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RELATÓRIO NIMA/PUC-RIO 190913

DIAGNÓSTICO DAS PRESENTES CONDIÇÕES DA ESTAÇÃO


GÁVEA DO METRÔ DO RIO DE JANEIRO E ALTERNATIVAS
PARA MINIMIZAÇÃO DE RISCOS ASSOCIADOS

Submetido ao

Governo do Estado do Rio de Janeiro

por

Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente


Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Setembro de 2019

NIMA-Núcleo Interdisplinar de Meio Ambiente


Rua Marquês de São Vicente 225, Casa 5
Gávea, Rio de Janeiro, RJ - 22451-900
Tel: (55 21) 3527-1462
www.nima.puc-rio.br
CONTEÚDO

1. INTRODUÇÃO 1

2. BREVE HISTÓRICO 5
2.1 Projeto da Estação Gávea 5
2.2 Desenvolvimento das Obras 7
3. INSTRUMENTAÇÃO E MONITORAMENTO 9
3.1 Marcos Superficiais e Tassômetros 10
3.2 Pinos de Recalques 12
3.3 Indicadores de Nível de Água e Piezômetros 15
3.4 Inclinômetros 17
4. ASPECTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS E HIDROGEOLÓGICOS 18
5. DIAGNÓSTICO SOBRE AS CONDIÇÕES ATUAIS 27
5.1 Evento Adverso 27
5.2 Mitigação do Problema via Monitoramentos Externos às Escavações 30
5.3 Consequências Potenciais do Evento Adverso 31
5.4 Riscos Envolvidos 34
6. MEDIDAS DE ENGENHARIA 35
6.1 Propostas Constantes na Documentação Analisada 35
6.2 Fundações de Edificações Lindeiras 35
6.3 Estabilidade da Cava de Fundação da Estação 36
6.4 Rebaixamento do Nível de Água 36
6.5 Desativação da Estação Gávea 36
6.6 Alternativas Intermediárias de Mitigação de Riscos 38
6.7 Conclusão da Obra Bruta 39
7. CONCLUSÕES 41
7.1 Diagnóstico Geotécnico das Condições Atuais 41
7.2 Medidas de Engenharia 43
7.3 Aspectos de Custos 45
AGRADECIMENTOS 46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 46
ANEXO: Ações imediatas recomendadas e previsão de custos 48
Cronograma estimado 49

NIMA-Núcleo Interdisplinar de Meio Ambiente


Rua Marquês de São Vicente 225, Casa 5
Gávea, Rio de Janeiro, RJ - 22451-900
Tel: (55 21) 3527-1462
www.nima.puc-rio.br
1. INTRODUÇÃO

Este documento foi produzido em atendimento ao Termo de Cooperação Técnica firmado


entre a Secretaria de Estado de Transportes do Rio de Janeiro e a Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro em 05/07/2019, que tem por finalidade a apresentação de um
diagnóstico sobre as condições atuais das obras da Estação Gávea do Metrô do Rio de
Janeiro, localizada dentro do Campus da Gávea da Universidade (ver Figura 1), bem como
propor medidas de engenharia de curto prazo para a minimização de riscos existentes.

Em Anexo ao presente documento encontra-se um detalhamento das ações recomendadas,


juntamente com uma previsão de custos.

Garagem
Ed. Petrobras

Estação
Gávea

Juizado
Ed. Genesis

LGMA e NIMA

FIGURA 1: Localização da Estação Gávea do Metrô do Rio de Janeiro no Campus da PUC-Rio e de


Estruturas Adjacentes (Imagem de base retirada do Google Earth)

1
No Quadro 1 encontram-se relacionados dados relativos aos professores que contribuíram
para a emissão do presente documento, desenvolvido sob coordenação do Núcleo
Interdisciplinar de Meio Ambiente da Universidade (NIMA).

No Quadro 2 encontram-se relacionados os documentos aos quais a equipe teve acesso e


que foram analisados para a emissão deste parecer. Todos esses documentos foram
fornecidos pela RIOTRILHOS.

QUADRO 1: Professores-pesquisadores da PUC-Rio envolvidos na emissão do Documento

Professor Departamento Observações


Equipe Principal
Ph.D. em Mecânica dos Solos pelo Imperial College,
Tácio M. P. de Londres, em 1984. Vice-Diretor do NIMA, Coordenador
Campos do Núcleo de Geotecnia Ambiental do DEC, Pesquisador
1A do CNPq, Pesquisador de Nosso Estado da FAPERJ.
Ph.D. em Mecânica das Rochas pela Universidade de
Sérgio A.B. da Alberta, Canadá, em 1980. Vice-Presidente da Sociedade
Fontoura Internacional de Mecânica das Rochas para a América
Latina.
Engenharia Civil e
Ph.D. em Mecânica das Rochas pelo Imperial College,
Eurípedes do A. Ambiental (DEC)
Londres, em 1982. Pesquisador 1A do CNPq,
Vargas Jr.
Pesquisador de Nosso Estado da FAPERJ.
José Tavares Ph.D. em Engenharia Civil pela Universidade de
Araruna Jr. Newcastle.
Pós-Graduação em Geologia de Engenharia e
Claudio P. do Hidrogeologia pela Universidade de Tubingen, Alemanha,
Amaral em 1990; D.Sc. em Geotecnia (Geologia de Engenharia)
pela PUC-Rio, em 1997.
Equipe Complementar

Antonio Roberto Ph.D. em Ciências da Água pela Escola Nacional


M.B. de Oliveira Superior de Minas de Paris, França, em 1982.
D.Sc. em Engenharia Civil (Materiais de Construção) pela
Flávio de A. Silva
COPPE/UFRJ, em 2009. Pesquisador 1D do CNPq.
Daniel Carlos T. D.Sc. em Engenharia Civil (Estruturas) pela
Cardoso COPPE/UFRJ, em 2014. Pesquisador 2 do CNPq.

D.Sc. em Engenharia Civil (Geotecnia Ambiental) pela


Ana Cristina M. Engenharia Civil e PUC-Rio, em 2001. Técnica pericial do GATE/MPRJ de
G. de Carvalho Ambiental (DEC) 2006 a 2017

Denise Maria D.Sc. em Ciências (Microbiologia de Solos) pela UFRJ,


Mano Pessoa 1995.
D.Sc. em Ciências (Físico-Química de Solos) pela
Franklin dos S.
UFRRJ, em 1976. Professor aposentado do DEC/PUC-
Antunes
Rio.
Alessandro M.Sc. em Engenharia Civil (Geotecnia) pela Politecnico di
Cirone Milano em 2016. D.Sc. em andamento pela PUC-Rio.
José Marcus de Química Ph.D. em Radioquímica pela Universidade Técnica de
O. Godoy (QUI) Munchen, Alemanha, em 1983.

2
QUADRO 2: Relação dos documentos analisados, fornecidos pela RIOTRILHOS

DOC REFERÊNCIA TÍTULO / ASSUNTO RESPONSÁVEL


Laudos de vistorias prévias realizadas em 90
CD-01 - Item 1 - Vistorias
endereços envolvendo o Túnel Zuzú Angel, Vieira Sampaio Proj.
01 Cautelares (realizadas em
Av. Padre Leonel França, Rua Marquês de e Consultoria
2013/2014)
São Vicente e Rua Madre Jacinta.
CD-01 - Item 2 - Vistorias
02 durante a obra (realizadas em Mapas de iso-recalques e de distorções CJC / Rio Barra
2013/2014)
CD-01 - Item 3 - Relatório Fotos de reparos executados em diferentes
03 Carmelo Engenharia
fotográfico dos reparos (2018) estruturas
CD-01 - Itens 4 e 5 - Perfil
04 Geológico / Mapa de Perfis geológicos de 5 sessões CJC / Rio Barra
descontinuidades (2013)
CD-01 - Itens 6 e 7 -
Dados de 22 sondagens (SondaOeste e
05 Parâmetros geotécnicos / CJC / Rio Barra
SondoSolos) - 2012/2013
Perfis de sondagens
Estação Gávea e Túnel de Via – PK 8340 –
06 R-4105-001-01 (09/03/2013) PK 9450 - Estudos Geológico-Geotécnicos – MCLink Engenharia
Relatório de Risco Geológico
Emboque Gávea – Relatório de
consolidação do modelo geológico- Matra Engenharia e
07 R-4105-005-01 (22/12/2014)
geomecânico dos túneis de via (PK 0 à Consultoria
461m)
01 Relatório com procedimentos para testes
de jet-grouting e 21 Relatórios com
Memórias de Cálculo, sendo: 01 para
CD-01 - Item 08 - Memória de
rebaixamento do N.A., 06 para vigas
08 Cálculo da Estabilidade das CJC / Rio Barra
diversas, 01 para consolos dos poços piloto,
Escavações (2013/2014)
01 para contenções nos acessos no trecho
entre túneis, 04 para revestimento primários
e 08 para túneis diversos.
CD-01 - Itens 09 e 10 - Análises da água do Poço 1 (2016) e de Analytical Technology
09
Relatórios de Água/pH poço artesiano (2019) / Innolab
108 Desenhos com detalhamentos de
CD-01 - item 12 - Processo engenharia. Projeto Executivo da Estação
10 CJC / Rio Barra
construtivo (2014) Gávea (Nos contínuos de A-4125-063 a A-
4125-170)
91 Desenhos com detalhes arquitetônicos de
CD-01 - Item 13 - Projeto
11 projeto da Estação Gávea (Nos descontínuos Promon
Básico (2013)
de B-4138-115 a B-4138-218)
138 Desenhos com detalhes geométricos de
CD-01 - Item 14 - Projeto
12 projeto da Estação Gávea (Nos descontínuos Promon
Executivo (2014)
de B-4104-086 a B-4104-232)
Mapa de Instrumentação de superfície e
sub-superfície nas proximidades das
13 A-4130-008-02 – Jan. 2014 CJC / Rio Barra
escavações de tuneis e poços das Estação
Gávea
RT 105.131 - Estação Gávea
14 Relatório de ensaios em tirantes Falcão Bauer
janeiro 2015
15 RT 105.135 - Janeiro 2015 Relatório de ensaios em tirantes Falcão Bauer
Estação Gávea - Sistema de Suporte e
16 A-4115-001-01 - Maio 2015 Métodos Construtivos - Relatório de CJC / Rio Barra
Paralização Gávea

3
QUADRO 2: Relação dos documentos analisados, fornecidos pela RIOTRILHOS (ctn)
Estação Gávea - Sistema de Suporte e
Métodos Construtivos - Relatório de
17 A-4115-003-01 - Agosto 2016 CJC / Rio Barra
Paralização Gávea - Situação em
agosto/2016
Estação Gávea - Sistema de Suporte e
18 A-4115-002 – Outubro 2016 Métodos Construtivos - Paralização das Promon
Obras - Recomendações
RE-ATO-016_GERAL_Inunda- Estação Gávea - Preparação para
19 ção GAV-Rev02 – Agosto Inundação - Agosto/2017 (Acompanhamento CJC / Rio Barra
2017 Técnico de Obras)
Avenida Padre Leonel França, Vieira Sampaio Proj.
20 Laudo de Vistoria Final - Julho 2018
no 248 - Fundação Saúde e Consultorias
Avenida Padre Leonel França,
Vieira Sampaio Proj.
21 no 248 - Secretaria de Estado Laudo de Vistoria Final - Julho 2018
e Consultorias
de Saúde
Avenida Padre Leonel França,
Vieira Sampaio Proj.
22 no 248 - IV Juizado Especial Laudo de Vistoria Final - Julho 2018
e Consultorias
Cível
Rua Marquês de São Vicente, Vieira Sampaio Proj.
23 Laudo de Vistoria Final - Julho 2018
no 147 - Casa 1 e Consultorias
Rua Marquês de São Vicente, Vieira Sampaio Proj.
24 Laudo de Vistoria Final - Julho 2018
no 147 - Casa 2 e Consultorias
Rua Marquês de São Vicente, Vieira Sampaio Proj.
25 Laudo de Vistoria Final - Julho 2018
no 147 - Casa 3 e Consultorias
Rua Marquês de São Vicente, Vieira Sampaio Proj.
26 Laudo de Vistoria Final - Julho 2018
no 147 - Casa do zelador e Consultorias
Rua Marquês de São Vicente, Vieira Sampaio Proj.
27 Laudo de Vistoria Final - Julho 2018
no 147 - Escola e Consultorias
Rua Marquês de São Vicente, Vieira Sampaio Proj.
28 Laudo de Vistoria Final - Julho 2018
no 147 - Instituto Gênesis e Consultorias
Estação Gávea - Acompanhamento Estação
29 RE-ATO-023_GERAL_GAV Inundada - Julho/2018 (Acompanhamento CJC / Rio Barra
Técnico de Obras)
Estação Gávea - Avaliação do Nível de
RE-ATO-
30 Segurança com a Paralização das Obras da CJC / Rio Barra
024_GERAL_GAV_R1
Estação (Set 2018)
Estação Gávea - Avaliação do Nível de
RE-ATO-
31 Segurança com a Paralização das Obras da CJC / Rio Barra
024_GERAL_GAV_R2
Estação (Set 2018)
Estação Gávea Avaliação do Nível de
32 Relatório final - Gávea Segurança com a Paralização das Obras da CJC / Rio Barra
Estação (Set 2018)
INFORMAÇÕES GÁVEA (Fev. Apresentação sobre a situação das obras
33 CJC / Rio Barra
2019) nas imediações do campus da PUC-Rio
Estação Gávea Acompanhamento Estação
RE-ATO-
34 Inundada Março 2019 (Acompanhamento CJC / Rio Barra
CRB_08_CJC_GERAL_GAV
Técnico de Obras)
Monitoramento das Edificações e Maciço em
TUV SUD - Bureau de
35 RIS-SP-042-19 Torno da Estação Gávea – Metrô Linha 4 –
Projetos
Rio de Janeiro, Março 2019

