Instrução Do Processo

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria de Controle Externo da Administração do Estado - SecexAdministração


Diretoria de Fiscalização das Ações Estratégicas do Poder Executivo - Diape

TC 042.481/2021-0
Apenso: TC 042.459/2021-4
Tipo: Representação
Unidade jurisdicionada: Secretaria Especial
de Comunicação Social do Ministério das
Comunicações
Representante: Lucas Rocha Furtado,
Subprocurador-Geral do MP/TCU
Procurador: Carolina Scherer Bicca,
Procuradora Federal, OAB OAB/RS 56875
(peça 10)
Interessado em sustentação oral: não há
Proposta: mérito
INTRODUÇÃO
1. Trata-se de representação sobre possíveis irregularidades ocorridas no âmbito do
Ministério das Comunicações, relacionadas à adoção das medidas necessárias a verificar possível
ofensa, por parte da Secretaria Especial de Comunicação Social do Ministério das Comunicações
(Secom/MCom), aos princípios constitucionais da moralidade, impessoalidade e da probidade, na
contratação de assessoria de imprensa internacional pela Secom/MC, com o intuito de fazer
divulgação publicitária, ao custo de R$ 60 milhões, com o objetivo de apresentar ao mundo o modelo
de gestão de Bolsonaro, atual Presidente da República.
HISTÓRICO
2. O representante, Subprocurador-Geral do Ministério Público junto ao TCU, Lucas Rocha
Furtado, apresentou sua demanda em 4/11/2021, com pedido de cautelar, noticiando possíveis
irregularidades praticadas pela Secretaria Especial de Comunicação Social do Ministério das
Comunicações (Secom/MCom), tomando por base notícias veiculadas na mídia, conforme teor da
peça inicial e dos anexos da presente Representação (peças 1-3).
3. Na conclusão da peça inicial, o representante requereu a adoção das medidas necessárias
a verificar possível ofensa, por parte da Secretaria Especial de Comunicação Social do Ministério das
Comunicações (Secom/MCom), dos princípios constitucionais da legalidade, moralidade e
impessoalidade ao contratar assessoria de imprensa internacional por R$ 60 milhões só em 2022, ano
eleitoral, para “apresentar ao mundo" o modelo de gestão de Bolsonaro por meio de dados distorcidos
e informações falaciosas (peça 1, p.6).
4. Segundo o Parquet, havia uma licitação em curso para a contratação de uma campanha
publicitária pelo órgão oficial de comunicação, a Secretaria Especial de Comunicação Social do
Ministério das Comunicações (Secom/MCom), com desvios de finalidade (peça 2, p.3).
3. A instrução da unidade técnica propôs não conhecer a representação e arquivar os autos,
ante a inexistência de indícios concretos de irregularidade, visto a representação ter sido baseada
apenas em matérias jornalísticas (peças 6, 7 e 8). O Ministério Público Junto ao Tribunal de Contas
da União (MPTCU), à peça 9, no entanto, suscitou a existência das seguintes impropriedades no edital
da Concorrência 2/2021, do Ministério das Comunicações, as quais demandariam o conhecimento da
representação e o deferimento da medida cautelar:
a) a não-comprovação da economicidade do preço referencial da contratação, comparada ao valor de
outros contratos administrativos com mesmo escopo;

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b) falta de justificativa para não-parcelamento do objeto ante a amplitude dos serviços a serem
abrangidos pela licitação;
c) possível risco de direcionamento da licitação e de restrição à competitividade em razão da ausência
de motivação para escolha de determinadas localidades no exterior onde deverão ser prestados os
serviços;
d) previsão de desconto linear inferior ao obtido em outros contratos administrativos da espécie;
e) utilização do contrato para prestação de serviços incompatível com o interesse público, haja vista
a contradição entre as informações a serem divulgadas, contidas no Apêndice 3 – Briefing do Edital
de Licitação, e as informações atualizadas por outras instituições especializadas, a exemplo do tópico
referente ao desmatamento da Amazônia, reproduzida na representação autuada no TC 042.459/2021-
4, apensada aos presentes autos.
4. Em despacho de 25/11/2021, o relator do processo, Ministro Walton Alencar Rodrigues,
conheceu a representação, reconheceu o fumus boni iuris, porém, por não identificar o periculum in
mora, uma vez que a data de entrega das propostas comerciais e dos documentos de habilitação estava
marcada para 13/12/2021, bem como porque não estava definida a data de abertura dos envelopes
pela comissão especial de julgamento, determinou a oitiva prévia da Secom/MCom para que se
manifestasse sobre as possíveis irregularidades acima elencadas pelo MPTCU (peça 11).
5. Em seguida, o MPTCU, por meio do procurador Júlio Marcelo de Oliveira, teceu as
seguintes considerações adicionais (peça 12):
(...) além das impropriedades já destacadas na manifestação anterior deste MP de Contas
(peça 9), há ainda outros pontos no edital que configuram flagrante restrição à
competitividade e direcionamento do certame.
Nesse sentido, observa-se que o item 11.4.3. do edital, relativo aos critérios de qualificação
técnica, traz exigências desarrazoadas ao demandar que seja comprovada, mediante
atestados, declarações ou certidões, experiência de no mínimo 3 (três) anos, na execução
de pelo menos 70 % (setenta por cento) dos produtos e serviços essenciais, previstos nos
itens 1.3, 1.6, 1.8, 1.9, 1.18, 2.1, 2.3, 3.5, 3.6, 3.7, 3.14, 3.16, 3.17, 4.24, 5.1, 5.3, 5.4, 5.5
e 5.6 do Apêndice 1 do Anexo I deste Edital.
Ocorre que, dentre os 19 itens acima, 11 deles (2.1, 2.3, 3.5, 3.7, 5.3, 5.4, 5.5 e 5.6) se
referem a serviços prestados com foco no Governo Federal, indicando que a futura
contratada, necessariamente, já deverá ter prestado serviços para o executivo federal,
criando assim um mercado fechado, uma reserva de mercado para os atuais prestadores de
serviço.
6. Por meio dos ofícios 66695/2021-TCU/Seproc (peça 13) e 66696/2021-TCU/Seproc
(peça 14), foram encaminhados à Secretaria Especial de Comunicação Social, respectivamente a
determinação de oitiva prévia determinada pelo Ministro Relator e solicitação de manifestação do
gestor acerca das decisões preliminares.
7. Em atendimento à oitiva realizada, a Secom/MCom encaminhou, em 7/12/2021, os
documentos de peças 17 a 24.
8. Em 25/1/2022, o MPTCU, por meio do procurador Júlio Marcelo de Oliveira (peça 26),
reforça o pedido de adoção da medida cautelar, ante o surgimento do periculum in mora em virtude
de a Secom/MCom, em 20/1/2022, ter publicado aviso comunicando a abertura dos envelopes pela
comissão especial de julgamento para o dia 26/1/2022 (peça 26). Assim, o parquet defende que tal
fato altera sobremaneira a análise concernente à existência do periculum in mora para a concessão de
medida cautelar com vistas a ser determinada a suspensão do certame, haja vista que, na sequência,
deverá ser conhecida a empresa vencedora da licitação e será realizada sua contratação.

