Avaliação Neuropsicológica Iii 2022.1

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AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA III

OBJETIVOS E INSTRUMENTOS
Profa. Edna Souza

Recife/PE
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA III: OBJETIVOS E INSTRUMENTOS
(Texto adaptado para estudo em sala de aula)

A Neuropsicologia é um campo da ciência que estuda as relações entre as


funções psíquicas e comportamentos e o encéfalo, visando estabelecer correlações
de base funcional e topográfica (BARBIZET, DUIZARO, 1985).
A interpretação dos achados neuropsicológicos é importante na determinação
da lateralidade da disfunção cerebral e fornece informações de natureza topográfica,
uma vez que algumas disfunções cognitivas estão intimamente relacionadas a redes
neurais. De acordo com Muszkat (1989) os testes neuropsicológicos devem, portanto,
avaliar as diferentes funções verbais e não-verbais e as diferenças no processamento
hemisférico de tais estímulos.

AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

A Avaliação Neuropsicológica (AN) tem como objetivos, conhecer a base do


funcionamento cognitivo, definir o nível intelectual (fator “g”) e avaliar:

a) A atenção que é a capacidade de selecionar e orientar para o ambiente os


estímulos que parecem importantes e que correspondem aos nossos interesses,
intenções ou tarefas imediatas, com inibição concomitante dos estímulos irrelevantes,
sem a qual a quantidade de informações não selecionadas seria tão grande e
desorganizada que nenhuma atividade se ornaria possível.

b) As funções executivas, estas abrangem vários aspectos do raciocínio,


envolvendo capacidade de planejamento, solução de problemas, iniciativa e inibição
de atitudes, e flexibilidade mental. Estas funções estão relacionadas com os lobos
frontais, que são associados com a consciência, pensamento abstrato, comportamento
e modulação do humor. Das várias funções relacionadas aos lobos temporais, a
linguagem e a memória merecem atenção especial.

c) Na avaliação da linguagem o aspecto mais importante a ser considerado é a


preferência hemisférica para o processamento dos estímulos verbais. Sabemos que
95% dos indivíduos destros e 70% dos canhotos tem o hemisfério esquerdo dominante
para a linguagem. No entanto, em pacientes com lesão e/ou área epileptogênica no
hemisfério esquerdo, observamos um aumento significativo da participação do
hemisfério direito no que se refere ao processamento da linguagem. Nos pacientes
candidatos a lobectomia temporal, a AN investiga o risco de disfunções de linguagem
(disfasias), que podem ocorrer dependendo da extensão da cirurgia para tratamento
da epilepsia.

d) A avaliação da memória é importante em pacientes idosos, bem como em


pacientes com epilepsia parcial, particularmente naqueles com atividade paroxística
em lobo temporal (uma vez que este assume papel essencial na consolidação,
retenção temporária e evocação das lembranças. É importante ressaltar que as
estruturas límbicas como a amígdala e o hipocampo, além de porções mais anteriores
do lobo frontal, podem ser envolvidas primária ou secundariamente pelas descargas

2
epilépticas localizadas, repercutindo em disfunções mnêmicas transitórias ou
recorrentes).

A AN deve ser composta de duas etapas. A primeira é a entrevista, na qual são


colhidos dados da história médica, familiar, psicossocial, educacional e profissional do
paciente. Esses dados são de extrema importância para o estabelecimento do
desempenho basal que será levado em conta na ocasião da interpretação dos
resultados obtidos na avaliação. A segunda etapa é a da aplicação propriamente dita.
O tempo da mesma, depende dos testes selecionados e do ritmo de cada paciente,
pode durar até 2 horas.

ORIENTAÇÕES PARA APLICAÇÃO DO EXAME NEUROPSICOLÓGICO

No momento do agendamento o paciente recebe as seguintes orientações:


(1) vir acompanhado de uma pessoa que saiba informar a história clínica e do
desenvolvimento neuropsicomotor,
(2) portar lentes corretivas ou aparelho auditivo no dia da avaliação, caso
necessite deles,
(3) dormir pelo menos oito horas e vir bem alimentado,
(4) se costuma ser mais sonolento pela manhã, deve indicar preferência para
realizar o exame no período da tarde,
(5) estar ciente da duração do teste e que pode se alongar por mais tempo em
um dia adicional.

REFERÊNCIAS

BARBIZET, J., DUIZABO, P. Manual de neuropsicologia. São Pulo: Ed. Masson do Brasil, 1985.

MUSZKAT, M. Teste de estimulação dicótica consoante-vogal (ED-CV) em pacientes com epilepsia


parcial. Tese de Mestrado apresentada a Disciplina de Neurologia e Neurocirurgia da Escola Paulista
de Medicina, 1989. 7.

3
CONSIDERAÇÕES SOBRE TEORIA ATENCIONAL
(Apostila Didática - para uso em sala de aula)

O DESENVOLVIMENTO DA ATENÇÃO

Desde os primeiros meses de vida é possível observar características


involuntárias da atenção, pois a criança é atraída por estímulos mais significativos
(como o móbile do berço que toca música). Tais sinais são percebidos por meio do
olhar e do direcionamento da cabeça do bebê em direção ao estímulo, demonstrando
assim uma busca por um objeto ou um som apresentado ou disponível no ambiente. É
possível observar os reflexos orientados, como a fixação do olhar no objeto ou quando
o bebê interrompe os movimentos de sucção à primeira vista deste. Segundo um
importante autor, Alexander Luria, esses sinais são a base do comportamento
organizado. A atenção voluntária, ao contrário da reação de orientação, não teria
apenas uma origem biológica, constituindo-se mais como um ato social no
desenvolvimento da criança.
Trata-se de formas de atividades criadas a partir das relações que ela
estabelece com os adultos e outras pessoas com quem interage. Por exemplo, quando
a mãe nomeia um objeto no ambiente e o aponta com o dedo, a atenção da criança é
atraída para esse objeto, que começa a se sobressair do resto. Alguns autores
defendem que a atenção é um ato social pois, desde cedo, a criança aprende pelo
contato com os pais e os cuidadores, quais são os objetos mais relevantes, à medida
que o adulto os nomeia e os aponta, direcionado a atenção dela. Esta interação permite
à criança conhecer, identificar e nomear o objeto, sendo, posteriormente, capaz de
distingui-lo do resto do ambiente e de dirigir a sua atenção para ele.

O CONTEXTO DA ATENÇÃO

A atenção é um aspecto importante da cognição, caracterizando uma função


neuropsicológica que subjaz a todo processo cognitivo. De fato, está presente em
praticamente todas as ações e processos mentais humanos, mesmo que, em muitos
casos, não se tenha o conhecimento consciente disso (GOLDBERG, GOLD, BRAFF,
1991). Dada sua relevância, pode-se compreender, também, porque problemas de
atenção muitas vezes ocasionam dificuldades de adaptação ao indivíduo. No contexto
escolar, onde dificuldades atencionais podem parecer mais evidentes, distúrbios de
atenção são, frequentemente, relacionados a problemas de aprendizagem, e déficits
atencionais podem prejudicar significativamente a aprendizagem, por exemplo, da
leitura e da escrita (DELL'AGLIO, HUTZ, 2004; GAZZANIGA, HEATHERTON, 2005).
Compreender os mecanismos atencionais, seu desenvolvimento torna-se
fundamental, uma vez que estudos anteriores apontam que alterações cognitivas
relacionadas a distúrbios da atenção podem ocasionar desorganização em diferentes
atividades cotidianas (KENNY, ELTZER, 1991). De modo genérico, a atenção pode ser
definida, de acordo com Sternberg (2000), como o "fenômeno pelo qual o ser humano
processa ativamente uma quantidade limitada de informações do enorme montante de
informações disponíveis através dos órgãos dos sentidos, de memórias armazenadas
e de outros processos cognitivos" (p. 78)
Desta forma, possibilita a filtragem de informação relevante em um dado
momento e o uso eficaz e criterioso dos limitados recursos mentais de um indivíduo,
constituindo um mecanismo facilitador das respostas neuronais ao concentrar os
4
processos mentais em uma tarefa, legando os demais estímulos a um segundo plano
pontua (LENT (2001). Assim, a atenção facilita o processamento de todas as
características do objeto atendido (GAZZANIGA, IVRY, MANGUN, 2006).
De um modo geral, as conceituações de atenção, acima referidas, concernem,
mais especificamente, à atenção seletiva. No entanto, a atenção não constitui um
processo único, podendo ser dividida de acordo com diferentes critérios. Uma primeira
divisão pode ser feita entre os processos atencionais voluntários ou controlados e os
processos espontâneos, reflexos ou automáticos (STERNBERG, 2000;
DALGALARRONDO, 2000). Há, ainda, outras propostas no que tange à classificação
da atenção, tais como a divisão entre atenção externa, ou projetada para aspectos
exteriores ao indivíduo, e atenção interna, que está envolvida com os processos
mentais do indivíduo.

O DESENVOLVIMENTO DA ATENÇÃO E A MATURAÇÃO DO CÉREBRO

A atenção é a habilidade de perceber alguns estímulos específicos, inibindo


outros estímulos externos ou internos simultaneamente. Esta capacidade de focar-se
em um estímulo é diferente do conceito de alerta, que é um estado mais básico de
ativação. Prestar atenção implica uma capacidade cognitiva multidimensional, pré-
requisito para a memória, novas aprendizagens e muitos outros aspectos da cognição.
É o degrau crítico para que possam ocorrer habilidades cognitivas complexas. A
atenção não é um fator unitário, por isso qualquer tentativa para realizar um
diagnóstico confiável e uma reabilitação adequada e bem-sucedida deve levar em
conta seus aspectos múltiplos, além da reciclagem das diferentes modalidades
sensoriais. Para Abrisqueta-Gomez e Santos (2006), a atenção inclui diversas
capacidades básicas como: Identificar a natureza e conteúdo dos estímulos por meio
de receptores sensoriais; Selecionar a informação relevante; Concentrar-se em certa
informação ou estímulo; Inibir a atração por estímulos que competem e que são
irrelevantes ou redundantes; Desviar o ponto de interesse para outro objeto ou
estímulo quando assim for requerido; Dividir a atenção entre dois estímulos
simultâneos e, ao mesmo tempo, observar o que acontece ao redor.
É importante assinalar que a atenção deve distinguir-se do estado de alerta.
Enquanto a atenção é a habilidade para perceber alguns estímulos específicos inibindo
outros estímulos externos ou internos simultâneos, o alerta é um estado mais básicos
de ativação, no qual o paciente acordado pode responder a qualquer estímulo que lhe
for apresentado. O paciente alerta pode distrair-se com qualquer estímulo externo ou
interno, ao passo que o paciente atento pode inibir os estímulos irrelevantes.

