Nova Politica Externa Brasileira Selecao de Discursos Artigos e Entrevistas Do Ministro Das Relacoes Exteriores 2019 A
Nova Politica Externa Brasileira Selecao de Discursos Artigos e Entrevistas Do Ministro Das Relacoes Exteriores 2019 A
Nova Politica Externa Brasileira Selecao de Discursos Artigos e Entrevistas Do Ministro Das Relacoes Exteriores 2019 A
coleção
Externa
Brasileira
Este livro reúne uma seleção dos
principais discursos, artigos e en-
trevistas do Ministro das Relações “Somos um país universalista, é certo, e a partir
POLÍTICA EXTERNA
Exteriores, Embaixador Ernesto desse universalismo queremos construir algo bom
BRASILEIRA
Araújo, ao longo de 2019, primeiro e produtivo com cada parceiro. Mas universalismo
A NOVA
ano do governo do Presidente Jair não significa não ter opiniões. Universalismo não
Messias Bolsonaro. Trata-se de fon-
significa uma geleia geral. Não significa querer agra- Ernesto Araújo nasceu em Porto
te primária fundamental para todos
dar a todos. A vocação do Brasil não é ser um país Alegre, em 1967.
A NOVA
os que se interessem por conhecer
e estudar a nova política externa que simplesmente existe para agradar. Queremos Bacharel em Letras, pela Uni-
ser escutados, mas queremos ser escutados não por versidade de Brasília, ingressou no
brasileira, baseada nos eixos da
Instituto Rio Branco em 1990 e con-
POLÍTICA EXTERNA
democracia; da transformação eco- repetir alguns dogmas insignificantes e algumas fra-
cluiu o Curso de Preparação à Car-
nômica e do desenvolvimento; da ses assépticas, queremos ser escutados por ter algo reira de Diplomata em 1991. Nos
soberania; e dos valores da nação a dizer.
BRASILEIRA
primeiros anos de sua carreira di-
coleção
Externa
Brasileira
Este livro reúne uma seleção dos
principais discursos, artigos e en-
trevistas do Ministro das Relações “Somos um país universalista, é certo, e a partir
POLÍTICA EXTERNA
Exteriores, Embaixador Ernesto desse universalismo queremos construir algo bom
BRASILEIRA
Araújo, ao longo de 2019, primeiro e produtivo com cada parceiro. Mas universalismo
A NOVA
ano do governo do Presidente Jair não significa não ter opiniões. Universalismo não
Messias Bolsonaro. Trata-se de fon-
significa uma geleia geral. Não significa querer agra- Ernesto Araújo nasceu em Porto
te primária fundamental para todos
dar a todos. A vocação do Brasil não é ser um país Alegre, em 1967.
A NOVA
os que se interessem por conhecer
e estudar a nova política externa que simplesmente existe para agradar. Queremos Bacharel em Letras, pela Uni-
ser escutados, mas queremos ser escutados não por versidade de Brasília, ingressou no
brasileira, baseada nos eixos da
Instituto Rio Branco em 1990 e con-
POLÍTICA EXTERNA
democracia; da transformação eco- repetir alguns dogmas insignificantes e algumas fra-
cluiu o Curso de Preparação à Car-
nômica e do desenvolvimento; da ses assépticas, queremos ser escutados por ter algo reira de Diplomata em 1991. Nos
soberania; e dos valores da nação a dizer.
BRASILEIRA
primeiros anos de sua carreira di-
coleção
Externa
Brasileira
A NOVA
POLÍTICA EXTERNA
BRASILEIRA
SELEÇÃO DE DISCURSOS, ARTIGOS E ENTREVISTAS
DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
2019
Ministério das Relações Exteriores
Fundação Alexandre de Gusmão
A NOVA
POLÍTICA EXTERNA
BRASILEIRA
SELEÇÃO DE DISCURSOS, ARTIGOS E ENTREVISTAS
DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
2019
Brasilia – 2020
Direitos de publicação reservados à
Fundação Alexandre de Gusmão
Ministério das Relações Exteriores
Esplanada dos Ministérios, Bloco H, anexo II, Térreo
70170‑900 Brasília–DF
Tel.: (61)2030-9117/9128
Site: www.funag.gov.br
E‑mail: [email protected]
Equipe Técnica:
Acauã Lucas Leotta
Denivon Cordeiro de Carvalho
Diego Marques Morlim Pereira
Gabriela Del Rio de Rezende
Luiz Antônio Gusmão
Higor Gomes
Revisão:
Roberto Goidanich
Fernanda Antunes Siqueira
ISBN 978-65-87083-32-2
CDU 327
CDD 327
Lista de siglas..................................................................................................11
25.
D iscurso na data nacional da Venezuela, em Brasília
(05/07/2019)............................................................................................285
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Ernesto Araújo
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Lista de siglas
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Ernesto Araújo
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1. Discurso na cerimônia de posse como Mi-
nistro das Relações Exteriores, em Brasília
(02/01/2019)
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Ernesto Araújo
Senhores Embaixadores,
Minha mulher, Maria Eduarda, minha filha, Clarice, meus
enteados, Joaquim e Pedro, minha mãe, Marylin, meu padrasto Luís
Carlos, minha irmã Liss Mary, meu sogro, Embaixador Luiz Felipe
de Seixas Corrêa, grande chefe desta Casa, minha sogra, Marilu de
Seixas Corrêa, meus queridos amigos, colegas.
Inicialmente, gostaria de agradecer muito vivamente as palavras
tão amáveis do Ministro e Senador Aloysio Nunes a meu respeito.
Agradeço, muito tocado, sua deferência e gostaria de dizer que a
história sempre lembrará a sua condução sempre segura, serena,
competente, desta Casa, em momentos difíceis, e queria dizer que
tive muito orgulho em trabalhar sob sua chefia em temas importantes
desse Ministério. O senhor deixará um legado muito importante
para o Itamaraty.
Gostaria de começar com uma frase que é absolutamente funda-
mental para entender o que está acontecendo no Brasil. Vou dizê-la
de uma maneira diferente do que vocês estão acostumados a ouvir:
Gnosesthe ten aletheian kai he aletheia eleutherosei humas.
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
Essa convicção íntima e profunda animou o Presidente Jair
Bolsonaro na luta extraordinária que ele travou e está travando para
reconquistar o Brasil e devolver o Brasil aos brasileiros.
Nesse versículo de São João há três conceitos cruciais para o
pensamento humano, para a vida humana e para o nosso momento
histórico. Nós temos Gnosis, que é o conhecimento, Aletheia, a
verdade, e Eleuthería, a liberdade.
Aletheia. A tradução mais literal dessa palavra grega seria
“desvelamento”, ou, melhor ainda, “desesquecimento”. Lethe é esque-
cimento. Lethe é o rio do esquecimento que, na tradição grega, os
mortos cruzavam para ir para o outro lado. Então Aletheia é cruzar
o rio de volta para cá. Aletheia é a superação do esquecimento. Algo
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Discurso na cerimônia de posse como Ministro das Relações Exteriores,
em Brasília (02/01/2019)
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Ernesto Araújo
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Discurso na cerimônia de posse como Ministro das Relações Exteriores,
em Brasília (02/01/2019)
Embobeuká tupirabê
Nge membyrá Tupã.
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Ernesto Araújo
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Discurso na cerimônia de posse como Ministro das Relações Exteriores,
em Brasília (02/01/2019)
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Ernesto Araújo
Então, para não ter medo, vamos ler menos Foreign Affairs, e
mais Clarice Lispector ou Cecília Meireles.
Vamos ler menos The New York Times, e mais José de Alencar
e Gonçalves Dias.
Vamos escutar menos a CNN e mais Raul Seixas.
Por que Raul Seixas? “Não fiquemos no trono de um aparta-
mento”, ou de uma embaixada, “com a boca escancarada cheia de
dentes esperando a morte chegar”.
Vamos fazer alguma coisa pelas nossas vidas e pelo nosso país.
Mergulhemos no oceano de sentimento e na esperança do nosso
povo. Não mergulhemos nessa piscina sem água que é a ordem global.
O Itamaraty existe para o Brasil, não existe para a ordem global.
O Itamaraty existe para o Brasil, não existe para si mesmo. Nós
somos uma Casa de excelência? Somos, claro que sim. Mas para sê-lo
precisamos mostrá-lo, e não ficar simplesmente repetindo isso uns
para os outros. Nós vamos cuidar da nossa administração, do fluxo de
carreira, vamos solucionar esse e muitos outros problemas, se Deus
quiser, que legitimamente afligem a instituição, para que o Ministério
possa melhor capacitar-se para sua tarefa maior. Queria dizer que
nós não precisamos e não vamos abrir os quadros do Itamaraty
para pessoas de fora da carreira, além dos casos que já existem. O
Presidente Bolsonaro confia plenamente na capacidade desta Casa
e desta carreira de implementar a sua política. Nós simplesmente
estamos tomando a medida de flexibilizar a ocupação de cargos
no Itamaraty por funcionários da carreira em determinados níveis
hierárquicos justamente para arejar o fluxo da carreira e inclusive
estimular os nossos colegas a ocuparem esses cargos.
Nós temos tradições, é claro, mas precisamos empregá-las como
estímulo para buscar a verdade e a liberdade, como serviço à pátria,
como serviço a todos os brasileiros, tanto os mais humildes, quanto
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em Brasília (02/01/2019)
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em Brasília (02/01/2019)
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2. Discurso na cerimônia de transmissão de
cargo do Secretário-Geral das Relações Ex-
teriores, em Brasília (03/01/2019)
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3. Bolsonaro não foi eleito para deixar o Brasil
tal como o encontrou, artigo publicado pela
Bloomberg (07/01/2019)1
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Bolsonaro não foi eleito para deixar o Brasil tal como o encontrou,
artigo publicado pela Bloomberg (07/01/2019)
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Bolsonaro não foi eleito para deixar o Brasil tal como o encontrou,
artigo publicado pela Bloomberg (07/01/2019)
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Bolsonaro não foi eleito para deixar o Brasil tal como o encontrou,
artigo publicado pela Bloomberg (07/01/2019)
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4. Agora falamos, artigo publicado pela revista
The New Criterion (janeiro, 2019)2
Now we do
“I am very worried; he talked too much about God.” So said a
prominent Brazilian political commentator on TV after hearing
President Jair Bolsonaro’s victory speech on the night of October
28, 2018, when the polls showed his victory by a 55–45 margin over
the Marxist candidate, Fernando Haddad.
So now talk of God is supposed to worry people. This is sad. But
the people of Brazil don’t care. Bolsonaro’s government, in which
I serve as foreign minister, doesn’t care what pundits say or what
they worry about: they don’t have a clue about who God is or who
the Brazilian people are and want to be. Their worry is that of an
elite about to be dispossessed. They are afraid because they can no
longer control public discourse. They can no longer dictate the limits
of the president’s or anyone else’s speech. The last barrier has been
broken: we can now talk about God in public. Who could imagine?
Over the years, Brazil had become a cesspool of corruption and
despair. The fact that people didn’t talk about God and didn’t bring
their faith to the public square was certainly part of the problem. Now
that a president talks about God and expresses his faith in a deep,
heartfelt way, that is supposed to be the problem? To the contrary.
I am convinced that President Bolsonaro’s faith is instrumental, not
accidental, to his electoral victory and to the wave of change that
is washing over Brazil.
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Agora falamos, artigo publicado pela revista
The New Criterion (janeiro, 2019)
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Agora falamos, artigo publicado pela revista
The New Criterion (janeiro, 2019)
change could only come from without, from the intellectual and
spiritual domain.
So what broke the system? Olavo de Carvalho, Operation Car
Wash, and Jair Bolsonaro. Since the mid-1990s, in parallel to the
ascendance of an atheistic, corrupt regime (back then still in the
making), strange new ideas started to circulate in the books and
articles of Olavo de Carvalho, a Brazilian philosopher, perhaps the
first person in the world to see globalism as the result of economic
globalization, to understand its horrific purposes, and to start
thinking about how to topple it. For many years he was also the
only person in Brazil to use the word “communism” to describe PT’s
strategy and everything that was going on in the country, at a time
when everyone thought communism was just a sort of collectivism
that had died with the Soviet Union, blind to its survival in many
other guises in the culture and in “global issues.” Thanks to the
internet boom, and especially the social media revolution, Olavo’s
ideas suddenly started to percolate through the whole country,
reaching thousands of people who had been fed only the official
mantras. These ideas broke all dams and converged with the cou-
rageous stance of the only truly nationalist Brazilian politician of
the last hundred years, Jair Bolsonaro, giving him a totally unprec-
edented level of grassroots support. Brazil suddenly redefined itself
as a conservative, anti-globalist, nationalist country. At the same
time, Operation Car Wash, the investigation into the PT corruption
scheme—perhaps the largest criminal enterprise ever—evolved and
started to throw light on the depths of PT’s attempt to destroy the
country and seize absolute power, demoralizing the whole gang and
sending its leader to jail.
With a wave of a hand, the nation cast away decades of political
indoctrination and political correctness and finally elected a leader
who leads and who knows where he wants to go.
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Agora falamos, artigo publicado pela revista
The New Criterion (janeiro, 2019)
Agora falamos
“Estou muito preocupado porque ele falou muito em Deus.” Foi
o que disse um conhecido comentarista político na TV, depois de
ouvir o discurso da vitória do Presidente Jair Bolsonaro, na noite
de 28 de outubro de 2018, quando as urnas lhe deram vitória por
margem de 55 a 45 sobre o candidato marxista, Fernando Haddad.
Falar de Deus parece que preocupa as pessoas. Isso é triste. Mas o
povo brasileiro não se incomoda. O governo Bolsonaro, ao qual sirvo
como Ministro das Relações Exteriores, não liga para o que dizem
os comentaristas ou para o que os incomoda: eles não entendem
nada de quem Deus é, ou de quem o povo brasileiro é e quer ser. A
preocupação deles é a de uma elite que está prestes a ser destituída.
Eles têm medo porque não controlam mais o debate público, já não
podem mais ditar os limites do que diz o Presidente ou quem quer
que seja. A última barreira foi rompida: nós agora podemos falar de
Deus em público. Quem poderia imaginar uma coisa dessas?
Ao longo dos últimos anos, o Brasil se havia transformado em
um atoleiro de corrupção e desesperança. O fato de que o povo não
falava em Deus e não trazia a sua fé à praça pública era certamente
parte do problema. Agora que o Presidente fala em Deus e expressa
a sua fé de maneira profunda e sincera, é este o problema? Ao
contrário: estou convencido de que a fé do Presidente Bolsonaro é
instrumental e não acidental para sua vitória eleitoral e para a onda
de mudança que está varrendo o Brasil.
O Brasil passa por um renascimento político e espiritual, e o
aspecto espiritual desse fenômeno é determinante; o aspecto político
é apenas uma consequência.
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Agora falamos, artigo publicado pela revista
The New Criterion (janeiro, 2019)
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O sistema aceitava debate apenas sobre como ser mais bem imple-
mentado. Havia algum debate sobre privatização, mas que nunca
alcançava o núcleo do mecanismo da corrupção. A supostamente
grande onda de privatizações nos anos 1990, liderada pelo PSDB,
deixou o Brasil com 418 estatais – nos EUA, são catorze – e uma
economia totalmente dependente de financiamento governamental
para quaisquer projetos de porte; o PSDB, porém, diligentemente
cumpriu o papel de partido “neoliberal” que lhe foi designado pelo PT.
Na política externa, o sistema entoou a ária globalista sem
errar uma nota. Ajudou a transferir poder dos EUA e da aliança
ocidental para a China; favoreceu o Irã; trabalhou incessantemente
para levantar uma nova cortina de ferro socialista sobre a América
Latina, favorecendo governos ou partidos de esquerda na Argentina,
Venezuela, Equador, Bolívia, Chile, Colômbia, Peru, Paraguai, Uruguai,
República Dominicana, Nicarágua, Honduras e, é claro, em Cuba.
Tudo isso foi visto com bons olhos por Barack Obama, que raramente
levantava um dedo para combater regime socialistas ou islâmicos
em qualquer canto da Terra e que descrevia Lula como “o cara”. Sim,
Lula era o cara do globalismo, um cara que desperdiçou todos os
recursos que assomaram ao Brasil durante o boom das commodities
– centenas de bilhões de dólares – para ajudar ditaduras e enriquecer
seu partido e a si próprio. O Brasil era, de fato, uma vitrine mag-
nífica para o globalismo. Iniciando com um tradicional capitalismo
de compadrio, oligárquico, no final dos anos 1980, o país passou
por um falso liberalismo econômico nos anos 1990, até alcançar o
globalismo sob o PT: o marxismo cultural governava por dentro um
sistema aparentemente liberal e democrático, construído por meio
de corrupção, intimidação e controle de pensamento.
Trata-se de um sistema tão entranhado que jamais se reformaria
por si, apenas encontraria novas máscaras para estender seu domínio
– isso foi o que diversas lideranças políticas não petistas tentaram
fazer a cada quatro anos nas eleições. Mudanças reais poderiam vir
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Agora falamos, artigo publicado pela revista
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The New Criterion (janeiro, 2019)
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5. Apresentação na reunião ministerial informal
da Organização Mundial do Comércio (OMC),
em Davos (25/01/2019)
Senhor Presidente,
O Brasil está comprometido com a reforma da OMC, tal como
o Presidente Jair Bolsonaro anunciou em seu discurso de abertura
do Fórum de Davos, no dia 22 de janeiro.
O Presidente Bolsonaro foi eleito no último mês de outubro
com o mandato claro de restaurar a soberania, a ordem e a liberdade
econômica, a partir das profundezas de uma das mais graves crises da
nossa história. Seu mandato também é o de restaurar o crescimento
sustentável e a prosperidade.
Um enorme esforço está em curso, por parte do governo bra-
sileiro, para aprovar reformas há muito necessárias, reduzir custos,
desregulamentar, facilitar os negócios e o empreendedorismo, abrir
a economia.
