Campo Brasileiro

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O campo brasileiro Danielle Alencar Parente Torres2

Dejoel de Barros Lima3

A emergência de
Eliziário Noé Boeira Toledo4
Maria Quitéria dos Santos Marcelino5
Pedro Abel Vieira Junior6
um novo padrão Renato Cruz Silva7
Scheila Maria Correa Fogaça8

econômico e social1 Zander Navarro9

Resumo – O artigo analisa o livro O mundo rural no Brasil do século 21: a formação de um novo
padrão agrário e agrícola, lançado em 2014, obra de abrangente esforço de interpretação do desen-
volvimento da agropecuária brasileira contemporânea. São discutidos sete focos identificados como
principais: a existência, de fato, de um novo modo de acumulação vigente no setor; o determinante
financeiro que passou a ser imperativo; o significado atual do termo “inovações”; os estados atual e
futuro dos pequnos produtores; o papel das políticas governamentais sob o novo padrão; as chances
dos pequenos produtores diante do novo contexto de intensificação produtiva; e, finalmente, o artigo
discute as tendências demográficas em curso. Conclui-se que o livro, de fato, representa uma vasta e
nova agenda de pesquisas destinada a estimular novos estudos sobre o mundo rural no Brasil.
Palavras-chave: desenvolvimento agrário, Brasil rural, novo padrão agrário e agrícola.

The Brazilian countryside: the emergence of a


new economic and social standard

Abstract – The article analyses the book O artigo analisa o livro O mundo rural no Brasil do século
21: a formação de um novo padrão agrário e agrícola. Published in 2014, it was a vast effort aimed
at interpreting the development of Brazilian agriculture in the current period. Seven themes that are
identified as the main ones are here discussed: the actual existence of a new mode of accumula-
tion on course in the sector; the new financial imperative; the meaning of “innovations”; the role of
government policies under the new agricultural pattern; the chances of small farmers in face of the
new context of productive intensification and, finally, demographic tendencies, which are also dis-

1
Original recebido em 21/9/2015 e aprovado em 9/10/2015.
2
Economista, doutora em Economia Agrícola. E-mail: [email protected]
3
Engenheiro-agrônomo, doutor em Desenvolvimento Rural. E-mail: [email protected]
4
Sociólogo, doutorando em Desenvolvimento Sustentável. E-mail: [email protected]
5
Doutora em Psicologia Social. E-mail: [email protected]
6
Engenheiro-agrônomo, doutor em Agronomia. E-mail: [email protected]
7
Jornalista, mestre em Comunicação. E-mail: [email protected]
8
Socióloga, mestre em Ciências Sociais. E-mail: [email protected]
9
Engenheiro-agrônomo, doutor em Sociologia. E-mail: [email protected]

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cussed. It is concluded that, in fact, the book represents a broad and new research agenda destined
to stimulate renewed studies about the rural world in Brazil.
Keywords: agrarian development, rural Brazil, new agrarian and agricultural pattern.

Introdução A segunda seção discute a presença do


capital financeiro como o primeiro dos fatores
Em 2013, esta revista publicou o artigo Sete decisivos que impulsionam a intensificação
teses sobre o mundo rural brasileiro (BUAINAIN tecnológica da agropecuária, além de ser o
et al., 2013), no qual se propôs a constituição re- imperativo racionalizador que vem dominando,
cente de um inédito padrão agrário e agrícola que em escala crescente, a lógica organizacional da
estaria ativando um novo modo de acumulação produção em cadeias produtivas. A outra via de
condutor das atividades produtivas agropecuárias condução das transformações em curso é discu-
no País. Bem recebido, o texto foi, contudo, alvo tida na terceira seção sob o termo “inovações”,
de críticas quanto à rarefeita comprovação em- que deixou seu significado exclusivamente
pírica das teses e, por isso, os autores do artigo agrarista do passado para se tornar muito mais
coordenaram ambicioso projeto de pesquisa que amplo e complexo. A ação interdependente de
resultou em extenso livro, publicado em julho de tais processos, que articulam as manifestações
2014 (BUAINAIN et al., 2014a). do capital financeiro com as inovações, apro-
Dadas a magnitude e a riqueza analítica funda o acirramento concorrencial nas regiões
agrícolas que potencialmente produzem mais
do livro em questão, este artigo não poderá se
riqueza – ancorada em crescente produtividade
concentrar em particularidades argumentativas
total dos fatores.
nem factuais10 e é formado de sete seções,
além desta introdução. Primeiramente, o que Assim, outra faceta do “novo padrão” é
se discute é se teria existido, de fato, um “novo a exacerbação dos processos de diferenciação
padrão agrário e agrícola”, pois essa é a premissa social que vem apontando, agora com nitidez
fundadora de todo o esforço realizado. Ainda estatística e factual, uma atividade econômica
que estudos de periodização da história rural que seleciona famílias rurais perdedoras e
brasileira praticamente inexistam, os autores ganhadoras em meio às transformações em
sugerem ocorrer elementos empíricos compro- curso. Assim, a quarta seção sintetiza e analisa
batórios para afirmar a possível existência dessa os capítulos do livro em que autores com orien-
nova fase do desenvolvimento agrário, em face tação teórica distinta discutiram o lugar social
de alguns processos econômicos e sociais que dos estabelecimentos rurais de menor porte
são de imensa importância, não apenas ana- econômico, popularizados no Brasil sob a de-
lítica, pois também inéditos em nossa história signação de agricultura familiar. A quinta seção
rural. Assinalar e interpretar esse novo período é volta-se ao Estado e suas políticas e, contrarian-
do a proposição original das sete teses de que
relevante porque
a ação governamental poderia estar diminuindo,
[...] o recorte do tempo em períodos é ne- especialistas no tema sugerem a existência, de
cessário à história (…) essa divisão não é um fato, de novos significados para a ação estatal,
mero fato cronológico, mas expressa também mas não necessariamente sua redução e, menos
a ideia de passagem, de ponto de viragem ou
ainda, sua perda relativa de importância.
até mesmo de retratação em relação à socie-
dade e aos valores do período precedente As duas seções finais se dedicam a temas
(LE GOFF, 2015, p. 12). específicos, decisivos na reconfiguração do de-

10
Outros materiais complementares que também poderão ser úteis, como leitura prolegômena, são a própria introdução do livro (NAVARRO
et al., 2014, p. 35-75) e uma breve resenha preparada por um dos organizadores (NAVARRO, 2014).