SISTEMAS DE ATENÇÃO

De acordo com o modelo neuroanatômico de Posner e Petersen (1990), existem


três sistemas de atenção diferentes. Eles são estes a seguir:
• Sistema de Ativação Reticular (SRA) ou Sistema de Alerta: este sistema é
responsável principalmente pela Excitação e a Atenção Constante. Está
estreitamente relacionado com a formação reticular e algumas de suas
conexões, como as áreas frontais, os sistemas límbicos, o tálamo e os
gânglios basais.
• Sistema Atencional Posterior (SAP) ou Sistema de Orientação: este sistema
é responsável da Atenção Focada e a Atenção Seletiva de um estímulo visual.

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As áreas do cérebro relacionadas com este sistema são o córtex parietal
posterior, o núcleo pulvinar lateral do tálamo e o colículo superior.
• Sistema Atencional Anterior (SAA) ou Sistema de Execução: este sistema é
responsável da Atenção Seletiva, Atenção Constante e Atenção Dividida.
Está estreitamente vinculado com o córtex pré-frontal dorsolateral, o córtex
orbito-frontal, o córtex cingulado anterior, a área motora suplementar e o
neoestriado (núcleo estriado).

TIPO DE ATENÇÃO

A atenção é um processo complexo que usamos em quase todas as nossas


atividades cotidianas. Ao longo do tempo, os cientistas e pesquisadores descobriram
que a nossa atenção não é um processo individual, mas um grupo de subprocessos
da atenção. No momento, o modelo mais aceito para os subcomponentes da atenção
é o modelo hierárquico de Sohlberg e Mateer (2011), baseado em casos clínicos da
neuropsicologia experimental. De acordo com este modelo, a atenção pode estar
dividida nas seguintes partes:
• Excitação: faz alusão ao nosso nível de ativação e nível de atenção, estamos
cansados ou com energia.
• Atenção focada: faz alusão à nossa habilidade para focar a atenção em um
estímulo.
• Atenção constante: a habilidade para se centrar em um estímulo ou atividade
durante um período longo de tempo.
• Atenção seletiva: a habilidade para se centrar em um estímulo ou atividade
na presença de outros estímulos que desviam a atenção.
• Atenção alternada: a habilidade para alterar a atenção focada entre dois
estímulos.
• Atenção dividida: a habilidade para se centrar ou prestar atenção a diferentes
estímulos ao mesmo tempo.

EXEMPLOS DE ATENÇÃO
1. Quando dirigimos, estamos quase que constantemente usando todos os nossos
subprocessos de atenção. Temos que estar atentos (excitação), temos que focar a
nossa atenção nos estímulos da estrada (atenção focada), prestar atenção durante
longos períodos de tempo (atenção constante), evitar distrações causadas por
estímulos irrelevantes (atenção seletiva), ser capazes de alterar a atenção ao passar
de uma pista para outra, ver os espelhos e quem vem atrás na pista (atenção alternada)
e ser capazes de realizar todas essas ações necessárias para dirigir, usando os pedais,
girando o volante e mudando de marchas (atenção dividida).

2. A atenção é um dos primeiros e mais importantes aspetos para estudar em casa ou


na escola. Quando você estuda, você precisa estar atento e prestar atenção ao que
está lendo ou ouvindo. A atenção constante é especialmente importante para o estudo
porque ler a mesma informação enquanto você tenta aprender pode se tornar tedioso
e monótono após um tempo. A atenção constante ajuda você a focar no estudo durante
horas, evitando que você se perca ou esqueça das informações lidas.

3. A atenção também é essencial para qualquer tipo de trabalho, dos cargos de


escritório que exigem um determinado volume de leitura ou redação, aos
6
controladores de tráfego aéreo, atletas, caixas, motoristas, médicos etc. Todas as
profissões exigem todos os tipos de atenção.

4. Usamos a atenção em nossas vidas cotidianas para realizar inúmeras tarefas. Do


momento que nos levantamos ao momento que nos deitamos, usamos
constantemente diferentes tipos de atenção. Ter pouca atenção pode causar que você
se esqueça do que está fazendo, jogando a colher no lixo e colocando a embalagem
vazia na geladeira. Evitando isso, a leitura, assistir a um filme, cozinhar, tomar banho
ou encontrar-se com amigos exigem atenção.

TRANSTORNOS DE ATENÇÃO

Os diferentes tipos de atenção estão associados às diferentes áreas do cérebro.


Porém, as áreas frontais cerebrais estão implicadas tanto nas formas superiores da
atenção (atenção voluntária), quanto na preservação do comportamento dirigido a
metas e na inibição aos estímulos irrelevantes. Como essas diferentes áreas se
desenvolvem em diferentes períodos da nossa vida, daí a importância de não
esperarmos que a criança preste atenção quando ela ainda não o consegue.
Quanto aos déficits de atenção, estes estão associados a uma variedade de
condições, incluindo o trauma cerebral, a anóxia/ hipóxia, a exposição pré-natal às
toxinas (como as drogas e o álcool) e os distúrbios de aprendizagem. A maioria das
crianças com déficit de atenção é diagnosticada com o Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDA/H). É importante ressaltar que nem toda criança
desatenta tem o TDA/H, pois fatores ambientais e emocionais podem interferir de
forma importante na atenção dela, além do fato de que a criança pequena tem uma
capacidade limitada de atenção.

CAUSAS DOS TRANSTORNOS DE ATENÇÃO

Os transtornos de atenção podem ser provocados por múltiplas causas, como:


depressão, estresse, fadiga e alterações na estrutura e/ou atividade bioquímica do
cérebro. As deficiências na atividade cognitiva de um paciente produzidas por
diferentes etiologias não são equivalentes, daí a importância de realizar um diagnóstico
adequado antes de iniciar um programa de reabilitação.
Independente da etiologia do dano é frequente que tarefas que exigem muito
esforço mental se tornem mais difíceis e as que antes eram automáticas exijam agora
um controle mental consciente de atenção. Por exemplo: as deficiências de atenção
podem representar um problema na reabilitação do paciente com alterações
neurológicas; os pacientes com acidente cerebral vascular apresentam alterações
funcionais que frequentemente estão associadas ao fenômeno de hemiatenção e os
pacientes com traumatismos craniencefálico geralmente se distraem com facilidade e
mostram uma perda do estado de alerta.
As demências estão geralmente associadas às alterações de atenção e
memória. Os problemas de atenção após um dano cerebral incluem a incapacidade
para focar a atenção em uma tarefa determinada e para deslocar a atenção de uma
ação ou acontecimento para outro
Além disso, em vários estudos foi reportado que os pacientes que apresentam
problemas de atenção, com frequência, terão desordens psicológicas e emocionais
associadas; por causa disso, em muitos casos, desenvolvem-se sintomas de
7
ansiedade, depressão, agressividade, comportamento antissocial e/ou baixa
autoestima. Em crianças é comum detectar síndrome de défice de atenção com
hiperatividade. Dentre os problemas de falta de atenção, a desorganização do
comportamento e o rendimento acadêmico ruim são de certa forma, silenciosos, já
que podem ser atribuídas à preguiça, depressão ou falta de motivação.
É importante lembrar que a atenção, o aprendizado e a memória são três
processos cognitivos que estão intimamente relacionados. A melhora nas habilidades
de atenção terá como resultado um incremento nas habilidades de memória.

REFERÊNCIA

ABRISQUETA-GOMEZ, J., SANTOS, F. H. Reabilitação neuropsicológica da teoria a prática. São Paulo;


Artes Médicas, 2006.

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed,


2000.

DELL'AGLIO, D. D., HUTZ, C. S. Depressão e desempenho escolar em crianças e adolescentes


institucionalizados. Psicol Reflex Crít. 2004, 17:351-7.

GAZZANIGA M. S., HEATHERTON, T. F. Ciência psicológica. Porto Alegre: Artmed, 2005.

GAZZANIGA, M. S., IVRY, R. B., MANGUN, G. R. Neurociência cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2006.

GOLDBERG, T. E., GOLD, J. M, BRAFF, D. L. Neuropsychological functioning and time-linked information


processing in schizophrenia. Rev Psychiatry. 1991;10: 60-78.

KENNY, J.T, MELTZER, H.Y. Attentional and higher cortical functions in schizophrenia. J.
Neuropsychiatry Clin Neurosci. 1991;3(3):269-75.

LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: Editora
Atheneu, 2001.

POSNER, M. I., PETERSEN, S. E. O sistema de atenção do cérebro humano


Revisão Anual da Neurociência. Vol. 13: 25-42 (Volume de publicação em março de 1990)
https://doi.org/10.1146/annurev.ne.13.030190.000325

SOHLBERG, M. M., MATEER, C. A. Reabilitação Cognitiva: uma Abordagem Neuropsicológica


Integrada. São Paulo: Santos, 2011.

STERNBERG, R. J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2000.

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TESTE DE ATENÇÃO CONCENTRADA - AC
(Texto exclusivo para uso em sala de aula)

O Teste da atenção concentrada (AC) é um instrumento aprovado pelo


Conselho Federal de Psicologia, que tem um valor inestimável, já que é capaz de
avaliar quantitativamente a capacidade de atenção concentrada e sustentada do
examinando, e também de permitir a avaliação qualitativa de outras habilidades
neuropsicológicas envolvidas, tais como: percepção, discriminação e varredura visual,
orientação espacial, processamento de informação com velocidade e ritmo de
execução visomotora para alternância de estímulos visuais, habilidade grafomotora e
persistência motora.
Um dos estudos mais relevante para a utilização de instrumentos de avaliação
psicológica é a validade relativa ao desenvolvimento, mais utilizada quando se trata de
pesquisas com crianças e adolescentes. Espera-se que, durante a infância, as
capacidades aumentem com a idade e a teoria da validade relativa ao desenvolvimento
sustenta que, o teste sendo válido, os resultados do mesmo também devem aumentar
com a idade (ANASTASI, 2015).
O Teste AC é um teste relativamente simples, de fácil compreensão, rápida
aplicação e correção e avalia de forma prática esta função neuropsicológica
importante, a atenção concentrada. O material básico utilizado é um lápis ou caneta
esferográfica e a folha de resposta.
O público alvo são indivíduos entre 18 e 64 anos, com aplicação individual ou
coletiva, com limite de tempo de cinco minutos. As instruções de aplicação descritas
no manual deem ser seguidas criteriosamente.