36 Nota Técnica Diagnóstico de Gávea - Março 2019 Rio Trilhos

37 02619-CRB-IT-RL-001-0 Relatório de Instrumentação - Abril de 2019 LPC Latina

4
QUADRO 2: Relação dos documentos analisados, fornecidos pela RIOTRILHOS (ctn)
RE-ATO - Estação Gávea Acompanhamento Estação
38 CRB_09_CJC_GERAL_ Inundada Abril 2019 (Acompanhamento CJC / Rio Barra
GAV_Assinado Técnico de Obras)
INFORMAÇÃO TÉCNICA NO Análise do documento técnico emitido pela
39 GATE/MPRJ
662/2019 RIOTRILHOS (Doc 34 acima)
Power point disponibilizado pela Assembleia
Linha 4 – Metrô do Rio de
40 Legislativa do Rio de Janeiro: audiência MPRJ
Janeiro
pública realizada em 26/06/2019
CD-02 - Dados de Planilhas diversas em Excel disponibilizadas
41 CJC / Rio Barra
monitoramentos diversos em 2019

2. BREVE HISTÓRICO

2,1 Projeto da Estação Gávea

Tendo como referências a Rua Marquês de São Vicente e a Rua Padre Leonel Franca, a
Figura 2 mostra a localização das escavações da Estação Gávea, que envolve 15 níveis de
pavimentos subterrâneos e contempla dois acessos. Duas estações, denominadas Estação
Gávea Sul e Estação Gávea Oeste, interligadas entre si, propiciarão acessos a linhas do Metrô
com denominações Direção General Osório Expansão e Direção Uruguai (Linha A na Fig. 2) e
Direção Jardim Oceânico e Direção Carioca (Linha B na Fig. 2).

Acesso Rua Marquês


de São Vicente
Linha A

Linha B

Planetário

Acesso PUC Av. Padre Leonel Franca

Terminal Rodoviário

Linha A
Linha B

FIGURA 2: Localização das escavações da Estação Gávea (reproduzido do Doc 11).

5
Conforme constante no Relatório B-4138-115-01 da Promon (Doc 11), a Estação Gávea
envolverá 15 níveis a partir da superfície do terreno (Quadro 3). As Figuras 3 a 5 mostram,
respectivamente, uma vista tridimensional da Estação, um corte transversal da mesma,
indicando seus diferentes níveis, e um corte transversal das duas linhas de trens.

QUADRO 3: Níveis subterrâneos da Estação Gávea

Nível Cota (m) Nível Cota (m)


 Superfície PUC +10,53  Intermediário 5 -23,95
 Superfície Marquês de São Vicente +10,00  Intermediário 6 -29,20
 Pavimento Técnico +6,50  Mezanino -34,45
 Acesso +2,30  Plataforma -39,00
 Intermediário 1 -2,95  Canal de Cabos -41,45
 Intermediário 2 -8,20  Porão de Cabos -43,90
 Intermediário 3 -13,45  Porão de Ventilação -46,35
 Intermediário 4 -18,70

FIGURA 3: Vista tridimensional da Estação Gávea (reproduzido do Doc 11)

FIGURA 4: Corte transversal da Estação Gávea (reproduzido do Doc 11)

6
FIGURA 5: Corte transversal das duas linhas do Metrô (reproduzido do DOC 11)

2.2 Desenvolvimento das Obras

As obras da Estação Gávea foram iniciadas em 2013, a partir da execução de dois poços
(sul e oeste), com diâmetros de 9 m cada que, hoje, alcançam uma profundidade de cerca de
35 metros a partir da superfície do terreno. Túneis, com diâmetros de cerca de 12 metros (ao
chegar na galeria da estação) e de 5,0 metros (correspondente à ligação entre plataformas)
complementam as escavações já executadas da Estação. Tais túneis também têm sua base
em torno de 42 m de profundidade. As escavações das galerias (ainda incompletas) deverão
ter um diâmetro da ordem de 24 metros cada. A Figura 6 mostra, em azul, um esquema, em
planta, das escavações já realizadas. As linhas cheias, em vermelho, indicam escavações a
serem ainda executadas.

FIGURA 6: Planta da Estação Gávea mostrando as escavações executadas e a executar (reproduzida


do Doc 36 - Riotrilhos).

7
A Figura 7 mostra, em azul, uma visão das escavações já executadas, em um panorama
tridimensional.

Superfície do terreno

Sul
Túnel de Ligação
entre Plataformas

Oeste
≈ 42 m

FIGURA 7: Panorama tridimensional da Estação Gávea mostrando as escavações executadas (em azul)
e a executar (em cinza). (Modificado do Doc 36 – Riotrilhos).

As obras das escavações da Estação Gávea foram paralisadas em fevereiro de 2015,


com todas as suas estruturas em rocha (poços e túneis) estando estabilizadas com
revestimento primário (concreto projetado com fibra / tela metálica) e tirantes provisórios,
com comprimentos variáveis de 6 a 9 metros (Doc 17 – CJC).

Em decorrência das escavações e do rebaixamento do lençol freático (ou nível d’água)


requerido para a execução das mesmas, que atingiu cerca de 7 metros na região dos poços
(pág. 5 do Doc 18 – Promon), edifícios lindeiros sofreram recalques, com os mais importantes
ocorrendo nas estruturas com fundação rasa (Instituto Genesis e VI Juizado Especial Cível –
vide localização na Figura 1).

Em agosto de 2017 as bombas de rebaixamento do nível d’água local foram sendo


paulatinamente desligadas, sendo iniciado um processo gradual de inundação das escavações.
Depreende-se de diferentes relatórios, tais como o Relatório A4115-003-01, Doc 17 – CJC e o
Relatório A4115-002, Doc 18 – Promon) que, do ponto de vista técnico, tal rebaixamento teria
dois objetivos: (a) paralisar efeitos deletérios de infiltrações de águas nas paredes em concreto
projetado (ver Figura 8), decorrentes das diferenças de pressões de água dentro das
escavações (pressão atmosférica) e do maciço terroso circundante (pressões desconhecidas,

8
potencialmente localizadas, associadas a fraturas / juntas / falhas existentes na rocha) e (b)
paralisar o desenvolvimento de recalques na superfície do terreno e de edificações lindeiras.

(a) (b)

FIGURA 8: (a) Precipitação ferruginosa e pontos de infiltração em escavação na frente general Osório;
(b) Estalactites e limo formados pela infiltração de água no concreto projetado (reproduzido do Doc 17)

Aproximadamente em fevereiro de 2018 condições plenas de equilíbrio de pressões de água


foram atingidas e os recalques na superfície do terreno e de todas as estruturas lindeiras
mantiveram-se estáveis, com tal situação permanecendo até a última data em que se obteve
dados de monitoramento da instrumentação instalada (15/04/2019).

3. INSTRUMENTAÇÃO E MONITORAMENTO

Quaisquer empreendimentos envolvendo escavações subterrâneas têm seu Projeto


continuamente modificado em função do andamento da obra. Tal ocorre devido às sempre
presentes incertezas quanto ao que irá ser realmente encontrado nas frentes de escavações e
a possíveis comportamentos do maciço terroso, diferentes do previsto, nas seções escavadas.
Neste processo, conforme internacionalmente reconhecido, é de fundamental importância o
monitoramento da escavação em suas várias etapas construtivas.

Conforme consta no Doc 37 da LPC Latina (que corrobora dados constantes no Doc 35 da
Bureau Projetos), em abril de 2019, ou seja, após a inundação das escavações, encontravam-
se instalados e operacionais na Estação Gávea as quantidades e tipos de instrumentos
indicados no Quadro 4.

Quadro 4: Instrumentação Instalada e Operacional em Abril de 2019


Tipo de Instrumento Qtd Medição
Marco Superficial 72 Deslocamentos verticais da superfície do terreno
Tassômetro 31 Deslocamentos verticais em profundidade
Inclinômetro 2 Deslocamento horizontais em profundidade
Piezômetro 9 Pressão na água dos poros do meio terroso
Pino de Recalque 190 Deslocamentos em estruturas na superfície
Indicador de Nível d’Água 18 Nível de Água

9
3.1 Marcos Superficiais e Tassômetros

Marcos superficiais foram instalados na superfície do terreno visando o monitoramento de


deslocamentos verticais (recalques) desenvolvidos acima de seções das escavações efetuadas
ou a serem executadas. Com o mesmo fim, tassômetros, que constituem medidores de
recalques em subsuperfície, foram instalados em profundidades variáveis (31,7 a 35,0 metros),
possivelmente logo acima do teto das escavações (Doc 41). Tais instrumentos são
monitorados utilizando aparelhos de medição topográfica de alta precisão.

O Quadro 5 mostra a localização (tendo como referência setores do empreendimento) de


instalação dos marcos superficiais (denominada instrumentação de seções externas), dos
recalques máximos da superfície do terreno atingidos a partir dos processos de escavação e
rebaixamento do nível de água executados, e após o desligamento das bombas de
rebaixamento de nível de água (ver Doc 37).

Quadro 5: Seções Externas Monitoradas com Marcos Superficiais


Recalques Máximos (mm)
# Seção Externa Antes da Após Inundação
Inundação (hoje)
1 Ed. Garagem 16 13
2 TC (Túnel de Conexão entre Plataformas) 33 23
3 TL (Túnel de Ligação) 12 9
4 TST (Túnel de Ligação de Salas Técnicas) 29 30
5 PO (Poço Oeste) 27 25
6 PS (Poço Sul) 28 25
7 CES (Corpo da Estação Sul) 81 80
8 CEO (Corpo da Estação Oeste) 56 50
9 Eixo Via 2 0 0
10 Viga de Pórtico do Poço Sul 5 0

Os resultados de monitoramento com os tassômetros indicaram recalques de, no máximo,


cerca de 1 mm ou, mesmo, levantamentos do topo das escavações em túneis de até cerca de
4 mm. Isto indica que o rebaixamento do N.A. foi o principal fator a contribuir para a ocorrência
de importantes recalques na superfície do solo da área monitorada com os marcos superficiais.

A Figura 9 mostra que diversas edificações (ou estruturas enterradas das mesmas, tais
como tubulações de água, gás e esgoto) são potencialmente afetadas pelos recalques
monitorados na superfície do terreno. Observa-se, nesta figura, que os maiores recalques
(cores amarronzadas/avermelhadas - 54 a 86 mm - e azuladas - 36 a 52 mm) ocorrem em
áreas onde se encontram os Edifícios da Petrobrás, Edifício Garagem, Edifício do Juizado e
Edifício Genesis.

A Figura 10 mostra um mapa de distorções (resultantes de recalques diferenciais, ou seja,


deslocamentos verticais da superfície do terreno diferentes entre dois pontos de
monitoramento) observadas no entorno da Estação Gávea. Nesta Figura, a cor amarela
corresponde a distorções variando entre 1:500 e 1:200 e, a avermelhada, a distorções entre
1:200 e 1:50.