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senvolvimento agrário brasileiro: a sexta seção animador do desenvolvimento agrícola e agrário, o
se dedica ao tema da assistência técnica e sua que relativiza outros fatores de produção, como a
difusão. A inacessibilidade à tecnologia moderna terra e o trabalho. No livro, Buainain et al. (2014b)
foi apontada em diversos capítulos do livro como ampliam o debate a respeito da financeirização,
uma das verificações empíricas mais importan- processo que vem elevando os custos da produção
tes que atualmente caracterizam o campo bra- e os riscos dos agricultores ao radicalizar a mercan-
sileiro, afirmando padrões de heterogeneidade tilização da produção e exigir sistemas qualificados
estrutural que vêm encurralando os produtores, de gestão, como os “condicionantes do novo
especialmente os médios e pequenos; a última padrão de acumulação” da agricultura brasileira.
seção organiza informações que discutem ten- Esses fenômenos ocorrem em uma conjuntura de
dências demográficas, apuradas pelas Pnads ou exacerbação tecnológica schumpeteriana, impon-
via censos demográficos, e oferecem uma visão do crescente tensionamento concorrencial entre
preocupante, pois apontam para o crescente os agentes econômicos e, também, ampliando os
esvaziamento das regiões rurais. ganhos de escala, que aprofundam ainda mais a
Oferecendo conhecimento relevante, em desigualdade geral entre os grupos de produtores.
boa parte inédito, e seguindo uma lógica geral Desse modo, os agricultores somente serão capa-
consistente, o livro representa, sobretudo, uma zes de manter-se na atividade se sua produção for
verdadeira agenda de pesquisa sobre os proces- convergente com as demandas do mercado. Ou
sos sociais rurais. Poderá, portanto, estimular as seja, necessitam transformar as formas de produzir
ciências sociais que se dedicam a esses campos excedentes, a gestão do estabelecimento e a inte-
disciplinares, viabilizando novos aprendizados gração aos processos de acumulação impulsiona-
que permitam interpretar mais corretamente o dos pelas cadeias produtivas. Em síntese, estaria em
desenvolvimento agrário do Brasil. curso o aprofundamento da “mercantilização da
sobrevivência”, de acordo com a descrição desta-
cada por Bernstein (2011). Devem igualmente aten-
Existe um “novo padrão der às crescentes demandas sanitárias e ambientais
exigidas pelos novos consumidores em busca de
agrário e agrícola”? alimentos seguros e sustentáveis. A agropecuária,
Delimitar as periodizações verificadas ao ser pressionada pelo mercado transforma-
no desenvolvimento da agricultura brasileira é -se cada vez mais em atividade propriamente
uma tarefa analítica desafiadora. Há uma vasta econômica, em seu sentido mais rígido – dessa
literatura que trata das repercussões socioeco- forma, reduzem-se as margens e estreitam-se as
nômicas e culturais ocorridas nas regiões rurais possibilidades de manobra, de sustentabilidade e
no último meio século, especialmente aquelas de sobrevivência dos estabelecimentos de menor
associadas à expressão “modernização da agri- porte econômico.
cultura”, cunhada para identificar a expansão No livro, as contribuições de Balestro
produtiva verificada a partir da década de 1970. e Lourenço (2014) oferecem um foco pouco
Desenvolve-se um conjunto de transformações explorado pela literatura, ao tratar dos aspectos
nas regiões rurais a partir de meados da déca- teóricos e empíricos da extensão e do papel
da de 1990, traduzido especialmente por seus determinante dos agentes financeiros na oferta
efeitos no expressivo crescimento material e sua de ativos. Essa é uma realidade que está am-
ancoragem financeira em curso naquelas de
pliando o fenômeno geral da financeirização das
maior dinâmica agrícola. Indicaria isso uma nova
atividades agropecuárias brasileiras. Destacam
lógica de acumulação?
ainda o crescente estoque de ativos financeiros
O argumento chave de Buanain et al. (2013) não bancários vis-à-vis o estoque total de capital
realça o caráter preponderante do capital “em financeiro – estimam que passou de 4% em 1991
todas as suas modalidades” como o elemento para 40% em 2010. A ausência de regulação dos

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investimentos não bancários no setor agropecuá- Filho (2014) atenta para o funcionamento dos
rio poderá produzir assimetria ainda maior na mercados agropecuários em cadeias agroindus-
distribuição dos recursos nas cadeias geradoras triais, notadamente mercados imperfeitos, assi-
de valor, com repercussões negativas nas rela- métricos e centralizados, em que os agricultores
ções de trabalho e no uso dos recursos naturais. têm pouco poder de barganha.
Esse aspecto tem relação direta com o papel Por fim, o artigo de Oliveira (2014) apre-
regulador do Estado, que tem sido parcialmente senta uma visão realista da situação de infraes-
enfraquecido, pois o poder dos agentes privados trutura que se reflete nas transações comerciais
cria sua própria regulação em detrimento das nacionais e internacionais do mercado agrope-
macropolíticas sociais e industriais. cuário. Sugere que as debilidades intensificam a
O artigo de Zylbersztajn (2014), por sua seletividade entre os agricultores, amparando a
vez, analisa a coordenação e a nova governança materialização da “tese da argentinização” em
em formação, centrada na compreensão sobre os curso nas regiões rurais, por meio da diferencia-
sistemas agroindustriais (SAGs), que articulam a ção social e posterior exclusão dos mercados dos
interdependência entre a agricultura e os demais estabelecimentos de menor porte econômico.
setores da sociedade. A análise ilustra empirica- Os seis artigos citados, contidos na Parte 2
mente a visão sobre o novo padrão da agropecuária (BUAINAIN et al., 2014a, p. 209-369), ampliam os
brasileira, identificando as mudanças observadas argumentos sobre a caracterização da nova fase
ao longo do tempo a partir dos SAGs estruturados. de desenvolvimento agrário e exploram as poten-
Desse modo, as inovações são importantes canais cialidades e limitações teóricas e analíticas. Abre-
de apreciação monetária, e, neles, os fluxos de se assim uma oportunidade para construir uma
informações têm relevância central. consistente agenda de pesquisas para as ciências
Já o artigo de Saes e Silveira (2014) subli- sociais e agrárias – a intensa monetarização da
nha as principais tendências das atuais cadeias vida social, a crescente intensificação tecnológica
agrícolas. O texto explicita as transformações e o acirramento concorrencial indicam os traços
institucionais que fundamentaram o novo padrão comuns que ora lapidam o novo período de acu-
agrário e agrícola, por meio do acirramento con- mulação nas regiões rurais brasileiras.
correncial, decorrente de mercados assimétricos
que, por isso, tornaram-se concentrados. O texto
destaca o papel desenvolvido pelas empresas O determinante financeiro
fornecedoras de insumos e pelas tradings na Um dos argumentos centrais para insistir
produção e comercialização de produtos agríco- sobre a vigência de um novo padrão agrário
las, e registra também o grau de externalização e e agrícola – enquanto um distinto modo de
monetarização das atividades agropecuárias por acumulação – diz respeito ao agora amplo e
meio do custeio das safras, denominadas barter, aprofundado papel determinante do capital fi-
transformadas em forte elemento de acumulação nanceiro, especialmente nas regiões rurais onde
privada de capital. Os autores chamam a atenção prevalecem cultivos de maior dinamismo produ-
também para a criação de uma nova função para tivo. Essa mudança, usualmente englobada sob a
as organizações dos agricultores, que poderiam expressão “financeirização da sociedade”, vai se
reduzir as assimetrias e conflitos distributivos ao tornando corriqueira, também aplicada a outros
se aliar às organizações dos consumidores para setores e atividades econômicas e, até mesmo,
estabelecer relações cooperativas. Além disso, igualmente utilizada para explicar o período
o Estado deveria ter um papel mais atuante na contemporâneo e suas facetas civilizatórias mais
defesa e sustentação das políticas de proteção e gerais. Trata-se de uma noção ainda em cons-
renda aos agricultores. Para tanto, em comple- trução conceitual, mas se refere a um fenômeno
mento analítico relevante, o trabalho de Souza histórico observado no último meio século – a