VERSÃO ATUALIZADA DO AC

O teste de Atenção Concentrada (AC) foi criado pelo psicólogo Suzy Cambraia
e publicado pela primeira vez em1967. A versão atual do AC conta com duas variáveis
importantes: a orientação espacial e a cor. Há três estímulos estilizados (símbolos), a
partir de um triângulo com a ponta em flecha e se apresenta com três posições e cores
diferentes. Ele permite avaliar erros cometidos por ação e por omissões, entre as 21
linhas, cada qual com 21 símbolos. Em cada linha horizontal devem ser cancelados
sempre sete símbolos(um terço do total da linha), chegando-se a um resultado bruto,
o qual é classificado por meio das normas percentílicas por escolaridade para adultos.
A atenção é uma função cognitiva de alta complexidade e nela estão implicados
numerosos subprocessos, como percepção, intenção e ação, sendo que os testes de
cancelamento com lápis e papel são testes de performance continuada, que avaliam a
atenção sustentada, enfatizando também aspectos da atenção visual.

ANÁLISE QUANTITATIVA DO AC

A correção é feita contando-se as figuras que foram riscadas e que estão dentro
dos círculos do crivo. Caso ocorra um erro e o examinando observar na hora, pede-se
de circule e não contará como erro, no caso de ter esquecido de marcas uma figura o
examinador com uma caneta de cor diferente circule e conte como omissão, se caso
a figura for assinalada errada, o examinador deverá realizar um traço perpendicular
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oposto ao do examinado. Dessa forma, é obtido o total de acertos (A). depois conta-
se os erros (E). depois contar o total das omissões.
Deve-se aplicar a fórmula P = A – (E +O), de posse do total de pontos, o
psicólogo deverá procurar na tabela mas apropriada para o examinando o percentil
correspondente ao total de pontos.

ANÁLISE QUALITATIVA DE ERROS - AC

A análise qualitativa dos erros cometidos também permite indicar o significado


destes, por exemplo,
(a) quando os erros são cometidos por omissão, podem indicar um prejuízo na
seleção dos modelos estímulos, ou seja, na atenção seletiva;
(b) erros na seleção de modelos estímulos podem indicar impulsividade e falha
no controle inibitório.
(c) os erros cometidos no tempo final do teste podem indicar déficit na atenção
sustentada e na persistência do esforço.
Portanto, o teste AC proporciona ao examinador informações valiosas sobre o
funcionamento neuropsicológico e atencional do examinando.
Foram realizados estudos de validade simultânea e estudos de precisão por
meio do teste e reteste. As tabelas de normas estão apresentadas em função da
escolaridade, para cada uma das regiões e para a mostra total.

Tabela 17. Percentis do AC por nível de escolaridade e para a


amostra total da região Nordeste

Ensino Ensino Ensino Amostra


Classificação Percentil
fundamental médio Superior Geral
Inferior 1 12 29 38 27
5 35 46 51 42
10 37 53 57 51
Médio 20 47 62 66 60
Inferior 25 51 65 69 64
30 53 68 71 67
40 59 74 77 73
Médio 50 67 79 84 78
60 74 84 89 84
70 79 91 95 90
75 81 94 99 94
Médio Superior 80 86 99 102 98
90 94 111 115 109
Superior 95 103 120 125 120
Muito Superior 99 127 135 139 137

Exemplo: Examinando com 26 anos, nível superior, sofreu acidente de moto,


submetido ao AC com um escore de 106 acertos, 04 erros, 12 omissões, aplicando a
fórmula obteve 90 pontos, com percentil 60 classificando como mediano na atenção
concentrada.

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REFERÊNCIAS

ANASTASI A. Testes Psicológicos. São Paulo: EPU; 2015.

BENCZIK, E. B. P., CASELLA, E.B. Atenção. In: SCHELINI, P. W. Alguns domínios da avaliação
psicológica. Campinas: Alínea Editora; 2007.

COUTINHO, G., ARAÚJO, C. Subtipos clínicos de TDAH e seus achados neurobiológicos. In: VALLE, L.
Neuropsiquiatria: infância e adolescência. ABENEPI. Rio de Janeiro: Wak, 2006.

MORAES, C., CIASCA, S.M., RIBEIRO, M.V.M. Problemas escolares e sua associação com o transtorno
de déficit de atenção e hiperatividade. In: VALLE, L. Neuropsiquiatria: infância e adolescência. ABENEPI.
Rio de Janeiro: Wak, 2006.

RUEDA, F. J. M. Bateria psicológica para avaliação da atenção (BPA). São Paulo: Vetor; 2013.

TABAQUIM, M. L. M. Avaliação neuropsicológica nos distúrbios de aprendizagem. In CIASCA, M.S.


Distúrbios de aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008.

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TESTE DE INTELIGÊNCIA NÃO VERBAL R-2
(TEXTO EXCLUSIVO PARA USO EM SALA DE AULA)

INTELIGÊNCIA

A inteligência humana tem sido objeto de estudo e polêmica desde os tempos


mais remotos. Mais especialmente, a forma de definir e avaliar a inteligência tem sido
um tema de preocupação e discussão na psicologia. Embora seja uma das áreas mais
antigas da Psicologia e com estudos consistentes sob o prisma da ciência, continua
sendo um tema gerador de conflitos, com pais, educadores e a mídia, por meio de
revistas e programas de televisão, perguntando: como tornar meu filho mais
inteligente?

DESCRIÇÃO DO R-2

O R-2 Teste Não Verbal de Inteligência para Crianças, foi elaborado por Rynaldo
de Oliveira com base no Teste de Matrizes Progressiva Colorida de Raven, segundo o
autor o R-2 “apresenta uma variedade de tarefas que se pressupõe serem uma
amostragem adequada das funções intelectuais mais importantes”.
O Teste R-2 se propõe a avaliar o fator G de inteligência (basicamente o que
Raven chamou de capacidade edutiva) de crianças com idades entre 5 e 11 anos. É
composto por 30 pranchas, ou cartões, com figuras coloridas, a serem aplicadas na
sequência de sua numeração, com figuras de objetos concretos ou figuras abstratas,
constituindo-se de uma figura com uma parte faltando e alternativas colocadas abaixo
desta figura, entre as quais está a parte que falta. As respostas devem ser registradas
pelo aplicador.
A aplicação do teste com o conjunto de pranchas é individual, uma vez que o
examinador apresenta à criança uma prancha de cada vez, sucessivamente. O
instrumento não possui limite de tempo, uma vez que se trata de um teste de
capacidade/poder.
Na amostra de padronização o tempo médio de aplicação de 8 minutos, sendo
que a maior parte dos sujeitos levou entre 5 e 15 minutos para realizar o teste, e deve
ser marcado o tempo a partir da 2 prancha.
Áreas de aplicação, pode ser utilizado na Psicologia Clínica pública e particular),
Escolar, Hospital, Instituições Sociais (Poder Judiciário, Vara da Infância, instituições
de controle social), em especial, na área a Neuropsicologia onde a inteligência tem
sido avaliada para hipótese diagnóstica e acompanhamento de crianças com
problemas de aprendizagem, bem como de crianças com DI e mesmo com altas
habilidades.

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Percentis do R-2 por idade para Escolas Públicas

Classificação Percentil 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos


Inferior 1 3 4 3 5 4 6 8
5 4 5 5 6 8 10 13
Média Inferior 10 5 6 7 9 10 13 17
20 - 7 9 10 14 16 19
25 7 - 10 11 15 17 -
30 - 8 11 13 16 18 20
40 8 10 12 14 17 19 22
Médio 50 9 11 14 15 18 20 -
60 10 12 15 17 20 21 23
70 - 13 - 18 - - -
Médio 75 11 - 16 19 22 22 24
Superior 80 12 15 17 20 23 23 25
90 14 18 19 22 25 24 26
Superior 95 15 19 22 23 27 26 27
Muito superior 99 19 26 26 25 29 28 28

Percentis do R-2 por idade para Escolas Particulares

Classificação Percentil 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos


Inferior 1 6 3 6 6 7
5 7 6 9 13 16
Média Inferior 10 8 9 12 16 19
20 10 12 15 17 -
25 11 13 19 - 20
30 12 14 20 18 21
40 14 16 22 20 22
Médio 50 15 17 24 21 23
60 16 19 25 23 24
70 17 21 - 25 -
Médio 75 19 23 27 26 27
Superior 80 20 25 28 27 28
90 26 26 - 28 -
Superior 95 27 28 29 29 -
Muito superior 99 30 30 30 30 30

ATENÇÃO: não foram apresentadas as tabelas de percentis para as idades de 5 a 11


anos para as crianças de escolas particulares. No caso de avaliações de examinandos
com tais idades, recomenda-se a utilização por idade para a mostra total.

13
Percentis do R-2 por idade para Amostra total

Classificação Percentil 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos


Inferior 1 3 4 3 5 4 7 8
5 5 5 6 7 10 12 14
Média Inferior 10 6 6 7 9 13 15 17
20 7 - 10 12 - 18 19
25 - 8 11 13 16 - 20
30 8 9 12 14 17 19 21
40 9 11 14 16 18 20 22
Médio 50 10 12 15 18 20 21 23
60 11 14 16 21 21 22 -
70 12 15 18 23 23 - 24
Médio 75 13 16 19 24 - 24 25
Superior 80 14 17 20 25 25 26 26
90 17 20 25 27 27 28 27
Superior 95 20 25 26 29 28 - 28
Muito superior 99 24 28 29 30 30 30 30

Classificação pelos percentis

Faixas de percentis Interpretação


99 Muito Superior
95 - 98 Superior
75 - 90 Média Superior
30 - 70 Média
10- 25 Média Inferior
3-5 Limítrofe
2 ou menos Intelectualmente Deficiente

CRIVO PARA ESTUDO


1 C 11 F 21 E
2 B 12 D 22 D
3 E 13 G 23 D
4 D 14 C 24 G
5 C 15 D 25 B
6 F 16 E 26 F
7 B 17 A 27 A
8 D 18 D 28 C
9 E 19 E 29 B
10 D 20 E 30 F

14
ESTUDO DE CASO

J.C.N, 9 anos foi encaminhada pela escola para avaliação por apresentar assustadora
queda no rendimento em todas as matérias. Não acatando as regras e normas que
antes aceita bem, quando é chama para conversar reage com hostilidade. Em
anamnese com os genitores estes estão desorientados face às reações da filha e não
sabem como lidar com ela, vem apresentando atitude hostil e ciúmes dos irmãos
menores. Informam que em casa o clima é tranquilo e buscam sempre oportunidades
de levar os filhos para passeios, o que complicou um pouco devido a pandemia, mas
estão voltando aos passeios. Durante ano passado, notaram que J.C.N., se incomodou
com a presença de uma prima paterna, que veio morar com a família, para completar
os estudos. As vezes dizia se sentir incompreendida porque suas ideias, não eram
aceitas, “ela quer levar vantagens ... quando perde no jogo, tornar-se agressiva”, “as
vezes olha com raiva para nós... e diz que não é nossa filha...que quando crescer vai
sair de casa e viajar pelo mundo”. Relata a genitora, que sempre com paciência explica
sobre as consequências dos atos de J.C.N., que responde com ar irônico: “você vai se
arrepender”. Sempre foi um pouco irresponsável com suas coisas, quando chega da
escola, sai jogando tudo pela casa, ultimamente anda revoltada com tudo, nem a
televisão e a leitura que gostava está parando. Fica no quarto e muitas vezes foi pega
dormindo embaixo da cama.

