Analytica São João Del-Rei v. 10 N. 18 Janeiro Junho de 2021 1 de 20 A Clínica e A "Peste Psicanalítica" Na Contemporaneidade
Analytica São João Del-Rei v. 10 N. 18 Janeiro Junho de 2021 1 de 20 A Clínica e A "Peste Psicanalítica" Na Contemporaneidade
Analytica São João Del-Rei v. 10 N. 18 Janeiro Junho de 2021 1 de 20 A Clínica e A "Peste Psicanalítica" Na Contemporaneidade
1
Psicóloga e Psicanalista. Mestre pelo Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
Programa de Pós-Graduação Em Psicologia, Uberlândia/MG, Brasil. Membro da Comissão Organizadora da
Trilogia Psicanálise em Perspectiva.
2
Psicólogo e Psicanalista. Professor Associado do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU), Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Uberlândia/MG, Brasil.
3
Pós-doutora pela CWASU – Child and Woman Abuse Studies Unit, instituição vinculada à London Metropolitan
University, em Londres. Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra em Psicologia
pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Graduada em Psicologia pela Universidade
Federal de Uberlândia (UFU). Professora Associada 3 no curso de Psicologia – graduação e pós-graduação
strictu sensu – da Universidade Federal de Uberlândia. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase
em Programas de Atendimento Comunitário, atuando principalmente nos seguintes temas: família, infância,
adolescência, violência e instituição.
Introdução
Discorrer sobre a clínica psicanalítica é desafiador, uma vez que ela está em
constante reinvenção, mas a crença de que a sua ética não se altera, apesar de todas as
contingências, nos concede essa possibilidade.
Kehl (2002) aponta que a ética advinda das contribuições da Psicanálise é a
ética oriunda da clínica psicanalítica, pois é justamente na experiência clínica que surge a
demonstração de como se relaciona Psicanálise e ética, uma vez que a Psicanálise enxerga
o homem em seu eterno conflito entre liberdade e alienação ao inconsciente, “esse
estranho que age nele e ele não pode se descomprometer” (Kehl, 2002, p. 33). Daí, como
responsabilizar-se por algo que não se tem controle? De que maneira o homem lida com o
desejo que, por mais analisável que seja, lhe será sempre estranho?
A Psicanálise não busca a solução para esses impasses, pois não pressupõe
uma verdade definitiva para a natureza humana. Seu princípio básico é que o homem,
especialmente o moderno, é vazio de ser; por isso busca, por meio da análise de alguns
dispositivos como o laço social, estruturas de dominação de poder e práticas de linguagem,
respostas para a crise ética atual. A Psicanálise, mediante a análise crítica dessas condições,
intenta demonstrar que não existe uma verdade última que justifique as ações humanas, e
sim “circunstâncias humanas, de história e estruturas, que a produziram” (Kehl, 2002, p. 34).
Sendo assim, este ensaio busca analisar o estatuto ético-criativo da clínica
psicanalítica e, para tal, resgata como operadora a dimensão crítica da “peste psicanalítica”,
deflagrada no século XX, e a atualiza mediante as formas de subjetividade contemporâneas.
Nossa intenção é de não só apreendermos o caráter criativo da teoria psicanalítica de sempre
se reinventar, como demonstra sua história, mas também traçarmos caminhos que auxiliem
a Psicanálise e a sua prática a enfrentarem os desafios gerados na contemporaneidade.
O que temos acompanhado e o que se prenuncia é o risco de morte da própria
Psicanálise, uma vez que a sua teoria e prática contradizem e colocam em cheque as novas
formas de subjetividade e o que busca o homem contemporâneo.
