Anibal Mattos Fomentador Das Artes Plast
Anibal Mattos Fomentador Das Artes Plast
Anibal Mattos Fomentador Das Artes Plast
Danielle Uchoa
Bacharel em Ciências Sociais/UFMG e pesquisadora do NECC/UFMG
[email protected]
Inês Quiroga
Bacharel em Ciências Sociais/UFMG e pesquisadora do NECC/UFMG
[email protected]
Raquel Rodrigues
Bacharel em Ciências Sociais/UFMG, pesquisadora do NECC/UFMG
[email protected]
Resumo: O mundo das artes plásticas na Belo Horizonte do início do século XX é usualmente caracterizado como essencialmente
precário, tradicional e acadêmico. Esse artigo investiga esse momento e ambiente, focalizando a figura essencial de Aníbal Mattos e
buscando averiguar a validade dessa caracterização recorrente. A atuação do fluminense Aníbal Mattos no fomento artístico e
articulação do meio em Belo Horizonte foi decisiva, de modo que a ênfase do artigo envolve algo de sua abrangente trajetória pes-
soal e institucional nos meios intelectual e artístico da época. Mattos aparece como uma figura dinâmica e fundamental na integração
dos artistas e interessados, por meio da promoção de exposições e instituições de ensino, ainda que efêmeras. A caracterização de
Mattos como articulador de tal relevância lança dúvidas sobre certas determinações correntes acerca da atuação do artista frente a
tentativas modernistas, assim como a tradicional dualidade entre academicismo e modernismo.
Abstract: The world of plastic arts in Belo Horizonte in the early 20th century is typically characterised as inherently precarious, tra-
ditional and academic. This article investigates this period and environment, using as a focal point the essential figure of Aníbal Mattos,
and questions the validity of this recurrent characterization. The authors assert that Mattos’ role in the incentivation and articulation
of the artistic environment in Belo Horizonte was decisive, so much so that the emphases of this article also incorporates some obser-
vations of his personal and institutional trajectory in the intellectual and artistic environment of the time. Within this article it is argued
that Mattos should be seen as a dynamic individual, fundamental to the integration of artists and other interested parties, by promot-
ing exhibitions and education institutions, even if only short lived. This characterization of Mattos as an articulator of such relevance
raises doubts concerning certain common assumptions about the artist’s actions towards the modernist movement, as well as the
popularly perceived duality between academicism and modernism.
Temporalidades - Revista Discente do Programa de Pós-graduação em História da UFMG, vol. 2, n.º 2, Agosto/Dezembro de 2010 - ISSN:1984-6150 - www.fafich.ufmg.br/temporalidades
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suposta ortodoxia aceitava. A Escola de Belas Artes interpretativa mostrada até agora, Silva denuncia a 7
SANTOS, Cristina A. Modernismo em
Minas – literatura e artes plásticas: um
fundada em 1917 por Aníbal Mattos representaria a resistência por parte dos estudiosos em adentrar paradoxo, uma questão em aberto,
importação dos padrões neoclássicos para a capital mais a fundo as manifestações artísticas que não p.194.
duas décadas, Santos defende a hipótese da processo que explicativos do mesmo”12. Aníbal 9
VIEIRA, Ivone Luzia. Vanguarda mod-
ernista nas artes plásticas: Zina Aita e
existência de um mecenato estatal, que durante a Mattos, de acordo com Silva, teria sido vítima dessa Pedro Nava nas Minas Gerais da déca-
da de 20, p.7.
República Velha atuou como protetor das artes. resistência dos pesquisadores, “sendo meramente
Agindo como mecenas das artes e das letras locais, rotulado por estes como o responsável pelo atraso Bias Fortes fora presidente do Estado
10
inconsciente ‘aderência’ ao sistema”7. Dessa Infelizmente, o estudo de Silva não fornece muitos VIEIRA, Ivone Luzia. Emergência do
11
Modernismo, p.129.
Ivone Luzia Vieira, em Vanguarda modernista nas ra de Aníbal Mattos, a centralidade do mesmo no
13
SILVA, Fernando Pedro. Aspectos das
artes plásticas: Zina Aita e Pedro Nava nas Minas campo artístico mineiro nas décadas de 1920 e artes em Belo Horizonte nos 20 e 30.
