Manual Asperger
Manual Asperger
Manual Asperger
Relacionamento social,
Uso da linguagem para a comunicação
Características de comportamento e estilo envolvendo características repetitivas ou
perseverativas sobre um número limitado, porém intenso, de interesses.
Estas características podem estar presentes, mas, porque cada caso é um caso, variam muito
em número e grau de indivíduo para indivíduo. Podem variar de relativamente amena a
severa.
Elevadas habilidades cognitivas, Q.I. normal, às vezes indo até as faixas mais altas;
Boa evocação da informação factual
Excelente memória visual
Funções de linguagem normais. Embora características "normais" de linguagem seja
uma característica da Síndrome de Asperger, usualmente há algumas diferenças
observáveis na forma como as crianças usam a linguagem:
o Às vezes soa formal ou pedante;
o Expressões idiomáticas e gírias são frequentemente não usadas ou usadas
erroneamente e as coisas são frequentemente tomadas literalmente.
o A compreensão da linguagem tende ao concreto, com problemas crescendo
quando a linguagem se torna mais abstracta nos graus mais elevados.
o Pragmática, ou informal, habilidades de linguagem são frequentemente fracas
devido a problemas com retornos, uma tendência a reverter para áreas de
interesse especial ou dificuldade de sustentar o "dar e receber" das conversas.
o Muitas crianças com Síndrome de Asperger têm dificuldade com humor, não
entendem brincadeiras, particularmente coisas como trocadilhos ou jogos de
palavras.
o Algumas crianças com Síndrome de Asperger tendem a ser hiperverbais, não
entendendo que isso interfere com suas interacções com os outros e afastando-os.
Dificuldades nas relações sociais: Têm dificuldade em perceber sinais não-verbais, incluindo os
sentimentos traduzidos em expressões faciais. O que levanta problemas em criar e manter
relações com pessoas que não percebem esta dificuldade.
Por norma falam e leêm com pouca entoação e traduzem as palavras de forma literal.Podem
falar com fluência, mas parecem não ligar às reacções das pessoas com quem falam. Podem
falar sem parar nem mudar de assunto, independentemente do interesse mostrado pelo seu
ouvinte, e podem parecer insensíveis aos seus sentimentos.
Gosto por Rotinas: Não gostam de alterações ou mudanças. As crianças podem impor as suas
rotinas, tais como insistir em seguir sempre o mesmo caminho para a escola. Na escola podem
ficar nervosos com uma alteração no horário, ou mudança de professor.
Gostam normalmente de ter uma rotina diária coerente e imutável. Se trabalham de acordo
com um horário, um atraso inesperado, devido a uma demora nos transportes ou a problemas
de tráfego, podem torná-los muito nervosos ou ansiosos.
Sensibilidade Sensorial: Podem ter resposta exagerada a alguns estímulos, podendo afectar
quaisquer dos cinco sentidos. Por ex. não suportar que lhe mexam na cabeça, não gostam de
tocar em determinadas texturas, não suportam certos sons.
Os sinais de alerta
Existe alguma informação que leva a pensar ser a SA provocado por um conjunto de factores
neurobiológicos que afectam o desenvolvimento cerebral, e não ser devida, como se chegou a
pensar, a privação de afecto, ou à criança ter crescido num ambiente demasiado austero.
Perante alguns dos sinais de alerta, é aconselhável que a criança seja observada numa consulta
especializada:
Pediatria do desenvolvimento, neuro pediatria ou pedopsiquiatria, para que possa ser feita
uma avaliação global das suas características, a nível físico e psicológico.
O diagnóstico precoce é muito importante, pois poder-se-á propor uma intervenção imediata e
directa sobre as áreas específicas nas quais a criança apresenta dificuldades, estabelecendo
um acompanhamento adequado e os recursos necessários a que têm direito, de forma a
promover ao máximo as suas potencialidades, que não raras vezes se revelam surpreendentes.
Deixamos uma nota especial em relação ao diagnóstico no sexo feminino, que se apresenta
muitas vezes difícil de fazer, já que frequentemente são confundidas com as características
próprias da SA, muitas vezes subtis, a timidez ou recato próprio das raparigas.
