Livro-Texto - Unidade I

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Fundamentos da

Administração
Autor: Prof. Livaldo dos Santos
Colaboradoras: Profa. Cláudia Roberta Carneiro Leão
Profa. Christiane Mazur Doi
Profa. Teresa Dias de Toledo Pitombo
Professor conteudista: Livaldo dos Santos

Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Guarulhos (2000). Foi coordenador do curso de
Administração presencial nos campi Cidade Universitária e Pinheiros e professor adjunto da UNIP em cursos
de graduação. Administrador profissional pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Tibiriçá (1993).
Professor há mais de 25 anos em cursos de graduação, tendo atuado em cursos de pós-graduação por oito anos em
instituições de primeira linha. Consultor de empresas há 27 anos, atuando em assessorias nas áreas organizacionais,
gestão de processos, gestão estratégica e sistemas de informação em empresas diversas e instituições financeiras. Foi
professor supervisor/orientador de estágios do curso de administração da UNIP, campus Cidade Universitária.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S237 Santos, Livaldo dos

Fundamentos da Administração. / Livaldo dos Santos - São


Paulo: Editora Sol, 2022.

108 p. il.

Notas: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.

1. Administração 2. Administrador 3. Teorias I. Título

CDU 658.01

U514.19 – 22

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor

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Reitora em Exercício

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Vice-Reitora de Graduação

Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo


Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa

Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini


Vice-Reitora de Administração

Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia


Vice-Reitor de Extensão

Prof. Fábio Romeu de Carvalho


Vice-Reitor de Planejamento e Finanças

Profa. Melânia Dalla Torre


Vice-Reitora de Unidades do Interior

Unip Interativa

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático

Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Angélica L. Carlini
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. Deise Alcantara Carreiro

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Vitor Andrade
Alessandro de Paula
Sumário
Fundamentos da Administração

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7

Unidade I
1 ADMINISTRAÇÃO: CONCEITOS E IMPORTÂNCIA................................................................................. 11
1.1 Definição................................................................................................................................................... 11
2 O PROCESSO EMPRESARIAL........................................................................................................................ 12
2.1 A empresa................................................................................................................................................. 13
2.2 História das organizações.................................................................................................................. 14
2.3 Os níveis organizacionais................................................................................................................... 16
2.4 As grandes áreas funcionais da empresa..................................................................................... 17
2.5 Organização, direção e controle...................................................................................................... 18
2.6 Papel social das organizações.......................................................................................................... 19
2.6.1 Empresas para um mundo futuro..................................................................................................... 20
2.6.2 Sustentabilidade, responsabilidade corporativa e responsabilidade social...................... 23

Unidade II
3 O ADMINISTRADOR......................................................................................................................................... 30
3.1 Conceituação e caracterização do agente da ação administrativa.................................. 30
3.2 Perfil do administrador....................................................................................................................... 32
3.3 Competências pessoais do administrador................................................................................... 34
4 OS DEZ PAPÉIS DO ADMINISTRADOR SEGUNDO HENRY MINTZBERG...................................... 35
4.1 Papéis interpessoais.............................................................................................................................. 36
4.2 Papéis informacionais......................................................................................................................... 37
4.3 Papéis decisoriais................................................................................................................................... 38
4.4 O futuro do administrador................................................................................................................ 39

Unidade III
5 A ABORDAGEM CLÁSSICA E A HUMANÍSTICA..................................................................................... 46
5.1 Teoria científica da administração................................................................................................. 46
5.1.1 O primeiro período de pesquisas de Taylor................................................................................... 48
5.1.2 O segundo período de pesquisas de Taylor................................................................................... 49
5.1.3 Os quatro princípios da administração científica....................................................................... 52
5.2 Teoria clássica da administração..................................................................................................... 53
5.2.1 Os quatorze princípios gerais da administração......................................................................... 54
5.2.2 Funções da organização........................................................................................................................ 55
5.2.3 Funções administrativas....................................................................................................................... 56
5.3 Teoria das relações humanas............................................................................................................ 56
5.3.1 Fases da análise do caso Hawthorne............................................................................................... 57
5.3.2 Organização informal............................................................................................................................ 60
5.3.3 Estilos de liderança.................................................................................................................................. 61
5.3.4 Considerações e críticas à escola das relações humanas........................................................ 62
6 DA TEORIA BUROCRÁTICA À TEORIA NEOCLÁSSICA.......................................................................... 63
6.1 Teoria burocrática................................................................................................................................. 63
6.1.1 Características da burocracia.............................................................................................................. 64
6.1.2 Os tipos de poder..................................................................................................................................... 66
6.1.3 Pecado pelo excesso ou pela falta – disfunções burocráticas............................................... 67
6.2 Teoria de sistemas................................................................................................................................. 68
6.2.1 O sistema e seus elementos................................................................................................................. 70
6.2.2 Dimensões dos sistemas....................................................................................................................... 71
6.2.3 Propriedades dos sistemas................................................................................................................... 71
6.2.4 Sistema de informações gerenciais.................................................................................................. 72
6.3 Teoria neoclássica.................................................................................................................................. 73
6.3.1 Características da teoria neoclássica............................................................................................... 74

Unidade IV
7 ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS E TEORIA COMPORTAMENTAL............................................... 79
7.1 Administração por objetivos (APO)................................................................................................ 79
7.2 Teoria comportamental...................................................................................................................... 81
7.2.1 A motivação............................................................................................................................................... 82
7.2.2 Teoria da hierarquia das necessidades de Maslow..................................................................... 83
7.2.3 Teorias motivacionais............................................................................................................................. 85
7.2.4 Teoria dos dois fatores de Herzberg................................................................................................. 88
7.2.5 Teorias X e Y de McGregor................................................................................................................... 89
8 A ORGANIZAÇÃO – PARTE 1........................................................................................................................ 91
8.1 Projeto organizacional........................................................................................................................ 91
8.1.1 Configuração organizacional.............................................................................................................. 92
8.1.2 Dimensões do projeto organizacional............................................................................................. 92
8.2 Elaboração da estrutura organizacional...................................................................................... 94
8.2.1 Fatores condicionantes da estrutura............................................................................................... 95
8.2.2 Componentes da estrutura – sistema de responsabilidade.................................................... 98
APRESENTAÇÃO

Olá, caros alunos!

