Aula 12 - Vigas Com Laje Colaborante

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Disciplina: Estruturas de Concreto I

LAJE COLABORANTE

Prof. M.Sc. Paulo Alexandre de Oliveira


Prof.a Dra. Ana Lúcia Carrijo Adorno

Anápolis – 2021/2
Associação Educativa Evangélica
Apesar de ser uma solução que, em geral, resulta em grande economia
de aço e concreto, parte dos projetistas só lança mão da alternativa de
considerar no cálculo a laje colaborante em vigas de altura muito
reduzida, quando a seção da viga se mostra inviável mesmo com
armadura dupla.

Figura 1 - Laje solidária com a viga aumenta a zona comprimida de concreto

Nos casos em que a laje é tracionada pelos momentos fletores, a


capacidade resistente não pode ser aumentada, pois a resistência à
tração do concreto é desprezada.
Largura da laje colaborante ou mesa da viga de seção T

A largura da mesa da viga, bf , ou seja, a parte da laje considerada no


cálculo como colaborante, é a soma da largura bw com as distâncias das
extremidades da mesa às faces respectivas da nervura: b1 do lado
interno, onde existe viga adjacente, e b3 do lado externo, no caso de
haver bordo livre sem viga, válido também para vigas T isoladas, comuns
em peças pré-moldadas.

Figura 2 - Largura da mesa ou laje colaborante


b2 = distância entre as faces de duas nervuras sucessivas;

b4 = comprimento do bordo livre, sem viga.


a = distância entre os pontos de momento nulo, medida ao longo do eixo
da viga, que pode ser obtida diretamente do diagrama de momentos
fletores ou pelos valores aproximados dados pela Norma, em cada
tramo de vão l, sendo:
– viga simplesmente apoiada: a = L ;
– viga com momento em uma só extremidade: a = 0,75L ;
– tramo com momento nas duas extremidades: a = 0,60L.
– Viga simplesmente apoiada: a = L

M+máx
L
– Viga com momento em uma só extremidade: a = 0,75L ;

M-máx

M+máx1 M+máx2
L1 L2

M-máx1 M-máx2

M+máx1 M+máx3
M+máx2
L1 L2 L3
– Tramo com momento nas duas extremidades: a = 0,60L2

M-máx1 M-máx2

M+máx1 M+máx3
M+máx2
L1 L2 L3
Conforme a posição relativa das vigas, tem-se as seguintes situações:
bf = bw + b1,esq + b1,dir : seção T com duas vigas adjacentes;
bf = bw + b1 + b3 : seção T com uma viga e um bordo livre adjacentes;
bf = bw + 2b3 : seção T isolada (em geral, viga pré-moldada);
bf = bw + b1 : viga extrema (cálculo como T ainda é viável, pois, em
virtude da rigidez relativa, a laje ainda colabora com a viga).
Portanto, em tramos distintos de vigas contínuas podem ocorrer
diferentes valores para a largura bf para o cálculo como seção T,
dependendo da disposição relativa das demais vigas que sustentam a
laje daquele piso.
Verificação Seção Retangular ou Seção T
Altura Útil de Comparação de Vigas T

A altura útil de comparação (do) de uma seção T é definida como um


valor da altura para o qual a linha neutra fictícia seria tangente à face
inferior da mesa, ficando a mesa da seção totalmente comprimida, ou
seja, y = hf .

Figura 3 – Laje colaborante com linha neutra fictícia tangente à mesa (d = do )

Essa altura útil do é um valor teórico, como um recurso para estimar a


posição da linha neutra da seção T e, assim, definir as situações de
cálculo.

𝑀𝑆𝑑 ℎ𝑓
𝑑0 = +
𝛼𝑐 𝑓𝑐𝑑 𝑏𝑓 ℎ𝑓 2
𝑀𝑆𝑑 ℎ𝑓
𝑑0 = +
𝛼𝑐 𝑓𝑐𝑑 𝑏𝑓 ℎ𝑓 2

Obtida a altura útil de comparação do , com a altura útil real d sendo


predefinida em função do projeto de arquitetura, pode-se verificar a posição da
linha neutra fictícia com a comparação desses dois valores, podendo ocorrer:

d = do → y = hf : Linha neutra fictícia tangente à mesa;


d > do → y < hf : Linha neutra fictícia dentro da mesa;
d < do → y > hf : Linha neutra fictícia dentro da nervura da viga.
Tabela 1 - Valores de grandezas essenciais para cálculo de vigas à flexão
Dimensionamento da seção T