No comércio internacional, nossa diplomacia econômica é
fundamental para contribuir a esse propósito.
Estamos implementando uma política de negociações comerciais
afinada com o mundo de hoje e com as realidades econômicas.
O Brasil está consciente de sua responsabilidade. Somos a
oitava economia do mundo. Somos uma nação líder na agricultura
– e é importante dizer que a produção agrícola brasileira é a mais
sustentável do mundo, e que nosso compromisso com essa susten-
tabilidade é inabalável. Temos grande potencial para nos tornarmos
líderes também em outras áreas do comércio mundial e na inovação.
A política comercial brasileira procurará liberar todo esse potencial
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Apresentação na reunião ministerial informal da
Organização Mundial do Comércio (OMC), em Davos (25/01/2019)
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6. Discurso na Conferência Ministerial para
Promover um Futuro de Paz e Segurança no
Oriente Médio, em Varsóvia (14/02/2019)
Original, em inglês:
Thank you very much!
Minister, Mr. Vice President, Prime Minister of Poland, Secretary
of State of the United States, Prime Minister of Israel.
It’s really an honor to be here!
I would start by saying that, in South America, my part of the
world, we have recently become directly acquainted with the tragedy
of refugees and forced migration, to a level previously unknown in
the region. Around 3.6 million Venezuelans have left their country
in the last three years, around 12% of the country’s population.
Many countries in the region are doing their best to provide
those people with the best conditions available—basic services,
education, job opportunities—, but too often the main question is
forgotten and not asked: “Why?” “Why are there so many refugees
and forced migrants from Venezuela?”
Basically because the regime decided to go full dictatorship,
plundered and destroyed the economy, and decided to starve their
own people and to deny their own people health services as a means
of political control. The existence of a humanitarian crisis itself is
denied by the regime in Venezuela, in the best fashion of socialist
dictatorships, of substituting ideology for the truth.
But now, most countries of the Americas are finally mobilizing
to stop that horrific situation, through decisive political action,
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Discurso na Conferência Ministerial para Promover um Futuro de Paz e Segurança
no Oriente Médio, em Varsóvia (14/02/2019)
Muito obrigado!
Ministro, Senhor Vice-Presidente, Primeiro-Ministro da Polônia,
Secretário de Estado dos Estados Unidos, Primeiro-Ministro de Israel,
É uma grande honra estar aqui!
Eu gostaria de começar dizendo que, na América do Sul, a minha
parte do mundo, recentemente entramos em contato direto com a
tragédia de refugiados e da migração forçada, em um nível até então
desconhecido na região. Por volta de 3,6 milhões de venezuelanos
deixaram seu país nos últimos três anos, aproximadamente 12%
da população do país.
Muitos países na região estão fazendo o possível para fornecer
a essas pessoas as melhores condições disponíveis – serviços básicos,
educação, oportunidades de emprego –, mas, frequentemente, a
pergunta principal é esquecida e não é feita: “Por quê?” “Por que há
tantos refugiados e migrantes forçados da Venezuela?”
Basicamente porque o regime decidiu tornar-se uma ditadura
completa, saqueou e destruiu a economia e decidiu matar de fome
o seu próprio povo e negar serviços de saúde ao seu próprio povo
como um meio de controle político. A própria existência de uma
crise humanitária é negada pelo regime na Venezuela, na atitude
das ditaduras socialistas de substituir a verdade por ideologias.
Mas, agora, a maioria dos países das Américas está mobilizan-
do‑se para impedir essa situação terrível, por meio de ação política
decisiva, apoiando o governo interino legítimo e, dessa forma, ten-
tando organizar a assistência aos venezuelanos.
Esses comentários mostram que, quando se lida com o desafio
de refugiados, a pergunta básica deve ser feita: “Por quê?” Algumas
vezes é a guerra, algumas vezes é a crise econômica, algumas vezes
desastres naturais, algumas vezes, como na Venezuela, políticas
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Discurso na Conferência Ministerial para Promover um Futuro de Paz e Segurança
no Oriente Médio, em Varsóvia (14/02/2019)
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7. Contra o consenso da inação, artigo publicado
no portal Metapolítica 17 (03/03/2019)3
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Contra o consenso da inação,
artigo publicado no portal Metapolítica 17 (03/03/2019)
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8. Aula magna no Instituto Rio Branco, em Bra-
sília (11/03/2019)
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em Brasília (11/03/2019)
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em Brasília (11/03/2019)
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um outro tema, mas dizendo assim: “nós viemos para fazer diferente.”
Isso é uma instrução muito clara, e uma determinação muito clara
do que quer o povo brasileiro.
O Embaixador Ricupero, acho que ele tentou resumir esses dois
ciclos anteriores da política brasileira no seu livro A diplomacia na
construção do Brasil. A diplomacia realmente foi parte da construção
do Brasil no primeiro ciclo e tentou sê-lo no segundo, mas, como eu
dizia, não conseguiu. Então, nós temos que repensar esse conceito
da diplomacia na construção do Brasil e, hoje, eu acho que é preciso
inverter esse título e inverter essa lógica, da qual o Embaixador
Ricupero é um representante, e começar uma nova etapa, que é “o
Brasil na construção da diplomacia”. Isso é aquilo a que nós nos
propomos: escutar a alma brasileira, e não pretender que nós sabemos
o que é a alma brasileira e ditá-la aos nossos compatriotas. É preciso
abrir um novo ciclo, e temos a certeza de que nós temos o mandato,
a obrigação de tentar abrir esse novo ciclo, porque ele faz parte de
um processo nacional.
Eu acho que nós podemos tentar resumir, tentar encontrar duas
palavras, dois conceitos, para dizer que são os eixos desse novo ciclo
a que nos propomos: liberdade e grandeza.
Liberdade e grandeza têm a ver com uma união necessária entre
o conservadorismo e o liberalismo. Eu acredito que somente uma
união e uma coesão dos valores e princípios liberais e conservadores
pode levar o Brasil para a frente e pode levar o mundo para a frente.
Somente sob um substrato nacional coerente, como aquele que é
pregado pelas doutrinas conservadoras, é que a economia liberal
pode funcionar a favor do ser humano, e não somente como um
instrumento materialista de automação do indivíduo.
O sentimento nacional, a meu ver, é a única maneira de recu-
perar, para os valores humanos, o comando da economia liberal
globalizada. Entraríamos um pouco na questão do globalismo – se
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esse Wozu Dichter (Para que poetas?), e essa análise do “aquilo que nos
protege é a nossa desproteção”. Heidegger é absolutamente essencial
para minha maneira de pensar e para a abertura de horizontes.
Comecei a entender que não entendia uma série de coisas quando
comecei a ler Heidegger.
Essa questão da modernidade. É claro que a modernidade teve
vários questionamentos, foi questionada de várias maneiras dife-
rentes ao longo do século XX; e o questionamento heideggeriano
talvez seja um dos principais, que deu tantas correntes. Acho-o
fundamental, mas, ao mesmo tempo – como é que vou dizer? –,
de maneira, claro, muito modesta, é impossível fazer um círculo
ao redor de Heidegger, você tem um universo que é praticamente
incircumnavegável. Mas acho que, hoje, é possível uma certa supe-
ração, talvez, de algumas coisas, através de um aprofundamento de
certas ideias de Heidegger, no seguinte sentido: tentar fazer esse
amálgama do pensamento conservador, chamemos assim, com a
modernidade liberal. Acho que isso é a nossa tarefa essencial hoje,
não só do Brasil, mas de todo mundo que pensa um futuro melhor
para o mundo. Ou seja, não rejeitar, porque a rejeição da moderni-
dade liberal pode conduzir realmente a soluções totalitárias, que a
gente de forma nenhuma comunga.
Ao mesmo tempo, como dizia, deixar a modernidade liberal
sozinha, sem conteúdo, vai entrar alguém no táxi, e eu, pessoalmente,
não acho legal essas pessoas que entram no táxi e querem conduzir
a sociedade. Acho que realmente há uma condução; se você deixar a
economia liberal sozinha, a modernidade liberal sozinha, ela acaba
indo também para um totalitarismo. Esse é o problema, porque ela
não fica sozinha; ela acaba sendo tomada por um projeto que se
pode chamar de projeto revolucionário, projeto comunista, projeto
marxista, etc., mas que existe e que está aí.
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que é um diplomata?” e eu não soube explicar para ela, que tem três
anos de idade. Mas eu preciso explicar isso para os meus colegas,
meus amigos, minha família.
Minha pergunta é: como o senhor acredita que o Itamaraty
possa trabalhar para se abrir para a sociedade brasileira, para dialogar
e para se apresentar à sociedade brasileira como um condutor da
política externa brasileira?
Ministro Ernesto Araújo – Obrigado. Esse é um desafio absoluta-
mente fundamental. Acho que a gente tem que realmente pensar, já
estamos pensando, em um programa para atender a isso, razão pela
qual a gente criou a Secretaria de Comunicação, com a Embaixadora
Márcia [Donner Abreu] à frente. Tentar integrar todos os instru-
mentos que a gente tem de contato com a sociedade. Um deles é o
Instituto Rio Branco, um instrumento fundamental; a FUNAG, o
IPRI, etc., inclusive criar, isso é uma coisa que está em processo, criar
um instituto de cultura e língua brasileira no exterior, reunindo os
atuais centros de estudos brasileiros, mas com uma outra roupagem
e uma outra dimensão. Tudo isso para tentar usar melhor os instru-
mentos que a gente tem para esse tipo de abertura. Eu acho que é
uma tarefa institucional. No caso do Ministro, tenho procurado ter
o maior contato possível fora do Ministério, muito contato com o
Congresso, que é uma coisa fundamental, representantes do povo,
diversificar isso. Mas há muitíssimo a ser feito.
Um parêntese: a gente está distribuindo um papel, o Conselheiro
Alberto, ele e sua equipe fizeram um apanhado de, enfim, não vamos
chamar de realizações (seria um pouco pretensioso), mas de coisas
que já fizemos nesses primeiros 70 dias de administração. Só para
dar uma ideia – pois às vezes as coisas chegam completamente
desencontradas e fragmentadas pela imprensa ou por outras fon-
tes – de coisas que nós temos tentado fazer.
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Aula magna no Instituto Rio Branco,
em Brasília (11/03/2019)
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também, aliás, é um termo que não é tão pacífico. Mas eu acho que
é um exemplo bom de uma sociedade, de um país que conseguiu
essa coesão liberal-conservadora que eu acho que é chave para o
que a gente pode fazer no mundo. É um país que tem uma projeção
internacional extraordinária e regional, sobretudo.
Estamos fazendo com eles, por exemplo, esse esforço de recon-
ceitualização do projeto sul-americano, saindo do conceito UNASUL
para um novo conceito, de modo que isso vai ser parte também da
visita, porque tem a visita bilateral, mas tem a reunião dos chefes
de Estado sul-americanos para tentar, de alguma maneira, refundar
o projeto sul-americano em novas bases, com bases totalmente
democráticas e mais flexíveis do que eram as da UNASUL.
Então, são todas elas dimensões que têm a ver com esse
projeto de reconexão com aquilo que a gente entende que devam
ser nossas prioridades e que, em todos esses casos, estavam muito
negligenciados.
Embaixadora Gisela Padovan – Obrigadíssima, Ministro!
Agradeço a disponibilidade, a abertura e o seu tempo. Agradeço
muitíssimo, Ministro, e espero que realmente vire uma tradição, já
convidando aqui para o fim do ano o Secretário-Geral para encerrar
e fazer um balanço. Muitíssimo obrigada e boa sorte nessas viagens
realmente tão importantes, realmente fundamentais para nossa
política externa.
Ministro Ernesto Araújo – Obrigado, Gisela. Obrigado,
Secretário-Geral, por ter vindo prestigiar-me, a todos, Maria Eduarda,
meus colegas de Gabinete, obrigado.
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9. Discurso na abertura da 1ª reunião de Sherpas
do BRICS, em Curitiba (14/03/2019)
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Ernesto Araújo
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Discurso na abertura da 1ª reunião de Sherpas do BRICS,
em Curitiba (14/03/2019)
to have access to art and culture. This is a common challenge for all
our countries, with all our differences.
Our people, in all the countries of BRICS, want, of course,
more economic growth, but they also want to live lives that are
more meaningful and happier. Innovation and the digital economy
are areas where those two currents meet: the current of economic
growth and the current of personal accomplishment. For a long
time, countries around the world concentrated only on the first
dimension, the dimension of the economy. And Brazil, I’m sure, is
today an example that people want something else. In the recent
past, the exclusive focus on the economy did not work. Even less
when it was coupled with values that ran counter to the essence of
the Brazilian ethos. That approach produced stagnation, recession,
and divisiveness.
President Jair Bolsonaro was elected with a platform of eco-
nomic opening and recovery, and at the same time of defense and
promotion of basic values. The recovery of national pride, where
people stand together around the flag, around the sense that Brazil
is a nation, and not only a market. I think all our countries share
that sense of nationhood behind all our differences, and that can
make our cooperation even stronger. We’re sure that the best means
to promote one country’s role in the world is the happiness of its
people, and I’m sure we all share this same approach.
Regarding a little bit beyond our group, and just for a second,
please allow me to mention the situation in our neighbor and sister
republic of Venezuela. Brazil wishes for all countries what it wishes
for itself, and Venezuela today lives under very dire circumstances
that we must recognize and deal with. I ask for all your countries’
attention to the plight of the Venezuelan people today, and I am
sure that each one of us can contribute to a solution to the crisis
they’re going through and to help this very important country in
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em Curitiba (14/03/2019)
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em Curitiba (14/03/2019)
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em Curitiba (14/03/2019)
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10. Entrevista concedida à Brasil Paralelo, em
Brasília (17/03/2019)4
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em Brasília (17/03/2019)
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em Brasília (17/03/2019)
muito pela mídia, pela grande mídia – não pela mídia alternativa, que
é tão importante por isso. Se você disser qualquer coisa que esteja
fora do mainstream, vão começar a dizer que você é maluco. Então,
claro, isso vai implantando medo na cabeça das pessoas. E o medo
paralisa, o medo limita. Então, eu faço muito esse esforço para que
as pessoas não tenham medo de falar e de pensar. Basicamente isso.
Brasil Paralelo – Existe algum país que o senhor tem como case
e gostaria que nós entendêssemos melhor, a sua história ou a sua
política diplomática, e aprendêssemos com isso?
Ministro Ernesto Araújo – Certamente. Por exemplo, um país
que tem uma história riquíssima e que a gente conhece pouco são
os Estados Unidos. Eu tive a possibilidade de morar lá e sempre me
interessei muito por história americana. Muitas das referências que
a gente precisa e que enriquecem a nossa percepção de hoje, você
pode enriquecer muito com o conhecimento da história americana,
que tem momentos tão únicos, como a Guerra Civil Americana, por
exemplo, como todo o processo dos anos 30 e 40, com o New Deal,
depois o pós-guerra, as correntes intelectuais e políticas americanas...
Porque os Estados Unidos são isso. Acho que – assim como nós temos
o potencial de ser – é um país onde a história está viva.
É diferente da percepção que se tem na Europa. Na Europa, a
história está renascendo. Mas acho que, no período destes últimos
trinta anos, nos países europeus, grandes centros de civilização, a
história de certa forma morreu. As pessoas deixaram de pensar
política (um pouco como no Brasil), deixaram de conectar-se com
o seu passado.
Nos Estados Unidos, isso nunca aconteceu. Lá as pessoas vivem
a história, vivem a sua aventura nacional de uma maneira muito pre-
sente. O debate político americano é extremamente vívido e rico. As
pessoas estão sempre citando exemplos do século XIX, do Roosevelt,
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em Brasília (17/03/2019)
que ficam num éter, onde nada faz sentido. Acho que é por isso que
o conceito de “realidade” precisa voltar. E o conceito de “verdade”.
Porque verdade também é isso: no fundo, é o diálogo entre a lin-
guagem e a não linguagem.
Então, acho que é absolutamente essencial tentar ter essa visão
“realista” nesse sentido de realismo; que não é também o absolutismo
da realidade concreta. Você precisa ter a linguagem e o pensamento
humano questionando isso. Mas, hoje, você realmente tem toda uma
série de correntes que vivem num mundo puramente de palavras,
e de jogos de palavras. Por isso que eu não gosto de Wittgenstein,
por exemplo, como eu falei em um artigo meu. Wittgenstein é
muito isso; para ele tudo é jogo de palavras – estou exagerando; é
um pensamento muito rico –, mas ele vê a realidade como um jogo
de palavras. Por isso acho que uma das fontes desse nominalismo
atual é Wittgenstein.
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11. Alocuções no “Dia do Brasil” na Câmara de
Comércio dos Estados Unidos, em Washington,
D.C. (18/03/2019)
Primeira alocução:
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Alocuções no “Dia do Brasil” na Câmara de Comércio dos Estados Unidos,
em Washington, D.C. (18/03/2019)
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Alocuções no “Dia do Brasil” na Câmara de Comércio dos Estados Unidos,
em Washington, D.C. (18/03/2019)
Segunda alocução:
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12. Entrevista sobre a Venezuela e o Brasil no ce-
nário mundial, concedida ao Terça Livre TV
(19/03/2019)5
Allan dos Santos – É com muita satisfação que eu, Allan dos
Santos, aqui do canal Terça Livre TV, recebo Ernesto Araújo, Ministro
das Relações Exteriores do governo de Bolsonaro. Muito obrigado por
aceitar o nosso convite. Para nós é uma alegria imensa, uma honra.
Eu, que admirei um dos seus textos muito antes, até, de a gente ter
a possibilidade de saber que o Bolsonaro ia ganhar: o seu texto sobre
o Trump e o Ocidente; uma leitura que eu percebi, realmente, que
foi feita com a alma e não apenas com o intelectualismo que nós
vemos hoje, palavras clichês que, infelizmente, estão permeando
a vida intelectual brasileira. Então, obrigado por aceitar o nosso
convite, Ministro.