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passagem do capitalismo industrial para o capi- fortes importadoras: o Oriente Médio, com déficit
talismo financeiro. O que une tais estudos é uma de US$ 79 bilhões, e a China, com o maior déficit:
visão comum sobre os determinantes financei- US$ 95 bilhões.
ros, que iriam
São números que, entre outros, formam o
[...] além de seu papel tradicional como prove- pano de fundo empírico do comentário sobre
dor de capital para a economia produtiva. Em a produção de riqueza sob um novo modo de
seu lugar, os estudos sobre a financeirização acumulação que vem se instalando nas regiões
interrogam se um espaço crescentemente
rurais – a máquina de produção de riqueza,
autônomo das finanças globais altera a lógica
subjacente à economia industrial e o funciona- crescentemente dominada por determinantes
mento mais profundo da sociedade democrá- financeiros e atores urbanos privados, incluindo
tica. (ZWAN, 2014, p. 99-100). também capitais globais de investidores. No
livro ora analisado, tais aspectos são discutidos
O capitalismo financeiro especifica uma sob diversos focos iluminadores, especialmente
forma de capitalismo, sob o qual as estruturas fi-
na Parte 2 (BUAINAIN et al., 2014a, p. 209-369),
nanceiras se tornam a função dominante na eco-
composta por seis capítulos. Os autores dessa
nomia e estendem sua influência e determinação
parte, com variadas ênfases de aceitação analíti-
para outras esferas societárias, como a social e a
ca, apontam a lenta constituição, especialmente
política. O termo financeirização estaria se refe-
na década de 1990, de uma nova institucionali-
rindo à rede de processos inter-relacionados, in-
dade, necessária para dar concretude ao novo
cluindo os aspectos culturais e simbólicos, além
padrão, enquanto se desenvolvem condicionan-
dos econômicos, que gradualmente vão recon-
tes inéditos na história rural brasileira. Entre estes
figurando as sociedades modernas. Extrapola o
últimos, estão a formação tornada definitiva de
exclusivamente monetário, pois adentra o plano
um contexto que acirra a concorrência no fun-
dos comportamentos sociais e das mentalidades
cionamento dos mercados; a emergência de no-
coletivas.
vos regramentos regulatórios, em contraposição
Ilustrando esse emergente padrão de acu- ao ambiente liberalizante desenvolvido naquela
mulação, considere a balança comercial da agro- década citada; as crescentes exigências man-
pecuária de alguns países exportadores e alguns datórias em relação à sanidade e à segurança
importadores, conforme os dados da Organização dos alimentos; e os novos preceitos imperativos
Mundial do Comércio: em 1990, países tradicio- decorrentes de aspectos ambientais.
nalmente exportadores de mercadorias agrícolas
A financeirização não seria mais do que
obtiveram saldos positivos: Estados Unidos,
“a radicalização do processo de mercantilização
US$ 19 bilhões; Brasil, US$ 7 bilhões; e Argentina,
da produção”, incluindo a cadeia agroalimentar
US$ 7 bilhões. Naquele mesmo ano, foram de-
ficitárias as balanças de alguns tradicionais im- e os agentes privados a elas relacionados, alguns
portadores de alimentos: Japão, US$ 47 bilhões; remotos, como os fundos de investidores de ou-
Coreia do Sul, US$ 7 bilhões; e União Europeia, tros países que passaram a aplicar em atividades
US$ 34 bilhões. Um quarto de século depois, agropecuárias. Pois
em 2013, os números se tornaram muito mais [...] a origem desse grande poder das finanças
significativos: do lado dos exportadores, o Brasil passa pelo progressivo deslocamento de um
explodiu como principal ofertante, e o saldo de sistema de financiamento baseado em bancos
sua balança agrícola chegou a US$ 76 bilhões – o [como existiu no passado] para um sistema
baseado no mercado de capitais (BALESTRO;
saldo da Argentina foi de US$ 39 bilhões e o dos
LOURENÇO, 2014, p. 246)
Estados Unidos, de US$ 29 bilhões. Enquanto
isso, entre os importadores, o Japão ampliou seu na prática maximizando valor aos acionistas,
déficit em relação à importação de alimentos, quase sempre agrupados em investidores institu-
US$ 75 bilhões, e duas novas regiões se tornaram cionais.

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O condutor principal na vida dos processos de divisão público-privada para
o sistema de pesquisa agrícola, a manutenção
da produção: as inovações
do padrão tecnológico vigente, que exige maior
Na discussão sobre o novo padrão, o tema atenção do produtor rural, e a necessidade de
“inovações” na agricultura brasileira mereceu introduzir sistemas de informação e controle de
destaque especial no livro, congregando artigos processos. Como pano de fundo, está a cres-
que, ao discutirem a trajetória tecnológica, con- cente escassez do fator trabalho, que provoca
vergem no tratamento histórico dos fatos e se mudanças estruturais inéditas na configuração
complementam em suas respectivas interpreta- produtiva da agropecuária.
ções. Os artigos de Silveira (2014) e Vieira Filho
O papel dos agentes privados na mudança
(2014) tomam essa trajetória em meio século, e
do agronegócio brasileiro, caracterizado tanto
suas análises refletem a transição de uma agricul-
por inovações de natureza tecnológica quanto
tura estagnada e primitiva, na década de 1960,
por aquelas dirigidas à gestão, é abordado por
para uma agricultura dinâmica típica da atualida-
Galvão (2014). Embora o autor reconheça a exis-
de, com taxas crescentes de produtividade, que
tência de outras vias virtuosas, sejam as de ocor-
permitiram que o Brasil passasse de importador
rência exclusiva da esfera estatal, sejam outras
a exportador de alimentos. Ambos enfatizam
iniciativas em corresponsabilidade com setores
o papel crucial do sistema de pesquisa agrícola
sociais, o protagonismo da iniciativa privada tem
na alavancagem do setor, via a incorporação da
sido fundamental para conferir maior compe-
inovação tecnológica. Vieira Filho (2014) associa
titividade aos produtos e bons mecanismos de
à pesquisa o papel desempenhado pela extensão
gestão de riscos, o que incentivou o progresso
rural e pelo crédito rural no processo de moderni-
do agronegócio nas últimas décadas. Esse papel
zação da agricultura. Já Silveira (2014) traz na sua
é fortalecido na medida em que ocorrem as
interpretação uma teoria econômica da inovação,
inúmeras fusões e aquisições no agronegócio
na qual se estuda o fomento à probabilidade de
brasileiro, sobretudo pela verticalização “para
maior integração das tecnologias. No entanto, o
cima” das multinacionais esmagadoras de grãos
processo de inovação tecnológica não se deu sob
e pela transformação das corporações de agro-
distribuição uniforme – no tempo, no espaço nem
químicos em indústrias de maior abrangência no
no âmbito das cadeias produtivas. O complexo
desenvolvimento de produtos.
carne–grãos, ressaltado por Silveira (2014), ilustra
a perspectiva de diferenciação entre produtores Um dos pilares da transformação tec-
e regiões, criando heterogeneidade produtiva, fa- nológica e produtiva da agricultura brasileira,
ceta igualmente analisada por Vieira Filho (2014). a pesquisa é tratada com especificidade por
Salles-Filho e Bin (2014) a partir de uma questão-
Considerando a
chave: o que está mudando na pesquisa agro-
[...] sofisticação do mercado interno, a diver- pecuária, como ela está e para onde caminha?
sificação do padrão alimentar, o adensamento Inicialmente, os autores corroboram os demais
das cadeias globais de alimentação e os novos autores ao refletirem sobre a trajetória tecnológi-
padrões de demanda de um mundo que en- ca da agricultura brasileira nos últimos 50 anos.
velhece rapidamente (SILVEIRA, 2014, p. 391),
É o “crowding-out às avessas”, um deslocamento
esse autor também põe em xeque nossa capa- do protagonismo da pesquisa e desenvolvimento
cidade de resposta sobre a viabilidade ou não pelas organizações públicas de pesquisa (OPPs)
de manter a inserção da agricultura brasileira no para as empresas privadas, sobretudo na área
comércio mundial. No entanto, aponta os fatores biológica (genética vegetal e animal). Nesse
que podem contribuir para o debate: a necessi- ponto, são argumentos que convergem com
dade de mão de obra qualificada para atender as observações de Galvão (2014), pois Salles-
às demandas do agronegócio, a redefiniçao -Filho e Bin (2014) demonstram existir a concen-

