Bio Krumm
Bio Krumm
Bio Krumm
Colaborou em inúmeros jornais e revistas. Foi redator do Diário do Comércio, de Barcelona (1926).
Realizou várias excursões científicas no Canadá, na Califórnia, em Cohuila, em Oaxaca, no México,
na América Central, no Peru, no Brasil, no norte do Chile, nas Ilhas Orcadas (Inglaterra), na Hungria, na
Itália e no Oriente.
1876: Nascido em 15 de abril, na cidade de Siegen, Alemanha; região famosa por suas minas de ferro, a
indústria do aço e mineração e escolas mecânicas. Filho de Ferdinand Krumm-Heller, Alemão, e
Ernestina Krumm-Heller, Mexicana. Batizado com nome de Heinrich Arnold Krumm-Heller na Igreja
Luterana local.
“Educado sob os carinhos de mãe exemplar, que tudo sacrificou pela minha educação. Tornei-me homem
sem nunca me Ter dado ao trabalho de pensar, sequer, em filosofia e religião, deixando aos padres e aos
especialistas a árdua tarefa dessas preocupações” (Autobiografia do Dr. Krumm- Heller).
1892: Sai pela primeira vez da Alemanha em viagem para América Latina, chegando ao México e se
estabelecendo no Chile, com familiares. Ele deixou a Alemanha com a idade de 16 anos para se juntar a
seu irmão em sua fazenda no interior da Argentina; mas seu irmão não conseguiu encontrá-lo na estação.
Ele foi para o Chile, onde obteve o emprego com alguns químicos.
“Depois do último beijo de despedida, deixei a boa e santa mãezinha na Alemanha e parti, saudoso, em
busca dessa terra que hoje, considero a minha segunda pátria; a América Latina. Fui residir,
primeiramente, no Chile, um dos países mais adiantados e mais formoso do continente americano”
(Autobiografia do Dr. Krumm-Heller).
1893: (Período Espiritista) Falece sua mãe, ele com 17 anos fica atormentado. Fato esse que causou
grande comoção em sua vida e o despertou para os estudos espiritualistas. "Uma obra de Allan Kardec,
uma filosofia que conhecia desde criança, era sua salvação. Aquela leitura o tirou fora do marasmo da sua
aflição e conseguiu melhorar seu humor" (Tshade).
Para propagar o espiritismo, funda uma revista “El Reflejo Astral”. A revista o levou a entrar em contato
com um espiritualista catalão, chamado Leon. Ele envia para Dr. Krumm-Heller diversas obras esotéricas,
entre elas “A Doutrina Secreta” (1888), de H.P. Blavatsky.
“Mal coloquei-a em circulação, fui procurado por um Senhor de Barcelona que me felicitou pela
propagação de tais idéias, em um país onde o fanatismo católico exercia tão decisiva influência.
Ofereceu-me várias obras, entre as quais “Depois da morte”, de Leon Denis, e a “Doutrina Secreta”, de
Blavatsky” (Autobiografia do Dr. Krumm-Heller).
1896: (Período Teosófico) Com 20 anos, entra em contato com a Sociedade Teosófica, e recebe instruções
por correspondência. Pública o livro “Mi Sistema”, aparentemente uma compilação dos escritos da
revista. E deixa de ser espírita.
“Eu e milhares de iniciados em ocultismo não negamos a realidade e a possibilidade do fenômeno
espírita; na minha primeira conferência encontrareis a minha opinião a respeito. A diferença que existe
entre os espíritas e os ocultistas é que os primeiros se valem de meios ou instrumentos para entrar em
comunicação com o plano astral (o Além, como chamam) e nós desenvolvemos a faculdade que nos
tornam, não passivos, inconscientes ou conduzidos por um guia, porém, ativos, conscientes (salvo casos
especiais) e nos permitem, ingressar, voluntariamente, em outros planos. A obra de Blavatsky induziu-me
a suspender a publicação da revista” (Autobiografia do Dr. Krumm- Heller).
1897: Casa-se no Chile com Rita Aguirre, sua primeira mulher. Dela nasce o primeiro filho, Hiram
Krumm-Heller Aguirre. Dois meses após o casamento, ele se matrícula na Sociedade Teosófica. “Deixou
de ser um espírita por sentimento e tornou-se um ocultista por consciência” (Tshade). Em 31 de março, do
mesmo ano, Dr. Krumm-Heller é diplomado membro da Sociedade Teosófica, assinado pelo presidente
Henry Stell Olcott (Revista “Rosa Cruz”, janeiro 1929, p.153).