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9. No despacho de 25/11/2021 (peça 11), o Ministro Relator já havia concordado com os


indícios de irregularidades apontados pelo MPTCU e entendido estar preenchido o requisito do fumus
boni iuris. Apenas não identificou, naquela ocasião, o pressuposto do periculum in mora, em razão
de a data de entrega das propostas e habilitação estar marcada para o dia 13/12/2021 e de, na ocasião,
ainda não estar definida a data de abertura dos envelopes a serem analisados por comissão especial
de julgamento.
10. A instrução advinda da assessoria da Secretaria de Controle Externo da Administração
do Estado (SecexAdmin), acompanhada pela subunidade e unidade técnica (peças 27, 28 e 29),
sugere, ante a publicação do aviso de abertura dos invólucros para 26/1/2022, às 10h00 (peça 26), o
encaminhamento dos autos ao ministro relator, com a proposta de deferir o pedido de concessão de
medida cautelar, com fulcro no art. 276 do Regimento Interno/TCU, tendo em vista a existência dos
elementos necessários para sua adoção, a fim de que a Secretaria Especial de Comunicação Social do
Ministério das Comunicações (Secom/MCom) suspenda o andamento da Concorrência 2/2021 até
que o tribunal delibere sobre o mérito da matéria ora em apreço.
11. Em despacho à peça 30, o Ministro Relator, após breve resumo do processo, atendo-se
apenas à verificação dos pressupostos necessários ao deferimento da medida cautelar, e levando em
conta as justificativas enfeixadas pela Secom, decidiu, verificada a ausência dos requisitos do
periculum in mora e do fumus boni iuris, pelo indeferimento do pedido de medida cautelar. Decidiu
ainda pela restituição dos autos à SecexAdmin, para que dê prosseguimento à instrução de mérito da
representação.
12. À peça 31, consta requerimento da Procuradoria da Fazenda Nacional que, após breve
arrazoado requer:
a) não sejam conhecidas ambas as representações, face ao não atendimento dos requisitos de
admissibilidade contidos no art. 235 do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União e no art.
103, §1º, da Resolução TCU 259/2014;
b) subsidiariamente, seja indeferida medida cautelar pleiteada e novamente reforçada, mantendo-se,
assim, o regular curso do procedimento licitatório, considerando o fato de que não foram cumpridos
os requisitos mínimos para o seu acolhimento (demonstração do fumus boni iuris e do periculum in
mora), além de que restou evidenciada a presença do periculum in mora inverso;
c) por fim, sejam julgadas improcedentes as representações constantes nestes autos e no apenso, ante
a demonstração da regularidade do procedimento licitatório questionado.
13. À peça 32, encontra-se despacho de autoridade determinando o encaminhamento do
requerimento acima citado à SecexAdmin.
14. À peça 33, está consignado documento oriundo do MPTCU, por meio do subprocurador
Lucas Rocha Furtado, dando notícias, baseado em matérias jornalísticas (peça 34), de que o MCom
irá reabrir etapa classificatória da licitação, objeto da presente representação, edital de concorrência
2/2021.
EXAME TÉCNICO
Exame de Admissibilidade
15. O exame de admissibilidade fica dispensado na presente instrução, uma vez que o
Ministro Relator, em despacho à peça 11, já decidiu pelo conhecimento da representação com fulcro
nos artigos 235 e 237, parágrafo único, do Regimento Interno do TCU, c/c o artigo 103, § 1º, da
Resolução-TCU 259/2014.
Exame sumário acerca do risco, da materialidade e da relevância
16. De acordo com o art. 106, caput e § 1º, da Resolução-TCU 259/2014, caso se façam
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presentes os requisitos de admissibilidade, a unidade técnica deverá realizar exame sumário acerca
do risco para a unidade jurisdicionada, da materialidade e da relevância dos fatos noticiados na
representação, observando as premissas indicadas na Instrução Normativa TCU 63/2010.
17. No que se refere ao risco para a unidade jurisdicionada, os indícios de irregularidade na
condução da concorrência 2/2021 do MCom, podem acarretar prejuízo ao erário público, uma vez
que é possível a contratação de empresa em etapa posterior ao certame licitatório.
18. Quanto à materialidade, pode-se considerar os valores de referência são materialmente
significativos, uma vez que os recursos federais envolvidos montam a R$ 60.000.000,00 superando,
assim, o limite de débito de R$ 75.000,00, abaixo do qual o Tribunal dispensa a instauração de tomada
de contas especial, nos termos do art. 6º, inciso I, da Instrução Normativa 71/2012.
19. Por fim, verifica-se também que está atendido o quesito relevância, visto que a
comunicação institucional do Governo Federal em todos os níveis, local, nacional e internacional, é
de suma importância para o desenvolvimento do país.
20. Assim, entende-se que os fatos noticiados podem ser considerados de alto risco,
materialidade e relevância, cabendo o prosseguimento do processo, nos termos do art. 106, § 3º, inciso
II, da Resolução-TCU 259/2014.
Documentação apresentada pela Secom
21. A Secom apresentou, além da documentação abaixo, peças de comunicação interna que
não representam relevância para a presente análise (peças 17, 19, 21). A peça 23 cuida do ofício
66696/2021-TCU/Seproc, onde responde que, em relação à apresentação de possíveis ações
corretivas que poderão ser tomadas para prevenir ou corrigir os indícios de irregularidades apontados
em relação ou remover seus efeitos, que, no momento, nada tem a apresentar de possíveis ações
corretivas.
Origem Documento Peça
Conjur/MCom Resposta à oitiva 18
Secom/MCom Nota Informativa 2100/2021/MCOM 20
Secom/MCom Nota Técnica 18491/2021/SEI-MCOM 22
MCcom Procedimentos adotados para realização de pesquisa de 24
preços para contratação
Repostas à oitiva
22. Por meio de sua consultoria jurídica, o MCom apresentou respostas à oitiva prévia (peça
22) determinada pelo Ministro Relator, acompanhada pela Nota Informativa 2100/2021/MCOM
(peça 20) e pela Nota Técnica 18491/2021/SEI-MCOM (peça 22), bem como de documento que
contempla os procedimentos adotados para realização de pesquisa de preços para contratação (peça
24). Além de abordar os pontos determinados na oitiva, o MCom trouxe à baila as questões suscitadas
na representação como um todo.
23. Inicia a peça elucidativa traçando um breve histórico do processo, bem como destacando
a relação de continência entre a representação de autoria do Senador Alessandro Vieira e da Deputada
Federal Tabata Amaral (TC 042.459/2021-4) e esta que é da lavra do Subprocurador-geral Lucas
Rocha Furtado.
24. Após, tece comentários sobre a admissibilidade da representação, no que toca a
apresentação de indícios suficientes da ocorrência das irregularidades arguidas, considerando que
ambas as representações citadas não deveriam ser conhecidas. Essa questão, todavia, já foi superada
com a decisão do Ministro Relator pela admissibilidade.
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25. Na sequência, passa, enfim, a esclarecer as questões suscitadas na oitiva prévia, bem
como no contexto geral da representação. Para facilitar a localização dos pontos trazidos na peça em
resposta à oitiva, analisar-se-á os apontamentos na ordem trazida pelo MCom, já que são esclarecidos
outros pontos gerais da representação, e que fazem parte da análise de mérito dos presentes autos.
I - Esclarecimentos a respeito do objeto da contratação que se busca efetivar por meio da
Concorrência 2/2021. Do Serviço de Comunicação Corporativa. Inexistência do intuito de
promover o chefe do Executivo em ano eleitoral. (peça 18, p.4)
26. Esclarece, a princípio, que a Concorrência nº 2/2021, publicada pelo Ministério das
Comunicações, tem por objeto a contratação de serviços de comunicação corporativo, para realização
de assessoria em planejamento de comunicação, no relacionamento com a imprensa, na produção de
conteúdo e em relações públicas, a serem realizados em âmbito regional, nacional e internacional.
Traz, na sequência, trecho do edital que trata do referido objeto.
27. Apoia-se na Nota Informativa n° 2100/2021/MCOM (peça 20), para trazer o conceito de
comunicação corporativa: todo o processo comunicacional entre uma empresa e o público de
interesse, seja ele interno ou externo. Na esfera pública, o conceito está diretamente ligado ao
relacionamento com a imprensa, porquanto trata-se de serviços que abrangem o relacionamento do
órgão ou entidade com jornalistas, o monitoramento e análise de conteúdos constantes dos veículos
de divulgação, a formação e orientação de autoridades para atendimento de demandas da imprensa, a
gestão da comunicação em situações de crise, entre outras ações que, juntas e estrategicamente
combinadas, potencializam uma divulgação positiva e espontânea em relação às temáticas de atuação
do órgão, pelos meios e veículos de divulgação de cunho jornalístico ou por formadores de opinião.
28. Afirma ainda que a comunicação corporativa, compreende as áreas de relações com a
imprensa e de relações públicas em território nacional e/ou internacional, e que, enquanto ferramenta
estratégica é essencial para a consolidação da imagem institucional de entidades públicas e privadas.
declara, ainda, que é competência do MCom conduzir o relacionamento do Governo federal com a
imprensa regional, nacional e internacional.
29. Assevera que o Estudo Técnico Preliminar, que serviu de base à elaboração do Edital,
informa ser indispensável ao Ministério contar com o assessoramento técnico especializado, a fim de
que sua comunicação com a imprensa e com o cidadão em geral, quer em âmbito regional, nacional
ou internacional, seja realizada utilizando-se de um discurso alinhado, segmentado, ágil e eficiente,
abordando, portanto, uma linguagem acessível a todos.
30. Destaca também que o montante previsto para a contratação do objeto do certame é
apenas uma estimativa, que gira nos R$ 60.000.000, e que não se sabe ao certo quando se efetivará o
contrato com a empresa vencedora do certame. Refuta, pois, a hipótese de o edital de concorrência
desviar dos objetivos institucionais do órgão para privilegiar a imagem do chefe do executivo em ano
eleitoral.
Análise
31. Os esclarecimentos teóricos acerca do conceito e utilização de comunicação corporativa
são suficientes para o entendimento da questão apresentada, conforme se depreende da leitura da nota
técnica mencionada.
32. De fato, conforme art. 1°, inciso V, do Anexo I, do Decreto nº 10.747, de 2021, é previsto,
entre as competências do MCom, conduzir o relacionamento do Governo federal com a imprensa
regional, nacional e internacional. Da mesma forma, o Decreto n° 6.555, de 2008, cuida das diretrizes
e objetivos relacionados a ações de comunicação do Poder Executivo Federal, a saber:
Art. 1º As ações de comunicação do Poder Executivo Federal serão desenvolvidas e
executadas de acordo com o disposto neste Decreto e terão como objetivos principais:

