1 - O Livro Da Castidade - Reduzido-1
1 - O Livro Da Castidade - Reduzido-1
1 - O Livro Da Castidade - Reduzido-1
C: É bom que tenha medo de cair em pecado, Jean. Mas não digo isto para que você
fique aflito durante a viagem; digo para que você esteja vigilante, como se estivesse em
uma guerra. Está claro?
J: Sim, senhor.
C: Agora, acho que já está na hora de você ir descansar, não é?
J: Sim, senhor. (Ajoelha-se e o padre dá a bênção) Reze por mim, Pe. Pierre, por favor.
C: Claro que sim. E você também reze muito aos santos da Castidade, e sobretudo ao
seu Anjo, para que o defenda nesta luta, está bem? Bom, vamos indo.
J: Sim… eu só vou pegar o livro e já vou; prometo.
C sai. J procura um pouco mais na estante, e por fim, volta-se para a imagem de Nossa
Senhora, ajoelha-se e diz:
J: Minha Mãe, a quantos perigos eu vou estar exposto nesta viagem! Tenho muito medo
de não perseverar… de vos ofender… Por favor, minha Mãe, protegei-me! Mandai que
todos os patronos da castidade venham em meu auxílio. Meu Santo Anjo da Guarda,
vinde em meu auxílio!
O Anjo faz um gesto com a mão, dizendo que J se dirija a GB. Este se aproxima de GB,
com muita insegurança, às vezes olhando para A.
J: É… Senhor… senhor Cavaleiro… Senhor…(lê de novo o livro) “Godofredo de
Bouillon”, posso fazer uma pergunta?
GB: (faz uma vênia de assentimento, e diz) Claro que sim, jovem cavaleiro. O que
queres?
J: É… o que o senhor faz por aqui?
GB: O que faço? Ora! Expulso os inimigos da fé destas terras sagradas! Não sabes que
eles avançam em massa contra nós? Há pouco que tivemos de desbaratar 50.000
muçulmanos, com apenas 12.000 homens.
J: Meu Deus! Disseram que, uma vez, o senhor partiu com um só golpe, o cavalo e o
cavaleiro. De onde vem tanta força?
GB: (levantando as mãos, diz com solenidade) Estas forças me foram dadas por Deus,
porque as mãos que empunham esta espada NUNCA pecaram contra a castidade!
J: Nossa…! Então para ser forte é preciso ser puro?
GB: Sim, os músculos valem muito pouco, ou nada, se a alma do homem não reluz
como os Anjos de Deus. A nossa força verdadeira se chama CASTIDADE. E tenha
certeza, jovem: as lutas da vida espiritual são muito mais árduas do que as de corpo-a-
corpo. Aquele que se sabe fraco, confia em Nossa Senhora e ama a Castidade, será forte
contra tudo. Nunca se esqueça disso. (Aos cavaleiros) Homens, vamos! Não podemos
abandonar nossos irmãos de armas. (Saem)
SD: O que é isto?!! Vocês não têm vergonha de uma coisa destas? Nosso Senhor nos
deu os olhos para ver as belezas que Ele criou, e vocês usam deles para ver estas
imundícies que os homens fazem para perderem as almas?
M2: Nós estávamos vendo aquilo para rir!
SD: Sim, sim. Para rir! Caminham para o inferno rindo… será que também vão rir
quando estiverem condenados por toda a Eternidade?
M3: Mas nós não vemos tanta maldade nestas figuras…
SD: Tanto pior! Isto é sinal de que seus olhos já estão acostumados a ver este lixo! Mas
fique sabendo que isto não é desculpa para este pecado; muito pelo contrário!
M1: (Breve silêncio) Ah! Chega, Domingos! Eu não aguento mais estas suas lições de
moral!
B2 pega a revista demonstrando muito asco e sai de cena com B1 e B3. SD começa a
sair. O Anjo faz sinal a J, que vai atrás de SD)
J: Domingos! (SD se volta, J se aproxima, e diz com muito enlevo) Ou melhor, São
Domingos… muito obrigado!
SD: Ora! Por quê?
J: Pelo bom exemplo que nos destes.