Ministro Ernesto Araújo – Eu é quem agradeço a oportunida-
de de estar aqui. Sou um grande fã do Terça Livre, há vários anos.
Nunca imaginei que ia estar aqui com vocês, e é uma honra para
mim estar aqui.
Allan dos Santos – Eu tenho, aqui, algumas perguntas que
eu gostaria de fazer, Ministro, e a primeira delas é a urgência que
nós temos, hoje, aqui na América Latina, que é a Venezuela. Nós
não estamos falando apenas de comércio, não estamos falando de
petróleo, como muitos da imprensa querem tratar. Crianças passando
fome, miséria, em uma ditadura comunista, socialista, que usou do
dinheiro público brasileiro para estar na situação que se encontra
hoje. Como o Itamaraty vê essa situação?
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concedida ao Terça Livre TV (19/03/2019)
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concedida ao Terça Livre TV (19/03/2019)
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concedida ao Terça Livre TV (19/03/2019)
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concedida ao Terça Livre TV (19/03/2019)
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concedida ao Terça Livre TV (19/03/2019)
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13. Apresentação inicial na Comissão de Relações
Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara
dos Deputados, em Brasília (27/03/2019)
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da Câmara dos Deputados, em Brasília (27/03/2019)
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da Câmara dos Deputados, em Brasília (27/03/2019)
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da Câmara dos Deputados, em Brasília (27/03/2019)
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como por segurança do país, uma vez que o regime Maduro alberga
organizações criminosas e terroristas de toda sorte, bem do lado de
nossa fronteira, uma situação que não pode ser positiva de forma
nenhuma para nossa segurança.
Hoje, essa é nossa grande prioridade, evidentemente, no
espaço sul-americano. A América do Sul precisa superar, precisa
de uma Venezuela democrática para voltar a ser plenamente um
espaço de integração. É para isso que estamos trabalhando, e é
essa convicção que nós temos, como eu dizia, em torno de uma
concepção de democracia, e não de ideologia. No momento em que
a Venezuela tiver uma eleição democrática, se essa eleição resultar
na vitória de um partido, de um candidato de esquerda, ótimo. Se
for democraticamente eleito, terá todas as condições para devolver
a Venezuela ao seio da comunidade democrática sul-americana.
Gostaria de falar rapidamente do Oriente Médio. Já falei um
pouco do erro de percepção muito gritante de ver o Oriente Médio
como um espaço de rivalidade entre Israel e os países árabes. Não
é isso. Eu participei de uma importante reunião, uma conferência
sobre paz e segurança no Oriente Médio, realizada em Varsóvia,
em fevereiro, onde ficou claro que a preocupação chave dos países
árabes hoje é a atuação do Irã na região. Isso, evidentemente, é uma
situação regional, mas é importantíssimo que o Brasil, que é um país
que tem interesses globais e que tem interesse em atuar em todas
as regiões em favor da paz, em favor da estabilidade, conheça quais
são as percepções dos nossos parceiros.
Isso tem a ver, evidentemente, com a nossa determinação de
romper a tradição de negligenciar o relacionamento com Israel,
de tratar Israel como um país pária na comunidade internacional,
quando é um país como os outros, um país, aliás, cuja criação deveu
muito à diplomacia brasileira do Chanceler Oswaldo Aranha nos anos
1940, e que faz parte, portanto, da boa tradição da política externa
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da Câmara dos Deputados, em Brasília (27/03/2019)
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14. Discurso por ocasião do Encontro Empresarial
Brasil-Israel, em Jerusalém (02/04/2019)
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em Jerusalém (02/04/2019)
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place very soon, and everything that we are discussing here today
will have its continuity with that instrument.
We are here basically talking about technology and innovation:
innovation is creativity, and creativity, basically, requires freedom,
requires that integral or holistic vision of the human being, of the
nation. And I’m pretty sure this is the vision that our both leaders
– who just spoke here, in this panel – can give us and, with that, to
foster our relationship.
Thank you very much.
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em Jerusalém (02/04/2019)
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em Jerusalém (02/04/2019)
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15. Apresentação inicial na Comissão de Relações
Exteriores e Defesa Nacional do Senado Fede-
ral, em Brasília (04/04/2019)
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do Senado Federal, em Brasília (04/04/2019)
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tautológico, em que você não erra, mas também não sai do lugar.
Esse conceito de razão exige que nós formulemos a hipótese, por
exemplo, de que “A mais B é igual a C”. Porque a razão é algo que
desidentifica uma coisa de si mesma e lança, digamos, numa aventura
fora da dimensão puramente tautológica. E mesmo que nós erremos
e nos demos conta de que “A mais B não é igual a C, mas é igual a D”,
nós só chegamos lá porque formulamos inicialmente uma hipótese.
Nessa mesma perspectiva, uma nação nunca será igual às outras.
E nunca será suficiente dizermos simplesmente que ela é igual às
outras, mas é preciso que ela se relacione com as outras a partir
da sua identidade. E essa identidade envolve, de certa forma, um
separar-se e um diferenciar-se. O Brasil não é a China. O Brasil não é
o Uruguai. O Brasil não é os Estados Unidos. Isso parece óbvio, mas,
muitas vezes, acho que, na nossa atuação recente, nós nos vínhamos
comportando como se o Brasil fosse um país genérico, como se não
fizesse diferença essa nossa identidade, como se nós tivéssemos que
atuar simplesmente a partir de paradigmas externos. De certa forma,
abandonamos a relação com a nossa própria identidade. Talvez não
só na política externa, mas nela certamente.
Então, ser uma nação é ser diferente das outras nações. E
uma nação que se afirma, de certa forma, está identificando-se e
dizendo coisas diferentes, fazendo coisas diferentes. Eu acho que
isso também é algo que nós vínhamos negando. O Brasil, de certa
forma, vinha negando-se a si mesmo. E, nessa negação, abusava-se
muito do conceito do universalismo, que é um conceito como qualquer
outro, que tem de ser analisado, mas nós vínhamos fazendo disso
um dogma e dizendo que a política externa brasileira tinha de ser
universalista. E isso acabava significando simplesmente que nós
não deveríamos ter uma coloração própria, não deveríamos ter uma
identidade, não deveríamos perseguir nada que não fosse autorizado
por certos paradigmas internacionais.
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do Senado Federal, em Brasília (04/04/2019)
relacionar com o mundo, mas que seja uma entidade que contribui
para o repensar e o reconstruir da nação.
- Segundo: reconectar com grandes parceiros, parceiros essenciais
para o nosso desenvolvimento, para a nossa projeção no mundo,
como Estados Unidos e Israel, sem exclusão de outros parceiros.
- Desenvolver o comércio com todos os países de maneira a
beneficiar as nossas prioridades, e de acordo com uma construção,
uma constatação dos nossos interesses, o que exige uma visão
bilateral daquilo que há a ganhar, daquilo que há a aproveitar em
cada relacionamento.
- Defender a liberdade e a democracia. Isso é fundamental. Viver
num ambiente democrático, não só na região, mas no mundo. Isso
certamente é o caso da Venezuela, da qual eu falei brevemente, e
temos certeza de que isso não se esgota na Venezuela, mas é o caso
talvez mais premente, e talvez uma das principais mudanças que
nós introduzimos, que é uma defesa ativa, e não simplesmente no
discurso, da democracia.
- E estar presente nos grandes debates mundiais, tanto nas
correntes de ideias, quanto nas organizações internacionais, como a
OMC, como a OCDE. No caso da OMC, o Brasil poderá distinguir‑se
como um dos países-chave na reforma daquela organização, de
acordo com os nossos interesses.
Em termos de determinadas linhas, falei dos Estados Unidos,
falei de Israel, ambos de maneira totalmente não excludente. No caso
de Israel, queremos, ao mesmo tempo, ampliar o relacionando com
os países árabes. Temos convicção de que isso é totalmente possível
e factível. Estamos muito empenhados nisso.
Na América do Sul, fazer da região um bloco pela democracia.
Acho que já lançamos as bases disso na reunião de Santiago,
onde decidimos a criação de uma nova entidade, o PROSUL, em
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16. Palestra na Federação das Indústrias do Es-
tado de São Paulo (FIESP), em São Paulo
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nesse processo, também algumas pessoas vêm falando: “ah, não pode.
Não pode. O Brasil tem que ficar com os países em desenvolvimento;
não pode estar no centro da decisão”, tem que, simplesmente, repre-
sentar, digamos, o papel de um país em desenvolvimento e não ter
as suas ideias próprias. Como se prevalecesse ainda aquela imagem
de que a OMC, nesse caso, é um jogo entre países desenvolvidos e
países em desenvolvimento. Como se fosse um jogo de soma zero,
onde o Brasil tem que se definir como país em desenvolvimento, e
isso implica determinadas posições, etc.
Quando, na verdade, no caso da OMC, o que nós temos é que
atacar instrumentos distorcivos, que prejudicam a nossa economia,
que prejudicam a nossa competitividade. Alguns desses instrumentos
são praticados por países desenvolvidos, outros são praticados
por países em desenvolvimento; alguns são praticados por ambos,
como no caso dos subsídios agrícolas, por exemplo, onde cada vez
mais o problema é a prática dos subsídios por alguns países em
desenvolvimento. Ou o tema das empresas estatais, da atuação de
empresas estatais, ou o tema de transferência forçada de tecnologia,
por exemplo; que são temas que prejudicam a competitividade porque
eles são praticados, não importa por quem eles são praticados. Mas
parece que, dependendo de por quem é praticado, você pode ou não
pode falar daquilo, e a nossa posição, que tenta ser uma posição
de correção dessas distorções, começa a ser criticadas como se nós
tivéssemos individualizando um país ou outro, o que, evidentemente,
não é o caso.
Em relação a Israel, por exemplo. Acho que, de modo muito
semelhante ao que acontece com os Estados Unidos, durante muito
tempo houve um amplo reconhecimento, aqui no Brasil, de que é
um relacionamento negligenciado por opções políticas atrasadas, e
de que era um parceiro fundamental, potencialmente, para várias
áreas do desenvolvimento. Aí, também, fomos a Israel, o Presidente
Bolsonaro, e conseguimos trazer um acordo de ciência e tecnologia;
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chega um ponto onde você já não tem mais países com quem negociar
acordos de ciência e tecnologia. O importante é implementar esses
acordos, implementar a efetiva cooperação em tecnologia, trazer a
tecnologia para o Brasil, e isso não vinha acontecendo. Então, agora,
a ideia é que nós, claro, em cooperação, no caso, com o Ministério
da Ciência e Tecnologia, usemos a nossa rede de postos para iden-
tificar quais são as tecnologias interessantes nos países x, y, z que
nós precisamos atrair para o nosso processo de desenvolvimento,
para a nossa indústria, para a nossa competitividade. Coisa que, por
exemplo, a Coreia faz. A Coreia tem um sistema extraordinário onde
embaixadas recebem, digamos, demandas para identificar processos,
materiais, projetos que possam ser importantes para determinados
elementos da indústria coreana. Isso é uma coisa que a gente precisa
fazer. Com Israel, esse novo relacionamento vai ser extraordinário
nessa dimensão, para capturar não só os investimentos específicos,
mas a cultura do empreendedorismo de inovação e tecnológico de
Israel, que é a nação start-up, quer dizer, um polo gigantesco de
desenvolvimento tecnológico, só para dar esse exemplo.
Então, eu acho que nós vivemos um pouco uma época em que
se falava muito de pragmatismo, mas não se exercia esse pragma-
tismo. O pragmatismo virou um pouco um mito, uma mitologia do
pragmatismo. Acho que tivemos momentos ideológicos, sim, e os
momentos não ideológicos também, de certa forma, foram ideológi-
cos, porque não buscaram as mudanças efetivas e essa intervenção,
digamos, na realidade. Acho que o pragmatismo virou uma figura de
discurso. Isso tem a ver com um país que, de certa forma, não sabia
o que era, não sabia o que queria ser no mundo, não sabia o que
queria. Então, quem não sabe quem é e quem não sabe o que quer
acaba não fazendo nada, por medo de errar. Eu acho que o medo
de errar não pode ser o princípio de política externa, não pode ser
o princípio de nada. E vinha sendo. Infelizmente, vinha sendo. A
nossa atuação no mundo vinha-se atrofiando.
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Palestra na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP),
em São Paulo (08/04/2019)
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de vista de quem o formulou, porque ele não tem dentes, mas ele
morde, e a mordida dele dói. Então, dizem “ah, mas não é um acordo
vinculante”, mas, se não tomar cuidado, ele é um acordo que pode
punir a agricultura brasileira e a competitividade do agronegócio
brasileiro. Então, é um tipo de coisa que eu converso muito com o
Ministro Salles, do Meio Ambiente, acho que estamos totalmente na
mesma página nisso. Também a questão da maneira pela qual esse
acordo, e outros instrumentos ambientais, permitem uma atuação
totalmente descontrolada de ONGs que prejudicam a nossa utilização
de recursos minerais, por exemplo, de recursos naturais. Isso é algo
que, também, nós estamos atacando e com base nesse conceito
integrado. Nós não estamos aqui para, simplesmente, implementar,
internalizar normas multilaterais. O Brasil é um país que tem peso
para influenciar nessas normas e para tentar que, em uma certa
medida, pelo menos, essas normas reflitam os nossos interesses;
ou que, pelo menos, não firam os nossos interesses.
Bem, deslocando um pouco, para o tema da Venezuela, que já foi
citado aqui. Acho que é um tema muito presente na nossa atuação
cotidiana, e é importante comentar, embora não tenha necessa-
riamente a ver com essa dimensão econômica. Mas, justamente, o
ponto é que tudo tem a ver com tudo. E ficou claro para nós, desde
o dia 1º de janeiro, que conviver, do outro lado da fronteira, com
um país completamente em colapso e controlado por uma ditadura
sanguinária não é um problema diante do qual nós possamos, sim-
plesmente, enfiar a cabeça na areia e fazer uma resolução genérica
dizendo que estamos preocupados e ir para casa.
Então, estamos tentando firmemente, de maneira muito intensa,
desde o começo desse governo, utilizar os nossos recursos diplo-
máticos, movimentar os nossos músculos, na medida em que os
tenhamos, para tentar mudar essa realidade, que é uma realidade
que ameaça a segurança nacional, que pode provocar uma crise
migratória maior do que aquela que já existe. E não deixar que se
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crie essa sensação de que é normal você ter uma situação como a da
Venezuela, do outro lado da nossa fronteira, e de que fazer qualquer
coisa em relação a isso seja uma temeridade.
Nós estamos plenamente dentro do direito internacional, ple-
namente dentro dos princípios de política externa inscritos no art.
4º da Constituição brasileira, mas, agindo em função dos nossos
interesses. É difícil? É. Claro que é difícil. Mas o que havia era o medo,
de que eu falei. Nossa política externa era baseada no medo de errar,
no medo de fazer qualquer coisa que possa parecer, de qualquer
maneira, criticável por alguém. Está bem, é uma maneira de fazer
política externa. Mas não é a nossa. Não é a nossa. Simplesmente,
era uma política que (não sei se funciona, em português, essa metá-
fora) chutava a lata para adiante no caminho; várias latas, quando
apareciam.
Então, a Venezuela está aqui, está na nossa frente e vamos traba-
lhar dia e noite para conseguir a transição democrática na Venezuela,
usando a pressão internacional, dentro do direito internacional.
Tenho cada dia mais certeza de que isso é possível, embora seja mais
lento do que parece; e é preciso não esmorecer nesse sentido e não
nos deixar cair nessa coisa de “ah, não deu certo”. É difícil? Claro
que é difícil. Mas vamos continuar.
E, também, sobretudo o seguinte: eu falei que não tinha a ver
com a dimensão econômica, mas claro que tem, porque, no momento
em que a Venezuela recuperar a democracia, a Venezuela vai se
tornar um instrumento extraordinário, um polo extraordinário de
investimentos. A reconstrução da Venezuela vai criar oportunidades
econômicas gigantescas, e nós, o Brasil, terá que se capacitar, terá
que estar presente para aproveitar essas oportunidades.
Bem, voltando um pouco, falando de instrumentos, quando eu
falei de toda essa dimensão da promoção comercial, outro desafio
nosso, e, ao mesmo tempo, uma oportunidade incrível é a Apex.
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em São Paulo (08/04/2019)
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17. Palestra no Conselho Argentino para as Rela-
ções Internacionais (CARI), em Buenos Aires
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analizar de manera distinta, pero creo que esa diplomacia sin sangre
y sin alma no funciona como parte de un proyecto de país.
Lo que hubo fue un país que perdía la batalla de ubicarse en las
cadenas globales de valor y que perdía la carrera tecnológica, por
problemas identificados casi por consenso en Brasil. Pero ahora que
tenemos una política, determinada por el Presidente Bolsonaro,
que intenta cercarnos de los principales centros tecnológicos y
de innovación del mundo por ejemplo, como Estados Unidos e
Israel, para recuperar un poco de ese tiempo perdido, los críticos
nos dicen que no podemos. No entiendo muy bien, porque esas
mismas personas decían que identificaban los problemas de rezago
tecnológico y de otros, pero vivíamos en Brasil hoy día, a veces, una
situación rara en ese sentido.
Volviendo a la relación Brasil-Argentina, por suerte, rompimos
aquel pacto del cual hablaba, aquel pacto de retraso. Primeramente,
ustedes a partir de 2015, y ahora nosotros, intentamos cambiar el
sistema, aunque sea muchísimo difícil. Es muy difícil. Y necesitamos,
creo, uno al otro para seguir adelante en esa misión de recuperar
el tempo perdido, y de recuperarlo a partir de nuestra identidad.
Creo que necesitamos de un nuevo pacto a nivel de ideas, a nivel
filosófico y no solamente en nivel económico entre nuestros países.