Esta disciplina lança a vocês, futuros profissionais, um desafio: o de apoderar-se, no que se refere
ao ato de administrar, de suas bases histórica, teórica e prática. Pode soar aparentemente simples, mas
se trata de tarefa que traz em si a complexidade de todo um universo de conhecimentos e posturas em
cultura administrativa.

Para possibilitar a vocês a apreensão bem-sucedida dos conteúdos, o curso se dispõe a tornar viável
o entendimento do papel da administração e do profissional no contexto organizacional.

Além disso, o curso busca suscitar a discussão, entre os alunos, da evolução do pensamento
administrativo e suas características dentro de um contexto histórico social e econômico. O processo
de ensino-aprendizagem é conduzido de forma que os alunos compreendam os diversos tipos de
organizações existentes – organizações estas que são desenvolvidas para atender às necessidades
organizacionais no decorrer do tempo.

O curso possibilita a aquisição de uma visão mais integrada do processo gerencial e do papel dos
dirigentes dentro do contexto das organizações, assim como é importante que haja o debate sobre cada
prática administrativa descrita neste curso, de forma que os futuros profissionais estejam municiados
de instrumentos para a prática administrativa.

Destacam-se a seguir os principais objetivos desta disciplina:

• Viabilizar o entendimento da função e do papel da administração e do administrador no contexto


das organizações.

• Levar os alunos a abordar e discutir a evolução do pensamento administrativo, suas características


e contexto histórico, social e econômico.

• Conduzir o processo de ensino-aprendizagem de modo que o aluno entenda os diferentes tipos


de organizações existentes e desenvolvidas para atender às necessidades organizacionais no
decorrer do tempo.

• Possibilitar a aquisição de uma visão integrada do processo gerencial e do papel dos dirigentes
dentro do contexto organizacional.

• Permitir a discussão de práticas administrativas, visando instrumentalizar os futuros gestores


de empresas.

7
INTRODUÇÃO

Esta disciplina estabelecerá uma parceria entre o seu intelecto e as descobertas históricas sobre
este fenômeno, que se iniciou quando o homem teve a necessidade de organizar o trabalho para lascar
a pedra e construir uma “machadinha de pedra lascada”. Dizem que deve ter sido um pouco antes da
elaboração da primeira organização, mas será que isso importa?

Neste livro-texto, pretende-se que o futuro gestor, independentemente de sua área específica de
atuação, tenha assimilado os conhecimentos que viabilizem o entendimento da função da administração,
seus conceitos e definições. Vamos estudar como se dá o processo empresarial, bem como os tipos de
empresas, a composição das áreas funcionais, a estrutura e seu papel social, sinalizando a perspectiva
de liderança para os próximos anos e as políticas de sustentabilidade empresarial.

Desde os primórdios da humanidade, existe a necessidade de planejar e alocar os recursos necessários


para a realização de um trabalho e a consecução de objetivos humanos, por meio da liderança de
pessoas que realizam os trabalhos necessários para alcançar aqueles resultados comuns. Acredita-se
que os fundamentos da administração começaram a ser elaborados nesses tempos de trabalhos simples,
recursos rudimentares e objetivos de curtíssimo prazo. Hoje, tais atividades atingiram uma complexidade
incomensurável para poder atender às demandas das grandes corporações supranacionais, das redes
flexíveis de empresas, bem como das grandes fusões e incorporações empresariais.

Todos aqueles que necessitam atuar e interferir na condução dos trabalhos em uma organização,
seja ela uma empresa privada ou pública, pequena ou grande, comercial ou religiosa, entre uma imensa
gama de tipos existentes, deverão ser considerados gestores.

Os gestores necessitam dos conhecimentos fundamentais para identificar, analisar e realizar os


objetivos humanos que só são atingidos por meio de uma organização. Esta disciplina apresentará
os seguintes fundamentos:

Fenômeno Abordagens
administrativo teóricas

A organização

Planejamento Ferramentas
empresarial de gestão

Figura 1 – Os fundamentos da administração

8
Ao estudar o conteúdo deste livro-texto, você poderá assimilar os principais conceitos do fenômeno
administrativo – o perfil e as características determinantes do administrador – ontem e hoje. Da mesma
forma, permitirá obter uma visão completa da evolução das abordagens teóricas da administração que,
juntamente com o entendimento do processo do planejamento empresarial e de ferramentas de gestão,
irão permitir que você entenda e interfira de forma racional e objetiva na organização.

Os gestores, sejam eles focados em logística, marketing, processos gerenciais, gestão de recursos
humanos, da tecnologia da informação ou mesmo gestão financeira, necessitam desenvolver habilidades
para enfrentar, segundo o Plano Pedagógico do curso, os grandes desafios dos países, que hoje estão
intimamente relacionados com as contínuas e profundas transformações sociais ocasionadas pela
velocidade com que têm sido gerados novos conhecimentos científicos e tecnológicos, sua rápida
difusão e uso pelo setor produtivo e pela sociedade em geral. Verifica-se que as organizações produtivas
têm sofrido impactos provocados pelo frequente emprego de novas tecnologias que, geralmente,
alteram hábitos, valores e tradições que pareciam imutáveis. Os grandes avanços de produtividade são
impulsionados pela melhoria da gestão empresarial, assim como pelo progresso científico e tecnológico.
Aqui se encaixa a contribuição desta disciplina, que tem a importante missão de fornecer, para o seu
curso, as bases para o entendimento do perfil ideal de um gestor, as teorias e técnicas administrativas
para lidar de forma efetiva com os desafios empresariais enfrentados pelos gestores tecnólogos, bem
como uma visão da organização: seu ambiente interno e o ambiente externo, com suas oportunidades
e ameaças. Embora os cursos tendam a formar profissionais especializados em segmentos (áreas), tendo
como foco um ramo específico, disciplinas como esta irão nivelar os profissionais das diversas áreas em
sua capacitação para entender a organização como um todo e desenvolver o pensamento estratégico
para conduzir os seus rumos e operacionalizar suas estratégias.

Conheça-te a ti mesmo, ao terreno da batalha e aos seus oponentes,


e não temerás por nenhuma batalha! (Sun Tzu)

9
FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO

Unidade I
1 ADMINISTRAÇÃO: CONCEITOS E IMPORTÂNCIA

1.1 Definição

Administrar vem do latim: ad significa “tendência para”, “direção para”; minister significa “subordinação
ou obediência”, “aquele que realiza uma função sob o comando de outrem”, isto é, aquele que cumpre
uma obrigação de trabalho a outro (CHIAVENATO, 2014).