1898: (Período Martinista) Krumm-Heller muito impressionado pela vida do Marquês de Pasqually, Saint
Martin, e de Eliphas Levi, escreve do Chile para o Diretor-Geral da Ordem Secreta do Martinismo, Papus
(nome místico do doutor Gérard Encausse, médico, Diretor-Geral da Ordem Martinista, Presidente do
Conselho da Ordem Kabalistica Rosa Cruz, maçom, membro da Golden Dawn no Templo de Ahathoor de
Paris entre outros grupos e projetos). Este recomendou que conhecesse o representante da Ordem
Martinita em Buenos Aires, Doutor H. Girgois, sob os cuidados do instrutor Arthur Clement.
“Blavatsky e outros haviam escrito com muito entusiasmo sobre restos arqueológicos dos Incas do Peru e
dos astecas do México” (Autobiografia do Dr. Krumm-Heller). Sendo o Peru mais próximo, viajou para
lá, e viajou a cavalo durante algum tempo e escavou as ruínas de Cuzco. Em seu livro “Del Incienso a la
Osmoterapia”, diz como no oriente, as civilizações americanas sabiam o uso de essências e perfumes e
ainda os índios Quechua e Aymara viajam por todo altiplano oferecendo suas ervas sagradas. Ali
conheceu uma senhora que utilizava como medicamente folhas de coca, colhidas em determinadas fases
da lua. Depois de visitar os restos arqueológicos de Cusco, recebeu informações sobre o Caminho Real
(Capac Nan), um caminho enigmático com ruínas incas e pré-Inca, com uma vista muito partícular: “La
Salida del Sol”, que ilumina toda floresta. Ele pega a trilha Antisuyo sai da cidade de Cusco até Antisuyo,
visitando muitas ruínas, como Pisac. Na viagem, nas Chullpas (tumbas) de Ninamarka, perto de Cusco, na
província de Paucartambo (3,000 metros acima o mar), Dr. Krumm-Heller entra em êxtase com a natureza
e tem uma visão mística.
"Sentado em uma das ruínas mais famosas, contemplando ao meu redor esse panorama sublime (…).
Sobreveio uma espécie de vertigem, um êxtase, no qual os mistérios da natureza se revelavam ante minha
vista. As vibrações do grande todo se confundiam em mim tornando-me assim, simples microcosmos em
relação ao macrocosmos" (Autobiografia do Dr. Krumm-Heller).
Essa experiência mística se repete em outros lugares de natureza exuberante, como Assmanshausen,
Alemanha; Canal Smith, Terra do Fogo; Tirol, Cataratas do Niagara, Alpes Suíços e no Rincón de Maria,
México. Krumm-Heller observa que ao estudar com Papus (Escola Hermética) conseguiu a chave para ter
acesso à vontade de estados de êxtase místico, “Papus me deu o que eu ansiava por me apresentar ao
verdadeiro caminho da iniciação; me deu as chaves que põem conscientemente sobre as vergas do mundo
invisível, o anfiteatro da mansão dos mortos” (Autobiografia do Dr. Krumm-Heller).
Em Paucartambo – Cusco, Krumm Heller foi estabeleceu na casa de uma família alemã, chamada de
Odmeister, então, começou sua pesquisa para na área agora chamada de “Tres Cruces” (4860 m), que fica
em frente da montanha chamada “Apu Cañajhuay”. Lá entra em contato com a comunidade indígena dos
Q'ero. Junto com os sacerdotes xamânicos dos Q'ero ou Altomesayoc, o Dr. Krumm-Heller participou de
alguns ritos antigos. Em uma desses rituais, ele recebeu a influência espiritual que os Q'eros chamam de
Huiracocha (Pilares Villa Ruben). O próprio Krumm-Heller confirma isso em sua revista em 1930, que
diz: “embora em graus posteriores tenha dado outros nomes, eu gosto do primeiro, como ele traz
memórias belas e sagradas”. Depois de Cusco, Krumm-Heller e Girgois viajam para Puerto de Mollendo
em Arequipa. Girgois retorna para Buenos Aires e Krumm-Heller viaja para Europa.
1900: Dr. Krumm-Heller participa do Congresso Teosófico de Nurenberg, no qual apresenta sua pesquisa
realizada na América: “O Culto do Sol entre os Incas Antigos”. Diz Krumm-Heller que estreitou relações
com o famoso Doutor Franz Hartmann. Após o Congresso retorna ao México, mas volta à Europa
novamente.
1902: (Período Maçônico) Época em que ele é iniciado no Rito Escocês Antigo e Aceito, na Alemanha.
Nessa época aproximadamente, ele conhece pessoalmente Alberto de Sarak (Conde de Das), chefe do
“Centre Esotérique Oriental” e fundador do “Oriental Esoteric Center of the United States, sob a
obediência do Supreme Esoteric Council of the Initiates of Tibet”, na qual Krumm-Heller é feito membro,
saindo em 1908. Conhece Franz Hartman (1838-1912). Começa estudar medicina e ciências naturais na
Alemanha, França e Suiça.