A sociedade atual caminha conforme as coordenadas estipuladas por Guy Debord
em 1968, ou seja, um panorama de sociedade em forma de encenação performática no
qual o que importa é a aparência. Nesse modelo social, não importa muito o que ele é,
mas o que impera é uma absorção passiva desse desfile de imagens que estampa a
superfluidade do social. O suficiente é parecer que é alguma coisa, pois o que está em jogo é
o personagem socialmente exibido. “Esse desfile de imagens não convida ao pensamento,
mas à mimetização” (Pinheiro & Harzog, 2017, p. 47).
Paralela à superfluidez social, surgem também os maus presságios à Psicanálise.
Ela vem sendo bastante questionada não só em relação a seus tratamentos longos, mas,
sobretudo, quanto a sua eficácia. As literaturas atuais clamam por sua extinção, como vimos
na publicação, em 2005, do Livro Negro da Psicanálise, o qual traz duras críticas dos cognitivistas
à sua teoria e clínica. Vozes mais aquecidas pedem sua execução pelo fogo, o que expõe a
matéria de jornal que recebeu o título “É necessário queimar a Psicanálise?”, publicada em
abril de 2012 na revista francesa Le Nouvel Observateur. O escrito vinha em defesa dos pais
de crianças com autismo revoltados por entenderem que a Psicanálise os culpabilizam pelas
enfermidades de seus filhos e, por isso, deveria ser erradicada (Pinheiro & Herzog, 2017).
Nesse contexto, cabe-nos questionar: a clínica psicanalítica estaria sendo vítima
de si mesma ou teríamos nas características da contemporaneidade seus vorazes algozes?
Quando falamos de “peste psicanalítica”, referimo-nos à ruptura crucial sobre o
que pensava criticamente Freud acerca do mal-estar na civilização (moderna), gerando uma
descontinuidade em seu discurso, com necessidade de reordenação teórica e repercussão
em seu registro epistemológico. Pacheco Filho (2009b) auxilia na compreensão desses
fatos ao descrever:
humano altruísta, puro e livre de egoísmo, vivendo em uma sociedade harmônica, piedosa
e justa” (Lacan, 1955/1998, p. 404, como citado por Pacheco Filho, 2009b, p. 14).
Todavia, acredita-se que seja agora na atualidade que essa “doença” tem castigado,
mais drasticamente, a Psicanálise e lhe gerado desafios de caráter externos e internos. É
comum, nos dias de hoje, vermos a sua eficácia terapêutica colocada sob suspeita diante
dos psicofármacos e a sua fundamentação científica posta sob questão pelas neurociências
(Dunker, 2017). Comum também na atualidade acompanharmos a necessidade dos analistas
lidarem com as mudanças ocorridas no âmbito do imaginário social contemporâneo e o
lugar ocupado pela Psicanálise no campo dos saberes do psiquismo, evidenciados tanto
em seu registro prático quanto no teórico.
Por esse viés, [...] que, no segundo discurso freudiano sobre o social,
o discurso inicial foi colocado em questão de maneira radical. Em seu
discurso final sobre a modernidade, o pensamento psicanalítico colocou a
Psicanálise à prova do social, o que a obrigou a se reconstituir sobre novas
bases e outros fundamentos. (Birman, 2003. p. 124).
A questão lacaniana esclarece que, por mais que o sujeito tente fugir, ele jamais
escapará da paixão do saber, ou seria da paixão do não querer saber? É assim mesmo, algo
bem paradoxal, pois hoje, mais do que antes, o homem tem buscado conhecer tudo por
meio da internet, da mídia e da Medicina, no afã de se obter a pílula da felicidade, ou seja,
a forma de obter a beleza, a riqueza e a eterna juventude (Scotti, 2012).
Entretanto, a depressão revela que o sujeito abre mão de tudo isso e perde o sentido
da vida. O depressivo engana a si mesmo, pois o vazio que ele sente não é o do reflexo da
falta de sentido dos bens que não possui, mas da falta do desejo que não reconhece em si
(Scotti, 2012). Há uma culpa, mas não é daquilo que ele acredita se culpar, e sim por ceder
do desejo e da angústia que o acompanha, já que todo desejo humano é conflituoso. Como
afirma Lacan, o desejo está fadado à insatisfação, na medida em que é desejo de outra coisa,
ou seja, “é sempre o desejo por algo substitutivo ao objeto proibido” (Scotti, 2012, p. 58).