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I - dar amplo conhecimento à sociedade das políticas e programas do Poder Executivo


Federal;
II - divulgar os direitos do cidadão e serviços colocados à sua disposição;
III - estimular a participação da sociedade no debate e na formulação de políticas públicas;
IV - disseminar informações sobre assuntos de interesse público dos diferentes segmentos
sociais;
V - promover o Brasil no exterior.
Art. 2º No desenvolvimento e na execução das ações de comunicação previstas neste
Decreto, serão observadas as seguintes diretrizes, de acordo com as características de cada
ação:
I - afirmação dos valores e princípios da Constituição;
II - atenção ao caráter educativo, informativo e de orientação social;
III - preservação da identidade nacional;
IV - valorização da diversidade étnica e cultural e respeito à igualdade e às questões raciais,
geracionais, de gênero e de orientação sexual;
V - reforço das atitudes que promovam o desenvolvimento humano e o respeito ao meio
ambiente;
VI - valorização dos elementos simbólicos da cultura nacional e regional;
VII - vedação do uso de nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
pessoal de autoridades ou servidores públicos;
VIII - adequação das mensagens, linguagens e canais aos diferentes segmentos de público;
IX - uniformização do uso de marcas, conceitos e identidade visual utilizados na
comunicação de governo;
X - valorização de estratégias de comunicação regionalizada;
XI - observância da eficiência e racionalidade na aplicação dos recursos públicos; e
XII - difusão de boas práticas na área de comunicação.
Parágrafo único. Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República poderá estabelecer diretrizes adicionais (grifos
nossos).
33. É sabido que toda contratação na esfera pública implica na prática de inúmeros atos
anteriores, que, não raras vezes, têm atrasos em sua efetivação, sem que se possa precisar a data de
conclusão do processo licitatório, etapa anterior à contratação.
34. Não parece razoável, pois, a afirmação do autor da representação de que o intuito da futura
contratação de comunicação corporativa seja de promover o chefe do Executivo em ano eleitoral.
Primeiro porque está clara a finalidade da concorrência 02/2021 do MCom, já exposta nos parágrafos
anteriores.
35. Ademais a “corrida eleitoral” já começou há meses, e o procedimento licitatório ainda
não foi finalizado, nem tampouco, por óbvio, se consolidou a contratação da empresa que iniciará os
trabalhos para os quais será contratada.
36. Logo, pela análise conjunta dos elementos, não se vislumbra que a concorrência 02/2021
do MCom tenha como objetivo promover a imagem pessoal do Presidente da República, visando as
eleições presidências de 2022. Não há qualquer indício de um suposto desvio de finalidade, haja vista
a contratação estar prevista dentre as competências atribuídas à Secom pelo Decreto 6555/2008,
portanto, não prosperam as alegações trazidas nesse sentido.
II - Da finalidade das informações constantes do Briefing. Elemento para a construção da
proposta técnica dos concorrentes. Mero exercício criativo a que se expõe as candidatas. (peça
18, p.6 – Resposta ao item b.5 da oitiva prévia.
37. Começa o arrazoado explicando que a escolha do tipo de licitação melhor técnica se deu
pelo entendimento já pacificado de que os serviços de comunicação corporativa possuem, a priori,
natureza intelectual, intangível e indivisível, não se enquadrando no conceito de bens e serviços
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comuns, e, em decorrência disso, justifica-se a inclusão do briefing no edital de concorrência.


