2.1 Sensoriamento Remoto Aplicado No Uso e Ocupação Do Solo Da Bacia Hidrográfica Do Rio Salgado-Ba

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

ÁREA TEMÁTICA: MONITORAMENTO AMBIENTAL

SENSORIAMENTO REMOTO APLICADO NO


USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO SALGADO-BA

Lídia Raíza Sousa Lima Chaves Trindade – [email protected]


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Pedro Augusto Ferraz e Silva – [email protected]
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Romário Oliveira de Santana – [email protected]
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Natália Andrade Silvão – [email protected]
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Alison Silva dos Santos – [email protected]
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Najla Evangelista Sales – [email protected]
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Mariana Carneiro Viana - [email protected]
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

IX Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental, XV Encontro Nacional de Estudantes de


1
Engenharia Ambiental e III Fórum Latino Americano de Engenharia e Sustentabilidade
1. RESUMO
Objetivou-se com o presente estudo o mapeamento do uso e cobertura vegetal do
solo da bacia hidrográfica do Rio Salgado-BA, de forma a subsidiar o planejamento de
seus recursos naturais, por meio da utilização de técnicas de sensoriamento remoto e
Sistema de Informação Geográfica (SIG). Foram utilizadas imagens de 30 metros de
resolução espacial, com 7 bandas espectrais do sistema sensor TM abordo do satélite
Landsat 5, que foram importadas e georreferenciadas por meio de pontos de controles
passíveis de identificação na carta topográfica e na imagem. Após esse processo as
imagens foram recortadas utilizando o limite geográfico da bacia hidrográfica gerada e
classificadas com o objetivo de separar as áreas. Os resultados das classes de uso e
cobertura do solo foram Pastagens 600,47 km² (57,65%), Floresta 301,40 km² (28,94%),
Solo exposto 139,25 km² (13,37%) e Cursos d’água 0,35 km² (0,034%). A aplicação do
Sensoriamento Remoto demonstrou ser uma ferramenta importante para a análise da
dinâmica e caracterização espacial da bacia em questão.
Palavras-chave: geotecnologias, recursos naturais, sistemas de informação geográfica.

2. INTRODUÇÃO/OBJETIVO
A ação antrópica desordenada no meio ambiente causa um intenso desgaste e
destruição dos sistemas naturais e como consequência provoca a desertificação, a
contaminação dos recursos hídricos, o esgotamento dos recursos do solo, a diminuição
da diversidade ecológica, entre outros problemas de degradação (COMISSÃO
MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991).
A análise do uso e cobertura da terra contribui para a compreensão das paisagens
em escala local até escala global e permite avaliar as mudanças ocorridas e a
substituição da cobertura natural pelas atividades antrópicas (MIRANDA et al., apud
CRISCUOLO et al., 2004). Paisagem pode ser definida como um conjunto de formas
que num dado momento, exprime as heranças capazes de representar as sucessivas
relações entre o homem e a natureza, produzidas através do tempo (SANTOS, apud
CRISCUOLO et al., 2004).
A expressão “uso da terra” pode ser entendida como a forma pela qual o espaço
está sendo ocupado pelo homem (ROSA, 1992), sendo assim, é importante considerar a

IX Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental, XV Encontro Nacional de Estudantes de


2
Engenharia Ambiental e III Fórum Latino Americano de Engenharia e Sustentabilidade
forma que este espaço está sendo ocupado, ou seja, se é explorado de forma organizada
e produtiva, conforme cada região.
O conhecimento dos padrões de uso e cobertura da terra de uma região é de
fundamental importância para apontar a tipologia de manejo aplicado e identificar
problemas ambientais que se configuram em decorrência do uso. Portanto, para se
estudar o uso da terra é necessário obter informações sobre o modo como o espaço está
sendo alterado pelo homem e como se caracteriza a cobertura vegetal original (VIECILI
et al., 2005).
Para análise espacial e armazenamento dos dados provenientes de diferentes
fontes foram desenvolvidos os sistemas de informação geográfica (SIGs). Esses
sistemas permitem a inclusão, exclusão, substituição e cruzamento de várias
informações espaciais/temporais, bem como gerar um banco de dados codificados
espacialmente, promover ajustes e cruzamentos simultâneos de grande número de
informações (ASSAD et al., 1998; BRETERNITZ, 2006).
Diante o exposto, o presente estudo teve como objetivo classificar imagens do
satélite Landsat - 5 para elaboração do mapa de uso e cobertura do solo da bacia
hidrográfica do Rio Salgado, localizado no sul da Bahia.

