Modalidades Discursivas
Modalidades Discursivas
Modalidades Discursivas
Tipos Básicos:
a) Modalidades Epistêmicas: referem-se ao eixo do saber (certeza/ probabilidade);
· Crer – eu acho, é possível
Provavelmente virei.
· Saber – eu sei, é certo
Virei sem falta.
b) Modalidades Deônticas: referem-se ao eixo da conduta (obrigatoriedade/
permissibilidade).
· Proibido: Não se deve fumar na sala de espera do consultório.
· Obrigatório: A vida tem que valer a pena.
Modalidades discursivas – descrição
O texto descrito tem as seguintes características:
1. Oferece a visualização de características sensoriais ou físicas.
2. Pode ser objetiva (apresentação daquilo que de fato é visto no objeto) ou
subjetivas (as impressões do observador a respeito do objeto visto)
“Foi a primeira calça literária, totalmente poética, do meu conhecimento. [...] Caracteres pretos
sobre fundo branco. Versos em todas as direções. de Bilac, de Cecília, de Bandeira, de Castro Alves.
(DRUMMOND, 2007, 155)
“Da verde mata de arvoredo espesso, sob um céu de mau presságio, surge a fera, ágil e faminta de raias
negras e amarelas – domina o quadro inteiro; junto com o seu imenso corpanzil os homens são pigmeus,
e as árvores, arbustos de jardim. Fuzilam os olhos do bichano, aqueles olhos de iluminação, única luz
presente, pois, tendo refletido , mestre Corró desistiu dos raios, por falsos e excessivos.
Como é que sei tudo o que vai se seguir e que ainda desconheço, já que nunca o
vivi? É que numa rua do Rio de Janeiro peguei ao ar de relance o sentimento de
perdição no rosto de uma moça nordestina. Sem falar que eu em menino me criei no
Nordeste. […] A história – determino com falso livre arbítrio – vai ter uns sete
personagens e eu sou o mais importante deles, é claro. Eu, Rodrigo S.M. Relato antigo,
este, pois não quero ser modernoso e inventar modismos à guisa de originalidade.
(LISPECTOR, 1995,26-27)
3. Os tempos e modos verbais mais usados são: pretérito imperfeito, pretérito perfeito,
pretérito mais que perfeito e futuro do pretérito.
Há muitos preconceitos decorrentes do valor social relativo que é atribuído aos diferentes modos
de falar: é muito comum se considerarem as variedades linguísticas de menor prestígio
como inferiores ou erradas. O problema do preconceito disseminado na sociedade em relação às
falas dialetais deve ser enfrentado, na escola, como parte do objetivo educacional mais amplo de
educação para respeito à diferença. Para isso, e também para poder ensinar Língua Portuguesa, a
escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma “certa” de falar – a
que parece com a escrita – e o de que a escrita é o espelho da fala – e, sendo assim, seria
preciso “consertar” a fala do aluno para evitar que ele escreva errado. Essas duas práticas
produziram uma prática de mutilação cultural que, além de desvalorizar a forma de falar do
aluno, tratando sua comunidade como se fosse formada por incapazes, denota desconhecimento
de que a escrita de uma língua não corresponde inteiramente a nenhum de seus dialetos.
(Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa)
Figurinos franceses, crítica teatral, literatura, música, artes e muita ousadia. Estes foram os
ingredientes utilizados por duas mulheres, em meados do século XIX, para a criação de um
periódico semanal voltado para o público feminino: O Jornal das Senhoras.[….]Os artigos
reivindicavam o direito a uma educação ampliada que promovesse o aprimoramento cultural
feminino por meio da literatura e das artes. Isto explica o subtítulo do jornal “Modas, literatura,
belas artes, teatros e crítica”. (NOSSA HISTÓRIA, n. 19 , 2005, p.13)
Tristan Tzara
Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as
num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que
incompreendido do público.
No exemplo (1), temos uma frase cujas palavras não representam elementos
dêiticos, isto é, não fazem referência ao contexto de produção do discurso, de modo que
seu sentido seja válido por quaisquer pessoas que a enunciem. Nesse aspecto, tal frase
apresenta a função referencial da língua (JAKOBSON, 1974), pois trata de um dado
objetivo, não associado à perspectiva do sujeito ou ao momento e ao lugar da
enunciação.
Em contrapartida, no exemplo (2), a frase só tem validade quando associada ao
contexto em que foi produzida. Se essa sentença fosse proferida por um locutor
chamado “Márcio”, dirigindo-se a um interlocutor cujo nome é “Robson”, às 16h, em
sua casa, as palavras “eu”, “você”, “aqui” e “agora” assumiriam tais sentidos. Sob esse
ponto de vista, esses mesmos referentes não seriam acionados caso essa frase fosse
proferida por outra pessoa, em outras circunstâncias. Por isso, Benveniste (1988)
defende que as expressões dêiticas são signos vazios, uma vez que sua referência só
pode ser atribuída a partir do contexto de produção do enunciado (isto é, a partir da
enunciação).
Em se tratando dos aspectos da objetividade e da imparcialidade, sabemos que a
narrativa simples tem como uma de suas características a ausência de estruturas dêiticas.
Vale ressaltar, contudo, que expressões do tipo eu-tu-aqui-agora nem sempre assim se
configuram, pois podem remeter apenas referentes presentes na superfície do texto, e
não no contexto sociodiscursivo, como nos casos em que se faz uso do discurso direto,
em que as expressões do tipo eu-tu-aqui-agora têm como referência elementos
circunscritos no texto. Veja um exemplo de narrativa jurídica em que o produtor do
texto recorre ao relato de uma delegada. Nesse caso, o uso da primeira pessoa –
expressa pela desinência número-pessoal do verbo – refere-se, na verdade, a uma
terceira pessoa, e não ao enunciador do texto.
(3) Modalidade epistêmica: A empresa Blindex trouxe suas razões à fols. 375/385,
aduzindo que a responsabilidade pelo ocorrido TALVEZ tenha sido dos pais do menor,
bem evidenciada a culpa in vigilando e que a circunstância de haver duas crianças no
banheiro à hora do acidente pode revelar a falta de responsabilidade da empresa
apelante. (FETZNER et al., 2015, p. 156) epistêmica);
ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1994 p.
17 (Série Bom Livro)
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. 23.ed. São Paulo: Francisco Alves, 1995,
p.26-27
Referências:
AMADO, Jorge. Tenda dos milagres. São Paulo: Record, 2001. p.77
DRUMMOND, Carlos Drummond de Andrade. A calça literária. De notícias e não
notícias faz-se a crônica. São Paulo: Record, 2007, p.154-156