O conceito geral de administrar consiste em versões diversas, cada uma com um viés diferente,
porém de forma convergente e complementar.

São várias as definições de administração. Há quem a julgue uma ciência e quem a defina como arte.
De modo geral, todas giram em torno do mesmo tema.

Quadro 1 – Os conceitos de administração

Autores Conceito
Administração é um conjunto de atividades organizacionais que têm como
funções principais: a tomada de decisões baseada em técnicas específicas e
Crounel Marins (2010) interpretação pessoal das situações interiores e exteriores à organização; e a
manipulação de conflitos de forma produtiva
Jules Henri Fayol (1981); Administrar é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar
Ramos (2010)
Antonio César Amaru e
Maximiano (1997); A administração é o processo de tomar e colocar em prática decisões sobre
objetivos e utilização de recursos
Ramos (2010)
Administração é simplesmente o processo de tomada de decisão e o controle
Peter Ferdinand Drucker (1989); sobre as ações dos indivíduos para o expresso propósito de alcance de metas
Ramos (2010) predeterminadas
Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos
recursos e competências organizacionais para alcançar determinados objetivos
Idalberto Chiavenato (2021) de maneira eficiente e eficaz. Sem ela, as organizações jamais conseguiriam
funcionar a contento

Com base nos conceitos apresentados, pode-se perceber que eles convergem entre si, admitindo
ser um processo para planejar, organizar, controlar. Nesse contexto, a administração pode ser
simultaneamente uma ciência, uma tecnologia e uma arte.

Ela é uma ciência com princípios bem definidos e um corpo de conhecimentos


científicos e devidamente codificados; uma tecnologia que produz ferramentas
de utilização para obter resultados; e uma arte em lidar com situações
concretas e abstratas (CHIAVENATO, 2014, p. 4).
11
Unidade I

A administração passa a ser considerada como uma ciência universal, pois todas as áreas do
conhecimento fazem uso de conceitos para atingirem seus objetivos.

Na figura a seguir encontramos a rosácea da administração, que ilustra a reunião das competências
necessárias para o entendimento e a aplicação da gestão administrativa.

– Proatividade e visão – Visão sistêmica e


antecipatória holística
– Foco em objetivos e – Convergência
estratégias
– Networking
– Visão de futuro
Planejamento Organização

Controle Direção

– Foco em resultados – Liderança


– Desempenho – Comunicação
– Eficiência e eficácia – Missão e valores

Figura 2 – Rosácea da administração

Fonte: Chiavenato (2014, p. 8).

2 O PROCESSO EMPRESARIAL

Organização é um grupo de pessoas que trabalham em busca de objetivos comuns, e não


necessariamente são empresas. Pode ser um time de futebol, um coral, uma equipe de voluntários, um
grupo de jovens da igreja ou de uma empresa, enfim, são pessoas que trabalham em conjunto, todas
focando o mesmo resultado. Então, quer dizer que toda empresa é uma organização, mas nem toda
organização é uma empresa.

Para compreendermos melhor o que são as organizações e em qual setor as empresas estão inseridas,
precisamos entender que a sociedade civil é dividida em setores, os quais são:

• 1° setor: é o que chamamos de iniciativa pública, caracterizada pelos governos municipais,


estaduais e federais. Este setor é responsável por proporcionar às pessoas os serviços básicos e
elementares para a vida em sociedade, como saúde, educação, transporte, segurança, habitação
etc. A função primordial do Estado é promover o Welfare State – Estado do Bem-Estar Social.

12
FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO

• 2° setor: também chamado de iniciativa privada, representado pelas empresas que possuem
fins lucrativos, podendo ser do setor agropecuário, industrial, comercial ou de serviços. Devemos
compreender que as empresas podem ser:

— Empresa individual: é aquela constituída por apenas um empreendedor; essa é uma forma de
organização utilizada em pequenos negócios.

— Sociedades anônimas: são empresas com capital aberto, ou seja, com a possibilidade de
negociação de suas ações em bolsas de valores.

— Sociedade limitada: também chamada de sociedade por quotas de responsabilidade limitada,


sendo utilizada quando a empresa é constituída por um número reduzido de sócios.

• 3° setor: Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), conhecidas


popularmente como ONGs (Organizações Não Governamentais), são entidades que defendem os
interesses comuns, da sociedade ou de grupos sociais. As OSCIPs não são parte do governo e não
possuem fins lucrativos. Por isso, chamamos de 3° setor da sociedade civil. Alguns exemplos são
fundações, associações, cooperativas, igrejas, sindicatos e demais entidades filantrópicas.
A Pastoral da Criança é uma das mais respeitadas organizações do 3° setor do Brasil.

Lembrete

Organização é um grupo de pessoas que trabalham em busca de


objetivos comuns, e não necessariamente são empresas.

2.1 A empresa

As empresas podem ser representadas como uma organização que foca o lucro. Elas podem ser
semelhantes, mas nunca iguais, possuem suas características, diversidades, tamanho e estrutura. São dos
mais diversos ramos de atividade e fazem uso de diversas tecnologias para produzir bens ou serviços
dos mais variados tipos e são conduzidos e distribuídos aos diversos mercados (CHIAVENATO, 2014).

Uma empresa, independentemente de seu porte, pode ser de um homem só, de várias pessoas,
de um conjunto de empresas ou de acionistas nominais ou anônimos, sem necessariamente ter um
dono envolvido. Nesse caso, temos apenas o domínio, com maior ou menor participação societária
(KWASNICKA, 2006).

Observação

Existem outros tipos de empresas, principalmente as não lucrativas,


como ONGs, cooperativas, fundações, cujo regime jurídico difere do das
demais, porém devem ser legalizadas e administradas segundo as regras
específicas de cada uma.
13
Unidade I

As formas de propriedade e de associação entre empresas podem ser consideradas de


algumas maneiras.

O significado de propriedade legal consiste no direito, instituído pela lei, de possuir um conjunto de
bens que compõem a empresa. Dentro dos desígnios da lei, há um conjunto de direitos e um de deveres
para a criação de uma empresa, os quais devem ser respeitados por todos os proprietários da empresa.

Já a participação é o modo de envolvimento de cada indivíduo na forma de propriedade. Poderá


ser uma única pessoa, ser um sócio majoritário e outros com participações menores, ou ainda ser uma
participação igualitária. Dependerá do tamanho da participação, do poder de opinar e de influenciar nas
decisões e na vida da empresa.