A Psicanálise inaugurou uma nova ética, a que convida o homem a responsabilizar-se
até mesmo pela criança que nele habita e que, em certos momentos, o leva a agir de maneira
impensada e com ideais fundamentalmente narcísicos. A ética da Psicanálise nos responsabiliza
pelo lixo, pelos restos que cada um produz e pelo destino que damos a eles (Scotti, 2012). É
ela que busca ajudar o homem a questionar o seu desejo, mas as patologias da atualidade têm
demonstrado que o homem tem se esquivado disso. Na esteira dos destinos do desejo, faz-se
necessário evidenciar algumas considerações sobre as novas formas de subjetivação.
Vemos assim que, diversamente do saber objetivo da Medicina, o saber do analista é apenas
suposto, é um saber que lhe é atribuído pelo analisante sobre o mal que o afeta, ainda que o
analista nada saiba sobre esse paciente. Quando esse saber surge, ele é construído na relação
analítica, sendo, portanto, um saber singular, exclusivo daquela relação (Aflalo, 2012).
Candi (2009, p. 223) descreve que
Podemos ver que o fazer do analista trata-se de uma experiência que modifica o
sujeito. Ainda no texto “A questão da análise leiga: conversa com uma pessoa imparcial”,
Freud (1926) nos esclarece como ocorre essa mudança e como se dá a escuta do analista,
ao diferenciá-la da escuta de um penitente, pois na confissão o pecador diz o que sabe, e
na análise o neurótico haverá de dizer ainda mais, ou seja, aquilo que não sabe que sabe.
Prossegue demonstrando que o analista se difere do penitente e do hipnotizador, visto
que em sua técnica não usa de distração ou dissuasão. Dá continuidade ao seu diálogo com
uma “pessoa imparcial” apresentando a constituição do aparelho anímico, o conflito entre
o Eu e o Isso, o inconsciente, a pulsão e o recalque, definindo assim a análise como “uma
experiência pela qual o recalque é suspenso, reconciliando o sujeito com os valores que lhe
são mais caros” (Aflalo, 2012, p. 35).
Essa descrição do trabalho psicanalítico revela a singularidade do seu saber
mediante sua universalidade teórica. Nesse sentido, podemos apreender que no exercício
de seu ofício o analista, mesmo estando balizado por conceitos, tem a ciência de que o seu
saber não lhe traz garantias, ou seja, ele ainda não tem certeza do que seu paciente precisa.
O paciente pergunta: o que eu faço? E, às vezes, ele não terá a resposta. Nesse caso, a regra
primorosa da Psicanálise quando não sabe o que fazer é “não faça nada”. A regra de ouro
é o silêncio. Quando sabe, também não diga nada, porque se você tem a resposta ela não
é para o paciente, mas para você (Paravidini, 2017, comunicação oral).
Isso nos convoca a desdobrar outra pergunta: o que deseja o analista?
Para respondê-la, teremos que retornar à dimensão ética da Psicanálise, pois tanto
para Freud como para Lacan, ética e desejo são temas complementares. Foi a partir da
elaboração sobre ética psicanalítica que Lacan contribuiu para a construção da noção do
desejo do analista (Coutinho Jorge, 2017).
Coutinho Jorge (2017) comenta que, em sua conferência “Transferência”, Freud
(1917) dá uma aula sobre a ética da Psicanálise definindo-a como a “não ceder quanto ao
próprio desejo”, mesmo sentido dado por Lacan. Ressalta-se que a ética aqui tratada nada
tem a ver com a moral e dela se distingue em aspectos fundamentais. “Moustapha Safouan
sublinha com justeza que essa formulação lacaniana tendeu a se transformar num imperativo
– ‘Tu não cederás sobre teu desejo‘ –, constituindo uma espécie de 11º mandamento e
revelando que também ela fora sequestrada pelo supereu” (Coutinho Jorge, 2017, p. 109).
