Proecto
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Índice
1. Introdução........................................................................................................................2
2. Justificação da temática...................................................................................................3
3. PROBLEMÁTICA, QUESTÕES E PERGUNTA DE PARTIDA...................................................3
4. OBJETIVOS............................................................................................................................4
5. ENQUADRAMENTO TEÓRICO...............................................................................................4
5.1. O DESENVOLVIMENTO NA PROMOÇÃO SOCIAL................................................................4
6.1. CONCEITO..........................................................................................................................4
7. DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO....................................................................................5
8. DESENVOLVIMENTO LOCAL................................................................................................10
9. DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL........................................................................13
10. APRESENTAÇÃO DO “PROJETO PILOTO DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NA VILA
DE NHAMATANDA”................................................................................................................15
11. METODOLOGIA.................................................................................................................17
11.1. PROBLEMÁTICA.............................................................................................................17
11.2. DESENHO DA INVESTIGAÇÃO........................................................................................18
11.3. AMOSTRA......................................................................................................................19
11.4. TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS................................................................................19
11.5. TRATAMENTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................20
11.6. ENTREVISTAS REALIZADAS AOS PARTICIPANTES NO PROJETO DE DESENVOLVIMENTO
COMUNITÁRIO (ENTREVISTADOS E1, E2 E E3):......................................................................20
11.7. PAPEL DESEMPENHADO................................................................................................20
11.8. METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS.................................................................................21
11.9. OBJETIVOS DO PROJETO: MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE VIDA...................................22
12. IMPACTO DO PROJETO.....................................................................................................22
12.1. a nível económico..........................................................................................................22
12.2. A nível educativo...........................................................................................................23
12.3. Nível social, cultural e outros........................................................................................23
12.4. Objetivos do projeto: melhoria das condições de vida..................................................24
12.5. Impacto do projeto........................................................................................................24
12.5.1. A nível económico......................................................................................................24
12.5.2. nível educativo...........................................................................................................25
12.5.3. A nível social, cultural e outros...................................................................................26
13. Conclusões.......................................................................................................................28
14. Referências bibliográficas.................................................................................................29
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1. Introdução
O conceito de desenvolvimento local vem sendo criticado e renovado por muitos
autores ao longo dos anos. Um marco importante passa a ser, em 1990, o relatório
mundial do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), este
relatório coloca que o índice de desenvolvimento humano (IDH), tende a relativizar o
PNB por habitante enquanto medida universal do desenvolvimento e tem forte
significado simbólico (MILANI, 2005).
O desenvolvimento deve ser entendido levando-se em conta os aspectos locais, aspectos
estes que têm significado em um território específico. O global passa a ter sua
importância associada ao local e vice e versa, já que um está em constante mudança por
conta das interferências do outro e, por conta disto, muitos autores utilizam o termo
“glocal”, a junção dos dois aspectos, para se referir ao desenvolvimento. Muitos autores
já tentaram desconstruir o termo desenvolvimento por considerar que este implica em
práticas associadas à colonização, à ocidentalização do mundo, à globalização
econômico-financeira e à uniformização planetária. Isto foi discutido em 2002, em um
colóquio internacional organizado na UNESCO, “apesar de não explicarem como
substituir o conceito e a prática do desenvolvimento, sobretudo nos contextos em que as
desigualdades e as carências são ainda muito flagrantes” (MILANI, 2005, p. 10).
Atualmente é quase unânime entender que o desenvolvimento local não está relacionado
unicamente com crescimento econômico, mas também com a melhoria da qualidade de
vida das pessoas e com a conservação do meio ambiente. Estes três fatores estão inter-
relacionados e são interdependentes. O aspecto econômico implica em aumento da
renda e riqueza, além de condições dignas de trabalho. A partir do momento em que
existe um trabalho digno e este trabalho gera riqueza, ele tende a contribuir para a
melhoria das oportunidades sociais. Do mesmo modo, a problemática ambiental não
pode ser dissociada da social. O desenvolvimento local pressupõe uma transformação
consciente da realidade local (MILANI, 2005). Isto implica em uma preocupação não
apenas com a geração presente, mas também com as gerações futuras e é neste aspecto
que o fator ambiental assume fundamental importância. O desgaste ambiental pode não
interferir diretamente a geração atual, mas pode comprometer sobremaneira as próximas
gerações (SACHS, 2001). Outro aspecto relacionado ao desenvolvimento local é que ele
implica em articulação entre diversos atores e esferas de poder, seja a sociedade civil, as
organizações não governamentais, as instituições privadas e políticas e o próprio
governo.