SD: Eu não fiz mais do que minha obrigação. Lembre-se sempre disto: quem brinca
com a tentação, brinca com a salvação eterna. Por isto, com ocasião de pecado devemos
ser inteiramente radicais.
J: Nossa! Nunca imaginei que poderia conversar com um santo da minha idade! São
Domingos Sávio… falando comigo… com tanta bondade!
Anjo: É próprio das almas puras tratar bem aos outros, Jean, pois nada enobrece tanto a
alma como a castidade. (A aponta para o livro e J lê)
J: “Luís XVII – O Lírio e o lodo”...
Tocam clarins e há a entrada gloriosa de Luís XVII com Anjos. Ao chegar ao palco
fazem uma vênia ao santo. Jean, estupefato, tenta repetir o gesto e é respondido pelo
príncipe.
J: (relendo o nome no livro) Luís XVII… é… Desculpe-me… quer dizer… Desculpai-
me, mas… quem sois?
L: Eu fui um príncipe real da França, e morri vítima do ódio da Revolução.
J: Oh… sim, me contaram essa história! E… ah, perdão, Majestade… (faz uma vênia
atrapalhada). É… perdoai-me pois não sou habituado aos costumes da corte.
L: Não te preocupes, meu amigo, pois é justamente sobre isso que venho conversar.
J: Sabia... as minhas vênias não estão boas…!
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L: Muito pelo contrário, tua reverência estava perfeita. A verdadeira nobreza nasce de
um coração puro. As maneiras e o modo de falar de quem pratica a pureza podem ser
notados de longe e... de quem não a pratica também...
Entram N e R e se sentam – a seu modo – nas cadeiras da sala
J: Como? Duas pessoas iguais, e ao mesmo tempo tão diferentes?
L: Não, não, meu caro… Eles são a mesma pessoa. No entanto, num, vemos os frutos
da castidade; noutro os efeitos da impureza.
R: Ô! (olhando para o auditório) Que roupa estranha essa aí! Todo firinfinfim…
colorido… que negócio besta! Não é não?
N: (olhando para o auditório) Nossa, mas que homem sujo! E se veste com panos de
chão, todo maltrapilho! Não tem sapatos… não lava o rosto… Pelo modo de falar, e de
se portar… com certeza pertence a alguma tribo bem primitiva
L: A pureza da alma é sempre acompanhada da limpeza do corpo! Se quiseres manter o
brilho e a limpeza de tua veste, começa por deixar muito bem ordenada a tua alma.
Muita vigilância, meu caro, muita vigilância, pois tudo começa com o primeiro passo.
R: (Anda mais um pouco, olha os personagens e, olhando para N, diz) Que bicho raro,
olha aí, andando de fantasia!? Ei… (chamando o N) não tô gostando muito da sua
roupa, viu?
N: Bem… lamento por ti, mas… vestido como estás, tuas apreciações não inspiram
muita confiança.
R: “Aprecia…” quê? Ce fala tudo certinho… pronunciando todas as palavra…
N: Meu Deus! E ainda te orgulhas de teus grunhidos?
R: Quê? Não dá para te entender, ô… Tá se achando o quê? Fica esperto, hein… Tô de
olho nesse ouro aí. (olhando para o público) Hehe… Vai ser mais fácil que pegar esses
tênis aqui… o tonto deixou encostado ali… quem mandou? Todo mundo é dono de
tudo, né...
L: O direito de propriedade e o respeito aos outros estão muito relacionados à prática da
pureza. Para o impuro, não existe propriedade, e tomar algo de outro é tão natural como
tomar um copo de água.
N: Além de sujo, és ladrão?!
R: Escuta aqui, ô cidadão! Você está pensando o quê? Você não é mais do que eu, não!
Somos todos iguais!
N: Ah, não! Posso garantir que é difícil encontrar alguém como tu…
R: Ah! Chega! Você é insuportável! Eu vou embora daqui!
N: Creio que será a primeira vez que farás um favor aos outros… (R sai infestado) Sujo,
bruto e bandido. Eis aí todas as insígnias da impureza.
Intervenção do expositor e/ou homilias de MJC.
Cena 4: A Vigilância e guarda do coração
A: Tenha certeza: as almas puras têm esta superioridade porque são habituadas à luta.