1906: Aos 26 anos de idade, Arnold Krumm-Heller foi iniciado por Papus e sagrado ao sacerdócio da
Ecclesia Gnostica. Huiracocha foi iniciado também na Ordem Martinista, mas de data incerta, na loja
Hermanubis em Paris. Há influências do Martinismo existem na FRA. De ordem prática, principalmente
as técnicas de vocalização (postura, entonação, gestual). Além, toda a preparação devocional para as
práticas é de “inspiração” martinista (via cardíaca). Também foi iniciado na Ordre Kabbalistique de la
Rose-Croix.
Sobre a Igreja Gnóstica: O Patriarca Valentin II – Jules Doinel funda a Igreja Gnóstica da França (Église
Gnostique de France, 1890) com base nas doutrinas teológicas de Simão o Mago, Valentin e Marcus, e
com uma Liturgia Gnóstica complementar, de origem Cátara, ele compôs a sua Igreja Gnóstica. Jules
Doniel chega a consagrar como Bispo, personagens como Papus (Tau Vincent, 1892), Fugarion (Tau
Sophronius), Fabre de Essarts (Tau Synesius) e Lucien Chamuel (Tau Bardesane). Papus decreta então
que a Igreja Gnóstica de Doinel, seria a Igreja oficial dos Martinistas. Em 1896, Synesius – Bispo Fabre
de Essarts sucede o ex-patriarca. Ele consagra como bispos Léon Champrenaud (Tau Théophane/1870-
1925), para Versailles; René Guénon (Tau Palingénius/1886-1951) para Alexandria e Jean Bricaud, da
Ordem Martinista (Tau Johannes ou Jean, 1902) como Bispo de Lyon em 1901.
1907: Bricaud e Papus rompem com Fabre de Essart e fundam a dissidente Igreja Gnóstica Cathólica
(Église Catholique, 1907), tornando-se a igreja oficial dos martinistas, possui como Patriaca Tau Vicent
(1892-1911), posteriormente, Tau Jean (1908-1934). A Igreja Gnóstica da França permanece até Léon
Champrenaud (Tau Theophane).
1908: “Congresso de Espiritualidade e Maçonaria” em Paris, por Papus, que aconteceu no templo
parisiense da Loja Maçônica Droit Humain. Krumm-Heller iniciado no Rito Antigo e Primitivo de
Memphis e Mizraim de Theodor Reuss, até o grau 97º.
Theodor Reuss (1855-1923), fundador da Ordo Templi Orientis (O.T.O.) e membro da Golden Dawn,
troca títulos com Papus e reveste o mesmo de poderes para estabelecer um Supremo Grande Conselho
Geral dos Ritos Unidos da Antiga e Primitiva Maçonaria para o grande Oriente da França, delegando a
Papus autoridade sobre os Ritos de Memphis e Mizraïm. Papus, Bricaud e Fugarion, por sua vez,
conferem a Theodor Reuss o título de autoridade primaz sobre a Igreja Gnóstica Católica (IGC) que passa
a fazer parte da O.T.O. E Papus, Bricaud e Fugarion mudaram o nome da igreja para Igreja Gnóstica
Universal (Église Gnostique Universelle, 1908). Nesse momento há três vertentes gnósticas: a Igreja da
França de Essarts, a Igreja Universal dos martinistas de Papus, a Igreja Católica de Reuss que
posteriormente torna-se uma Igreja de cunho thelemita, nas mãos de Crowley. E por outra linha a Igreja
Gnóstica de Eleusis do Dr. Peithmann (Basílides).
Ele também recebeu, sem custo, um documento de Theodor Reuss, datado 15 de março de 1908, a
nomeação de “General Gross – Representanten für México” do Soberano Santuário do Antigo e Primitivo
Rito de Memphis e Mizraim. Ocorre que no início de 1908, Theodor Reuss, inebriado com a fixa ideia de
expandir sua Ordem e levá-la também as terras latinas, viu em Krumm-Heller essa oportunidade e o
nomeou Representante Geral da Ordem para o México. Foi feito grau Xº O.T.O. para aquele país. Mas
Krumm-Heller não desenvolveu nada que pretendia Reuss. Ele só utilizou o título de modo formal. Como
na introdução do livro Logos, Mantram, Magia, Huiracocha declara abertamente que: “Yo […] que soy
miembro de más de veinte sociedades secretas, como la O.T.O. y A. A. en los cuales tengo el último
grado…”.