3. METODOLOGIA
A área de estudo está localizada na bacia hidrográfica do Rio Salgado, na região
no sul da Bahia à 140 53’ 59” S e 390 26’ 46” W, com uma área de 1041,45 km². A
bacia abrange os municípios de Firmino Alves, Santa Cruz da Vitória, Floresta Azul,
Ibicaraí e Itapé, sendo parte integrante da bacia do Rio Cachoeira.
Foram utilizadas as imagens de 30 metros de resolução espacial com 7 bandas
espectrais do sistema sensor TM abordo do satélite Landsat 5, fornecidas pelo Diretório
Geral de Imagens – DGI do INPE. Diante da disponibilidade de inúmeras imagens de
diferentes datas, para a posterior escolha da imagem foi levado em consideração a
menor cobertura de nuvens possível, neste sentido, a cena selecionada foi referente ao
dia 29 de junho de 2013. Para o pré-processamento e o próprio processamento das
imagens foi utilizado o software ArcGis 10/ArcMap do ESRI.

IX Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental, XV Encontro Nacional de Estudantes de


3
Engenharia Ambiental e III Fórum Latino Americano de Engenharia e Sustentabilidade
O pré-processamento utilizado nesta metodologia consiste em correções
geométricas, tais como adequar o sistema de projeção e refinar o georeferenciamento
das bandas. Para a posterior classificação e outros processamentos da imagem foi
necessário juntar as bandas, disponibilizadas em raster, em uma composição de bandas
RGB. A composição escolhida foi a RGB 321, que apresenta cores verdadeiras,
aproximando-se da imagem real.
Com a composição já criada, segue a classificação supervisionada da bacia, a
qual consiste em desenhar polígonos de amostras para classes temáticas, neste caso:
Floresta, Pastagem, Solo exposto e Cursos D’agua, sendo que cada classe teve uma
média de 10 amostras de no mínimo 70 pixels. Após coletar as amostrar referente a cada
classe temática, foi feita uma análise de homogeneidade das amostras, criando um
arquivo de assinatura digital espectral. Para a classificação da imagem, utilizou-se a
ferramenta “Maximum likelihood Classification”, que apresenta como vantagem um
tipo de classificação mais precisa, criando um arquivo de saída permanente.
Para a geração do mapa de uso e cobertura vegetal da bacia, foi realizado um
refinamento na classificação supervisionada a fim de remover ruídos e regiões isoladas,
resultando em um aspecto visual melhor. Para tal refinamento realizou-se um realce de
filtragem, que elimina ruídos da imagem decorrentes de erros ocorridos durante a
classificação. Após o processo de filtragem, realizou-se uma suavização e limpeza de
bordas, o que reduz os ruídos que restaram, seguido da remoção de grupos isolados e
eliminação de regiões pequenas. Por fim, foi realizada a extração de dados apenas da
bacia hidrográfica do Rio Salgado, computando a área de cada feição.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a classificação das imagens multiespectrais obtidas (Figura 1) foi possível


mapear diferentes tipos de uso e cobertura do solo, bem como o percentual da área de
ocupação dentro da bacia conforme apresentado na Tabela 1.