Há que se notar aqui que, além de recalques excessivos, é preocupante a ocorrência de


recalques diferenciais, ou seja, aqueles que promovem distorções excessivas que podem levar

10
FIGURA 9: Curvas de iso-recalques resultante da análise dos recalques indicados pelos marcos
superficiais até junho de 2018 (reproduzido do Doc 33 – pág. 30)

FIGURA 10: Mapa de iso-distorções no entorno da Estação Gávea em junho de 2018 (modificado do
Doc 33 – pág. 31)

uma dada estrutura (em particular com fundação superficial) à ruína, independentemente da
magnitude de movimentos verticais. Preocupa, também, a possibilidade de ocorrência de atrito
negativo nas estruturas com fundação profunda, com as suas estacas sofrendo carregamentos
não previstos em projeto e, portanto, passíveis de gerar deformações não previstas nas
superestruturas.

11
Tendo como base diferentes valores de recalques e distorções, níveis de alerta e de
intervenção foram propostos no Doc 33 para o caso dos Edifícios Genesis, Petrobrás, Juizado,
Amizade e Garagem. Em todos os casos, distorções da ordem de 1:200 correspondem ao nível
de alerta, enquanto distorções da ordem de 1:50 correspondem ao nível de intervenção.
Valores de recalque aceitáveis variam de acordo com os níveis de recalques desenvolvidos em
cada edificação, não estando claros, nesse documento, os critérios utilizados para a definição
dos níveis de alerta e intervenção recomendados.

Levando-se em conta que os Edifícios Petrobras, Amizade e Garagem envolvem


fundações profundas (em estacas) e os Edifícios Genesis e Juizado compreendem fundações
superficiais, as informações relativas ao monitoramento de marcos superficiais constantes no
Doc 33 sugerem que estes últimos são os mais susceptíveis a questões de segurança na área.

3.2 Pinos de Recalques

Pinos de recalques foram instalados nas estruturas relacionadas no Quadro 6. Tal


compreende procedimento usual envolvendo obras de escavações superficiais ou
subterrâneas, visando avaliar eventuais efeitos de tais escavações (recalques absolutos e
relativos) em estruturas lindeiras.

Encontram-se também indicados no Quadro 6 os deslocamentos verticais (recalques)


máximos monitorados antes do desligamento das bombas de rebaixamento do nível d’água e
os recalques observados após a estabilização de pressões de água decorrentes do
desligamento de tais bombas (vide Doc 37).

QUADRO 6: Pinos de Recalques Instalados e Monitorados


Recalques Máximos (mm)
No de
# Estruturas Rebaixamento Após
Pinos
do N.A. Inundação
1 Edifício da Amizade 21 22 17
2 Departamentos (?) 7 24 22
3 Vila dos Diretórios 24 3 3
4 Edifício Genesis 6 87 78
5 Maria Haydêe (Restaurante) 6 3 7
6 Planetário 11 8 0
7 Edifício Garagem 8 16 7
8 Escola Arthur Ramos 8 23 17
9 Juisado 12 70 50
10 Edifício Petrobras 10 17 6
11 Ginásio 11 20 12
12 Edifício Prime 8 7 3
13 Minhocão 14 2 -3
14 LGMA 3 13 4
15 Editora da PUC 4 0 4
16 NIMA 4 11 6
17 Cardeal Leme 33 9 6

As Figuras 11 e 12 mostram a variação dos deslocamentos verticais dos pinos de recalque


instalados nos Edifícios Genesis e do Juizado, desde a instalação dos mesmos até a última
data de monitoramento. Tais edifícios foram os que apresentaram maiores recalques absolutos
e diferenciais em decorrência do rebaixamento do nível de água na área.

12
Início da
Inundação

Início da
Inundação

FIGURA 11: Deslocamentos verticais dos pinos de recalque instalados no Edifício Genesis (modificado
do Doc 37)

13
Início da Inundação

Início da Inundação

Início da Inundação

FIGURA 12: Deslocamentos verticais dos pinos de recalque instalados no Edifício Juizado (modificado
do Doc 37)

14
De um modo geral, todos os edifícios lindeiros às escavações apresentaram o mesmo
padrão de movimentos verticais mostrado nas Figuras 11 e 12, ou seja: desenvolvimento de
recalques com o rebaixamento do nível de água e, após o desligamento das bombas,
recuperação de deformações verticais. Deve-se notar que este tipo de comportamento é
amplamente conhecido e esperado (e.g Taylor, 1948; Terzaghi & Peck, 1967). Com o
rebaixamento do N.A. há um acréscimo gradual das tensões que comandam o comportamento
de solos, denominadas tensões efetivas, implicando em um rebaixamento vertical da superfície
do terreno (recalque). Com o desligamento das bombas estas tensões efetivas diminuem e
ocorre uma recuperação de parte dessas deformações verticais (ocorre expansão vertical).

Nas Figuras 11 e 12 foram incluídas linhas verticais pontilhadas indicativas do início do


processo de inundação das escavações. É aparente, nestas figuras, que tal processo foi
iniciado após a estabilização dos recalques das estruturas que apresentaram maiores
recalques absolutos em toda a área monitorada.

Analisando todos os dados de instrumentação disponibilizados no Doc 37 fica claro que,


realmente, o processo de desligamento das bombas de rebaixamento do nível de água local
ocorreu após a estabilização dos recalques de todas as estruturas monitoradas. Tal
constatação indica que a inundação das escavações foi executada visando, essencialmente,
eliminar a infiltração de água no concreto projetado, ou seja, numa tentativa de preservar a
integridade dessa parte da estrutura provisória de contenção das escavações em rocha.

3.3 Indicadores de Nível de Água e Piezômetros

Indicadores de nível de água (INA) e piezômetros do tipo Casagrande (Pz) foram


instalados na área da Estação Gávea visando o monitoramento de aspectos associados à
hidrogeologia local. Indicadores de nível de água propiciam informações sobre a posição do
nível de água no local de instalação do instrumento. Piezômetros propiciam medições de
pressões existentes nos vazios do meio poroso na profundidade de instalação dos mesmos.

Dezoito (18) indicadores de nível de água encontram-se presentemente operacionais na


área da Estação Gávea. As Figuras 13 e 14 mostram exemplos de resultados de
monitoramento de grupos de tais instrumentos desde suas instalações.

FIGURA 13: Variação do nível de água nos INAs 1 a 5 (adaptado do DOC 37)

15
FIGURA 14: Variação do nível de água nos INAs 17 a 19 (adaptado do DOC 37)

Observa-se nas Figuras 13 e 14 uma clara diminuição do nível de água dentro dos INAs
após o início do bombeamento em 2014. Esta diminuição não é igual em todos os instrumentos
pois a altura do nível de água no INA depende de sua posição dentro da área de influência do
cone de depleção formado no processo de rebaixamento. Observa-se também, em particular
na Figura 14 que, após o desligamento das bombas, o nível de água passa a se situar acima
do originalmente existente (aumento do N.A. variando de 1,5 a 3 metros de altura).

Quinze (15) piezômetros, do tipo Casagrande, encontram-se presentemente operacionais


na área da Estação Gávea. As Figuras 15 e 16 mostram exemplos de resultados de
monitoramento de grupos de tais instrumentos desde suas instalações. Observa-se nestas
Figuras uma diferença acentuada entre as cotas do nível de água em cada piezômetro após o
rebaixamento, o que é função do local e profundidade de instalação de cada instrumento. Por
outro lado, chama a atenção o fato de que grande parte dos piezômetros instalados ter

FIGURA 15: Variação da cota do N.A. dentro dos piezômetros do Grupo A (adaptado do DOC 37)

16
FIGURA 16: Variação da cota do N.A. dentro dos piezômetros do Grupo B (adaptado do DOC 37)

mostrado leituras, após o desligamento das bombas, acima das orginalmente observadas em
2014. No caso dos piezômetros dos Grupos A e B, tais aumentos variaram de cerca de 1 a 5
metros de altura de coluna de água após os processos de inundação, o que corresponde a
aumentos de pressão de água nos pontos de instalação dos instrumentos variando de cerca de
10 a 50 kPa.

Os relatórios RE-ATO-CRB-08 e 09 da CJC (Doc 34 e Doc 38 respectivamente) não


comentam sobre as variações observadas nos níveis dos medidores de nível de água e dos
piezômetros após o desligamento das bombas de rebaixamento do nível d’água, informando
que, na condição atual, há manutenção de estabilidade do NA natural. Por sua vez, o relatório
RIS-SP-042 da Bureau (Doc 35) menciona, em sua Introdução, que o lençol freático estabilizou
no início de 2018, sendo que o lençol freático também subiu nas estações de chuvas. Ora,
mesmo considerando a complexidade da geologia local, onde é de se esperar que zonas de
fraturas nas rochas interfiram de forma relevante na variação tanto do nível de água quanto de
pressões de água em pontos localizados, não há como dizer, sem um estudo aprofundado, que
as variações em medidas de INA e Pzs antes e após o desenvolvimento das obras
simplesmente refletem variações em condições meteorológicas (chuvas). Por outro lado, pode-
se afirmar que as mudanças em condições de contorno introduzidas pelas obras de escavação
(incluindo suas estruturas de contenção) não só podem como devem ter afetado as
características de fluxo de águas subterrâneas locais. Assim, considera-se que as variações
observadas nas medidas tanto dos INAs quanto Pzs constituem indicadores de mudanças de
ordem hidrogeológica decorrentes das obras executadas.

3.4 Inclinômetros

Inclinômetros compreendem instrumentos que possibilitam o monitoramento de


deslocamentos horizontais, ao longo da profundidade, em um dado local. Dois tubos de
monitoramento (INC 1 e 2) encontram-se instalados na área da Estação Gávea (ver Figura 17).

17
FIGURA 17: Locais de instalação dos tubos de inclinômetro

Resultados de monitoramentos efetuados a partir de 2016 indicam que as mudanças de


condições hidrogeológicas locais introduzidas pelo desligamento das bombas de rebaixamento
do lençol freático não produziram deformações horizontais relevantes ao longo do perfil de solo
monitorado.

4. ASPECTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS E HIDROGEOLÓGICOS

Dentro do contexto geológico-geotécnico, a documentação disponibilizada compreendeu:


(a) 1 Relatório da MCLink Engenharia, que apresenta resultados de estudos geológico-
geotécnicos realizados até março de 2013 (Doc 06); (b) 1 Relatório da Matra Engenharia e
Consultoria, de dezembro de 2014, que compreende consolidação do modelo geológico-
geomecânico dos túneis de via, ou seja, só envolve de forma indireta a área da Estação Gávea
(Doc 07); (c) 11 perfis completos de sondagens mistas (SPT e rotativa), 8 resumos descritivos
de perfis de sondagens e 3 documentos com fotos de testemunhos de rochas (Doc 5); (d) 3
(três) perfis geológicos (Doc 4) e (e) dados estimados de parâmetros geomecânicos de solos e
rochas (Doc 08).

Considerando as descrições dos perfis de sondagens (Doc 5) e os Docs 06 e 07, verifica-


se ser complexa a geologia da área da Estação Gávea, com o maciço rochoso sendo
constituído por gnaisses de composição granítica e biotítica, alternados em bandas contínuas
de espessuras e espaçamentos variáveis. Mais especificamente, são encontradas na área
litologias envolvendo Gnaisse Facoidal, Gnaisse Kinzigítico, Gnaisse-Granítico e Biotita
Gnaisse, além de diques de Diabásio, com zonas de cisalhamento envolvendo sistemas de
fraturas tipicamente subverticais, com preenchimentos carbonático ou sericítico. Observa-se
também a presença de veios pegmatíticos, cortando discordantemente e concordantemente a
foliação das rochas gnáissicas. Sotopostos ao embasamento rochoso encontram-se solos de
origens diversas.

As Figuras 18 a 22 mostram perfis geológicos da área da Estação Gávea. Na parte inferior


dessas figuras encontram-se classificações geomecânicas do substrato rochoso de acordo
com Bieniawski (1989). Os Quadros 7 e 8 mostram legendas que acompanham os perfis.