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tração econômica na produção e comercializa- empresário rural, o autor destaca que a diferen-
ção de tecnologia agropecuária. Desenvolve-se, ça não se dá pelo tamanho, mas pelos valores
em consequência, a junção do poder de P&D e pela lógica social, econômica e política que
com o poder de mercado, pois “ambos ali- os norteiam, ilustrando com o papel que a terra
mentam-se e ajudam a definir trajetórias tec- pode desempenhar em cada caso específico.
nológicas” (SALLES-FILHO; BIN, 2014, p. 429).
Ao adentrarem a análise do processo de “fazer
pesquisa” e a perspectiva de uma agenda de Ganhadores e perdedores: há
pesquisa virar inovação, especificamente voltada um lugar para a agricultura de
para a sustentabilidade da pequena produção, menor porte econômico?
os autores analisam a “crença” da pesquisa pú-
blica de que a tecnologia e a produtividade dos Talvez um dos temas mais discutidos na
sistemas agrícolas são suficientes para erradicar publicação ora analisada seja o “lugar social dos
a pobreza e a fome e melhorar as condições de pequenos produtores” ante o processo expansivo
vida da população rural – pela geração de bens da agropecuária nesses anos recentes. Em épo-
públicos voltados à produção agrícola. cas de alto crescimento de um setor econômico,
inevitavelmente se acirra a competição entre os
O desenvolvimento tecnológico da agri- agentes envolvidos e são intensificados os meca-
cultura, assentado nas inovações biológicas, nismos de diferenciação social. Parte considerá-
físico-químicas e mecânicas, e voltado para vel dos capítulos do livro tratou especificamente
elevar a produtividade dos fatores de produção, do tema, enquanto outro grupo expressivo lidou
inicialmente atuando fortemente dentro da por- com o assunto de forma indireta. Talvez seja
teira, desempenhou papel importante nas trans- oportuno destacar que muitos dos trabalhos
formações do agrário brasileiro. Essas mudanças foram de alguma forma motivados pela tese cen-
alcançaram patamares externos às propriedades tral do projeto. Ela indica a existência no período
– os sistemas agroindustriais, novos processos recente da combinação entre a crescente deter-
de governança e coordenação, numa esfera minação financeira e a (igualmente crescente)
global, e, portanto, dimensões mais complexas complexidade organizacional decorrente de no-
e que exigem análises e interpretações teóricas vos desafios operacionais das inovações introdu-
variadas. Para dar conta dessa complexidade, se- zidas nas cadeias agroalimentares. O resultado
gundo Salles-Filho e Bin (2014), faz-se necessário prático dessa convergência vem sendo, de um
incorporar outras dimensões da inovação, as lado, a concentração da produção e, de outro,
organizacionais, as institucionais e comerciais, o aprofundamento de mecanismos de seleção
criando assim ambientes propícios para que a social, dessa forma encurralando principalmente
inovação de realmente ocorra. os produtores de menor porte – os médios e os
Um aspecto pouco presente nas aborda- menores e mais pobres. Em consequência, a dis-
gens são os impactos das inovações, sobretudo cussão das teses propostas inevitaelmente lidaria
nos desdobramentos sociais, que podem ser com “o destino dos pequenos produtores” nessa
negativos, desorganizadores e penosos. Como época histórica vivida pelo desenvolvimento da
uma voz dissonante e observando a partir de agropecuária brasileira.
outra ótica disciplinar, Martins (2014), ao tratar Já no capítulo que abre o livro, a ênfase do
da dinâmica social que transforma o “mundo ru- autor foi a persistência de padrões assimétricos
ral” e a agricultura, coloca o ser social presente na desigualdade de renda, inclusive porque
nesse espaço social não exclusivamente como o [...] não se corrigiu efetivamente o acesso aos
Homo economicus, mas como um ser dotado meios de produção (inclusive à terra), nem se
de outras racionalidades. Comparando agentes cuidou da qualificação da força de trabalho
econômicos da agricultura familiar com o grande (BARROS, 2014, p. 110),

