Pan Africanismo
Pan Africanismo
Pan Africanismo
Josseline Ambelikola
Nelito Tuiar
Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2022
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Josseline Ambelikola
Nelito Tuiar
Universidade Rovuma
ExtensãoCabo Delgado
2022
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Índice
Introdução..........................................................................................................................4
1. Pan-Africanismo: origem..............................................................................................5
3. Booker T. Washington...................................................................................................7
4. Du Bois..........................................................................................................................8
5. Marcus Garvey............................................................................................................10
Conclusão........................................................................................................................13
Referências Bibliográficas...............................................................................................14
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Introdução
Objectivo Geral
Objectivos Específicos
1. Pan-Africanismo: origem
A segunda é que a ideologia Pan-africana pode ser entendida ou abordada sob duas
perspectivas. Uma, como projecto de libertação – que será tratado nesse artigo – e a
outra, como projecto de integração. Dessa maneira, para o entendimento do Pan-
africanismo como ideologia de libertação, torna-se imprescindível a compreensão do
contexto no qual essa corrente teórica surgiu e como suas vertentes políticas foram
consolidadas.
O pan-africanismo foi associado durante muito tempo ao ideal de raça tal como
defendido por Appiah (1998, p. 43), mas também ocupou um lugar imprescindível na
análise dos autores das últimas décadas, ainda em períodos de colonização. O legado
colonial não pode ser deixado de lado nessa abordagem, sobretudo, porque em grande
parte foi devido às perspectivas pós-coloniais que houve o interesse pelo retorno às
trajetórias dos pensadores negros. O pós-colonial entra justamente na crítica literária
capaz de recuperar as falas dos pensadores negros tidos, durante muito tempo, nas
margens dos discursos ocidentais (APPIAH, 1998, p.105).
Mas qual contribuição os africanos dos diferentes países da diáspora teriam trazido ao
pan-africanismo, desde os anos 1930? A década de 1930 foi importante por conta do
conflito da Etiópia com a Itália, com o qual ficava evidente o descompromisso da
Sociedade das Nações com o colonialismo.
Blyden foi um pensador múltiplo, pois ao mesmo tempo lançou o ideal pan-africanista,
tanto por conta de seu recorte no âmbito da negritude (debate do ser - negro) quanto do
afro - centrismo, reanimando o debate sobre a redignificação ao conceito de raça do
século XIX (MUDIMBE, 2013, p. 129)
Blyden nasceu nas Antilhas em 1837 e, após vivenciar o racismo na sociedade norte-
americana, idealizou a África como um espaço que reuniria os negros espalhados ao
redor do mundo. A Libéria era esse lugar idealizado por Blyden e apesar da admiração
pelo capitalismo e dos avanços tecnológicos da virada do século XIX, ele não incluiu os
Estados Unidos no seu projeto pan-africano (CARRILHO, 1975, p. 67).
Blyden propôs a África, e isto pela primeira vez, como referência imediata para o
homem negro. Não mais um povo sem história, mas uma ‘civilização africana
organizada à volta de um sistema corrente de situações e de costumes, animada de
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valores morais e espirituais. O africano não era portanto inferior ao europeu, era
simplesmente diferente, tinha uma personalidade própria’. (CARRILHO, 1975, p. 68)
3. Booker T. Washington
4. Du Bois
Sua prolixa vida académica tem início com a publicação de: Supression of the african
slave trade (a supressão do comércio escravista africano nos Estados Unidos), obra onde
Dubois traça um panorama do comércio de escravos nos Estados Unidos. Dubois
também foi responsável pelo primeiro estudo de sociologia realizado por afro-
americano com a publicação de sua obra: o negro de Filadélfia: um estudo racial,
publicada pela primeira vez em 1899 e depois republicada em 1967, quatro anos após a
sua morte.
Seu principal livro: almas da gente negra, publicado em 1903 e depois em 1999 foi
considerado um divisor de águas no posicionamento político de Dubois ao romper com
seu antigo aliado Booker Tylor Washington que na interpretação de Dubois advogava
uma posição de acomodação frente ao segregacionista direccionado a comunidade afro-
americana (FINCH, 2009, p. 49).
A “cláusula do avô”, que mantinha longe das eleições os negros analfabetos, foi um
exemplo ilustre dos obstáculos confrontados pelos antigos escravos. Nesse sentido, por
ser Dubois o primeiro acadêmico afro-americano, via a conscientização racial -
adquirida a partir da educação - como o principal meio de acessibilidade social e
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5. Marcus Garvey
O seu livro “As almas da gente negra” (1902) indicava erudição e uma dose de
provocação em relação ao sistema de exclusão promovido pela política americana.
Devemos lembrar também que esses primeiros anos reservavam aos negros um lugar de
cidadãos de segunda categoria. Os empregos eram geralmente de serventes, mordomos,
arrumadeiras, motoristas, etc. A influência de Garvey no pensamento de DuBois ainda
não foi totalmente explorada, mas defende-se que, desde o começo do século XX, o
ideal de “diáspora negra” tenha sido esboçado pelo primeiro e defendido mais
enfaticamente pelo segundo autor (NDIAYE, 2008, p. 362-3).
Marcus e Amy casaram-se e a senhora Garvey foi para Nova Iorque para encontrá-lo em
1918, quando a UNIA chegava então a 17 membros. Em 1919, a UNIA já contava com
5000 membros ligados a sua organização. Quando ele foi preso por caluniar o assistente
do distrito de Attoney, em Nova Iorque, quase todos os negros da América se
mobilizaram pela sua soltura. A “revolução” estava no ar e os afro-americanos estavam
prontos para ela. Em 1920, a UNIA já era proporcionalmente o mais poderoso
movimento de massas na América. Nesse ano, ela já contava com 5 milhões de
membros. Graças a isso, o tamanho da penetração dos ideais de Garvey entre
representantes negros do mundo todo foi aumentando (JAMES, 2012, p. 91-2).
Os negros tinham que pegar a África de volta para eles mesmos. Eles deveriam viver
felizes por lá, como os europeus do continente e os americanos na América. Contudo
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seu projecto tinha problemas. Como “devolver” o continente de maneira concreta aos
afro-americanos? Em tese, esperava-se dele que adoptasse posturas anti-imperialistas e
Garvey poderia ter feito isso, mas ele atacava temas como o linchamento dos negros nos
Estados Unidos, formulava demandas dos militantes, pedia direitos iguais para os
negros, liberdades democráticas e todo tipo de demanda voltada aos afro-americanos.
Paradoxalmente, seu programa era o “Back to Africa”.
Alguns feitos concretos de Garvey eram: a organização das tropas negras (marchavam
uniformizados nas paradas organizadas pela UNIA), a construção do Liberty Hall: um
local voltado para os congressos e demonstrações públicas e a criação da Black Star
Line: uma linha de navios temática que fez na realidade uma ou duas viagens. Essa
linha buscava levar os afro-americanos directo para o continente africano
materializando o projecto de volta ao continente (JAMES, 2012, p. 93).
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Conclusão
Referências Bibliográficas
HARRIS, Joseph E. A África e a diáspora negra. In: MAZRUI, Ali A. (Ed.). História
geral da África: vol. VIII – África desde 1935. Brasília: UNESCO, 2010.
LOPES, Ney. A enciclopédia da diáspora africana. São Paulo: Selo negro, 2004.
NDIAYE, Pap. La condition noire: essai sur une minorité française. Paris: Calmann-
Lévy, 2008.