A sociedade anônima é uma forma de associação particular que dispõe de uma lei própria que rege
sua constituição. Essa forma de associação tem vida própria, independentemente de seus acionistas,
pois eles podem ser muito pulverizados e anônimos. Em alguns casos, pode existir um sócio nominal
majoritário e/ou existirem vários acionistas desconhecidos. Envolve principalmente as empresas de
capital aberto, cujas ações são vendidas na Bolsa de Valores.

2.2 História das organizações

Dos primórdios até meados do século XVII, as organizações cresceram lentamente, mas isso não
significa que o trabalho não era organizado.

Chiavenato (2014) aponta que a divisão da história das organizações acontece em seis fases:

• Fase artesanal: origina-se na Antiguidade e sobrevive até 1780, início da Revolução Industrial;
produção no artesanato rudimentar das pequenas oficinas e da mão de obra não qualificada na
agricultura; resquício do feudalismo e o sistema comercial – troca de mercadorias.

• Fase de transição do artesanato a industrialização: ocorreu entre 1780 e 1860. Marca o início
da Era Industrial, com mecanização e industrialização das oficinas e da agricultura, com destaque
para o carvão e para o ferro. Desenvolvimento do tear hidráulico, tear mecânico. Máquina a
vapor tanto na área fabril como nos transportes (navio e locomotiva) e a comunicação com o
surgimento do telégrafo elétrico e o selo postal.

• Fase do desenvolvimento industrial: período de 1860 a 1914, com destaque para o aço e
para a eletricidade. Grande desenvolvimento da maquinaria e a substituição do ferro pelo aço
e do vapor pela eletricidade. O capitalismo industrial é substituído pelo capitalismo financeiro,
com o aparecimento de grandes bancos e instituições financeiras. Crescimento das empresas
bem-sucedidas.

• Fase do gigantismo industrial: fase situada entre as duas Guerras Mundiais (1914 e 1945),
cujo desenvolvimento industrial foi pautado em objetivos bélicos. Neste período temos também
a Grande Depressão (crise em 1929 do sistema financeiro dos EUA, o que gerou uma crise
14
FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO

mundial). As empresas nesta fase atingem proporções enormes, atuando no âmbito internacional
e multinacional. Expansão nos transportes (aéreo, terrestre e marítimo) e a comunicação torna-se
mais rápida com o telégrafo sem fio, o telefone, o rádio e a televisão.

• Fase moderna: período que compreende o pós-Guerra (1945) até 1980, quando se percebe uma
cisão entre os países desenvolvidos (industrializados) e os subdesenvolvidos (não industrializados)
e dos países em desenvolvimento. Grande avanço tecnológico. Novos materiais básicos (plástico,
alumínio, novas fibras têxteis sintéticas), novas fontes de energia (nuclear, solar, eólica). Aparecem
novas tecnologias como: TV em cores, som de alta definição, computador, comunicação telefônica
e transmissão de TV por satélite, popularização do automóvel. Surgem problemas como escassez
de recursos, inflação, juros e custos altos. Todas essas maravilhas trazem complexidade e a
imprevisibilidade do que poderá acontecer.

• Fase da globalização: é a fase após 1980, cheia de desafios, dificuldade e ameaças. As empresas
lutam e enfrentam a grande concorrência e o desafio para entender o mercado. Esta fase é
marcada pela revolução do computador, a internet, ou seja, pode-se denominar como a Era da
Informação, que veio substituir a Era Industrial.
Era da Era Era da
Agricultura Industrial Informação

Globalização

Fase moderna

Gigantismo
industrial
Crescimento
industrial
Transição para a
industrialização

Fase artesanal

1780 1860 1914 1945 1980 1990

Figura 3 – As fases da história das empresas

Fonte: Chiavenato (2014, p. 43).

Tanto a Era Industrial como a Era da Informação tiveram importância significativa no


desenvolvimento das empresas.

15
Unidade I

Quadro 2 – Características da Era Industrial e da Era da Informação

Era Industrial Era da Informação


Fábrica – empresa física e tangível Empresa virtual e em rede
Empresa de cimento e concreto Empresa de bits e bytes
Máquinas e equipamentos Computadores e terminais
Estabilidade e permanência Mudança e instabilidade
Manter o status quo Mudar e inovar
Mão de obra braçal – trabalho muscular Conhecimento – trabalho cerebral
Emprego único, tradicional e presencial Atividade compartilhada, engajada e virtual
Trabalho individual, isolado e solitário Trabalho em equipe, participativo e solidário
Gerência tradicional Liderança, coaching e mentoring
Impor ordens e comandos Conquista e colaboração
Obediência cega às regras e aos regulamentos Empreendedorismo e intraempreendedorismo
Especialização e foco em uma única atividade Flexibilidade, multifuncionalidade e polivalência
Capital financeiro Capital intelectual

Fonte: Chiavenato (2014, p. 44).

2.3 Os níveis organizacionais

Na visão de Chiavenato (2014), as empresas podem ser inseridas em três tipos de níveis:

• Nível institucional: nível estratégico composto pelos diretores, proprietários ou acionistas. Neste
nível são decididos os objetivos e as estratégias empresariais e globais.

• Nível intermediário: está entre o institucional e o operacional, por isso também é chamado de
mediador ou gerencial. Cuida da articulação interna entre os dois níveis e lida com os problemas
de adequação das decisões tomadas. Envolve a média administração, ramo em que as estratégias
são transformadas em ação.

• Nível operacional: conhecido também como nível técnico. É nele que as tarefas e operações
realizadas, com destaque para os maquinários e equipamentos em geral.

16
FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO

– Estabelece objetivos empresarias


– Verifica e analisa alternativas estratégicas
Nível institucional – Toma decisões globais
– Elabora planejamento estratégico e políticos Compara
com objetivos
– Avalia resultados globais empresariais

– Estabelece objetivos departamentais


– Verifca e analisa alternativas básicas
Nível intermediário – Toma decisões departamentais
– Elabora e implementa planejamento tático Compara
com objetivos
– Avalia resultados táticos departamentais

– Estabelece objetivos operacionais


– Verifica e analisa alternativas operacionais
Nível operacional – Toma decisões operacionais
– Avalia, planeja e replaneja a operação do dia a dia Compara
com objetivos
– Avalia resultados cotidianos operacionais

Figura 4 – A atuação nos níveis organizacionais

Fonte: Chiavenato (2014, p. 56).