Síntese do HTP: apresenta personalidade ansiosa, reagindo com sinais de oposição e


negatividade em relação às figuras parentais. Há sinais de ansiedade e tensão em
relação aos estudos, revela traços de oralidade e narcisismo. Expressa-se com clareza
e tem um vocabulário muito rico, que maneja com elegância e correção. Revela
dificuldade de contato com repressão da afetividade.

Síntese do R-2:

15
ESCALA DE TRANSTORNO DO DÉFICIT DE
ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE
ETDAH-AD

FICHA SÍNTESE
Autor: Edyleine Bellini Peroni Benczik, 2013
Categorias: Função executiva e atenção, Instrumento Neuropsicopedagógico

Objetivo:
Auxiliar no processo diagnóstico do TDAH, com a possibilidade de distinguir a apresentação
do transtorno, a intensidade e o nível de prejuízo existente (leve, moderado e grave). A partir
dos resultados obtidos, identificar habilidades e o funcionamento neuropsicológico do sujeito,
bem como o(s) comportamento(s)-alvo de intervenção.

Permitir a elaboração de um plano de intervenção, seja esta psicológica, neuropsicológica,


educacional, social, vocacional ou profissional, psicopedagógica, entre outras.

Serve como medida de avaliação e de monitoramento dos benefícios pós-intervenção, como


forma de analisar o progresso e os benefícios alcançados, bem como verificar os limites e a
necessidade de uma revisão do plano de intervenção.

Público-alvo: Adolescentes e adultos com idade compreendida entre 12 e 87 anos.

Aplicação: Individual ou coletiva. É necessária apenas a utilização de uma caneta para


preenchimento do Livro de Aplicação. A escala é auto administrável (o próprio avaliando a
responde). Tempo: Não há limite de tempo de aplicação.

DESCRIÇÃO:

A Escala ETDAH-AD surgiu em função da carência de instrumentos brasileiros


validados e padronizados que auxiliem na captação de informações relevantes para auxiliar no
diagnóstico e na elaboração de um plano de intervenção destinado ao adolescente e ao adulto
com TDAH, transtorno que apresenta uma problemática com consequentes implicações em
termos de saúde mental, prejuízos funcionais, ocupacionais, sociais e familiares, afetando,
sobremaneira, o funcionamento do portador em vários contextos de sua vida.
A utilização da ETDAH-AD versão Adolescentes e Adultos possibilita aos profissionais:
(1) auxiliar no processo diagnóstico do TDAH, com a possibilidade de distinguir a
apresentação do transtorno, a intensidade e o nível de prejuízo existente (leve, moderado e
grave);
(2) identificar, a partir dos resultados obtidos, habilidades e o funcionamento
neuropsicológico do sujeito, bem como o(s) comportamento(s)-alvo de intervenção;
(3) elaborar um plano de intervenção, seja psicológico, neuropsicológico, educacional,
social, vocacional ou profissional, psicopedagógico, entre outras;
(4) servir como medida de avaliação e de monitoramento dos benefícios pós-
intervenção, como forma de analisar o progresso e os benefícios alcançados, bem como
verificar os limites e a necessidade de uma revisão do plano de intervenção.
É útil para pesquisadores, psicólogos, neuropsicólogos, médicos e profissionais da
saúde mental em geral, já que se propõe a subsidiar a prática profissional, tanto na fase de
identificação da problemática, quanto na compreensão das dificuldades apresentadas pela
pessoa, possibilitando a elaboração de um plano de intervenções e de estratégias a partir da
identificação dos comportamentos-alvo de intervenção, bem como a implementação e a
16
revisão do plano de tratamento para pacientes portadores de TDAH. A Escala de Transtorno
do Déficit de Atenção e Hiperatividade versão Adolescente e Adulto – ETDAH-AD, conta com
69 itens organizados em cinco subescalas, denominadas como fatores, sendo elas:

DESATENÇÃO (D)

O fator Desatenção foi composto por 23 itens (6, 19, 20, 22, 23, 24, 28, 30, 32, 33, 34,
36, 37, 44, 49, 50, 51, 54, 56, 57, 64, 67 e 69) que se relacionam com as habilidades
atencionais, persistência do esforço, memória, organização, autorregulação da motivação e
ritmo no desempenho das tarefas. Pode-se observar que os prejuízos decorrentes da função
Desatenção são considerados funcionais e refletem um baixo desempenho no
desenvolvimento de tarefas e ou no desempenho ocupacional.
Altos escores nesse fator refletem: dificuldades para realizar atividades que exijam
atenção, dificuldade para antecipar e prever eventos futuros, em reter na mente informações
importantes das quais vão necessitar para guiar ações posteriormente. Esquecimento do
objetivo das atividades e ações, apresenta baixo desempenho ne memória, gerando
esquecimentos de responsabilidades e de objetivos estipulados, com pouca capacidade de
organização e um ritmo de trabalho mais lento.

IMPULSIVIDADE (I)

O fator Impulsividade também foi composto por 23 itens (9, 11, 12, 15, 18, 25, 26, 38,
39, 40, 41, 45, 46, 47, 48, 52, 53, 60, 61, 62, 63, 66 e 68) relacionados, mais precisamente a
um déficit no sistema inibitório.
Altos escores nesse fator refletem: reflete baixa capacidade de inibição do impulso,
déficit de autocontrole, um déficit nas habilidades sociais, dificuldades nas interações
familiares, nas interações pessoais e uma dificuldade maior de adaptação nos contextos
sociais e no seguimento de regras e normas institucionais. Essas consequências são visíveis,
pois há um impacto no outro e no ambiente.

ASPECTOS EMOCIONAIS (AE)

O fator Aspectos Emocionais foi composto por 04 itens (4, 7, 21 e 55).


Altos escores nesse fator refletem: reflete a presença de dificuldades emocionais,
relacionadas com um humor deprimido, sensação de fracasso, dificuldades de
relacionamentos interpessoal com atitude de isolamento e inadaptação social, com certa
inflexibilidade diante de mudanças.

AUTORREGULAÇÃO DA ATENÇÃO, DA MOTIVAÇÃO E DA AÇÃO (AAMA)

Este fator é composto por 12 itens (1, 5, 8, 10, 14, 16, 27, 29, 42, 58, 59 e 65) que estão
dispostos de forma negativa ao quadro de TDAH e dizem respeito à atenção sustentada,
atenção seletiva, organização e planejamento, controle inibitório, relacionamento interpessoal
e persistência da ação e da motivação na perseguição de objetivos, mesmo diante de possíveis
obstáculos.

Fator AMMA os valores são invertidos, portanto considerar os pontos abaixo:

Resposta (0) (1) (2) (3) (4) (5)


Pontos 5 4 3 2 1 0

17
No caso de pessoas com TDAH, esses sintomas aparem de forma negativa, ou seja,
essas pessoas apresentam baixa capacidade na regulação da motivação e na perseguição de
objetivos, diante de obstáculos, como também uma dificuldade para resolver problemas,
ingenuidade e flexibilidade na busca de objetivos de longo prazo, pois tendem a desistir na
presença de possíveis obstáculos.
Altos escores nesse fator refletem: um prejuízo nos subdomínios de funções
executivas, ou seja, na capacidade de regular o comportamento no estabelecimento de
objetivos, considerando-se a motivação e a vontade, utilizando-se das habilidades de
organização e da previsão de ações para atingir um objetivo, lançando mão de estratégias
eficazes e quando necessário, modificando-as com a flexibilidade mental necessária na busca
de resolução adequada de situações problema, estabelecendo, assim, as prioridades e o
controle de impulsos com planejamento das ações, por meio de atitudes integradas e
organizadas, nas quais o sujeito consegue autorregular a motivação, a intensidade e o ritmo
da ação mesmo na presença de possíveis obstáculos.

HIPERATIVIDADE (H)

Esse fator ficou composto por 07 itens (2, 3, 13, 17, 31, 35, 43) relacionados a um
comportamento agitado, afobado e instável; na qualidade do sono, problema comum entre
muitos portadores de TDAH; Instabilidade comportamental em decorrência de distração;
Memória Prospectiva e Variabilidade no ritmo de trabalho.
Altos escores nesse fator refletem: prejuízo, com excesso de inquietação e agitação
comportamental, um ritmo acelerado que pode comprometer a qualidade do trabalho,
distração e instabilidade comportamental, como acidentar-se com facilidade (cair, tropeçar,
esbarrar em móveis), na alteração e na qualidade do sono e na memória, ou seja, em
problemas com situações de esquecimento de compromissos e tarefas, a não ser que os anote
previamente.

Tabela 20. Escala de TDAH: percentis para o Ensino Fundamental

Aspectos Autorregulação da
Classificação Percentil Desatenção Impulsividade Emocionais atenção, da motivação Hiperatividade
e da ação
1 6 8 - 2 2
5 16 15 - 8 6
Inferior 10 21 21 - 12 -
15 23 26 - 13 8
20 26 28 2 14 10
25 30 31 - 17 11
Média 30 32 33 3 18 -
Inferior 35 34 35 - - 12
40 37 37 4 19 -
45 39 39 - 20 13
Média 50 42 42 5 - -
55 43 44 - 21 14
60 45 49 6 22 15
65 47 51 - 23 16
Média 70 49 52 - 24 17
Superior 75 54 54 7 25 18
80 59 58 8 27 -
85 63 64 10 28 20
Superior 90 68 71 12 31 21
95 70 82 15 36 22
99 - - - - -

18
Tabela 21. Escala de TDAH: percentis para o Ensino Médio

Aspectos Autorregulação da
Classificação Percentil Desatenção Impulsividade Emocionais atenção, da motivação Hiperatividade
e da ação
1 6 8 - 4 3
5 13 16 1 7 6
Inferior 10 17 19 2 9 8
15 19 23 - 11 9
20 22 25 - 13 -
25 25 28 3 14 10
Média 30 27 30 - 15 11
Inferior 35 29 33 4 - -
40 31 36 - 16 12
45 33 37 5 - 13
Média 50 35 39 - 18 14
55 37 40 6 19 -
60 40 42 - - 15
65 41 45 7 20 16
Média 70 43 48 - 22 -
Superior 75 46 51 8 23 17
80 49 54 9 24 18
85 54 57 10 26 19
Superior 90 57 61 11 28 21
95 67 70 13 32 23
99 79 91 16 43 29

Tabela 22. Escala de TDAH: percentis para o Ensino Superior

Aspectos Autorregulação da
Classificação Percentil Desatenção Impulsividade Emocionais atenção, da motivação Hiperatividade
e da ação
1 7 10 - 4 4
5 11 15 - 8 6
Inferior 10 16 19 2 11 7
15 19 21 - 12 9
20 21 24 - 14 -
25 24 26 3 - 10
Média 30 26 28 4 15 11
Inferior 35 28 29 - 16 -
40 29 31 - - 12
45 31 33 5 17 -
Média 50 33 35 - 18 13
55 35 37 6 19 -
60 38 39 - 20 14
65 40 41 - 21 15
Média 70 42 43 7 22 16
Superior 75 44 46 8 23 17
80 46 48 - 24 18
85 50 52 9 26 19
Superior 90 54 56 11 27 21

19
95 62 60 13 31 23
99 72 78 17 37 29

Tabela 23. Interpretação dos Percentis

Percentil Classificação Interpretação

De Resultado muito abaixo do esperado para ser


1 a 20 Inferior considerado um problema ou uma dificuldade.