Assim como as famílias nobres são aquelas que descendem dos mais valorosos
guerreiros de antigamente, assim também as almas mais distintas são as que vivem em
constante luta contra o demônio.
J: Oh! A Castidade é então uma guerra…! E com que armas nós lutamos? (O anjo
aponta o livro; J abre-o no meio e lê) São Co-lum-ba-no… Columbano…
Tomba repentinamente uma árvore dentro do palco. Aparece São Columbano com o
machado na mão e dirige-se até a árvore, sem olhar os personagens. Ao deparar-se
com J, SC diz:
SC: Oh, me perdoe! Foste ferido? Lamento, pensei que eu estivesse só.
J: Não… (encantado com a bondade do santo) quer dizer, não se preocupe, senhor, não
foi nada, apenas me assustei um pouco... Mas, quem é o senhor? Por acaso, um
lenhador?
SC: Não exatamente. (Todos personagens vão para frente, enquanto fecham-se as
cortinas) Chamo-me Columbano, e sou um monge. Aprendi da minha regra que o
pecado encontra terreno nas almas que não ocupam o tempo, e por isto, além de muita
oração, procuro me ocupar ao máximo, aproveitando-me dos trabalhos para fugir das
ocasiões de pecado. Assim, nunca dou tempo ao demônio para me sugerir outras coisas.
J: Columbano… (olha o livro) Oh! “São Columbano: ocupar o tempo, uma arma contra
o demônio”.
SC: É bem isto que disseste! Um homem que trabalha é tentado por um demônio, mas
ao desocupado mais de cem demônios fazem companhia.
LG: Não reconheces? É a vela de tua primeira comunhão, teu rosário… Vês aquela
espada?
J: É a espada de meu pai!
LG: Sim! Tiveste um encanto com o heroísmo a primeira vez que a viste, e por isto, ela
também adorna o teu coração.
J: E aquela igreja?
LG: É o local onde foste batizado, e a partir do qual passaste a amar a Santa Igreja.
J: Oh! Mas que lugar maravilhoso. Não sabia que meu coração era tão bonito!
LG: Sim, e por isso, é nosso dever jamais permitir que o inimigo tome conta dele.
J: Como?! Mas se ele é tão resistente, como o inimigo pode tomar conta dele? Acho
que isto não acontece com ninguém.
A: Pode ser difícil acreditar, Jean, mas acontece, e com muitas pessoas. E mais incrível
ainda é o modo como os inimigos conseguem penetrar nos corações.
Deve haver uma alabarda fechando uma entrada lateral do palco. LG retira-a e diz:
LG: A pessoa deixa de lado a vigilância, e abre as portas para que os inimigos entrem.
Aparecem demônios (talvez sem asas, apenas vestidos de preto) e começam a mexer em
tudo.
J: Meu Deus, o que eles estão fazendo?
LG: Isto é o que acontece com o coração de quem não é vigilante. Os nossos sentidos,
sobretudo os nossos olhos, são as janelas de nosso coração: por estas janelas nós
podemos deixar entrar os Anjos, ou os demônios…
A: Tudo o que o demônio quer para nos perder é que nós demos atenção a ele. Por isto
ele reserva para o futuro uma arma que será poderosíssima para ele, e que levará muitas
almas para o pecado:
Entram os demônios pela porta lateral e a cena se desenrola nas escadas, sem tampar
o palco.
D4: Aaahhh! Maldita castidade!!!!
D3: Eu não aguento mais! Godofredo… Domingos… Luís Gonzaga… Luís Mari…
D1: (Interrompendo) Silêncio! Não nos reunimos aqui para falar do passado. Viemos
falar do futuro. Nosso tempo está acabando! Em breve… Ela… quererá implantar seu
Reino na Terra, aaahhh!!! Temos percebido por que estes malditos não pecam… porque
não dão atenção a nós!
D2: Mas nós já demos um jeito! (Tira um celular) Você já pensou se com esta caixinha,
todo o mundo pudesse: controlar seu dinheiro; divertir-se em um mundo de ficção; falar
com pessoas à distância… o que aconteceria? Ninguém largaria isto um minuto!
