Fundamentos Pne
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Atenção à Pessoa
com Deficiência e
Grupos Especiais
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Revisão Técnica
Silvana Pasetto
Editorial
Camila Cardoso Rotella (Diretora)
Lidiane Cristina Vivaldini Olo (Gerente)
Elmir Carvalho da Silva (Coordenador)
Letícia Bento Pieroni (Coordenadora)
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ISBN 978-85-522-0755-9
CDD 610
Thamiris Mantovani CRB-8/9491
2018
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e-mail: [email protected]
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Sumário
Unidade 1 | Introdução ao estudo da atenção odontológica para PCD 7
Introdução ao estudo da
atenção odontológica para
PCD
Convite ao estudo
Bem-vindo à Unidade 1 da nossa disciplina! Odontologia
para pacientes de grupos especiais e pessoas com deficiência
(PCDs) é a especialidade que tem por objetivo o diagnóstico,
a prevenção, o tratamento e o controle das doenças bucais
de pacientes que tenham alguma alteração no seu sistema
biopsicossocial. Aqui faremos uma “introdução ao estudo da
atenção odontológica para as PCDs”, em que você aprenderá
o conceito e a classificação de PCD em uma visão voltada
para a odontologia. Além disso, abordaremos o importante
tema sobre as situações clínicas especiais na assistência
odontológica às PCDs e iniciaremos nossa discussão sobre
pacientes com distúrbios neuropsicomotores. Refletiremos
sobre algumas situações especiais que nos ajudarão a alcançar
a capacidade para elaborar e desenvolver planejamentos de
assistência integral aos pacientes de grupos especiais e com
deficiência em um ambiente odontológico, analisando a
situação hipotética apresentada a seguir.
Em uma unidade de atendimento odontológico para
pacientes de grupos especiais e pessoas com deficiências,
alguns alunos se apresentam como estagiários a cada ano e
acompanham os atendimentos desde a triagem dos pacientes
até o tratamento. Dentre os procedimentos iniciais de
atendimento à PCD, a anamnese deve servir como guia para
o profissional, para a adoção de um protocolo de atendimento
mais adequado para cada caso. A estudante Maria Eduarda
iniciou seu estágio recentemente e colabora na anamnese
dos pacientes e no direcionamento deles ao setor adequado
de atendimento dentro da unidade. A estagiária sabe que
algumas condições sistêmicas e sindrômicas exigem um
tratamento diferenciado e espera ser capaz de aplicar seu
aprendizado futuramente em seu consultório. Durante seu
estágio, a aluna fez o atendimento de três casos distintos: o
paciente J.C., 12 anos, com diagnóstico de paralisia cerebral;
o paciente P.M., de 69 anos, diabético, e a paciente A.C., de
3 anos, que possui fissura labiopalatina. O atendimento desses
três pacientes em condições tão distintas ajudou a aluna
a pensar sobre diferentes abordagens e tratamentos para
casos específicos de PCD. Ajude a estagiária Maria Eduarda a
resolver essas situações, para tanto, na Seção 1.1, estudaremos
os conceitos e a classificação de PCD e as situações clínicas
especiais no atendimento odontológico de pacientes com
distúrbios neuropsicomotores. Na Seção 1.2, aprenderemos
sobre os pacientes sistematicamente comprometidos e as
implicações na sua assistência odontológica, e na Seção 1.3,
falaremos sobre as anomalias congênitas e sua relação com a
odontologia. Em cada seção, você acompanhará Maria Eduarda
nos desafios vivenciados e a ajudará a resolver as situações dos
pacientes. Então anime-se, porque nesta unidade de ensino
trabalharemos para identificar as peculiaridades dos portadores
de necessidades especiais (PNE) e buscaremos, juntos, elaborar
os procedimentos odontológicos mais adequados para o
atendimento de cada caso e que pode acontecer na realidade,
no consultório odontológico. Vamos começar!
Seção 1.1
Conceito e classificação de PCD para odontologia
e situações clínicas especiais na assistência
odontológica. Distúrbios neuropsicomotores
Diálogo aberto
Você já parou para pensar nas várias situações especiais de
assistência odontológica que podem ocorrer no atendimento
de PCDs? Você saberia identificar quais indivíduos podem ser
considerados como membros deste grupo distinto de pacientes? Veja
como é importante conhecer bem o conceito e a classificação de
PCD para a odontologia. Iniciaremos nossa discussão abordando um
grande grupo de pacientes especiais. Distúrbios neuropsicomotores
podem implicar defeitos ou desvios de inteligência, físicos, psíquicos,
estados filológicos especiais, e geram situações clínicas especiais na
assistência odontológica. Esses PCDs podem ter níveis diferentes de
comprometimento motor e de inteligência. Por exemplo, pacientes
com doença de Parkinson, uma condição neurológica lentamente
progressiva, possuem basicamente desordens da motricidade e
passam por vários estágios de severidade. Já o paciente J.C., de 12
anos, atendido por Maria Eduarda, possui comprometimento motor
em várias partes do corpo, incluindo contrações nas articulações,
e desvio de inteligência, causados pela paralisia cerebral.