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2. Justificação da temática
O presente foi elaborado no âmbito em Desenvolvimento Comunitário,na vila unicipal
de Nhamatanda no distrito de Nhamatanda. O estudo proposto tem como tema o projeto
de desenvolvimento comunitário implementado na vila de Nhamatanda.
Inicialmente foi criada uma pergunta de partida com base no tema a abordar no que
mais à frente terá uma resposta com base no estudo de caso realizado pelo estudante do
mesmo. Para o estudo de caso relativo a este tema foi criada a seguinte pergunta de
partida " Qual a percpeção dos Nhamatandense quanto ao impacto (económico, social,
educativo e cultural) do projeto de desenvolvimento comunitário implementado na vila
de Nhamatanda em 2020 - 2022?"
Assim no seguimento desta questão, será efetuada uma investigação qualitativa com
recurso ao inquérito por entrevista com o objetivo de recolher testemunhos da época e
outros atuais, de forma a alcançar uma perceção das opiniões e dos factos quanto ao
passado e presente da vila.
O interesse em realizar um estudo sobre o projeto de desenvolvimento comunitário na
vila de Nhamatnda em fatores de ordem pessoal – sou natural da vila e tenho particular
motivação pela problemática, decorrente da frequência da Licenciatura em
Administração Publica na Universidade Catolica de Mocambique.
4. OBJETIVOS
● Perante as questões orientadoras acima apresentadas será pertinente responder aos
seguintes objetivos do trabalho:
● Descrever os pontos fulcrais do projecto piloto de desenvolvimento comunitário na
vila de Nhamatanda.
● Identificar os benefícios obtidos com a implementação do projeto na vila;
● Compreender a importância do projeto a nível educativo, social e cultural para a
população da vila;
● Refletir sobre as perceções dos participantes do projeto no que remete para a
estruturação social e económica da vila;
5. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
5.1. O DESENVOLVIMENTO NA PROMOÇÃO SOCIAL
6.1. CONCEITO
Presentemente o conceito de desenvolvimento é abordado como um processo social
total e como um conceito multidimensional que, indo além da mera satisfação das
necessidades básicas, abrange áreas como o ambiente e o património, a saúde, a
segurança, a liberdade ou a participação política. Neste processo, o enfoque do conceito
de desenvolvimento deixou progressivamente de ser a satisfação das necessidades das
populações para passar a ser a realização das suas capacidades, exigindo o reforço e a
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7. DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
Gusfield (1975) faz uma diferenciação entre duas definições do termo comunidade. Em
primeiro lugar, pode significar contorno territorial, ou seja, a comunidade pode ser
entendida como uma cidade ou uma região. Para que cada cidadão se insira numa
qualquer sociedade/comunidade é necessário que adquira uma consciência de
propriedade sobre esse espaço geográfico. Em segundo lugar, existe um caráter
relacional, que constitui a chamada rede social. Uma das principais explicações para o
desenvolvimento comunitário é a identificação da necessidade do espaço geográfico
interligado à rede social inerente a todas as comunidades e regiões.
Para Weber (1972) as mais íntimas relações dentro de uma comunidade são marcadas
por diferenças entre as pessoas que dela fazem parte. Embora as comunidades sejam
heterogéneas, o sentimento que as caracteriza provoca-lhes uma identidade social
comum, uma relação de pertença na comunidade em que se insere.
Este processo de construção e/ou descoberta da identidade comum a um grupo está
associado à necessidade de ser (re)conhecido pelos outros.