38. Esclarece ainda que o conteúdo do briefing não se destina a ser utilizado em uma eventual
estratégia de comunicação da Secom, mas um exercício de comunicação, pelo qual as licitantes
deverão elaborar um plano estratégico de comunicação, a partir de uma análise prévia do
cenário/problema proposto. Considera o briefing uma ferramenta utilizada na licitação com vistas a
testar a capacidade técnica das postulantes em contratar com a Administração. Portanto, as
informações ali constantes sequer precisariam estar associadas à realidade.
39. Conclui serem totalmente equivocadas as afirmações dos representantes segundo as quais
o edital contemplaria a divulgação de dados distorcidos ou falsos, sob qualquer formato, ou que o
interesse público não estaria contemplado no objeto do procedimento licitatório em comento.
Complementa não ser cabível falar em lesão ao erário ou afronta à moralidade administrativa, tendo
por base o seu teor.
Análise
40. Nota-se, pela leitura dessas alegações, do que está escrito no edital e na Nota Informativa
2100/2021/MCOM que parece plausível a utilização da ferramenta do briefing, como parte integrante
do certame licitatório. De fato, a nota informativa em questão trata do assunto, a saber (peça 20, p.7):
O briefing consiste no documento que contém os elementos necessários à elaboração das
propostas técnicas. No tocante aos serviços de comunicação, o documento é utilizado para balizar
as licitantes acerca do problema de comunicação a ser dirimido a partir da ideia criativa elaborada
por cada uma das interessadas.
41. A Instrução Normativa 4, de 2018 da Secretaria-Geral da Presidência da República, que
rege as licitações de comunicação corporativa, disciplina a obrigatoriedade do briefing para compor
o edital de licitação:
Art. 32. (...)
§ 2º As informações necessárias e suficientes para que os interessados elaborem suas propostas
de plano de comunicação corporativa deverão estar estabelecidas no briefing, que constituirá
anexo do edital (grifo nosso).
42. Tratando da proposta técnica, o referido normativo faz referência a detalhes específicos
que devem conter no edital, em forma de anexos:
Art. 23. Os conteúdos a serem apresentados pelas licitantes em cada quesito e subquesito que
compõem a proposta técnica e os atributos a serem considerados no julgamento técnico, com os
parâmetros de pontuação, estão dispostos no Anexo II desta Instrução Normativa.
Parágrafo único. Os critérios de pontuação para o julgamento da proposta técnica deverão ser
fixados pelo contratante em função das particularidades de sua atuação e das informações
integrantes do briefing, observado o modelo disposto no Anexo I desta Instrução Normativa.
Art. 24. As licitantes apresentarão sua proposta técnica com base nos desafios e objetivos de
comunicação estabelecidos pelo contratante no briefing e deverão considerar os itens constantes
do catálogo de produtos e serviços essenciais e, se for o caso, as categorias de produtos e serviços
complementares, constantes do projeto básico do edital.
Art. 25. O julgamento do quesito referente ao plano de comunicação corporativa, bem como dos
seus respectivos subquesitos, deverá ser realizado com base em proposta com autoria não
identificada.
43. Todas as informações necessárias sobre a ferramenta do briefing estão contidas no edital
e copiadas para o documento de defesa do MCom (peça 22, p-7-8). Um ponto que norteia a utilização
do briefing é que ele é tão somente um parâmetro para que as licitantes e futura contratada promovam
o levantamento de informações e análise do ambiente e dos cenários doméstico e internacional do
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Governo Federal e de suas temáticas.


44. Dessa forma, cabem às licitantes a definição e a escolha das temáticas prioritárias para
elaboração do plano de comunicação, sendo o briefing tão somente um exercício criativo, e, portanto,
não se pode afirmar que as informações nele descritas não condizem com a realidade.
45. Assim, não se vislumbra inconsistências nas informações que deverão ser divulgadas pela
empresa a ser contratada pelo Ministério das Comunicações, constantes do Anexo 3 – Briefing. Acata-
se, pois, a argumentação da unidade gestora em resposta ao item b.5 da oitiva prévia.
III – Das justificativas para o não parcelamento do objeto. (peça 18, p. 9, item b.2 da oitiva)
46. Nesse ponto, começa a argumentação evidenciando que, embora encontre amparo legal
na Lei 8.666, de 1993, o parcelamento do objeto não é uma regra absoluta, pois encontra limites na
própria viabilidade técnica e econômica deste fracionamento.
47. Reforça que não se admite o fracionamento nas hipóteses em que ele não seja
tecnicamente viável ou economicamente vantajoso. Isso porque o fracionamento em lotes deve
sempre respeitar a integralidade qualitativa do objeto a ser executado, assim como também deve
observar o princípio da economicidade, o qual pode ser concretizado em determinada compra de duas
maneiras: com o aumento da competição, viabilizado pelo próprio fracionamento, ou pelo ganho de
economia de escala, concretizado numa possível compra concentrada.
48. Sustenta que cada produto ou serviço direciona e subsidia o desenvolvimento do produto
ou serviço seguinte e o domínio completo de todas as ações executadas possibilita à Administração
alcançar melhores resultados, pois o amplo acesso à totalidade das informações produzidas contribui
para a crescente qualificação do fornecedor, refletindo na capacitação intelectual da equipe. Completa
que, realizando o raciocínio inverso, segregar o objeto do contrato ocasiona a dissipação do
conhecimento produzido e até mesmo o desalinhamento das estratégias que devem ser, por óbvio,
integradas.
49. Após citar normativos internos, trechos de estudos preliminares e outros comandos
infralegais, conclui que a contratação integrada era a decisão tecnicamente mais correta e, se assim
não fosse, a estratégia de comunicação da Secretaria Especial de Comunicação Social ficaria
fragmentada e restrita a determinados itens, sem falar no fato de que os interesses individuais de cada
contratada poderiam passar a contaminar a proposição da melhor solução e com isso subtrair a
necessária agilidade e eficiência das soluções propostas.
Análise
50. Este tribunal conta com a súmula 247, que trata do tema parcelamento do objeto, a qual
dispõe:
É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos editais das
licitações para a contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja
divisível, desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de
economia de escala, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de
licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou
aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidades
autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a essa divisibilidade. (grifo
nosso)
51. Nota-se na leitura desse enunciado que a regra é a adjudicação por item, mas admite-se a
adjudicação por preço global quando o fracionamento incorra em prejuízo para o conjunto ou perda
de economia de escala. Nesse sentido, quando o MCom argumenta que a estratégia de comunicação
da Secretaria Especial de Comunicação Social ficaria fragmentada, está discutindo esse prejuízo
estampado na súmula desta Corte de Contas.

