Carl Rogers e A Abordagem Centrada Na Pessoa

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Carl Rogers e a Abordagem Centrada

na Pessoa
Por Lucas A. / 1 Comentário
Você já ouviu falar da Abordagem Centrada na Pessoa, do
psicólogo humanista Carl Rogers? Ela nasceu através de anos de
investigação de Rogers, foi um tanto revolucionária para o seu tempo
e inspirou Marshall Rosenberg no desenvolvimento da Comunicação
não violenta.    
Um breve contexto:
Rogers foi um psicólogo americano que, em 1940, desenvolveu uma
forma de terapia não-diretiva a partir de seus estudos e experiências.
Atendendo pessoas com os artifícios da psicanalise e do behaviorismo,
ideias em voga na época, ele percebeu que alguns casos não
apresentavam nenhum tipo de melhora. Alguns a ponto de esgotar
todos os recursos e técnicas que tinha em mãos.  

Pra esses casos, não havendo mais nada a fazer, ele decidiu que o
mínimo que poderia oferecer, diante dessas pessoas em sofrimento,
era uma escuta atenciosa e respeitosa. E foi o que fez.  

Dessa escuta, ele começou a notar profundas transformações nesses


casos que antes pareciam não ter nenhuma solução. As pessoas
começavam a caminhar e encontrar respostas satisfatórias para as suas
questões de vida. Respostas que vinham delas mesmas. Respostas
que nenhum tipo de aconselhamento foi capaz de sequer se aproximar.
Percebendo que o que estava acontecendo ali era realmente
significativo, Rogers começou a investigar, pesquisando
profundamente o que viria a se tornar a abordagem centrada na
pessoa.  

As atitudes facilitadoras de crescimento


Nas palavras do próprio Rogers, em seu livro Um Jeito de Ser, temos
os princípios que fundamentam a sua abordagem:  

A hipótese central dessa abordagem pode ser colocada em poucas


palavras. Os indivíduos possuem dentro de si vastos recursos para a
autocompreensão e para modificação de seus autoconceitos, de suas
atitudes e de seu comportamento autônomo. Esses recursos podem ser
ativados se houver um clima, passível de definição, de atitudes
psicológicas facilitadoras.  
Essa capacidade de se autocompreender e modificar seus
autoconceitos é o que ele chama de tendência atualizante. Uma
tendência presente na vida de qualquer organismo, que estará sempre
buscando realizar todas as possibilidades que lhe são inerentes.  
A Abordagem centrada na pessoa é, portanto, uma abordagem baseada
em uma relação de confiança entre terapeuta e cliente. Seguindo:  

“Há três condições que devem estar presentes para que se crie um
clima facilitador de crescimento. Estas condições se aplicam
indiferentemente à relação terapeuta-paciente, pais-filhos, líder e
grupo, administrador e equipe. Estas condições se aplicam, na
realidade, a qualquer situação na qual o objetivo seja o
desenvolvimento da pessoa. Já descrevi essas condições em outros
trabalhos. Apresento aqui um pequeno resumo do ponto de vista da
psicoterapia, mas a descrição se aplica a todas as relações
mencionadas”. 
1) Congruência
A abordagem centrada na pessoa, assim, nos convida à primeira
atitude facultadora:

“O primeiro elemento poderia ser chamado de autenticidade,


sinceridade ou congruência. Quanto mais o terapeuta for ele mesmo
na relação com o outro, quanto mais puder remover as barreiras
profissionais ou pessoais, maior a probabilidade de que o cliente
mude e cresça de um modo construtivo.Isto significa que o terapeuta
está vivendo abertamente os sentimentos e atitudes que fluem naquele
momento.
O termo “transparente”expressa bem a essência dessa condição: o
terapeuta ou a terapeuta se faz transparente para o cliente. O cliente
pode ver claramente o que o terapeuta é na relação: o cliente não se
defronta com qualquer resistência por parte do terapeuta. Do
mesmo modo que para o terapeuta, o que o cliente ou a cliente vive
pode se tornar consciente, pode ser vivido na relação e pode ser
comunicado se for conveniente. 
Portanto, dá-se uma grande correspondência, ou congruência, entre
o que está sendo vivido em nível profundo, o que está presente na
consciência e o que está sendo expresso pelo cliente”. 
2) Consideração positiva incondicional
“A segunda atitude importante na criação de um clima que facilite a
mudança é a aceitação, o interesse ou a consideração — aquilo que
chamo de “aceitação incondicional”. Quando o terapeuta está tendo
uma atitude positiva, aceitadora, em relação ao que quer que o
cliente seja naquele momento, a probabilidade de ocorrer um
movimento terapêutico ou uma mudança aumenta.  O terapeuta
deseja que o cliente expresse o sentimento que está ocorrendo no
momento, qualquer que ele seja — confusão, ressentimento, medo,
raiva, coragem, amor ou orgulho. Este interesse por parte do
terapeuta não é possessivo. O terapeuta tem uma consideração
integral e não condicional pelo cliente”. 
3) Compreensão empática
O terceiro aspecto facilitador da relação é a compreensão empática.
Com isso quero dizer que o terapeuta capta com precisão os
sentimentos e significados pessoais que o cliente está vivendo e
comunica essa compreensão ao cliente.
Quando está em sua melhor forma, o terapeuta pode entrar tão
profundamente no mundo interno do paciente que se torna capaz de
esclarecer não só o significado daquilo que o cliente está consciente
como também do que se encontra abaixo do nível de consciência.
Este tipo de escuta ativa e sensível é extremamente raro em nossas
vidas. Pensamos estar ouvindo, mas muito raramente ouvimos e
compreendemos verdadeiramente, com real empatia. E, no entanto,
esse modo tão especial de ouvir é uma das forças motrizes mais
poderosas que conheço.
De que modo este clima que acabo de descrever leva à
mudança? Resumidamente, eu diria que se as pessoas são aceitas e
consideradas, elas tendem a desenvolver uma atitude de maior
consideração em relação a si mesmas. Quando as pessoas são
ouvidas de modo empático, isto lhes possibilita ouvir mais
cuidadosamente o fluxo de suas experiências internas. Mas à medida
que uma pessoa compreende e considera o seu eu, este se torna mais
congruente com suas próprias experiências. A pessoa torna-se então
mais verdadeira, mais genuína.
Essas tendências, que são a recíproca das atitudes do terapeuta,
permitem que a pessoa seja uma propiciadora mais eficiente de seu
próprio crescimento. Sente-se mais livre para ser uma pessoa
verdadeira e integra.  
Faz sentido pra você? Comenta aí embaixo o que achou!  

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