"Deste modo, embora com status legal de representante da O.T.O. de Reuss para o México, o fato é que
Krumm-Heller simplesmente não chegou a desenvolver qualquer tipo de trabalho ou iniciativa, mínima
que seja relacionada a esta ordem propriamente dita. Até mesmo pelo contrário, as poucas situações que o
ligam ao líder universal da O.T.O. sugerem que ele de certo modo teria preferido, aos poucos, distanciar-
se dos propósitos e da ideologia defendidos pela Ordem de Reuss" (Carlos Raposo).
OBS: Theodor Reuss (fundador da O.T.O. – Ordo Templi Orientis) havia nomeado, em 1908, o Dr.
Arnold Krumm-Heller com o grau máximo OTO, grau este que lhe dava autoridade e poder de
representar a O.T.O. em qualquer país. Já, Aleister Crowley, ingressou na O.T.O. de Reuss só em 1910
(dois anos depois) e somente ganhou o tal título em 1912, quando então tornou-se representante da O.T.O.
na Grã-Bretanha.
1908: publica o livro “No Fornicarás”. Obra na qual explica de forma sintetizada alguns temas sobre
magia sexual, que havia recebido de Papus e outros mestres da Europa.
“Se os irmãos Rosa-cruzes buscam obras gnósticas em bibliotecas, desde que os bibliotecários não
tenham seguido o exemplo de São Jerônimo, de queimar todos os livros acerca de questões sexuais,
encontrarão verdadeiras maravilhas, como eu encontrei, os Gnósticos que me deram as chaves da magia
sexual. Alguns teósofos me chamam de mago negro, porque me ocupo desses assuntos, mas estão todos
de acordo que em termos de autoridade de magia sexual, eu tenho realizado muitos anos essa disciplina, a
mais de vinte anos, meu primeiro livro “No Fornicarás”, que era muito atraente. Hoje só encontrado em
bibliotecas” (Dr. Krumm-Heller, Revista Rosa-Cruz, 1930).
1908-1909: Em seu retorno da Europa, após a conclusão dos cursos de Medicina, viaja para o México, se
filia à Gran Logia Masonica Valle de México, que tinha como V.M. Ramón I. Guzmán. É iniciado no grau
30º Cavaleiro Kadosh. Posteriormente, Krumm-Heller chega ao grau 33º de Soberano Inspetor Geral do
Rito Escocês Antigo e Aceito, quando regressou para Europa, anos mais tarde. Ele atua como médico
homeopata da escola de Samuel Hahnemann. Ele também funda a loja martinista, dirigida pelo Coronel
Alfonso Montenegro.
No México, ocupou, por alguns anos, o cargo de Professor de línguas, na Escola Nacional Preparatória e
foi Inspetor de escolas estrangeiras, no Ministério de Instrução Pública.
1911: Krumm-Heller se tornou médico particular de Madero, no início de 1911. Ele publica o livro
“Humboldt” e “El Zodiaco Azteca en comparación con el de los Incas”.
1913: no caos político, seu amigo maçom, Francisco Madero (líder da Revolução Mexicana de 1910 e
Presidente do México 1911-1913) morre. Krumm-Heller é obrigado a morar no interior do México. Atua
como Médico Diretor do Hospital Militar de Tampico.
Em junho de 1913, o governo Victoriano Huerta prende Krumm-Heller por hospedar um “encontro de
socialistas e anarquistas.” A Alemanha interveio em sua libertação, mas o considera doido. Dr. Krumm-
Heller viaja para Guatemala e no México pesquisando a língua Nahua e seus dialetos, e as culturas maia e
asteca.
Krumm-Heller reaparece em El Paso, no verão de 1913, reuniu-se com Carranza. Ele tornou-se chefe da
artilharia do general Obregon, uma divisão com muitos mercenários alemães e americanos. Krumm-
Heller publica o livro “Conferencias esotéricas”.
De acordo com a American Military Intelligence Division MID, Krumm-Heller trabalhou no Serviço
Secreto mexicano em janeiro de 1912. Um ano mais tarde, depois do assassinato de Madero, Krumm-
Heller se tornou um agente secreto para Carranza, que o enviou em missões diplomáticas para o Texas. O
então governador Ferguson, com a insistência do agente do serviço secreto alemão, foi o primeiro estado
dos EUA a reconhecer formalmente os constitucionalistas como governo legítimo do México. Carranza
também enviou Krumm-Heller em missões diplomáticas para a Argentina e Chile. No Exército obteve a
patente de Coronel Médico Militar. Ocupou o cargo de diretor Geral das Escolas Militares.
1914: Victoriano Huerta deixa a presidência do México e as tropas de Venustiano Carranza são vitoriosas.