IX Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental, XV Encontro Nacional de Estudantes de


4
Engenharia Ambiental e III Fórum Latino Americano de Engenharia e Sustentabilidade
Tabela 1 - Quantificação do uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica do
Rio Salgado-BA, em junho de 2013.
Classes Área (Km²) %

Floresta 301,40 28,94

Pastagem 600,47 57,65

Solo Exposto 139,25 13,37

Cursos d’água 0,35 0,034

Total 1041,45 100

Com as análises dos dados obtidos a partir da classificação verificou-se que a


bacia hidrográfica do Rio Salgado apresenta uma área total de 1041,45 km², desta área a
classe Pastagem representa grande parte, ocupando cerca de 57,65%, equivalente a
600,47 km² da área total da bacia, o que demonstra alto grau de antropização, com
elevado índice de desmatamento, muito comum na região, buscando atender as
atividades agropecuárias, sobretudo a criação extensiva de gado. Christofolletti (1980)
argumenta que há um rompimento do equilíbrio natural do ecossistema quando os
meios físicos se modificam, ou seja, para a área da bacia de estudo, a grande
abrangência da área de pastagem pode vir a reduzir com o tempo as áreas de vegetação
natural. O uso intensivo de áreas com pastagem e a fragmentação ocasionada por esta
atividade, gera impactos de forma negativa sobre a biodiversidade, podendo em muitos
casos, levar a extinção de determinadas espécies no local (FERREIRA, 2005).
Floresta foi a segunda classe mais representativa entre os diferentes tipos de uso,
com 28,94% (301,40 km²), indicando que a bacia não está em um bom estado de
conservação. Do ponto de vista ecológico, a intensa redução da cobertura florestal
regional traz implicações sobre a composição e distribuição de espécies vegetais e
animais, processo que geralmente ocasiona a diminuição do fluxo gênico entre as
populações, aumentando assim as chances de extinção local (PRIMACK &
RODRIGUES, 2001). Segundo Benatti et al., (2015), a cobertura florestal é essencial no

IX Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental, XV Encontro Nacional de Estudantes de


5
Engenharia Ambiental e III Fórum Latino Americano de Engenharia e Sustentabilidade
ecossistema, pois confere proteção ao solo contra o impacto direto das gotas de chuva,
reduzindo a velocidade de escoamento superficial e, por conseguinte, favorecendo a
capacidade de infiltração da água no solo.
A classe de Solo exposto, que são áreas com um grau mais elevado de
degradação somam aproximadamente 139,25 km², que equivale a 13,37 km² da área da
bacia. Segundo Lopes et al. (2005) a maior exposição do solo favorece a incidência de
processos erosivos, que carregam o material particulado para os cursos d’água,
comprometendo sua qualidade devido ao aumento da turbidez e consequentemente
desencadeando em processos de assoreamento do leito.
A área de menor predominância foi a classe de cursos d’água, ocupando 0,037%
(0,15 km²) da bacia hidrográfica. Pinheiro et al., (2011) argumentam que a alocação de
estradas em divisores de água favorece a atenuação dos processos de escoamento
superficial, erosão e, por consequência, de assoreamentos de cursos d’água.

Figura 1 - Distribuição das classes de uso e cobertura do solo na bacia


hidrográfica do rio Salgado-BA.

IX Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental, XV Encontro Nacional de Estudantes de


6
Engenharia Ambiental e III Fórum Latino Americano de Engenharia e Sustentabilidade
5. CONCLUSÕES/RECOMENDAÇÕES
A aplicação do Sensoriamento Remoto para o estudo da bacia hidrográfica do
Rio Salgado-BA demonstrou ser uma ferramenta importante para a análise da dinâmica
e caracterização espacial e com base nas análises, pode-se concluir que a Pastagem foi a
classe mais representativa entre os diferentes tipos de uso, com 57,65% (600,47 km²) da
área da bacia, nota-se que a mesma se encontra em estado de degradação de seus
recursos naturais.
A classe floresta foi a segunda predominante, ocupando 28,94% (301,40 km²),
seguida do Solo exposto que corresponde a 13,37% (139,25km²) da área, a classe de
menor predominância foi a de cursos d’água, que ocupou 0,034% (0,35 km²) da bacia
hidrográfica.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSAD, M. L. L; HAMADA, E; CAVALIERI, A. Sistema de informações


geográficas na avaliação de terras para agricultura. In: ASSAD, E. D.; SANO, E.
Sistemas de informações geográficas: aplicações na agricultura. 2.ed. Brasília, DF:
EMBRAPA-SPI/EMBRAPA-CPAC, 1998. p.191-229.