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Para quê o desenvolvimento?” (...) Não estará em causa o próprio modelo de sociedade
que, tendo como fulcro o crescimento económico, toma os homens simples
«marionettes» de produção e de consumo dependentes de poderes cada vez mais
autocráticos e distantes? Mas a crise em vez de descalabro poderá ser o alarme
necessário para a invenção progressiva duma outra qualidade de vida em que a
convivência seja aprofundada, o que nos une seja mais sublinhado que o que nos separa,
em que a criatividade tenha mais importância que uma ortodoxia qualquer (...).”
(Imperatori, 2010 p. 121).
O acesso à informação é inevitavelmente um fio condutor para o desenvolvimento
económico e social de comunidades. O uso da metodologia de análise de redes sociais
vem-se difundindo rapidamente, nos últimos anos, trazendo contributos significativos
para a compreensão do papel social no desenvolvimento. “A construção de redes sociais
e a consequente aquisição de capital social estão condicionadas por fatores culturais,
políticos e sociais. (...) A combinação da metodologia de análise de redes com uma base
teórica sólida amplia os espaços de pesquisa, em um espectro que vai das pesquisas
sobre o acesso às informações básicas sobre saúde pública em comunidades urbanas ao
comércio internacional, passando pela análise do desenvolvimento regional, através do
estudo dos arranjos produtivos locais.” (Marteleto, 2010, p.62).
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Apenas com todos estes passos será possível a adoção de uma política de
desenvolvimento comunitário fiel e benéfica para uma comunidade ou região.
8. DESENVOLVIMENTO LOCAL
O desenvolvimento local é um processo endógeno desenvolvido em pequenas unidades
territoriais (regiões, cidades, vilas, etc.) para promover o dinamismo económico e a
melhoria da qualidade de vida da população. Para que possa ser um processo consistente
e sustentável, o desenvolvimento deve promover oportunidades sociais e a viabilidade e
competitividade da economia local, aumentando as formas de riqueza, ao mesmo tempo
que defende a conservação dos recursos naturais.
O desenvolvimento local está relacionado com o afirmar de uma identidade territorial,
ou seja, as ações e/ou projetos realizam-se em localidades que se distinguem entre si.
Este desenvolvimento é resultado do esforço de identificar, reconhecer e valorizar os
benefícios locais, aproveitando e desenvolvendo as potencialidades de determinado
espaço. Resulta de escolhas que aumentam as possibilidades de alcançar um futuro
evolutivo e dinâmico, deste modo, é sempre relevante o planeamento e a gestão dos
espaços. O envolvimento e o compromisso dos cidadãos para a construção do seu
futuro, enquanto cidadãos locais, dependem a participação nos projetos e atividades que
possam de algum modo contribuir para a realização do plano de desenvolvimento
existente em cada local. Isto significa que o sucesso das ações/projetos está dependente
da atitude empreendedora da população local.
O conceito de desenvolvimento local começou a tornar-se relevante após o
reconhecimento do grande fenómeno da globalização, entendida como um processo de
ampliação, inclusão e troca entre os mercados. A globalização é resultado dos avanços
no que respeita ao desenvolvimento científico, tecnológico e da informação, que
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À medida que o tempo passa, o desenvolvimento local é cada vez mais visto como um
conjunto de práticas, ações, procedimentos e metodologias, sendo muitas vezes
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apresentado como um processo simples, com alguns passos a seguir para atingir
determinadas finalidades. De referir, no entanto, que criar desenvolvimento é muito
mais do que seguir passos ou receitas: cada comunidade tem as suas especificidades,
cada uma delas tem a sua forma de união e criação de trabalho e esforços para um
desenvolvimento e evolução comuns. Esta perspetiva redutora do desenvolvimento local
que se cinge a uma prática e consequente receita vai fazendo esquecer que o
desenvolvimento local representa, antes de mais, uma opção política, principalmente
devido aos financiamentos e apoios estatais.
Em termos metodológicos, as ações de desenvolvimento local ocorrem geralmente em
pequenos territórios, principalmente aldeias e vilas, sendo estas os locais mais
beneficiados aquando da implementação de projetos de desenvolvimento comunitário,
territórios quase sempre menos desenvolvidos e com mais necessidades de apoio que as
cidades. A metodologia a adotar deve ter em conta a comunidade em que se insere,
partindo de uma avaliação do local e da sua população.