Un pacto, claro, hacia la libertad y a la prosperidad, pero con nuestras
identidades propias y con nuestros valores “civilizacionales”.
Estamos intentando reconectarnos con el occidente democrático,
lo que no significa de ninguna manera un demérito de otros socios,
sino la recuperación de un tiempo perdido. Queremos una región
de democracia e integración, como nuestros dos países, entre otros,
establecimos en el nuevo proceso sudamericano, en la reciente
cumbre de Santiago.
Pero no nos quedaremos ahí, seguramente. Tenemos una enorme
misión. Hay que seguir en esa doble vertiente, del aspecto “civili-
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em Buenos Aires (09/04/2019)
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18. Discurso na cerimônia de formatura do Ins-
tituto Rio Branco (03/05/2019)
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Discurso na cerimônia de formatura do Instituto Rio Branco (03/05/2019)
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19. Os primeiros avanços da nova política ex-
terna, artigo publicado no jornal Valor Eco-
nômico (08/05/2019)6
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Os primeiros avanços da nova política externa,
artigo publicado no jornal Valor Econômico (08/05/2019)
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20. Discurso na conferência “A cooperação entre
o Brasil e a África”, por ocasião da celebração
do Dia da África, em Brasília (27/05/2019)
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por ocasião da celebração do Dia da África, em Brasília (27/05/2019)
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por ocasião da celebração do Dia da África, em Brasília (27/05/2019)
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por ocasião da celebração do Dia da África, em Brasília (27/05/2019)
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por ocasião da celebração do Dia da África, em Brasília (27/05/2019)
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por ocasião da celebração do Dia da África, em Brasília (27/05/2019)
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21. Apresentação por ocasião do trigésimo aniver-
sário da Embrapa Territorial, em Campinas
(30/05/2019)
Boa tarde!
Ministra Tereza Cristina; Ministro Fernando; Ministro Ricardo
Salles; Deputado Alceu Moreira; em nome de quem saúdo todos os
Parlamentares presentes; Secretário de Agricultura de São Paulo,
Gustavo Junqueira; Presidente da Embrapa, Sebastião Barbosa;
Chefe-Geral da Embrapa Territorial, Evaristo Miranda; senhores
Oficiais Generais; ex-Ministros. Quero saudar de maneira especial
Dom Luiz Philippe de Orléans e Bragança, em nome de quem saúdo
todos os demais presentes.
É uma enorme alegria e uma enorme honra estar aqui nesta
tarde. Minha primeira observação é de que, além de uma nova sala
de situação, a Embrapa Territorial precisa de um novo auditório
para acomodar toda a enorme atenção que, justamente, ela atrai.
A Embrapa, como todos os senhores sabem, ao longo desses
46 anos, tem sido uma instituição central na transformação do
Brasil. Passamos de importador líquido de alimentos, nos anos 70,
a um dos celeiros do mundo. E se nós temos hoje essa ação, como
temos, de transformar o Brasil em um dos grandes do mundo, em
uma potência em escala mundial, uma potência trabalhando pela
democracia, pela liberdade, pela dignidade humana, isso não seria
possível sem o agro, sem essa base do agronegócio, onde o Brasil
já é uma potência mundial. Esperamos que, com novas Embrapas,
novas ideias, novos esforços como este, nós consigamos realmente
alcançar esse sonho.
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Apresentação por ocasião do trigésimo aniversário da
Embrapa Territorial, em Campinas (30/05/2019)
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Apresentação por ocasião do trigésimo aniversário da
Embrapa Territorial, em Campinas (30/05/2019)
está sendo feito pela Ministra Tereza Cristina, pelo Itamaraty, pelo
Ministério da Defesa, pelo Ministério do Meio Ambiente. Todos nós,
em conjunto, temos consciência disso e procuramos atuar nesse
sentido, nesse esforço.
Nós promovemos o avanço das negociações, em benefício
do agronegócio brasileiro, tanto multilaterais quanto bilaterais.
Procuramos remover barreiras. Procuramos criar ambiente compe-
titivo favorável às nossas exportações. Procuramos impulsionar o
acesso aos mercados, uniformização de procedimentos sanitários
e fitossanitários. Estamos aprofundando a participação do Brasil
na OMC e em outras entidades e organizações macro, inclusive na
OCDE, como os senhores sabem, estamos a um passo de começar o
nosso processo de adesão, enfim, em todas essas frentes levamos com
muito orgulho, com muita convicção a mensagem do agro brasileiro.
Queria, finalmente, dizer que o Itamaraty está pronto a ser
parte integrante e entusiasmada dessa comunidade do agronegócio.
Parabéns a todos!
Muito obrigado!
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22. Discurso em evento empresarial durante visita
presidencial, em Buenos Aires (06/06/2019)
Señores empresarios,
Yo trabajo con temas de la relación bilateral Brasil-Argentina
y del MERCOSUR hace casi treinta años, y puedo decir que vivimos
un momento muy especial de esa relación. No me acuerdo de haber
vivido un momento tan promisor de nuestra relación.
¿Por qué? Porque hay, antes de todo, una filosofía común entre
ambos Presidentes, entre ambos gobiernos, basada en el respeto a la
voluntad popular, de pueblos que quieren crecimiento, empleo, pero
que también quieren sus valores respetados, sus valores fundamen-
tales, sobre todo, como siempre enfatiza el Presidente Bolsonaro,
el valor de la libertad: la libertad económica, la libertad religiosa, la
libertad de expresión y todas sus dimensiones.
Esa filosofía común se traduce en una voluntad de hacer cosas, de
hacer cosas concretas, y eso lo vemos acá. Los resultados que recoge
esa visita presidencial, los actos que firmamos y los avances que
tenemos en la facilitación del comercio, en la seguridad, la defensa,
la energía, la minería, la ciencia y tecnología y tantas otras áreas.
Realmente somos dos potencias agrícolas, somos dos potencias
energéticas y podemos ser, juntos, dos potencias en muchas otras
áreas, y en beneficio de ambos pueblos.
Esa relación bilateral revitalizada, reinventada a partir de esa
filosofía común, se refleja también en un MERCOSUR revitalizado,
es un MERCOSUR que reencuentra su vocación original. Durante
algunos años, el MERCOSUR no ha sido un proceso de integración,
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Discurso em evento empresarial durante
visita presidencial, em Buenos Aires (06/06/2019)
Senhores empresários,
Trabalho com temas das relações bilaterais Brasil-Argentina
e do MERCOSUL há quase trinta anos, e posso dizer que vivemos
um momento muito especial nesta relação. Não me recordo de ter
vivido um momento tão promissor em nossa relação.
Por quê? Porque há, antes de mais nada, uma filosofia comum
entre ambos os Presidentes, entre ambos os governos, baseada no
respeito e na vontade popular de povos que querem crescimento,
emprego, mas que também querem seus valores respeitados, seus
valores fundamentais, sobretudo, como sempre enfatiza o Presidente
Bolsonaro, o valor da liberdade: a liberdade econômica, a liberdade
religiosa, a liberdade de expressão e todas as suas dimensões.
Essa filosofia comum traduz-se em uma vontade de fazer coisas,
de fazer coisas concretas, e vemos isso aqui. Os resultados que essa
visita presidencial apresenta, os atos que firmamos e os avanços
que temos na facilitação de comércio, em segurança, em defesa, em
energia, em mineração, em ciência e tecnologia e tantas outras áreas.
Realmente, somos duas potências agrícolas, somos duas potências
energéticas, e podemos ser, juntos, duas potências em muitas outras
áreas e em benefício de ambos os povos.
Essa relação bilateral renovada, reinventada a partir dessa
filosofia comum, reflete-se, também, em um MERCOSUL renovado,
em um MERCOSUL que reencontra sua vocação original. Durante
alguns anos, o MERCOSUL não foi um processo de integração; foi
um processo de desintegração, um processo que se dedicava a criar
barreiras entre os sócios e isolar a região do resto do mundo. Isso
se inverte, agora, com a nova lógica de uma real integração aberta
– uma expressão que se utilizava muito na origem do MERCOSUL,
que foi abandonada e que se retoma. Um MERCOSUL que requer
eficiência no intercâmbio entre os sócios, mas, também, que seja
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23. Palestra no seminário da Fundação Alexan-
dre de Gusmão sobre globalismo, em Brasília
(10/06/2019)
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Palestra no seminário da Fundação Alexandre de Gusmão
sobre globalismo, em Brasília (10/06/2019)
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outra carta, que ele escreve para Cosima Wagner, ele pede que ela
anuncie Die frohe Botschaft – que não é a embaixada alegre, já que
para alguns de nós isso teria um sentido diferente, aqui no mundo
diplomático – mas que é a Boa Nova, o Evangelho.
Em outras dessas cartas, desses bilhetes, Nietzsche assina como
Dionísio que é o principal deus dos cultos mistéricos da Grécia Antiga,
que é um deus de morte e de renascimento, frequentemente associado
ao Cristo nos cultos sincréticos, dos séculos I, II e III. Curiosamente,
quando a gente considera a famosa oposição de Nietzsche entre o
apolíneo e o dionisíaco, a tendência é que nós vemos no dionisíaco
apenas o lado da celebração da vida, da liberdade, e não a celebração
do renascimento, e, portanto, o caráter, digamos, pré-Crístico, pré-
‑cristão, do culto de Dionísio, que a meu ver, seria mais apropriado
e mais completo. De certa forma, Nietzsche apresenta-se como o
próprio crucificado, ele se entrega ao seu próprio sacrifício, pregado
na cruz do seu próprio ateísmo, que é talvez um falso ateísmo.
Ao longo de toda sua vida, Nietzsche entrega-se a esse abismo
da angústia intelectual, e acho que ele mesmo se apresenta nos
seus livros mais anticristão, como uma figura talvez “paracristã”,
se você quiser – o Ecce Homo, aqui está o homem, que é como Pilatos
apresenta Cristo antes da crucifixão.
Nietzsche anuncia o século XX e o século XXI, em muitas coisas,
em muitos momentos; acho que nem valeria a pena ler os 14 volumes
da obra completa de Nietzsche atrás desses momentos em que ele
anuncia o que nós estamos vivendo. Eu tive a sorte de encontrar
um deles aqui, justamente nos últimos textos de Nietzsche, que é
de dezembro de 1888, começo de janeiro de 1889, portanto, nos
últimos dias antes do colapso e da entrada no que se chama “período
da loucura”. E ele diz o seguinte: “Eu trago a guerra. Não a guerra
entre povo e povo. Não entre classe e classe. Eu trago a guerra entre
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sobre globalismo, em Brasília (10/06/2019)
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Palestra no seminário da Fundação Alexandre de Gusmão
sobre globalismo, em Brasília (10/06/2019)
leva a indagar de onde vem esse valor supremo do ser humano. Que
só pode vir de algo acima dele, e isso o globalismo não admite.
É curioso, porque se cria um estranho humanismo, que é um
humanismo que desmerece o homem, e equipara-o à máquina. Então,
é interessante, o que nós estamos vendo hoje, com toda a discussão
da inteligência artificial, onde normalmente se fala: a inteligência
artificial é a máquina aprendendo a pensar como o ser humano. Na
verdade, o que está acontecendo é o contrário – e isso é o programa
globalista – é o ser humano aprendendo a pensar como máquina, é
a mecanização do ser humano.
Os teóricos da singularidade dizem que seria o momento em que
a inteligência artificial vai superar a inteligência humana. Kurzweil,
um escritor americano, disse que isso deve acontecer por volta
de 2050, quer dizer, seria mais ou menos no final dos 200 anos
de Nietzsche. Acho que estamos nos aproximando disso, mas na
verdade não é o momento onde a máquina aprenderá, como eu digo, a
pensar como o homem; é mais o contrário, será o momento onde nós
seremos forçados e passaremos a ser subjugados pela nossa própria
concepção mecanicista do próprio pensamento humano. Acho que
estamos nesse momento de uma recomposição e de uma tomada
de consciência do que está em jogo, o que é essa gigantomaquia e de
como estamos nos comportando diante dela.
Então, qual é o grande desenho, digamos, que eu procurei
formular aqui? A gente parte do conceito de que Deus está morto;
daí surge o fisiologismo como estrutura filosófica, digamos assim,
de organização de uma sociedade sem Deus; surgem duas ideologias
baseadas nisso, elas se digladiam, uma delas sobrevive; e o liberalismo
que as enfrenta, porque preserva um núcleo de fé e de antropoteísmo.
Esse liberalismo, com Deus no centro, inicialmente triunfa sobre o
fisiologismo, mas acha que foi um triunfo meramente econômico,
e dispensa Deus do seu centro.
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24. Alocução por ocasião da celebração de 4 de
Julho na Embaixada dos EUA, em Brasília
(04/07/2019)
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25. Discurso na data nacional da Venezuela, em
Brasília (05/07/2019)
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Discurso na data nacional da Venezuela,
em Brasília (05/07/2019)
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26. Discurso na reunião do Conselho do Mercado
Comum, em Santa Fé, Argentina (16/07/2019)
Obrigado, Presidente.
Agradeço muito ao Ministro Jorge Faurie a convocação desta
reunião do Conselho do Mercado Comum, que, ademais, se realiza
em sua cidade natal, Santa Fé, berço da centenária e venerável
Constituição argentina.
Agradeço muito, igualmente, ao Embaixador Horacio Reyser
a apresentação do relatório da presidência pro tempore argentina,
que destaca os importantes avanços alcançados pelo MERCOSUL
nestes últimos seis meses.
Para mim é uma grande honra e uma alegria especial, do ponto
de vista pessoal, estar hoje aqui. Eu iniciei, pelo MERCOSUL, minha
carreira no Itamaraty, no serviço exterior brasileiro. Participei, em
dezembro de 1991, da primeira reunião do Conselho do Mercado
Comum, em Brasília. Depois, participei da negociação da tarifa exter-
na comum e de outros instrumentos comerciais da união aduaneira.
Estava em Ouro Preto. Depois, em Bruxelas, no momento em que
se lançava a negociação MERCOSUL-União Europeia, recentemente
concluída.
Nós, ao longo desse tempo, criamos entre todos os países (eu
fui testemunha disso) um patrimônio de amizade e um espírito
de equipe que é uma das nossas grandes vantagens. E eu queria,
antes de tudo, dizer que estamos – e, no meu caso pessoal, estou –
inteiramente à disposição para seguir nesse caminho e para colocar
em prática a experiência que, por acaso, tive a felicidade de adquirir
com o MERCOSUL, com grande entusiasmo. O MERCOSUL é (não
quero abundar na questão pessoal) uma parte muito importante da
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minha vida, de maneira que é uma emoção especial para mim estar
presente aqui com os senhores.
A conclusão, nesse último dia 28 de junho, das negociações
MERCOSUL-União Europeia realmente foi um marco histórico. O
MERCOSUL concluiu o seu mais amplo acordo de livre comércio e
o primeiro com um grande mercado do mundo desenvolvido. Nós
estamos fazendo todo o possível (e isso comprova) para merecer a
confiança das nossas sociedades, dos nossos povos. Nós servimos,
em última instância, aos nossos povos. Devemos resultados para
corresponder às responsabilidades que eles nos entregam.
Durante muito tempo (não por falta de esforço dos negociadores,
mas por diferentes circunstâncias políticas), o MERCOSUL não vinha
entregando o que dele era esperado pelas sociedades, e estamos
muito empenhados em mudar esse quadro e corresponder a essa
confiança, a essa expectativa que há quase trinta anos as sociedades
dos nossos países depositam nesse processo de integração.
Com esse acordo com a União Europeia, nós transmitimos à
nossa região e ao mundo a mensagem de um MERCOSUL renova-
do, cujo compromisso com a abertura e uma inserção inteligente e
competitiva na economia internacional é algo real, e não simples-
mente retórico. Nós transmitimos a convicção de um MERCOSUL
pragmático, voltado para êxitos e resultados, e ao mesmo tempo um
MERCOSUL firmemente ancorado na liberdade e na democracia.
Pragmatismo certamente, mas pragmatismo significa trabalhar den-
tro da realidade, de acordo com nossos princípios e de acordo com a
nossa responsabilidade perante a nossa sociedade, e não fechar os
olhos à realidade e esquecer desses nossos princípios.
É muito positiva a convergência de visões que existe hoje
entre os quatro sócios. Estamos unidos no propósito de construir
um MERCOSUL inovador, que sirva de instrumento eficaz para a
prosperidade das nossas nações.
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Discurso na reunião do Conselho do Mercado Comum,
em Santa Fé, Argentina (16/07/2019)
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em Santa Fé, Argentina (16/07/2019)
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27. Discurso na XXIV Reunião Ordinária do Con-
selho de Ministros da Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa (CPLP), realizada em
Mindelo, Cabo Verde (19/07/2019)
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Discurso na XXIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada em Mindelo, Cabo Verde (19/07/2019)
I
No caso da concertação política, a realização de 29 Missões de
Observação Eleitoral desde 1999, quando assistimos ao referendo
sobre a autodeterminação de Timor-Leste, atesta o compromisso de
nossos países com o aperfeiçoamento dos processos democráticos
em prol de nossas sociedades. No Brasil, especificamente, estamos
vivendo um momento muito especial de construção democrática;
um povo mobilizado que cobra resultados de suas instituições, e
isso nos convence de que a busca da democracia é um trabalho
permanente e no qual a cooperação entre nós, que temos esse
objetivo compartilhado, é essencial.
Da mesma forma, o diálogo da CPLP com diferentes organiza-
ções internacionais e regionais tem-se ampliado, como demonstram
o acompanhamento e o positivo desfecho da situação política na
Guiné-Bissau, e sobretudo o respeito primordial às instituições
daquele país‑irmão, tal como defendido pelo Brasil.