Existem vários critérios de diagnóstico de diversos autores, nomeadamente Gillberg & Gilberg
e Tony Attwood, bem como o DSM (Classificação Internacional de Doenças Mentais). Uns dão
mais ênfase a determinadas características, mas todos se baseiam num conjunto de critérios
comportamentais.
Como lidar com a Criança com síndrome de Asperger?
As crianças com SA gostam de ter controlo sobre as actividades. Neste sentido, é importante
ajudá-la a tolerar sugestões alternativas ou a inclusão de outras crianças, explicando-lhe que o
que faz não está errado mas que se for partilhado ficará muito melhor (porque pensado em
conjunto).
Planeie com ela actividades ou até mesmo passeios para fazer com um amigo(a) de forma a
que a visita seja estruturada e bem sucedida. É importante a presença de um adulto para
precaver ou atenuar possíveis efeitos negativos relacionados com as dificuldades ao nível das
competências sociais da criança. Um momento bem passado poderá ser um forte incentivo
para que novas situações se proporcionem.
Ao inscrevê-la por exemplo nos escuteiros, grupo de música ou teatro, estará a alargar as suas
experiências sociais. Estes tipos de actividades têm a vantagem de serem, normalmente
supervisionadas e estruturadas. Deverá no entanto informar o adulto responsável das
características da criança e quais as estratégias de integração mais eficazes.
Estratégias de Treino Comportamental Social:
Interpretação literal:
Prosódia:
Verbalização de pensamentos:
Interesses especiais:
Memória:
Flexibilidade do Pensamento:
Pensamento visual:
Sensibilidade auditiva:
Sensibilidade táctil:
Sensibilidade ao paladar:
Sensibilidade visual:
Sensibilidade à dor:
Provavelmente a criança com SA necessita de orientação quanto à sua vez de falar, a permitir
que todos tenham oportunidades iguais e a aceitar as sugestões dos colegas. Em jogos
competitivos poderá desejar ser a primeira, o que não tem a ver com superioridade mas com a
vontade de saber qual o seu lugar no grupo e com o facto de se sentir satisfeita.
É importante ensiná-la a pedir ajuda a outras crianças, para que o adulto não seja a única
figura a ser vista como fonte de conhecimento e segurança.
Encorajar as amizades:
De início, pode ser útil identificar e encorajar a interacção com um número restrito de colegas
que se mostrem dispostos a ajudar e a brincar com ela. Não interessa se é rapaz ou rapariga,
interessa que sejam potenciais amigos para que a envolvam nas actividades, dentro e fora da
sala de aula. Elas poderão vir a ajudá-la a lidar com situações de recriminação, a integrá-la nos
jogos de grupo, a agir em sua defesa na sala de aula e a ajudá-la a compreender como tem de
proceder quando a professora não está presente ou disponível. É de facto surpreendente o
apoio e a tolerância de que certas crianças são capazes.
Para a maior parte das crianças, os melhores momentos do dia na escola é o recreio. No
entanto, a falta de vigilância e a intensa interacção podem ser negativas para a criança com SA,
tendo em conta a sua vulnerabilidade. Os responsáveis pela supervisão destes momentos
devem ser informados das características da criança de forma a evitarem possíveis conflitos e a
promoverem o envolvimento ou mesmo a sua necessidade de estar só.
Controlar possíveis efeitos adversos da tensão relacional:
Muitas das competências de que carecem as crianças com SA não são ensinadas como
componentes específicos do currículo escolar, sendo essencial que mantenha os apoios
educativos, a fim de lhe proporcionar um ensino individual ou em pequenos grupos e melhorar
o seu comportamento social. Neste apoio o número de horas deve ser estabelecido caso a
caso, tendo sempre em conta as necessidades específicas de cada criança.
Existem algumas áreas curriculares que se revelam mais problemáticas e merecem especial
atenção, como é o caso da língua portuguesa. Nesta patologia existe compromisso ao nível da
comunicação, com alterações da pragmática (forma como a linguagem é usada em contexto
social), da semântica (as crianças não reconhecem que a mesma palavra pode ter vários
significados), muitas vezes acompanhada de um discurso sem modulação e monótono, com
alterações da compreensão, incluindo interpretações erradas de significados literais ou
implícitos. Isto é, a aluna apesar de ter capacidade para a leitura, de conseguir descodificar as
palavras, pode não conseguir compreender exactamente aquilo que leu. Faz muitas vezes uma
interpretação literal do texto tendo dificuldade em interpretar imagens e metáforas. As
composições escritas são muito lacónicas e factuais, como se de um inventário se tratasse. Por
isso, dada a dificuldade para pensar com imaginação ser limitada, podem ter problemas na
escrita criativa, uma vez que têm dificuldade em pensar com criatividade e flexibilidade, que
impedem o seu progresso nesta disciplina.