18
Classe III - IV (ver nota 2) II - III III - IV II - III III II - III III - IV (ver nota 2) II - III II - III
RMR (ver nota 2) (ver nota 2)
FIGURA 18: Perfil Geológico – Salas de Técnicas – Reproduzido do documento R-4102-013, constante no Doc 04

19
Classe IV III** IV** III** IV** III** IV** III II III** IV** III** II**
RMR
FIGURA 19: Perfil Geológico – Poço 1 – Reproduzido do documento R-4102-016, constante no Doc 04

20
Classe III-IV** II - III III - IV II - III** III - IV II – III** III - IV II - III
RMR

FIGURA 20: Perfil Geológico – Poço 2 – Reproduzido do documento R-4102-015, constante no Doc 04

21
Classe III IV IV - III IV III IV III IV III III IV V V
RMR IV IV
FIGURA 21: Perfil Geológico – PK 9100 a 9450 – Reproduzido do documento R-4102-003, constante no Doc 04

22
Classe III/IV III IV IV-A IV IV/III III IV IV/III III IV-A III II-III III II III III V IV V
RMR A IV V
FIGURA 22: Perfil Geológico – PK 8970 a 9430 – Reproduzido do documento R-4102-004, constante no Doc 04

23
QUADRO 7: Legenda associada às Figuras 18 a 20 (reproduzido do Doc 04).

24
QUADRO 8: Legenda associada às Figuras 21 a 22 (reproduzido do Doc 04).

25
Conforme indicado nas Figuras 18 a 20, o topo rochoso, localizado a profundidades
variáveis entre 14 e 27 metros abaixo da superfície do terreno, apresenta classificações
variando de II a V de acordo com Bieniawski (1989), ou seja, com comportamento
geomecânico variando entre bom (II) e muito fraco (V). É interessante ressaltar aqui que foi
observada, nos processos de escavações executadas, a presença de materiais esverdeados
em fraturas da rocha (pág. 14 do Relatório R-9805-003). Tal sugere a ocorrência de minerais
expansivos em algumas das fraturas expostas durante as escavações, o que é sempre
preocupante pelo fato de tais tipos de minerais poderem propiciar, em maciços rochosos, o
desenvolvimento de processos de instabilização localizados (e.g. Amaral, 2002).

O perfil de solo sotoposto ao embasamento rochoso compreende, a partir da superfície do


terreno, um aterro com espessura variável de 2 a 4 metros, seguido de um solo sedimentar
com espessura variando entre 4 e 15 metros e um solo residual (maduro e jovem ou
saprolítico) com espessura variando entre 4 e 12 metros. Blocos de rocha de dimensões
centimétricas a métricas são encontrados tanto no material sedimentar quanto residual.

O solo sedimentar existente na área compreende tanto materiais oriundos da antiga


planície de inundação do Rio Rainha (solos aluvionares, potencialmente argilosos) quanto
materiais oriundos de escorregamentos pretéritos das encostas vizinhas (solos coluvionares,
potencialmente areno-siltosos ou silto-arenosos e/ou materiais de talus, compreendendo blocos
de rochas inseridos em matrizes de solos). O solo residual jovem, areno-siltoso ou silto
arenoso, torna-se preocupante em virtude da presença de mica. Tal tipo de mineral interfere
negativamente, de forma importante, nas características de resistência de solos (e.g. Sandroni,
1981).

Nenhum ensaio de laboratório ou de campo foi realizado visando a definição de


propriedades geomecânicas dos diversos materiais existentes na área da Estação Gávea. No
Quadro 8 encontram-se resumidos os parâmetros adotados em estudos de estabilidade das
escavações, realizados pela CJC (Relatórios A-4124-048-03, A-4124-074-05, A-4124-075-05 e
A-4124-110-01 do Doc 08). A grande variabilidade de valores adotados, em particular para os
parâmetros de resistência coesão (c’) e ângulo de atrito (’) reflete a falta de ter sido definido
um modelo geomecânico único, tendo como base resultados de ensaios laboratoriais.

QUADRO 8: Parâmetros Geomecânicos Adotados em Análises de Estabilidade das Escavações

Material gt (kN/m3) c' (kPa) ' (graus) K0 E' (MPa) n


Aterro 17,5 a 18,0 5 a 10 20 a 30 0,50 a 0,66 20 a 30 0,25 a 0,38
Solo com SPT de 0 a 4 16,0 0 26 0,56 10 0,35
Solo com SPT de 5 a 20 18,5 0 30 0,50 20 0,33
Solo com SPT > 20 19,5 10 34 0,44 70 0,31
Areia média a grossa 17,0 a 17,5 0a5 30 a 38 0,50 a 0,65 120 a 160 0,33
Solo residual maduro 19,0 40 23 0,50 60 0,33
Solo residual jovem 19,0 20 a 100 23 a 35 0,50 80 a 100 0,33
Saprólito 20,0 15 a 170 32 a 38 0,50 a 0,70 120 a 310 0,20
Rocha alterada 22,0 120 38 a 50 0,50 500 a 5.000 0,33
Gnaisse facoidal classe V 20,0 20 20 0,50 5.000 -
Gnaisse facoidal classe III 25,0 a 26,0 120 a 150 50 a 55 0,50 a 0,70 20.000 a 35.000 -
Rocha Sã / Gnaisse
26,0 300 62 0,50 40.000 -
facoidal classe II
Diabásio classe III 25,0 150 52 0,50 30.000 -

26
Nenhuma investigação especificamente direcionada a avaliações de ordem hidrogeológica
foi aparentemente executada na área da Estação Gávea. Entretanto, a partir de informações
envolvendo resultados de ensaios de perda de água executados em furos de sondagens (Doc
06) depreende-se que águas oriundas de fraturas das rochas contribuem de forma relevante
para o desenvolvimento do lençol freático no local.

5. DIAGNÓSTICO SOBRE AS CONDIÇÕES ATUAIS

Presentemente, todas as edificações lindeiras à obra encontram-se estáveis, com


recalques totais e diferenciais estabilizados, sugerindo não existirem riscos potenciais caso as
condições atuais de inundação das escavações sejam mantidas por tempo indeterminado.
Possivelmente seguindo esta linha de raciocínio, apesar de ser reconhecido que somente o
término das obras poderia garantir condições de segurança adequadas, em diversos dos
relatórios da CJC Engenharia e Projetos afirma-se que a presente condição das obras não
apresenta risco iminente. Nenhuma análise de risco que possa corroborar qualquer conclusão
neste sentido consta, entretanto, dos documentos disponibilizados.

Conforme amplamente conhecido, o risco, R, é dado pelo produto da probabilidade, pr, de


um dado evento adverso acontecer e das consequências, N, advindas da ocorrência deste
evento adverso, ou seja: R = pr x N.

5.1 Evento Adverso

Conforme amplamente conhecido e constante em qualquer livro de Mecânica dos Solos


(p.ex. Taylor, 1948; Terzaghi e Peck, 1967; Lambe e Whitman, 1979; Pinto, 2006; Fernandes,
2016), o comportamento de solos é governado por tensões denominadas tensões efetivas ( ’),
definidas, no caso de solos saturados, como sendo igual a tensões totais () menos a pressão
de água nos vazios do solo (poropressão, u), ou seja: ’ = -u. Considerando tensões
verticais, em um dado ponto de uma massa terrosa homogênea, a tensão vertical total
corresponde ao peso específico médio do material sobrejacente, g, vezes a espessura do
material terroso acima do ponto considerado, h, ou seja,  = gh. De uma forma simplificada, a
poropressão corresponde ao peso específico da água, gw, vezes a espessura da massa de
água acima do ponto considerado, hw, ou seja, u = gwhw. Assim, em um dado local onde as
tensões totais são mantidas constantes, quando o lençol de água é rebaixado, a tensão efetiva
aumenta e, quando ele retorna à sua condição original, as tensões efetivas diminuem. Por
outro lado, um aumento de tensões efetivas verticais implica na ocorrência de deformações
verticais do substrato terroso (contração do solo) e, uma diminuição das mesmas, em um
processo de expansão do solo (recuperação de deformações verticais).

Para ilustrar os conceitos básicos resumidos no parágrafo anterior, seja o ponto A na


Figura 23, que corresponde à tensão vertical efetiva atuando em uma amostra de solo retirada
de um ponto qualquer no interior da massa de solo da Estação Gávea, antes do rebaixamento
do nível de água. Com o rebaixamento do N.A. as tensões efetivas verticais aumentam até o
ponto B. Em resposta a este aumento de tensões efetivas, ocorrem deformações verticais na
amostra, que podem ser associadas a recalques na superfície do terreno (ou das fundações
das estruturas existentes). Com o desligamento das bombas de rebaixamento, o nível de água
retorna para uma condição próxima à original (o N.A. sobe novamente, ocorrendo um processo
de inundação das cavas). Com isto, as tensões efetivas verticais diminuem, tendendo para o

27
valor inicial, e o solo expande. Devido à ocorrência de deformações permanentes no processo
de recalque anterior, o solo recupera somente uma pequena parcela de deformações verticais,
atingindo o ponto C. No caso de um novo rebaixamento do nível de água, as tensões efetivas
vão aumentar novamente, mas o solo não sofre mais deformações relevantes, passando do
ponto C para o ponto D conforme mostrado.

FIGURA 23: Comportamento tensão vertical – deformação vertical (recalque) esquemático de uma
amostra de solo representativa do perfil de solo da Estação Gávea submetida a um ensaio de laboratório
envolvendo rebaixamento do nível de água, seguido de um processo de retorno à condição inicial de N.A
(inundação) e, subsequentemente, submetido a um novo processo de rebaixamento do N.A.

Tendo como base a Figura 23, mesmo considerando que um novo rebaixamento de nível
de água seja imposto no local, verifica-se que o evento adverso presentemente passível de
ocorrer na Estação Gávea não está mais relacionado com problemas de recalques das
estruturas lindeiras às escavações ou do teto das escavações. O evento adverso, agora, é
mais sério, estando relacionado à ruptura, potencialmente abrupta, de parte ou partes das
estruturas de contenção das escavações executadas, em particular as que suportam o teto de
tais escavações.

As estruturas de contenção presentemente existentes na obra são provisórias,


compreendendo, essencialmente, concreto projetado e tirantes. A parcela em concreto de tais
estruturas não foi, entretanto, dimensionada para garantir, sozinha, a estabilidade das
escavações. Assim sendo, os tirantes provisórios constituem um componente estrutural
fundamental para que se possa garantir tal estabilidade.

É importante notar aqui que, conforme o item 3.2 da recentemente revista Norma Brasileira
que trata da execução de tirantes ancorados no terreno, ABNT NBR 5629: 2018, a vida útil de
tirantes provisórios é de 2 anos, a contar da data de instalação dos mesmos. Ora, como as
obras foram paralisadas em 2015, as condições atuais da principal parcela resistente das
estruturas de contenção das escavações subterrâneas já contrariam uma recomendação da
Associação Brasileira de Normas Técnicas.

28
Afora este aspecto, os seguintes fatores contribuem, potencialmente, para uma aceleração
de processos de deterioração, ao longo do tempo, das estruturas provisórias de contenção das
escavações:

a) Medidas de pH (potencial hidrogeniônico) efetuadas pelo Consórcio (ver, por exemplo, o


Doc 9) indicaram valores de pH da água dos poços do empreendimento da ordem de 6.0.
Tal magnitude está de acordo com valores de pH determinados rotineiramente em
Laboratório da PUC-Rio em dois poços de abastecimento de água da Universidade. Este
valor de pH, ligeiramente ácido, obtido a partir da coleta de águas de poços pode,
entretanto, não ser representativo daquele associado à água que percola pelas
descontinuidades do maciço rochoso. Como exemplo, medidas de pH da água percolada
em fraturas do substrato rochoso local, realizadas por pesquisador da PUC-Rio, indicaram
valores de pH da ordem de 5.0. Tal magnitude de pH já se torna altamente preocupante
pois águas ácidas atacam tanto o aço quanto o concreto, contribuindo, portanto, para uma
deterioração mais rápida das estruturas provisórias instaladas, que se encontram
diretamente afetadas pela água percolada pelas descontinuidades do maciço rochoso.
Além disto, existem evidências na literatura corrente (e.g. Little et al, 1992; Makhlouf &
Botello, 2018) de que microrganismos podem promover deteriorações acentuadas
(corrosão) do aço, mesmo em condições anaeróbias, ou seja, sem a presença de oxigênio.
Assim sendo, mesmo na condição atual de inundação das escavações, os tirantes podem,
potencialmente, ser adicionalmente degradados em decorrência de ações microbianas.

b) Medidas da qualidade da água de poços de abastecimento de água da PUC-Rio,


realizadas no Laboratório de Caracterização de Águas da Universidade, têm
sistematicamente indicado a presença de sulfato em sua composição química. Conforme
amplamente conhecido, tal tipo de espécie química tende a atacar o concreto. Assim, o
potencial de deterioração do concreto projetado que constitui parte das estruturas de
contenção das escavações é ampliado.