Entretanto, as tropas de Pancho Villa e Zapata atacam.
1915-1918: Dr. Krumm-Heller retorna para Europa. Na Primeira Guerra Mundial, Krumm-Heller
trabalhou para o serviço secreto alemão. Em uma missão para a Alemanha, as autoridades britânicas
prenderam em Falmouth como um espião. Por causa de sua cidadania mexicana ele retorna para Berlim,
onde o agente passou o resto da guerra como o adido militar da embaixada mexicana na Suiça e
Alemanha.
1916: Morre Papus. Charles Detré assumiu Memphis-Mizraim e Martinismo até sua morte em 1918. E
Bricaud a Igreja Gnóstica. Neste ano, Dr. Krumm-Heller recebe o título acadêmico “Doctor Honoris
Causa”, no México.
1917: Após a vitória de Carranza, Dr. Krumm-Heller atua como representante diplomático do México na
Europa. Viajando para diversos países. Enquanto no México, ele também fundou a Sociedade da Cruz de
Ferro, uma ordem germânico-imperialista, com Carranza como chefe e ele mesmo como secretário. Para
ele, o México de Carranza resistiria à tentação dos EUA, e seguiria o chamado espiritual da Alemanha,
redescobrindo seu passado da raça Asteca.
1918: publica o livro “Der Rosencreuzer aus México” e “México Mein Vaterland”.
1920: morre o Presidente Carranza no México. Ele regressa para Alemanha e atua como agente
diplomático do governo mexicano na Alemanha e Suíça, até o governo de Obregon.
Nessa época ele se casa novamente, com Carlota Krumm-Heller de cuja união nascem Guadalupe,
Cuauhtemoc, Parsival e Sieglinde. Ele também vende produtos homeopáticos e naturais.
1920: nessa década conheceu Rudolph Steiner (1861-1925), o fundador da Sociedade Antroposófica.
Rudolph Steiner era membro e secretário da Sociedade Teosófica, ramificação alemã que não estava
diretamente vinculada ao movimento de Helena P. Blavatsky. Em 1912, Steiner se uniria a alguns
dissidentes da Sociedade Teosófica e fundaria a Sociedade Antroposófica.
Neste ano, o livreiro Tränker funda então uma nova ordem rosacruciana em Berlim, na forma de uma
editora. Tränker havia lido a palavra Pansophia em algum trabalho Rosa-Cruz de Comenius (1592-1670),
e Dr. Krumm-Heller usava o selo “SOCIETAS PANSOPHIA” (Sociedade Pansófica) em suas cartas. Ela
significa todo o conhecimento. A ele, o Mestre Huiracocha dedicou a obra “Logos, Mantram, Magia”, ao
lado de Aleister Crowley (Perdurabo) e Peithman (Basilides). Franz Bardon também fazia parte da
sociedade.
1921: aparece o primeiro número da Revista “Der Rosenkreuzer”. Dr. Krumm-Heller apresentava-se
publicamente, ao lado de Theodor Reuss (Peregrinus), como membro do círculo hermético de Rosacruzes
alemães anteriormente capitaneados por Karl Kellner e Franz Hartmann.
1925: As duas ordens herdeiras da Pansophia, a Ordem das Fadas e dos Mosqueteiros da Rosa-cruz, em
1928, (hoje Fraternitas Rosicruciana Antiqua) e a Fraternitas Saturni, em 1925, (hoje Ordo Saturni),
ambas estabelecidas após a Convenção de Weida – na qual Arnoldo Krumm-Heller se fez representar pela
Irmã Martha Kuntzel –, foram as duas primeiras Fraternidades iniciáticas a incorporar a chamada Lei de
Thelema sem submeterem-se à chefia do Mestre Therion (Aleister Crowley).
1926: publica o livro “Rosa Cruz”. Tränker mantêm a Loja Pansophica independente até seu fechamento
em 1926.
1927: Dr. Krumm-Heller começou em Badalona (perto de Barcelona) a publicação da revista Rosa-cruz,
inicialmente no México, depois de ampla tiragem para todos os países da América Latina. Lá trabalha
como editor do “Diario de Comercio”. A revista abordava várias questões, entre saúde, astrologia,
doutrina Rosa-cruz, tatwas, alquimia, naturalismo, mantras, gnosticismo e medicina espiritual, bem como
notícias do mundo e dicas de leituras.
Nesse tempo, Krumm-Heller inicialmente deu autoridade a H. Spencer Lewis para operar a FRA nos
EUA. No entanto, mais tarde ele cortou seus laços com Lewis, porque ele passou a acreditar que a
AMORC foi sendo operada como um negócio, e não como uma fraternidade de caridade. Mais tarde ele
se ligou com R. Swinburne Clymer, FRC (Fraternitas Rosae Crucis).