2.4 As grandes áreas funcionais da empresa

Ao analisar uma organização e suas principais funções, iremos utilizar a teoria de sistemas. Essa
teoria permite um melhor entendimento das várias funções da empresa, bem como dá uma visão global
da organização e suas inter-relações com o ambiente externo.

Para entender o funcionamento de cada área, devemos identificar que existe uma hierarquia a que
cada uma está ligada. O nível de decisão define as prioridades e as ênfases nas atividades decorrentes da
decisão, bem como cada atividade será efetuada e a execução da tarefa sem si. Cada um desses níveis
poderá ser estudado isoladamente, porém não sobrevive sem os demais, pois existe uma relação muito
estreita entre eles.

Os ambientes organizacionais, que se dividem em internos e externos, são vitais no processo


organizacional. Eles exercem uma influência muito grande, com o poder de alterar as ações já definidas
para que haja uma adaptação às mudanças do ambiente. Alguns fatores do ambiente externo não
podem ser controlados pela empresa, restando apenas se adaptar a eles. Estar atento ao que ocorre fora
das paredes da empresa pode dar vantagens competitivas sobre seus competidores (KWASNICKA, 2006).

Observe com atenção as funções destacadas a seguir.

17
Unidade I

Função produção

Produzir é transformar insumos disponíveis em insumos desejáveis: matéria-prima em bens finais ou


semifinais, ou ainda prestar serviços a partir do conhecimento de uma técnica ou do desenvolvimento
de uma tecnologia. Essa função foi a que mais sofreu modificação ao longo dos anos, talvez influenciada
pela evolução da ciência e pela busca de métodos melhores de desempenho operacional.

Função financeira

Sempre foi e será a mais delicada no cenário dos negócios. As atividades mais importantes dessa
função são a captação e a aplicação de recursos financeiros, que exigem atenção constante.

Função marketing

Consumir, consumismo e consumidor são as “palavras mágicas” de qualquer empresa produtora


de bens e serviços. O maior objetivo do marketing e vendas é conquistar a maior fatia de mercado e
superar a concorrência. No marketing, o planejamento estratégico torna-se muito importante, pois
planeja a função em si, sabe quais as atividades terão mais ênfase dentro da função e como ocorre o
planejamento de cada produto em si.

Função recursos humanos/administração de pessoas

As pessoas sempre foram muito importantes na empresa. Desde Taylor a preocupação era com os
operários, e hoje a questão se ampliou e o foco também. As decisões de RH devem ser dirigidas aos
negócios para tornar a empresa mais competitiva. É impossível renovar uma empresa sem revitalizar as
pessoas, reconhecer e aperfeiçoar suas capacidades e habilidades. Essa área dá suporte a todas as demais
áreas da organização, funcionando, executando e aconselhando nos problemas relacionados ao quadro
de pessoal (KWASNICKA, 2003).

2.5 Organização, direção e controle

A menos que você seja o criador da empresa, dificilmente terá oportunidade de propor uma estrutura
desde o início. Em geral, você deve adaptar-se a uma estrutura existente ou adaptar a estrutura que
traga o melhor resultado para a empresa.

Organizar é coordenar diferentes atividades de pessoas com a finalidade de executar tarefas


planejadas. Essa organização consiste em uma rede de relacionamentos específicos entre indivíduos,
posições e tarefas.

Existem muitas formas de agrupamentos de tarefas e posições, dando diferentes formatos ao desenho
estrutural. Não existe uma forma correta ou errada, depende das características e das necessidades da
empresa, entretanto alguns conceitos devem ser observados: autoridade, responsabilidade, amplitude
de controle e unidade de comando.

18
FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO

Dirigir uma organização é conduzi-la ao cumprimento dos objetivos estabelecidos, para a finalidade
para a qual ela foi criada, ao sucesso. Esse ato está diluído em toda a empresa, em qualquer nível
hierárquico. Dentro do conceito de direção estão inseridos outros, como: poder, autoridade, liderança,
responsabilidade, delegação, enfim, tudo que se relaciona com a interação entre pessoas e entre
atividades funcionais.

O ato de controlar tem vários significados, tanto quantos forem seus objetivos. Na empresa significa
saber se o que foi planejado foi obtido com qualidade e custo desejável. Falando dessa forma parece
simples, mas não é, há uma forte conotação comportamental inserida nos atos de controlar, pois o ato
em si está sempre envolvendo alguém ou um grupo.

A questão da qualidade já teve uma ênfase muito grande na década de 1980, com o surgimento
dos modelos japoneses de eficiência na produção; hoje, o controle está mais para resultado global da
organização do que limitado a subsistemas como fianças e produção.

2.6 Papel social das organizações

A inter-relação da empresa com o seu ambiente nunca foi tão intensa como hoje. A questão
social, não só internamente, como também com a sociedade na qual a empresa está inserida, deve
fazer parte dos objetivos da organização. A sociedade tem ficado atenta às ações de empresas e como
isso pode afetar a vida de cada um, seja em poluição de ar e água, seja na questão de esgoto, lixo e
crescimento desordenado.

As empresas podem envolver-se em quase todos os tipos atividades sociais: educação, moradia, lazer
e saúde, podendo contribuir direta ou indiretamente. Elas podem participar ativamente em ações que
venham a ajudar o setor público ou ajudando ONGs, financiando projetos sociais. Isso traz uma imagem
muito positiva para a empresa e influência em sua posição favorável de mercado.

Observação

Algumas empresas não têm preocupação com a poluição do ar, do


solo e da água, emitindo poluentes sem controle. Não seria necessário o
Protocolo de Kyoto se houvesse mais consciência das empresas com isso.
A saúde da população também é afetada pela falta de cuidado de algumas
empresas com essa questão.

Hoje o setor social está atuante e organizado para cobrar posições das empresas. As ONGS ajudam
muito nessa questão, principalmente as ambientalistas. As associações de classe, de bairro e outras
entidades de classe são as mais ativas no processo.

19
Unidade I

2.6.1 Empresas para um mundo futuro

O cenário no século XXI tem exigido a reflexão e a discussão sobre como se pretende minimizar os
impactos produzidos pelos negócios para que as próximas gerações não tenham ônus.

Recentes proposições de alguns estudiosos e empresários trouxeram o tema “capitalismo consciente”.


Os autores Mackey e Sisoda (2013) apontam a importância de se pensar em uma maneira de conduzir o
lucro das organizações com uma visão mais holística, e não apenas na única proposição da organização,
que era gerar lucro, defendida por Milton Friedman.