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mas outros capítulos iniciais indiretamente [...] de nada adianta desenvolver a melhor
também discutiram as chances econômicas dos tecnologia se, na ponta da cadeia, o produtor
pequenos produtores, seja por meio de sua inte- agrícola não está apto a incorporar e a assi-
gração aos mercados externos (CONTINI, 2014), milar os novos conhecimentos (VIEIRA FILHO,
2014, p. 419).
seja quando ameaçados pelos riscos inerentes
às atividades agropecuárias em face do “novo Contudo, é nas partes 4, 5 e 7 do livro e
padrão” antes citado (BUAINAIN et al., 2014a) parcialmente na Parte 6 que se discute, especi-
– o risco financeiro à frente dos outros. Cria-se, ficamente, as chances, sobretudo econômicas,
em consequência, um desafio inédito para os dos pequenos produtores rurais brasileiros. A
pequenos produtores, que é a necessidade de comparação das Pnads durante duas décadas,
obter acesso aos mercados do dinheiro, o que por exemplo, sugeriu claras tendências à redu-
permitirá sua modernização tecnológica e pro- ção das oportunidades de ocupação em pratica-
moverá o aumento da produtividade, que, por mente todas as regiões rurais brasileiras (MAIA;
sua vez, fará com que uma parte desse vasto SAKAMOTO, 2014).
conjunto de produtores tenha novas oportunida-
Outros textos analisaram a persistência, ou
des de integração aos diversos mercados.
não, de uma “questão agrária” no Brasil, o que
Os conjuntos iniciais de artigos do livro – é o mesmo que analisar se existiria atualmente,
comentados nas seções anteriores –, que lidam como no passado, uma “questão social” no
com a dimensão financeira do novo padrão de campo e, assim, situações de pobreza rural que
expansão instituída nos anos recentes, como os seriam de ampla magnitude ou, então, o rebai-
artigos agrupados na Parte 3, que discute o tema xamento dos salários rurais diante de uma oferta
das “inovações”, também enfocam o vasto con- histórica inelástica daquele fator de produção.
junto de pequenos produtores. No primeiro caso, Reside aqui, inclusive, uma das maiores evidên-
para salientar que o crescimento da atividade cias empíricas comprobatórias da existência de
nessa fase mais recente introduziu mecanismos um “novo padrão” ora vigente nas atividades
financeiros inéditos, inclusive pelos agentes agropecuárias, pois é um emergente período
privados, que também passaram a intermediar o que inverteu aquela oferta de mão de obra que
processo de modernização tecnológica. Sob essa sempre imperou nas regiões rurais. Atualmente,
tendência, as relações entre os agentes financei- a escassez é a marca do trabalho rural, o que
ros têm privilegiado os produtores de maior porte, diversos capítulos do livro apontam:
favorecendo a agricultura de larga escala.
[...] as mudanças começaram a refletir-se
Introduzido o tema das “inovações”, torna- nas condições e na dinâmica do mercado de
se ainda mais clara a magnitude das ameaças que trabalho, hoje marcado pela forte redução da
atualmente pairam sobre esse grande conjunto população rural e pela redução da demanda
de famílias rurais que comanda a produção agrí- de mão de obra permanente e temporária,
cola de menor porte econômico. Os artigos, en- pelo menos nos segmentos mais dinâmicos do
agronegócio (GARCIA, 2014, p. 584).
quanto analisam especificamente outros temas,
apontam algumas das implicações diretas para Mas há também outro conjunto de artigos
essas famílias. Se a estruturação de sofisticadas que analisa diretamente a situação atual e as ten-
cadeias produtivas aumenta a produtividade dências mais evidentes acerca das possibilidades
geral, gerando mais valor, futuras dos pequenos produtores. Em um deles,
[...] não se pode esperar que os ganhos de por exemplo, até mesmo a designação de “agri-
eficiência que conferem competitividade às cultura familiar” é problematizada (PEDROSO,
cadeias agroindustriais sejam distribuídos en- 2014).
tre os agentes (SOUZA FILHO, 2014, p. 320)
Por fim, três capítulos, especificamente, ana-
e lisaram os estabelecimentos rurais de menor porte

Ano XXV – No 1 – Jan./Fev./Mar. 2016 85


econômico, na Parte 6 do livro. Dois deles discu- outro, e o setor agropecuário, apesar de contri-
tem situações regionais, o primeiro no Nordeste buir com a produção de alimentos e com saldos
rural e o segundo na região Amazônica. O terceiro comerciais positivos, tem sido, muitas vezes, o
discute o tema da sucessão familiar nas regiões de setor sacrificado. Sua interpretação admite supor
pequena produção. No primeiro capítulo, os auto- não apenas que o governo vem diminuindo sua
res segmentaram diferentemente os subgrupos de incidência decisória sobre a agropecuária, mas
pequenos produtores, concluindo que também que as políticas do setor, comparadas
[...] dadas as condições sociais e edafoclimá- com as da indústria, igualmente demonstram
ticas da região semiárida do Nordeste, uma uma ação crescentemente discreta do Estado.
considerável parte dos pequenos estabeleci- A Parte 6 é dedicada às políticas, com
mentos rurais ali situados é inviável à atividade
ênfase na quinta tese, e o primeiro capítulo usa
agrícola (SILVA; COSTA, 2014, p. 949).
um recorte temporal, distribuindo a ação go-
Enquanto isso, ao estudar o caso da vernamental ao longo do tempo. Seriam três os
Amazônia, os autores sugerem que períodos de intervenção estatal (SANTANA et al.,
[...] a pequena produção deve ficar restrita às 2014). No primeiro, 1960–1989, a situação de
atividades intensivas em mão de obra (...) os escassez de alimentos em contextos de acelerada
projetos visando o aproveitamento dos recursos urbanização e aumento de renda resultou em
da natureza (...) exigem pesados investimentos inflação e crises de abastecimento. Para enfrentar
governamentais (...) e resultam em baixa re- esses desafios, duas foram as linhas fundamentais:
muneração aos participantes (HOMMA et al., aumentar a produtividade via mudanças de mé-
2014, p. 1000),
todo de produção e uso de insumos modernos;
embora diversos estudos comecem a demons- e ambém enfrentar os problemas relacionados à
trar que a escassez de força de trabalho já afeta infraestrutura e à comercialização de alimentos.
também os pequenos estabelecimentos. Como Isso demandou forte intervenção do Estado, con-
tem ocorrido também na região Amazônica uma siderada uma “intervenção planejada”, que resul-
visível tendência ao esvaziamento do campo, a tou em um aumento da produção agropecuária,
primeira recomendação vem se tornando igual- embora aprofundando a desigualdade entre os
mente problemática de ser viabilizada. produtores, já que os beneficiários das políticas
foram os grandes e médios produtores. Mas no
início da década de 1980 o dinamismo produtivo
O novo tempo da estancou e voltaram as crises de abastecimento,
ação governamental interrompendo aquela diretriz, substituída por
um “modelo de intervenção conjuntural” que se
As políticas estatais são o tema da quin-
caracterizou por intervenções meramente reativas
ta tese, que sustenta que o papel do Estado
aos problemas. Com o fracasso do Plano Cruzado
mudou (ou deveria mudar), porque sua ação
(1987), esse modelo se transformou em uma for-
perdeu importância ou porque os desafios
ma de “intervenção caótica”, ou seja, respostas a
atuais são mais complexos. Assim, o Estado
demandas fragmentadas, ainda que conflitantes
estaria saindo discretamente do setor agrícola.
entre si, seja em relação aos meios disponíveis,
O primeiro capítulo da Parte 1 e os três capítu-
seja em relação aos objetivos iniciais.
los da Parte 6 do livro enfocam essa discussão.
O capítulo que abre o livro analisa as relações O período que se estende de 1990 a 2003
entre as políticas públicas e os setores agrope- foi de forte reorientação das políticas agrícolas,
cuário e industrial, permitindo ao leitor construir dada a incapacidade fiscal e operacional do
uma linha do tempo que compara as ações e Estado de sustentar as antigas políticas. Isso
os resultados. Barros (2014) argumenta que só resultou em redução da participação das fontes
é possível favorecer um setor em detrimento de públicas, e reguladas, de financiamento do cré-