Diante disso, podemos concluir que um dos alvos da análise “é proporcionar as
melhores condições para que o sujeito tome suas decisões” (Coutinho Jorge, 2017, p. 109);
nesse sentido, cabe ao analista a função de mentorear o paciente no alcance desse objetivo
e só em casos particulares e necessários assumir a função de pedagogo. Freud orienta que
não cabe ao analista a palavra final, mas sim ao analisando. Todavia, esse trabalho deve ser
feito cuidadosamente, no sentido de o paciente por si só liberar e satisfazer sua própria
natureza e não se tornar igual ao analista. Cabe ao analista identificar os momentos de ficar
em silêncio e o de falar, com o fim de não se transformar em fonte de angústia ao paciente,
dificultando sua fala. A essa condição de fazer calar o paciente Lacan chamou de poder do
analista, é a ética da análise que possibilita ao analista controlá-lo, de modo que o analista
dirija a análise e não o analisando.
Cabe à análise possibilitar ao paciente a escolha do que melhor lhe convém e que
o conflito neurótico impossibilita escolher. Tal conflito precisa vir à tona e ser elaborado.
Assim, a análise proporciona que o conflito patogênico se transforme em um conflito
para o qual o sujeito possa encontrar uma solução. Sabemos, porém, que essa harmonia
é impossível, o conflito sempre existirá, “apenas a análise visa transformar ‘o sofrimento
histérico em infelicidade comum’” (Coutinho Jorge, 2017, p. 111).
A essa passagem da condição obstacularizante à posição viabilizadora Lacan
denominou de ato psicanalítico.
fato de que ele mesmo se apresenta como substância da qual ele é jogo
e manipulação no fazer analítico. (Lacan, 1967, aula de 17/01/1968, como
citado por Paravidini, 2016, pp. 67-68).
Para o momento...
Referências
Aflalo, A. (2012). O assassinato frustrado da Psicanálise (V. A. Ribeiro, Trad.). Rio de Janeiro:
Contra Capa.
Andrade Júnior, M. de. (2007). O desejo em questão: ética da Psicanálise e desejo do analista.
Psychê, 11(21), 183-196. Recuperado em 1º dezembro, 2017, de http://pepsic.bvsalud.org/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-11382007000200013&lng=pt&tlng=pt.
Almeida, R. (2017). Epidemia de doenças mentais em tempos de capitalismo ultraliberal.
GNN, Jornal de todos os brasis. Recuperado em 29 dezembro, 2017, de https://jornalggn.
com.br/blog/rita-almeida/epidemia-de-doencas-mentais-em-tempos-de-capitalismo-
ultraliberal-por-rita-almeida.Alves, A. F., Borges, F. G. A., Gomes, D., Mendes, R. C.
C. S., Romera, M. L. C., & Rocha, R. M. G. (2016). Desencontros e aprendizagens: o
5
Leichsenring, F., & Rabung, S. (2008). Effectiveness of Long-Term Psychodynamic Psychotherapy: a Meta-Analysis.
JAMA, 300(13), 1551-1565. Cantin, L. (1999). An Effective Treatment of Psychosis with Psychoanalysis in Quebec City, since,
1982. Annual Review of Critical Psychology. Huber, D., Zimmermann, J., Henrich, G., & Klug, G. (2012). Comparison of
Cognitive-Behaviour Therapy with Psychoanalytic and Psychodynamic Therapy for Depressed Patients – A Three-Year
Follow-Up Study. Z Psychosom Med Psychother, 58(3), 299-316.