Outro aspeto relacionado com o desenvolvimento local que importa salientar refere-se
ao facto de este implicar a articulação entre diversos atores, sejam eles elementos da
sociedade civil, organizações não-governamentais, instituições privadas e políticas e o
próprio governo. Cada um dos atores deve contribuir com a sua função na promoção do
desenvolvimento local (Buarque, 1999).
Assim, o desenvolvimento local pressupõe uma transformação consciente e coerente da
realidade local em que ocorre (Milani, 2005). Especificando, em articulação com a
sociedade, as esferas de poder, as organizações não-governamentais, as instituições
privadas e políticas e o governo devem contribuir, em conciliação com a sociedade, para
o desenvolvimento local.
Por fim, devemos ter em consideração o desenvolvimento local e a descentralização que
são processos diferentes, embora quase sempre interligados e complementares um do
outro: a descentralização deve ser um apoio de grande importância para o
desenvolvimento local, visto que quando existe a descentralização de serviços, projetos,
infraestruturas ou outros, estes tornam-se inevitavelmente um elo de ligação entre o
desenvolvimento e a população e esta ligação surge com o auxílio dessa mesma
descentralização. No entanto, a descentralização pode contribuir significativamente para
o desenvolvimento local, como consequência de iniciativas das populações locais, de
forma a levar a todos projetos e ações, mesmo estando fora das grandes camadas
populacionais.
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De referir também que o desenvolvimento local, por si só, não resolve o problema do
desemprego crescente, embora possa de facto contribuir para a criação e conservação de
alguns empregos. De igual modo, o desenvolvimento local, por si só, não consegue
limitar ou estagnar o envelhecimento das populações e a migração dos jovens. Com
efeito, estes processos são consequências de todo um descontrole político e social em
que estamos envolvidos presentemente. Ainda assim, acreditamos que o
desenvolvimento local é um ponto fulcral para um crescimento e melhoria da qualidade
de vida das populações a vários níveis.
Daí que na opinião de Azevedo, Magalhães e Pereira (2010, p.51) “as metas de
sustentabilidade definidas à escala global, regional ou mesmo local são encaradas com
uma dose apreciável de ceticismo, uma vez que em grande parte dos casos os meios
necessários para que a mudança preconizada ocorra não são disponibilizados”. No
entanto, segundo estes autores, “assiste-se, simultaneamente, à construção de uma nova
consciência, consubstanciada em novas atitudes e comportamentos que indicam, no
cidadão em geral, a esperança, paciência e pro-atividade para que o caminho se faça
continuando”.
Para Franco (2001), apenas é sustentável o que podemos articular em rede, ou seja, com
interdependência, com diversidade e com flexibilidade. É urgente uma profunda
mudança do pensamento para que cada um adquira e/ou desenvolva a capacidade de
reconhecer a responsabilidade que tem na aplicação das estratégias para o
desenvolvimento do território local, no seu nível de sustentabilidade e na capacidade de
progresso da comunidade a que pertence.
A solução para garantir um desenvolvimento sustentável é “encarar a defesa da vida na
Terra como razão de ser da própria vida (...) e assegurar a viabilidade de cada um dos
sistemas que compõe o ecossistema humano” (Azevedo, Magalhães e Pereira, 2010, p.
45). De acordo com Gómez, Freitas e Callejas (2007), a Organização das Nações
Unidas descreve o desenvolvimento sustentável de uma forma clara e concisa: “o
desenvolvimento sustentável está nas mãos da humanidade – que satisfaça as
necessidades da presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações
satisfazerem as suas” (Gómez, Freitas e Callejas, 2007, p.87).
Assim sendo, viver de forma sustentável, significará certamente uma grande mudança
nas atitudes dos seres humanos. Como refere o relatório “Cuidar do planeta terra”
(1991) elaborado com o apoio das Nações Unidas, é necessário aceitar as consequências
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de fazer parte de uma comunidade e tornar ampla a consciência dos efeitos nas decisões
acerca de outras sociedades e futuras gerações.