86 Ano XXV – No 1 – Jan./Fev./Mar. 2016


dito rural, o que criou um ambiente mais libe- na econômica, é garantir que elas tenham acesso
ralizante. A relativa retirada de apoio do Estado a novas tecnologias, ao crédito e à extensão rural.
à agricultura foi por causa da falta de recursos, Na conclusão desse artigo, são apontados os
mas transitória, pois a partir de 2003 a partici- pontos positivos dos instrumentos usados, mas há
pação estatal voltou a crescer, beneficiada pelo uma ressalva de que há pulverização de recursos
“boom” de commodities do período. em múltiplas ações e que existem lacunas em
áreas importantes, como a da defesa sanitária.
Os autores do citado artigo (SANTANA
et al., 2014) consideram que a fase atual, Por fim, o último capítulo a ser destacado
2004–2014, ainda é de transição da velha para a é o de Gasques e Bastos (2014), que analisa
nova política, pois o governo mantém um papel dados das despesas do governo executadas
central no financiamento – atrasos rotineiros nas nas duas funções: “agricultura”, que reúne as
liberações de crédito e distorções na alocação despesas realizadas pela União nos programas
entre os beneficiários são problemas que per- e ações típicas da agropecuária – como gastos
sistem. Destacam também que dois problemas com política de comercialização, crédito rural,
permanecem desde a década de 1980: os recur- pesquisa agropecuária, defesa sanitária e defesa
sos são insuficientes para atender à demanda e o vegetal – e “organização agrária”, na qual estão
custo elevado de financiamento para o Tesouro incluídos os gastos relacionados às despesas fun-
(SANTANA et al., 2014). Mesmo que o setor pri- diárias, como reforma agrária e assentamentos.
vado esteja financiando parcialmente algumas
Entre os principais resultados dessa aná-
cadeias produtivas, com compra de insumos e
lise, está a verificação de que houve redução,
venda do produto antecipado, o resultado é que
em termos reais, de R$ 100 bilhões entre os
o setor como um todo tem sido subfinanciado.
decênios 1990–1999 e 2000–2009, corte de
No capítulo imediato, Buainain et al. recursos que incidiu exclusivamente sobre a
(2014c) discutem a existência de uma ênfase função agricultura. As mudanças que causaram
preferencial da política agrícola no financiamento essa redução foram estas: corte nos subsídios
da produção. Os principais instrumentos usados agrícolas, criação de novas fontes de crédito e
são o crédito rural, o seguro e a inserção dos criação de novos meios de comercialização. Os
pequenos produtores no mercado. Com relação gastos públicos em agricultura e organização
ao crédito rural, dadas as especificidades do setor, agrária foram equivalentes, no último ano ana-
admite-se que ele é indispensável à agropecuária. lisado (2009), a 1,43% do gasto total da União.
Mas persistem diversos desafios – defesa sanitária
Por fim, os autores destacaram o Pronaf
vegetal e animal, comércio exterior, infraestrutura
como o programa prioritário do governo: incluin-
e logística e a regulação de várias áreas – ques
do as duas funções citadas, o programa respon-
não têm recebido a atenção necessária. Para in-
deu por 19,4% do total das despesas executadas
centivar o uso do segundo instrumento, o seguro
em 2013. Já os gastos com defesa agropecuária,
rural, o governo criou o Programa de Subvenção
que reúne ações de vigilância sanitária animal e
ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), em 2003,
vegetal e as ações de fiscalização do Mapa, foram
iniciativa de grande importância porque pode
equivalentes a 1,4% dos gastos da função agri-
aproximar empresas seguradoras e uma atividade
cultura em 2013. Ou seja, ações essenciais não
de alto risco, como a agricultura. Uma subvenção
têm recebido recursos correspondentes à sua im-
ao produtor foi instituída, e o prêmio diminuído.
portância. Aqui, existe um tema para uma futura
O terceiro foco prioritário tem sido a inser- agenda de pesquisa, pois a ação governamental
ção da pequena agricultura nos mercados, anco- tem sido marcada por algum grau de populismo,
rada no Programa Nacional de Fortalecimento como é o caso dos “programas sociais” antes cita-
da Agricultura Familiar (Pronaf). O objetivo, para dos – populistas porque não apontam uma porta
possibilitar a inclusão dos pequenos produtores de saída –, o que reduz o peso de uma política

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agrícola centrada na produção e competitividade, [...] melhorar a produção de cada estabeleci-
sobretudo em termos internacionais. Os capítulos mento tem que ser o foco de qualquer pro-
apontam mudanças na atuação do governo, e o grama que busque uma solução agrícola para
último deles apresenta dados que mostram que o problema do êxodo (ALVES; SOUZA, 2014,
p. 280).
de fato teria ocorrido uma diminuição de recursos
para o setor. Todos, portanto, de alguma forma A Parte 6 do livro retoma a tese sobre o
corroboram a quinta tese. período inicial de modernização da agricultura,
incisivamente induzida pelo Estado, combinan-
do crédito rural, pesquisa agrícola e assistência
Sob o novo padrão, que Ater pública estatal. Nessa fase, diversos agentes
seria a mais adequada? privados surgiram e passaram a se dedicar à pro-
dução de pesquisa, à difusão de inovações e à
Na história do desenvolvimento agrícola, crescente disputa pela riqueza. Mas foi também
o acesso às tecnologias por meio da assistência sugerido que o Estado vem “saindo à francesa”,
técnica e extensão rural (Ater) vem determi- reduzindo o total dos gastos públicos na agricul-
nando importantes mudanças econômicas na tura. Abriu-se então a fase atual, na qual os agen-
atividade. E no período recente essa possibilida- tes privados passaram a ser os principais atores
de se tornou ainda mais urgente por causa da do crescimento, inclusive prestando serviços de
formação e das características do “novo padrão assistência técnica. Dois capítulos merecem des-
agrícola”. No livro, diversos autores sugerem taque sobre o assunto: Mudanças e desafios da
que os processos de acirramento concorrencial extensão rural no Brasil e no mundo, de Marcus
se tornaram mais agudos nesse período, pois Peixoto, e Desafios da Agência de Extensão Rural,
requerem montantes de capital maiores e são de Eliseu Alves e Geraldo da Silva e Souza. Estes
condicionados por crescente complexidade na últimos, inclusive, argumentam que uma parte
integração às cadeias produtivas, sobretudo nas significativa dos produtores “não tem chance” de
regiões onde tais cadeias são mais rígidas. Souza persistir na atividade enquanto agricultores e não
Filho (2014), por exemplo, é categórico quando apenas como “moradores das regiões rurais”. Em
afirma que a agregação de valor produzida rara- vista do “novo padrão”, Peixoto argumenta que
mente será distribuída de forma justa, sugerindo as ações do Estado devem ser complementadas
que a parte mais vulnerável são os produtores de por outras que promovam o financiamento pú-
menor porte econômico. blico da contratação direta de serviços privados
Embora com argumentos distintos, a maio- de assistência técnica, o que universalizaria tais
ria dos artigos aponta que as restrições de acesso serviços (PEIXOTO, 2014, p. 894).
à tecnologia e à informação podem ser fatais a Os esforços de reforma do setor público e
um conjunto cada vez mais significativo de pe- o envolvimento crescente do setor privado e do
quenos produtores. Por isso, o tema da assistên- terceiro setor trouxeram diversos desafios, e os
cia técnica e da extensão rural tem surgido com autores discutem muitos deles. Primeiramente,
destaque nos anos recentes. Alves e Souza (2014) a assintonia crescente entre os profissionais de
mostram a gigantesca concentração do valor da Ater, pois os agentes do setor público comumen-
produção agropecuária, mas argumentam que o te são generalistas, enquanto os profissionais
tema central não é ser contra os investimentos vinculados às firmas privadas comandam com
públicos na agricultura, expressivos também nos frequência uma informação especializada de
países avançados, mas sem impedir as migrações aplicabilidade imediata, centrada no sucesso
e o esvaziamento do campo. A pergunta seria na comercialização, distinção que valoriza mais
outra: há condições objetivas para contrapor-se estes últimos profissionais. Um segundo tema
aos fatores que estimulam o abandono do cam- diz respeito à necessidade de instituir formas
po? Por isso, insistem que variadas de serviços de Ater e de extensão rural,