Mota (2013) afirma que existem vários tipos de capitalismo e que este dependerá da dinâmica
própria desse sistema econômico no tempo e no espaço. O capitalismo do século XIX era caracterizado
pela lógica de exploração e de inexistência, de certa forma, de proteção social. Já na Era do Estado
do Bem-Estar Social, o capitalismo vai adquirir uma face mais humana, quando adota a política do
Welfare State.

Mudanças significativas ocorreram desde o fordismo até aos dias de hoje.

O capitalismo consciente, na percepção de Mackey e Sisoda (2013), consiste em romper com


paradigmas existentes e propor novas maneirar de desenvolver um negócio em que este poderá criar
vários tipos de valor e de bem-estar para todas as partes envolvidas, como: financeiro, intelectual,
físico, ecológico, social, cultural, emocional, ético. Trata-se de uma maneira mais completa de pensar o
negócio. Os autores ainda asseveram que o capitalismo consciente está sustentado em quatro princípios:
propósito maior; integração com os stakeholders; liderança consciente; e cultura e gestão consciente.
Não são princípios isolados, mas sim interligados, eles se reforçam mutuamente, como mostrado na
figura a seguir.

Integração
com os
stakeholders

Propósito
maior e
valores
centrais Cultura
Liderança e gestão
consciente consciente

Figura 5 – Os quatro princípios do capitalismo consciente

Fonte: Mackey e Sisoda (2013, p. 36).

20
FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO

Propósito maior

Ser mobilizador, proporcionando um grau de engajamento entre todos os públicos de interesses e


catalisar a criatividade, a inovação e o comprometimento organizacional. Tal quesito está no centro da
figura 5 porque é nesse aspecto que as organizações devem estar centradas.

Integração de stakeholders

São as entidades, ou seja, os públicos de interesse das organizações que de uma maneira ou outra
serão ou terão grandes efeitos nos relacionamentos, compondo uma rede de criação de valor.

Liderança consciente

O comando das organizações é imprescindível para que o negócio seja consciente, ou seja, com uma
liderança visionária e apurada em que esteja sustentada na inteligência analítica, emocional e espiritual,
compreendendo e analisando a teia de relacionamentos entre todos os stakeholders.

Cultura e gestão consciente

Tais aspectos garantem a sustentação dos valores e propósitos de uma organização consciente.
Se perdurarem, vão suportar as adversidades de liderança e os problemas que poderão surgir ao longo
do tempo. Empresas com esses propósitos possuem uma gestão compatível com a cultura, baseando-se
na descentralização, na autonomia e na colaboração, ampliando a capacidade de inovação e criando
vários tipos de valores para os stakeholders internos.

As organizações que adotam tais proposições creem que o sucesso dos negócios está atrelado à
criação de valor para todos os stakeholders, entre eles a sociedade e o meio ambiente. Gerar valor para
a sociedade e para o meio ambiente está diretamente relacionado à política e à cultura de qualquer
empresa consciente.

Em contraponto às proposições apontadas, Mackey e Sisoda, (2013 p. 41) acentuam que “companhias
prioritariamente orientadas para o lucro tendem a enxergar programas sociais e ambientais em seu
modelo de negócio tradicional no intuito de melhorar sua reputação ou defender-se das críticas”.
Na verdade, o que se propõe é uma abordagem ampla, que contemple o comportamento responsável
de todas as partes interessadas, que esse seja o elemento central da filosofia e da estratégia da empresa.

Lembrete

Os autores Mackey e Sisoda (2013) apontam a importância de se pensar


em uma maneira de conduzir o lucro das organizações com uma visão mais
holística, e não apenas na única proposição da organização, que era gerar
lucro, defendida por Milton Friedman.

21
Unidade I

E como seria essa empresa para as próximas décadas?

Pensando nessa questão, Sukhdev (2013) aponta alguns aspectos que precedem as empresas para as
próximas décadas. Ele destaca que existem três motivos: o primeiro é de que as coisas não acontecerão
de modo simples ou repentinamente; o segundo é que não há soluções elegantes ou fáceis; e o terceiro
é apresentado como sendo um desafio de natureza ambiental ou de justiça social, ou até mesmo de
ambas. O grande desafio está centrado na mudança, na transformação para a própria sobrevivência
das organizações.

Sukhdev (2013) ainda acentua que a empresa para as próximas décadas deverá sustentar-se nos
seguintes elementos:

• Metas alinhadas aos objetivos da sociedade: sinergia com os propósitos da empresa aos da
comunidade, levando ao aumento de bem-estar, diminuição na escassez de recursos naturais e de
riscos ambientais. Neste elemento, percebe-se uma parte da essência do que a responsabilidade
social corporativa propõe.

• Visão da organização como uma fábrica de capital: a organização não é somente uma
empresa geradora de produtos e serviços. Percebe-se que na composição dessa organização alguns
paradigmas necessitam ser modificados, no sentido de a organização ser vista de maneira holística,
no aspecto econômico e social, ou seja, nas palavras de Sukhdev (2013, p. 288), “reconhece-se
que o capital humano, o capital social e o natural conseguem produzir da mesma forma que o
capital financeiro”. Esse tipo de organização não considera que o capital humano e o natural são
acessórios do capital financeiro.

• Entendimento do papel da organização como uma comunidade: a organização pode ser vista
como uma comunidade, unida pela cultura compartilhada, criada pelos valores, missão, visão,
metas, objetivos e governança.

A organização direcionada para o futuro reconhece a comunidade como fonte de criação das redes
de relacionamentos, reforçando a natureza comunitária. A procura por modificações empresariais criará
as circunstâncias para o desenvolvimento de um novo tipo de organização. Para essa “nova organização”,
pode-se apontar que uma das propostas de modificação consiste que a organização esteja alicerçada
na política de sustentabilidade.

Saiba mais

Para aprofundar seu conhecimento, leia:

BEGNINI, S. et al. Capitalismo consciente: uma análise netnográfica em


grupos da rede social LinkedIn. Cad. EBAPE.BR, v. 17, n. 2, abr./jun. 2019.
Disponível em: https://bit.ly/3oYQEWE. Acesso em: 26 nov. 2021.

22
FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO

2.6.2 Sustentabilidade, responsabilidade corporativa e responsabilidade social

Foi necessário adotar uma corrente de pensamento em função da imprecisão e confusão que cercam
os conceitos de sustentabilidade. Assim, será utilizada a que é pautada no desenvolvimento sustentável, a
qual procura se relacionar por meio do equilíbrio entre as três dimensões: econômica, social e ambiental.