De Resultado abaixo do esperado para ser considerado


25 a 40 Média Inferior um problema ou uma dificuldade.

De Resultado compatível com a maior parte da


45 a 60 Média população e não pode ser considerado um problema
ou uma dificuldade.

De Resultado compatível com prejuízos e dificuldades


65 a 80 Média Superior de nível moderado.

De Resultado compatível com prejuízos importantes e


85 a 99 Superior sérias dificuldades, sendo considerado de nível
grave.

REFERÊNCIA
BENCZIK, E. B.P. Escala de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade ETDAH-AD:
versão adolescente e adultos. 1. Ed. São Paulo: Vetor, 2013 (Coleção ETDAH-AD: v. 1)

20
TESTE DE INTELIGÊNCIA GERAL NÃO-VERBAL (TIG-NV)
(TEXTO EXCLUSIVO PARA USO EM SALA DE AULA)

TESTE INTELIGÊNCIA GERAL NÃO-VERBAL (TIG-NV)

O teste de Inteligência Geral -Não Verbal foi elaborado em 2004, por Silésia
Delphino Tosi, com a finalidade de avaliar desempenhos característicos dos testes de
inteligência não verbais, como o Raven, G36 e outros. Mas, destaca-se dos
instrumentos conhecidos por sua originalidade e por seus estímulos que despertam o
interesse e a motivação.
Diferenciando-se, ainda mais, este instrumento de avaliação psicológica e
neuropsicológica, o TIG-NV parte do princípio de que a organização visual é a
facilitadora dos processamentos que são decorrentes de estímulos visuais. É um teste
de múltipla escolha, cuja diversidade de estímulos possibilita a análise das funções
cerebrais, que se combinam para que seja possível a concretização de determinados
tipos de desempenho.
TIG-NV, tem como objetivo avaliar o potencial intelectual por meio de tarefas de
raciocínio não-verbal, distribuído em 30 itens, que despertam a motivação e o
interesse. Avalia diferentes aspectos da inteligência não-verbal, tais como:
 Atenção concentrada
 Aprendizagem
 Conhecimento formal
 Orientação espacial
 Comportamento visomotor
 Memória de Reconhecimento
 Memória Operacional
 Percepção e Flexibilidade cognitiva
Possibilita, também, um estudo Neuropsicológico do desempenho nos
diferentes itens, por meio da análise das funções cerebrais envolvidas nos raciocínios,
que se combinam para que seja possível a concretização de determinados tipos de
desempenho, citados acima. Essas funções cerebrais são conhecidas por cognitivas,
sensitivas, sensoriais, motoras e afetivas. É a combinação dessas funções que
determina as ações e os comportamentos.
Este instrumento é destinado para pessoas de 10 a 79 anos e para os três níveis
de escolaridade: ensino fundamental, médio e superior. A aplicação pode ser individual
ou coletiva. Não há limite de tempo, mas observou-se que o tempo médio de execução
é de 30 a 40 minutos. Portanto, os protocolos só devem ser devolvidos após 20
minutos do início da aplicação, para não caracterizar desistência.
O TIG-NV é composto de 30 itens, sendo que cada item propõe um tipo de
raciocínio. Com o objetivo de permitir uma análise interpretativa e, de reunir itens que
apresentam raciocínios afins, os 30 itens foram classificados em quatro grupos.

I – RELAÇÕES BÁSICAS - RB

Neste grupo estão incluídos os itens que envolvem raciocínios de soma,


subtração, divisão, multiplicação, seriação e orientação espacial. Nos itens deste grupo
somente um tipo de raciocínio está presente e é normalmente adquirido durante o
21
processo de desenvolvimento. Pertencem a este grupo os itens: (soma simples:
elementos - frutas), (soma simples: acréscimo de 1 elemento ao anterior), (soma
simples: 1 elemento + 2 elementos = 3 elementos); (orientação espacial: 3
elementos) e (soma simples: sequência lógica).

II – RELAÇÕES ESPECÍFICAS - RE

Neste grupo estão incluídos os itens que envolvem raciocínios característicos


de algum tipo de aprendizagem. Como teoria dos conjuntos, identidade entre os
elementos, noção de quantidade, soma complexa e combinações simples, que são
decorrentes do processo de aquisição formal. O que caracteriza esses itens é que
podem envolver mais de um raciocínio. Os itens pertencentes a este grupo são:
(identidade: 3 a 3 elementos); (identidade: 3 a 3 elementos símbolos diferentes);
(noção de quantidade: aumento versus diminuição); (simétrico ou duplo + orientação
espacial), (identidade: 3 a 3 elementos diferentes), (relação entre parte - todo),
(percepção: regras de combinação), (relação parte - todo), (percepção:
relações entre as partes; teoria dos conjuntos) e (sequência lógica: orientação
espacial).

III – RELAÇÕES GESTÁLTICAS - RG

Neste grupo estão incluídos os itens que apresentam raciocínios relacionados


com a teoria da Gestalt e com os princípios e leis erais que se referem ao
desenvolvimento visomotor, como a lei de Fechamento, Figura e Fundo, Sobreposição
e Relações Parte/Todo, são, portanto, neurofisiologicamente comuns a rodos os seres
humanos. Os itens pertencentes a este grupo são: (orientação espacial:
fechamento), (orientação espacial: fechamento; percepção), (soma complexa:
sobreposição) e (percepção figura - fundo).

IV – RELAÇÕES COMPLEXAS - RC

Neste grupo estão incluídos os itens que requerem raciocínios mais complexos,
vários tipos de raciocínio e que envolvem alguns requisitos de percepção, atenção
aprendizagem e, portanto, flexibilidade cognitiva. Pertencem a este grupo os itens:
(combinação complexa: 3 elementos com variação dos e elementos), (combinação
complexa: 3 elementos diferentes 2 a 2), (soma complexa: vários elementos),
(percepção: relações entre as partes), (percepção: relações entre as partes),
(percepção: relações entre as figuras – referência 1 estímulo determinado), (teoria
dos conjuntos: agrupar animais da mesma espécie em 1 grupo) e (teoria dos
conjuntos: agrupar elementos segundo a função operacional).

22
CRIVO DE CORREÇÃO DO TIG-NV

ITENS ITENS ITENS


1 B 11 D 21 D
2 A 12 E 22 E
3 E 13 B 23 A
4 F 14 E 24 F
5 D 15 C 25 C
6 C 16 A 26 A
7 A 17 D 27 B
8 F 18 B 28 C
9 B 19 E 29 F
10 C 20 F 30 D

23
24
25
Referência
TOSI, S. M.V.D. TIG-NV: Teste de Inteligência Geral Não-Verbal. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2016
26
27
O CÓRTEX CEREBRAL

CÓRTEX CEREBRAL significa casca. É uma camada de


substância cinzenta que cobre todo o telencéfalo. Composto por substância cinzenta (2 a
4mm) e substância branca adjacente (que une diferentes áreas). É uma das mais importantes
áreas do Sistema Nervoso (SN). É a mais recente estrutura na história da evolução do cérebro
(neocórtex). É a parte mais desenvolvida do cérebro humano sendo responsável pelo
pensamento, raciocínio, funções cognitivas, processos de percepção sensorial (visão, audição,
tato e olfato) e a capacidade de produzir e entender a linguagem. O córtex é dividido em dois
hemisférios (esquerdo e direito) e subdividido em lobos (frontal, parietal, temporal e occipital)

PAPEL DOS HEMISFÉRIOS

A competência neonatal do bebê é, sem dúvida, um fator intrigante, mas de


certa forma plenamente explicável em termo s do seu potencial neural. Banich
(1997), apresenta materiais indicativos de que nesta idade (e provavelmente em
tempo anterior), o neonato já possui todas as células nervosas que irá ter ao longo
da sua vida e, com uma possível exceção para os olhos, o si stema nervoso já é mais
desenvolvido do que qualquer outro sistema do corpo, muito embora a sua
especialização hemisférica só venha a ser facilmente identicável entre os cinco e
dez anos de idade, paralela à consolidação do processo da lateralização.
Essa especialização permite a criança desenvolver o sentido de
direcionalidade, temporalidade, ritmicidade e lateralidade, período em se torna claro
o aperfeiçoamento da coordenação motora e da percepção do corpo no espaço e
no tempo. Numa primeira vista os hemisférios parecem imagens de espelho
(idênticos).
Porém, a ciência vem comprovando desde 1968 com eficácia através de
exames de positron emission tomography (PET), imagem de ressonância magnética
funcional (fMRI), eletroencefalografia (EEG) e fluxo sanguíneo cerebral regional
(rCBF), a existência de assimetrias anatômicas, neuroquímicas e funcionais,
designando assim as especializações hemisféricas.