As observações precedentes tornam-se mais relevantes em presença do abaixo transcrito,


constante às páginas 45 / 46 do documento RE-ATO-024_GERAL_GAV_R2 da CJC / Rio Barra
(Doc 31):

 Caso a paralisação da obra se estenda por tempo incompatível com a vida útil dos tirantes
provisórios, passa a ocorrer diminuição do nível de segurança da estação;

 A degradação do sistema de suporte não está associada com a inundação da estação e


sim com o tempo de paralisação que pode se estender em tempo superior à vida útil dos
elementos do suporte, como os tirantes, por exemplo.

Há que se considerar, ainda, a possibilidade de que as condições de as built das


escavações não correspondam às previstas em projeto executivo, ou seja, as estruturas de
contenção das escavações executadas não correspondam às previstas em projeto ou, pior, tais
estruturas sigam as previstas em projeto sem, entretanto, considerar peculiaridades de ordem
geológica não previstas, identificadas durante a execução da obra (existência de trechos
métricos, ou mesmo centimétricos, com parâmetros de resistência menores devido a graus de
faturamento maiores do que os previstos nos projetos). Tal possibilidade é comum em obras de
escavações subterrâneas em execução, em particular as que envolvem condições geológicas
complexas como as existentes na área da Estação Gávea. Naturalmente, a ocorrência de tais
possibilidades é passível de correção quando da instalação de estruturas definitivas de
contenção das escavações.

29
Deve-se ainda destacar que processos de hidrotermalismo têm sido identificados pela
equipe da PUC-Rio em escavações subterrâneas executadas no Rio de Janeiro envolvendo
rochas metamórficas de caráter gnáissico (p. ex. Castro et al, 2016). Como consequência de
tais tipos de processos, minerais que ocorrem em paredes de fraturas se transformam em
argilominerais que, quando apresentam uma coloração esverdeada, sugerem a presença de
minerais expansivos. Tal tipo de ocorrência, observada no local (ver pág. 14 do Relatório R-
9805-003), constitui um fator adicional, negativo, a ser considerado na estabilidade das
estruturas de contenção das escavações. A mesma, entretanto, não é levada em conta na
classificação de Bieniawski (1989), que foi utilizada nos projetos das estruturas de contenção
das escavações da Estação Gávea. Da mesma forma, tal sistema de classificação não leva em
conta o fato das rochas locais serem extremamente anisotrópicas em decorrência do
bandamento gnáissico inerente às mesmas. Isto implica que as propriedades de resistência
das rochas variam conforme a orientação preferencial dos seus minerais. A depender de tal
orientação, uma rocha classificada como Classe II pode, perfeitamente, apresentar
características de resistência de uma rocha Classe III ou, mesmo, Classe IV. Naturalmente, tal
aspecto pode ser corrigido a partir do momento em que observações efetuadas em campo, na
abertura das escavações, produzam mudanças no projeto executivo da obra.

5.2 Mitigação do Problema via Monitoramentos Externos às Escavações

As questões anteriormente colocadas seriam passíveis de ser contornadas desde que


fosse possível manter vistorias sistemáticas de todas as estruturas de contenção provisórias.
Entretanto, a inundação das escavações tornou tal processo, se não impossível, inadequado
ou insuficiente para prevenir a ocorrência de qualquer evento adverso, tendo em vista que:

i) Diferentemente de processos de recalques (afundamentos do terreno ou deslocamentos


verticais de edificações), que se desenvolvem de forma relativamente lenta ao longo do
tempo, processos de ruptura podem ocorrer subitamente, ou seja, sem avisos prévios;

ii) Medidores de Nível de Água não constituem instrumentos indicadores de qualquer


possibilidade de ocorrência de um evento adverso tal qual o que pode ocorrer;

iii) Piezômetros tipo Casagrande, por si próprios, não possibilitam, também, qualquer
informação em tempo de possibilitar medidas mitigadoras de qualquer processo de ruptura
em profundidade, em particular se tal ruptura ocorrer de forma repentina (eventos não
drenados);

iv) Inclinômetros, por propiciarem informações sobre deslocamentos horizontais ao longo da


profundidade, constituem instrumentos adequados na avaliação de movimentações em
solos. Não constituem, entretanto, instrumentos adequados a movimentos envolvendo
rochas;

v) Instrumentos tais como tassômetros e placas e pinos de recalque seriam passíveis de


servir como indicadores de inicializações de possíveis deslocamentos verticais, por
exemplo, do teto das escavações. Para tal, entretanto, tais instrumentos teriam que ser
automatizados, ou seja, teriam que possibilitar não somente informações em tempo real,
mas também possibilitar a análise de tais informações também em tempo real. Mais ainda,
mesmo que tais condições fossem atendidas, seria impossível a tomada de quaisquer
medidas preventivas quanto à ocorrência de um evento adverso. Tal se deve a que seria
necessário rebaixar o nível de água dentro das escavações para que qualquer medida
adequada pudesse ser efetivada.

30
Há que se notar, aqui, o abaixo transcrito, constante às páginas 45 / 46 do documento RE-
ATO-024_GERAL_GAV_R2 da CJC / Rio Barra (DOC 31):

 A inundação, embora aumente o nível de segurança da obra, dificulta a realização


de inspeção visual e de leitura da instrumentação interna dos poços e túneis;

 A dificuldade de realização de inspeção visual e leitura interna da instrumentação


pode caracterizar situação de risco caso a paralisação perdure por tempo superior
ao da vida útil dos tirantes;

Finalizando este tópico, é importante notar que, às páginas 46 /47 do documento acima
referido encontram-se as seguintes observações:

Durante a paralisação das obras da estação é possível fazer uma avaliação indireta da
integridade dos tirantes mediante inspeção visual e tátil da cabeça (exposta) dos
tirantes instalados no Túnel de Via já executado nas proximidades da Estação Gávea.

Deve ser levado em consideração que os tirantes da Estação Gáveas estão em


condições mais favoráveis do que a cabeça dos tirantes do Túnel de Via, por dois
aspectos relevantes:

 Os tirantes da Estação Gávea estão totalmente protegidos por resina e as


cabeças dos tirantes do Túnel de Via não possuem proteção com resina;

 Os tirantes da Estação Gávea estão submersos e as cabeças dos tirantes do


Túnel de Via estão submetidos à ação oxidante da atmosfera do túnel.

Independentemente de qualquer diferença existente em termos de proteção da cabeça dos


tirantes instalados na área inundada e no Túnel de Via, considera-se essas observações
inapropriadas, por um único motivo: a geologia do local é altamente complexa e variável.
Assim, sugerir ser possível avaliar o comportamento de tirantes instalados em um dado local
com outros instalados em locais diferentes do primeiro não é aceitável, no presente caso, do
ponto de vista técnico-científico.

5.3 Consequências Potenciais do Evento Adverso

O desenvolvimento de processos de ruptura em um ou mais pontos das escavações da


Estação Gávea pode desencadear um processo, conhecido na Geotecnia, como de
subsidência (p. ex. ABGE, 1998; Santos, 2009). Neste processo, mudanças no estado de
tensões em profundidade (tipicamente, no substrato rochoso) envolvendo a ruptura do teto de
cavidades, implicam no desenvolvimento de deformações verticais e horizontais que atingem a
superfície do terreno de forma catastrófica.

Um exemplo de tal tipo de consequência encontra-se ilustrado na Figura 24. Esta figura
mostra fotos de uma cratera (e deslizamentos de terra associados) desenvolvida na superfície
do terreno em decorrência da ruptura de escavações subterrâneas (abertura de um túnel)
executadas em um trecho da Serra de Petrópolis, dentro de um projeto de duplicação da BR-
040 (rodovia Rio-Juiz de Fora), próximo à saída para a Escola Municipal Leonardo Boff (km 81
da subida da Serra).

O fenômeno ocorreu em Novembro de 2017, sem nenhum sinal evidente de que um


processo de subsidência estaria sendo desenvolvido, a partir do colapso de um

31
FIGURA 24: Consequências da ruptura de um túnel rodoviário na região Serrana do Rio de Janeiro

32
túnel que se encontrava com suas obras paralisadas desde Julho de 2016. Apesar de não se
poder, de nenhuma forma, comparar quaisquer aspectos de projeto e execução das obras
deste túnel com os associados às escavações da Estação Gávea, três similaridades devem ser
consideradas:

(a) as obras encontravam-se paralisadas, aparentemente por ordem judicial;


(b) as estruturas de contenção das escavações compreendiam obras provisórias e
(c) o tipo de embasamento rochoso e a espessura de solos acima da rocha são
equivalentes.

As Figuras 25 e 26 mostram outros exemplos de danos decorrentes do desenvolvimento


de processos de subsidência ocorridas no país que, apesar de não estarem relacionados à
execução de escavações subterrâneas, demostram o elevado potencial de destruição que um
fenômeno geológico iniciado em profundidade pode provocar na superfície do terreno.

No caso mostrado na Figura 25, o fenômeno decorreu de variações do estado de tensões


em profundidade devido à exploração de água subterrânea em terreno envolvendo rochas
cársticas (calcárias) na cidade de Cajamar, São Paulo, (p.ex. IPT, 1997; Nakazawa et al,
1987). A Figura 26 mostra outro exemplo de súbito abatimento da superfície do terreno em
decorrência, também, do desenvolvimento de um processo de exploração de água
subterrânea, em um bairro da cidade de Teresina, PI (Pimentel, 2008).

FIGURA 25: Efeitos, na superfície do terreno, de um processo de subsidência ocorrida no Bairro de


Lavrinhas, cidade de Cajamar, São Paulo, em 12/08/1996 (dos Santos, 2009).

33
FIGURA 26: Efeito de subsidência ocorrida em 1999 na rua Simplício Mendes, Teresina, PI (Pimentel,
2008).

Tendo como base o potencial de danos associados a um evento de subsidência, pode-se


esperar que uma eventual ruptura de uma ou mais partes das escavações da estação Gávea
possam vir a provocar:

(a) desabamentos de estruturas lindeiras em fundação superficial (Edifício Genesis da


PUC-Rio e Edifício do Juizado );
(b) danos estruturais sérios nos Edifícios da Petrobrás e Garagem da PUC-Rio e no
Prédio Residencial adjacente, que têm suas fundações em estacas e, em um caso
mais extremo,
(c) fechamento da rua Marquês de São Vicente.

5.4 Riscos Envolvidos

As informações disponibilizadas não incluem nenhuma análise de riscos envolvendo a


manutenção do status quo das obras da Estação Gávea. Na realidade, inexistem informações
mínimas que permitam avaliar, utilizando critérios cientificamente embasados, qual a
probabilidade de ocorrência de um evento adverso no local. Existem evidências, entretanto, de
que tal probabilidade não pode ser minimizada, independentemente do fator tempo envolvido.
Por outro lado, em particular considerando que pelos menos 100 pessoas ocupam,
diariamente, os Edifícios Genesis e do Juizado, torna-se claro ser inadmissível aceitar as
consequências potenciais associadas à ocorrência de um evento adverso no local.

Conclui-se, aqui, que a paralização das obras sem que tivesse sido dada a oportunidade
para que fossem introduzidas, pelo menos, as estruturas permanentes de contenção das
escavações, ou seja, que fossem concluídas as obras brutas de caráter geotécnico
(concretagem) da Estação, implicou no desenvolvimento de riscos inaceitáveis, que só tendem
a aumentar com o passar do tempo.