Gerais da década de 20, sustenta que a história da 1930. De fato, todos os acontecimentos ligados à Revista do Departamento de História.
FAFICH/UFMG. v. 08, p. 47-57,
arte moderna em Belo Horizonte divide-se em três história da arte em Belo Horizonte estiveram marca- Janeiro de 1989, p.49.
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dos pela sua presença: a exposição modernista de cidade, assim se encontrava também o incipiente
Zina Aita em 1920 foi patrocinada pela Sociedade “cenário” cultural, que pelo menos nos seus
Mineira de Belas Artes, da qual ele foi o fundador e primeiros anos, se limitava às iniciativas privadas.
“presidente perpétuo”; em 1936, ocorre a Os principais eventos e instituições culturais não
Exposição de Arte Moderna do Bar Brasil, em opo- eram de tutela do Estado, mas sim, espaços quase
sição à hegemonia acadêmica de Aníbal Mattos; os domésticos resultantes dos interesses particulares.
Salões da Prefeitura, exposições anuais patrocinadas Alguns exemplos são a fundação de uma biblioteca
pela Prefeitura de Belo Horizonte nos últimos anos feita por determinados membros da comissão
da década de 30, concebidos como espaço de construtora em 27 de agosto de 1894, chamada
expressão dos artistas modernos, foram organizados Sociedade Literária Belo Horizonte, e o Museu Paula
por Mattos. Finalmente, após a chegada de Oliveira, denominado assim em homenagem ao Dr.
Guignard, em 1944, uma luta político-ideológica é Francisco de Paula Oliveira. Esse grupo desejava
travada no interior do campo artístico mineiro com isso distração e alguma atividade diante de
encontrando-se, de um lado, o método modernista suas permanências no arraial. A cidade, em seus
de Guignard, privilegiando a interpretação da reali- primeiros anos, era habitada por imigrantes
dade e, do outro, o academicismo de Mattos, “que estrangeiros e outros advindos de regiões mineiras
valorizava a pintura figurativa do real”14. Salvo o como Ouro Preto. Eram, em sua maioria, homens
estudo de Fernando Pedro da Silva, Aníbal Mattos é letrados que compunham o corpo do funcionalismo
considerado o representante do academicismo na público, e por isso tinham certas necessidades cul-
capital, responsável pelo bloqueio das manifestações turais. Caberia ao Estado, com o tempo, intervir
modernistas naquele período. A sua ação conserva- para fornecer nesta área – cultural, educacional,
dora é evocada para explicar a defasagem já mencio- artística e de lazer – opções para toda a população,
nada entre a literatura e as artes plásticas, sendo uti- se bem que muitos criticavam a atuação dele,
lizados, para explicar a conjuntura das artes plásticas trazendo à tona sua ineficiência e visão estreita,
em Minas Gerais, determinados traços da sua bio- principalmente a do Partido Republicano Mineiro.
grafia, em especial sua formação acadêmica. Tanto o Estado quanto a iniciativa privada firmavam
parcerias para promover estas programações cul-
Antes de Aníbal Mattos: turais e de lazer. A intenção era incentivar a
habitação em Belo Horizonte: “Era preciso criar
o cenário artístico em Belo Horizonte atrativos para atrair e fixar a população da nova
antes de 1917
capital”16. Mas se faz necessário lembrar também
Conhecida até o ano de 1890 como Curral Del
que “até a década de 20 o atendimento dessas
Rei, a capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, se
necessidades culturais por parte do Estado parecia
apresentava como um pacato lugar que tinha como
deixar muito a desejar: isso em parte se explica
ambiente de sociabilidade até então as proximi-
pela extensão dos trabalhos da comissão constru-
dades da igreja N. Sra da Boa Viagem. Em 17 de
tora, só concluídos em 1915, em parte devido à
dezembro de 1893, fora aprovada na ementa
crise econômica decorrente da Primeira Guerra
constitucional a mudança da capital de Minas, de
Ouro Preto para Belo Horizonte, sendo estabeleci- Mundial e do endividamento do Estado”17. SILVA, Fernando Pedro. Aspectos das
14
itiva. Era preciso, no entanto, construir o local que com cinco jornais até a inauguração da cidade, FÍGOLI, Leonardo H. G. A Paisagem
15
abrigasse a capital, pois Belo Horizonte nesse porém todos de curta duração. A primeira publi- como Dimensão Simbólica do Espaço:
o mito e a obra de arte. Revista
tempo se limitava a um pequeno povoado sem cação se chamava Revista Geral dos Trabalhos, que Sociedade e Cultura, v. 10, n.1. jan/jun