1º Caso: y ≤ hf (𝑑 ≥ 𝑑0 )

Nesse caso, com a linha neutra fictícia tangente à face inferior da mesa ou em
seu interior, a zona comprimida é o retângulo (bf . y). O cálculo é feito como
uma seção retangular de largura bf e altura h, pois abaixo da linha neutra
despreza-se o concreto à tração, considerando-se apenas o aço.
𝑀𝑆𝑑
𝑘𝑚𝑑 =
𝑏𝑓 𝑑2 𝑓𝑐𝑑

Tabela de Flexão

𝑘𝑥

𝑘𝑧 = 1 − 0,5 𝜆 𝑘𝑥

𝑀𝑆𝑑
𝐴𝑠 =
𝑘𝑧 𝑑𝑓𝑦𝑑
Tabela 1 - Valores de grandezas essenciais para cálculo de vigas à flexão
𝑀𝑆𝑑
𝑥 = 𝑘𝑥 𝑑 𝑦 = 𝜆𝑥 𝑘𝑧 = 1 − 0,5 𝜆 𝑘𝑥 𝐴𝑠 =
𝑘𝑧 𝑑𝑓𝑦𝑑

𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 𝜌𝑚𝑖𝑛 𝑏𝑤 ℎ + 𝑏𝑓 − 𝑏𝑤 ℎ𝑓

4
𝐴𝑠,𝑚á𝑥 = 𝑏𝑤 ℎ + 𝑏𝑓 − 𝑏𝑤 ℎ𝑓
100
2º Caso: y > hf (𝑑 < 𝑑0 )

Com a linha neutra fictícia dentro da nervura, a zona comprimida de


concreto tem a forma de T. O cálculo da armadura é feito dividindo-se o
momento fletor de cálculo MSd em duas parcelas.

Mdf = momento fletor equilibrado na zona comprimida pelas áreas


laterais da mesa, com largura (bf - bw), e na zona tracionada por parte da
armadura de tração Asf
Mdw = MSd - Mdf = momento resistido pela seção retangular bw h do
concreto da nervura, equilibrado pela segunda parcela da armadura de
tração Asw
𝑀𝑆𝑑 = 𝑀𝑑𝑓 + 𝑀𝑑𝑤

ℎ𝑓
𝑀𝑑𝑓 = 0,85𝑓𝑐𝑑 ℎ𝑓 𝑏𝑓 − 𝑏𝑤 𝑑−
2
𝑀𝑑𝑓
𝐴𝑠𝑓 =
ℎ𝑓
𝑑− 𝑓
2 𝑦𝑑
𝑀𝑑𝑤 = 𝑀𝑆𝑑 - 𝑀𝑑𝑓

𝑀𝑑𝑤
𝑘𝑚𝑑 =
𝑏𝑤 𝑑2 𝑓𝑐𝑑

Tabela de Flexão

𝑘𝑥

𝑘𝑧 = 1 − 0,5 𝜆 𝑘𝑥

𝑀𝑑𝑤
𝐴𝑠𝑤 =
𝑘𝑧 𝑑𝑓𝑦𝑑

𝐴𝑠 = 𝐴𝑠𝑓 + 𝐴𝑠𝑤
Determinar a armadura de flexão para o maior momento positivo (vão de 10,0 m) da viga
representada. Considerar a seção transversal igual a da primeira nervura, a da esquerda da
figura. Considerar aço CA-50; fck = 30 MPa; cobrimento = 2,5 cm e d1 = 5 cm.
Considerando a mesma viga do exemplo anterior, determiner a armadura de Flexão
para o momento igual a 1200 kN.m.
Comentários sobre o cálculo como seção T

✓ Caso ocorra kmd > kmdlim, recomenda-se evitar o dimensionamento de


seções T com armadura dupla, por resultar em altura muito reduzida
de viga e risco desnecessário de segurança. As alternativas podem
ser aumentar as dimensões da viga ou introduzir mudanças no
lançamento estrutural;
✓ Apesar de a NBR 6118 não prescrever, algumas normas proíbem o
cálculo como seção T em vãos onde exista carga concentrada, ou
permitem, mas com redução no valor de bf , pelo fator de redução
(1 - MP /MT ), sendo MP o momento da carga concentrada e MT da
carga total (MORAES, 1982);

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