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conformando um “mercado de serviços de exten- se resolverá somente com a ampliação da Ater
são”, condicionado pelo ambiente institucional, – é preciso aumentar o valor de sua produção
pelas políticas para a inovação e pela qualidade e, para isso, nem mesmo o foco centrado com
dos serviços – o objetivo já não é um serviço exclusividade no interior do estabelecimento
unificado do setor público, mas uma rede multi- será capaz de assegurar a permanência dos pe-
-institucional de sustentação do conhecimento e quenos produtores rurais, pois existem diversas
da informação para as populações rurais. assimetrias, sob o que intitulam de “entorno
dos estabelecimentos”, que também requerem,
Um terceiro tema sugere que os formula-
com urgência, um novo foco dos serviços de
dores de políticas públicas devem considerar
Ater. Em síntese, os artigos que discutem o tema
o sistema de extensão rural completo ao alocar
também sugerem uma nova pauta de pesquisa,
fundos ou procurar arranjos de financiamento
pois o acesso à tecnologia requer dos seus for-
alternativos para o setor público. Tal estratégia
muladores e estudiosos uma visão radicalmente
exige formas novas de financiamento ou cofinan-
diferente do passado, uma que substitua o antigo
ciamento de serviços e, principalmente, requer
foco da adoção de técnicas para o foco das
mecanismos que aumentem a qualidade dos
inovações e, também, a passagem da hoje ob-
serviços proporcionados, pois
soleta visão agrarista para uma perspectiva que
[...] a realidade tem demonstrado que o tabu aceite como determinante principal o imperativo
da Ater paga sentencia o pequeno produtor econômico-financeiro.
à espera de um serviço público de Ater que
nunca chega para todos e compromete as
contas do Estado com um financiamento que
ele não tem condições de assumir (PEIXOTO, Um tema esquecido: as tendências
2014, p. 904). demográficas em curso
Por fim, a discussão trazida à tona pelo No Brasil, depois de duas décadas de
livro e sua tese sobre o “novo padrão agrário e elevadas taxas de crescimento populacional,
agrícola” introduz um tema que é socialmente de 1950 a 1970, o período posterior vem apre-
delicado, mas precisa ser confrontado, tanto sentando desaceleração acentuada do ritmo e
técnica quanto socialmente. Relaciona-se às expressiva alteração da estrutura etária da popu-
chances objetivas de uma imensa parcela de lação, refletindo novas tendências demográficas.
famílias rurais ser mantida como agricultores na Dados do IBGE mostram que dos 52 milhões
atividade. Parece ser consenso que a solução de pessoas em 1950, 64% moravam no meio
agrícola do problema de pobreza passa, neces- rural, enquanto dos quase 191 milhões em 2010
sariamente, pelo aumento do valor da produção somente 16% ainda moravam nas regiões defini-
por estabelecimento, e esse aumento depende das como rurais (ALVES; CAVENAGHI, 2012). A
muito da tecnologia e, portanto, de sua difusão relação entre a oferta de serviços de educação,
para aqueles à margem da modernização. saúde e tecnologia e os processos de mobilidade
e inclusão que esses fatores implicam interfere
A urbanização, as exportações e a escas-
nas alterações demográficas em curso, pois de-
sez de trabalho mudaram a organização da pro-
termina principalmente as escolhas de domicílio,
dução para uma gestão do estabelecimento rural
composição familiar e o acesso ao mundo do
que não é mais centrada em terra e trabalho, mas
trabalho, produzindo assim novos padrões para
que almeja a elevação contínua da produtivida-
a fecundidade e, em decorrência, para o enve-
de. As áreas não especializadas abrigam muitos
lhecimento da população.
produtores, mas o nível de produção é pequeno
quando comparado com o das áreas especia- Embora muitos argumentos, distribuídos
lizadas. Assim, Alves e Souza (2014) advertem nas oito seções do livro, abordaram as origens,
que a solução do problema de pobreza rural não as razões estruturais e as consequências do pro-

Ano XXV – No 1 – Jan./Fev./Mar. 2016 89


cesso de transição demográfica no Brasil, é no Um fato, no entanto, surpreende na
Capítulo 2 da Parte 8, Esvaziamento demográfi- análise: apesar da redução da populacional do
co rural (MAIA, 2014), que são apresentadas, a campo, houve uma dinâmica oposta em relação
partir dos censos demográficos de 1991, 2000 ao número de domicílios, que cresceu. Para o
e 2010, as principais características e dinâmicas autor, esse dado apurado é o resultado das pro-
da população rural – mobilidade seletiva, a nova fundas mudanças já descritas na estrutura das
configuração das famílias e as especificidades famílias rurais, que passaram a ser menores e
regionais. Considerando os estudos da literatura com membros mais velhos, além de ter caído o
e reconhecendo os limites e a complexidade na número de famílias constituídas por casais com
demarcação do que é “espaço rural”, o autor filhos – essas já seriam 12% de acordo com o
aponta para a importância de fatores endógenos Censo Demográfico de 2010.
à estrutura familiar, como a taxa de fecundidade
e a fragmentação das famílias, e fatores exóge- Outro aspecto se refere às desigualdades
nos, como os ganhos de produtividade da agri- regionais, cujos mapas de visualização do artigo
cultura brasileira e a forte desigualdade entre as referido (MAIA, 2014) permitem um primeiro
regiões, como as causas do acentuado processo exercício de caracterização do padrão e da
de transição demográfica das últimas décadas. dinâmica da concentração territorial. Das várias
Dados do IBGE informam que dos 7,3 milhões informações extraídas, a primeira diz respeito à di-
de jovens de 10 a 19 anos que residiam em minuição da participação da população rural em
domicílios rurais em 2000 apenas 4,7 milhões todas as unidades da Federação, principalmente
permaneciam no campo em 2010. Esses dados onde a população rural era mais representativa.
revelam uma ruptura intensa, capaz de desestru- Houve, portanto, uma relativa homogeneização
turar a reprodução social das famílias rurais. da participação da população rural no território
Enquanto isso, a permanência de adultos nacional. Outra evidência permitiu concluir que
de 40 anos ou mais na área rural cresceu de 7,9 se desenvolve um novo padrão de concentração
milhões para 9,4 milhões no mesmo período, o urbana, que avança do Sul ao Centro-Oeste, pois
que representa um processo de envelhecimento nesta última região a participação da população
da população rural – e de masculinização. Os rural não ultrapassa 20%, enquanto participações
procedimentos de transmissão do patrimônio superiores a 30% se mantêm apenas no Norte
familiar, especialmente a terra, usualmente e Nordeste – especialmente no Pará, Maranhão
excluem a mulher da condição de herdeira e Piauí. Em termos absolutos, é possível afirmar
potencial. Além disso, a migração das mulheres que houve um incremento da desigualdade na
para os centros urbanos é reforçada por dois distribuição territorial da população rural, agora
fatores: primeiro, pela deficiência de oferta de concentrada principalmente nos estados menos
infraestrutura e de serviços sociais nos espaços desenvolvidos do Norte e Nordeste. Ao mesmo
rurais, o que reduz as oportunidades de ocupa- tempo, foi no Sul do País que ocorreu a queda
ção remunerada às mulheres, principalmente mais acentuada da população rural.
pelo enraizado preconceito que atribui somente
à mulher a responsabilidade pelas atividades do- O autor conclui questionando sobre o as-
mésticas e o cuidado dos filhos. O segundo fator pecto mais urgente das estatísticas censitárias – a
decorre do nível mais alto de escolaridade que própria definição de espaço rural. Ressalte-se,
as mulheres alcançam, o que possibilita a elas porém, que apesar das limitações do conceito,
exercerem atividades terciárias nas áreas urba- os resultados sustentam importantes mudanças
nas. Já os homens jovens, por causa das ativida- da dinâmica demográfica dos grupos residentes
des de sua unidade produtiva, muitas vezes são em domicílios denominados rurais e urbanos,
forçados a abandonar os estudos (CAMARANO; dadas as importantes alterações ocorridas no
ABRAMOVAY, 1999). interior das famílias brasileiras. Por isso, todos os