2007. Goiás: UFG, p.2006.
atrativos econômicos e nenhuma infra-estrutura. destinava a registrar e descrever os aspectos da
Com o tempo, esse aspecto foi se modificando, construção da capital, que já no segundo fascículo COELHO, Maria Beatriz; FÍGOLI,
16
construção de prédios (principalmente administra- ambas literárias, dariam uma atenção maior aos DA ANPOCS, 32, 2008, Caxambu.
Disponível em:
tivos) e casas foram uma constante ao longo do artistas e às suas produções. Apesar de marcarem <http://200.152.208.135/anpocs/trab/
a d m / i m p r e s s a o
tempo. O engenheiro responsável pelo planeja- época, não durariam muito. _gt.php?id_grupo=6&publico=S >.
mento da cidade, Aarão Reis, que ficou na chefia de Por uma iniciativa dos Srs. Aurélio Lobo, Acesso em: 15 dez.2008.
1894 a 1895, fizera juntamente com Américo de Coronel Daniel da Rocha e o Sr. Carlos Monte 17
S/AUTOR. BH 100 anos: Nossa
História. Jornal Estado de Minas. Belo
Macedo a planta da cidade, recebendo notáveis Verde foi montado em setembro de 1895 um Horizonte: 1996, p.21.
elogios pela imprensa nacional. Teatro Provisório localizado na Rua Sabará, que COELHO, Maria Beatriz; FÍGOLI,
18
Belo Horizonte foi escolhida como capital do segundo as palavras de Abílio Barreto era um Leonardo,H.G.;,V.; NORONHA, Ro-
naldo. O antigo e o moderno: o campo
Estado para abrigar também os propósitos “tosco barracão térreo, coberto de zinco, artístico em Belo Horizonte no início do
modernizantes de seus idealizadores em meio “aos desprovido do menor conforto e sem qualquer século XX. In: ENCONTRO ANUAL
DA ANPOCS, 32, 2008, Caxambu.
novos tempos advindos com a Proclamação da vestígio de bom gosto”18. Nesse local, algumas Disponível
<http://200.152.208.135/anpocs/trab/
em:
República”15. Como era necessário até mesmo companhias de teatro se apresentaram, como a a d m / i m p r e s s a o
_gt.php?id_grupo=6&publico=S >.
construir suas instituições e a vida social da nova companhia de Zarzuelas Felix Amurrio, a Acesso em: 15 dez.2008.
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ideal, que segundo as palavras de Abílio Barreto Rio de Janeiro e posteriormente na Escola Nacional 22
S/AUTOR. BH 100 anos: Nossa
“constituíam o núcleo primeiro da nossa intelec- de Belas Artes (ENBA). Na ENBA, a formação de História, p.21.
tualidade”22. Era formado por doze literatos que Mattos deu-se sob a influência pedagógica deixada 23
BARRETO, Abílio. Resumo Histórico
de Belo Horizonte, p.274.
tinha por objetivo “cultivar e incentivar as letras, as por Grimm e a influência estilística do paisagismo
artes e a sociabilidade”23. Foi a partir das ativi- de Batista da Costa. Mattos esteve pela primeira 24
BARRETO, Abílio. Resumo Histórico
de Belo Horizonte, p.274.
dades que ocorriam nesses lugares que a literatura vez na capital mineira em 1913, onde expôs seus 25
CLEMENTE, José. Jornal Estado de
e as artes em Belo Horizonte surgiram. Além disso, trabalhos. Sua transferência definitiva para Belo Minas, Belo Horizonte, 13 nov. 197. In:
algumas associações culturais e sociedades Horizonte se deu somente em 1917, a convite do Coisas da capital já passada.