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52. Algumas decisões do TCU, como as encontradas no Acórdão 12432/2021-TCU-2C e no


Acórdão 1459/2021-TCU-P, são pelo não descumprimento da súmula 247 e do 23, §1º, da Lei nº
8.666/93, por não haver inviabilidade técnica, econômica e operacional para os casos em tela.
53. De outra parte, a unidade gestora, após estudo técnico preliminar levado a cabo pela
Secretaria Especial de Comunicação Social, abordou exaustivamente a temática e demonstrou, do
ponto de vista técnico, a maior vantagem da contratação dos produtos e serviços a serem executados
de forma integrada. Seis foram os pontos destacados como essenciais para comprovar a vantajosidade
do parcelamento:
1) Há necessidade de integração e alinhamento da comunicação regional, nacional e
internacional;
2) Produtos e serviços devem seguir uma mesma metodologia de trabalho;
3) Ferramentas utilizadas para gestão devem ser padronizadas para deixar a mensuração de
resultados mais eficiente;
4) Relacionamento com a imprensa deve apresentar o mesmo padrão nas diversas instâncias
de atuação;
5) Documentos produzidos a partir de fontes de informação centralizadas e organizadas;
6) A multidisciplinariedade e capacidade técnica comprovada de uma equipe que atenda de
forma integrada e nos três segmentos (regional, nacional e internacional).
54. Pela leitura do texto recortado do estudo preliminar (peça 18, p.11-12), nota-se realmente
que a questão do não parcelamento do objeto da licitação foi tema de ampla análise técnica da área
competente, sendo a conclusão desses estudos no sentido de que tal providência melhor atende ao
interesse público.
55. A fim de complementar os fundamentos da presente análise, reproduz-se trecho do
despacho do Ministro Relator à peça 30:
(...)
Embora similares, a contratação visada pelo Ministério das Comunicações é mais abrangente e se
alinha com a atual configuração regimental da Secretaria Especial de Comunicação Social, como
órgão central do Sistema de Comunicação do Poder Executivo Federal, e a necessidade de
centralização das ações de comunicação da Presidência da República e de seus órgãos que
compõem o centro de governo, de acordo com a Portaria MCOM 3.525, de setembro de 2021.
Tal proceder, em primeira análise, justificaria a ausência de parcelamento do objeto, até
mesmo por aplicação do princípio da economicidade (grifo nosso).
56. Dessa forma, entende-se que o não parcelamento do objeto não agrediu os ditames da lei
8666/1993, nem tampouco a súmula 247 do TCU, não causando prejuízo ao aproveitamento das
potencialidades de mercado. Acata-se, pois, a argumentação da unidade gestora em relação ao item
b.2 da oitiva prévia.
IV – Necessidade de escritórios em localidades específicas (peça 22, p.13 – item b3 da oitiva
prévia)
57. Inicia afirmando que existe evidente limitação orçamentária na disposição de escritórios
correspondentes, já que são 5 (cinco) os continentes habitados, 193 (cento e noventa e três) os países
reconhecidos pela ONU, e, dessa forma, não é viável – e essa é uma questão agravada pela
desvalorização do real sofrida nos últimos anos – distribuir correspondentes por todos esses lugares.
58. Argumenta também que o número de 6 locais é bem limitado frente ao espaço amostral
existente, sendo que a escolha de tão poucos lugares deve ser criteriosamente pensada com fins de
atender ao melhor interesse público na execução do contrato. Explica: a distribuição deve ser feita
nos locais considerados mais estratégicos sob o ponto de vista da ciência da comunicação social e da
técnica relacionada especificamente à comunicação corporativa.
59. Nesse sentido, a partir dessa limitação básica, que implicava selecionar grupo muito
9