6
Howick, J., Friedemann, C., Tsakok, M. et al. (2013). Are Treatments more Effective than Placebos?: a Systematic Review
and Meta-Analysis. PLos One, 11(1). Kirsch I. (2014). Antidepressants and the Placebo Effect. Zeitschrift Fur Psychologie,
222(3), 128-134. doi:10.1027/2151-2604/a000176.
Resumo
Este ensaio busca analisar o estatuto criativo da clínica psicanalítica e, para tal, resgata
como operador da discussão a dimensão crítica da “peste psicanalítica”, deflagrada no
século XX. O que temos acompanhado e o que se prenuncia com pertinaz constância é
o risco de morte da própria Psicanálise, uma vez que sua teoria e prática colocam em
cheque as novas formas de subjetividade contemporânea, assim como houvera realizado
perante o sujeito da modernidade. Como pesquisadores do saber e fazer psicanalíticos,
temos testemunhado como a Psicanálise tem enfrentado os desafios impostos pela
contemporaneidade. Para isso, recuperou-se a origem da “peste psicanalítica”, seus reflexos
na contemporaneidade e as contingências enfrentadas pela clínica atual, amparadas no
tripé laço social, desejo e subjetividade. Por fim, algumas questões reflexivas se impuseram
perante o questionamento de Lacan: “O que faz um analista?”, fazendo reverberar as
considerações sobre o potencial e a “vocação heurística da Psicanálise” que favorece a
reinvenção de si mesma.
Abstract
This essay aims to analyze the creative status of the psychoanalytic clinic and, to this end,
rescues the critical dimension of the “psychoanalytic past” from the 20th century as the
operator of the discussion. Through this monitoring, we realized that what is foreshadowed
with persistent constancy is the risk of death of psychoanalysis itself, since its theory and
practice have put at stake the new forms of contemporary subjectivity. As researchers of
psychoanalytic knowledge and psychoanalysis, we have witnessed how psychoanalysis has
faced the challenges posed by contemporaneity. Thus, the origin of the “psychoanalytic
past” was recovered, its reflexes in contemporaneity and the contingencies faced by the
current clinic supported by the tripod: social bond, desire and subjectivity. Finally, some
reflective questions were established towards Lacan’s questioning “What does an analyst
do?”, reverberating the considerations about the potential and “heuristic vocation of
Psychoanalysis” that favor its reinvention.
Résumé
L’essai cherche à analyser le statut créatif de la clinique psychanalytique et, à cette
fin, récupère en tant qu’opérateur de la discussion la dimension critique de la “peste
psychanalytique” déclenchée (desencadeada) au XXe siècle. Ce que nous avons suivi et qui
est constamment pré-annoncé, c’est le risque de mort de la psychanalyse, puisque sa théorie
Resumen
Este ensayo busca analizar el estatuto creativo de la clínica psicoanalítica y, para eso,
rescata como operador de la discusión, la dimensión crítica de la “peste psicoanalítica”
deflagrada en el siglo XX. Lo que hemos acompañado y lo que se prenuncia con pertinaz
constancia, es el riesgo de muerte del propio Psicoanálisis, una vez que su teoría y práctica
ponen en jeque las nuevas formas de subjetividad contemporánea, así como había realizado
ante el sujeto de la modernidad. Como investigadores del saber y hacer psicoanalíticos,
hemos testimoniado cómo el Psicoanálisis ha enfrentado los desafíos impuestos por
la contemporaneidad. Para esto, se recuperó el origen de la “peste psicoanalítica”, sus
reflejos en la contemporaneidad y las contingencias enfrentadas por la clínica actual
amparadas en el trípode: lazo social, deseo y subjetividad. Por fin, algunas cuestiones
reflexivas se impusieron delante del cuestionamiento de Lacan “¿Qué hace un analista?”,
haciendo reverberar las consideraciones sobre el potencial y la “vocación heurística del
Psicoanálisis” que favorecen la reinvención de sí misma.