ANDRADE, Moacyr. Revista Arquivo
recreativas atuavam em Belo Horizonte difundindo então senador Bias Fortes, que o contratou como Público Mineiro, Belo Horizonte:
Imprensa Oficial de Minas Gerais,
e cooperando para a produção e divulgação, professor da Escola Normal Modelo, residindo na 1982, p.269-270.
mesmo que elementares, das artes. Para citar algu- Avenida Araguaia (atual Avenida Francisco Sales), n 26
CLEMENTE, José. Jornal Estado de
mas: Academia de ciências de Minas Gerais, 1446. Mattos foi casado com a artista Maria Esther Minas, p.271.
Sociedade brasileira de cultura inglesa, Sociedade de Mattos, com quem realizou várias exposições cole- 27
SANTOS, Cristina Ávila. Aníbal
Mattos e seu Tempo. Belo Horizonte:
cultura Franco-brasileira, Academia Belo Horizonte tivas e iniciativas de fomento às artes. Ed. Prefeitura Municipal de Belo
de letras, Academia mineira de letras, Instituto A atuação de Aníbal Mattos em Minas Gerais foi Horizonte, 1991, p.10.
28
S/AUTOR. BH 100 anos: Nossa
histórico e geográfico de Minas Gerais, Clube Belo ampla, abrangendo as áreas da arqueologia pré- História, p.29.
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histórica, da antropologia, da história, da literatura, co, bem relacionado e aceito no meio, dotado de
do teatro, do cinema e do jornalismo, sendo que interesses amplos e poder social abrangente.
nas áreas onde não havia se graduado formalmente, No que se refere ao mundo das artes plásticas,
foi autodidata, o que demonstra sua flexibilidade de Aníbal Mattos atuou de duas maneiras analitica-
trânsito entre as áreas do conhecimento e a ampli- mente distintas no ambiente plástico: empreende-
tude de seu interesse e influência. Publicou livros dor e artista plástico. No ano de 1917, Mattos se
em história da arte, focalizando o patrimônio colo- envolve com dois projetos de relativa magnitude
nial barroco, e também em pré-história, especial- para o mundo das artes plásticas da época: a I
mente sobre o homem de Lagoa Santa. Escreveu Exposição Geral de Belas Artes (em que também
várias peças teatrais, sendo que uma delas, Canção expôs trabalhos próprios) e a primeira tentativa da
da Primavera, adaptada para o cinema. Além disso, década de constituir uma escola de belas artes na
Mattos ocupou diversos cargos administrativos: cidade. Seu dinamismo e interesse em criar instân-
primeiro vice-presidente da Academia de Sciencias cias de fomento às artes, dá início às atividades da
de Minas Geraes (quando da sua criação em 1936); Sociedade Mineira de Belas Artes (SMBA), em 1918,
a presidência (por mais de uma vez entre as junto a outros artistas e promotores de arte. Além
décadas de 30 e 40) e a tesouraria da Academia de Mattos, Osvaldo de Araújo, Celso Werneck,
Mineira de Letras, assim como diretoria da revista Honório Esteves, Eduardo Frieiro, Olindo Belém,
dessa instituição. Foi, ainda, designado represen- Amílcar Agretti e Maria Esther Mattos, entre
tante da Sociedade Mineira de Bellas Artes para o outros, participaram dessa iniciativa inovadora,
estado de Minas; foi patrono da cadeira 96 do sendo que participaram também da sua primeira
Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, em diretoria pintores como Francisco Rocha e José
1929; tornou-se membro do Conselho Nacional de Jacinto das Neves. Sua atuação de incentivo e divul-
Belas Artes, desde 1933; foi sócio benemérito da gação das artes plásticas passa a ser intimamente
Sociedade Brasileira de Belas Artes do Rio de Janeiro, associada à atuação dessa associação, através da
em 1935; representou o Brasil no Congresso qual buscou patrocinar exposições individuais e
Internacional de Antropologia na Filadélfia, 1937; coletivas, palestras e cursos sobre arte, durante as
foi presidente do Instituto Histórico e Geográfico de décadas de 20 e 30 do século XX.