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reduzido dentre o universo de 193 nações soberanas, foi aventada a escolha de cidades a partir das
quais estivesse mais favorecida a interlocução como maior número de países de uma determinada
grande área geográfica, a saber:
(1) Tel Aviv ou Jerusalém: Contam com população heterogênea, mormente fluente em inglês,
são cidades tecnologicamente desenvolvidas também em termos de comunicações e com fluxos
intensos de intercâmbio com todo o globo. Na verdade, há milênios, essa região constitui o mais
clássico cruzamento entre Europa e o Levante, a Ásia Central e o Extremo Oriente, e entre o
Oriente Médio e a África, recebendo influxos de todos os povos que habitam essa imensa área
geográfica. Com essas considerações, podia-se pensar que um escritório de Relações Públicas em
Israel estaria apto a lidar com atores da África e do Oriente Médio.
(2) Sidney ou Camberra: Para fazer face ao desafio de buscar local para um escritório na Ásia,
a sugestão seria optar pela Austrália, seja a partir de Sidney, seja a partir de Camberra. A Austrália
ocupa posição privilegiada no hemisfério Oriental, com grande fluxo e trânsito de pessoas,
negócios, cultura e comunicação de ponta com todos os países do Sudeste asiático, do Extremo
Oriente e da Oceania. Uma base na Austrália, ademais, possibilitaria contato com uma população
que usa o inglês como primeira língua, embora seja cada vez mais heterogênea, inclusive
etnicamente, em razão de importantes fluxos migratórios para o país. De fato, entre os 15 países
de origem desses imigrantes, 10 estão na Ásia e Oceania (Índia, China, Nova Zelândia, Filipinas,
Vietnã, Malásia, Sri Lanka, Nepal, Coreia do Sul, Hong Kong). Entre os 10 principais parceiros
comerciais, 7 são dessa área geográfica, a saber: China, Japão, Coreia do Sul, Singapura, Índia,
Nova Zelândia e Tailândia. A característica mais cosmopolita da Austrália certamente contribui
para facilitar a interlocução com atores das mais variadas origens nacionais.
(3) Bogotá: A preferência por Bogotá, no caso da base para a América Latina, significa
reconhecer o caráter plural da Colômbia, já evidenciado a partir de sua circunstância geográfica,
pois tem fronteiras terrestres com cinco países, e seis outras fronteiras marítimas. Seu território
se estende do Pacífico ao Atlântico e abrange regiões andinas, caribenhas e amazônicas. Nossa
vizinha em extensa fronteira de floresta, a Colômbia, participa com o Brasil da Organização do
Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), compartilha experiências, enfrenta problemas e
busca soluções para situações similares àquelas que os brasileiros encontram nessa região. O tema
da preservação do bioma amazônico é de fundamental importância para ambos países. Convém
também ressaltar que o país possui a segunda maior população da América do Sul (51 milhões) e
a quarta maior economia da América Latina (PIB 2019: US$232.255 bilhões). Conta com uma
população bastante heterogênea, inclusive etnicamente, com grandes centros urbanos (em Bogotá,
especificamente, vivem 9,7 milhões de pessoas) e com importante polo cultural (como ilustração,
vale notar que é a pátria do prêmio Nobel Gabriel Garcia Marques, do celebrado escultor Botero,
e de artistas populares conhecidos internacionalmente na área do cinema e da música). Por todos
esses aspectos, tender por selecionar Bogotá resulta inequivocamente compreensível, já que essa
cidade possivelmente seria base mais representativa e diversificada a partir de onde lidar com
interlocutores das muitas nações latino-americanas, sendo estratégica para o relacionamento com
a imprensa e influenciadores de toda a região.
(4 e 5) Londres e Paris: Continente que acompanha com particular interesse fatos e notícias sobre
o Brasil, a Europa permanece como grande centro cosmopolita, fonte de importante atividade
jornalística e de mídia em geral, assim como de intensa atividade cultural, econômica, financeira,
política e demográfica, e apresenta população cada vez mais diversa. Para atender a essa região
em que há forte demanda por informações do Brasil e um sem-fim de veículos de mídia, a sugestão
de contar com dois escritórios, um em Londres, que se ocupe da Europa setentrional, outro em
Paris, para interagir com os países da Europa meridional, representaria buscar mais eficácia e
melhores resultados para o trabalho que se busca executar, para o bem da eficiência do serviço
público.
(6) Washington D.C.: Na América do Norte, parece natural a opinião de que a base de trabalho
esteja instalada em Washington D.C., centro da política norte-americana, onde estão presentes
escritórios de todos os mais importantes veículos de mídia e por onde circulam autoridades,
influenciadores, representantes das áreas de comércio, finanças e investimentos de todo o globo,
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para não mencionar pessoas dos círculos acadêmicos, inclusive de 'think tanks', e do setor cultural
e artístico. Washington D.C. será o destino da maior parte de visitas bilaterais aos Estados Unidos,
não apenas de nível presidencial, mas também ministerial, inclusive de nível técnico. Para essa
cidade também se dirigem inúmeras missões de parlamentares e da esfera do Judiciário. Não seria
ocioso considerar o estabelecimento de vários escritórios nos Estados Unidos, haja vista a
dimensão da área geográfica em tela, mas as restrições orçamentárias tornam essa opção
claramente inexequível.
Análise
60. Do que foi exposto nesse ponto, as justificativas para limitação de escolha de localidades
no exterior onde deverão ser prestados serviços de natureza internacional de comunicação corporativa
estão bem fundamentadas, seja pela falta de orçamento suficiente para abarcar mais nações no
universo dos 193 países reconhecidos pela Organização das Nações Unidas, seja pela explicações
claras de como as localidades internacionais escolhidas representam bem os países com maior alcance
político, estrategicamente distribuídos pelos continentes do planeta.
61. Novamente, jogando luz na presente análise, faz-se menção ao despacho do Ministro
relator (peça 30):
(...)
A partir dessa limitação básica, a definição das cidades onde serão prestados os serviços teve por
base a verificação de características geográficas, econômicas, financeiras e culturais, que
permitissem a interlocução de fato com maior número de países de uma grande área. Dessa
forma, não há verossimilhança de eventual direcionamento ou restrição à competitividade
do certame (grifo nosso).
62. Assim, entende-se que não houve falta de fundamentação para escolha de localidades no
exterior onde deverão ser prestados serviços de natureza internacional, com risco de direcionamento
do certame e de restrição à competitividade. Acata-se, dessa forma, a argumentação da unidade
gestora em relação ao item b.3.
V – Do desconto linear mínimo exigido (peça 22, p. 14 – item b.4 da oitiva prévia)
63. Refere-se, em princípio, ao que pontua o MPTCU quanto ao valor fixado de 4%, aduzindo
que, por este ser menor que a média dos contratos tomados como referência, seria uma conduta que
iria de encontro ao interesse público, eis que poderia, em tese, impor maior ônus aos cofres públicos.
Diverge, com vênias, desse entendimento do Parquet.
64. Observa que o maior desconto observado em meio aos outros editais foi de 5%, por outro
lado, o menor foi de 3%, ou seja, o desconto linear mínimo proposto está exatamente no ponto médio
entre o maior e o menor percentuais observados.
65. Esclarece ainda, ainda, que a ligeira diferença entre o percentual mínimo fixado no seu
edital e a média de referência (apenas 0,6% do contrato) dá-se porque, diferentemente do edital sob
análise, naqueles contratos englobam-se a prestação de serviços essenciais (aqueles prestados
exclusivamente pela empresa contratada) e demais serviços prestados por outras empresas
especializadas, denominados serviços complementares.
Análise
66. A grande justificativa apresentada para o estabelecimento de um desconto linear abaixo
dos descontos verificados por outros entes da Administração Pública é o fato de estes, ao colocarem
em suas propostas percentuais de descontos superiores, o fazem por conta da inclusão de serviços
complementares no objeto da contratação.
67. Ou seja, a diferença verificada ocorre porque nas contratações similares pesquisadas os
percentuais de desconto linear englobam a prestação de serviços essenciais (aqueles prestados
11