Outra dificuldade reside no pedir ajuda e na resolução de problemas. Enquanto a maioria das
crianças pede ajuda prontamente quando não tem a certeza de alguma coisa, estas crianças
têm muita dificuldade em fazê-lo. Em primeiro lugar porque têm dificuldade em resolver
problemas – em combinar os elementos de uma tarefa para as ajudarem a chegar a uma
conclusão. Pedir ajuda é um dos elementos do processo de resolução de problemas. Estas
crianças não se apercebem necessariamente da relação entre o problema e a ajuda externa.
Por outro lado, dada a dificuldade que têm para reconhecer a existência de diferentes pontos
de vista, podem não se aperceber de que outra pessoa possa ter a solução para o problema
com que se deparam. Infelizmente este comportamento pode ser confundido com preguiça ou
falta de motivação – se pensarmos que o aluno não quer trabalhar, e não que simplesmente
não consegue avançar.
Insistência em semelhanças:
Crianças com AS são facilmente oprimidas pelas mínimas mudanças, altamente sensíveis a
pressões do ambiente e às vezes atraídas por rituais. São ansiosos e tendem a temer
obsessivamente quando não sabem o que esperar. Stress, fadiga e sobrecarga emocional
facilmente os afecta.
Sugestões:
Crianças com AS mostram-se inábeis para entender regras complexas de interacção social; são
ingénuas; são extremamente egocêntricas; podem não gostar de contactos físicos; fala nas
pessoas em vez de para elas; não entende brincadeiras, ironias ou metáforas; usa tom de voz
monótono ou estridente, não-natural; uso inapropriado de olhar fixo e linguagem corporal;
são insensíveis e com o sentido do tacto deficiente; interpretam erradamente as deixas sociais;
não conseguem julgar as “distâncias sociais” exibindo pouca habilidade para iniciar e sustentar
conversas; tem discurso bem desenvolvido mas comunicação pobre; são às vezes rotulados de
“pequeno professor” porque seu estilo de falar é semelhante ao adulto e pedante; são
facilmente passados para trás (não percebem que outros às vezes os roubam ou enganam);
normalmente desejam ser parte do mundo social.
Sugestões :
Crianças com AS têm preocupações excêntricas ou ímpares, fixações intensas (às vezes
coleccionando obsessivamente coisas não-usuais). Eles tendem a “leitura” implacável nas
áreas de interesse; perguntam insistentemente sobre seus interesses; tem dificuldades para ir
avante com ideias; seguem as próprias inclinações, a despeito da demanda externa; às vezes
recusam-se a aprender qualquer coisa fora do seu limitado campo de interesses.
Sugestões :
Não admitir que a criança com AS discuta perseverantemente ou faça perguntas sobre
interesses isolados. Limitar esse comportamento designando um tempo específico do
dia, quando a criança pode falar sobre isso. Por exemplo: a uma criança com AS com
fixação em animais e tem inumeráveis perguntas sobre um tipo de tartarugas ser
permitido fazer essas perguntas somente durante o recreio. Isso fará parte de sua
rotina diária e ela aprenderá rapidamente a se interromper quando começar a fazer
esse tipo de perguntas em outros horários do dia;
Uso de reforço positivo selectivo, direccionado a formar um comportamento desejado,
é uma estratégia crítica para ajudar crianças com AS. Essas crianças respondem a
elogios (por exemplo, no caso de um perguntador contumaz, o professor poderia
premiá-lo consistentemente assim que ele pare e congratulá-lo por permitir que os
outros também falem). Essas crianças também devem ser premiadas por
comportamentos simples e esperados que absorva de outras crianças;
Algumas crianças com AS não querem ensinamentos fora de sua área de interesse.