O número de dezenove países e organizações que compõem o
grupo de Observadores Associados, a ser proximamente ampliado,
reforça a percepção internacional da CPLP como um interlocutor
internacional de marcada credibilidade. Eu tive a oportunidade de
constatar isso muito claramente na reunião de Cúpula, na Cimeira
do MERCOSUL, que transcorreu anteontem na Argentina, onde,
ao mencionar que estava vindo para esta reunião em Cabo Verde,
todos os países ali, que não são apenas os quatro fundadores do
MERCOSUL, mas os Estados associados, que são todos outros países
na América do Sul, expressaram vivo interesse por essa comunida-
de – e acho que já trouxe inclusive o interesse de mais um país em
tornar‑se observador, que é a Bolívia.
O Ministro de Relações Exteriores da Bolívia expressou-me
ali o interesse de tornar-se um dia observador, dado que há uma
comunidade de 50 mil brasileiros, portanto lusoparlantes, vivendo
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Discurso na XXIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada em Mindelo, Cabo Verde (19/07/2019)
II
Outro eixo basilar da CPLP, ao qual o Brasil sempre procurou
estender os melhores esforços, é o da cooperação. Por meio da Agência
Brasileira de Cooperação (ABC) e de outras instituições nacionais,
que têm longa experiência em terreno muito similar ao dos demais
Estados membros, a cooperação brasileira abrange áreas que implicam
impacto direto sobre o bem-estar de nossos cidadãos e cidadãs,
como saúde, educação, recursos hídricos, nutrição, ensino superior
e direitos das pessoas com deficiência, entre outros.
Em maio passado, realizou-se, em Brasília, capacitação sobre
planejamento de bacias hidrográficas e de redes hidrometeorológicas,
no âmbito do projeto “Apoio à gestão de recursos hídricos nos países
da CPLP”. Na ocasião, participaram técnicos de Angola, Cabo Verde,
Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe. Em outubro, uma nova
missão do projeto levará mais catorze técnicos a Brasília, para dar
um exemplo de uma das atividades às quais temos dado prioridade.
Merece especial menção o projeto “Fortalecimento da capa-
cidade política e institucional de agentes governamentais e não
governamentais para a promoção e defesa dos direitos das pessoas
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Discurso na XXIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada em Mindelo, Cabo Verde (19/07/2019)
III
Quero também fazer uma menção muito especial ao eixo lin-
guístico, esse “vasto mundo” do idioma português. O idioma comum
que empresta seu nome a esta comunidade de nações é também o
amálgama que liga e aproxima quatro continentes. A promoção da
língua portuguesa afigura-se, a um só tempo, como objeto e objeti-
vo da ação diplomática brasileira juntamente aos demais membros
da CPLP. A língua é o pensamento, é a cultura, é a identidade. E a
contribuição que todos nós temos a dar ao mundo nós a damos na
nossa língua portuguesa. Defender a língua é, portanto, defender
a nossa liberdade e o nosso lugar no mundo.
Temos particular interesse na promoção do idioma português
como instrumento de coesão e na concertação das atividades da
CPLP. Para o Brasil, o sucesso da promoção do idioma comum passa,
necessariamente, pelo fortalecimento do Instituto Internacional da
Língua Portuguesa (IILP), sediado aqui em Cabo Verde, e agradeço
muito a apresentação do Diretor do Instituto.
Desejo expressar ao Diretor Executivo do IILP, Professor
Intumbo, o sincero apoio, por parte das instituições brasileiras,
para ampliar o papel do instituto como ferramenta de promoção
compartilhada do português. Gostaria, a propósito, de mencionar
que uma das novas iniciativas do governo brasileiro é a criação do
Instituto Guimarães Rosa, um instituo de promoção da língua e da
cultura que homenageia o escritor e diplomata brasileiro, autor de,
entre tantas obras, Grande sertão: veredas.
É intenção do Brasil facultar o uso da estrutura a ser criada
com o novo Instituto para a realização de ações conjuntas com todos
os membros da CPLP. Nessas condições, saúdo especialmente a
303
Ernesto Araújo
IV
O governo do Presidente Jair Bolsonaro encontra-se
empenhado em conferir novo impulso à CPLP, que, posso assegurar,
terá prioridade na agenda diplomática do Brasil. Ela será um foro
de maior importância dentro dos eixos da nossa política externa,
tanto da abertura econômica quanto da promoção da democracia e
dos nossos valores. Queremos trabalhar em todos os espaços e em
todas as geometrias pelo crescimento com liberdade e identidade.
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Discurso na XXIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada em Mindelo, Cabo Verde (19/07/2019)
305
Ernesto Araújo
V
Finalmente, parabenizo o governo de Cabo Verde pelas inicia-
tivas que vêm sendo promovidas sob a égide de sua presidência de
turno da CPLP. O tema “As pessoas, a cultura, os oceanos”, ademais
da beleza de sua composição, tem trazido à discussão de nossos
governos temas de alta relevância para nossas sociedades.
A questão da mobilidade deve ser, certamente, objeto de um
esforço cada vez mais amplo de aprofundamento da integração dos
países que compartilham o português como idioma. É necessário
lembrar, também, que já existem sete acordos entre os países da
CPLP na área da circulação de pessoas, cuja internalização deve
ser acompanhada de reflexões mais atuais sobre as normas que
queremos, e podemos, estabelecer em prol dos cidadãos e cidadãs da
comunidade. O Brasil orgulha-se de cumprir cada um dos acordos de
circulação de pessoas assinados no âmbito desta nossa comunidade.
Como procurei frisar, a cultura constitui pilar fundamental
para darmos seguimento a iniciativas de promoção e divulgação da
língua portuguesa junto a outros parceiros internacionais, como é
o caso dos observadores associados à CPLP.
O Atlântico e, notadamente, o Golfo da Guiné, possuem papel
central para vários de nossos países. Para o Brasil, o Atlântico
Sul é parte fundamental de seu entorno estratégico. Nesse caso,
procuramos cooperar, na CPLP, em ampla gama de temas, que
atravessam a seara ambiental, a da proteção e aproveitamento dos
recursos naturais e, ainda, os esforços comuns na área naval e na
área de defesa. Exemplo disso é o “Exercício Felino”, cuja próxima
edição será realizada em setembro, em Angola. É nesse sentido que
me congratulo, uma vez mais, com o governo de Cabo Verde pela
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Discurso na XXIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada em Mindelo, Cabo Verde (19/07/2019)
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28. Apresentação inicial em audiência pública
na Comissão de Seguridade Social e Famí-
lia da Câmara dos Deputados, em Brasília
(07/08/2019)
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Apresentação inicial em audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família
da Câmara dos Deputados, em Brasília (07/08/2019)
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Apresentação inicial em audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família
da Câmara dos Deputados, em Brasília (07/08/2019)
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Apresentação inicial em audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família
da Câmara dos Deputados, em Brasília (07/08/2019)
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29. Liberdade religiosa, religião libertadora,
artigo publicado no portal Metapolítica 17
(19/07/2019)7
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Liberdade religiosa, religião libertadora,
artigo publicado no portal Metapolítica 17 (19/07/2019)
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artigo publicado no portal Metapolítica 17 (19/07/2019)
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Liberdade religiosa, religião libertadora,
artigo publicado no portal Metapolítica 17 (19/07/2019)
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30. Discurso na abertura da III Reunião de Mi-
nistros das Relações Exteriores do BRICS, no
Rio de Janeiro (26/07/2019)
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Discurso na abertura da III Reunião de Ministros das Relações Exteriores do BRICS,
no Rio de Janeiro (26/07/2019)
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no Rio de Janeiro (26/07/2019)
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no Rio de Janeiro (26/07/2019)
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Discurso na abertura da III Reunião de Ministros das Relações Exteriores do BRICS,
no Rio de Janeiro (26/07/2019)
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31. Alocução na VIII Reunião do Corredor Ro-
doviário Bioceânico, em Campo Grande
(22/08/2019)
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Alocução na VIII Reunião do Corredor Rodoviário Bioceânico,
em Campo Grande (22/08/2019)
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Alocução na VIII Reunião do Corredor Rodoviário Bioceânico,
em Campo Grande (22/08/2019)
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32. Incêndios na Amazônia: o processo de bruxaria
contra o governo do Brasil, artigo publicado no
jornal Le Figaro, França (28/08/2019)8
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Incêndios na Amazônia: o processo de bruxaria contra o governo do Brasil,
artigo publicado no jornal Le Figaro, França (28/08/2019)
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Incêndios na Amazônia: o processo de bruxaria contra o governo do Brasil,
artigo publicado no jornal Le Figaro, França (28/08/2019)
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Incêndios na Amazônia: o processo de bruxaria contra o governo do Brasil,
artigo publicado no jornal Le Figaro, França (28/08/2019)
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33. Palestra na Federação das Indústrias do Es-
tado do Rio de Janeiro (Firjan) sobre a nova
política externa do Brasil e sua vertente co-
mercial, no Rio de Janeiro (28/08/2019)
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Palestra na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) sobre
a nova política externa do Brasil e sua vertente comercial, no Rio de Janeiro (28/08/2019)
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Palestra na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) sobre
a nova política externa do Brasil e sua vertente comercial, no Rio de Janeiro (28/08/2019)
negócios. Não é esse o mundo que existe. Não é esse o mundo que
existe, onde todos são bem-intencionados, onde todos os atores,
sejam nacionais ou internacionais, atuam dessa maneira.
Então, no Brasil, nós temos os interesses muito presentes
contra esse governo e temos a carga histórica desse clientelismo,
desse patrimonialismo, dessa economia de cartório – que todos os
senhores aqui, que são do setor privado, não sei como conseguiram
sobreviver ao longo dessas décadas, com essa economia. Graças a
Deus sobreviveram. Graças a Deus temos essa base que, de alguma
maneira, talvez em função das virtudes intrínsecas do povo brasileiro,
conseguiu afirmar-se, e não certamente através da qualidade das
políticas de Estado.
Nós temos hoje a agenda comercial mais ambiciosa que o Brasil
já teve. Acho que disso não há dúvida; e, se há dúvida, estou aqui
dizendo; pelo menos é a minha convicção. E muita gente é contra
que nós tenhamos essa agenda. Conseguimos provar que essa agenda
é para valer, com a conclusão das negociações MERCOSUL-União
Europeia; agora com a conclusão das negociações com a EFTA; com o
aprofundamento de várias outras negociações; com o lançamento – se
tudo der certo, muito em breve – de uma negociação com os Estados
Unidos; também, se tudo der certo, um pouco mais adiante, com
o Japão. Temos interesses em todas essas frentes, de uma maneira
que vai bem além do discurso, como estamos demonstrando.
Mas muita gente é contra. E não é o protecionismo, disso eu
me dei conta. Trabalhei com negociações comerciais por muito
tempo, e o lugar-comum que existia, o clichê, era que “o Brasil é
protecionista, o setor privado é protecionista”. Não é! É curioso,
mas o setor privado, no Brasil, não é protecionista; o Estado é que
sempre foi protecionista no Brasil. Por quê? Porque uma economia
fechada, uma economia com o Estado muito presente, uma economia
sem competição internacional é mais fácil de controlar, é mais fácil
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Palestra na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) sobre
a nova política externa do Brasil e sua vertente comercial, no Rio de Janeiro (28/08/2019)
vam ali e impediam de ver as coisas. É isso que nós estamos tentando
fazer: entrar no fundo do Brasil e limpar para que possamos liberar
as riquezas que estão lá embaixo. Muita gente bem-intencionada, ao
longo dos anos, teve as mesmas ideias, mas não entrou lá. Ficavam
olhando esses monumentos de fora. Nós entramos, e estamos ten-
tando limpar tudo isso para chegar aos tesouros, e liberá-los para o
povo brasileiro. O Presidente Bolsonaro acredita (e eu acredito com
ele, e todos nós que estamos trabalhando com ele acreditamos) que
existe um país decente, um país rico, um país próspero, um país feliz
por baixo dessas décadas de fisiologismo.
Por que nós conseguimos o acordo com a União Europeia depois
de vinte anos de tentativa? Dizem: “Ah, estávamos quase lá, e agora
só que fechou.” Não, não é isso! Também estávamos quase lá em
2004 e não fechou, e não ia fechar. E se continuássemos no esquema
anterior, não ia fechar. Por quê? Porque nós estamos enfrentando o
sistema; o sistema é que não permitia uma política comercial com
resultados.
Nós vemos esse sistema, para voltar ao tema do meio ambiente,
o sistema está gritando; esse sistema que queria deixar o Brasil
parado, controlado, fechado, estatizado. É esse sistema que está
gritando e procurando essas vozes internacionais para, através de
uma totalmente falsa percepção da nossa política ambiental, nos
acusar de todo tipo de coisa. Não só nos acusar; ferir-nos nos nossos
interesses comerciais, nos próximos acordos, naquele acesso que
nós já temos. Denegrir a nossa agricultura, denegrir o nosso setor
produtivo.
Incêndios na floresta existem todos os anos, e foram maiores
em outros anos. Em outras ocasiões, ninguém falou nada. Este ano,
não só estamos reconhecendo isso, mas estamos agindo. Colocamos
milhares de soldados na Amazônia, bombeiros e todo tipo de ação
para tentar debelar esses incêndios que havia todo ano. Nunca
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Ernesto Araújo
ninguém fez nada, nunca ninguém falou nada, mas agora estamos
ferindo outros interesses.
O debate é totalmente enviesado, é totalmente manipulado,
é um “Photoshop de ideias”. Esse conceito do clima e da mudança
climática que começa a cobrir tudo; não é negar que exista a questão
do clima e que ela deva ser tratada, mas é subsumir tudo à questão do
clima. “Clima” torna-se uma palavra que faz parte, como mencionei
em artigo no Figaro, do “pensamento selvagem”, o pensamento que
se move por imagens, por conceitos fora da realidade. O clima é uma
série de dados e fenômenos que são e têm de ser estudados. Tem de
se realmente fazer o que é preciso para mitigar o que há de mal na
mudança climática. Mas não é isso de que se trata. É como se fosse
um circuito cerebral, em que as pessoas falam “clima” e saem para
a rua para gritar contra o Brasil nos países desenvolvidos.
Isso é um sistema que se preparou durante trinta anos, pelo
menos desde o começo das discussões ambientais nessa fase atual.
Acho que não é demais pensar que todo esse esquema está montado,
há trinta anos, para que um dia chegássemos a dizer “olha só, o
Brasil está destruindo o planeta, então vamos intervir no Brasil”. Ou
em qualquer outro país. “O primeiro país que sair do curral, vamos
laçá-lo com esse conceito de salvar o planeta e trazê-lo de volta para
o curral.” É isso que está acontecendo.
Não quero fazer propaganda do governo, mas pergunto: o que
deve fazer quem quer a continuação dessa política comercial, quem
quer a ratificação dos acordos que nós já assinamos, quem quer
novos acordos? Modestamente, acho que é apoiar um pouquinho o
nosso governo, apoiar a nossa agenda de luta contra a corrupção, a
nossa agenda de reforma do Estado, a nossa agenda de luta contra
o ambientalismo ideológico – não contra o meio ambiente; contra
o ambientalismo ideológico, como estamos vendo agora. Porque
essas coisas estão ligadas. Existe um continuum que vai desde a
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34. Discurso no seminário “60 anos das rela-
ções Brasil-República da Coreia”, em Brasília
(03/09/2019)
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Discurso no seminário “60 anos das relações Brasil-República da Coreia”,
em Brasília (03/09/2019)
das últimas décadas, acho que posso dizer assim. Temos a perspectiva
de adesão à OCDE, para a qual, inclusive, contamos com o apoio
decisivo da Coreia do Sul. Eu quero agradecer muito especialmente
o apoio que a Coreia desde o começo deu a esse pleito brasileiro.
Enfim, vários exemplos desse nosso engajamento na construção
de um novo momento.
E neste momento nós queremos muito reforçar a parceria
com países que possam contribuir para o nosso desenvolvimento,
para o nosso desenvolvimento tecnológico, para a nossa inserção
competitiva no mundo. E, ao mesmo tempo, países com os quais
nós temos tantas afinidades. E a Coreia do Sul é um desses países, e
é um parceiro chave nesse processo que o Brasil está vivendo.
A Coreia é o segundo maior parceiro comercial do Brasil na Ásia,
uma importante fonte de investimentos para o Brasil. Temos, como
todos sabem, empresas como Hyundai, Samsung e LG, que já fazem
parte do dia a dia dos lares brasileiros, das nossas ruas. Temos a
presença dessas empresas como um sinal muito visível da crescente
importância da Coreia para os brasileiros e para a economia brasileira.
Dois dos grandes desafios que nós temos hoje, nas nossas
relações econômicas, são justamente de diversificar o comércio e
garantir o melhor acesso para os nossos produtos, quer dizer, o
clássico, digamos, da nossa política comercial, e acho que estamos
conseguindo avançar nesse sentido. E novamente, é fundamental
contar com a parceria de um país como a Coreia nesse duplo esforço.
O principal instrumento para isso é o acordo em negociação,
o acordo de livre comércio entre MERCOSUL e a Coreia, no qual
nós temos registrado importantes avanços. Falei de dois acordos
recentemente concluídos, temos muita expectativa de que o acordo
com a Coreia possa também sê-lo muito em breve. Nós teremos
uma nova rodada de negociações ainda este mês e esperamos que o
próprio avanço das negociações e a percepção clara de que, do ponto
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Discurso no seminário “60 anos das relações Brasil-República da Coreia”,
em Brasília (03/09/2019)
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35. Alocuções na reunião de trabalho da Rede de
Agentes de Combate ao Suborno Transnacio-
nal da América Latina e Caribe da OCDE, em
Brasília (03/09/2019)
Primeira alocução:
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Alocuções na reunião de trabalho da Rede de Agentes de Combate ao Suborno
Transnacional da América Latina e Caribe da OCDE, em Brasília (03/09/2019)
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Alocuções na reunião de trabalho da Rede de Agentes de Combate ao Suborno
Transnacional da América Latina e Caribe da OCDE, em Brasília (03/09/2019)
Segunda alocução:
Permito-me quebrar o protocolo – já falei uma vez, e não deveria
falar novamente –, mas, dada a importância do evento, eu gostaria
de dirigir-me muito especialmente aos colegas dos demais países
latino-americanos, após ouvir todas as intervenções iniciais, para
enfatizar o seguinte:
A América Latina está vivendo um momento muito especial, um
momento transformador, e esse momento deve-se, em grande parte,
à luta contra corrupção, ao esforço de pessoas, ao redor de toda a
região, que levaram essa luta, que estão levando essa luta, até onde
as sociedades esperam que ela seja levada, ou seja, até o fim; com a
expectativa de vencer o sistema de corrupção, e não simplesmente
de ir levando esse sistema, como em outros momentos do passado.
