Cartilha Educação Ambinental Ensino Fundamental I

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UFVJM

CARTILHA DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
para professoras e professores do
ensino fundamental
 
Elaborado  por:  Débora  Antonieta  Barcellos  Teodoro  
Revisto  por:  Teresa  Cris9na  Vale  (Orientadora  do  PPG-­‐CH)  
 
2018  
CARTILHA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
para professoras e professores do ensino fundamental
Apresentação
Conforme a legislação brasileira, a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação e deve estar presente
em todos os níveis e modalidades do processo educativo. Com estímulo das premissas legais e com confiança no caráter
transformador da educação ambiental, esta cartilha foi desenvolvida para ser um material de apoio para educadoras e educadores
dos segundo ciclo do ensino fundamental.
A educação ambiental:

Tem sua obrigatoriedade reconhecida em É um conteúdo transversal, ou E é também interdisciplinar, o que se


todas as etapas da educação básica, de seja, deve ser trabalhado de realiza a partir de trocas de experiências
acordo com as Diretrizes Curriculares forma contínua, abrangente e entre disciplinas e áreas de conhecimento
Nacionais para a Educação Ambiental. integrada. e pela articulação de saberes.
     

De acordo com os Parâmetros Curriculares


Para
Nacionais, seu ensino deve colaborar para a
começar o
formação de sujeitos reflexivos, capazes de
exercício de
compreender consequências da alteração do meio
refletir!
ambiente pelas sociedades. Estes sujeitos devem,
também, sentirem-se capazes de elaborar
posicionamentos críticos em relação a realidades
locais, regionais e globais, de modo a produzirem
ações transformadoras, tanto no âmbito individual Figura 1. Disponível em: <
quanto no coletivo.   https://bibocaambiental.blogspot.com.br/2014/10/residuos-solidos-e-educacao-
ambiental.html>. Acesso em: 9 maio 2018.
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Eventos internacionais
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente Humano (Estocolmo, 1972)
Ambiente e Desenvolvimento
•  Marco do debate internacional sobre desenvolvimento e
(Rio de Janeiro, 1992)
questão ambiental e sua proposta de ecodesenvolvimento;
•  Consenso mundial e compromisso político para
•  Atenção aos perigos globais, de acordo com a visão
desenvolvimento e cooperação ambiental;
dominante, com destaque para a emissão de
•  Agenda 21 e suas propostas sustentáveis para a
clorofluorcarbonos e os riscos da camada de ozônio.
educação ambiental.
Conferência Intragovernamental sobre Educação Conferência das Nações Unidas sobre
Ambiental (Tbilisi, 1977) Desenvolvimento Sustentável, Rio +20
•  Reconhecimento da importância dos processos e sistemas (Rio de Janeiro, 2012)
educativos para a formação de uma nova ética do •  Economia verde e seu caráter economicista;
desenvolvimento; •  Novos compromissos para a erradicação da
•  Elaboração de um documento com recomendações para a pobreza pelo desenvolvimento sustentável.
educação ambiental.

C o m i s s ã o M u n d i a l s o b re M e i o A m b i e n t e e Cúpula dos Povos


Desenvolvimento (Brundtland, 1987) (Rio de Janeiro, 2012)
•  Meta de criação de “uma agenda global para mudança”, •  Organizada pela sociedade civil em paralelo às
fundamentada no processo de crescimento econômico; conferências da ONU, desde 1992;
•  Desenvolvimento sustentável a partir de práticas •  Caráter de denúncia em relação às convenções: o
conservacionistas pela lei da oferta-procura do mercado; roteiro de medidas e soluções é defendido pelos
•  Relação entre o agravo da pobreza e maior pressão sobre o mesmos agentes que provocaram a crise global.
meio ambiente.
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Desenvolvimento sustentável

O discurso do desenvolvimento sustentável não é homogêneo. A depender dos interesses em questão, o desenvolvimento sustentável
pode atender a diferentes perspectivas e métodos de realização. Enrique Leff propõe algumas possibilidades de discurso:

Desenvolvimento sustentável

Viés economicista Viés tecnológico Perspectiva ética

Centrado em Propõe mudanças


Submissão da estratégias como de valores e
natureza aos reciclagem ou comportamentos
valores do capital utilização de dos indivíduos e do
energias limpas coletivo
Figura 2. Disponível em: <
https://jornalismoambiental.uniritter.edu.br/> .
Transformação Acesso em: 9 maio 2018.
Apropriação menos profunda da
Capitalização do
predatória dos realidade ao longo
mundo
recursos naturais do tempo
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Legislação brasileira