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exclusivamente pela empresa contratada) e demais serviços prestados por outras empresas
especializadas, denominados serviços complementares, e o edital de 02/2022 só contempla serviços
essenciais, não adotando a previsão nas categorias de produtos e serviços complementares.
68. A lógica da previsão do desconto linear se sustenta na ideia de que, em verdade, o que a
Administração busca é a eficiência, ou seja, o melhor pelo menor preço e, assim, prima pela proposta
mais vantajosa para Administração. Consequentemente, é possível definir o desconto mínimo a ser
ofertado pelos licitantes, uma vez que esse percentual indicado pela Administração representará o
custo máximo que se pretende despender com a futura contratação.
69. Dessa forma, parece razoável que os percentuais de descontos lineares exigidos para
empresas prestadoras de serviços essenciais, ou seja, exclusivamente prestados pela empresa
contratada, sejam menores, pois por realizarem serviços especializados, não abririam mão dos valores
contratuais “cheios”, assim entendidos aqueles cujo desconto seja o menor possível.
70. Já os contratos firmados nos quais, além de prestarem serviços essenciais, há previsão de
a contratada prestar serviços complementares, entendidos estes como serviços que devem ser
prestados por outras empresas, que não a contratada, seria possível, em tese, a obtenção de descontos
maiores. Nesse caso, logicamente, o valor do contrato deveria subir, permitindo, dessa forma, um
maior desconto linear oferecido pela contratada. Não é o caso da concorrência 02/2021, que só
contempla a prestação de serviços essenciais.
71. Ademais, o desconto linear de 4% não parece banal, na medida em que, segundo a
unidade gestora, é a média entre o menor e o maior valor percentual.
72. Dessa forma, analisando-se o conjunto das informações prestadas, não se vislumbra que
a previsão de desconto linear mínimo exigido na concorrência 02/2022 do MCom possa ir de encontro
ao interesse público, nem causar ônus excessivos aos cofres públicos.
VI – Do valor contratual estimado (peça 18, p.15 – item b.1 da oitiva prévia)
73. Começa alegando dois pontos, segundo relata, relevantes. Em primeiro lugar, o contrato
anterior da Secretaria Especial de Comunicação com a empresa CDN, ainda em 2015 e com valor
global anual de 30 milhões de reais, abrangia exclusivamente as estratégias de comunicação em
âmbito internacional.
74. Nesse ponto, afirma que deve-se considerar o escopo maior, sob a perspectiva material
do ponto de vista do serviço a ser executado, atentando para o fato de que o presente edital atenderá
as demandas no âmbito regional, nacional e internacional.
75. Continua a embasar sua argumentação recortando um trecho da Nota Técnica
18491/2021/SEI-MCOM:
Tais diferenças justificam o valor estimado para a contratação, tendo em vista que o edital
publicado pelo MCom prevê a contratação de empresa prestadora de serviços de
comunicação corporativa com capacidade de atuação regional, nacional e
internacional, e abrange um catálogo de 213 tipos de produtos e serviços que poderão ser
executados, quantidade e diversidade significativamente superiores aos demais contratos
analisados.
A amplitude do catálogo de produtos e serviços se justifica em função de que o referido
contrato, diferentemente dos demais do Poder Executivo federal visa atender as demandas
de comunicação corporativa do Ministério das Comunicações, que abrangem não
somente as pautas do Ministério, mas toda e qualquer ação de comunicação referente
à Presidência da República, seja em âmbito nacional ou internacional. (grifos nossos)
76. Salienta também que a variação cambial é fator preponderante na cotação de preços
quando parte dos serviços a serem contratados serão executados no exterior e devidamente
12

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remunerados em moedas locais. O impacto da variação cambial é nítido, esclarece, quando analisados
os contratos vigentes na Administração Pública Federal, para os quais o atual valor em dólares,
considerando a cotação de 30/11/2021, é inferior quando da assinatura do contrato, fato este que com
certeza limita as ações de comunicação corporativa em âmbito internacional, pois restringe a
quantidade de produtos e serviços a serem contratados.
77. Conclui afirmando que, a despeito de o edital em comento ter sido amplamente noticiado
como o maior contrato deste tipo a ser firmado na história, a verdade é que o valor total estimado de
execução é apenas uma estimativa, sem garantia à futura contratada de que esse montante será
totalmente demandado - está em linha com as necessidades do órgão licitante.
Análise
78. É possível notar as peculiaridades da atual concorrência, observando o quadro elaborado
pela Subsecretaria de Imprensa, exposto na peça 18, p. 17, que faz uma comparação entre a última
contratação de comunicação corporativa (concorrência 01/2013) e a futura contratação (concorrência
02/2021).
79. Nele, observa-se, além das diferenças no objeto da licitação (a concorrência 02/2021 tem
seu escopo bem mais ampliado), no campo “valores em dólares”, vê-se que a concorrência objetod e
análise representa, em dólares, menos que a concorrência 01/2013, o que revela a ingerência do
câmbio nas políticas de atuação internacional. Nota-se também, relevantemente, que o contrato
anterior previa a execução de trinta e quatro tipos de produtos e serviços. Já a nova licitação prevê
213 tipos.
80. Ademais, a atual licitação para contratação de serviços de comunicação corporativa
abrange os âmbitos local, nacional e internacional, sendo, portanto, de alcance maior, envolvendo,
consequentemente mais recursos. O contrato anterior só compreendia a esfera internacional.
81. Além dos argumentos consistentes que apresentou, o MCom disponibilizou o relatório
final de pesquisa de preços (peça 24), como evidência de que o valor estimado foi amplamente
embasado. Esse documento demonstra que a pesquisa foi realizada em um painel de preços que seguiu
as diretrizes expostas no manual do Painel de Preços, disponível no link
https://paineldeprecos.planejamento.gov.br/storage/26aef97365b8eb36c361c4b104c44bb8.pdf.
82. Além dessa informação, o referido documento ilustra pesquisas em contratações
similares, onde vários ministérios de vulto estão envolvidos, como o Ministério da Cidadania,
Ministério da Infraestrutura, Ministérios da Ciência e Tecnologia, dentre outros. Ilustra também
pesquisas com fornecedores, que foram enviadas para 26 empresas. Ilustra, por fim, vários mapas
comparativos entre as páginas 4 e 10 da peça 24.
83. Dessa forma, analisando-se o conjunto das informações prestadas, e não somente o valor
contratual estimado pelo edital, não se vislumbra ausência de economicidade da estimativa do preço
de referência da contratação na concorrência 02/2022 do MCom, em comparação a outros contratos
de mesma natureza. Acata-se, assim, as justificativas da unidade gestora em resposta ao item b.1 da
oitiva prévia.
VII – Do suposto direcionamento a empresas que já prestam ou prestaram serviço para o Poder
Executivo federal.
84. Inicia o arrazoado resgatando três supostos indícios apontados como reveladores de uma
hipotética restrição indevida à competição do certame, são eles: 1) exigências "desarrazoadas" na
qualificação técnica; 2) previsão no edital de uma pontuação maior a quem possui clientes integrantes
do Poder Executivo federal; e 3) "coincidência" entre os serviços previstos no Contrato 17/2019 –
Embratur e os serviços demandados no edital sob análise.
85. Quanto ao primeiro ponto, disserta que a suspeita de irregularidade apontada dissipa-se
13