34
6. MEDIDAS DE ENGENHARIA

6.1 Propostas Constantes na Documentação Analisada

Na documentação analisada encontram-se as propostas abaixo resumidas que, em


princípio, visam minimizar riscos estruturais às edificações lindeiras à obra:

a. Manter as escavações inundadas e, a cada 5 anos, rebaixar o nível do lençol freático e


avaliar, in loco, as condições de funcionamento das estruturas provisórias existentes.
Efetuar monitoramento por vídeo do estado geral dos revestimentos, com frequência
semestral (ver DOC 16 - Promon);

b. Rebaixar o nível do lençol freático, esgotar totalmente as águas da área escavada,


avaliar as condições das paredes e dos tirantes, e preencher todas as escavações
presentemente inundadas utilizando materiais ou misturas diversas (terra, areia,
coulis, etc), com suporte suficiente, os quais deverão ser avaliados mais
detalhadamente, considerando a disponibilidade, o custo e, principalmente, aspectos
ambientais de uso e de descarte (ver item 3.2 do DOC 34 - Riotrilhos);

c. Rebaixar o lençol freático, drenar a água dos poços e realizar eventuais serviços de
escoramento; terminar a escavação em rocha da alça Oeste que falta para chegar à
Estação e escavar o restante do volume das duas naves que comporão a mesma;
realizar a obra bruta (concretagem) do corpo da estação Gávea e construir uma laje
para cobrir os poços (ver item 3.1 do DOC 34 – Riotrilhos).

A proposta (a) é totalmente inadequada tendo em vista tanto a inexistência de qualquer


garantia de que estruturas provisórias de contenção de escavações possam se manter efetivas
por tempo indeterminado, quanto os aspectos relativos ao rebaixamento do nível de água
discutidos no que se segue.

A proposta (b) é também considerada inadequada pois o preenchimento das escavações


com qualquer tipo de material não vai impedir a deterioração das estruturas provisórias ao
longo do tempo e, conforme discutido no que se segue, poderá implicar em uma desativação
definitiva da Estação Gávea. Se tal for a proposta a ser seguida, outras alternativas de ações
devem ser consideradas.

Levando em conta exclusivamente aspectos de segurança quanto à estabilidade das


escavações, a proposta (c) é a mais indicada, por envolver a introdução dos sistemas de
contenção permanentes em todas as escavações da Estação. Ações adicionais são,
entretanto, recomendáveis conforme discutido no que se segue.

6.2 Fundações de Edificações Lindeiras

Conforme destacado em itens anteriores, a preocupação, hoje, não está relacionada a


aspectos de recalques das fundações lindeiras, mas, sim, ao desenvolvimento de um
fenômeno muito mais sério, qual seja, a ocorrência de um processo de subsidência, que pode
ser seguido por processos de escorregamentos progressivos da camada de solo acima do
substrato rochoso, com alcances de difícil previsão.

Em um processo de subsidência, edificações com fundações rasas são potencialmente mais


susceptíveis a colapso. Entretanto, edificações com fundações profundas (em estacas ou
tubulões) podem também vir a ruir, a depender da forma como sejam desenvolvidos os

35
processos de subsidência e escorregamentos de terra geralmente associados ao mesmo.
Assim sendo, desenvolver projetos de reforço de fundações, sejam rasas ou profundas,
constitui, no caso, algo totalmente ineficaz e, portanto, inapropriado. Assim, tal aspecto não foi,
aqui, minimamente considerado.

6.3 Estabilidade da Cava de Fundação da Estação

Partindo do pressuposto de que a estabilidade da cava de fundação se refere à estabilidade


das escavações já executadas na área de influência direta da Estação Gávea, é esta a
principal preocupação a ser considerada no desenvolvimento de qualquer proposta de
mitigação de riscos de engenharia de curto prazo. Em outras palavras, são necessários
procedimentos de curto prazo que possibilitem minimizar os riscos de desenvolvimento de um
processo de subsidência no local, que são inicializados a partir de rupturas do teto / paredes
das cavas executadas.

Neste contexto, conforme apresentado em itens que se seguem, diferentes alternativas


devem ser avaliadas. Levando em conta, entretanto, que as cavas existentes se encontram
inundadas, devem ser considerados, primeiro, aspectos relacionados ao rebaixamento do nível
de água no local.

6.4 Rebaixamento do Nível de Água

O desligamento das bombas de rebaixamento do lençol freático em 2017, que culminou com
a inundação das escavações da Estação Gávea, propiciou não somente uma garantia de
cessação de recalques das estruturas localizadas na superfície do terreno, mas, também, o
desenvolvimento de pressões hidrostáticas (pressões normais) que atuam a favor da
estabilidade das escavações. No caso, considerando a altura dos poços escavados e a posição
do N.A. dentro dos mesmos, bem como a existência de intercomunicações entre todas as
escavações, estima-se que tais pressões hidrostáticas sejam, no mínimo, de 300 kPa dentro
dos túneis. Entretanto, como a água não oferece resistência a tensões cisalhantes, tal garantia
desaparece em presença do desenvolvimento de processos de ruptura, em particular, do teto
das cavas. Daí as preocupações quanto ao desenvolvimento de um processo de subsidência,
mesmo com as cavas inundadas, e a necessidade de serem tomadas providências de curto
prazo para garantir a estabilidade definitiva das escavações.

Todas as propostas constantes no item 6.1 indicam, em uma primeira etapa, a necessidade
de um novo rebaixamento do nível de água. Ora, conforme já destacado em estudos efetuados
pela CJC / Rio Barra (ver relatórios sobre avaliação do nível de segurança com a paralização
das obras da Estação datados de setembro de 2018 – Docs 32, 33 e 34), o valor do coeficiente
de segurança das escavações cai, de valores aceitáveis na condição de cavas inundadas, para
valores preocupantes (ou mesmo, inadmissíveis) no caso de uma nova etapa de rebaixamento
do nível de água. Tal se deve exclusivamente ao fato, acima mencionado, de que a água no
interior das cavas exerce pressões hidrostáticas que atuam em favor da estabilidade das
escavações. Assim, para minimizar riscos, devem ser consideradas soluções alternativas que
não requeiram o rebaixamento do nível de água ou que possibilitem que tal seja efetuado com
segurança.

6.5 Desativação da Estação Gávea

Conforme constante na proposta da Riotrilhos resumida na parte (b) do item 6.1, uma
alternativa de curto prazo para assegurar a estabilidade das escavações seria o preenchimento
das mesmas com algum material sólido (terra, areia, coulis, etc). Como qualquer material sólido

36
terroso natural, ou qualquer material industrializado que possa se solidificar por ações
tixotrópicas (por exemplo, geocompostos cimentícios), apresenta resistência ao cisalhamento,
esta seria uma solução potencialmente adequada para garantir a estabilidade das cavas.
Conforme colocado, entretanto, tal proposta envolve a substituição de toda a água presente
nas cavas pelo novo material, a partir do rebaixamento do nível de água, o que constitui,
conforme anteriormente exposto, uma situação crítica. Além disto, mesmo considerando que
fossem subsequentemente providenciados reforços das estruturas provisórias instaladas,
subentende-se que os mesmos compreenderiam também estruturas provisórias, ou seja, com
vida útil limitada. Assim, mesmo com o preenchimento da cava por um material passível de
resistir a processos de cisalhamento, o problema seria mantido. Em outras palavras, a partir do
momento em que se adote uma solução de substituição da água por qualquer material que
possua resistência ao cisalhamento, resolve-se o problema. Entretanto, como não haveria mais
possibilidades de avaliar o comportamento das estruturas provisórias (o que requereria a
retirada de todo o novo material de preenchimento das cavas), tal solução, claramente, implica
em uma desativação da Estação Gávea e, consequentemente, na necessidade do
desenvolvimento de um novo Projeto de expansão das Linhas 4 e 1 do Metrô.

No caso de se optar por uma desativação definitiva da Estação, a melhor alternativa seria
utilizar alguma técnica de preenchimento das cavas existentes sem que seja necessário um
novo rebaixamento do nível de água. Por exemplo, pode ser utilizada a técnica de injeção LMG
(low mobility grouting ou limited mobility grouting - USACE, 2017). Tal técnica, que envolve o
preenchimento de uma cavidade subterrânea por um material mais pesado que a água, a partir
da superfície do terreno (vide Figura 27), tem sido empregada, com sucesso, na manutenção,
por exemplo, da estabilidade de cavas de minas abandonadas contra processos de
subsidência. Desconhece-se, entretanto, a aplicação de tal tipo de metodologia em escavações
urbanas no país. Consequentemente, custos associados à mesma são desconhecidos, em
particular no caso em pauta, onde edificações lindeiras existentes podem interferir no processo
de injeção da calda cimentícia.

(a)

(b)
FIGURA 27: Exemplos de injeção LMG em minas abandonadas. (a) Enchimento de uma caverna -
reprodução da Figura 22-2 de USACE, 2017 (b) Sequência de enchimento de um túnel – reprodução da
Figura 22-3 de USACE, 2017, O material injetado é mais pesado que a água e, portanto, permite o
preenchimento definitivo de cavidades submersas.

37
6.6 Alternativas Intermediárias de Mitigação de Riscos

Alternativas intermediárias de intervenções de engenharia, que não envolveriam o


rebaixamento do lençol freático, compreenderiam, em princípio:

a. Introdução de reforço em partes críticas do teto das escavações a partir da superfície


do terreno;
b. Construção de estacas injetadas a partir da superfície do terreno, apoiadas na base
das escavações, em áreas de rocha de má qualidade;
c. Introdução de reforços dos tetos das escavações em trechos críticos das mesmas, a
partir de processos de concretagem submersa.

Para o desenvolvimento de projetos de engenharia envolvendo qualquer uma dessas


alternativas se requer, antes de qualquer coisa, o conhecimento das condições reais (as built) de
ordem geológico-geotécnica das escavações já executadas, de forma a ser possível identificar
trechos críticos das cavas. Como as informações disponibilizadas não possibilitam tal
identificação, ações preliminares, incluídas no próximo item, devem ser desenvolvidas.

Considerando a alternativa (a), reforços do teto das escavações poderiam ser introduzidos
utilizando técnicas de jet grounting, amplamente dominadas por empresas nacionais.
Naturalmente, o emprego desta alternativa deve levar em conta tanto a possibilidade de se poder
reforçar trechos em rochas fraturadas e em solo, quanto o fato de que os poços (shafts) das
Estações Sul e Oeste presentemente existentes deverão ter suas escavações ampliadas no futuro.

Para a implantação da alternativa (b) será necessário o desenvolvimento de técnicas de


introdução de fôrmas nos túneis submersos em água, posicionados de modo a possibilitar a
injeção, a partir da superfície do terreno, de um produto viscoso, tixotrópico, que apresente
condições de resistência adequadas. Em princípio, as fôrmas requeridas devem possibilitar o
desenvolvimento de uma coroa ou capitel posicionado no topo da escavação. Alternativamente,
poder-se-á implantar painéis que venham a ser posteriormente integrados às obras definitivas.
Neste caso, o emprego da técnica de Hydrofresa para escavação em rocha, utilizada pela
Brasdond na Estação Jardim do Alah, poderia ser empegada (http://www.brasfond.com.br/
site/hidrofresa.html). Empresas que trabalham com fôrmas modulares, tais como a Temec
(www.temec.com.br) podem, potencialmente, produzir elementos reutilizáveis que possam vir a ser
adaptados às diferentes geometrias dos túneis existentes. Empresas tais como a Ilha Sub
Atividades Subaquáticas Ltda (www.ilhasub.com.br) e a Atlântico Serviços Técnicos Submarinos
Ltda (www.atlanticosts.com.br) podem suprir mergulhadores que venham a instalar as fôrmas
desenvolvidas e acompanhar a injeção da argamassa.

A alternativa (c) compreende uma variante da alternativa (b), com a diferença que concreto
submerso seria utilizado para reforçar o teto das escavações. Um exemplo de aplicação de
concreto submerso é dado por Farias et al (2009). Neste caso, o concreto poderia vir a ser
disponibilizado a partir do uso de mangotes descendo pelos dois poços existentes e chegando
até os pontos a serem reforçados. Fôrmas especiais teriam que ser também desenvolvidas,
neste caso.

Uma quarta alternativa intermediária requerendo, agora, o rebaixamento prévio do lençol


freático, seria a introdução de reforços ou de revestimentos definitivos somente nas escavações
executadas. Para tal, além do conhecimento das condições as built de ordem geológico-
geotécnica já mencionadas, seriam necessárias outras ações, conforme detalhado a seguir.