1927: publica o livro “Tratado de Quirología Médica” e “El Tattwámetro o las Vibraciones del Éter”.
1928: No terceiro volume, do ano II (1928) da revista, o Dr. Krumm-Heller anunciava, em sua Revista
Rosa-Cruz, a criação de uma “nova seção, sob os auspícios e a proteção do Templo Central, nomeada de
Fadas e Mosqueteiros Rosa-Cruz”, de declarada inspiração Arturiana, cerimonialmente instalada com a
assistência do “Maestro Recnartus” (Heinrich Tränker, da Pansophia) e voltada especialmente “aos jovens
e às damas”. Era a Ordem das Fadas e dos Mosqueteiros da Rosa-Cruz. Tränker havia imantado
astralmente o primeiro o templo e também o primeiro ritual de inspiração Thelêmica. O axioma “Faze o
que tu queres”, foi acrescentado uma admoestação de Krumm-Heller, no sentido de que “tereis de dar
conta de todos os vossos atos”, essa frase foi cunhada no Ritual Pansófico ANTES da Conferência de
Weida. Eles ainda estavam começando a estudar e a tentar entender Thelema. Assim, a primeira Aula
Lucis foi fundada na Espanha, em 1928, ano de elaboração do ritual do 1º grau.
Diz Marcelo Alexandrino, quando se compreende a natureza da Lei Thelêmica, percebe-se que a
admoestação do Ritual Pansófico e do Ritual R+ do Mestre Huiracocha não tem nenhum sentido, pois os
atos de acordo com a Verdadeira Vontade estão em harmonia com a Natureza divina, não havendo do que
“prestar contas”; O Dr. Krumm não falava Inglês. Ele copiou a frase do Ritual Pansófico, do Tränker, que
também não falava inglês.
1928: A revista teve forte crítica do clero de Barcelona e o Mestre foi excomungado por isso. Fugindo da
Espanha, Dr. Krumm-Heller volta para Alemanha, ajudado por alguns discípulos em um pequeno barco.
1929: Estabelece o S.S.S. em Berlim. A difusão de ideias rosacrucianas, através da revista e livros, fez o
Mestre se corresponder com vários leitores. Por cartas ele organizou os primeiros grupos de estudo no
México. Em março de 1929, a partir do Summun Supremun Sanctuarium em Berlim, ele distribuiu o seu
Curso Zodiacal, entre os assinantes da revista. Em seguida, a sua presença em salas de aulas tornou-se
necessária, por isso fez um turnê continental em vários países da América Latina de 1929 à 1930,
consagrando diversas Aulas Lucis. Em 1931, ele conclui o Curso Zodiacal (com 12 lições), interrompido
pela viagem, e inicia o Curso de Magia Rúnica até 1933. Em 1948, registra os Cursos de Cabala,
Taumaturgia. O Curso de Magia Superior foi terminado em 1951. Os cursos têm conexão clara com a
proposta da Sociedade Pansófica de Tränker. Em Buenos Aires, a primeira cidade de sua turnê, ele realiza
o primeiro ritual R+C nas Américas.
1929: outra possível data para sua iniciação incaica (Andes peruanos: Cuzco – Machu Pichu), quando
recebeu o cognome de HUIRACOCHA.
1930: em 7 de junho, Crowley, Karl Germer (Mestre da OTO após Crowley) se reuniu com Krumm-
Heller em Berlim, Alemanha. A influência do Crowley vinha desde que Krumm-Heller era membro da
Pansophia. Entretanto, para FRA, a divisa Thelema, a Verdadeira Vontade, é um princípio universal,
atemporal (nada tem a ver com æons), onde a Vontade de Deus é expressa de maneira natural em nós,
conduzindo-nos à verdadeira compreensão de seus propósitos. Extrapolando, poderíamos comparar
Thelema, na visão da FRA, à Gnosis que nos reconduz à Casa do Pai. O que temos que notar é que a FRA
não falava de Thelema, nem como divisa, nem publicou em sua “Revista Rosacruz”, nenhum escrito de
Crowley antes de 1930, exatamente o ano que Krumm-Heller o conheceu pessoalmente.
1930: Na revista Rosa Cruz vol. IV, n° 3, Arnold Krumm-Heller escreve: "Fui ordenado Bispo da Igreja
Gnóstica em 1930 de acordo com o padrão ordenado, e algumas semanas depois de um congresso
realizado em Londres pelas dignidades altas da antiga Igreja Gnóstica, decidi reviver esta igreja da
dormência. Visitei Patriarca Basilides, e ele confirmou os meus poderes para criar congregações e
paróquias na Espanha e na América."