BENATTI, D. P.; TONELLO, K. C.; LEITE, E. C.; FARIA, L. C.. Morfometria e uso e
cobertura de uma microbacia no município de Sete Barras, São Paulo. Irriga (UNESP
Botucatu), v. 21, p. 21-32. 2015.

BRETERNITZ, V. J. Sistemas de informações geográficas: uma visão para


administradores e profissionais de tecnologia da informação. Disponível em:
<http://br.monografias.com/trabalhos/sisin/sisin.shtml>. Acesso em: 10 de fevereiro de
2017.

CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. São Paulo: Edgard Blücher, 1980.

IX Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental, XV Encontro Nacional de Estudantes de


7
Engenharia Ambiental e III Fórum Latino Americano de Engenharia e Sustentabilidade
COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO.
Nosso Futuro Comum. 2. Ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 430 p., 1991.

FERREIRA, A. B. et al. Análise comparativa do uso e ocupação do solo na área de


influência da Usina Hidrelétrica Capim Branco I a partir de técnicas de
geoprocessamento. SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO,
12., 2005, Goiânia. Anais... São José dos Campos: INPE, 2005. p. 2997-3004.

LOPES, V.C.; LIBÂNIO, M. Proposição de um índice de estações de tratamento de


água (IQETA). Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio De janeiro. Vol.10- nº 4-
out/dez 2005, 318-328.

MIRANDA, E. E. de; DORADO, A. J.; GUIMARÃES, M.; MANGABEIRA, J. A.;


MIRANDA J. R. Impacto ambiental y sustentabilidad agrícola: La contribución de
los sistemas de informaciones geográficas. In: CRISCUOLO, C.; GUIMARÃES, M.;
MIRANDA, E. E. de. Uso e cobertura das terras na Região dos Rios Pardo e Mogi-
Guaçú, Estado de São Paulo. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 42p.,
2004.

PINHEIRO, R. C., TONELLO, K.C.; VALENTE, R.O.A.; MINGOTI, R.; SANTOS,


I.P. Ocupação e caracterização hidrológica da microbacia do Córrego Ipaneminha,
Sorocaba-SP. Irriga, Botucatu, v. 16, n. 3, p. 234-245, 2011.

PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Londrina: Ed. Planta,


328p., 2001.

ROSA, R. Introdução ao Sensoriamento Remoto. 2ªed.rev. Uberlândia. Ed. da


Universidade Federal de Uberlândia, 264p., 1992.

SANTOS, M. A natureza do espaço. Técnica e Tempo. Razão e emoção. In:


CRISCUOLO, C.; GUIMARÃES, M.; MIRANDA, E. E. de. Uso e cobertura das terras

IX Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental, XV Encontro Nacional de Estudantes de


8
Engenharia Ambiental e III Fórum Latino Americano de Engenharia e Sustentabilidade
na Região dos Rios Pardo e Mogi-Guaçú, Estado de São Paulo. Campinas: Embrapa
Monitoramento por Satélite, 42p., 2004.

VIECILI F. L.; LAPOLLI E. M.; POMPÊO C. A. A carta de uso e cobertura das


terras como subsídio à determinação do “fator c” da equação universal de perda
de solos - Microbacia Hidrográfica do Rio Caeté. Alfredo Wagner, Santa Catarina,
Brasil. Disponível em: Acesso em: 10 de fevereiro de 2017.

IX Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental, XV Encontro Nacional de Estudantes de


9
Engenharia Ambiental e III Fórum Latino Americano de Engenharia e Sustentabilidade

Você também pode gostar