38
6.7 Conclusão da Obra Bruta

A conclusão da obra bruta, constante na proposta da Riotrilhos, resumida na parte (c) do


item 6.1, constitui a situação ideal por possibilitar o desenvolvimento de ações definitivas que
atendem tanto aspectos de segurança quanto de continuidade, sem desperdício adicional de
recursos, de uma obra civil relevante para a cidade do Rio de Janeiro. O desenvolvimento de
tal solução, entretanto, passa pela necessidade de se realizar um novo rebaixamento do lençol
freático. Isto, conforme destacado no item 6.4, compreende uma condição crítica, que não
pode ser desprezada e, portanto, deve ser realizada de forma criteriosamente avaliada.

Levando em conta o nível de complexidade da geologia local, que compreende:

(i) sedimentos envolvendo argilas moles, areias marinhas, depósitos de corridas de


massa pretéritos e perfis de solos residuais micáceos, e

(ii) diferentes litologias de rochas envolvendo falhas e fraturas tectônicas subverticais e,


também, de alívio,

a modelagem geomecânica disponibilizada na documentação analisada, que envolve trechos


com a mesma qualidade geomecânica (II a V) de extensões consideradas excessivas,
aparentemente reflete condições de ante-projeto, o que não é adequado. Para que seja
possível desenvolver qualquer alternativa de projeto que vise a manutenção da Estação Gávea
é mandatório ter-se um Modelo Geomecânico que retrate, da forma o mais fiel possível, as
reais condições da área das escavações e de seus entornos.

De forma a viabilizar a execução de análises numéricas envolvendo seções bidimensionais


diversas do local, na realidade é necessário ter-se em mãos um Modelo Geomecânico
Tridimensional (MGM-3D). Para tal, requer-se a disponibilização de:

a. Todos os laudos de sondagens executadas na área da Estação Gávea, incluindo os


associados à instalação dos tassômetros, medidores de nível d’água, piezômetros e
tubos de inclinômetros, com indicações de coordenadas e cotas de desenvolvimento
de todas as perfurações;

b. Relatórios originais de acompanhamento de obras gerados durante as escavações na


área da Estação.

Para o pleno desenvolvimento do Modelo, a ser implantado tendo como base o software
GOCAD ou equivalente, considera-se ser relevante a participação dos geólogos que
acompanharam, no campo, o desenvolvimento das escavações executadas.

No caso de permanecerem dúvidas no desenvolvimento do MGM-3D (o que é previsível


em função do nível das informações disponibilizadas), deverão ser executadas investigações
geofísicas ao longo de caminhamentos que sigam, o mais próximo possível, as linhas das
escavações existentes. A Figura 28 mostra um esquema de tal malha, a ser definida levando
em conta, de forma apropriada, o posicionamento das sondagens mistas executadas e dos
edifícios lindeiros.

Em princípio, os levantamentos geofísicos deverão compreender sondagens tipo


tomografia sísmica que, conforme descrito em Rinaldi et al (2019), propiciam uma detecção,
com relativa precisão, de descontinuidades em rochas até cerca de 120 metros de
profundidade. No caso de não haver tal tipo de levantamento disponível no país, ou de não

39
FIGURA 28: Esquema de malha de caminhamentos geofísicos (linhas pontilhadas em preto)

haver ainda experiência adequada na interpretação de resultados de tal tipo de levantamento,


combinações de técnicas tais como as de sísmica de refração, cross-hole, eletrorresistividade e
potencial espontâneo devem ser consideradas. Uma definição da técnica ou técnicas a serem
empregadas deverá, entretanto, ser efetuada a partir de consulta a empresas especializadas
levando em conta, em particular, o interesse em se identificar zonas de fraturas em rochas.

Novas sondagens mistas deverão também ser programadas de forma a consubstanciar a


modelagem, com retirada de testemunhos a serem adequadamente ensaiados em laboratório,
de forma a se poder determinar parâmetros de resistência e deformabilidade representativos
do maciço rochoso. Neste sentido, ensaios em testemunhos já existentes de rocha,
eventualmente preservados de forma adequada, devem também ser previstos. Além disto, se
deve prever a execução de poços ao longo do perfil de solo, com retirada de amostras
indeformadas, visando também a obtenção de parâmetros de deformabilidade e resistência dos
materiais envolvidos.

No caso dos testemunhos em rocha, deve-se prever a execução de ensaios de


compressão simples, com medidas de deformações axiais e radiais, bem como uma avaliação
das condições da superfície das fraturas presentes, incluindo a rugosidade e a resistência do
material das paredes das fraturas. Neste último caso, deve-se prever a execução de ensaios
de cisalhamento direto.

No caso de solos, além de ensaios de caracterização básica, envolvendo ensaios de


granulometria conjunta (peneiramento e sedimentação), determinação de limites de
consistência (limites de liquidez e de plasticidade) e determinação do teor de umidade e de
densidade relativa dos grãos, deve-se prever a execução de ensaios triaxiais adensados, não
drenados, em amostras saturadas, com medidas de poro-pressão, além de ensaios para a
determinação de módulo cisalhante utilizando bender elements.

A partir da implementação de um Modelo Geomecânico Tridimensional confiável, as


seguintes ações adicionais devem ser desenvolvidas antes de serem iniciados os processos de
rebaixamento do lençol freático:

40
a) Tentativa de avaliação das condições dos revestimentos provisórios existentes a partir
do uso de mergulhadores especializados utilizando câmeras de vídeo com transmissão de
imagens para a superfície do terreno. As empresas citadas no item 6.6, que têm experiência
em investigações subaquáticas na área de barragens, podem, em princípio, executar tal tipo de
tarefa. Naturalmente, isto dependerá das condições de turbidez da água de inundação das
galerias / tuneis existentes;

b) Execução de análises numéricas das escavações, tais como as descritas em Belleza


et al (2017), visando simular as condições presentes das cavas inundadas e, a partir disto,
avaliar efeitos potenciais do novo rebaixamento do nível de água no comportamento tensão-
deformação dos trechos críticos das escavações. A execução de tais análises, bidimensionais,
permitirá avaliar a necessidade ou não de serem adotadas medidas adicionais de forma a
garantir a estabilidade das cavas durante o processo de rebaixamento do lençol freático. Um
exemplo de uma de tais medidas seria a execução do novo rebaixamento isolando dadas
partes dos túneis a partir, por exemplo, da implantação de painéis envolvendo emulsões de
baixa resistência.

No caso de se verificar a necessidade de emprego de estruturas de reforços adicionais a


dadas partes das escavações inundadas, novas análises numéricas deverão ser programadas
visando avaliar a efetividade das diferentes técnicas de reforço subaquático aqui consideradas,
levando-se em conta aspectos de custo-benefício.

7. CONCLUSÕES

As conclusões que se seguem derivam tanto da análise de toda a documentação


disponibilizada e de informações existentes na literatura técnico-científica especializada quanto
de conhecimentos próprios da equipe da PUC-Rio envolvida.

7.1 Diagnóstico Geotécnico das Condições Atuais

a. Tanto as fundações das estruturas lindeiras às escavações, sejam elas rasas ou


profundas, quanto a superfície do terreno na área da Estação encontram-se estáveis,
com recalques ou deformações verticais totais e diferenciais estabilizados;

b. Um novo rebaixamento do nível de água no local não deverá alterar, de forma


significativa, a magnitude das máximas deformações verticais observadas. Assim,
recalques não constituem, à priori, um evento crítico a ser considerado em avaliações
de risco; e, desta forma, torna-se vazia a necessidade de se considerar qualquer
forma de reforço de fundações, sejam elas rasas ou profundas;

c. Em virtude de mudanças graduais no estado de tensões decorrentes dos processos


de escavação, associados a uma geologia complexa e ao fato das estruturas de
contenção das cavas executadas serem todas provisórias, o evento crítico a ser
considerado em avaliações de risco passa a ser o de subsidência;

d. Não existem dados que permitam quantificar a probabilidade de ocorrência de um


fenômeno de subsidência na área da Estação Gávea. Tal probabilidade, entretanto,
não é baixa tendo em vista que as estruturas de contenção das escavações são
provisórias e estarem instaladas em um ambiente potencialmente agressivo do ponto
de vista bioquímico;

41
e. As consequências de um processo de ruptura em qualquer porção das escavações
são alarmantes por poderem incluir a ruina de edifícios lindeiros e perdas de vidas
humanas, não contabilizáveis;

f. Apesar de não ser possível quantificar a probabilidade de ocorrência de um processo


de subsidência, as consequências potenciais do desenvolvimento de tal fenômeno
natural, particularmente quando associado a subsequentes processos de
escorregamentos no perímetro da cavidade formada, justificam a afirmativa de que a
manutenção das presentes condições da Estação Gávea é inadmissível;

g. A partir do momento em que se constate haver risco não desprezível com a


manutenção do status quo da Estação Gávea, perde o sentido qualquer tentativa de
se temporalizar tal risco. Ele existe e, independentemente se for iminente ou não, é
inaceitável;

h. A instrumentação instalada no local, ainda que fosse totalmente automatizada, não


constituiria um sistema de alerta no caso de ocorrência de um fenômeno de
subsidência, tipicamente súbito. Assim, a menos que tal fenômeno envolva, no local,
um processo progressivo, não usual, a mesma é totalmente ineficaz. Seguindo este
raciocínio, não se justifica introduzir qualquer tipo de alteração nas condições e
características da instrumentação implantada no local;

i. Mesmo que fosse possível identificar aberturas graduais de trincas no terreno ou um


lento processo de deslocamentos verticais localizados em estruturas, passíveis de
serem associados ao desenvolvimento de um processo de ruptura em subsuperfície,
não haveria condições de se tomar quaisquer providências para minimizar quaisquer
tipos de efeitos danosos nas estruturas lindeiras. No caso, seriam necessárias ações
em subsuperfície, o que é hoje impossibilitado pelo fato das escavações estarem
inundadas;

j. Diferentemente do que consta na maior parte dos documentos analisados, a


inundação das cavas não visou a estabilização de recalques na área de influência das
escavações. As bombas de rebaixamento do lençol freático só foram desligadas após
praticamente todos os pinos e placas de recalque indicarem valores de deslocamentos
verticais constantes no tempo;

k. A inundação propiciou um aumento da segurança global das escavações em virtude


da introdução de pressões hidrostáticas não desprezíveis no interior das cavas. Tal,
entretanto, além de impossibilitar um necessário acompanhamento do comportamento
das suas estruturas provisórias de contenção, não impede a ocorrência de processos
de cisalhamento localizados e rupturas em zonas de fraqueza do substrato rochoso;

l. Considerando medições efetuadas no início das obras, após o desligamento das


bombas de rebaixamento o lençol freático na área monitorada por piezômetros e
medidores de nível de água subiu, indicando que as intervenções já realizadas na
implantação da Estação Gávea afetaram características hidrogeológicas locais, com
consequências, em particular para edificações localizadas a montante da Rua
Marquês de São Vicente, não analisadas.