Sachs (2009) aponta que a sustentabilidade não dever se resumir à questão ambiental ou
ecológica, mas sim levar em conta os aspectos éticos, ambientais, econômicos etc. A proposta básica do
desenvolvimento sustentável coloca a responsabilidade em cada membro da sociedade, que deve adotar
práticas que venham a contribuir significativamente em suas áreas de atuação. O mesmo ocorre com
outros conceitos relacionados à sustentabilidade, como a filantropia e a responsabilidade corporativa.

A filantropia está sustentada em ações assistencialistas que objetivam contribuir para a


sobrevivência de grupos sociais desfavorecidos assumidos pelas empresas por meio de ações de
doação a grupos e entidades. É possível afirmar que a filantropia é apenas um tipo de ação ou até um
estágio preparatório para o contexto mais amplo da responsabilidade social. Dessa forma, percebe-se
que o fato de a empresa realizar ações sociais não a caracteriza como uma organização socialmente
responsável (PITOMBO; PIZZINATTO; GIULIANI, 2014). Muitas vezes, esse tipo de ação é confundido
com a responsabilidade social.

Por sua vez, a responsabilidade corporativa é o envolvimento permanente das organizações com a
qualidade ética nas relações da empresa com os seus stakeholders. Trata-se de um processo contínuo que
visa alcançar um desenvolvimento socialmente responsável, econômica e ambientalmente sustentável,
denominado triple botton line. Isso significa trabalhar com ética nos negócios, responsabilidade social e
responsabilidade ambiental. A figura a seguir ilustra essas dimensões.

Responsabilidade
social

Triple Botton Line Responsabilidade


corporativa

Responsabilidade Responsabilidade
econômica ambiental

Figura 6 – Dimensões da responsabilidade corporativa

Fonte: Pitombo, Pizzinatto e Giuliani (2014, p. 344).

23
Unidade I

A avaliação da responsabilidade corporativa embasa-se em três dimensões:


• Dimensão ética: é a análise referente ao comportamento da empresa (quais valores adota e
como os promove e os difunde perante seus vários públicos).
• Dimensão pragmática: como a empresa desenvolve suas ações sociais (qual é o foco, seus
beneficiários, total de investimentos, retorno obtido e resultados alcançados).
• Dimensão político-institucional: é a análise de como a empresa se relaciona com os seus diversos
públicos-alvo (empregados e dependentes, fornecedores, distribuidores, acionistas, comunidade
e sociedade).
Em suma, quanto maior for a participação da empresa nessas três dimensões, maior e melhor será a
sua gestão de responsabilidade corporativa. Pode-se dizer que uma empresa é socialmente responsável
pela análise holística do padrão de comportamento social, econômico, cultural e político adotado.
A sustentabilidade é vista como uma abordagem de negócios. Como tal, assume sua condição de
fator estratégico na condução de negócios empresariais. Daí ser possível falar em estratégias empresariais
sustentáveis no contexto atual das empresas.
A sustentabilidade está alicerçada na corrente de pensamento do desenvolvimento sustentável em
que se procura relacionar por meio do equilíbrio entre as dimensões econômica, social e ambiental.
Barbieri e Cajazeira (2009, p. 24) definem empresa sustentável como aquela “que procura incorporar os
conceitos e objetivos relacionados com o desenvolvimento sustentável em suas políticas e práticas de modo
consciente”. Para a empresa, a incorporação dos objetivos relacionados ao desenvolvimento sustentável
significa adotar estratégias de negócios e atividades que atendam às necessidades das empresas e de
seus stakeholders enquanto protegem, sustentam e aumentam os recursos humanos e naturais. Ou seja,
a empresa torna-se responsável por essas dimensões organizacionais, como mostrado na figura a seguir.

Responsabilidade
social

Triple Botton Line Responsabilidade Sustentabilidade


corporativa organizacional
Responsabilidade Responsabilidade
econômica ambiental

Figura 7 – Dimensão da sustentabilidade organizacional

Fonte: Barbieri e Cajazeira (2009, p. 71).

24
FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO

Na proposição da gestão da sustentabilidade empresarial, a gestão das empresas deve também estar
direcionada para a forma pela qual estabelece seus relacionamentos com as organizações.

Empresas sustentáveis são reconhecidas por seus valores, materializados em ações, projetos e
proposições evidenciados por meio de estratégias de comunicação e marketing, com o objetivo de
proporcionar visibilidade, credibilidade e, consequentemente, uma boa reputação na percepção de seus
públicos de interesse, sejam eles consumidores ou não dessa empresa.

Pode-se dizer que, se as empresas não buscarem as três responsabilidades como base da
sustentabilidade em uma maneira operativa, poderá, como consequência, comprometer o negócio,
afetando sua capacidade para:

• Manter a sua reputação.

• Atrair e reter os colaboradores e clientes.

• Manter o trabalhador e a produtividade dos recursos.

• Atrair investimentos e outros recursos para melhorar a vantagem competitiva.

• Lidar eficazmente com os reguladores e com as companhias de seguros.

A sustentabilidade organizacional é o equilíbrio entre a orientação interna por resultados e a


pressão externa por minimização dos impactos sociais e ambientais e por um comportamento ético,
estabelecendo fronteiras para a atuação da organização, definindo princípios e gerando padrões de
estruturação, processos e gestão, todos orientados para a perenidade dos relacionamentos, a harmonia,
a justiça social e para a preservação do ecossistema. Ou seja, as respostas serão voltadas para as ações
estratégicas em direção ao mercado.

As organizações sustentáveis devem orientar suas ações para alcançar os objetivos atendendo
simultaneamente aos critérios da equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica. Em outras
palavras, tanto as ações das organizações sustentáveis quanto as dos agrupamentos sociais e dos
projetos sociais da economia solidária devem convergir para o tripé do desenvolvimento sustentável.

Saiba mais

Assista ao vídeo indicado a seguir para entender melhor o exposto.

PAINEL de cases – sustentabilidade organizacional. 2020. 1 vídeo. (1:51:40).


Publicado por Aberje. Disponível em: https://bit.ly/3FJjpxw. Acesso em:
7 jan. 2021.

25
Unidade I

Resumo

Iniciamos nosso estudo acentuando que o conceito geral de


administrar consiste em versões diversas, cada uma com um viés diferente,
porém de forma convergente e complementar. Vimos nesta unidade que
a administração passa a ser considerada como uma ciência universal,
pois todas as áreas do conhecimento fazem uso de conceitos para
atingirem seus objetivos.

