, a linha pela qual os homens começaram
a invocar o Nome do Eterno.
E, tudo indica que as filhas dos homens são mesmo as descendentes de Cain, geradas da mulher que encontrou
ao sair da presença do Eterno.
Cain, recusando-se ao diálogo com o Eterno perdeu a comunhão que, ao contrário, foi mantida por seu irmão
Shet. Não há nada no texto sob análise escriturística que autorize a interpretação de que os “anjos” possuíram
as “mulheres”, nascendo assim seres estranhos, gigantes, deformados etc... Possivelmente, fosse essa a
realidade da passagem a expressão seria, então, ‫ – מלכים‬malachim - anjos. 33
A afirmação de "anjos" serem seduzidos pelas filhas dos homens força demasiadamente a passagem. Basta
olharmos para os sítios arqueológicos, e veremos como a presença humana foi significativa, determinante e
única.
Parece que esta visão (dos anjos possuindo mulheres) tem alguma influência da Mitologia greco-romana pois,
ali aparecem "deuses" amando mulheres e gerando "titãs".
Não é o caso das narrativas sagradas e descrições feitas na Torah. A questão seguinte: "o homem é, também,
carne" em Gênesis 6:3 significa que, a mesma carne que havia recebido o influxo da Ruach haElohim (Espírito
de D'us), tais homens que receberam este influxo tornando-se "imagem" de Elohim, conforme encontramos logo
no início de Bereshit, se corromperam de tal modo que Adonai entristeceu-se de tê-los criado.
Por isso mesmo foram seres diferenciados e viviam centenas de anos como, por exemplo, Matusalém que viveu
mais de 900 anos.
Eram quase que "imortais", mas tinham tendências carnais, isto é, paixões carnais. Por isso mesmo o Eterno
limitou seu tempo de vida a, no máximo, 120 anos.
“O meu Espírito não contenderá para sempre com o homem”.
Ou seja, perpetuamente, pois o "homem" Adam foi, provavelmente, tomado de materiais inferiores, e recebeu a
Ruach para ser uma "ALMA VIVENTE", uma vida carnal com alma e espírito.
Daí que o homem, no momento da criação, é a composição da matéria (corpo), da alma
(vida/sangue/sentimentos/inclinações) e do espírito (fôlego/sopro divino).
Este homem era um ser superior, um quase "super-homem" e por ter recebido a Ruach haElohim (Espírito de
D'us) foi chamado nesta passagem da Torah de B’nei haElohim (filhos de superiores, governantes, homens de
D’us).
Note que a Torah menciona, nesta passagem de Bereshit 6 os "B’nei haElohim", pois no momento da criação
era o próprio Eterno criando todas as coisas (a mão do Eterno, sua Ruach, conforme aparece logo no início).
O homem chamado "Adam" (da terra, vermelho) recebeu a Ruach haElohim, mas manteve suas tendências
passionais.
A Parashá finaliza com o Eterno encontrando um Tsadik, um homem justo chamado Noach, ele era justo mesmo
em meio a toda aquela corrupção generalizada.
Mesmo no meio de uma geração perversa, Noach estava na Graça, isso nos mostra que a Graça do Eterno
sempre existiu desde o princípio e que Yeshua só a tornou Plena à todos, isto é, Yeshua plenificou a Graça do
Eterno.
• 6:8 “Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor”.
O Eterno sempre ofereceu a graça aos homens que se arrependem do mal e O buscam.
Um Midrash diz:
“Noé foi salvo, não porque merecia, mas sim por causa da graça do Eterno”.
O conceito de graça, como favor não merecido, é um dos pilares mais importantes da fé bíblica.

JUDAISMO NAZARENO HISTÓRICO Página 33


FIM DA PARASHAT 01- BERESHIT.

Shavua Tov.

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