O Patriarca da Igreja Gnóstica era o Patriarca Basilides (doutor alemão E. C. H. Peithmann), cujo
pseudônimo era rememorativo do filósofo gnóstico homônimo. Os anais registram que o bispo
Huiracocha foi designado para suceder ao falecido doutor E. C. H. Peithmann (arcebispo e Patriarca da
Igreja Gnóstica na Alemanha). Peithmann era membro da Ordem Graal (fundada em 1893). Após sua
saída da Ordem Graal, tornou-se o fundador de uma “Igreja Gnóstica de Eleusis” (Gnostische
Mysterienschule/Altgnostische Kirche von Eleusis) dedicado à “transformação da energia sexual” e a
“libertação da semente da servidão”. Interessante fato é que Peithmann publicava no “Hain der Isis”
publicação na qual a partir de 1930, atacava regularmente Crowley.
O Mestre Huiracocha incorporou então à F.R.A. (Fraternitas Rosicruciana Antiqua) a Antiga Igreja
Gnóstica de Eleusis do Dr. Peithmann. E torna-se Patriarca da Igreja Gnóstica.
1931: publica o livro “Igreja Gnóstica”. A Revista “Rosa Cruz” chega a uma tiragem de 5000 exemplares
por edição. A revista foi a ponte entre o Mestre e os discípulos no mundo. Ele recebia inúmeras cartas de
diversos países.
1931: após a publicação do livro “Igreja Gnóstica” é sagrado Arcebispo por Basilides.
1932: designou seu discípulo Giuseppe Cagliostro Cambareri para o representar no Brasil.
1933: Krumm-Heller emitiu 3 mandados para o Brasil, e outro em 1934. A FRA nesse momento era
chamada de Fraternidade Branca Rosa Cruz Antiga e pretendia ser uma continuação de Franz Hartmann.
Elas continham o selo da FRATERNITAS ROSICRUCIANA ANTIQUA – ORDO TEMPELI ORIENTIS
– FRATERNITAS HERMETICA LUCIS – SOCIETAS PANSOPHIA.
1936: Em novembro desse ano, o Dr. Krumm-Heller visita o Rio de Janeiro como passageiro do navio
“General Artigas”, sendo recebido por inúmeros adeptos de várias organizações espiritualistas e muitos
jornalistas, tendo se hospedado na casa do Irmão J. Nicolau Tinoco, em Copacabana. Durante sua
permanência no Brasil, realizou palestras científicas no Rio, São Paulo e em Campos. Então, aos 2 dias do
mês de novembro do ano de 1936, na rua Desembargador Isidro, n. 166, Tijuca, Rio de Janeiro, foi criada
a Igreja Gnóstica no Brasil.
1936-37: um panfleto “Der Judenkenner” foi publicado, na qual dizia que Krumm-Heller e o falecido
Theodor Reuss eram agentes da “conspiração judeu maçônica”. Sua biblioteca pessoal é confiscada pelo
regime nazista. Em 1942, em uma carta, Hitler responde do escritório de propaganda nazista ao Dr.
Krumm sobre o confisco de sua biblioteca garante que não haverá mais ações injustificadas contra ele.
Marcelo Alexandrino diz: Nas revistas Rosacruz, há artigos do Dr. Krumm que versam sobre o que ele
chamava de “Hitlerismo”. Existem comentários na Revista e nos Cursos, especialmente no de Magia
Rúnica, que são condenáveis, dado seu conteúdo racista e sua defesa da eugenia (na FRC, de Clymer, isso
também ocorria – v. Curso de Ciência da Alma). Mas repito, tudo deve ser analisado de acordo com o
contexto histórico e com o ambiente ocultista. Precisamos entender que as ordens ocultistas sempre foram
e ainda são elitistas (iniciados x profanos). Além disso, era forte a influência da ideologia da Sociedade
Thule, da ariosofia e das ideias de Guido von List nos círculos iniciáticos germânicos. O que quero dizer
é que essas ideias permeavam o ocultismo germânico daquele tempo. Não era uma característica do Dr.
Krumm, mas de seus contemporâneos. Mais tarde, esses mesmos ocultistas passaram a ser perseguidos.
Gregorius (Fraternitas Saturni) buscou refúgio no exilo, Saturnus (OTO) foi parar em um campo de
concentração e Huiracocha (FRA) teve sua biblioteca e parte de seus bens confiscados pela Gestapo. O
Dr. Krumm reconheceu que estava equivocado quanto às virtudes do “Hitlerismo”, percebeu que seria
inviável valer-se do impulso nacional-socialista para divulgar o rosacrucianismo e tornou-se franco
opositor do nazismo. É conhecendo esse contexto histórico que poderemos digerir bem algumas poucas
passagens que nos causam repulsa e nos concentrarmos no que nos interessa: o método de alquimia
interna que o Mestre revelou.