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apenas com a leitura completa do item 11.4.3 do edital, especialmente conjugando o que dispõe os
itens "a" e "a2”, afirmando que não existe condição sine qua non de a empresa prestar ou ter prestado
serviço especificamente ao Poder Executivo federal para conseguir atender aos requisitos de
habilitação contidos na cláusula sob destaque, como contesta o MPTCU.
86. Em relação à segunda questão, assevera a pouca relevância do ponto atribuído para quem
já tenha experiência com serviços de comunicação corporativa no âmbito do Executivo Federal no
cômputo geral da avaliação técnica a ser feita. É apenas, destaca, um ponto dentre 20 possíveis no
quesito “Capacidade de Atendimento”. Fora isso, existem mais 75 pontos em disputa referente à
elaboração do “Plano de Comunicação Corporativa” e 5 pontos para os “Relatos de Soluções de
Comunicação Corporativa”.
87. Quanto ao terceiro ponto, sustenta que a única semelhança que pode ser verificada entre
ambas contratações (entre a que irá se efetivar, objeto de análise e a referente à Embratur) é a
similaridade da descrição dos produtos e serviços previstos, mormente aqueles que fazem parte do
rol de produtos e serviços essenciais inerentes à Comunicação Corporativa. Dessa forma, garante,
não há como se falar em coincidência de serviços ou sobreposição de objeto.
Análise
88. Com relação ao primeiro ponto é razoável a argumentação da unidade gestora. Da leitura
do item contestado, não se vislumbra uma imperatividade do dispositivo no sentido de ser obrigatória
a empresa a ser contratada prestar ou ter prestado serviço especificamente ao Poder Executivo Federal
para conseguir atender aos requisitos de habilitação contidos na cláusula do item 11.4.3:
a) declaração(ões), atestado(s) ou certidão(ões) expedida(s) por pessoa(s) jurídica(s) de
direito público ou privado, que ateste(m) que a licitante prestou à(s) declarante(s) produtos
e serviços compatíveis com o objeto desta concorrência, nos termos do Apêndice 1 do
Anexo I deste Edital, nos últimos 36 (trinta e seis) meses.
a1) a(s) declaração(ões), atestado(s) ou certidão(ões) previstas na alínea ‘a’ deverão ser
apresentadas em papel timbrado de, no mínimo, 2 (dois) clientes diferentes, assinados, com
telefone de identificação dos representantes dos respectivos declarantes.
a2) para cumprimento da presente exigência a licitante deverá comprovar experiência de
no mínimo 3 (três) anos, na execução de pelo menos 70% (setenta por cento) dos produtos
e serviços essenciais, previstos nos itens 1.3, 1.6, 1.8, 1.9, 1.18, 2.1, 2.3, 3.5, 3.6, 3.7, 3.14,
3.16, 3.17, 4.24, 5.1, 5.3, 5.4, 5.5 e 5.6 do Apêndice 1do Anexo I deste Edital.
89. A Nota Técnica nº 18491/2021/SEI-MCom (peça 22, p.10), em referência à Subsecretaria
de Imprensa, traz esclarecimentos nesse ponto:
(...)
especificamente sobre os 8 serviços aqui indicados, cabe esclarecer que são relacionados à
categoria de planejamento estratégico (2.1, 2.3, 3.5, 3.7) e de gestão de crise (5.3, 5.4, 5.5
e 5.6) e fazem referência a menções de programas, ações e pautas do Governo Federal, as
quais, por tratarem de políticas públicas, são elaboradas a partir de temas comuns a
todos os segmentos da sociedade e que possam ter sido objeto de serviços prestados a
outros setores que contratem serviços de comunicação corporativa(grifo nosso).
90. Com relação ao segundo ponto, concorda-se com a argumentação da unidade gestora
quando discorre que o fato da licitante prestar ou já ter prestado serviço para órgãos do Poder
Executivo federal, não é fator decisivo ou que signifique vantajosidade no certame licitatório, pois
trata-se de subquesito com pouca representatividade – 1 (um) ponto de um total de 20 (vinte) pontos
- frente aos demais subquesitos considerados no quesito Capacidade de Atendimento.
91. Além disso, existem mais 75 pontos em disputa referente à elaboração do Plano de
Comunicação Corporativa e 5 pontos para os Relatos de Soluções de Comunicação Corporativa. Ou
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seja, o fato de já ter prestado serviço no âmbito da comunicação corporativa para o Executivo Federal
é um diferencial irrisório em meio a outras pontuações mencionadas no edital e o quesito não cria
vantagem insuperável para aqueles que nunca tenham prestado serviço para Administração.
92. Com relação ao terceiro ponto, as respostas da unidade gestora são bem elucidativas,
sobretudo nesse trecho, onde tece comentários a contração com a Embratur (peça 22, p.12):
(...)
as semelhanças dos produtos e serviços verificadas com o contrato da Embratur, nada mais
são do que características inerentes aos produtos e serviços de Comunicação Corporativa,
as quais poderão ser facilmente identificadas em outras contratações de mesma
natureza tanto no setor público como no setor privado, não significando qualquer
direcionamento para a contratação de empresa que por ventura preste serviços para
aquele Instituto ou para qualquer outro ente público (grifo nosso).
93. O quadro comparativo entre os dois editais de concorrência, já mencionado na presente
análise, ilustra de fato algumas semelhanças entre os seus objetos, como não poderia deixar de ser, já
que ambos tratam de comunicação corporativa, sendo que o contrato com a Embratur (enquanto
contratante) se refere a serviços somente no âmbito internacional.
94. Nota-se, além de semelhanças, também diferenças, como no modelo de contratação, na
forma de execução do objeto (com ou sem parcelamento), na quantidade de empresas, dentre outras.
95. Assim, de acordo com a análise conjunta das informações, não se vislumbra
direcionamento da concorrência 02/2021 do MCom a empresas que já prestam ou prestaram serviço
para o Poder Executivo Federal.
CONCLUSÃO
96. O presente processo tratou da representação formulada pelo procurador do MPTCU no
tocante a possíveis irregularidades na condução da concorrência 2/2021 do MCom.
97. A presente representação foi conhecida pelo Ministro Relator em despacho à peça 11.
Também foi reconhecido, na presente análise, que os fatos noticiados podem ser considerados de alto
risco, materialidade e relevância.
98. A unidade gestora, à peça 23, declara, em relação à apresentação de possíveis ações
corretivas que poderão ser tomadas para prevenir ou corrigir os indícios de irregularidades apontados
em relação ou remover seus efeitos, que, no momento, nada tem a apresentar de possíveis ações
corretivas.
99. Os itens da oitiva prévia foram respondidos pela unidade gestora, analisados e as
respostas consideradas suficientes e esclarecedoras.
100. As demais questões envolvidas na representação também foram elucidadas pela unidade
gestora e consideradas pela análise como suficientemente esclarecedoras.
101. Conclui-se, por fim, ante a análise conjunta das informações, que a presente representação
deve ser considerada improcedente.
102. O TC 042.459/2021-4, apensado ao presente processo, deve ser encerrado, conforme
normativo institucional.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
103. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) considerar improcedente a presente representação;
b) informar ao representante que o conteúdo da deliberação que vier a ser proferida
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poderá ser consultado no endereço www.tcu.gov.br/acordaos;


c) com fundamento no art. 169, V do Regimento Interno do TCU, arquivar os presentes
autos;
d) com fundamento no art. 37, caput, da Resolução-TCU 259, de 2014, encerrar o processo
TC 042.459/2021-4, apensado aos presentes autos.

SecexAdministração, em 18 de fevereiro de 2022.


(Assinado eletronicamente)
José Nicolau Gonçalves Fahd
AUFC – Mat. 9449-8

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