Para este projeto estiveram envolvidas diversas entidades, todas elas com diferenciados
papéis, mas também todas elas com elevada importância para o sucesso do mesmo.
Assim, as entidades envolvidas foram as seguintes: Ministério da Agricultura –
Sustenta, FDC, Foi criada uma estruturação metodológica para a concretização do
projeto separada em seis momentos: Preparação, criação de um estudo detalhado das
condições económicas e sociais da freguesia; Informação e dinamização das ações a
desenvolver, isto através de contatos com a administração local e em seguida através de
reuniões com as populações para informá-las claramente acerca do trabalho a
desenvolver e das metas a atingir; Organização local, ou seja, a criação de grupos locais
responsáveis por cada setor (infraestruturas, agricultura, indústria e saúde); Apoio a
projetos que correspondiam às necessidades e aspirações da população; Elaboração,
juntamente com a população, de um plano de desenvolvimento e a Colocação de
estagiários de serviço social na zona, assegurando a dinamização e organização da
população. A intervenção teve uma duração definida de três anos passando, a partir
dessa altura, a população a assegurar a continuidade do processo e de todo o seu
progresso.
Consequentemente foram obtidos resultados, dos quais destacamos alguns deles.
Verificamos que os resultados dos três anos de implementação do projeto estão
divididos em dois aspetos fundamentais: as realizações a nível material, ou seja,
infraestruturas conseguidas e evolução das mentalidades da população da Benedita.
Quanto à primeira, podemos destacar a agricultura e a pecuária (plantação de pomares,
construção de explorações de animais e a criação da cooperativa agrícola); na indústria
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11. METODOLOGIA
11.1. PROBLEMÁTICA
O estudo que apresentamos, ao situar-se no âmbito do desenvolvimento comunitário,
como referimos na introdução deste relatório, pretende analisar até que ponto, e de que
modo, um projeto de desenvolvimento numa comunidade pode contribuir para o seu
sucesso e evolução a diversos níveis, ajudando a construir e (re)construir novas formas
de pensamento, trabalho, educação e convivência na vila de Benedita.
Segundo Manuela Silva (1992), “no processo de reflexão, considerámos que o processo
de Desenvolvimento Comunitário da vila foi o vai bem sucedido dos que ocorreram ao
longo e Graças a este sucesso Nhamatanda tornou-se uma vila em constante evolução e
capaz de movimentar a indústria, a educação e as comunidades proporcionando à vila
uma crescente e acentuada movimentação económica. É através desta enfase económica
que a vila se tornou num exemplo vivo do que um projeto de desenvolvimento local,
bem sucedido, pode trazer a uma população fechada e com graves atrasos no seu
desenvolvimento.
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11.3. AMOSTRA
Para a nossa investigação foi efetuada uma seleção de pessoas situadas em dois polos na
linha do tempo na história da vila. Para isto, foram selecionadas três pessoas nascidas
antes da década de sessenta, que de alguma forma estiveram ligadas ao projeto de
desenvolvimento comunitário da vila de Nhamatanda e outras três que presentemente
colaboram na comemoração e destaque deste projeto passado.
A escolha dos entrevistados foi efetuada com o parecer do orientador, com o apoio de
outras pessoas que nos auxiliaram na recolha de informação.
O primeiro grupo são pessoas maiores de setenta e cinco anos, maioritariamente
naturais da vila, e na altura jovens ambiciosos e com grande interesse pelo
desenvolvimento local e pela educação na vila. O segundo grupo são pessoas entre os
cinquenta e os setenta anos, também naturais da vila. Fazem parte de um extenso grupo
de pessoas que se organizaram para dar enfase ao projeto, comemorá-lo e recordá-lo,
despertando na população o espírito de união e entreajuda.