Minas Gerais, em 1937 e foi presidente do Rotary Em jornal da época, o objetivo da SMBA é
club de Belo Horizonte, em 1948. caracterizado como tendo “fim principal levar
Na Academia Mineira de Letras (AML), Aníbal adeante a idéia de nossas exposições anuais de arte,
Mattos tornou-se membro em 1923, ocupando a a propagação do enseno profissional artístico”29,
primeira sucessão da cadeira 37, cujo patrono é além de caracterizar a associação como de iniciati-
Manoel Basílio da Gama. Na seção de 15 de agosto va de Aníbal Mattos. A Sociedade Mineira de Belas
do referido ano, profere seu discurso de posse, No Artes participou da realização das Exposições
limiar da Academia Mineira de Letras, onde discute a Gerais de Belas Artes e, a partir de 1918, de
necessidade de engajamento da Academia em exposições individuais, como a exposição de Zina
problemas sociais relativos à educação, ressaltando Aita em 1920, o 1o Salão Feminino de Belas Artes,
em especial o problema do analfabetismo. Mattos em 1932, e a Primeira Exposição Coletiva de
foi eleito para a presidência da AML duas vezes, Artistas Mineiros, realizada em SP em 1933.
atuando entre os anos de 1931 a 1934, e de 1939 a Aníbal Mattos, antes da criação da SMBA, havia
1942. Além de participar da presidência da AML, inaugurado a Escola Prática de Belas Artes (sob sua
Mattos participou do corpo editorial da Revista da direção), em 07 de setembro de 1917, no Palacete
Academia Mineira de Letras durante vários anos da Celso Werneck. Após a criação da associação, quan-
década de 20. do essa primeira tentativa de instituir uma escola
Além disso, no campo educacional, lecionou na especializada já havia sido interrompida, a Sociedade
Escola Normal Modelo em 1917; lecionou desenho Mineira de Belas Artes patrocinou a Escola de Belas
e artes gráficas no Ginásio Mineiro de Belo Horizonte Artes, em 1928, onde Mattos lecionou gratuita-
em 1923; desenho figurado e caligrafia na Escola mente por quatro anos. Em 06 de janeiro de 1932,
Normal Modelo em 1925; gratuitamente na Escola a escola é recriada e passa a ter subsídio estadual,
de Belas Artes, criada em 1927; desenho, nova- sob o nome de Escola de Belas Artes de Minas Gerais,
mente, na Escola Normal em 1931 e, finalmente, funcionando no Salão Nobre do Teatro Municipal de
desenho artístico na Escola de Arquitetura da atual Belo Horizonte. Essa escola prosseguiu como
UFMG, de 1930 até 1957, quando, então, aposen- Fundação Mineira de Arte (FUMA).
ta-se. Como jornalista, Mattos e José Osvaldo de Mattos, durante as décadas de 10 a 30, foi um
Araújo criam a revista Novella Mineira, em 1922, e reconhecido fomentador das artes em Minas
Mattos, sob os pseudônimos Fly, Dr. Perlingotes e Gerais, mencionado com grande relevância nas
Braz Fogaça, escreveu para jornais como o Diário introspecções sobre o mundo das artes plásticas do
CLEMENTE, José. Jornal Estado de
29
de Minas. Essa intensa participação de Aníbal período. Eduardo Frieiro o descreve como “princi- Minas, p. 271.
Mattos no cenário intelectual mineiro aponta para pal propugnador”30 de toda iniciativa de caráter 30
S/AUTOR. Diário de Minas, 09 de
sua caracterização como um personagem dinâmi- artístico da época. Junho de 1918, p.1.
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de dezembro de 1944.
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CLEMENTE, José. Aníbal Mattos, o
Semeador. Jornal Estado de Minas, 29
Jun. 1969 (grifo nosso).
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