COMPETÊNCIAS DO HEMISFÉRIO DIREITO

O mecanismo de processamento do hemisfério direito tem superioridade


sobre o esquerdo nas tarefas espaciais e as não -verbais tais como:
– Percepção e processamento espacial;
– Habilidades perceptivas visuoespaciais;
– Melhor competência nos processamentos visuo -motores;
– Responsável no processamento espacial dos aspectos motores;
– Orientação espacial (profundidade e distância);
– Organização do esquema corporal;
– Controle postural;
– Processamento para as notas musicais, e sons de animais;
– Habilidades musicais;
– Processamento de movimentos rítmicos;
– Processamento do ritmo interno e externo, que influenciam na qualidade do andar,
dançar e falar;
–Processamento simultâneo e holístico das informações;

28
– Reconhecimento de faces, e expressões faciais;
– Reconhecimento de figuras geométricas através do tato (e steriognosia) e da visão;
– Melhor performance na realização de tarefas de natureza não -verbal relativa a
espacialidade;
– Processa informações visuais de baixas frequências espaciais;
– Melhor competência para processamento perceptual em habilidades gross eiras;
– Vê a figura como um todo (Gestalt);
– Nas lesões desenvolvem quadros de agnosias e apraxias;

Vários estudos concluíram que indivíduos com lesões no hemisfério direito


apresentaram dificuldade para reconhecer objetos que não sejam padrão e são
pobres para distinguir faces que são previamente vistas, tem dificuldade para
reconhecer diferentes entoações de sons e tons de voz, não pode interpretar a
expressão emocional de faces. Estes estudos demonstraram que o hemisfério direito
tem habilidade cognitiva para não verbal e não linguística.
Além do hemisfério direito apresentar melhor performance nas tarefas
motoras de manipulação espacial, processa também um importante sistema de
controle dos movimentos rítmicos, processando ritmo interno com o ritmo externo,
possibilitando a harmonia da dança, do caminhar, do falar; de perceber
automaticamente à diminuição ou o aumento de velocidade enquanto dirige, e fazer
o reajuste automático na velocidade desejada (possibilitada pela perfeita harmonia
da intercomunicação hemisférica), aonde a temporalidade e ritimicidade tem
competência no hemisfério esquerdo.
Lesões no hemisfério direito podem trazer também esquecimento ou falta de
atenção; certas agnosias (perturbações no reconhecimento e na percepção de
informações), os pacientes podem apresentar deficiência na capacidade de
compreender relações de profundidade e de distância ou de lidar com imagens
mentais de mapas e formas.
Para a modalidade visual o hemisfério direito após lesão perde a capacidade
de reconhecer faces. Na audição responde melhor a fala humana do que aos sons
de animais e notas musicais, interpretando com maior rapidez e mais precisão. Isto
nos sugere que, apesar de o hemisfério direito não poder falar (para a grande
maioria das pessoas), pode perceber, aprender, lembrar e emitir comandos para
tarefas motoras.
Em testes utilizando blocos de madeira coloridos em padrões coerentes,
quando foi utilizada a mão esquerda está teve melhor desempenho, já que o
hemisfério direito é superior nos pro blemas espaciais – perceptuais. Estudos
sugeriram que este hemisfério é especializado em manipular ou realizar
processamento espacial dos aspectos motores e também foi superior no
reconhecimento de faces, (teste das faces contendo metade homem e a outra
metade mulher).
A competência do hemisfério direito tanto visuo -motor quanto holístico e a
capacidade de processamento simultâneo das informações, talvez tenham um
grande potencial de contribuição do hemisfério esquerdo para aprender novas
habilidades motoras.

COMPETÊNCIAS DO HEMISFÉRIO ESQUERDO

O hemisfério esquerdo tem superioridade ao direito nos processamentos


temporais, verbais e outros tais como:
– Processamento da fala;
– No pensamento intelectual, racional, verbal e analítico;
– Processamento de construções gramaticais mais complicadas;
29
– Melhor performance para identificar letras feitas na palma da mão direita
(esteriognosia);
– Percepção e processamento temporal;
– Superioridade em caracterizar o parâmetro temporal no comando mo tor;
– Precisão e velocidade;
– Participa no controle sequencial do programa motor;
– Importante na sucessão de transição postural de um movimento para outro;
– Participa no programa de movimentos sequenciais dos dois lados do corpo;
– Reconhecimento de palavras;
– Nomeia objetos colocados na mão direita;
– Processamentos analíticos (em especial na produção e compreensão da
linguagem);
– Melhor habilidade para reconhecimento da fala humana;
– Prontidão de ação no comportamento humano, devido maior concentra ção de
dopamina no globo pálido esquerdo;
– Organização e “timing” do movimento sequencial;
– É mais adaptado para processar altas frequências audiovisuais;
– É especializado em codificar informações finas;
– Identifica a figura fundo (no jogo dos sete erros);
– Nas lesões deste hemisfério apresentam quadros de afasia;

O hemisfério esquerdo participa na harmonia da motricidade processando o


“timing” da ação do movimento desejado, assim como organizando o programa
sequencial do movimento e fazendo a tran sição de um movimento para outro, dando
melhor performance com a contribuição da informação declarativa no processo que
estiver desempenhando.
No final do século XIX, emergia claramente a certeza de que o hemisfério
esquerdo exercia um papel importante na s funções da linguagem e, não somente na
fala. Muitas evidências mostraram ao longo dos anos, que o cérebro esquerdo e o
cérebro direito não são iguais em suas competências ou organizações. As pesquisas
na área têm aumentado cada vez mais, com os exames ma is abrangentes e mais
específicos.

OS DOIS HEMISFÉRIOS

Funções importantes são realizadas por ambos hemisférios, processos


básicos como a análise sensorial, a atenção, a memória, o aprendizado (cognição)
e o cálculo podem ser realizados por qualquer um dos hemisférios. A capacidade
do hemisfério direito é apenas limitada, quando a tarefa implica raciocínio complexo
ou analítico.
Diz-se às vezes que o cérebro é constituído por um hemisfério esquerdo que
se distingue no pensamento intelectual, racional, v erbal e analítico e um hemisfério
direito que se destaca na discriminação sensorial e no pensamento emocional, não -
verbal e intuitivo. No entanto no cérebro normal, com extensas interconexões
comissurais, a interação dos dois hemisférios é tal que não pod emos dissociar
claramente suas funções especializadas. De fato, há agora evidências de que a
capacidade de um hemisfério desempenhar uma tarefa especializada pode
deteriorar quando for desconectada do outro hemisfério após a comissurotomia.
Assim, apesar das diferenças dramáticas nas capacidades dos hemisférios
isolados, quando estão interconectados parecem se ajudar mutuamente numa
variedade de tarefas, tanto verbais como não -verbais. Esta integração é que
possibilita a harmonia do gestual, da melodia, da beleza harmônica do contexto do
ser humano, manifestada através da total performance da motricidade.
30
SUBDIVISÃO DO CÓRTEX CEREBRAL

LOBO FRONTAL
Área 4 (motora)
Área 6 (pré – motora)
Área 8 (motora visual)
Área 44 (área da linguagem motora, área de Broca)
Áreas 9, 10 e 11 (área pré-frontal: planejamento)

O lobo frontal, que inclui o córtex motor e pré-motor e o córtex pré-frontal, está
envolvido no planejamento de ações e movimento, assim como no pensamento abstrato
(localizado na região da testa). A atividade no lobo frontal aumenta nas pessoas normais
somente quando temos que executar uma tarefa difícil em que temos que descobrir uma
sequência de ações que minimize o número de manipulações necessárias.
A parte da frente do lobo frontal, o córtex pré-frontal, tem que ver com estratégia:
decidir que sequências de movimento ativar e em que ordem e avaliar o seu resultado. As
suas funções parecem incluir o pensamento abstrato e criativo, a fluência do pensamento e
da linguagem, respostas afetivas e capacidade para ligações emocionais, julgamento social,
vontade e determinação para ação e atenção seletiva.
Traumas no córtex pré-frontal fazem com que uma pessoa fique presa obstinadamente
a estratégias que não funcionam ou que não consigam desenvolver uma sequência de ações
correta.

LOBO PARIETAL
Áreas 3, 1 e 2 (somestesia)
Área 43 (gustação)

O lobo parietal, localizado na parte superior do cérebro


(cabeça), é constituído por duas subdivisões - a anterior e
a posterior. A zona anterior designa-se por córtex somatossensorial e tem por função
possibilitar a recepção de sensações, como o tato, a dor, a temperatura do corpo. Nesta área
primária, que é responsável por receber os estímulos que têm origem no ambiente, estão
representadas todas as áreas do corpo. São as zonas mais sensíveis que ocupam mais espaço
nesta área, porque têm mais dados para interpretar. Os lábios, a língua e a garganta recebem
um grande número de estímulos, precisando, por isso, de uma maior área.A área posterior dos
lobos parietais é uma área secundária que analisa, interpreta e integra as informações
recebidas pela área anterior ou primária, permitindo-nos a localização do nosso corpo
no espaço, o reconhecimento dos objetos através do tato etc.

LOBO TEMPORAL
Área 41 (sensorial auditiva primária)
Área 42 (área de reconhecimento auditivo)
Área 22 (área ligada a compreensão da linguagem)
Áreas 20, 21 e 37 (áreas secundárias da visão)
Áreas 39 e 40 (giro angular e supramarginal: áreas ligada a linguagem -
Wernicke, área também ligada a percepção espacial): parieto-temporal

O lobo temporal está localizado na zona por cima das orelhas tendo
como principal função processar os estímulos auditivos. Os sons produzem-
se quando a área auditiva primária é estimulada. Tal como nos lobos occipitais, é uma área de

31
associação - área auditiva secundária- que recebe os dados e que, em interação com outras
zonas do cérebro, lhes atribui um significado permitindo que a pessoa reconheça o que ouve.

LOBO OCCIPITAL
Áreas 17 (primária da visão)
Áreas 18 e 19 (secundárias da visão)

O lobo occipital está localizado na parte póstero-inferior do cérebro (região da nuca).


Coberta pelo córtex cerebral, esta área é também designada por córtex visual, porque
processa os estímulos visuais. É constituída por várias sub áreas que processam os dados
visuais recebidos do exterior depois de terem passado pelo tálamo: há zonas especializadas
em processar a visão da cor, do movimento, da profundidade, da distância, etc.
Depois de percebidas por esta área - área visual primária- estes dados passam para
a área visual secundária. É aqui que a informação recebida é comparada com os dados
anteriores que permite, por exemplo, identificar um cão, um automóvel, uma caneta. A área
visual comunica com outras áreas do cérebro que dão significado ao que vemos tendo em
conta a nossa experiência passada, as nossas expectativas. Por isso é que o mesmo objeto
não é percepcionado da mesma forma por diferentes sujeitos. Para além disso, muitas vezes
o cérebro é orientado para discriminar estímulos.
Uma lesão nesta área provoca agnosia, que consiste na impossibilidade de reconhecer
objetos, palavras e, em alguns casos, os rostos de pessoas conhecidas ou de familiares

OBSERVAÇÃO:
Os lobos parietais, temporais e occipitais estão envolvidos na produção das
percepções resultantes daquilo que os nossos órgãos sensoriais detectam no meio exterior e
da informação que fornecem sobre a posição e relação com objetos exteriores das diferentes
partes do nosso corpo. O lobo insular: Envolvido na codificação da memória e na integração
de informações sensitivas (principalmente dor). Em particular está envolvido na coordenação
de respostas cardiovasculares ao estresse

REFERÊNCIAS

BANICH, M. T. Fundamentos da Neurociência. New York: Houghton Mifflin Company, 1997.