Quero também enfatizar que, no Brasil, a nossa política externa
tem como um eixo fundamental, talvez o mais fundamental, a
promoção da democracia e da abertura ao mundo na nossa região,
na América Latina. Esse é um eixo absolutamente fundamental. E a
corrupção é um obstáculo enorme a esse objetivo. A corrupção, como
todos sabem, corrói a democracia, e a corrupção também detesta a
abertura econômica. A corrupção nutre-se de sistemas econômicos
fechados, com o ar viciado, onde é mais fácil exercer o seu papel.
De modo que esse projeto que nós temos, que temos discutido
em vários foros entre os países da América do Sul, da América
Latina como um todo, esse projeto de uma América Latina que
encontre, finalmente, o seu lugar no mundo, que finalmente deixe
de ser simplesmente uma região de promessas e se torne um polo
fundamental de desenvolvimento no mundo, esse projeto passa,
de maneira necessária e imperiosa, pela vitória contra corrupção.
Esperamos, também, que esse esforço, que esse momento
especial da nossa região seja conhecido e reconhecido por parceiros
de outras regiões, de outros continentes. E, nesse sentido, o papel
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36. Discurso na Heritage Foundation, em
Washington, D.C. (11/09/2019)
Brazil is back!
Good afternoon!
It’s a pleasure to be here. I’d like to express my thanks for
Heritage [Foundation], it’s really an honor to be here in this august
hall.
My thanks to President Kay James; Vice President Jay Carafano,
and all the staff that made this possible.
I would start by saying that I just realized it’s 9/11 so, before
really starting, I’d like to express our sentiment in memory of the
victims of that terrible day. I also remember one year afterwards—so,
2002—I saw the cover of, I think it was Foreign Policy magazine, and
the cover article said, about 9/11, “The Day Nothing Much Changed.”
It’s a way of seeing it, right? I think then we were trying to get a
sense of what happened that day, and what changed and what did
not change, and some of the things I’m about to say may be also a
part of an ongoing speculation about everything that changed in
the world in the last two decades.
So Brazil is back! (I believe that’s the title I gave to this speech.)
Back to where we never were, but where we feel that we belong—and
where we think all nations belong. In any case, we feel we are back
to the center of the fight.
And we feel that Brazil is part of a global process, that I’ll try
to describe a little bit.
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word “climate” has been pronounced and debate has been silenced.
Now only the masters of discourse can speak. “Shut up!”—they
explained (that’s not my expression; I read it somewhere).
The system still manages to maintain a lot of people in some
kind of collective hypnosis. The system shows for example the
word “nation” and the hypnotized crowd responds: “no, no; bad;
Hitler!” The same system shows the word “migration” and the
crowd responds: “good, good; diversity,” without the possibility of
discussing that there are pros and cons to migration, there are pros
and cons to nationalism. But that’s impossible to discuss. There are
only the automatic reactions that are allowed. The system shows the
picture of a forest on fire, a picture from 20 years ago, but pretends
it is Brazil today, and people react: “Brazil is bad, bad; lungs of the
world; let’s invade it!” It’s like we are living in some sort of zombie
apocalypse where people cannot discuss things.
The system can train less and less people to respond automat-
ically like that in hypnosis, but they still have the media (I’m sorry
the media here; I’m not talking about you; the media in general).
And the media is still an echo chamber influencing other media
and some decision makers—some key decision makers, including
some corporate decision makers, who can make completely wrong
decisions, like senseless threats of boycotts, for example, against
Brazil, because they are hypnotized. Because many decision makers
don’t react to real people, they react to the media and think the
media conveys the voice of the people.
International law itself is under serious threat when a leader
tweets a 20-year old picture saying it is the Amazon on fire now,
and the echo chamber immediately starts calling for the breaking
of Brazil’s sovereignty, or for retaliations against our products,
without any base on any treaty or instrument. It looks like a Stalinist
revolutionary justice to me. Accuse, execute. But you would say:
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Discurso na Heritage Foundation,
em Washington, D.C. (11/09/2019)
“Where is justice? Where is the rule of law?” People say: “climate crisis;
shut up!” It is the precautionary principle, in a way. I think Stalin and
other dictators used very well the precautionary principle: they just
killed a lot of people without bothering if they were really a threat to
their system. I think that is a good use of the precautionary system.
Based on that same sort of Stalinist reasoning, the media
and some politicians are starting to demonize meat, for example.
Someone suggested we should resort to cannibalism to save the
planet by not consuming bovine meat, which “destroys the Amazon,”
in their narrative. So did we really come to that point? Do they want
us all to eat “Soylent Green”? After using climate change to control
energy supplies, to limit countries’ sovereignty, do they want to
use it to control what people eat? What’s more invasive, and more
“efficient,” than that? Where is human dignity, where is the sense
of justice, where is common sense?
The psychoanalyst Jacques Lacan said: “If God does not exist,
nothing is permitted.” It is the opposite of the traditional Dostoevsky
quote, where he said: “If God does not exist, everything is permitted”
(which the book itself, Crime and Punishment, shows is not true). But
Lacan said “if God doesn’t exist, nothing is permitted.” And that is
what we are seeing. Take away man’s symbolic dimension—I don’t
mean God is a symbol, but in a way you need the symbolic dimension
to relate to God, and to perceive the idea of God, and the reality of
God. So take away man’s symbolic dimensions, where God inhabits,
I think, and not even eating meat is permitted anymore.
The destruction of the symbolic dimension is an old objective
of Marxism, as we saw, or as I tried to suggest. First, they tried it by
reducing man to an economic animal, the reductio ad oeconomicum.
Now they have something else, even more powerful, the reductio
ad climaticum. And together, thanks to “hegemony,” the concept
that all the “causes” are linked, the banners of the Left, when you
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we can say that the main thing at stake now is dignity of the human
being, and not anything else. Today, because of the way they use
climatism as their main fighting instrument, the Amazon is ground
zero of the fight against globalism and for the recovery of the human
being in its fullness.
Thank you very much.
O Brasil voltou!
Boa tarde!
É um prazer estar aqui. Gostaria de expressar minha gratidão
à Heritage [Foundation], realmente é uma honra estar aqui neste
salão augusto.
Meus agradecimentos à Presidente Kay James, ao Vice‑Presidente
Jay Carafano e a toda a equipe que tornou isso possível.
Eu gostaria de começar dizendo que acabei de perceber que
hoje é 11 de setembro, então, antes de começarmos, eu gostaria de
expressar nossos sentimentos em memória das vítimas daquele dia
terrível. Também lembro que, um ano depois – então, em 2002 –, vi
a capa, acho que da revista Foreign Policy, e a manchete dizia, sobre
o Onze de Setembro, “O dia em que nada mudou muito”. É uma
maneira de ver, não é? Eu acho que, então, estávamos tentando
entender o que aconteceu naquele dia, e o que mudou e o que não
mudou, e algumas das coisas que estou prestes a dizer também
podem ser parte de uma especulação em curso sobre tudo o que
mudou no mundo nas duas últimas décadas.
Então, o Brasil voltou! (Creio que esse é o título que dei a este
discurso). Voltamos para onde nunca estivemos, mas onde sentimos
que pertencemos – e onde pensamos que todas as nações pertencem.
De qualquer forma, sentimos que voltamos ao centro da luta.
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que ele era o único líder político capaz de levar o povo ao poder, o
único que acreditava na liberdade, na nacionalidade, em Deus, e na
interação entre eles.
Podemos dizer que Trump e Bolsonaro são parte da mesma
insurgência, o que eu chamaria de insurgência universal contra o
bullshit.
Aqui, ali e acolá, no Brasil, nos Estados Unidos, em outros
lugares, as pessoas lutam por algo além da economia, algo além de
livrar-se da corrupção. Algo além de recuperar seus empregos.
Mas o que mobilizou os brasileiros, os brexiters e os eleitores
estadunidenses do Make America Great Again?
Acho que é, para usar um termo mais elegante, uma revolta
contra a ideologia. A percepção de que havíamos sido enganados,
de que havíamos sido desprezados por uma elite que tentava nos
comandar e nos enfraquecer em nome da justiça social, ou em nome
da integração europeia, ou em nome de um mundo sem fronteiras,
em nome do progresso, ou o que seja. Todas palavras grandiloquentes
que estão lá não para descrever a realidade, mas para impor uma
certa estrutura de poder sobre a realidade.
Se você acredita na teoria de Toynbee do avanço da civilização
pelo desafio e resposta, o que é o desafio, a grande ameaça, não
somente do Brasil ou dos EUA, ou do Reino Unido ou de qualquer
outro país, mas a grande ameaça que nossa civilização agora enfrenta?
Alguns diriam: “mudanças climáticas!” Mas absolutamente não é
verdade. O grande desafio é a ideologia.
Em 1989, e imediatamente após, parecia que a civilização oci-
dental tinha superado seu maior desafio, o comunismo soviético. Na
paz que se seguiu, sem um desafio, o Ocidente começou a estagnar‑se.
Começou a esbanjar. Sem a necessidade de lutar pela vida ou morte,
ele começou a cometer erros sem consequências, ou pensando que
os erros não tinham quaisquer consequências. Cometeu um enorme
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37. Alocução no National Press Club, em
Washington, D.C. (13/09/2019)
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and the first one in this new conception, in this new phase of our
relationship. I had a meeting with Secretary [of State Mike] Pompeo,
and, later on, my colleagues had the more in-depth discussions
with the American counterparts. The discussion involved, if I’m
not mistaken, three undersecretaries from the Department of State
and three secretaries, of the same level, from our Foreign Ministry.
That also gives the dimension of the diversity and importance of
the Dialogue.
We made a point—we referred to that; it’s important, I’ll repeat
that, if you’ll allow me—that we want it to be a strategic dialogue,
in the sense that it’s not only a collection of individual important
initiatives, but it tries to be a system that makes sense, where
initiatives in different areas feed each other, and support each other,
and accelerate each other. We’re convinced that this is the way to
go: when you have progress in areas like trade and investment, it
facilitates progress in areas like energy, but also when you have
progress in intelligence, or security, that, in a way or another, ends
by helping progress in trade, investment, and economic areas.
So it all forms a whole, because countries are a whole. I think,
for a long time, we were victims of dividing and fragmenting, also
the relationship with the United States. So, not only we didn’t have
the political priority that I think it deserves, but it was organized
in a fragmented way, where you had individual dialogues without
some sort of encompassing concept, and that’s what we’re trying
to give to this relationship.
I can maybe talk a little bit about some of the specifics of this
Dialogue: investment in infrastructure was one of the main topics.
You know how thirsty Brazil is today for investment in infrastructure.
What’s going on in Brazil is really an infrastructure revolution.
We’re catching up very fast with years or decades of neglect in
that area. Energy: we talked a lot about the tremendous potential
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Alocução no National Press Club,
em Washington, D.C. (13/09/2019)
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Ernesto Araújo
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Alocução no National Press Club,
em Washington, D.C. (13/09/2019)
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Alocução no National Press Club,
em Washington, D.C. (13/09/2019)
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Alocução no National Press Club,
em Washington, D.C. (13/09/2019)
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Ernesto Araújo
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38. Alocuções no evento Rebuilding Communities:
Ensuring a Future for Persecuted Christians, em
Nova York (27/09/2019)9
Primeira alocução:
Para nós, cristãos, no princípio era o Verbo – en archê ên ho
logos – e, nesse princípio, quando você olha o grego archê, ele significa
mais que o princípio temporal, significa o princípio, o princípio
organizador da realidade e da nossa fé. Então, para nós, acima de tudo,
é importante falar. E é por isso que é tão importante que falemos
sobre a situação dos cristãos perseguidos e sobre meios para combater
esse problema. O silêncio não é mais uma opção para nós, como
disse Péter [Szijjártó, Ministro das Relações Exteriores da Hungria],
precisamos lidar com isso e precisamos começar conversando e
analisando, e reunirmo-nos aqui é um passo muito importante
nessa direção.
O Presidente Jair Bolsonaro, em seu discurso na abertura da
Assembleia Geral [da ONU], falou sobre esse assunto – ele discutiu
vários assuntos – e falou sobre o que os brasileiros pensam e sobre
o que ele pensa; foi um discurso do coração, um discurso que foi
criticado porque ele falou de forma muito direta, e eu acho que é
exatamente disso que precisamos: falar de forma direta e enfrentar
os problemas de frente. E o problema da perseguição aos cristãos
é um desses. O Brasil está muito comprometido com esse esforço
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Ernesto Araújo
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Alocuções no evento Rebuilding Communities: Ensuring a
em Brasília (17/03/2019)
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Ernesto Araújo
Não podemos nos esquecer disso. Nós, que somos livres para decidir
se vamos à igreja ou não vamos à igreja, se lemos a Bíblia ou não
lemos a Bíblia, deveríamos prestar muita atenção às pessoas que
não têm essa liberdade de decisão. Não deveríamos tomar como
certas essas liberdades de que gozamos. E isso é também grande
parte do nosso trabalho.
Apenas para concluir e retornar à questão ambiental, que está
tão em voga: já foi dito que a Amazônia, da qual o Brasil possui grande
parte, é o “pulmão do mundo”, em razão do oxigênio que produz... na
verdade, cientificamente, isso foi questionado, essa metáfora, mas
ela permanece, e tudo bem. Mas eu acho que nós deveríamos levar
em consideração que a religião – e, para os cristãos, o cristianismo –
é o pulmão do nosso mundo espiritual.
Muito obrigado!
Segunda alocução:
Muito obrigado! Foi um grande privilégio estar aqui. Eu gostaria
de compartilhar duas coisas que me ocorreram após ouvir todas
as excelentes observações e contribuições: primeiramente, há a
questão de liberdade religiosa, e a questão dos cristãos perseguidos
é parte disso, e eu acho que isso é de grande importância porque,
às vezes, algumas das pessoas que discursam sobre a liberdade
religiosa parecem falar sobre isso de forma genérica. Não existe
religião genérica! Religião é cristianismo, ou islamismo, ou budismo,
etc. Algumas pessoas parecem confortáveis com o debate sobre
liberdade religiosa, mas não estão confortáveis quando você aborda
as questões reais de religiões individuais – então, quando você fala
de liberdade religiosa, você precisa falar de questões específicas
relativas a cristãos perseguidos, como o que nos reúne aqui hoje,
além de muçulmanos perseguidos, budistas perseguidos, judeus
perseguidos, etc. Mas devemos abordar as especificidades. Algumas
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Alocuções no evento Rebuilding Communities: Ensuring a
em Brasília (17/03/2019)
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39. Discurso no lançamento da publicação dos
compromissos voluntários do Brasil no con-
texto da candidatura do país ao Conselho de
Direitos Humanos das Nações Unidas, em
Brasília (04/10/2019)
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Discurso no lançamento da publicação dos compromissos voluntários do Brasil no contexto
da candidatura do país ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Brasília (04/10/2019)
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Discurso no lançamento da publicação dos compromissos voluntários do Brasil no contexto
da candidatura do país ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Brasília (04/10/2019)
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Discurso no lançamento da publicação dos compromissos voluntários do Brasil no contexto
da candidatura do país ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Brasília (04/10/2019)
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40. O Brasil está aberto a negócios, artigo publi-
cado no perfil do governo federal no LinkedIn
(10/10/2019)10
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O Brasil está aberto a negócios, artigo publicado no perfil do
governo federal no Linkedin (10/10/2019)
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41. Discurso na abertura do Fórum de Investi-
mentos Brasil 2019, em São Paulo (10/10/2019)
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Discurso na abertura do Fórum de Investimentos Brasil 2019,
em São Paulo (10/10/2019)
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42. Painel no Fórum de Investimentos Brasil 2019,
em São Paulo (10/10/2019)
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Painel no Fórum de Investimentos Brasil 2019,
em São Paulo (10/10/2019)
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Painel no Fórum de Investimentos Brasil 2019,
em São Paulo (10/10/2019)
Alguns hoje quase se notabilizam por essa falta de noção. Não sabem
– ou parecem não saber; fingem não saber – que nós estamos não
simplesmente mudando uma política ou outra, mas combatendo,
mudando e transformando todo um sistema que existia, um sistema
de corrupção, de pobreza, de ignorância, que favorecia o totalita-
rismo. Não sabem – deveriam saber – do esforço gigantesco que
nós estamos fazendo não só para não sermos uma Venezuela, mas
para transformar a Venezuela, para que ela volte a ser a verdadeira
Venezuela de democracia, de liberdade. Um esforço para que não
haja novas Venezuelas no continente. Parecem não saber do esforço
gigantesco que estamos fazendo para isso.
Mesmo países que se consideram campeões da liberdade ou
dos direitos humanos, estranhamente, não veem o trabalho que
estamos fazendo na defesa dos direitos humanos, tanto domesti-
camente quanto na região, quanto ao redor do mundo defendendo
a democracia, defendendo a liberdade de expressão, defendendo
a liberdade religiosa e outras pautas ao redor do mundo. Parecem
cegos a esse papel do Brasil em defesa da liberdade, e isso é muito
triste. Parece ser uma cegueira ideológica de alguns influenciando
parte da opinião pública em alguns países, principalmente na Europa.