Em seguida, ao destacar o processo empresarial, entendemos que


organização é um grupo de pessoas que trabalham em busca de objetivos
comuns, e não necessariamente são empresas.

Também foi apresentado um panorama com a história das organizações.


Nesse contexto, foi ilustrado um quadro comparativo entre a Era Industrial
e a Era da Informação.

Outro tema relevante desta unidade foi o papel social das organizações.
A questão social e a inter-relação da empresa com o seu ambiente nunca
foi tão intensa como hoje. As empresas podem envolver-se em quase todos
os tipos de atividades sociais: educação, moradia, lazer e saúde, podendo
contribuir direta ou indiretamente. Elas podem participar ativamente em
ações que venham a ajudar o setor público ou ajudando ONGs, financiando
projetos sociais. Isso traz uma imagem muito positiva para a empresa e
influência em sua posição favorável de mercado.

26
FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO

Exercícios

Questão 1. Leia o texto a seguir.

Planejar, organizar, dirigir e controlar

O planejamento é considerado o alicerce da atividade empresarial. É por intermédio do planejamento


que são estabelecidos os objetivos a serem atingidos e as ações que serão essenciais para alcançá‑los.
Em outras palavras, ao planejar, a empresa define o que tem como propósito e por quais meios
se chegará até eles, com o intuito de diminuir as incertezas e guiar as decisões corporativas. Além do
planejamento, a organização, a direção e o controle formam o processo administrativo, sendo que cada
função compreende um conjunto de ações que se destinam a conduzir a empresa para o alcance de
seus objetivos.
Disponível em: https://bit.ly/3GHBrk8. Acesso em: 11 dez. 2021 (com adaptações).

Conforme o texto, além do planejamento, existem as funções administrativas:

• organização;

• direção;

• controle.

Em relação a essas funções administrativas, avalie as descrições a seguir.

Descrição I. Implica saber se o que foi planejado foi alcançado com qualidade e custo desejáveis.

Descrição II. Implica coordenar atividades de pessoas e alocar recursos para a consecução das
tarefas planejadas.

Descrição III. Implica conduzir a organização para a finalidade para a qual ela foi criada, com o
cumprimento dos objetivos definidos.

As descrições I, II e III referem-se, respectivamente, às funções administrativas:

A) Organização, direção e controle.


B) Direção, organização e controle.
C) Organização, controle e direção.
D) Controle, organização e direção.
E) Controle, direção e organização.

Resposta correta: alternativa D.


27
Unidade I

Análise da questão

A função controle tem a finalidade de garantir e assegurar que as ações e tarefas sejam executadas
conforme os padrões e princípios estabelecidos. É a função responsável por identificar desvios em
relação ao que foi planejado. Para isso, compara o resultado obtido com os padrões convencionados e
sugere ações corretivas, se necessário.

A função organização propõe-se a colocar em prática o resultado do planejamento, mediante a


alocação de recursos humanos, materiais e financeiros. Para isso, define como as atividades e tarefas
devem ser realizadas, de acordo com as características e necessidades da empresa.

A função direção está relacionada à liderança, à interação entre pessoas, sendo que essa função se
dilui em toda a empresa, nos diversos níveis hierárquicos. Baseia-se também na capacidade de influenciar
os funcionários de modo positivo, de maneira a coordenar as ações e os esforços para a realização das
atividades e das tarefas empresariais. Em suma, trata-se da condução da empresa para o cumprimento
dos objetivos estabelecidos.

Questão 2. Leia a declaração de Visão do Instituto Ethos.

As empresas são importantes agentes de promoção do desenvolvimento econômico e do avanço


tecnológico e têm importante influência nas transformações do planeta. Por isso, sua participação e
engajamento são cruciais para a construção de um mundo melhor, ao lado dos esforços do Estado e da
sociedade civil.

As ações cooperativas – tanto em âmbito local quanto regional, nacional ou internacional – são
cada vez mais necessárias para a manutenção do bem-estar da humanidade. A consciência global é
fundamental no processo de preservação do meio ambiente e do patrimônio cultural, na promoção dos
direitos humanos e na construção de uma sociedade economicamente próspera e socialmente justa.
As empresas, adotando um comportamento socialmente responsável, são poderosos agentes de mudança
para, juntamente com os Estados e a sociedade civil, construir um mundo melhor.

Ao adicionar às suas competências o comportamento ético e socialmente responsável, a iniciativa


privada conquista o respeito das pessoas e das comunidades que são impactadas por suas atividades, e
o resultado é o reconhecimento da sociedade às suas atitudes.

A responsabilidade social está se tornando cada vez mais fator de sucesso empresarial, o que cria novas
perspectivas para a construção de um mundo economicamente mais próspero e socialmente mais justo.

Disponível em: https://bit.ly/3yqCVMK. Acesso em: 11 dez. 2021 (com adaptações).

Considerando o exposto e seus conhecimentos, avalie as afirmativas.

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FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO

I – A ética, uma das três dimensões da responsabilidade corporativa, tem como foco o
relacionamento da empresa com os seus vários públicos-alvo, como funcionários, fornecedores,
acionistas, comunidade, entre outros.

II – A dimensão político-institucional na análise da responsabilidade corporativa avalia o


comportamento da empresa e seus valores.

III – O desenvolvimento das ações sociais da empresa é analisado pela dimensão pragmática
da responsabilidade corporativa: são avaliados o foco, os beneficiários, os investimentos e os
resultados alcançados.

É correto o que se afirma em:

A) I, apenas.

B) III, apenas.

C) I e II, apenas.

D) II e III, apenas.

E) I, II e III.

Resposta correta: alternativa B.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa incorreta.

Justificativa: a dimensão ética da responsabilidade corporativa se refere ao comportamento da


empresa propriamente dito; ela compreende os valores adotados pela corporação e sua promoção e
difusão perante seus diferentes públicos.

II – Afirmativa incorreta.

Justificativa: a dimensão político-institucional analisa como a empresa se relaciona com seus


diversos públicos-alvo: funcionários, clientes, acionistas, distribuidores e comunidade.

III – Afirmativa correta.

Justificativa: a dimensão pragmática da responsabilidade corporativa tem como objeto avaliar o


desempenho das ações sociais realizadas pela empresa no que se refere ao seu desenvolvimento e à
obtenção de resultados.

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