Para a realização do nosso estudo surgiram alguns entraves, pois em primeiro lugar,
partes dos testemunhos vivos do projeto têm já idades avançadas daí uma grande
dificuldade em marcar encontro com os mesmos. Em segundo lugar, alguns dos
entrevistados residem a longos quilómetros, então houve necessidade de adaptação da
vida pessoal e profissional de entrevistador e entrevistados para que a entrevista fosse
possível.
11.5. TRATAMENTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Para a análise dos resultados foi efetuada uma transcrição literal e pormenorizada das
respostas dadas pelos entrevistados. Assim, o conteúdo das entrevistas foi o objeto de
análise, de forma a testarmos as hipóteses colocadas em estudo.
Para a interpretação mais clara das entrevistas realizámos um quadro no qual
esquematizámos todos os pontos de análise pertinentes, ao qual chamámos de matriz de
análise de conteúdo.
A matriz de análise de conteúdos diz respeito a duas diferentes entrevistas (A e B) e
ambas apresentam a categoria “Projeto de Desenvolvimento Comunitário” e “Impacto
do projeto”, diferem apenas na última categoria “Impacto do projeto” (A) e
“Potencialidades” (B) que se ramificam em algumas subcategorias diferentes nas
entrevistas A e B.
Segundo Carmo e Malheiro (2008) a seleção das categorias deverá ser exaustiva,
exclusiva, no sentido que, o conteúdo deve classificar e definir claramente, a
codificação das diferentes categorias, selecionadas pelo investigador e por fim, as
categorias devem ser sucintas e, pertinentes com os objetivos estipulados, para melhor
compreensão do estudo.
técnicos para passar a ser um processo entre as pessoas que passam a ser consideradas,
em simultâneo, os sujeitos e agentes da ação.
como uma localidade com um potencial económico bastante elevado e promissor dentro
do concelho.
domésticas “para grandes sociedades fabris, o que levou mais gente à vila,
principalmente comerciantes, e surgiram oportunidades de emprego, aumentando o
poder económico da população. Também as questões agrícolas tiveram relevância. Foi
criada uma cooperativa agrícola, que tornou o trabalho agrícola mais organizado e
rentável para todos”(B1).
De facto é unânime que graças a todo o processo a vila é hoje uma potência económica
a nível distrital. De todos os esforços conseguidos pela população nos anos de
crescimento mais acentuado (1960 a 1964) foram fruto: as grandes indústrias de
cutelaria que presentemente têm destaque a nível nacional e internacional e a indústria
do calçado, que desde início formou fábricas com sócios e que cresceram tornando-se
também, presentemente, uma reconhecida área industrial da freguesia. A aceitação de
propostas e opiniões do grupo por parte da população tornou-se o trilhar do caminho
para o sucesso que todas aquelas empresas conseguiram até hoje. Estas áreas de
trabalho, no geral, são agora o orgulho da população e quem faz da vila.
13. Conclusões
Quando se começou a falar sobre o conceito de desenvolvimento, ele era muito
vinculado apenas a uma lógica econômica e desenvolvimentista. Posteriormente,
odiscurso do desenvolvimento foi ampliando as concepções para lógicas sociais e
políticas. A grande importância que a discussão acerca do desenvolvimento local
alcançou justifica o fato de que, sem a participação da comunidade, é muito difícil tal
processo ocorrer. Já que para isso é preciso haver o desenvolvimento e a participação
dos indivíduos, de modo que potencializem suas habilidades, conhecimentos a fim de
gerir melhor os recursos disponíveis na comunidade para o bem-estar dos mesmos. O
Estado não é o único responsável pelas políticas de desenvolvimento, pois a
comunidade também está sendo responsabilizada, coparticipante através de eixos de
capital social, construção de parcerias pública, privada e comunitária. A partir da
construção deste artigo foi constatado que o desenvolvimento local não está relacionado
apenas ao crescimento econômico, mas a outros determinantes, tais como: envolvimento
da comunidade nos processos decisórios, articulação entre diversos atores e esferas de
poder, dentre outros. Portanto, o papel dos indivíduos na concretização das ações,
tornando-se protagonista local a partir da cooperação, na resolução das demandas, é de
fundamental importância para o processo de desenvolvimento local e para a melhoria da
sua qualidade de vida.
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