Não sabem o que é sair de onde nós saímos, no Brasil, e em poucos
meses já estarmos avançados em mudar, em reestruturar um siste-
ma que no fundo tinha 500 anos de dirigismo, de clientelismo. Pela
primeira vez temos a esperança de reformas efetivas na economia,
devolvendo aos brasileiros o orgulho de ser livres e empreendedores.
Em poucos meses, nós já estamos totalmente dentro, avançados
numa agenda de reformas que trará muitas outras, com acordos
comerciais sem precedentes também, com o compromisso de trans-
formar o papel do Estado na economia, de tirar, no fundo, o Estado
do centro da economia. Pela primeira vez, como eu dizia, temos um
ciclo de crescimento baseado no setor privado.
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Ernesto Araújo
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Painel no Fórum de Investimentos Brasil 2019,
em São Paulo (10/10/2019)
vai chegar, e quem prefere não enxergar por uma opção ideológica,
é porque realmente no fundo não se preocupa com a liberdade.
Nós vemos infelizmente isso, que algumas pessoas não perce-
bem a imensa diferença que o Brasil, esse novo Brasil está fazendo
e pode fazer no mundo, em favor da causa da democracia, da liber-
dade, da economia de mercado. O êxito deste novo Brasil será, eu
acho, posso dizer assim, será o maior êxito para a causa da liberdade
política e econômica no mundo desde a queda do Muro de Berlim,
trinta anos atrás.
Infelizmente, algumas figuras preferem se aliar aos interesses
que mantiveram o Brasil na corrupção, no atraso, que contribuíram
para, por exemplo, submergir a Venezuela na miséria em que se
encontra, na tirania em que se encontra. Preferem esse discurso
para seguir determinados chavões do que abrir os olhos e enxergar
a realidade do Brasil.
Nós, e acho que todos os senhores, tenho certeza que a maioria
dos senhores compartilha do nosso entusiasmo com o que estamos
fazendo no Brasil em termos de reformas econômicas, de abertura
econômica. Mas é preciso que todos saibamos contra o que nós
estamos lutando. Não estamos num jardim de unicórnios e arco-íris,
não é? Estamos num mundo onde estamos contrariando interesses,
forças obscuras que estão-se batendo contra nós porque não querem
a causa da liberdade, e porque sabem a diferença que o Brasil pode
fazer por essa causa.
Nós precisamos dos senhores, dos investidores, para entender
esse novo Brasil, para levar essa mensagem do verdadeiro Brasil.
Precisamos dos senhores para reforçar permanentemente o nosso
programa, para aperfeiçoar o nosso programa. Estamos aqui para
falar, não simplesmente para falar, mas para ouvir, sobretudo para
ouvir (estou falando, um pouco desdizendo o que estou falando),
mas eu terei o maior prazer, ao longo desse dia, muito mais de ouvir
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Ernesto Araújo
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Painel no Fórum de Investimentos Brasil 2019,
em São Paulo (10/10/2019)
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43. Discurso na Conferência de Ação Política
Conservadora (CPAC) Brasil 2019, em São
Paulo (12/10/2019)
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Discurso na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) Brasil 2019,
em São Paulo (12/10/2019)
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Ernesto Araújo
tudo é tudo; e esse algo que falta em tudo talvez seja Deus ou, pelo
menos, a abertura para Deus.
Alguns dizem que existe um totalitarismo de esquerda e um
totalitarismo de direita. Isso não é verdade. O totalitarismo é o
oposto do conservadorismo. Então, se nós definirmos, como temos
que definir, que o conservadorismo é a direita – a verdadeira direi-
ta –, todos os totalitarismos estão do outro lado; estão na esquerda.
Lembrando, inclusive, que quem primeiro se qualificou, com orgulho,
de totalitarismo, foi o fascismo italiano.
O conservador é aquele para quem a realidade não está fechada,
mas deixa sempre uma abertura para o outro lado, para a transcen-
dência, para o desconhecido, ou o que quer que seja.
O conservador também odeia o nominalismo, porque sabe
que as palavras são apenas a indicação de algo, são apenas um
meio de contato com a realidade – uma realidade que é inesgotável
e inapreensível em sua totalidade pela razão humana. As palavras
são o contato com a realidade, e a própria realidade é o contato com
algo que está além da realidade.
Então, o respeito à realidade e o respeito à palavra estão na
essência do conservadorismo. O desrespeito à realidade e o desres-
peito à palavra estão na essência do esquerdismo, e do totalitarismo.
Eles agarram a palavra e a transformam em um absoluto, que não
corresponde a nada e que é apenas um instrumento de poder. Isso
é o nominalismo. Isso é ideologia.
Ideologia, o que é? Se a realidade desmente a teoria, tanto pior
para a realidade. Por exemplo, a esquerda diz: “nossa casa está em
chamas” (our house is burning). Então, o que é a realidade? Bom, em
primeiro lugar, não é a sua casa! E em segundo lugar, não está em
chamas! Mas isso não interessa. Eles continuam repetindo o mantra.
Ou então, a esquerda diz: “o Estados Unidos deixam de apoiar
o Brasil para a OCDE.” Aí vem a realidade, e o Presidente Trump
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Discurso na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) Brasil 2019,
em São Paulo (12/10/2019)
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em São Paulo (12/10/2019)
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em São Paulo (12/10/2019)
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Ernesto Araújo
na Venezuela que tem 14 anos e pesa 14 kg, pela fome gerada por
esse regime horroroso. E a Greta, ali, com 16 anos, quase a mesma
idade, bem alimentada, bem nutrida, acolhida nas Nações Unidas;
as mesmas Nações Unidas que não fazem nada por essa menina de
14 anos com 14 kg na Venezuela. Nações Unidas que não fazem nada
contra Maduro, que aceitam a candidatura de Maduro ao Conselho
de Direitos Humanos das Nações Unidas – onde não vai entrar!
Porque o Brasil e outros países não vão deixar, não porque a ONU
não vai deixar. Então, eu é que pergunto: How dare you? How dare
you? Então eu é que pergunto isso.
É claro que existe um arco reunindo todos esses elementos da
ideologia, e esse arco está funcionando em uníssono contra o Brasil.
Por quê? Porque o Brasil é um país conservador, que está enfrentando
esse arco de frente, em toda sua extensão. Nós imaginaríamos
que esse novo Brasil deveria ser acolhido e elogiado nesse mundo
das democracias liberais, por ser uma democracia liberal, vibrante,
uma economia que se abre ao mundo e que cuida do seu povo,
que cuida, inclusive, do seu meio ambiente, muito mais do que
antes. Imaginaríamos que o Brasil deveria ser acolhido no mundo
dos direitos humanos, porque luta pela liberdade, democracia e
direitos humanos na Venezuela e em tantos outros lugares. Mas
não. Nenhuma dessas cartas serve. A carta que serve é aquela que
sempre é usada para nos atacar, que hoje é a carta ambiental.
Então, esse mundo, esse arco ideológico do cinismo é aquilo
que nós queremos mudar. E como fazê-lo? Então, “mudar”; como?
Acho que, como bons conservadores, nós não temos um
programa único e rígido; mas nós precisamos de algumas coisas:
precisamos, em primeiro lugar, pensar no empresariado. Repetindo,
o conservadorismo é a base da livre empresa, é a base da economia
de mercado, mas o problema é que a própria livre empresa tem
sido penetrada pela ideologia esquerdista. A gente fala muito da
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Discurso na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) Brasil 2019,
em São Paulo (12/10/2019)
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Discurso na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) Brasil 2019,
em São Paulo (12/10/2019)
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44. Alocução da mesa-redonda “Perspectivas do
cenário macroeconômico e do ambiente de
negócios no Brasil”, em Doha (28/10/2019)
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Alocução da mesa-redonda “Perspectivas do cenário macroeconômico
e do ambiente de negócios no Brasil”, em Doha (28/10/2019)
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45. Alocução na abertura do seminário empresa-
rial sobre o Brasil no Conselho das Câmaras
Sauditas, em Riade (30/10/2019)
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Alocução na abertura do seminário empresarial sobre o Brasil
no Conselho das Câmaras Sauditas, em Riade (30/10/2019)
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46. Discurso no lançamento da Frente Parlamen-
tar Mista em Defesa do Comércio Interna-
cional e do Investimento – Frencomex, em
Brasília (06/11/2019)
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Discurso no lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio
Internacional e do Investimento – Frencomex, em Brasília (06/11/2019)
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Discurso no lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio
Internacional e do Investimento – Frencomex, em Brasília (06/11/2019)
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Discurso no lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio
Internacional e do Investimento – Frencomex, em Brasília (06/11/2019)
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47. Alocuções na sessão ampliada da XVI Reu-
nião dos Ministros das Relações Exteriores
do Grupo de Lima, em Brasília (08/11/2019)
Primeira alocução:
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Ernesto Araújo
paz. Portanto, trabalhamos com duplo afinco nessa tarefa que nos
une aqui.
Ao longo deste ano de 2019, este nosso Grupo conseguiu já
apoiar várias iniciativas fundamentais em prol da transição demo-
crática na Venezuela, sendo, acredito, a mais importante delas
o reconhecimento do Presidente Juan Guaidó como Presidente
Encarregado da Venezuela.
Existe sempre uma tentação de destacar momentos de menos
avanço, ou de aparente falta de acontecimentos que possam ser
incluídos em nossas declarações, em nossos instrumentos. Mas eu
tenho uma visão diferente, e tenho certeza de que todos os senhores
aqui tem uma visão diferente. A pergunta que precisamos fazer é:
onde estaríamos sem este grupo, sem o Grupo de Lima? Quem
teria gerado as condições, com pressão diplomática e política, para
as diferentes modalidades de ação que foram criadas? Algumas
iniciativas não avançaram como nós gostaríamos, em grande parte
devido à má-fé do regime ilegítimo instalado em Caracas, mas a
pergunta que fica é: como estaria o quadro na Venezuela sem a
pressão que realizamos e sem a mobilização que realizamos de toda
a comunidade internacional em favor da democracia venezuelana?
E, finalmente, temos que perguntar: a quem interessa mais que
não exista o Grupo de Lima, com uma linha firme de crítica, de
questionamento e de pressão sobre o regime ilegítimo de Nicolás
Maduro?
É óbvio que nosso trabalho tem custo político e diplomático,
que gera desgaste em níveis e frentes. Mas esse é preço de defender o
que está certo e aquilo que é justo. Nós precisamos, como assinalava
também o Chanceler Meza-Cuadra, manter a união, a coesão e o
dinamismo do Grupo de Lima; a união de propósito.
Nós precisamos ter presente que, somente quando os homens
e mulheres de bem forem tão empenhados e tão audazes quanto os
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Alocuções na sessão ampliada da XVI Reunião dos Ministros das
Relações Exteriores do Grupo de Lima, em Brasília (08/11/2019)
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Alocuções na sessão ampliada da XVI Reunião dos Ministros das
Relações Exteriores do Grupo de Lima, em Brasília (08/11/2019)
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Ernesto Araújo
pelo assim chamado Foro de São Paulo, essa entidade que desde o
começo dos anos de 90 tem um projeto de transformação da região
em um novo bloco socialista.
Ontem, nas Nações Unidas, o Brasil votou contra a resolução
proposta por Cuba que condena o embargo a esse país. Nós achamos
que essa postura – embora o Brasil sempre rejeite o unilateralismo
em qualquer circunstância dessa natureza – mas achamos, sobretudo,
que é absolutamente imperioso quebrar um paradigma que existe
há quase 60 anos no ambiente multilateral, que é o paradigma
de um certo – e incompreensível, ao meu ver – prestígio de que
Cuba goza nesse âmbito. Achamos que é fundamental que, em
todas as instâncias, chamemos a atenção para esse papel que Cuba
desempenha, não só na Venezuela, que desempenha há 60 anos, na
tentativa de exportar a ditadura para praticamente toda a América
Latina. E o nosso voto, ontem, deve ser entendido nesse sentido.
Aqui estamos para falar da Venezuela, não vamos além, esse
é o foco deste Grupo, mas é importante notar que Maduro e seus
colaboradores se arvoram responsáveis por vários acontecimentos
em nossos países; pregam a violência, a depredação e ameaçam de
maneira inaceitável os nossos regimes democráticos. As bravatas de
um regime fragilizado, mas ainda no poder, que não é capaz sequer
de organizar as condições mínimas de vida para o seu povo, são um
escárnio, mas não podem ser totalmente ignoradas.
Como já ficou claro em muitas ocasiões, Maduro concentra suas
intenções em fazer o mal em outros lugares, em lugar de cuidar de seu
próprio país. Por esse motivo, creio que temos que redobrar nossas
atenções e continuar alertas a possíveis novos impactos nocivos do
regime ilegítimo e de todos aqueles que o apoiam em nossos países
e na vigência plena da democracia em nossa região.
Tenho certeza de que – e já tenho reiterado isso também – um
futuro brilhante espera toda a América Latina, na medida em que
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Alocuções na sessão ampliada da XVI Reunião dos Ministros das
Relações Exteriores do Grupo de Lima, em Brasília (08/11/2019)
Segunda alocução:
Muito obrigado, Embaixador Gonzalo Koncke [Chefe de
Gabinete do Secretário-Geral da OEA].
Se o Copresidente me permite, eu gostaria de fazer algumas
observações rápidas a respeito das importantes intervenções
que foram feitas aqui. Inicialmente, em relação à intervenção do
Representante da OEA, só reiterar que coincido plenamente com
a percepção do caráter fundamental da participação da OEA em
todo esse processo. E gostaria de mencionar nominalmente o papel
fundamental que o Secretário-Geral Luis Almagro teve, e continua
tendo, mas muito especialmente em momentos entre 2016 e 2017,
quando ainda havia muita relutância em se tratar com a dimensão
que requer o tema da Venezuela, a liderança do Secretário-Geral
Almagro foi fundamental. Gostaria de deixar esse registro dessa
minha convicção.
Em relação às outras intervenções, se me permitem, eu gostaria
de fazer uma muito breve reflexão, que é o seguinte: nós temos aqui
representados os três vértices do triângulo da civilização democrática
liberal – podemos dar diferentes nomes –, da nossa civilização, que
são a Europa, a América do Norte e a América Latina e o Caribe.
Eu quero dizer isso enquanto estão presentes os Representantes
sobretudo dos Estados Unidos e da União Europeia: acho que nós
temos uma responsabilidade que vai além da dimensão puramente
política. É uma responsabilidade conceitual. É uma responsabilidade
de mostrar que temos a capacidade de nos mobilizar para que o
absurdo que está acontecendo na Venezuela não aconteça.
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Ernesto Araújo
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Alocuções na sessão ampliada da XVI Reunião dos Ministros das
Relações Exteriores do Grupo de Lima, em Brasília (08/11/2019)
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48. Saudação na abertura da VIII Conferência
sobre Relações Exteriores (CORE), em São
Paulo (11/11/2019)
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Saudação na abertura da VIII Conferência sobre Relações Exteriores (CORE),
em São Paulo (11/11/2019)
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49. Discurso no seminário internacional “Novos
anseios da política externa brasileira: renovar
para avançar”, em Brasília (21/11/2019)
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Ernesto Araújo
não quer um fogão?” “Não, eu quero uma geladeira.” “É, mas olha
só, nós temos uma tradição de fazer fogão, um fogão excelente, com
padrões internacionais da melhor qualidade...” “Ah, então tá; eu levo
o fogão.” Aí, daqui a pouco, um novo Presidente chega e diz: “Eu
queria um vaso de planta”, por exemplo. “É? Mas o senhor não quer
um fogão?” “Não, quero um vaso de planta.” “Mas, olha só, o nosso
fogão é internacionalmente respeitado, nosso fogão é da melhor
qualidade...” E, no final, levava o fogão. Daqui a pouco: “Ah, eu quero
um par de sapatos”, e acabava levando o fogão, e assim por diante.
Bem, no ano passado foi eleito um Presidente que chegou
ao Itamaraty e disse: “Eu quero uma motocicleta”, para dar um
exemplo. E o pessoal já estava pronto para dizer: “Mas o senhor não
quer um fogão?” “Não, quero uma motocicleta.” E tinha um cara lá
atrás que disse: “Olha, eu sei fazer uma motocicleta. Posso tentar
fazer uma motocicleta, eu gosto de motocicleta.” E muita gente
falou: “Não, Senhor Presidente, a tradição é o fogão, nosso fogão é
internacionalmente respeitado...” Mas o Presidente não quis. Ele
não quis um fogão; ele quis uma motocicleta.
E nós estamos tentando construir e entregar essa motocicleta.
Por quê? Porque é o que esse Presidente prometeu na sua campanha.
Ele prometeu ao povo brasileiro. O povo brasileiro não queria um
fogão; queria uma motocicleta. E nós estamos tentando fazer. Nós
temos, portanto, esse desafio, que por vezes é interpretado como um
desmantelamento da política externa, um apagamento de tradições.
E não é! É uma tentativa de responder aos desejos, aos anseios do
povo brasileiro. Acho interessante ver aqui no título desse seminário
a palavra “anseios”, porque é isso com que a gente está lidando.
Parte do problema, para também dar um exemplo, é o seguinte:
uma vez, há alguns anos, falando com um cientista político america-
no, ele dizia que se sentia mais identificado com cientistas políticos
europeus ou japoneses do que com o seu próprio povo. Ele falou isso
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Discurso no seminário internacional “Novos anseios da política externa brasileira:
renovar para avançar”, em Brasília (21/11/2019)
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próprio povo, se você chega e diz “Olha, meu país está combatendo a
corrupção, meu país está tentando mudar seu modelo econômico...”,
isso não causa muito frisson, digamos. O que realmente te valoriza,
o que vai-te fazer ser convidado para as festas, é dizer: “Olha, meu
país está comprometido com os dogmas do multilateralismo, está
comprometido com todos esses instrumentos globais.”
Então, eu acho que, infelizmente, durante muito tempo, a
nossa diplomacia esteve muito dominada por isso, por diplomatas
querendo ser aceitos em círculos de diplomatas ao redor do mundo,
e não tanto preocupados com o povo brasileiro.