90 Ano XXV – No 1 – Jan./Fev./Mar. 2016


indicadores analisados conduzem para a cons- <www.ie.ufrj.br/aparte/pdfs/tendencias_demograficas_e_
tância do esvaziamento rural. de_familia_24ago12.pdf>. Acesso em: 1 out. 2015.
BALESTRO, M. V.; LOURENÇO, L. C. de B. Notas para
uma análise da financeirização do agronegócio: além da
volatilidade dos preços das commodities. In: BUAINAIN,
Conclusões A. M.; ALVES, E.; SILVEIRA, J. M. da; NAVARRO, Z. (Ed.).
O mundo rural no Brasil do século 21: a formação de um
Este artigo pretendeu analisar a estrutura novo padrão agrário e agrícola. Brasília, DF: Embrapa,
central argumentativa do livro O mundo rural 2014. p. 241-265.
no Brasil do século 21: a formação de um novo BARROS, G. S. Agricultura e indústria no
padrão agrário e agrícola, lançado em meados desenvolvimento brasileiro. In: BUAINAIN, A. M.; ALVES,
de 2014. Como a obra é um empreendimento E.; SILVEIRA, J. M. da; NAVARRO, Z. (Ed.). O mundo
rural no Brasil do século 21: a formação de um novo
científico de vasto fôlego analítico, não existe
padrão agrário e agrícola. Brasília, DF: Embrapa, 2014.
aqui espaço hábil para um exame minucioso p. 79-116.
de todos os aspectos, teóricos e empíricos, que BERNSTEIN, H. Dinâmicas de classe da mudança agrária.
surgem da leitura dos quase quarenta artigos que São Paulo: Ed. Unesp, 2011.
formam a coletânea. Por essa razão, este artigo BUAINAIN, A. M.; ALVES, E.; SILVEIRA, J. M. da;
apenas sugere algumas propostas de interpreta- NAVARRO, Z. (Ed.). O mundo rural no Brasil do século
ção oferecidas pelos diversos autores, além de 21: a formação de um novo padrão agrário e agrícola.
comentar criticamente sobre uma pequena parte Brasília, DF: Embrapa, 2014a.
daqueles argumentos. BUAINAIN, A. M.; ALVES, E.; SILVEIRA, J. M. da;
NAVARRO, Z. Sete teses sobre o mundo rural brasileiro.
A principal conclusão é que o livro repre- Revista de Política Agrícola, ano 22, n. 2, p. 105-121,
senta, de fato, uma ampla “agenda de pesquisa” abr./maio./jun. 2013.
para os anos vindouros que permitirá à comuni- BUAINAIN, A. M.; PEDROSO, M. T. M.; VIEIRA JUNIOR,
dade de cientistas sociais interessados no “rural”, P. A.; SILVEIRA, R. L. F. da.; NAVARRO, Z. Quais os
riscos mais relevantes nas atividades agropecuárias?
em todos os seus contornos disciplinares, explorar In: BUAINAIN, A. M.; ALVES, E.; SILVEIRA, J. M. da;
mais profundamente – em pesquisas sobretudo NAVARRO, Z. (Ed.). O mundo rural no Brasil do século
empíricas – os inúmeros ângulos analíticos do 21: a formação de um novo padrão agrário e agrícola.
Brasília, DF: Embrapa, 2014b. p. 175-208.
conjunto de artigos que a obra oferece aos seus
leitores. Espera-se, portanto, que a leitura propos- BUAINAIN, A. M.; SANTANA, C. A. M.; SILVA; F. P.;
GARCIA, J. R.; LOYOLA, P. O tripé da política agrícola
ta neste artigo contribua, ainda que modestamen- brasileira: crédito rural, seguro e Pronaf. In: BUAINAIN,
te, para iluminar uma pequena parte dos possíveis A. M.; ALVES, E.; SILVEIRA, J. M. da; NAVARRO, Z. (Ed.).
temas que formarão a agenda de trabalho da O mundo rural no Brasil do século 21: a formação de um
comunidade de pesquisadores, iniciando-se por novo padrão agrário e agrícola. Brasília, DF: Embrapa,
2014c. p. 793-794.
estudos aprofundados do ponto de partida que
marcou, primeiramente, o artigo das chamadas CAMARANO, A. A.; ABRAMOVAY, R. Êxodo rural
envelhecimento e masculinização no Brasil: panorama
“sete teses” e, posteriormente, o livro: a sugestão dos últimos 50 anos. Rio de Janeiro: IPEA, 1999. (IPEA.
de estar sendo aberto um novo capítulo na histó- Texto para discussão, 621).
ria rural brasileira nesses anos mais recentes. CONTINI, E. Exportações na dinâmica do agronegócio
brasileiro: oportunidades econômicas e responsabilidade
mundial. In: BUAINAIN, A. M.; ALVES, E.; SILVEIRA,
J. M. da; NAVARRO, Z. (Ed.). O mundo rural no Brasil
Referências do século 21: a formação de um novo padrão agrário e
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Rural. In: BUAINAIN, A. M.; ALVES, E.; SILVEIRA, J. M. da;
GALVÃO, A. A nova etapa do desenvolvimento agrário e
NAVARRO, Z. (Ed.). O mundo rural no Brasil do século
o papel dos agentes privados na inovação agropecuária.
21: a formação de um novo padrão agrário e agrícola.
In: BUAINAIN, A. M.; ALVES, E.; SILVEIRA, J. M. da;
Brasília, DF: Embrapa, 2014. p. 925-941.
NAVARRO, Z. (Ed.). O mundo rural no Brasil do século
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Ano XXV – No 1 – Jan./Fev./Mar. 2016 91


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92 Ano XXV – No 1 – Jan./Fev./Mar. 2016

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