1937: Krumm-Heller altera o nome da Augusta Fraternidade Branca Rosa Cruz Antiga para Fraternitas
Rosicruciana Antiqua. Em decorrência disso, no ano de 1940, o Estatuto da Augusta Fraternidade Branca
Rosa Cruz Antiga no Brasil é alterado e passa a se chamar FRATERNITAS ROSICRUCIANA
ANTIQUA.
Krumm-Heller e seu filho viaja da Alemanha para a América em 1937. O pai volta para a Alemanha em
1938, deixando Parsival no México para frequentar a escola. Parsival retornou à Alemanha em 1940, no
chamado do dever alemão da guerra.
1939: foi criada a FUDOFSI (Fédération Universelle des Ordres Fraternités et Sociétés des Initiés) para
ser um contra ponto da FUDOSI, liderada por Lewis da AMORC. Tinha como membros a FRA e FRC
entre outras ordens. A FUDOFSI, que reconheceu a FRC (Fraternitas Rosae Crucis) - ao invés da
AMORC (Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis) - como a autêntica organização Rosacruz americana,
com isso Clymer tentou reacender FUDOFSI após a morte de seu líder Constante Chevillon (1880-1944).
Clymer foi considerado Supremo Grão-Mestre da FUDOFSI.
A fundação da F.U.D.O.S.I. em Bruxelas, em 1934, causou uma reação dentro do mundo das Ordens e
Fraternidades. O F.U.D.O.S.I. alegou ser o protetor de todas as ordens iniciáticas verdadeiro e Sociedades.
Pode-se facilmente imaginar a reação de todas as Ordens e Fraternidades que não estavam representados
na convenção de 1934. Especialmente Constante Chevillon, diretor de numerosas ordens e sucessor de
Jean Bricaud, não estava satisfeito com as decisões tomadas em Bruxelas em 1934. O resultado de todas
as hostilidades foi a fundação da “FEDERATION UNIVERSELLE DES ORDRES SOCIETES ET
FRATERNITES DES INITIES”, aka F.U.D.O.F.S.I. Esta Federação foi uma aliança principalmente entre
Reuben Swinburne Clymer, chefe dos Fraternitatis Rosae Crucis, e constante Chevillon, chefe da Ordem
Martinista de Lyon.
O F.U.D.O.F.S.I. foi estabelecida sobretudo a agir contra Harvey Spencer Lewis. A primeira reunião do
F.U.D.O.F.S.I. realizou-se em Paris em fevereiro de 1939. Os presentes: Reuben Swinburne Clymer,
Alfred I. Afiado, Contagem Jean de Czarnomsky, Constant Chevillon, Henri-Charles Dupont, Henri
Dubois, Raoul Fructus (ex-membro da FUDOSI), Andre Fayolle, Nauwelaerts, Laugenier, e Camille
Savoir. Eles se juntaram posteriormente a Hans Rudolf Hilfiker-Dunn (herdeiro Reuss) e Arnoldo
Krumm-Heller.
1939: Eclode a Guerra, Krumm-Heller se estabelece em Marburgo e torna-se diretor da Cruz Vermelha
local. Seu filho, Parsival, em 1940, entra na escola nazista NAPOLA (juventude nazista).
Krumm-Heller permaneceu na Alemanha durante a maior parte da Segunda Guerra Mundial, em sua casa
em Marburg. Marburg era uma cidade-universitária relativamente tolerantes e Krumm-Heller viveu lá,
embora ele passivamente resiste aos nazistas, como colocar a bandeira mexicana acima da bandeira
nazista em frente de sua casa. Durante a guerra, Krumm-Heller manteve um nível precário de contato
com sua FRA na América do Sul por meio de contatos na Suécia. Quando os americanos marcharam em
Marburg, Krumm-Heller os cumprimentou com entusiasmo, e foi apontado por eles como o diretor local
da Cruz Vermelha. Assim que a guerra terminou, ele imediatamente retoma o contato com FRA.
1941: a FRA torna-se internacionalmente FRC. Tanto que existem almanaques para a nova designação da
FRA. Os títulos da FRA e da FRC foram usados indiscriminadamente por grupos diversos; embora uma
distinção: que a FRC, ao contrário da FRA, era contra a Lei de Thelema de Crowley.
1945: Carlotta, a segunda esposa de Krumm-Heller e mãe de Parsival, morre. Após, ele se casa
novamente.
1949: Morre em 19 de Maio, aos 73 anos, em Marburg, Mestre Krumm-Heller, fundador da Fraternitas
Rosicruciana Antiqua.