Política Nacional de Educação Ambiental (1999) Diretrizes Curriculares Nacionais para a


Educação Ambiental (2012)
A Lei Federal n. 9.795, instituída em 1999, dispõe sobre
a educação ambiental e traz a Política Nacional de As Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Ambiental em um de seu capítulos. Educação Ambiental se baseiam em outros
documentos legais, como a Constituição Federal (1988)
São incumbidos como participantes do processo de e, também, confirmam o que se estabelece na Política
educação ambiental: o poder público; as instituições Nacional de Educação Ambiental (1999).
educativas; os órgãos integrantes do Sistema Nacional
do Meio Ambiente; empresas, entidades de classe, Os principais objetivos das diretrizes são sistematizar o
instituições públicas e privadas; a sociedade como um que é estabelecido pela Lei, estimular a reflexão
todo. crítica, orientar cursos de formação para professores e
os sistemas educativos.
A partir dos próprios agentes participantes, é possível
compreender que a educação ambiental não deve se O documento diz que a educação ambiental deve
restringir ao ambiente escolar. Trata-se de um desenvolver habilidades, atitudes e valores sociais,
processo amplo e complexo, o qual envolve as diversas com fins de promover a equidade socioambiental e a
esferas integrantes da sociedade. proteção do meio ambiente. Diz, também, que a
educação ambiental, por envolver valores, interesses e
Entre os objetivos fundamentais do documento, visão de mundo, não se constitui numa atividade
destacam-se o desenvolvimento do caráter neutra e deve superar “a visão despolitizada,
interdisciplinar da educação ambiental, a formação da acrítica, ingênua e naturalista ainda muito presente
consciência crítica e o fortalecimento da cidadania. na prática pedagógica das instituições de ensino”.
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Paisagens geográficas
O desenvolvimento desta habilidade também
Uma paisagem pode e deve ser compreendida
faz parte do processo transversal e
como a integração dos aspectos naturais,
interdisciplinar de ensino-aprendizagem da
sociais, econômicos e culturais observáveis.
educação ambiental.
 

Um dos objetivos da leitura de paisagens de


forma integrada é complementar a
perspectiva naturalista da paisagem, com
uma interpretação crítica, no âmbito da
educação ambiental. Isto permite ao sujeito
perceber e refletir sobre as contradições
socioeconômicas produzidas pela ação social.

A Serra dos Cristais, ocupada desde meados do


século XX, foi tombada como patrimônio
estadual em 2010. Sua atual imagem (Figura 3)
Figura 3. Serra dos Cristais e bairro Rio Grande em Diamantina, Minas permite exercitar, como sugeriu Aziz Ab’Saber,
Gerais. Por: Débora Teodoro, 2017.
uma interpretação da paisagem com seus
componentes naturais, sociais, econômicos,
culturais, históricos, bem como refletir sobre os
processos desencadeados pelo conflito entre a
preservação ambiental e o direito à moradia.
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Educação ambiental conservadora Educação ambiental crítica

Para aprimorar a formação de sujeitos reflexivos, é necessário ampliar e aprimorar


as noções conceituais sobre o meio ambiente. Neste sentido, a educação ambiental
crítica propõe a superação dos paradigmas da educação ambiental conservadora,
de modo a compreender a questão ambiental para além dos aspectos naturalistas e
das ações e práticas pontuais, tão comuns nos dias de hoje. A Figura 4, por exemplo,
possibilita um exercício reflexivo em relação aos discursos hegemônicos, os quais
costumam atribuir às ações individuais grande responsabilidade pelas questões
ambientais, enquanto as consequências das ações dos grandes representantes do setor
produtivo são “justificadas” pelas demandas da sociedade de consumo.
Figura 4. Disponível em: <
http://www.pensamentoverde.com.br/colunistas/
reflexoes-sobre-o-frio-para-alem-do-cobertor/>.
Acesso em: 9 maio 2018. Educação ambiental crítica:
•  Sujeitos reflexivos
•  Nova compreensão de mundo
•  Agentes sociais capazes intervir na realidade individual e coletivamente

Educação ambiental conservadora:


•  Práticas específicas
•  Conteúdo naturalista
•  Práticas de caráter individual e
imediato
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Educação ambiental em espaços formais e não formais

Educação não formal


Educação formal Atividade educacional organizada, que
Baseada em currículo pré-estabelecido e ocorre fora do sistema formal de ensino, mas
aprovado dentro de uma estrutura formal, o complementa. É menos hierárquica e
hierárquica e burocrática. No âmbito burocrática. Para Moacir Gadotti, a educação
nacional, o órgão máximo regulador é o não formal pode contribuir muito para a
Ministério da Educação e Cultura. educação pública. É flexível em relação aos
espaços e tempos de aprendizagem.