ERIC R., KANDEL, J. H., SCHWARTZ, T. M. Fundamentos da Neurociência e do comportamento. Rio de


Janeiro, Editora Prentice – Hall do Brasil LTDA, 1997.

FERRAZ, P.C.G. Correlação entre nível de percepção e identificação de processamento hemisférico.


Dissertação de Mestrado, orientador: VERNON Furtado da Silva. UERJ. Rio de Janeiro, 2000.

GIACHETI, C. M. RICHIERI-COSTA A. Anomalias Estruturais do Corpo Caloso: Considerações Gerais


e Descrição de um Caso Clínico. Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia, 1999, Vol. 1: 97 – 103.

LENT, R. Nossos dois cérebros diferentes. Ciência de Hoje, 1993, Vol.16, 94, 42 -50.

MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional 2 Ed. Rio de Janeiro: Livraria Atheneu, 1998.

PINHEIRO D., NOGEIRA M., SAMPAIO A., ORTIZ M. Dominância Cerebral.htm. 2001 [PUBMED].

32
LAUDO NEUROPSICOLÓGICO

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome: H.R.H. Sexo: Feminino
Data de Nascimento: 10 de julho de 2005 Idade cronológica: 14 anos
Escolaridade: 8° ano do Ensino Fundamental

2. DEMANDA DE ENCAMINHAMENTO:
O presente documento solicitado pela Psicóloga B.M., tem como objetivo investigar as
características neuropsicológicas de H.R.H., com queixa de agressão e frieza
emocional diante de algumas atitudes e com familiares.

3. PERÍODO DE AVALIAÇÃO:
Avaliação Neuropsicológica foi realizada em seis sessões com duração aproximada de
90 minutos cada, entre os meses de novembro a dezembro de 2019 e janeiro e
fevereiro de 2020, incluindo anamnese com a Genitora e Avó Materna, além da
Entrevista Devolutiva (realizada em março de 2020).

4. SÍNTESE DAS ANAMNESES:


4.1 Genitora muito preocupada com o comportamento da filha, que estava em
companhia da figura paterna, e com muita surpresa fui convocada a comparecer no
Conselho Tutelar, pois no dia 06 de fevereiro de 2018, o ex-companheiro deixou H.,
nessa Instituição, alegando não ter condições de cuidar das despesas referentes a
adolescente. Trazendo a filha para casa, alega a genitora que as “atitudes
apresentadas de H., a está deixando muito apreensiva e assustada, pois quando a filha
é contrariada apresenta um comportamento desobediente, desrespeitoso, ofensivo e
agressivo com a avó e com o cachorro da família”. Quando sai para trabalhar, liga
várias vezes para casa, no sentido de saber “se está tudo bem...com receio de ter
acontecido algo com sua mãe”, pois no passado H, chegou a empurrar o avô e este
fraturou a clavícula. Informa que não sabe mais o que fazer para ajudar a filha, pois,
regras, normas e limites agravam ainda mais o estado de humor de B., tornando-a mais
opositora e desafiadora, “o que nos deixa mais desoladas...cada dia que passa está
mais difícil conviver em família”. Ultimamente vem “mentindo e evitando falar no celular
na nossa frente...as vezes fica no banheiro...sabemos que está conversando com
alguém, mas nega quando perguntamos quem era”. Genitora finaliza a entrevista com
a expressão: “a construção dos relacionamentos familiares, parece ser um fator
importante para o desenvolvimento de um transtorno, os conflitos vivenciados com
meu ex-companheiro, podem ter gerado este comportamento em minha filha...mas
tenho a certeza de que fiz e estou fazendo o melhor para que ela possa superar esta
crise”.

4.2. Avó Materna, relata que “é muito triste está situação com minha neta, não respeita
e nem aceita nossa convivência e nem nosso carinho”, desde pequena foi muito bem
cuidada e amada. Atualmente não a reconheço. “Ela ataca o nosso cachorro com uma
33
intensa raiva”, “tenho muito receio dessas impulsividades...ela se transforma...parece
outra pessoa”. Com os vizinhos não consegue conviver bem, pois sempre arranja
brigas e discussões. Minha Filha está sofrendo muito, e procura estar sempre atenta
as necessidades de H., porém sempre recebe ofensas e desamor por parte de minha
neta, “cada dia que passa esse comportamento fica mais intenso”. “E agora, com esta
queixa vinda do Colégio, nos deixou perplexas, acabando por ser convidada a sair da
Instituição de Ensino...estou inconformada com a índole de minha neta”.

4.3. Síntese da Anamnese com H.R.H., revela boa orientação no tempo e no espaço,
aparência cuidada, não demonstrando insegurança e nem ansiedade. Apresentando
interesse com o processo avaliativo. Vem se preocupando com os frequentes ‘nãos’
vindo da genitora e da avó materna, que estão acarretando “diversas situações
constrangedoras, em sua atividade sociais”. Relata falta de concentração e fadiga
(áreas pré-frontais) em determinadas situações, principalmente para estudar e em
atividades que queiram atenção. Informa que não tem um sono reparador,
despertando com a ‘cabeça pesada’. Há mais de seis meses não relaxa, principalmente
quando necessita realizar alguma tarefa da escola. Questionada sobre o processo que
corre em justiça, alega que quando completar 18 anos vai viver por conta própria. No
âmbito social vem tentando manter as amizades, pela internet, “uma vez que não pode
levar ninguém para casa...só na presença da avó ou da mãe”.

4.4. Observações Clínicas


Durante sessões avaliativas, examinada apresenta dificuldades em reconhecer as
queixas trazidas pela genitora e avó, relata que tem “sentimentos confusos com elas”,
na verdade quer ser independente...morar sozinha e ter uma vida sem dar satisfação.
Relata sem carga emocional o dia em que o pai a deixou na Conselho Tutelar, alegando
que “se ele achou melhor, tudo bem”, e que não sabe onde “ele” está morando no
momento. Responde a avaliação com monossílabos. Emite comportamentos para
incomodar as pessoas e deliberadamente culpar terceiros por seus comportamentos,
principalmente a genitora. Um quadro geral das observações pode-se inferir “um
padrão persistente de comportamentos negativistas, hostis, desafiadores e
desobedientes observados nas interações sociais da adolescente com adultos e
figuras de autoridade”.

5. INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA


Figuras Complexas de Rey: os resultados apontam para habilidades perceptivas e
cópia adequada à idade cronológica e instrução da examinanda, com tempo dentro da
média. No entanto observa-se dificuldade na organização e planejamento, que reflete
na competência produtiva pessoal a partir das dificuldades para planejar e organizar
tarefas. Ainda é possível inferir rebaixamento na memória visual operacional quando
comparada ao seu grupo controle, não conseguindo lembrar-se de forma precisa, os
elementos e suas localizações. Desenvolvimento executivo para organização e
planejamento abaixo do esperado.

Bateria Psicológica de Atenção (BPA): os resultados demonstram no teste de atenção


concentrada, difusa e alternada uma localização inferior da habilidade de focalizar
estímulos e manter o foco atencional sobre ele, assim é sugestivo, no momento, de

34
uma capacidade atencional geral na faixa inferior, se comparado às pessoas da
amostra normativa.

Escala de Avaliação em Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (ETDAD-AD):


os resultados quantitativos foram obtidos com base na pontuação bruta em cada fator,
após a somatória dos pontos, transformados em percentil obtendo escores para
desatenção: 66pontos, percentil 95%, superior; Impulsividade: 13 pontos, percentil 1%,
inferior; Aspectos Emocionais: 4 pontos, percentil 40%, inferior; Hiperatividade: 17
pontos, percentil 75%, médio superior e Autorregulação da Atenção, Motivação e
Ação: 27 pontos, percentil 855, superior. Sendo estes resultados indicativos de
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, com prejuízos importantes e sérias
dificuldades em diversas áreas de atuação (tendo em vista o papel dos distratores, que
dificultam a informação recém-adquirida).

Teste de Inteligência Não Verbal G-36: examinanda obteve um total de 21 pontos,


percentil 30% resultado pontuação na faixa mediana comparado ao seu grupo
controle.

Teste de Stroop de cores e palavras: demonstrou boa capacidade de nomeação, no


entanto deixa registrado baixa flexibilidade mental com inferior atenção seletiva,
cometeu erros acima do esperado, sugestivo de diminuição da função executiva para
analisar e inibir respostas impulsivas antes de agir.

Em análise da Escala para Avaliação da Depressão (EBADEP-A): presença de sintomas


psicológicos elevada vulnerabilidade ao estresse, indicativa sintomatologia depressiva.

Na Escala para Avaliação de Tendência à Agressividade (EATA): Examinanda deixa


entrever uma tendência a ter condutas agressivas de características variadas, que usa
de múltiplos meios para alcançar seus objetivos (persuasão).

No Teste de Rorschach, examinanda empregou pouco tempo para elaborar as 20


respostas que constituem o protocolo. Revelou possuir personalidade coartada, de
vida interior bloqueada, com dificuldade de contato e sinais de oposição. Campo
perceptivo diferenciado, porém, não organizado. Capacidade para resolução de
problemas, mas com dificuldade na observação na atenção e nas minúcias. Favorece
resistência a mudança e diminuição do afeto, ora mal adaptado, comprometendo o
controle emocional. Reflete uma atitude negativista e desconfiada em relação ao meio,
levando-o a cuidar muito da preservação do seu espaço pessoal e a ser muito
reservada em suas relações interpessoais, já que somente se sente segura se
controlar totalmente a situação (morar independente). Deixa entrever violar os direitos
de terceiros, repetidamente, às vezes sem nenhum sinal de irritação. Por isso, lhe é
muito difícil estabelecer e manter relações estreitas e costuma reagir com muita
desconfiança diante de aproximações com os demais. Trata-se, em síntese, de
personalidade em conflitos com sinais de inflexibilidade, dificuldade de controle e
apresentando ainda traços depressivos.

35
6. RESULTADOS QUALITATIVOS DA AVALIAÇÃO COGNITIVA
Atenção: os resultados apontam que a examinanda apresenta prejuízos no que se
refere a discriminar ou captar vários estímulos ao mesmo tempo para analisar o todo
e emitir respostas (reavaliar este item, devido à pouca importância dada pela
examinanda, em suas respostas).

Funções Executivas: baixa habilidade de planejamento com diminuta acurácia na


flexibilidade cognitiva com rebaixamento na velocidade de processamento. Revela
pouca capacidade de organização e um ritmo de trabalho lento (preguiçoso). Excesso
de inquietação e agitação, não necessariamente motora, mas com pensamentos
acelerados que podem gerar distrações e instabilidade comportamental, inclusive com
alteração na qualidade de sono. Denota a presença de dificuldades emocionais
relacionadas com humor deprimido, sensação de fracasso com possível atitude de
inadaptação ao meio externo e com relação ao outro.