D1: Isto aqui é o nosso passe de entrada para qualquer lugar, qualquer casa… qualquer
alma. E sobretudo, para perdermos (com muito ódio) aqueles… que Ela… chamou para
implantar o Reino… (todos gritam)
D2: Com isto aqui, nós os atrairemos para a impureza em tudo! Impureza nos jogos, nos
filmes, nas conversas… Aah!! O dia inteiro vai ser impureza, e ninguém vai conseguir
soltá-la! Hahahaha!!! (Todos riem) Há quanto tempo estamos esperando esta maravilha!
E ela chegou na hora exata!
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D1: Ah! Internet! Era o que nós precisávamos para perder os… eleitos… Eles vão se
esquecer da vocação que eles têm! Ninguém vai se lembrar de … rezar!!! Hahaha!!
D2: Aahh! A falta de vigilância! Sempre disse que esta é a nossa melhor arma! Quantas
vocações se perdem na impureza, por falta de vigilância! Hahahaha!!!
D3: Vamos!!! Precisamos lançar isto já! Quero ver que “santinho” vai resistir desta vez
à tentação.
D2: Espere! (Silêncio) Ainda não podemos… Ele… não nos deixa. O mundo precisa
estar pior quando esta porcaria saia nas lojas. E por isto… precisamos fazer… que o
mundo peque!!!! (Todos riem, gritam, etc.)
D1: Os pecados dos homens nos darão permissões para ter mais contato com eles. E
assim, quando … Ela… quiser implantar seu Reino na Terra, não conseguirá, porque
todo o mundo será impuro! Ela não terá discípulos! Hahaha! Não haverá mais…
Castidade!!! Hahahaha!!!!
Riem e saem.
Intervenção e homilia sobre a internet
Cena 5: A devoção a Nossa Senhora e a Castidade do Reino de Maria
A: Estas são as páginas mais belas da nossa História, Jean, mas ainda não estão escritas.
(Apontando para o público) As pessoas que as escreverão são almas muito amadas por
Nossa Senhora, mas que deverão ser especialmente fiéis numa época em que os
demônios concentrarão todos seus esforços para fazer da Terra o reino da impureza! Por
isto, seus soldados serão verdadeiros heróis da castidade!
SDG: Mais fortes que Godofredo de Bouillon, mais radicais que São Domingos Sávio,
mais vigilantes que São Columbano, mais piedosos que São Tarcísio, Santo Afonso ou
São Bento! E sobretudo, devotos de Nossa Senhora, mais do que qualquer outro santo.
J: E quem os congregará? Quem vai ser o General deste exército? Como eles farão para
se unir?
A: Ah, o General deste exército…! O General deste exército será um outro São Miguel
que, do meio da podridão imunda do pecado e da impureza, bradará: Quis ut Virgo!?
SD: Ele será como um lírio nascido do lodo, na noite e sob a tempestade; Ele será uma
lança em riste contra os inimigos da Virgem;
GB: Ele será o calcanhar bendito que esmagará para todo o sempre a cabeça orgulhosa
da serpente e Aquele que alistará todos os bons soldados sob o glorioso estandarte da
Castidade.
J: Oh! Eu quero ser um destes soldados? Onde estão esses soldados? Onde está este
General…?
LG: Jean, a Deus cabem os tempos e os momentos. Deverás ser herói durante sua vida,
e desde o céu lutarás com eles. Por enquanto, reze pelos heróis da Castidade do Reino
de Maria, que deverão enfrentar estes ataques do demônio.
A: Agora… já é hora de ires repousar, Jean; amanhã novas lutas te aguardam. Quero
que leves este livro para a guerra que vem pela frente (J estende a mão) Não quero que
o leves nas mãos, mas em outro lugar, que bem conheces: no teu coração. Lembra de
tudo o que aprendeste, e tem coragem, pois aos devotos de Nossa Senhora jamais
faltarão as forças para lutar!
J: Sim, meu Santo Anjo, muito obrigado! Vou levar tudo isto no meu coração. E vou
pedir a nossa Mãe Puríssima, que me faça casto como todos os santos que eu vi…
(breve silêncio) ou melhor, me faça casto como as almas do Reino de Maria, o Reino da
Castidade!