Exigência firme deve ser feita para completar o trabalho de classe. Deve ficar muito
claro para a criança AS que ela não está no controle e tem que seguir regras
específicas. Ao mesmo tempo, no entanto, encontrar um meio-termo, dando-lhe a
oportunidade de perseguir seus próprios interesses;
Para crianças particularmente obstinadas, pode ser necessário inicialmente
individualizar todos os conteúdos em redor de sua área de interesse (por exemplo, se
o interesse é dinossauros, oferecer sentenças de gramática, problemas de
matemática, leitura e escrita sobre dinossauros). Gradualmente introduzir outros
tópicos.
Estudantes podem receber a tarefa de relacionar seus interesses com o tema em
estudo. Por exemplo, durante o estudo sobre um país específico, uma criança
obcecada por trens pode receber a tarefa de pesquisar os meios de transporte usados
naquele país;
Usar as fixações da criança como um caminho para abrir seu repertório de interesses.
Por exemplo, durante uma unidade “corredores da floresta” o estudante com AS que
tinha obsessão por animais foi levado não somente a estudar os animais corredores da
floresta, mas a própria floresta, que é a casa dos animais. Ele se motivou a aprender
sobre o povo local que era forçado a cortar as árvores do habitat dos animais da
floresta para sobreviver.
Concentração fraca:
Crianças com AS são frequentemente desligadas, distraídas por estímulos internos; são muito
desorganizados; tem dificuldade para sustentar o foco nas actividades de sala de aula
(frequentemente a atenção não é fraca, mas seu foco é “diferente”; os indivíduos com AS não
conseguem filtrar o que é relevante [Happe, 1991], de modo que sua atenção é focada em
estímulos irrelevantes); tendência a mergulhar num complexo mundo interno de uma maneira
mais intensa que o típico “sonhar acordado” e tem dificuldade para aprender em situações de
grupo.
Sugestões:
Crianças com AS são fisicamente desajeitadas e rudes; tem andar duro e desarmonioso; são
mal sucedidos em jogos envolvendo habilidades motoras; e experimentam deficit em
motricidade fina que causa problemas de caligrafia, baixa velocidade de escrita e afecta sua
habilidade para desenhar.
Sugestões
Sugestões
Crianças com Síndrome de Asperger tem a inteligência para cursar o ensino regular, mas elas
frequentemente não tem a estrutura emocional para enfrentar as exigências de sala de aula.
Essas crianças são facilmente stressadas devido à sua inflexibilidade. A auto-estima é pequena,
e eles frequentemente são muito autocríticos e inábeis para tolerar erros. Indivíduos com AS,
especialmente adolescentes, podem ser inclinados à depressão (é documentada uma alta
percentagem de adultos AS com depressão). Reacções de raiva são comuns em resposta a
stress/frustração. Crianças com AS raramente relaxam e são facilmente acabrunhados quando
as coisas não são como sua forma rígida diz que devem ser. Interagir com pessoas e copiar as
demandas do dia-a-dia lhes exige um esforço Hercúleo.
Sugestões:
Coordenação motora
Hipersensibilidades Sensoriais
Mantenha o nível de estimulação dentro da capacidade
A maioria das hipersensibilidades envolve a do estudante;
audição e o tacto, mas podem incluir também o Pode ser necessário evitar alguns sons;
gosto, a intensidade da luz, as cores e os Pode utilizar música para “abafar” sons desagradáveis;
aromas; Minimize ao máximo o ruído de fundo;
Alguns ruídos que podem ser percebidos como Em casos extremos use auscultadores;
extremamente intensos são: Ruídos Ensine e exemplifique estratégias de relaxação e jogos
repentinos, inesperados tais como um telefone para reduzir a ansiedade.
que soa, alarme de incêndio, ruído contínuo de
alta frequência, sons confusos, complexos ou
múltiplos como em centros comerciais
Esteja consciente que níveis normais de
percepção visual e auditiva podem ser
apreendidos pelo estudante como demasiado
baixos ou altos.
Expressões Idiomáticas: As crianças AS têm dificuldade em perceber e interpretar expressões
idiomáticas, muitas vezes tentam interpretá-las literalmente o que as deixa muito confusas.
Muitas delas são utilizadas no dia-a-dia sem nos apercebermos. Aos pais cabe a tarefa de as
ensinar e preparar para entender expressões utilizadas por todas. Eis uma lista de algumas
dessas expressões que lhes devem ser explicadas: