Legis - Processo Administrativo

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#LEGIS

Thyago Bertoldi
Advogado da União. Especialista em Direito Público pela ESMAFE-PR e em Advocacia Pública pelo IDDE.
Pós-graduando em Direito e Processo do Trabalho pela PUC-MG.

PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL (n. 9.784/1999)

BERTOLDI, Thyago. Processo administrativo Federal (N. 9.784/1999).


Fortaleza: Ouse Saber, 2020.

Processo administrativo. Processo. Administração


ISBN:– 978-65-86950-01-4.
#LEGIS

Proposta do Legis

A Coleção Legis tem como objetivo primordial preparar candidatos para os principais concur-
sos públicos do país.

Pela experiência adquirida ao longo dos anos estudando e lecionando para concursos públicos,
bem como conversando com centenas e centenas de alunos aprovados, a conclusão a que cheguei é que,
cada dia mais, torna-se indispensável para a aprovação em concursos, principalmente, na prova objetiva,
o conhecimento adequado da legislação.

Estudar a lei em sua literalidade, todavia, é algo árido e, normalmente, pouco estimulante. Para
vencer essa dificuldade, o Ouse Saber idealizou o Legis, a sua melhor maneira de estudar a legislação. No
Legis, a estrela é a “letra da lei”, mas um super time de Professores, com larga experiência na preparação
para concursos, destaca os pontos mais importantes da legislação, além de fazer comentários rápidos e ob-
jetivos, apontar jurisprudência relevante sobre os temas e garantir questões para treinamento do conteú-
do estudado. Tudo isso em um material de leitura agradável, com espaços para anotações e organização do
estudo da lei em formato de plano dividido por dias.

É realmente tudo que você precisa para aprender a legislação da forma mais rápida e agra-
dável possível.

Bons estudos e Ouse Saber!

Filippe Augusto
Defensor Público Federal
Mestre e Doutor em Direito
Coordenador do Legis
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Sumário

Plano de Leitura da Lei:

Dia 01........................................................................... Dos Arts. 1º ao 28.


Dia 02........................................................................... Dos Arts. 29 ao 70.
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DIA 1 § 1o Os preceitos desta Lei também


se aplicam aos órgãos dos Poderes
Legislativo e Judiciário da União, quando
Disciplina: Direito Administrativo no desempenho de função administrativa.
Responsável: Prof. Thyago Bertoldi.
Dia 01: Do Art. 1ª ao 28. Comentários: A extensão de aplicação da Lei nº
9.784, de 1999, é, recorrentemente, objeto de in-
cidência em provas de concurso público.
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3
É importante saber que a presente legislação
é aplicável à Administração direta e indireta,
bem como aos órgãos dos Poderes legislativo
CAPÍTULO I e judiciário da União, quando no desempenho
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS de função administrativa. Como desdobramen-
to desta norma, as disposições também devem
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas ser observadas pelo Tribunal de Contas da União
sobre o processo administrativo no âmbito da (TCU) e pelo Ministério Público da União (MPU)
na condução de seus processos administrativos.
Administração Federal direta e indireta, visan-
do, em especial, à proteção dos direitos dos ad-
ministrados e ao melhor cumprimento dos fins § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
da Administração.
I - órgão - a unidade de atuação integrante
da estrutura da Administração direta e da
Comentários: Costuma-se diferenciar processo estrutura da Administração indireta;
e procedimento. O procedimento seria a suces-
são concatenada de atos administrativos. O pro- II - entidade - a unidade de atuação dotada
cesso, por seu turno, consubstancia-se em uma de personalidade jurídica;
sequência ordenada de atos dirigidos a um ob- III - autoridade - o servidor ou agente públi-
jetivo final com a participação dos interessados. co dotado de poder de decisão.
Dessa forma, o principal traço distintivo entre os
dois conceitos é que o processo seria marcado
pela atuação dos sujeitos em contraditório. Art. 2o A Administração Pública obedece-
rá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
De mais a mais, convém esclarecer que, por força finalidade, motivação, razoabilidade, propor-
do artigo 18 da Constituição, cada um dos entes cionalidade, moralidade, ampla defesa, con-
federativos tem competência para legislar sobre traditório, segurança jurídica, interesse públi-
as matérias referentes ao seu próprio funciona- co e eficiência.
mento, a exemplo das regras sobre seus procedi-
mentos administrativos. A observância da Lei nº
9.784, de 1999, então, é obrigatória apenas para Princípios Explícitos
a União. Princípios Constitucio- da Lei nº 9.784, de
nais Explícitos 1999
Essa conclusão, no entanto, não afasta a possi- (art. 37) (art. 2º)
bilidade de aplicação, por analogia integrativa, “LIMPE” “Será fácil pro
da Lei nº 9.784, de 1999, a outros entes federa- Momo”
dos.
Legalidade Legalidade

Súmula 633 do STJ: A Lei 9.784/99, especial- Impessoalidade -


mente no que diz respeito ao prazo decadencial
para revisão de atos administrativos no âmbito Moralidade Moralidade
da administração pública federal, pode ser apli-
cada de forma subsidiária aos Estados e municí- Publicidade -
pios se inexistente norma local e específica regu-
lando a matéria. Eficiência Eficiência

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VIII – observância das formalidades essen-


Finalidade
ciais à garantia dos direitos dos adminis-
Motivação trados;
Razoabilidade IX - adoção de formas simples, suficientes
para propiciar adequado grau de certeza,
Proporcionalidade segurança e respeito aos direitos dos admi-
- nistrados;
Ampla defesa
X - garantia dos direitos à comunicação,
Contraditório à apresentação de alegações finais, à
produção de provas e à interposição de
Segurança jurídica recursos, nos processos de que possam re-
Interesse público sultar sanções e nas situações de litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas
processuais, ressalvadas as previstas em
Mnemônica: “Será fácil pro Momo” lei;
Segurança jurídica
Eficiência XII - impulsão, de ofício, do processo ad-
Razoabilidade ministrativo, sem prejuízo da atuação dos
Finalidade interessados;
Ampla defesa XIII - interpretação da norma administrativa
Contraditório da forma que melhor garanta o atendimen-
Interesse público to do fim público a que se dirige, vedada
Legalidade aplicação retroativa de nova interpreta-
Proporcionalidade ção.
Moralidade
Motivação
Comentários: O artigo 2º, p. único, estabelece
uma série de padrões (“critérios”) a serem obser-
Parágrafo único. Nos processos administra- vados pelas autoridades na condução dos pro-
tivos serão observados, entre outros, os critérios cessos administrativos. Muitos deles, é fácil ob-
de: servar, consistem em princípios administrativos
implícitos no caput ou, ainda, desdobramentos
I - atuação conforme a lei e o Direito; daqueles lá expressos:
II - atendimento a fins de interesse geral, - Inciso V: princípio da publicidade;
vedada a renúncia total ou parcial de po- - Inciso VI: reforço do princípio da razoabilida-
deres ou competências, salvo autorização de;
em lei; - Inciso VII: reforço do princípio da motivação;
III - objetividade no atendimento do inte- - Inciso IX: princípio do informalismo;
resse público, vedada a promoção pes- - Inciso X: reforço do princípio da ampla defesa
soal de agentes ou autoridades; e contraditório;
- Inciso XI: princípio da gratuidade;
IV - atuação segundo padrões éticos de - Inciso XII: princípio da oficialidade e busca da
probidade, decoro e boa-fé; verdade real.
V - divulgação oficial dos atos adminis- - Inciso XIII: reforço do princípio da segurança
trativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo jurídica.
previstas na Constituição;
VI - adequação entre meios e fins, veda- Anotações sobre os artigos anteriores:
da a imposição de obrigações, restrições e
sanções em medida superior àquelas es-
tritamente necessárias ao atendimento do
interesse público;
VII - indicação dos pressupostos de fato e
de direito que determinarem a decisão;

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CAPÍTULO II CAPÍTULO III


DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS DOS DEVERES DO ADMINISTRADO

Art. 3o O administrado tem os seguintes di- Art. 4o São deveres do administrado pe-
reitos perante a Administração, sem prejuízo de rante a Administração, sem prejuízo de outros
outros que lhe sejam assegurados: previstos em ato normativo:

I - ser tratado com respeito pelas autori- I - expor os fatos conforme a verdade;
dades e servidores, que deverão facilitar o II - proceder com lealdade, urbanidade e
exercício de seus direitos e o cumprimento boa-fé;
de suas obrigações;
III - não agir de modo temerário;
II - ter ciência da tramitação dos proces-
sos administrativos em que tenha a condi- IV - prestar as informações que lhe forem
ção de interessado, ter vista dos autos, ob- solicitadas e colaborar para o esclareci-
ter cópias de documentos neles contidos mento dos fatos.
e conhecer as decisões proferidas;
III - formular alegações e apresentar do- CAPÍTULO IV
cumentos antes da decisão, os quais serão DO INÍCIO DO PROCESSO
objeto de consideração pelo órgão compe-
tente;
Comentários: Doutrinariamente, o processo ad-
IV - fazer-se assistir, facultativamente, ministrativo é composto de quatro fases: fase de
por advogado, salvo quando obrigatória a instauração, fase instrutória, fase decisória e fase
representação, por força de lei. recursal.

Súmula Vinculante nº 5: A falta de defesa técni- Este capítulo disciplina a fase de instauração.
ca por advogado no processo administrativo dis-
ciplinar não ofende a Constituição. Art. 5º. O processo administrativo pode ini-
ciar-se de ofício ou a pedido de interessado.
Anotações sobre os artigos anteriores:
Comentários: Observe que o processo adminis-
trativo pode ser iniciado de ofício pela autorida-
de competente, em decorrência do princípio da
oficialidade.

Art. 6o O requerimento inicial do interes-


sado, salvo casos em que for admitida solicitação
oral, deve ser formulado por escrito e conter os
seguintes dados:

I - órgão ou autoridade administrativa a


que se dirige;
II - identificação do interessado ou de quem
o represente;
III - domicílio do requerente ou local para
recebimento de comunicações;
IV - formulação do pedido, com exposição
dos fatos e de seus fundamentos;
V - data e assinatura do requerente ou de
seu representante.

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Parágrafo único. É vedada à Administra- CAPÍTULO V


ção a recusa imotivada de recebimento de do- DOS INTERESSADOS
cumentos, devendo o servidor orientar o inte-
ressado quanto ao suprimento de eventuais Art. 9o São legitimados como interessa-
falhas. dos no processo administrativo:

Comentários: Em regra, os atos processuais I - pessoas físicas ou jurídicas que o ini-


devem ser formalizados por escrito. A solicita- ciem como titulares de direitos ou inte-
ção oral é exceção e somente deve ser admitida resses individuais ou no exercício do di-
quando prevista expressamente em lei. reito de representação;
II - aqueles que, sem terem iniciado o pro-
Anotações sobre os artigos anteriores: cesso, têm direitos ou interesses que
possam ser afetados pela decisão a ser    
adotada;
III - as organizações e associações repre-
sentativas, no tocante a direitos e inte-
resses coletivos;
IV - as pessoas ou as associações legal-
mente constituídas quanto a direitos ou
interesses difusos.

Comentários: O artigo 9º divide os interessados


para deflagrar os processos administrativos em
quatro classes, conforme a natureza do direito
debatido.

Na forma do inciso I, as pessoas físicas ou jurí-


dicas, que afirmam ser titulares de direito ou
no exercício do direito de representação, são
legitimados para os direitos e interesses indi-
viduais.

Já organizações e associações representativas,


nos moldes do inciso III, são legitimadas quanto
a direitos e interesses coletivos, assim enten-
didos os transindividuais, de natureza indivisí-
vel de que seja titular grupo, categoria ou classe
de pessoas ligadas entre si ou com a parte con-
trária por uma relação jurídica base (CDC, art.
81, II).

Por seu turno, conforme o inciso IV, as pessoas


Art. 7o Os órgãos e entidades administra- ou associações legalmente constituídas são le-
tivas deverão elaborar modelos ou formulários gitimadas para os direitos e interesses difusos,
padronizados para assuntos que importem pre- isto é, aqueles transindividuais, de natureza in-
tensões equivalentes. divisível, de que sejam titulares pessoas inde-
terminadas e ligadas por circunstâncias de fato
Art. 8o Quando os pedidos de uma plura- (CDC, art. 81,
lidade de interessados tiverem conteúdo e fun-
damentos idênticos, poderão ser formulados em São igualmente legitimados, consoante o inci-
so II, aqueles que têm direitos ou interesses que
um único requerimento, salvo preceito legal em
possam ser afetados pelas decisões (terceiros
contrário. interessados).

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Art. 10. São capazes, para fins de proces- CAPÍTULO VI


so administrativo, os maiores de dezoito anos, DA COMPETÊNCIA
ressalvada previsão especial em ato normativo
próprio. Art. 11. A competência é irrenunciável e
se exerce pelos órgãos administrativos a que foi
Anotações sobre os artigos anteriores: atribuída como própria, salvo os casos de dele-
gação e avocação legalmente admitidos.

Comentários: Competência é o “conjunto de


atribuições das pessoas jurídicas, órgãos e agen-
tes públicos, fixados pelo direito positivo, repre-
sentando a esfera de atuação de cada um deles”1.
No Direito Administrativo, é requisito de valida-
de dos atos administrativos.

A competência é irrenunciável, isto é, seu titular


não pode dela abrir mão.

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titu-


lar poderão, se não houver impedimento legal,
delegar parte da sua competência a outros ór-
gãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
hierarquicamente subordinados, quando for
conveniente, em razão de circunstâncias de ín-
dole técnica, social, econômica, jurídica ou terri-
torial.

Parágrafo único. O disposto no caput deste


artigo aplica-se à delegação de competência dos
órgãos colegiados aos respectivos presidentes.

Comentários: Além de irrenunciável, a compe-


tência é, também, intransferível: em regra, não
é passível de transação ou de repasse a outros
agentes, ressalvados os casos excepcionais de
delegação.

A delegação é o fenômeno pelo qual o titular de


uma competência administrativa transfere a ou-
tro órgão ou entidade a competência para práti-
ca de determinado ato.

Normalmente, é realizada para agentes de plano


hierárquico inferior, mas a legislação permite a
delegação, igualmente, para agentes do mesmo
plano hierárquico.

A delegação apenas poderá ser parcial e trata-se


de ato discricionário, devendo estar fundamen-

1 MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 9.


ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 310.

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tada em circunstâncias de índole técnica, social, Comentários: Os requisitos legais para dele-
econômica, jurídica ou territorial. gação são obtidos mediante a leitura conjunta
dos artigos 12 a 14 da Lei nº 9.784, de 1999: (a)
inexistência de impedimentos legais (art. 13); (b)
Anotações sobre os artigos anteriores: presença de fundamentos técnicos, sociais, eco-
nômicos, jurídicos ou territoriais; (c) publicação
em meio oficial; e (d) previsão no ato de delega-
ção das matérias e poderes transferidos, limites
da atuação do delegado, duração e objetivos da
delegação e o recurso cabível.

§ 2o O ato de delegação é revogável a


qualquer tempo pela autoridade delegan-
te.

Comentários: A delegação de competência é


sempre transitória, afinal a competência é irre-
nunciável.

Por isso, a delegação pode ser revogada a qual-


quer tempo, devendo esse ato também ser publi-
cado em meio oficial.

Art. 13. Não podem ser objeto de delega- § 3o As decisões adotadas por delegação
ção: devem mencionar explicitamente esta
qualidade e considerar-se-ão editadas
I - a edição de atos de caráter normativo; pelo delegado.
II - a decisão de recursos administrativos;
Súmula 510 do STF: Praticado o ato por auto-
III - as matérias de competência exclusiva
ridade, no exercício de competência delegada,
do órgão ou autoridade.
contra ela cabe o mandado de segurança ou a
medida judicial.
Mnemônica: Temos dois “macetes” para este
dispositivo:
“CENORA” Anotações sobre os artigos anteriores:
Competência Exclusiva;
Atos de caráter NOrmativo
Recursos Administrativos
“DENOREX”
DEcisão de recursos administrativos
Atos de caráter NORmativo
Competência EXclusiva

Art. 14. O ato de delegação e sua revoga-


ção deverão ser publicados no meio oficial.

§ 1o O ato de delegação especificará as


matérias e poderes transferidos, os limi-
tes da atuação do delegado, a duração e
os objetivos da delegação e o recurso ca-
bível, podendo conter ressalva de exercí-
cio da atribuição delegada.

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Art. 15. Será permitida, em caráter excep- CAPÍTULO VII


cional e por motivos relevantes devidamente DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
justificados, a avocação temporária de com-
petência atribuída a órgão hierarquicamente Art. 18. É impedido de atuar em processo
inferior. administrativo o servidor ou autoridade que:

Comentários: Avocação de competência é o fe- I - tenha interesse direto ou indireto na


nômeno pelo meio do qual a autoridade superior, matéria;
inicialmente incompetente, atrai para si a prática II - tenha participado ou venha a partici-
de determinado ato administrativo. par como perito, testemunha ou repre-
sentante, ou se tais situações ocorrem
É excepcional, temporária, deve ser devida- quanto ao cônjuge, companheiro ou pa-
mente justificada e pressupõe a existência de rente e afins até o terceiro grau;
subordinação hierárquica entre os agentes en-
volvidos. III - esteja litigando judicial ou adminis-
trativamente com o interessado ou res-
pectivo cônjuge ou companheiro.
Art. 16. Os órgãos e entidades administra-
tivas divulgarão publicamente os locais das res-
pectivas sedes e, quando conveniente, a unidade Comentários: Os impedimentos constituem cri-
térios objetivos que geram presunção absolu-
fundacional competente em matéria de interesse ta de parcialidade de atuação da autoridade no
especial. processo.

Art. 17. Inexistindo competência legal es-


Art. 19. A autoridade ou servidor que incor-
pecífica, o processo administrativo deverá ser
rer em impedimento deve comunicar o fato à
iniciado perante a autoridade de menor grau
autoridade competente, abstendo-se de atuar.
hierárquico para decidir.
Parágrafo único. A omissão do dever de
Anotações sobre os artigos anteriores: comunicar o impedimento constitui falta grave,
para efeitos disciplinares.

Comentários: O agente público tem o dever de


comunicar o impedimento, pois, do contrário, in-
correrá em falta grave.

A arguição do impedimento não preclui e, uma


vez realizada a alegação, o agente não pode con-
tinuar atuando no processo.

Anotações sobre os artigos anteriores:

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Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de au- CAPÍTULO VIII


toridade ou servidor que tenha amizade íntima DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO
ou inimizade notória com algum dos interes- PROCESSO
sados ou com os respectivos cônjuges, compa-
nheiros, parentes e afins até o terceiro grau. Art. 22. Os atos do processo administrati-
vo não dependem de forma determinada se-
Comentários: Diferentemente do impedimento, não quando a lei expressamente a exigir.
a suspeição tem caráter subjetivo e gera apenas
presunção relativa da capacidade de atuação Comentários: Embora a forma seja conside-
da autoridade no processo. rada um elemento de validade dos atos admi-
nistrativos, a Lei nº 9.784, de 1993, estabelece,
Observe que, no artigo 20, o legislador utilizou como regra, o formalismo moderado, como
a expressão “pode”, e não “deve”. A alegação de um desdobramento do princípio da instru-
suspeição, portanto, se não feita no momento mentalidade das formas (a forma não é um
oportuno, preclui. fim em si mesma). Assim, os atos do processo,
em regra, não dependem de forma determina-
Art. 21. O indeferimento de alegação de da, salvo determinação legal em sentido diver-
so.
suspeição poderá ser objeto de recurso, sem
efeito suspensivo.
§ 1o Os atos do processo devem ser pro-
duzidos por escrito, em vernáculo, com
Comentários: Considerando que o recurso não a data e o local de sua realização e a assi-
possui efeito suspensivo, a autoridade a que im- natura da autoridade responsável.
putada a suspeição poderá continuar atuando no
processo. § 2o Salvo imposição legal, o reconheci-
mento de firma somente será exigido
quando houver dúvida de autenticida-
Anotações sobre os artigos anteriores: de.

Comentários: Junto com o caput, o §2º do arti-


go 22 é o dispositivo com grande incidência em
provas de concursos públicos da Lei nº 9.784,
de 1999.

§ 3o A autenticação de documentos
exigidos em cópia poderá ser feita pelo
órgão administrativo.
§ 4o O processo deverá ter suas páginas
numeradas sequencialmente e rubrica-
das.

Art. 23. Os atos do processo devem rea-


lizar-se em dias úteis, no horário normal de
funcionamento da repartição na qual tramitar
o processo.

Parágrafo único. Serão concluídos depois


do horário normal os atos já iniciados, cujo
adiamento prejudique o curso regular do
procedimento ou cause dano ao interessado
ou à Administração.

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Art. 24. Inexistindo disposição específica, CAPÍTULO IX


os atos do órgão ou autoridade responsável pelo DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
processo e dos administrados que dele partici-
pem devem ser praticados no prazo de cinco Art. 26. O órgão competente perante o qual
dias, salvo motivo de força maior. tramita o processo administrativo determinará a
intimação do interessado para ciência de deci-
Parágrafo único. O prazo previsto neste são ou a efetivação de diligências.
artigo pode ser dilatado até o dobro, mediante
comprovada justificação. Comentários: Do caput do artigo 26 é possível
extrair o conceito de intimação: ato de comu-
nicação processual para que o interessado te-
Comentários: O dispositivo traz o prazo sub- nha ciência de decisão proferida no processo ou
sidiário (ou seja, aplicável quando inexistente promova a efetivação de diligências necessárias
previsão legal específica) para a prática dos atos para seu ulterior prosseguimento.
do processo administrativo: 5 (cinco) dias, salvo
motivo de força maior. Atenção para possibilida-
de de dilação do prazo até o dobro, desde que § 1o A intimação deverá conter:
mediante justificativa da autoridade.
I - identificação do intimado e nome do
Art. 25. Os atos do processo devem realizar- órgão ou entidade administrativa;
-se preferencialmente na sede do órgão, cien- II - finalidade da intimação;
tificando-se o interessado se outro for o local
III - data, hora e local em que deve compa-
de realização. recer;
IV - se o intimado deve comparecer pes-
Anotações sobre os artigos anteriores: soalmente, ou fazer-se representar;
V - informação da continuidade do pro-
cesso independentemente do seu compa-
recimento;
VI - indicação dos fatos e fundamentos le-
gais pertinentes.

§ 2o A intimação observará a antecedência


mínima de três dias úteis quanto à data
de comparecimento.

Comentários: Atenção para o prazo, cobrado re-


centemente nas provas de Técnico Judiciário do
TRT1 e de Procurador do Estado de Tocantins, de
antecedência mínima da intimação: três dias
úteis quanto ao comparecimento.

§ 3o A intimação pode ser efetuada por


ciência no processo, por via postal com
aviso de recebimento, por telegrama ou
outro meio que assegure a certeza da
ciência do interessado.

Comentários: O §3º do artigo 26 é um


desdobramento do princípio da instrumenta-
lidade das formas. Conquanto inimaginável à

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época da edição da lei, o dispositivo permite que Este é um dos dispositivos da Lei nº 9.784, de
a intimação dos interessados seja feita até mes- 1999, com grande incidência em provas de con-
mo pela via eletrônica, como, por exemplo, me- cursos públicos. Logo, muita atenção.
diante email, desde que se assegure a certeza da
ciência do interessado.
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os
atos do processo que resultem para o interessa-
Súmula 355 do STJ: É válida a notificação do ato do em imposição de deveres, ônus, sanções ou
de exclusão do programa de recuperação fiscal restrição ao exercício de direitos e atividades e
do REFIS pelo Diário Oficial ou pela Internet. os atos de outra natureza, de seu interesse.

§ 4o No caso de interessados indetermi- Anotações sobre os artigos anteriores:


nados, desconhecidos ou com domicílio
indefinido, a intimação deve ser efetuada
por meio de publicação oficial.
§ 5o As intimações serão nulas quando fei-
tas sem observância das prescrições le-
gais, mas o comparecimento do adminis-
trado supre sua falta ou irregularidade.

Anotações sobre os artigos anteriores:

Para Fixação:

Ano: 2019/ Banca: CESPE/ Órgão: TJ-PA / Ana-


lista Judiciário - Direito

O processo administrativo pode ser iniciado e im-


pulsionado sem qualquer provocação de particu-
lar. Além disso, adota formas simples, suficientes
para propiciar adequado grau de certeza, segu-
rança e respeito aos direitos dos administrados.
Art. 27. O desatendimento da intimação Esses critérios, previstos na Lei n.º 9.784/1999,
não importa o reconhecimento da verdade dos refletem observância, respectivamente, aos prin-
fatos, nem a renúncia a direito pelo administra- cípios:
do.
A) da eficiência e da finalidade.
Parágrafo único. No prosseguimento do
processo, será garantido direito de ampla defe- B) da verdade material e da segurança jurídica.
sa ao interessado.
C) do interesse público e da verdade formal.
Comentários: O artigo 27 veicula corolário do D) da finalidade e da instrumentalidade das for-
princípio da verdade material ao estabelecer mas.
que o desatendimento da intimação não impor-
ta o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a E) da oficialidade e do informalismo procedi-
renúncia a direito pelo interessado. mental.

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Ano: 2019/ Banca: Quadrix/ Órgão: CREA-GO/ Ano: 2019/ Banca: Cespe/ Prefeitura de Boa
Analista Vista - RR/ Procurador Municipal

O servidor público estará impedido de atuar em A respeito de improbidade administrativa, pro-


processo quando estiver litigando administrati- cesso administrativo e organização administrati-
vamente com o companheiro do interessado. va, julgue o item seguinte.

Correto ( ) Errado ( ) Caso o administrado não atenda a intimação em


processo administrativo, incidirá o ônus de reco-
nhecimento da verdade dos fatos alegados.
Ano: 2019/ Banca: MPE-SP/ Órgão: MPE-SP/
Anotações
Promotor de Justiça Substituto

Com relação ao processo administrativo, assi-


nale a alternativa correta.

A) Nos processos administrativos, a Administra-


ção Pública não poderá se ater a rigorismos for-
mais ao considerar as manifestações do admi-
nistrado. O princípio do informalismo em favor
do administrado deve ser aplicado a todos os
processos administrativos, inclusive nos da es-
pécie ampliativo de direito de natureza concor-
rencial, como o concurso público e a licitação.

B) A Lei no 9.784/1999, especialmente no que


diz respeito ao prazo decadencial para a revisão
de atos administrativos no âmbito da Adminis-
tração Pública federal, pode ser aplicada, de
forma subsidiária, aos Estados e Municípios, se
inexistente norma local e específica que regule
a matéria.

C) Considerando que aos litigantes em processo


administrativo são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes, a falta de defesa técnica por advoga-
do no processo administrativo disciplinar ofen-
de a Constituição.

D) A duração razoável dos processos, erigida


como cláusula pétrea e direito fundamental
(art. 5o, LXXVIII, CF), tem aplicação restrita aos
processos judiciais em face do princípio da se-
paração de poderes.

E) Não raramente a Administração Pública alte-


ra a interpretação de determinadas normas le-
gais. Todavia, a mudança de orientação, em ca-
ráter normativo, considerando os princípios da
indisponibilidade e da supremacia do interesse
público, podem afetar as situações já reconhe-
cidas e consolidadas na vigência da orientação
anterior.
Gabarito: 1) E; 2) Correto; 3) B; 4) Errado

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DIA 2 violação de norma de direito material ou direito


processual”2.

Disciplina: Direito Administrativo


Súmula 591 do STJ: É permitida a prova
Responsável: Prof. Thyago Bertoldi. emprestada no processo administrativo
Dia 02: Do Art. 29 ao 70. disciplinar, desde que devidamente autorizada
pelo juízo competente e respeitados o
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 contraditório e a ampla defesa.

Jurisprudência: É possível o compartilhamento,


CAPÍTULO X para outros órgãos e autoridades públicas, das
provas obtidas no acordo de leniência, desde
DA INSTRUÇÃO que sejam respeitados os limites estabelecidos
no acordo em relação aos aderentes (STF. 2ª Tur-
Comentários: Como vimos o processo adminis- ma. Inq. 4420/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julga-
trativo divide-se em quatro fases: fase de instau- do em 28.08.2018, Informativo STF nº 913).
ração, fase de instrução, fase decisória e a fase re-
cursal.
Anotações sobre os artigos anteriores:
Este capítulo disciplina a fase de instrução.

Art. 29. As atividades de instrução destina-


das a averiguar e comprovar os dados necessá-
rios à tomada de decisão realizam-se de ofício ou
mediante impulsão do órgão responsável pelo
processo, sem prejuízo do direito dos interessa-
dos de propor atuações probatórias.

Comentários: Conforme o artigo 29, a fase ins-


trutória destina-se à colheita de provas para sub-
sidiar a decisão final do processo administrativo.

No dispositivo, verifica-se nova manifestação do


princípio da oficialidade, ao permitir a prática de
atos instrutórios de ofício e mediante impulsão do
órgão responsável.
Art. 31. Quando a matéria do processo en-
volver assunto de interesse geral, o órgão com-
§ 1o O órgão competente para a instrução petente poderá, mediante despacho motivado,
fará constar dos autos os dados necessários abrir período de consulta pública para manifes-
à decisão do processo.
tação de terceiros, antes da decisão do pedido,
§ 2o Os atos de instrução que exijam a atua- se não houver prejuízo para a parte interessa-
ção dos interessados devem realizar-se do da.
modo menos oneroso para estes.
§ 1o A abertura da consulta pública será ob-
 Art. 30. São inadmissíveis no processo ad- jeto de divulgação pelos meios oficiais, a
ministrativo as provas obtidas por meios ilícitos. fim de que pessoas físicas ou jurídicas pos-

Comentários: Para fins do artigo 30, Romeu Fe- 2 BACELLAR FILHO, Romeu Felipe; MARTINS, Ricar-
lipe Bacellar Filho sustenta que “(...) entende-se do Marcondes. Tratado de Direito Administrativo: Ato e Pro-
que a prova ilícita é aquela obtida por meio da cedimento Administrativo (Coord: DI PIETRO, Maria Sylvia
Zanella). 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019. v. 5,
p. 554.

16
#LEGIS

sam examinar os autos, fixando-se prazo tério Público ou por 50 (cinquenta) ou mais cida-
para oferecimento de alegações escritas. dãos (artigo 2º da Res. CONAMA nº 09, de 1987).
§ 2o O comparecimento à consulta pública
não confere, por si, a condição de interes- O conceito normativo de audiência pública era
sado do processo, mas confere o direito de trazido pelo artigo 2º, inciso VIII, do Decreto nº
obter da Administração resposta funda- 8.243, de 2014 (revogado pelo recente Decreto nº
mentada, que poderá ser comum a todas 9.759, de 2019): mecanismo participativo de ca-
as alegações substancialmente iguais. ráter presencial, consultivo, aberto a qualquer in-
teressado, com a possibilidade de manifestação
oral dos participantes, cujo objetivo é subsidiar
Comentários: A consulta pública é um dos me- decisões governamentais.
canismos de participação popular previstos na
Lei nº 9.784, de 1999.
Quadro comparativo
É uma faculdade da autoridade, sendo utilizado
no processo quando versar sobre assunto de in- Consulta Pública Audiência Pública
teresse geral e não houver prejuízo ao interes-
(art. 31) (art. 32)
sado.
Interesse Questão
O conceito normativo de consulta pública era tra-
zido pelo artigo 2º, inciso IX, do Decreto nº 8.243, geral relevante
de 2014 (revogado pelo recente Decreto nº 9.759,
de 2019): mecanismo participativo, a se realizar Manifestação Manifestação
DIFE escrita oral
em prazo definido, de caráter consultivo, aberto
a qualquer interessado, que visa a receber contri- RENTE
buições por escrito da sociedade civil sobre de- Oferece ma-
terminado assunto, na forma definida no seu ato nifestação no Interação na
de convocação. prazo de con- sessão pública
sulta
O principal efeito da consulta pública é dar ao
participante o direito de obter resposta funda- Faculdade da autoridade
mentada. O comparecimento à consulta pública,
porém, por si só, não confere ao terceiro a condi- Mecanismo de
ção de interessado. IGUAL participação popular

Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo Contribuição não vincula a Administração
da autoridade, diante da relevância da ques-
 
tão, poderá ser realizada audiência pública para
debates sobre a matéria do processo. Anotações sobre os artigos anteriores:

Comentários: A audiência pública é o segundo


mecanismo de participação popular previsto na
Lei nº 9.784, de 1999.

É utilizada no processo administrativo diante


da relevância do objeto e destina-se ao debate
(oral) sobre a matéria.

É, em regra, uma faculdade da Administração.


Há casos, porém, em que ela é obrigatória: (a)
licitações de grande vulto (artigo 39 da Lei nº
8.666, de 1993); e (b) procedimento de licencia-
mento ambiental, quando reputado necessário
pelo órgão ambiental e por solicitação do Minis-

17
#LEGIS

Art. 33. Os órgãos e entidades Comentários: O ônus probatório de demonstrar


administrativas, em matéria relevante, poderão a veracidade de suas alegações é do interessado.
estabelecer outros meios de participação de
administrados, diretamente ou por meio de É importante relembrar, no entanto, vigorarem
organizações e associações legalmente reco- no processo administrativo os princípios da
oficialidade e da verdade material, pelo que
nhecidas. o órgão administrativo também possui deveres
instrutórios. Prova disso é que o desatendimen-
Art. 34. Os resultados da consulta e au- to da intimação pelo interessado não importa o
diência pública e de outros meios de participa- reconhecimento da verdade dos fatos, nem a re-
ção de administrados deverão ser apresenta- núncia do direito pelo administrado (artigo 27).
dos com a indicação do procedimento adotado.
Art. 37. Quando o interessado declarar
Anotações sobre os artigos anteriores: que fatos e dados estão registrados em docu-
mentos existentes na própria Administração
responsável pelo processo ou em outro órgão
administrativo, o órgão competente para a ins-
trução proverá, de ofício, à obtenção dos docu-
mentos ou das respectivas cópias.

Art. 38. O interessado poderá, na fase ins-


trutória e antes da tomada da decisão, juntar
documentos e pareceres, requerer diligências
e perícias, bem como aduzir alegações referen-
tes à matéria objeto do processo.

§ 1o Os elementos probatórios deverão


ser considerados na motivação do relató-
rio e da decisão.
§ 2o Somente poderão ser recusadas, me-
diante decisão fundamentada, as provas
propostas pelos interessados quando se-
jam ilícitas, impertinentes, desnecessá-
rias ou protelatórias.

Comentários: O artigo 38 é corolário do princí-


pio do contraditório e da ampla defesa, inclusi-
ve em sua dimensão substancial (§1º).

Art. 35. Quando necessária à instrução do


processo, a audiência de outros órgãos ou enti- Anotações sobre os artigos anteriores:
dades administrativas poderá ser realizada em
reunião conjunta, com a participação de titula-
res ou representantes dos órgãos competentes,
lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos
autos.

Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos


fatos que tenha alegado, sem prejuízo do de-
ver atribuído ao órgão competente para a ins-
trução e do disposto no art. 37 desta Lei.

18
#LEGIS

Art. 39. Quando for necessária a prestação Art. 41. Os interessados serão intimados
de informações ou a apresentação de provas de prova ou diligência ordenada, com antece-
pelos interessados ou terceiros, serão expedi- dência mínima de três dias úteis, mencionan-
das intimações para esse fim, mencionando-se do-se data, hora e local de realização.
data, prazo, forma e condições de atendimento.
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamen-
Parágrafo único. Não sendo atendida a in- te ouvido um órgão consultivo, o parecer deve-
timação, poderá o órgão competente, se enten- rá ser emitido no prazo máximo de quinze dias,
der relevante a matéria, suprir de ofício a omis- salvo norma especial ou comprovada necessi-
são, não se eximindo de proferir a decisão. dade de maior prazo.

Comentários: Observe que o artigo 39 guarda § 1o Se um parecer obrigatório e vinculan-


estrita relação com a distribuição do ônus da pro- te deixar de ser emitido no prazo fixado,
va presente no artigo 36, não eximindo o órgão o processo não terá seguimento até a res-
administrativo de seu dever de instrução no pro- pectiva apresentação, responsabilizando-
cesso em caso de omissão do interessado. -se quem der causa ao atraso.
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vin-
Art. 40. Quando dados, atuações ou do- culante deixar de ser emitido no prazo
fixado, o processo poderá ter prossegui-
cumentos solicitados ao interessado forem ne-
mento e ser decidido com sua dispensa,
cessários à apreciação de pedido formulado, o sem prejuízo da responsabilidade de
não atendimento no prazo fixado pela Adminis- quem se omitiu no atendimento.
tração para a respectiva apresentação implicará
arquivamento do processo.
Comentários: O parecer, classificado como ato
administrativo enunciativo, constitui manifes-
Comentários: Mais uma vez, ressalta-se que o tação de órgão técnico, em regra de caráter opi-
não atendimento à intimação não acarreta a nativo, sobre assuntos submetidos à sua apre-
revelia ou a renúncia do direito pelo interessa- ciação. Pode ser obrigatório ou facultativo.
do.
Quando a consulta é facultativa, a autoridade
Quando for necessária diligência da parte para não se vincula ao parecer proferido, sendo que
apreciação de pedido pela Administração, a con- seu poder de decisão não se altera. Inclusive,
sequência do não atendimento da solicitação pode decidir se pede ou não a manifestação do
será o arquivamento do processo. órgão consultivo. É o que ocorre normalmente
quando a autoridade possui uma dúvida jurídi-
ca sobre determinada questão. Nestes casos, em
Anotações sobre os artigos anteriores: regra o parecerista não pode ser responsabili-
zado pela decisão administrativa, salvo configu-
ração de culpa ou erro grosseiro.

Quando a consulta é obrigatória, a lei exige o


parecer e o ato enunciativo integra o processo
de formação do ato, de modo que sua ausência
ofende elemento formal, caracterizando vício de
legalidade. É o parecer em licitações, do artigo
38, p. único, da Lei nº 8.666, de 1993. Assim como
na hipótese de parecer facultativo, o parecerista
somente poderá ser responsabilizado pelo ato
administrativo se ficar demonstrada a existência
de culpa ou erro grosseiro.

Pode existir, ainda, o chamado parecer vincu-


lante, quando a Administração é obrigada a so-

19
#LEGIS

licitá-lo e acatar sua conclusão. Nesta hipótese, Art. 43. Quando por disposição de ato nor-
como a decisão administrativa deve estar em mativo devam ser previamente obtidos laudos
consonância com o parecer, a doutrina e a juris- técnicos de órgãos administrativos e estes não
prudência consideram que o parecerista respon- cumprirem o encargo no prazo assinalado, o ór-
de solidariamente pela prática do ato, não sen- gão responsável pela instrução deverá solicitar
do necessária a comprovação de culpa ou erro
grosseiro. laudo técnico de outro órgão dotado de qualifi-
cação e capacidade técnica equivalentes.
Pensamos, todavia, que o advento da Lei nº
13.655, de 2018, pode alterar esse cenário, já que Art. 44. Encerrada a instrução, o interes-
o novo artigo 28 da LINDB estabelece que o agen- sado terá o direito de manifestar-se no prazo
te público responderá pessoalmente por suas de- máximo de dez dias, salvo se outro prazo for le-
cisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou galmente fixado.
erro grosseiro.

O prazo máximo para emissão de parecer obri- Comentários: O artigo 44 estabelece o direito de
gatório é de quinze dias, salvo norma especial o interessado apresentar razões finais, no prazo
ou necessidade de maior prazo. Este marco tem- de até 10 (dez) dias depois de encerrada a ins-
poral é constantemente cobrado em concursos trução.
públicos, logo vale sua memorização. Perceba,
ainda, que a legislação não estabelece prazo Anotações sobre os artigos anteriores:
para emissão do parecer facultativo.

De mais a mais, é importante conhecer as con-


sequências de não apresentação tempestiva
da manifestação consultiva: (a) se o parecer for
obrigatório e vinculante, sua não confecção no
prazo legal acarreta a paralização do processo;
(b) por outro lado, se obrigatório e não vincu-
lante o processo segue e pode ser decidido com
sua dispensa. Em todos os casos, no entanto,
deve ser apurada a responsabilidade daquele
que deu causa ao atraso ou omissão.

Jurisprudência: É possível a responsabilização


de advogado público pela emissão de parecer de
natureza opinativa, desde que reste configurada
a existência de culpa ou erro grosseiro (STF. 1ª
Turma. MS 27867 Ag/DF, rel. Min. Dias Toffoli, jul-
gado em 18.09.2012, Informativo STF nº 680).

Anotações sobre os artigos anteriores:


Art. 45. Em caso de risco iminente, a Admi-
nistração Pública poderá motivadamente ado-
tar providências acauteladoras sem a prévia
manifestação do interessado.

Comentários: O artigo 45 prevê o poder geral


de cautela da Administração, autorizando-a a
adotar providências acauteladoras, sem prévia
manifestação do interessado, nos casos de risco
iminente.

20
#LEGIS

Jurisprudência: O Tribunal de Contas da União CAPÍTULO XI


(TCU) possui competência para determinar que DO DEVER DE DECIDIR
empresa pública federal (BNDES) suspenda os
pagamentos que estão sendo realizados com
base em contratos de confissão de dívida cuja Comentários: O capítulo regula a penúltima das
regularidade está sendo apurada em tomada de quatro fases do processo administrativo: a fase
contas (STF. 1ª Turma. MS 35038 AgR/DF, rel. Min. decisória.
Rosa Weber, julgado em 12.11.2019, Informativo
STF nº 959). Art. 48. A Administração tem o dever de ex-
plicitamente emitir decisão nos processos admi-
Art. 46. Os interessados têm direito à vista nistrativos e sobre solicitações ou reclamações,
do processo e a obter certidões ou cópias re- em matéria de sua competência.
prográficas dos dados e documentos que o in-
tegram, ressalvados os dados e documentos de Anotações sobre os artigos anteriores:
terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à
privacidade, à honra e à imagem.

Anotações sobre os artigos anteriores:

Art. 47. O órgão de instrução que não for


competente para emitir a decisão final elabo-
rará relatório indicando o pedido inicial, o con- Art. 49. Concluída a instrução de processo
teúdo das fases do procedimento e formulará administrativo, a Administração tem o prazo de
proposta de decisão, objetivamente justificada, até trinta dias para decidir, salvo prorrogação
encaminhando o processo à autoridade compe- por igual período expressamente motivada.
tente.
Comentários: A decisão não é uma faculdade,
Comentários: Finda a instrução, o órgão por ela mas sim um dever da Administração no processo
responsável elaborará relatório, formulará pro- administrativo.
posta de decisão e encaminhará o processo à
autoridade competente. O relatório funciona O prazo para emissão de decisão é de 30 (trinta)
como uma espécie de “resumo do processo” e dias, prorrogáveis por igual período mediante
tem por objetivo auxiliar a autoridade competen- justificativa, e inicia-se com a conclusão da ins-
te na melhor e mais rápida decisão do processo. trução do processo.

21
#LEGIS

CAPÍTULO XII Comentários: Este é um dos dispositivos da Lei


DA MOTIVAÇÃO nº 9.784, de 1999, mais cobrados em provas de
concursos públicos.
Art. 50. Os atos administrativos deverão Dá-se o nome de motivação aliunde ou per re-
ser motivados, com indicação dos fatos e dos lationem àquela que consista em declaração de
fundamentos jurídicos, quando: concordância com fundamentos de anteriores
pareceres, informações, decisões ou propostas
Comentários: Não confundir motivo, motiva- que, neste caso, serão parte integrante do ato.
ção e móvel. O motivo é requisito de validade do
ato administrativo e consiste nas razões que jus- § 2o Na solução de vários assuntos da mes-
tificam a edição do ato. Já a motivação é a expo- ma natureza, pode ser utilizado meio me-
sição dos fatos e dos fundamentos jurídicos. Por cânico que reproduza os fundamentos
fim, o móvel é a intenção do agente que praticou das decisões, desde que não prejudique
o ato. direito ou garantia dos interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos
I - neguem, limitem ou afetem direitos colegiados e comissões ou de decisões
ou interesses; orais constará da respectiva ata ou de ter-
II - imponham ou agravem deveres, en- mo escrito.
cargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos Anotações sobre os artigos anteriores:
de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibi-
lidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência
firmada sobre a questão ou discrepem
de pareceres, laudos, propostas e rela-
tórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação,
suspensão ou convalidação de ato ad-
ministrativo.

Comentários: Há divergência na doutrina a


respeito da natureza do rol do artigo 50: (a)
1ª Corrente (minoritária): defende que a mo-
tivação depende de determinação legal e, por
isso, o rol seria taxativo; (b) 2ª Corrente (ma-
joritária): advoga o dever geral de motivação
dos atos administrativos e, portanto, o rol se-
ria exemplificativo.

§ 1 o A motivação deve ser explícita, cla-


ra e congruente, podendo consistir em
declaração de concordância com fun-
damentos de anteriores pareceres, in-
formações, decisões ou propostas, que,
neste caso, serão parte integrante do
ato.

22
#LEGIS

CAPÍTULO XIII CAPÍTULO XIV


DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
EXTINÇÃO DO PROCESSO
Art. 53. A Administração deve anular seus
Art. 51. O interessado poderá, mediante próprios atos, quando eivados de vício de lega-
manifestação escrita, desistir total ou parcial- lidade, e pode revogá-los por motivo de conve-
mente do pedido formulado ou, ainda, renun- niência ou oportunidade, respeitados os direi-
ciar a direitos disponíveis. tos adquiridos.

Comentários: A desistência é ato de disposição Comentários: O dispositivo traz duas formas de


processual, acarretando a extinção do processo extinção dos atos administrativos. A anulação
sem interferência no direito material. Por outro ocorre quando há retirada do ato praticado em
lado, a renúncia tem por objeto o próprio direi- desconformidade com o ordenamento jurídico.
to material (dede que disponível) e, a depender Já a revogação é a retirada de um ato adminis-
das circunstâncias, poderá também acarretar a trativo por razões de conveniência ou oportuni-
extinção do processo. dade.

§ 1o Havendo vários interessados, a desis- Súmula 356 do STF: A administração pública


tência ou renúncia atinge somente quem pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
a tenha formulado.
§ 2o A desistência ou renúncia do interessa-
do, conforme o caso, não prejudica o pros- Súmula 473 do STF: A administração pode anu-
seguimento do processo, se a Administra- lar seus próprios atos, quando eivados de vícios
ção considerar que o interesse público que os tornem ilegais, porque deles não se origi-
assim o exige. nam direitos; ou revoga-los, por motivo de con-
veniência ou oportunidade, respeitados os direi-
tos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos,
Art. 52. O órgão competente poderá de- a apreciação judicial.
clarar extinto o processo quando exaurida sua
finalidade ou o objeto da decisão se tornar im-
possível, inútil ou prejudicado por fato super- Revogação Anulação
veniente.
Quem Administração e Judi-
Administração
pode? ciário
Anotações sobre os artigos anteriores:
Discricioná- Vinculados e discricio-
O que?
rios nários
Conveniência
Por
e oportunida- Ilegalidade
que?
de
E
f Ex tunc (restritivos de
e direito)
Ex nunc
i Ex nunc (ampliativos de
t direitos)
o

Art. 54. O direito da Administração de anu-


lar os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os destinatários decai
em cinco anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé.

23
#LEGIS

Comentários: A regra é decorrência dos prin- § 2o Considera-se exercício do direito de


cípios da segurança jurídica e da proteção da anular qualquer medida de autoridade
confiança e estabelece o prazo decadencial de administrativa que importe impugnação à    
5 (cinco) anos para a Administração anular os validade do ato.
atos administrativos favoráveis aos destinatá-
rios. Art. 55. Em decisão na qual se evidencie
não acarretarem lesão ao interesse público
Perceba importante exceção ao prazo decaden-
nem prejuízo a terceiros, os atos que apresen-
cial na parte final do dispositivo: quando existir
má-fé do beneficiado. tarem defeitos sanáveis poderão ser convalida-
dos pela própria Administração.

Jurisprudência: No exercício do seu poder de Comentários: O artigo 55 tem alta incidência em


autotutela, poderá a Administração Pública provas de concursos públicos.
rever os atos de concessão de anistia a cabos
da Aeronáutica com fundamento na Portaria Convalidação é “o suprimento da invalidade de
1.104/1964, quando se comprovar a ausência um ato com efeitos retroativos, é dizer, é uma re-
de ato com motivação exclusivamente política composição da legalidade ferida. Só é possível
(inexistência de perseguição política), assegu- para atos anuláveis, quando for possível corrigir
rando-se ao anistiado, em procedimento admi- o defeito, o que normalmente acontece com os
nistrativo, o devido processo legal e a não de- elementos competência e forma. É um dever do
volução das verbas já recebidas [STF. Plenário. administrador”4. A convalidação não pode acar-
RE 817338/DF, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em retar lesão ao interesse público ou prejuízo a ter-
16.10.2019 (repercussão geral – Tema 839), In- ceiros.
formativo STF nº 956]3.

Jurisprudência: Em regra, não produzem


Súmula 633 do STJ: A Lei 9.784/99, especial- fato consumado a posse e o exercício em car-
mente no que diz respeito ao prazo decadencial go público decorrentes de decisão judicial
para revisão de atos administrativos no âmbito tomada à base de cognição não-exauriente.
da administração pública federal, pode ser apli- Em outras palavras, não se aplica a teoria do fato
cada de forma subsidiária aos Estados e muni- consumado para candidatos que assumiram o
cípios se inexistente norma local e específica cargo público por força de decisão judicial provi-
regulando a matéria. sória posteriormente revista. Trata-se do enten-
dimento firmado no RE 608482/RN (Tema 476).
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais con- A situação é diferente, contudo, se a pessoa,
tínuos, o prazo de decadência contar-se- após permanecer vários anos no cargo, con-
-á da percepção do primeiro pagamento. seguiu a concessão de aposentadoria. Neste
caso, em razão do elevado grau de estabilida-
de da situação jurídica, o princípio da prote-
Comentários: Em regra, o prazo decadencial ção da confiança legítima incide com maior in-
inicia-se com a prática do ato. Porém, no caso tensidade. Trata-se de uma excepcionalidade
de efeitos patrimoniais contínuos (ex.: parcela que autoriza a distinção (distinguish) quanto
remuneratória de servidor), o prazo decaden- ao leading case do RE 608482/RN (Tema 476).
cial é contado da percepção do primeiro pa- [STF. 1ª Turma. RE 740029 AgR/DF, Rel. Min. Ale-
gamento, não havendo falar em interrupção do xandre de Moraes, julgado em 14.08.2018, Infor-
prazo decadencial a cada pagamento. mativo STF nº 911]5.
4 MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 9.
3 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Mesmo depois
ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 369.
de terem-se passado mais de 5 anos, a Administração Pú-
blica pode anular a anistia política concedida quando se 5 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não se pode
cassar a aposentadoria do servidor que ingressou no servi-
comprovar a ausência de perseguição política, desde que
ço público por força de provimento judicial precário e se
respeitado o devido processo legal e assegurada a não de- aposentou durante o processo, antes da decisão ser reforma-
volução das verbas já recebidas. Buscador Dizer o Direito, da. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <ht-
Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizero- tps://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/
direito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6f683b372cc7ea- detalhes/c8afe805c097dab1f1e5bdd57f8d2931>. Acesso em:
cb980ec61b736cac74>. Acesso em: 11/02/2020. 11/02/2020.

24
#LEGIS

Anotações sobre os artigos anteriores: CAPÍTULO XV


DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO

Comentários: O capítulo disciplina a última fase


do processo administrativa: a fase recursal.

Art. 56. Das decisões administrativas cabe


recurso, em face de razões de legalidade e de
mérito.

Comentários: O recurso administrativo é o meio


formal e voluntário de impugnação das deci-
sões administrativas. Perceba que a devoluti-
vidade dos recursos administrativos é ampla,
abrangendo razões de legalidade e de mérito.

§ 1o O recurso será dirigido à autoridade


que proferiu a decisão, a qual, se não a re-
considerar no prazo de cinco dias, o enca-
minhará à autoridade superior.

Comentários: A doutrina costuma dividir os re-


cursos em: (a) hierárquicos próprios: cujo julga-
mento é de competência de autoridade integran-
te da mesma pessoa jurídica; e (b) hierárquicos
impróprios: em que a autoridade revisora vin-
cula-se ao revisado por meio da tutela adminis-
trativa e, por essa razão, dependem de expressa
previsão legal.

O dispositivo marca, também, a existência de


efeito regressivo nos recursos administrativo,
concedendo à autoridade prolatora da decisão a
possibilidade de reconsiderá-la.

§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de


recurso administrativo independe de cau-
ção.

Comentários: Dispositivo com alta incidência


em provas de concurso público!

Súmula Vinculante nº 21: É inconstitucional a


exigência de depósito ou arrolamento prévios de
dinheiro ou bens para admissibilidade de recur-
sos administrativo.

§ 3o  Se o recorrente alegar que a decisão


administrativa contraria enunciado da
súmula vinculante, caberá à autoridade

25
#LEGIS

prolatora da decisão impugnada, se não III - as organizações e associações repre-


a reconsiderar, explicitar, antes de enca- sentativas, no tocante a direitos e interes-
minhar o recurso à autoridade superior, as ses coletivos;
razões da aplicabilidade ou inaplicabili- IV - os cidadãos ou associações, quanto a
dade da súmula, conforme o caso. direitos ou interesses difusos.

Comentários: O artigo 7º da Lei nº 11.417, de Art. 59. Salvo disposição legal específica,
2006, prevê que a decisão judicial ou ato admi- é de dez dias o prazo para interposição de re-
nistrativo que contrariar enunciado de súmula curso administrativo, contado a partir da ciên-
vinculante, negar-lhe vigência ou aplica-lo inde-
vidamente poderá ser objeto de reclamação ao cia ou divulgação oficial da decisão recorrida.
STF. O §1º do dispositivo ressalva, no entanto,
que contra omissão ou ato da administração § 1o Quando a lei não fixar prazo diferente,
pública, o uso da reclamação só será admitido o recurso administrativo deverá ser de-
após o esgotamento das vias administrativas. cidido no prazo máximo de trinta dias, a
Daí a importância de existir fundamentação cla- partir do recebimento dos autos pelo órgão
ra e expressa no processo administrativo quando competente.
há alegação de violação de súmula vinculante. § 2o O prazo mencionado no parágrafo an-
terior poderá ser prorrogado por igual pe-
ríodo, ante justificativa explícita.
Anotações sobre os artigos anteriores:
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de
requerimento no qual o recorrente deverá ex-
por os fundamentos do pedido de reexame, po-
dendo juntar os documentos que julgar conve-
nientes.

Anotações sobre os artigos anteriores:

Art. 57. O recurso administrativo tramitará


no máximo por três instâncias administrativas,
salvo disposição legal diversa.

Art. 58. Têm legitimidade para interpor re-


curso administrativo:

I - os titulares de direitos e interesses que


forem parte no processo;
II - aqueles cujos direitos ou interesses fo-
rem indiretamente afetados pela decisão
recorrida;

26
#LEGIS

Art. 61. Salvo disposição legal em contrá- § 2o O não conhecimento do recurso não
rio, o recurso não tem efeito suspensivo. impede a Administração de rever de ofí-
cio o ato ilegal, desde que não ocorrida
Parágrafo único. Havendo justo receio de preclusão administrativa.
prejuízo de difícil ou incerta reparação decor-
rente da execução, a autoridade recorrida ou a Comentários: Já nesta norma, vemos corolários
imediatamente superior poderá, de ofício ou a dos princípios da autotutela e da verdade ma-
pedido, dar efeito suspensivo ao recurso. terial: o não conhecimento do instrumento de
impugnação voluntário não impede que a Admi-
nistração, de ofício, reveja ato contrário ao or-
Comentários: Dispositivo com alta incidência denamento jurídico, desde que não ocorrida a
em provas de concurso público! preclusão administrativa.
Em regra, os recursos administrativos não são
dotados de efeito suspensivo. O recurso Art. 64. O órgão competente para decidir o
poderá ter efeito suspensivo quando existir: (i) recurso poderá confirmar, modificar, anular ou
previsão legal (exemplo: recurso da decisão da revogar, total ou parcialmente, a decisão recor-
comissão de licitação sobre habilitação, previsto rida, se a matéria for de sua competência.
no artigo 109, §2º, da Lei nº 8.666, de 1993); (b)
decisão da autoridade, ante o justo receio de Parágrafo único. Se da aplicação do dis-
prejuízo de difícil ou incerta reparação, de ofício
posto neste artigo puder decorrer gravame à
ou a pedido do recorrente.
situação do recorrente, este deverá ser cienti-
ficado para que formule suas alegações antes
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão com- da decisão.
petente para dele conhecer deverá intimar os
demais interessados para que, no prazo de cin-
Comentários: Observe que o artigo 64, p. único,
co dias úteis, apresentem alegações. permite a reformatio in pejus no julgamento do
recurso administrativo, condicionada apenas à
Art. 63. O recurso não será conhecido observância do contraditório e da ampla defesa
quando interposto: prévia à prolação da decisão. Trata-se, segundo a
doutrina, de (mais) uma manifestação dos prin-
I - fora do prazo; cípios da autotutela e da verdade material no
II - perante órgão incompetente; processo administrativo.
III - por quem não seja legitimado;
IV - após exaurida a esfera administrativa. Anotações sobre os artigos anteriores:

Comentários: O artigo 63 estabelece os requisi-


tos de admissibilidade do recurso administrati-
vo: (a) tempestividade (art. 59); (b) competência
do órgão julgador (art. 56, §1º); (c) legitimidade
(art. 58); e (d) não exaurimento da esfera admi-
nistrativa (art. 57).

§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada


ao recorrente a autoridade competente,
sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.

Comentários: O dispositivo é manifestação do


princípio do impulso oficial, determinando à
Administração que, em caso de erro na indicação
da autoridade, aponte a correta e devolva o pra-
zo para o recorrente.

27
#LEGIS

Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação CAPÍTULO XVI


de enunciado da súmula vinculante, o órgão DOS PRAZOS
competente para decidir o recurso explicitará
as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade Art. 66. Os prazos começam a correr a par-
da súmula, conforme o caso.   tir da data da cientificação oficial, excluindo-se
da contagem o dia do começo e incluindo-se o
Comentários: Remete-se o leitor às observações do vencimento.
feitas no artigo 56, §3º.
                      § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o
Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribu- primeiro dia útil seguinte se o vencimento
cair em dia em que não houver expedien-
nal Federal a reclamação fundada em violação
te ou este for encerrado antes da hora
de enunciado da súmula vinculante, dar-se- normal.
-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão
competente para o julgamento do recurso, que § 2o Os prazos expressos em dias contam-
-se de modo contínuo.
deverão adequar as futuras decisões adminis-
trativas em casos semelhantes, sob pena de § 3o Os prazos fixados em meses ou anos
responsabilização pessoal nas esferas cível, contam-se de data a data. Se no mês do
administrativa e penal.   vencimento não houver o dia equivalen-
te àquele do início do prazo, tem-se como
termo o último dia do mês.
Art. 65. Os processos administrativos de
que resultem sanções poderão ser revistos, a
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quan- Anotações sobre os artigos anteriores:
do surgirem fatos novos ou circunstâncias re-
levantes suscetíveis de justificar a inadequação
da sanção aplicada.

Parágrafo único. Da revisão do processo


não poderá resultar agravamento da sanção.

Comentários: A revisão é o instrumento ade-


quado para modificação de decisões proferidas
em processos administrativos sancionatórios,
quando surgirem fatos novos ou circunstân-
cias relevantes aptas a justificar a inadequação
da sanção aplicada.

É cabível a qualquer tempo (ou seja, não pre-


clui), podendo ser instaurada de ofício ou a pe-
dido.

Uma característica importante da revisão é que,


ao contrário do recurso, não admite agrava-
mento da sanção (reformatio in pejus.)
                     
Reformatio in pejus
RECURSO REVISÃO

Sim Não
(art. 64, p. único) (art. 65)

28
#LEGIS

Art. 67. Salvo motivo de força maior devi- CAPÍTULO XVII


damente comprovado, os prazos processuais DAS SANÇÕES
não se suspendem.
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por
autoridade competente, terão natureza pe-
PRAZOS DA LEI Nº 9.784, DE 1999
cuniária ou consistirão em obrigação de fazer
ou de não fazer, assegurado sempre o direito de
Ato Prazo Onde
defesa.
5 (cinco) dias,
salvo força Anotações sobre os artigos anteriores:
Práticas de atos maior e ad-
Art. 24
processuais mitida a pror-
rogação até o
dobro.

3 (três) dias
úteis antes do
Intimação Art. 26, §2º
comparecimen-
to

Prova ou dili- 3 (três) dias


gência instru- úteis de ante- Art. 41
tória cedência

Parecer obriga-
15 (quinze) dias Art. 42
tório

Alegações fi-
10 (dez) dias Art. 44
nais

Anulação de 5 (cinco) anos,


Art. 54, §1º
ato salvo má-fé

Reconsiderar 5 (cinco) dias Art. 56, §1º

Interposição de
10 (dez) dias Art. 59
recurso

30 (trinta) dias,
Decisão de re- prorrogáveis Art. 59, §§1º
cursos por mais 30 e 2º
(trinta) dias

Alegação em 5 (cinco) dias


Art. 62
recursos úteis

29
#LEGIS

CAPÍTULO XVIII Para Fixação:


DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Ano: 2019/ Banca: CESPE/ Órgão: TJ-PA / Juiz
de Direito Substituo
Art. 69. Os processos administrativos es-
pecíficos continuarão a reger-se por lei própria, De acordo com a Lei n.º 9.784/1999, o recurso ad-
aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os ministrativo deve ser dirigido à autoridade
preceitos desta Lei.
A) que tiver proferido a decisão, a qual, se não a
Art. 69-A.  Terão prioridade na tramitação, reconsiderar, deverá encaminhá-lo à autoridade
em qualquer órgão ou instância, os procedimen- superior.
tos administrativos em que figure como parte ou
interessado: B) que tiver proferido a decisão, a qual deve en-
caminhá-lo à autoridade superior sem emitir
novo juízo de valor sobre a decisão recorrida.
I - pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos;  C) que tiver proferido a decisão, a qual deve limi-
II - pessoa portadora de deficiência, física tar-se a decidir sobre a tempestividade do recur-
ou mental;         so e a cumprir as formalidades legais.
III – (VETADO)    
D) hierarquicamente superior à que tiver pro-
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, ferido a decisão, sendo a indicação errônea da
esclerose múltipla, neoplasia maligna, han- autoridade motivo para o não conhecimento do
seníase, paralisia irreversível e incapacitan- recurso.
te, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia E) hierarquicamente superior à que tiver proferi-
grave, hepatopatia grave, estados avança- do a decisão, devendo ser corrigida de ofício pelo
dos da doença de Paget (osteíte deforman- agente público eventual indicação equivocada
te), contaminação por radiação, síndrome da autoridade julgadora.
de imunodeficiência adquirida, ou outra
doença grave, com base em conclusão
da medicina especializada, mesmo que a
doença tenha sido contraída após o início Ano: 2019/ Banca: FGV/ Órgão: MPE-RJ/ Oficial
do processo. do Ministério Público

A Lei nº 9.784/99 regula o processo admi-


§ 1   A pessoa interessada na obtenção do
o nistrativo no âmbito da Administração Pú-
benefício, juntando prova de sua condição, blica Federal e pode ser aplicada de forma
deverá requerê-lo à autoridade administra- subsidiária a Estados e Municípios quando
tiva competente, que determinará as provi- não houver lei local para tratar da matéria.
dências a serem cumpridas. Ao dispor sobre a comunicação dos atos dos pro-
cessos administrativos, a citada lei estabelece
§ 2o  Deferida a prioridade, os autos receberão que a intimação:
identificação própria que evidencie o regime
de tramitação prioritária. A) deve observar a antecedência mínima de 15
§ 3   (VETADO)  
o (quinze) dias úteis quanto à data de compareci-
mento do administrado intimado para o ato;
§ 4o  (VETADO) 
B) desatendida importa o reconhecimento da
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de verdade dos fatos e a renúncia a direito pelo ad-
sua publicação. ministrado, diante de sua revelia;

C) é nula quando feita sem observância das


prescrições legais, e o comparecimento
do administrado não supre sua falta ou
irregularidade;

30
#LEGIS

D) deve ser efetuada em regra pessoalmente, ex- Ano: 2019/ Banca: Vunesp/ Prefeitura de São
ceto quando a lei permitir expressamente a ciên- José dos Campos/ Procurador
cia via postal com aviso de recebimento, por te-
legrama ou outro meio que assegure a certeza da Suponha que após regular trâmite de um proces-
ciência do interessado; so administrativo foi aplicada a Gustavo, parte no
processo, sanção por meio de uma decisão admi-
E) deve ser feita em relação aos atos do processo nistrativa. Considerando o disposto na Lei Fede-
que resultem para o interessado imposição de de- ral no 9.784/99, é correto afirmar que
veres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de
direitos e atividades e aos atos de outra natureza, A) Gustavo poderá interpor recurso administrati-
de seu interesse. vo no prazo de 10 (dez) dias, o qual, salvo dispo-
sição legal em contrário, tem efeito suspensivo e
não admite retratação.
Ano: 2019/ Banca: Quadrix/ Órgão: CORECON-
B) os únicos legitimados a interpor recurso admi-
-PE/ Assessor Jurídico
nistrativo são os titulares de direitos e interesses
que forem parte no processo.
Acerca do processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal, vale destacar que
C) caso Gustavo interponha recurso perante ór-
as atividades de instrução destinadas a averiguar e
gão incompetente este não será conhecido e ha-
comprovar os dados necessários à tomada de de-
verá automática preclusão consumativa, impe-
cisão realizam‐se de ofício ou mediante impulsão
dindo-o de interpor novamente o recurso diante
do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo
da autoridade competente.
do direito dos interessados de propor atuações
probatórias. Sendo assim, assinale a alternativa
D) se surgirem fatos novos suscetíveis de de-
correta de acordo com a Lei n.º 9.784/1999.
monstrar a inadequação da sanção aplicada a
Gustavo, a coisa julgada administrativa formada
A) Quando a matéria do processo envolver assun-
impedirá a revisão do processo administrativo
to de interesse geral, o órgão competente poderá,
com o fim de minorar a sanção imposta.
discricionariamente, abrir período de consulta pú-
blica para manifestação de terceiros interessados,
E) caso Gustavo interponha o recurso fora do
após a decisão do pedido, se não houver prejuízo
prazo, este não será conhecido, mas tal fato não
para a parte interessada.
impedirá a Administração de rever de ofício o ato
ilegal, desde que não ocorrida preclusão admi-
B) Quando necessária à instrução do processo, a
nistrativa.
audiência de outros órgãos ou entidades admi-
nistrativas poderá ser realizada em reuniões in-
dividuais com os titulares ou representantes dos
órgãos competentes. Ano: 2019/ Banca: Instituto Consulplan/ Órgão:
Prefeitura de Suzano- SP/ Procurador Jurídico
C) O interessado que declarar fatos e dados deve No cômputo de prazo de um processo adminis-
provar o alegado, providenciando, junto à Admi- trativo, nos moldes traçados na Lei nº 9.784/99, é
nistração, cópias de documentos de interesse do correto afirmar que o prazo de:
processo, sendo vedados atos de ofício pelo órgão
competente para a instrução. A) Um ano conta-se dia a dia, considerando-se
365 dias;
D) Encerrada a instrução, o interessado perderá o
direito de se manifestar no processo, salvo se hou- B) Um mês encerra-se de modo distinto de um
ver comum acordo das partes para que ambos se prazo de 30 dias corridos.
manifestem concomitantemente.
C) Cinco dias úteis, publicado em uma segunda-
E) Os atos de instrução do processo administrativo -feira, encerra-se na sexta-feira seguinte.
que exijam a atuação dos interessados devem rea-
lizar‐se do modo menos oneroso para estes, não D) Três dias corridos, publicado em uma sexta-
sendo admissíveis as provas obtidas por meios ilí- -feira, encerra-se na quarta-feira seguinte.
citos.

31
#LEGIS

Anotações:

Gabarito: 1) A; 2) E; 3) E; 4) E; 5) B.

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