Espaços formais de educação Espaços não formais de educação


Os espaços formais de educação são representados Espaços diferentes do ambiente escolar, como a cidade, o
principalmente pelos ambientes das escolas e campo, museus, formações rochosas, monumentos e, até
universidades. Estes espaços são marcados pela mesmo, os ciberespaços (propiciados pelas tecnologias de
regularidade, sequencialidade e formalidade. informação).

Educação ambiental em espaços não formais


Educação ambiental em espaços formais A educação ambiental também deve se realizar nos espaços
Como já sabemos, transversalidade e interdisciplinaridade não formais, buscando a integração entre a educação
são características da educação ambiental. Deste modo, nos formal e a não formal, visto que são complementares.
espaços formais ela precisa se fazer presente em todas as Diálogos com outros espaços de formação, como
etapas do processo de ensino e aprendizagem, nas movimentos sociais, organizações privadas e populares,
diversas disciplinas e contextos escolares, de acordo com as também atendem a proposta da educação ambiental não
Leis e diretrizes vigentes. formal.
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Recursos e materiais didáticos voltados à educação ambiental

O livro didático é o mais conhecido e, possivelmente, o mais utilizado


Os materiais e recursos didáticos auxiliam
destes materiais. Entretanto, considerando a perspectiva da transversalidade,
no processo de ensino-aprendizagem na
associar a construção de material didático próprio ou, ainda, usar outros
sala de aula (ou fora dela), induzindo a
recursos didáticos possibilita melhor contextualização da realidade na
criatividade, a reflexão e o interesse, de
qual se vive, além de contribuir para uma educação ambiental
modo a enriquecer a prática docente.
participativa, reflexiva e libertadora.

Diferentes tipos de recursos didáticos: Sugestões de práticas didáticas relacionadas

Naturais (elementos da Visitar um curso d’água urbano para discutir a respeito dos agentes (poder
biosfera, litosfera, hidrosfera, atmosfera) público, sociedade civil, setor privado) e suas respectivas responsabilidades
pelas condições observadas, como no caso da Serra dos Cristais (Figura 3).

Pedagógicos Execução de cartazes demonstrando contradições entre discursos e práticas


(quadro, cartaz, maquete, gravura) ambientais por parte de grandes indústrias, a exemplo das Figuras 2 e 4.

Culturais Visitar comunidades tradicionais quilombolas ou indígenas ou convidar


(biblioteca, museu, exposição) participantes destas comunidades para dialogar com os alunos a respeito de
realidades que não compõem o cotidiano urbano.

Tecnológicos Exibição de filmes ou documentários disponíveis na internet, como “O


(rádio, TV, computador, internet) veneno está na mesa” (Silvio Tendler, 2011), seguida de ampla discussão.
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Referências:

AB’SABER, Aziz Nacib. O que é ser geógrafo: memórias profissionais de Aziz Ab’Saber. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 2011.

BRASIL. Lei n. 9.795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1999.

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, 1999.

______. Resolução n. 2, de 15 de junho de 2012. Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Diário Oficial da União,
Brasília, n. 116, seção 1, p. 70-71, 18 jun. 2012.

______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos
parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

GADOTTI, Moacir. A questão da educação formal/não-formal. Sion: IDE, out. 2005.

LEFF, Enrique. Aventuras da epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2012.

RODRIGUES, Gelze Serrat de Souza Campos; COLESANTI, Marlene Teresinha de Muno. Educação ambiental e as novas tecnologias de informação e
comunicação. Sociedade e Natureza, Uberlândia, v. 20, n. 1, p. 51-66, jun. 2008.

SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

TEODORO, Pacelli Henrique Martins. Educação ambiental. Diamantina: DEaD/UFVJM; UAB/CAPES, 2015.

Produzida por Débora Antonieta S. Barcellos Teodoro, Bacharela em Humanidades, Licencianda em Geografia e Mestranda em Ciências Humanas
pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Maio de 2018
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Anotações

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