42
7.2 Medidas de Engenharia

a) Foram elencadas três tipos de alternativas de medidas de engenharia passíveis de


serem desenvolvidas: Desativação da Estação Gávea; Alternativas Intermediárias e
Conclusão da Obra Bruta;

b) Qualquer alternativa que envolva o preenchimento das cavas com qualquer tipo de
material que apresente alguma resistência ao cisalhamento é potencialmente efetiva
no sentido de garantir a estabilidade das escavações e, consequentemente, tende a
eliminar riscos associados a processos de subsidência;

c) Independentemente do tipo de material e técnica utilizada, o pleno preenchimento das


cavas, que tem que ser garantido, não elimina a possibilidade das estruturas
provisórias de contenção continuarem a se degradar ao longo do tempo Assim, tal
alternativa implica, em princípio, na desativação da Estação Gávea;

d) No caso de ser definida a Desativação da Estação Gávea, recomenda-se o emprego


da técnica de injeção LMG mencionada no item 6.5, que não requer um novo
rebaixamento do lençol freático. Para tal, deverão ser consultadas empresas nacionais
especializadas, tais como as que trabalham com jet grounting. Especificações
potenciais quanto ao emprego desta técnica encontram-se descritas em FAS (2016).
Depreende-se, das mesmas, que deverão ser necessários estudos específicos quanto
à composição da calda cimentícia a ser injetada, que deve ser compatível com as
características da água subterrânea local. Mais ainda, há que se avaliar como dever-
se-á proceder em locais onde ocorram edificações à superfície do terreno para que se
consiga utilizar a técnica conforme originalmente desenvolvida;

e) Há que se notar, entretanto, que tal alternativa implicará na necessidade de ser


desenvolvido um novo Projeto que propicie o pleno desenvolvimento das Linhas 1 e 4
do Metrô. Desta forma, aos custos já contabilizados e aos novos custos associados à
Desativação da Estação, dever-se-á acrescentar os relativos ao desenvolvimento do
novo Projeto que, necessariamente, envolverá um novo traçado de túneis das vias e
desativação permanente (também com preenchimento de material que apresente
resistência ao cisalhamento), do já executado em túneis de vias;

f) Com base no exposto até aqui, a equipe da PUC-Rio considera que a alternativa de
Desativação da Estação Gávea, apesar de tecnicamente viável, não é recomendada
em virtude dos demais aspectos envolvidos (com ênfase no desperdício de recursos
públicos já executados e interferência direta, negativa, na interligação das Linhas 1 e 4
do Metrô);

g) As Alternativas Intermediárias (b) e (c) do item 6.6 (estaca injetada e concreto


submerso), que não requerem um novo rebaixamento do lençol freático, por
envolverem o uso de fôrmas especiais, constituem soluções que não são
corriqueiramente utilizadas na engenharia geotécnica. Na realidade, possivelmente,
nenhuma dessas soluções já foi utilizada no país. Assim, os custos de implantação
das mesmas poderão ser tão ou mais elevados do que os das demais alternativas.
Uma estimativa de tais custos, entretanto, dependerá da qualidade do Modelo
Geomecânico que deve ser desenvolvido;

43
h) A Alternativa Intermediária (a) do item 6.6 (reforço do subsolo com jet grouting),
apesar de constituir uma técnica que tem sido largamente utilizada no país, deve ser
avaliada com cuidado, tendo em vista que:

(I) as pressões de injeção nas regiões de rocha fraturada ou de falhas devem ser tais
que não provoquem faturamento hidráulico no maciço. Se tal ocorrer, o próprio
processo de injeção poderá provocar rupturas do teto das escavações e,
consequentemente, induzir o desenvolvimento de um processo de subsidência.
Conforme discutido em Byle (1997), o uso de um fluido de injeção de baixa
mobilidade pode, eventualmente, minimizar tal risco. Este aspecto deve,
entretanto, ser discutido com especialistas que atuam no ramo, que devem
garantir o resultado de seus serviços;

(II) efeitos de arqueamento induzidos em camadas de solo localizadas acima do topo


rochoso, reforçadas por jet grouting, podem, eventualmente, minimizar os riscos
de ocorrência de subsidência a partir da ruptura de uma ou mais partes do teto
das escavações em rocha. Análises numéricas têm, entretanto, que serem
executadas para que se possa comprovar ou não tal possibilidade. No caso de se
verificar que tal possibilidade existe, há que se considerar, quando da composição
de custos, a possibilidade de se ter que escavar camadas de solo reforçado
quando das ampliações dos dois poços (shafts) da Estação e execução dos seus
acessos.

i) A Alternativa Intermediária incluída no item 6.6, que envolve rebaixamento do lençol


freático e reforço, se necessário, somente das escavações existentes, constitui uma
variante da proposta de Conclusão da Obra Bruta. A única diferença, no caso, está
relacionada a custos de execução de ‘estruturas de contenção definitivas’ em uma
obra inacabada, que tem somente cerca de 25% de suas escavações executadas.
Tais custos, obviamente, são menores do que os envolvendo a conclusão de todas as
escavações previstas e introdução, nas mesmas, de estruturas de contenção
definitivas. Naturalmente, como as ’estruturas de contenção definitivas’ terão que ser
ou serão substituídas em virtude das mudanças de geometria das escavações
definitivas, tal alternativa (bem como as demais incluídas no item 6.6) constitui um
paliativo temporal, motivado exclusivamente por aspectos de ordem econômica;

j) Os modelos geomecânicos retratados nos perfis constantes na documentação


disponibilizada não refletem, de forma adequada, condições esperadas para o local;

k) Para a Conclusão da Obra Bruta, solução provisória que, porém, é considerada como
sendo a solução ideal em presença da inexistência de recursos que possibilitem a
conclusão definitiva da Estação, requer-se, conforme detalhado no item 6.7:

(I) o desenvolvimento de um Modelo Geomecânico Tridimensional, (MGM-3D),


representativo de condições as built de toda a área de influência da estação
Gávea. Novas investigações geotécnicas (sondagens geofísicas e diretas),
incluindo amostragens indeformadas e ensaios de laboratório, deverão ser
programadas para consubstanciar o desenvolvimento do MGM-3D do terreno;

(II) execução de análises numéricas visando avaliar o efeito de um novo


rebaixamento do lençol freático no comportamento tensão-deformação-resistência
das escavações existentes na área da Estação.

44
7.3 Aspectos de Custos

Em virtude de ter sido identificado que processos de subsidência são os que colocam em
risco todas as estruturas localizadas no entorno das escavações da Estação, diferentes
medidas de engenharia foram propostas visando uma minimização ou eliminação do problema
a curto prazo.

Considerando a medida mais radical, qual seja, a Desativação Definitiva da Estação, que
seja do conhecimento da equipe da PUC-Rio, inexistem parâmetros passíveis de serem
utilizados para que se possa orçar, de forma adequada, custos envolvidos no uso da técnica
LMG, que é a única aqui recomendada. Por outro lado, pesquisas deverão ser desenvolvidas
para definir composição e traços da mistura cimentícia a ser injetada nas escavações. Mais
ainda, alternativas executivas deverão ser estudadas para fins de implementações seguras da
técnica no local. Assim, acredita-se que os custos envolvidos serão elevados, podendo,
inclusive, ultrapassar os associados a outros tipos de intervenções. Tal torna-se
particularmente relevante ao se considerar que não se pode, à priori, esquecer que a
Desativação da Estação Gávea impossibilitará qualquer tentativa de se dar prosseguimento, a
médio prazo, às ampliações previstas das Linha 1 e 4 do Metrô do Rio de Janeiro. Pior ainda,
poderá implicar na necessidade de serem revistas e modificadas, a custos não quantificáveis
no momento, de mudanças importantes em projetos e obras já existentes.

Considerando as medidas de engenharia propostas, que não envolvem a necessidade de


um novo rebaixamento do lençol freático, pode-se afirmar que:

i) Não há como avaliar, de forma adequada, custos de tais medidas sem, antes, ter sido
desenvolvido um modelo Modelo Geomecânico confiável, representativo de condições
as built;

ii) Com base, entretanto, nas informações existentes, é de se esperar que diferentes
setores das escavações que poderão requerer reforços. Neste caso, como todas as
medidas de engenharia aventadas não são corriqueiras, é de se esperar que os custos
das mesmas sejam elevados, podendo ultrapassar, em muito, os relativos a quaisquer
outros tipos de intervenções.

As duas medidas de engenharia que envolvem o rebaixamento do nível do lençol freático,


quais sejam, a que compreende somente o reforço das estruturas existentes, ou a que envolve
a finalização de todas as escavações prioritárias e introdução das estruturas permanentes de
reforço, constituem as alternativas que a equipe da PUC-Rio considera que envolverão
menores custos globais. Tais custos são, no momento, difíceis de serem previstos de forma
adequada, tendo em vista o desconhecimento das reais condições de segurança das
estruturas provisórias de contenção das escavações e do número de eventuais intervenções a
serem requeridas.

Por outro lado, considerando os custos de investigações prévias ao rebaixamento do lençol


freático (variável entre cerca de R$ 800.000,00 e R$ 1.000.000,00), de manutenção do
equipamento Tatuzão (estimado em R$ 2.900.000,00/mês) e que:
(a) só faltam 15 metros de escavação em rocha utilizando a técnica de explosivos para se
chegar, na Linha B, à cava da Estação Oeste (vide Figura 2), e
(b) mesmo que com características de estruturas permanentes, estruturas provisórias
serão implantadas nas escavações já existentes (tendo em vista que as mesmas terão

45
que ser descomissionadas quando da execução definitiva das escavações
remanescentes),

a equipe da PUC-Rio avalia que a conclusão das obras em definitivo constitui a melhor solução
do ponto de vista de custo-benefício. Na condição de inexistirem, hoje, recursos suficientes, a
melhor alternativa de solução a curto prazo ao problema é o de término das obras brutas da
Estação Gávea.

AGRADECIMENTOS

A Equipe da PUC-Rio agradece o Engenheiro de Furnas, M.Sc. Marco Antônio Ramidan,


pelas valiosas informações prestadas envolvendo o emprego de técnicas alternativas de
reforço de escavações / estruturas em condições submersas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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0-2-3506.pdf

Rio de Janeiro, 13 de setembro de 2019

_______________________________________
Prof. Tácio M.P. de Campos
Vice-Diretor do NIMA/PUC-Rio
DEC/PUC-Rio

47
ANEXO
ESTIMATIVA DE CUSTOS
# AÇÕES RECOMENDADAS Custo (R$)
Unid. Qtd.
Unit. Total
1 Modelagem Geomecânica 3D
1.1 Análise de dados iniciais e Consultor Geologia (1) h/h 60 350,00 21.000,00
montagem de modelo Consultor Geotecnia (1) h/h 48 350,00 16.800,00
geológico preliminar Engenheiro / Geólogo (3) h/h 720 200,00 144.000,00
Estagiário (6) h/h 720 25,00 18.000,00
Sub-Total 1 199.800,00
1.2 Investigações geofísicas (4 a 6 linhas de 80 metros cada) verba 1 150.000,00 150.000,00
1.3 Sondagens mistas (6, com 15 m em solo e 25 m em rocha) verba 1 140.000,00 140.000,00
1.4 Abertura de poços em solo (até 8 m) un. 2 25.000,00 50.000,00
1.5 Retirada de blocos indeformados de 30cm de lado un. 8 400,00 3.200,00
1.6 Ensaios triaxiais de compressão simples em rocha,
un. 8 750,00 6.000,00
instrumentados
1.7 Medidas de rugosidade em fraturas de rocha un. 12 100,00 1.200,00
1.8 Ensaios de cisalhamento direto em fraturas de rocha un. 12 700,00 8.400,00
1.9 Ensaios de caracterização geotécnica em solos (completa) un. 8 680,00 5.440,00
1.10 Ensaios triaxiais CIU em solos, com mínimo de três pontos por
un. 12 650,00 7.800,00
solo
1.11 Avaliação de módulos em solos com bender elements un. 12 150,00 1.800,00
Sub-Total 2 373.840,00
1.12 Interpretração de resultados de Consultor Geologia (1) h/h 32 350,00 11.200,00
investigações e montagem de Consultor Geotecnia (solos) h/h 60 350,00 21.000,00
modelo geomecânico 3D Consultor Geotecnia (rochas) h/h 60 350,00 21.000,00
Engenheiro / Geólogo (2) h/h 480 200,00 96.000,00
Estagiário (4) h/h 480 25,00 12.000,00
Sub-Total 3 161.200,00
2 Modelagem Numérica (Rebaixamento do N.A.)
2.1 Montagem de Banco de Dados Consultor Geotécnico (1) h/h 24 350,00 8.400,00
Engenheiro (1) h/h 96 200,00 19.200,00
2.2 Execução de Análises Consultor Geotécnico (1) h/h 44 350,00 15.400,00
Engenheiro (1) h/h 176 200,00 35.200,00
Sub-Total 4 78.200,00
3 Modelagem Numérica (Avaliação de ações adicionais)
3.1 Montagem de Bancos de Dados Consultor Geotécnico (1) h/h 30 350,00 10.500,00
Engenheiro (2) h/h 120 200,00 24.000,00
3.2 Execução de Análises Consultor Geotécnico (1) h/h 140 350,00 49.000,00
Engenheiro (2) h/h 560 200,00 112.000,00
Sub-Total 5 195.500,00
TOTAL GERAL MÍNIMO ESTIMADO 813.040,00
TOTAL GERAL MÁXIMO ESTIMADO 1.008.540,00

48
CRONOGRAMA ESTIMADO
Dia Útil
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180
Ítem
Mês
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1.1
1.2 a 1.11
1.12
2
3

49

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