7. DADOS CONCLUSIVOS E FUNCIONAIS DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA:


Os resultados obtidos nesta avaliação atentam para uma dificuldade de autorregulação
de ego, com uma sobrecarga de impulsividade e agressividade, chegando a
desrespeitar a segurança própria ou alheia, com ausência de remorso. Além disso,
suas expressões emocionais são com frequência intensa e pouco modulada. Revela
conflito afetivo, seguido de impaciência para considerar os detalhes, não se submeter
às normas e parâmetros legais A mentiras é vista como enganar ou manipular os
outros, a fim de obter vantagens pessoais ou prazer. Prognóstico: de alto potencial de
desajustamento. Hipótese Diagnóstica: Transtorno Desafiador Opositivo pode causar
os seguintes problemas: baixo desempenho escolar e profissional, comportamento
antissocial (F60.2), problemas relacionados ao controle de impulsos, com disfunção
executiva relacionada ao TDAH (F90), além da presença de ansiedade generalizada e
persistente quadro depressivo (F41.2).

8. ORIENTAÇÕES:
A Genitora e a Equipe de Profissionais que estarão no cuidar de H., lembrar que o
sistema límbico responde pelos comportamentos instintivos, pelas emoções
profundamente arraigadas e pelos impulsos básicos, como sexo, ira, prazer e
sobrevivência. Forma um elo entre os centros de consciência superiores no córtex
cerebral e o tronco encefálico, que regula os sistemas corporais. A área pré-frontal
não faz parte do circuito límbico tradicional, mas suas intensas conexões com o tálamo,
amígdala e outras regiões sub-corticais, explicam o importante papel que desempenha
na expressão dos estados afetivos. Quando o córtex pré-frontal é lesado, o indivíduo
perde o sendo de suas responsabilidades sociais, bem como a capacidade de
concentração e de abstração.

9. RECOMENDAÇÕES:
. Psicoterapia a princípio individual, por meio de técnicas de controle do
comportamento, que inclua uma abordagem disciplinar consistente e reforço
adequado do comportamento desejado, bem como proporcionar melhoria na
qualidade das relações sociais no contexto familiar, escolar e social.

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. Treinamento aos familiares para interagir mais eficazmente com a adolescente, por
meio do desenvolvimento de novas habilidades e da eliminação de estratégias
ineficazes.
. Acompanhamento psiquiátrico com terapêutica medicamentosa, o foco de atuação
de medicamentos deverá estar relacionado à diminuição dos sintomas de
impulsividade, raiva e agressividade, característicos do transtorno.
. Acompanhamento neurológico e neuropsicológico, no sentido de atentar para a
orientação do item 8.
. Tendo em vista a persistente negação no uso das medicações e o descuido higiênico,
por parte de H., e de acordo com a Genitora e a Equipe de Profissionais, torna-se
necessário o internamento em hospital/clínica para as devidos providências, no sentido
de minimizar os comportamentos desadaptativos recorrentes da adolescente.
. Reabilitação após 06 meses seguida as instruções acima.

Recife/PE, 16 de março de 2020.

Empresarial Camilo Brito – Rua Arnóbio Marques, 253 - 4° andar sala 408
CEP 50100-130 Santo Amaro – Recife/PE - Tel. (81) 99497.5461 E-mail: [email protected]

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RELATÓRIO NEUROPSICOPEDAGÓGICO

O presente relatório tem como principal motivo, construir uma compreensão


das dificuldades de relacionamentos acompanhado por inquietação, bem como
verificar o desenvolvimento sociocognitivo de D. G. R.., nascido em 04 de fevereiro de
2016, com 4 anos. Foi realizada cinco sessões com duração aproximada de 45 minutos
cada, entre os meses de janeiro a fevereiro do ano em curso, com uso de material
psicopedagógico.

1. SÍNTESE DA ANAMNESE
Foi conduzida uma entrevista semidirigida, com o objetivo de apresentar o contexto
afetivo, social e cognitivo no qual a criança se desenvolve. Genitora relata que o
processo geracional de D., foi marcado por ansiedade e conflitos familiares que podem
ter influenciado no seu desenvolvimento. A gravidez teve acompanhamento pré-natal
e sem intercorrências. Nascimento se deu em maternidade. De sua infância andou,
sentou em tempo esperado (normal), e com relação à fala, até a presente data,
compreensível, porém as vezes rápida “como se não acompanhasse o pensamento”.
D., é uma criança alegre, porém muito mais agitada que as crianças de sua faixa etária,
principalmente no ambiente escolar, onde vem acarretando alguns problemas
interpessoais e no aprendizado. Semestre passado as queixas vinham da escola
porque D., batia nos colegas e não era organizado. Genitora consciente das
dificuldades apresentadas e sempre mantendo atitudes de escuta e conversa com D.,
orientando para que prestasse atenção as atitudes com relação aos colegas. A figura
paterna continua ausente, mas D., mantem um bom relacionamento com os familiares,
inclusive nos finais de semana, “costuma ficar com a avó paterna e sempre que pode
auxilia com a educação do neto”. Com relação ao Padrasto a convivência é cordial e
atenciosa, inclusive com a irmã menor. No ano passado, notou que D., não queria ir à
escola, pois no retorno das aulas estava usando óculos, mas que no momento, não
está se queixando. Apresenta ansiedade.

2. OBSERVAÇÕES EM SALA DE LUDOTERAPIA


2.1 Interação Social. Durante sessões D., não apresenta dificuldades para se
comunicar, porém exibindo falhas de planejamento e organização. Houve iniciativa
espontânea em compartilhar seus interesses, porém mudando de um assunto para
outro com muita rapidez.

2.2 Comunicação. Uso de um meio organizado de combinar as palavras para fins da


comunicação, mantendo bom diálogo com organização nas frases (mesmo de
sentenças longas), possibilitando os processos de transformação dos pensamentos
em forma de expressão.

2.3 Processos de Leitura e de Escrita. Quanto a estes processos, ainda não estão
automatizados. Nas brincadeiras simbólicas apresenta padrão lúdico coerente, para
sua faixa etária.
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2.4 Interesses. Houve boa adaptação ao processo, mantendo interesses pelos jogos
lúdicos, um discurso com clareza de raciocínio e criatividade nos fatos narrados. É
notória a falta de atenção nas atividades que exijam um grau maior de concentração e
quando não consegue realizar as propostas lançadas, reage com irritação, querendo
passar para outra atividade sem ter terminado a anterior.

3. ANÁLISE DAS ESCALAS APLICADAS


3.1 No Teste de Trilha para pré-escolares TT-P (sequência e conexão) houve
correlação negativa entre os desempenhos com indiciadores de desatenção (falhas
em sequência).

3.2 No Teste de Fluência Verbal (FAS) – avaliação da linguagem oral, da memória


semântica através da produção de palavra dentro de um limite de tempo, sem
dificuldade para expressão verbal, mas ausência da flexibilidade cognitiva.

3.3 Na tarefa da Torre de Hanói, que envolve organização, flexibilidade e planejamento


para a realização da tarefa, o objetivo era alterar uma das torres com alguns discos
para uma das duas outras hastes vazias, respeitando duas regras: não retirar dois
discos ao mesmo tempo e não colocar um disco maior em cima de um disco menor.
O grau de complexidade aumenta no decorrer das três fases do teste que contém três,
quatro e cinco discos, respectivamente. D., não concluiu as fases, cometendo vários
erros, pela falta de habilidade de planejamento e concentração.

3.5. No Teste de Atenção por Cancelamento – dificuldade para emitir respostas


seletivas, porém no aspecto da atenção dividida obteve bom estímulo entre duas ou
mais tarefas independentes, com respostas rápidas executando as propostas
simultaneamente.

4. SÍNTESE DOS RESULTADOS QUALITATIVOS DA AVALIAÇÃO COGNITIVA


Atenção: os resultados apontam que D., apresenta significativos prejuízos no que se
refere a discriminar ou captar vários estímulos ao mesmo tempo para analisar o todo
e emitir respostas.

Funções Executivas: baixa habilidade de planejamento com diminuta acurácia na


flexibilidade cognitiva com rebaixamento na velocidade de processamento. Diminuição
da capacidade de organização e um ritmo de trabalho mais desorganizado. Excesso
de inquietação e agitação, com pensamentos acelerados que podem gerar distrações
e instabilidade comportamental.

RESULTADOS E HIPÓTESE DIAGNÓSTICA COGNITIVA E FUNCIONAL

O Estado Emocional de D., reflete prejuízo na reciprocidade social e emocional


afetando demasiadamente a iniciação e sustentação de relacionamentos com os pares
apropriados ao nível de desenvolvimento do mesmo. Desenvolveu empatia ao
processo, no entanto apresenta dificuldades, principalmente na velocidade de
processamento (terminar tarefas no tempo estimado). Prognóstico: Favorável.
39
Hipótese Diagnóstico: Há sinais sugestivos de Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade, apresentação desatenção marcada por sintomas como: dificuldade de
manter a atenção em brincadeiras, como também dificuldade de organização (tarefas)
material lúdico; hiperatividade caracterizada por inquietação e fala excessiva (age
como se tivesse um motor) e a impulsividade incluindo a dificuldade de aguardar a vez
para dar sua opinião e a intromissão na conversa com os outros (intolerante à
frustração).

ORIENTAÇÃO A FAMILIARES: A família precisa de apoio e orientação em todo o


processo (pois não é fácil a busca por tratamentos e aceitação do diagnóstico). Há
uma série de mudanças na dinâmica familiar, a fim de se reorganizar para comparecer
às terapias propostas, além do cuidado da criança em casa, que pode ser bem
desgastante (especialmente em situações de agitação e crises).

RECOMENDAÇÕES
→ Buscar terapias nas áreas: Ludoterapia Cognitiva-Comportamental, Psicoterapia
Relacional, atividade física e/ou prática de esportes.

→ A família deve ser encaminhada para acompanhamento psicológico, onde o


psicólogo atuará no fortalecimento e apoio emocional durante as várias adaptações
que o tratamento exige dos familiares. Quanto mais orientada a família, maiores as
chances de compreensão em relação ao quadro. Também é maior a probabilidade de
estímulo às potencialidades do indivíduo, evitando proteção excessiva.

→ Terapêutica medicamentosa a critério do neuropediatra.

→ Realizar uma reavaliação após seis meses, cumpridas as recomendações.

Recife/PE, 09 de março de 2020.

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CEP 50100-130 Santo Amaro – Recife/PE - Tel. (81) 99497.5461 E-mail: [email protected]

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