Nessa questão de povo brasileiro, uma coisa que insisto muito,
que é importante ter como algo extremamente presente, existe
um problema conceitual. Por quê? Porque, claro, não existe um
consenso do povo brasileiro. As pessoas têm pensamentos diferentes,
ideias diferentes. Você pode perguntar: “Bem, então nós seguimos
a maioria, mas e as minorias?” Então, nesse raciocínio, de a gente
imaginar que não existe um povo, porque os indivíduos têm ideias
diferentes, acaba-se não fazendo nada.
Então, nesse ponto, como em tantos outros, é sempre impor-
tante recorrer à Constituição que diz logo no artigo primeiro: “Todo
o poder emana do povo.” Não diz que todo poder emana da maioria
do povo, ou que emana do consenso do povo, nem nada deste tipo;
mas do povo, como unidade. Existe algo um pouco místico nesse
conceito da emanação do poder a partir do povo. Eu acho que é algo
que nós devemos enxergar com reverência e com enorme respeito.
Como podem 200 milhões de indivíduos formar uma unidade? Mas
formam. E esse é, chamemos assim, talvez, o mistério da democracia.
Então, perceber o povo brasileiro como uma unidade viva e palpitante,
isso é o que retira a nossa política externa da paralisia. É a tentativa
de escutar esse povo como unidade.
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Discurso no seminário internacional “Novos anseios da política externa brasileira:
renovar para avançar”, em Brasília (21/11/2019)
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Discurso no seminário internacional “Novos anseios da política externa brasileira:
renovar para avançar”, em Brasília (21/11/2019)
atuação, ter essa dupla dimensão, que, de certa forma está expressa
nesse lema que usamos muito: “Brasil acima de tudo, Deus acima
de todos!”
Eu acho fundamental que essas duas dimensões corram juntas.
Corram juntas porque, se nós perdermos essa dimensão da verticali-
dade, essa dimensão da espiritualidade nos negócios humanos, que
é uma tendência muito séria, de décadas, ao redor do mundo, não
só no Brasil, nós perdemos também a dimensão da nacionalidade,
ou nos arriscamos a perdê-la.
Quando, nesse lema, a gente fala só “Brasil acima de tudo!”,
e para, e não fala a segunda parte, “Deus acima de todos!” – claro,
muitos não acreditam –, mas eu acho que, quando a gente acredita
e se policia para não falar essa segunda parte do lema, na verdade
a gente está-se limitando e, daqui a pouco, quando a gente fala só
“Brasil acima de tudo”, daqui a pouco nós vamos estar falando “É,
acima de tudo é meio exagero, não é? Brasil ali na metade, Brasil
ali na média.” Isso se a gente perder essa dimensão da verticalidade.
Bem, esse trabalho na vertente, digamos, motocicleta, muitas
vezes tem sido qualificado de ideológico. Isso é, talvez, a crítica mais
recorrente que se faz à nossa atuação, é de que seria uma atuação
ideológica. Acho que estamos provando que não é, em nenhuma
definição. Mas estamos provando isso não fugindo do debate de
ideias. Isso é uma coisa que eu tenho insistido muito. Uma coisa são
as ideias; outra coisa é a ideologia. Quando você apresenta ideias,
é claro que as pessoas vão dizer que você é ideológico. Se você se
retrair, você acaba ficando nesse plano sem uma dimensão superior,
sem um guia, sem uma concatenação com uma esfera superior.
Bem, esse, portanto, é um governo que tenta fazer uma política
externa que se associa aos anseios do povo brasileiro, sem medo
de receber esse tipo de crítica, de ser chamado de ideológico, de ser
chamado de rompedor de tradições, ou de algo que está desmante-
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50. Mensagem para os participantes do III Fórum
Nacional da Liga Cristo Rei, no Rio de Janeiro
(23/11/2019)
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Mensagem para os participantes do III Fórum Nacional da Liga Cristo Rei,
no Rio de Janeiro (23/11/2019)
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51. Um novo Brasil no mundo: avanços da po-
lítica externa no governo Bolsonaro, artigo
publicado na revista Interesse Nacional11
11 Artigo publicado na revista Interesse Nacional, ano 12, número 47, outubro-dezembro de 2019,
disponível em: http://interessenacional.com.br/2019/10/14/um-novo-brasil-no-mundo-avancos-da-
politica-externa-no-governo-bolsonaro/. Acesso em: 9 set. 2020.
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Um novo Brasil no mundo: avanços da política externa no governo Bolsonaro,
artigo publicado na revista Interesse Nacional
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artigo publicado na revista Interesse Nacional
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artigo publicado na revista Interesse Nacional
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artigo publicado na revista Interesse Nacional
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artigo publicado na revista Interesse Nacional
Conclusão
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52. Trump, Venezuela, acordo com União Euro-
peia: Ernesto Araújo fala sobre os desafios
do novo Itamaraty, entrevista publicada no
jornal Gazeta do Povo (03/12/2019)12
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Ernesto Araújo fala sobre os desafios do novo Itamaraty,
entrevista publicada no jornal Gazeta do Povo (03/12/2019)
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entrevista publicada no jornal Gazeta do Povo (03/12/2019)
organização possa ter. A gente tem que prestar muita atenção a isso,
com a maior seriedade. Novamente, voltando a essa prioridade que
nós damos, evidentemente, à segurança da nossa população e da
nossa região. Sempre que chega um serviço que nos chama a atenção
para determinadas atividades, a gente olha com a maior atenção, e
vamos continuar olhando isso.
Gazeta do Povo – Na reunião do Grupo de Lima, o Chanceler
peruano falou: “Preocupa que a reiteração das posições [sobre a
Venezuela] possa terminar banalizando-as”, querendo indicar que
há muita conversa e pouca ação. O Julio Borges, da Venezuela, disse
que “o desafio do Grupo de Lima é passar da literatura à matemática”.
O senhor falou que o Grupo de Lima tem “uma responsabilidade
conceitual, que vai além da dimensão puramente política”. Mas
não estão faltando, como indicaram eles, ações mais concretas em
relação à crise da Venezuela?
Ministro Ernesto Araújo – Isso permanentemente. É claro que
nós estamos num processo diplomático que tem os limites da ação
diplomática. Dito isso, o Grupo de Lima é uma grande esperança
para os venezuelanos que querem o seu país de volta, que querem
a liberdade de volta na Venezuela. Por isso que esse grupo tem uma
responsabilidade permanente, que vai além dos resultados especí-
ficos de cada reunião.
O Grupo de Lima se consolidou como uma espécie de perso-
nalidade coletiva que representa uma tentativa de chegar a uma
alternativa para a Venezuela. Antes de falar de qualquer iniciativa
específica, eu acho que a gente tem que estar muito consciente dessa
responsabilidade que os venezuelanos amantes da democracia depo-
sitam no Grupo de Lima. Isso não é uma coisa banal, é algo que é
existencial para essas pessoas que estão sofrendo tanto na Venezuela.
Eu acho que, sim, é preciso sempre ter a preocupação de gerar
iniciativas e resultados concretos, mas sem esquecer esse lado mais
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Ernesto Araújo fala sobre os desafios do novo Itamaraty,
entrevista publicada no jornal Gazeta do Povo (03/12/2019)
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entrevista publicada no jornal Gazeta do Povo (03/12/2019)
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53. Discursos na LV Reunião do Conselho do Mer-
cado Comum (CMC), em Bento Gonçalves
(04/12/2019)
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em Bento Gonçalves (04/12/2019)
socialismo é feito para não funcionar porque ele garante o poder aos
que o exercem. O objetivo da ideologia socialista não é o bem-estar
das pessoas! Se o fosse, admitiriam que não funciona e passariam à
economia de mercado. Mas o objetivo é o poder. O objetivo é destruir
as economias, destruir o bem-estar, porque isso cria populações
dependentes, escravizadas, sem condições de exercer a liberdade.
Nisso, o socialismo, a ideologia socialista é muito eficiente e por isso
é que, infelizmente, ela ainda viceja em alguns países.
No Brasil, recentemente, tivemos uma experiência que ia nesse
sentido, e que infelizmente ajudou a promover essa ideologia na
Venezuela e em outros países. Mas nós conseguimos parar o trem,
pela coragem e pelo espírito de liberdade do povo brasileiro. Aquele
esquema de assujeitamento de sociedades, de empobrecimento
deliberado, de corrupção e criminalidade. Conseguimos parar esse
projeto. Esse projeto havia instrumentalizado o MERCOSUL. Nós,
com o concurso de todos os países aqui presentes, conseguimos
desinstrumentalizá-lo. Paramos o trem.
No caso do Brasil, isso custou um enorme esforço. E queremos
ajudar a parar esse trem em toda a região. Os que querem popular no
trem de novo e recolocá-lo em marcha – a marcha insana e destrutiva
– a esses nós temos que chamar de ideológicos e não aqueles que
queremos parar essa marcha. É uma completa inversão de valores,
dizer que o nosso conceito e que a nossa postura é ideológica.
Bem, nós queremos insistir no seguinte: um MERCOSUL fecha-
do, um MERCOSUL mal posicionado em termos de valores, que não
produz resultados para as nossas sociedades, o MERCOSUL como
garantia de atraso e como bandeira do isolamento, esse MERCOSUL
não é o que desejamos. O Brasil está pronto a continuar trabalhando
com todos os sócios por um MERCOSUL à luz do sol. Não por um
MERCOSUL no fundo da caverna.
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54. Palestra no Ministério das Relações Exteriores
de Angola, em Luanda (13/12/2019)
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em Luanda (13/12/2019)
ligadas pelo afeto, pelo sentimento, muito mais do que pelo interesse,
uma unidade que se estrutura não apenas no espaço, mas também
no tempo, pois cada família e cada nação é uma espécie de túnel do
tempo, que tem o poder de nos transportar até as profundezas dos
séculos passados e vindouros.
As forças que se erguem contra a soberania das nações são as
mesmas que se erguem contra a liberdade do indivíduo. Podemos
dizer que não existe a liberdade apenas individual. A liberdade
quando é apenas individual é ilusória. Ela é ilusória a menos que se
exerça no espaço de liberdade construído por uma nação soberana.
As instituições democráticas definham se não lhes for insuflada a
liberdade. A liberdade é a alma da democracia.
Liberdade e democracia não se confundem. A democracia é uma
questão jurídica; a liberdade é uma questão simbólica e sentimental.
A democracia ocorre no Estado; a liberdade ocorre na nação. No
Brasil, no período de 1985 a 2018, que nós chamamos de Nova
República, tínhamos a democracia, mas, cada vez menos, a liberdade.
O retorno da liberdade, a recuperação desse sonho da liberdade,
dentro da democracia, é o que, creio eu, caracteriza o novo período
que estamos vivendo. Algumas das mais antigas democracias do
mundo estão vivendo, talvez, um processo semelhante.
Essa madrugada, fiquei até tarde acompanhando a apuração dos
votos no Reino Unido. No Reino Unido, creio que houve uma vitória
do sentimento nacional. Os britânicos parecem querer a liberdade, e
não só a democracia. Nesse exemplo, os britânicos querem ser uma
nação, e não apenas um departamento administrativo. Eu creio que
essa é a mensagem que deram nas urnas.
No Brasil, frequentemente nós somos chamados de ideológicos
por falar de liberdade. E somos chamados de obscurantistas por falar
de Deus. A esse respeito é curioso, porque geralmente quem tem
uma visão reducionista, materialista do ser humano, que vê qualquer
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um desses países, que cada grande investidor a cada ano, a cada mês
olhava para o Brasil e pensava “ainda não, ainda não, ainda não”.
Finalmente, hoje olha pro Brasil e diz “é agora que eu quero investir”.
Não apenas pelo tamanho do mercado, que já estava lá, não apenas
pela estrutura formal da economia, que já estava lá, mas pela nova
relação de confiança, que é baseada na nossa identidade. E ao mesmo
tempo temos também uma nova relação muito mais produtiva com
Israel. Dizia-se que era impossível ter ao mesmo tempo uma melhor
relação com Israel e com os países árabes. Estamos provando que
esse tipo de visão é que é puramente ideológica.
Pergunto: já conseguimos tudo o que queríamos na relação com
os Estados Unidos? Não. Claro que não. Ainda não. Não se pode ter
tudo de imediato. Já conseguimos coisas importantes: o Acordo
de Salvaguardas Tecnológicas, que permitirá um extraordinário
desenvolvimento da nossa base espacial; o apoio ao ingresso do
Brasil na OCDE – ainda falta iniciar o processo formal de adesão,
mas isso já é uma outra etapa. E continuamos trabalhando.
Mas alguns dos nossos críticos, se me permitem uma imagem,
parecem – já que estamos perto do Natal também – parecem aquela
criança mimada no Natal que nunca está satisfeita com os presentes.
Já ganhou uma bicicleta, já ganhou um autorama – não sei se ainda
tem autorama, mas sempre vi criança jogando – já ganhou compu-
tador, telefone... mas está insatisfeita, continua insatisfeita, depois
de abrir tantos presentes! “Cadê meu Lego Star Wars?” “Não, ainda
não é agora. Calma, vai brincar com sua bicicleta! O pai continua
trabalhando para comprar o Lego Star Wars!”
Nessa relação – aqui chego à África – queremos também, nesse
impulso, criar coisas, fazer coisas. Queremos uma nova relação, uma
nova parceria com Angola, com todo o continente africano, um novo
engajamento comercial, econômico, cooperativo. Nós mudamos
nosso olhar em relação à África, queremos participar decisivamente
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em Luanda (13/12/2019)
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55. Balanço da política externa em 2019 e mensa-
gem de final de ano, em Brasília (17/12/2019)
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56. Para além do horizonte comunista, artigo pu-
blicado pela revista Terça Livre (18/12/2019)13
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Para além do horizonte comunista,
artigo publicado pela revista Terça Livre (18/12/2019)
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Para além do horizonte comunista,
artigo publicado pela revista Terça Livre (18/12/2019)
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57. Discurso na cerimônia de cumprimentos ao
corpo diplomático, em Brasília (18/12/2019)
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1ª Discurso na cerimônia de cumprimentos ao corpo diplomático,
em Brasília (18/12/2019)
rente a esse povo. Ela tem que ser uma política interna, no sentido de
nascer do fundo do nosso coração, do fundo dos nossos sentimentos
e das nossas aspirações como povo. É isso que nós procuramos fazer.
Nós acreditamos, portanto, que temos uma mensagem para o
mundo. Estamos levando essa mensagem. Claro, queremos, tam-
bém, fazer bons negócios ao redor do mundo, bons negócios para
todos, e achamos que as duas coisas são inteiramente compatíveis e
necessárias uma à outra: a esfera das nossas convicções, dos nossos
ideais; e a esfera da economia, do crescimento, do comércio, dos
investimentos.
Nós achamos que o mundo não está terminado e pronto.
Achamos que o mundo é uma obra em aberto, e o Brasil tem a expec-
tativa de contribuir para essa obra; sobretudo, um mundo com mais
liberdade. Essa tem sido a palavra-chave para tudo que nós estamos
tentando fazer no Brasil e para essa mensagem que nós queremos
levar para o mundo: liberdade. Em todas as dimensões: liberdade
econômica – com mais trocas, gerando mais crescimento para todos
os países; liberdade política; democracia; liberdade de expressão;
liberdade religiosa; liberdade para que cada nação seja o que é.
Eu, pessoalmente, também acredito que os principais problemas
do mundo não são problemas materiais; são problemas espirituais.
Eu acho que o enriquecimento das sociedades no plano econômico
não deveria vir junto com o empobrecimento do pensamento, e acho
que isso assistimos durante algumas décadas, mas essa tendência
me parece que está sendo revertida.
Eu gosto muito do nome de uma editora francesa, que eu acho
que já desapareceu, que se chamava Les Empêcheurs de penser en
rond (les ambassadeurs francophones vont m’aider à traduire ça), “os
impedidores de pensar em círculo”, e é isso que nós procuramos que
o Brasil seja hoje no mundo: um empêcheur de penser en rond, um
país que ajuda a sair de círculos viciosos de ideias. Porque o mundo
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1ª Discurso na cerimônia de cumprimentos ao corpo diplomático,
em Brasília (18/12/2019)
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58. Mensagem de final de ano, em Brasília
(27/12/2019)
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em Brasília (27/12/2019)
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Copyright © Fundação Alexandre de Gusmão
coleção
Externa
Brasileira
Este livro reúne uma seleção dos
principais discursos, artigos e en-
trevistas do Ministro das Relações “Somos um país universalista, é certo, e a partir
POLÍTICA EXTERNA
Exteriores, Embaixador Ernesto desse universalismo queremos construir algo bom
BRASILEIRA
Araújo, ao longo de 2019, primeiro e produtivo com cada parceiro. Mas universalismo
A NOVA
ano do governo do Presidente Jair não significa não ter opiniões. Universalismo não
Messias Bolsonaro. Trata-se de fon-
significa uma geleia geral. Não significa querer agra- Ernesto Araújo nasceu em Porto
te primária fundamental para todos
dar a todos. A vocação do Brasil não é ser um país Alegre, em 1967.
A NOVA
os que se interessem por conhecer
e estudar a nova política externa que simplesmente existe para agradar. Queremos Bacharel em Letras, pela Uni-
ser escutados, mas queremos ser escutados não por versidade de Brasília, ingressou no
brasileira, baseada nos eixos da
Instituto Rio Branco em 1990 e con-
POLÍTICA EXTERNA
democracia; da transformação eco- repetir alguns dogmas insignificantes e algumas fra-
cluiu o Curso de Preparação à Car-
nômica e do desenvolvimento; da ses assépticas, queremos ser escutados por ter algo reira de Diplomata em 1991. Nos
soberania; e dos valores da nação a dizer.
BRASILEIRA
primeiros anos de sua carreira di-