Com base nesses diferentes aspectos de PCD com distúrbios
neuropsicomotores, é possível estabelecer um atendimento padrão
para pacientes portadores de distúrbios neuropsicomotores? Quais
seriam as possíveis situações clínicas especiais com as quais a aluna
pode se deparar no atendimento do seu paciente J.C.? Qual deve
ser a conduta mais adequada para o atendimento dos pacientes
com comprometimento motor e de inteligência?
Assimile
Antes de ser instituído o termo PCD, era utilizado o termo pacientes
com necessidades especiais (PNE) na odontologia “todo usuário que
apresenta uma ou mais limitações, temporárias ou permanentes,
de ordem mental, física, sensorial, emocional, de crescimento ou
médica, que o impeça de ser submetido a uma situação odontológica
convencional” (CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA, 2006).
Pesquise mais
Para conhecer melhor a distribuição de pessoas com deficiência no
Brasil, você pode acessar os resultados do censo 2010 (IBGE, 2011,
p. 71-73; 114-120). Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/
visualizacao/periodicos/94/cd_2010_religiao_deficiencia.pdf>.
Você também pode acessar os resultados do Censo 2010, navegar
pelos mapas interativos e cartogramas no endereço a seguir. Disponível
em: <https://censo2010.ibge.gov.br/resultados.html>. Acesso em: 27
out. 2017. Ao acessar esse site, veja também os “Resultados gerais da
amostra - características gerais da população, religião e pessoas com
deficiência - 29 jun. 2012”.
Reflita
Caro aluno, aproveite este momento para discutir com seus colegas
sobre outras alterações das condições de saúde que poderiam ser
adicionadas em cada grupo de deficiências apresentado. Reflita sobre
a importância do conhecimento do cirurgião-dentista sobre todas
essas condições de saúde e como elas poderiam interferir no plano de
tratamento da pessoa com deficiência.
Exemplificando
Assimile
Pessoas com deficiências necessitam de maior atenção nos cuidados
odontológicos preventivos, pois a maioria não é capaz de efetuar seus
cuidados bucais, necessitando da ajuda dos seus responsáveis.
Dica
Acesse “Os 10 mandamentos dos cuidados que os pacientes com
necessidades especiais necessitam”, que foram apresentados, em 2014,
pela Câmara Técnica de Odontologia para Pacientes com Necessidades
Especiais e o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp).
Disponível em: <https://goo.gl/zByicr>. Acesso em: 17 set. 2017.
Avançando na prática
Atendimento odontológico para paciente com
síndrome de Down
Descrição da situação-problema
Após as reflexões sobre o atendimento do menino J.C., Maria
Eduarda lembrou-se de Ana, uma menina com a mesma idade
de J.C., com síndrome de Down. Ana recebeu um tratamento
especializado durante a infância com muitos estímulos para
melhorar suas dificuldades com linguagem e algumas dificuldades
motoras. Hoje, Ana consegue se comunicar e compreender bem
as orientações da equipe de assistência odontológica. Assim,
como deveria ser direcionado o condicionamento e o tratamento
odontológico de Ana? A abordagem da paciente e dos familiares e
o planejamento dos procedimentos seriam os mesmos utilizados
com J.C.?
Resolução da situação-problema
A paciente Ana, 12 anos, com síndrome de Down, é capaz de
se comunicar bem e desenvolveu certa habilidade motora. Dessa
forma, ela é capaz de absorver as informações da equipe de
atendimento odontológico e responder com certa independência
a algum questionamento. A abordagem, nesse caso, pode ser
feita de forma direcionada ao paciente, e não somente aos seus
responsáveis. É importante ressaltar aqui que a pessoa com síndrome
de Down, sempre que possível, deve ser responsável pelos seus
cuidados pessoais, para lhe garantir autonomia e autoconfiança.
a) Síndrome de Down.
b) Deficiência visual.
c) Doença de Parkinson.
d) Paralisia cerebral.
e) Distúrbio alimentar.
Diálogo aberto
Caro aluno, seja bem-vindo à Seção 1.2.
O atendimento odontológico de pacientes sistematicamente
comprometidos é relativamente frequente. Dentre as condições
sistêmicas que afetam o atendimento odontológico estão o diabetes,
os problemas cardíacos, renais e neurológicos. Nesta seção, fique
atento para perceber como essas doenças se relacionam, quais são
as causas comuns entre elas, quais são os aspectos comuns no
tratamento e as condutas específicas na assistência odontológica de
cada condição sistêmica. Para melhor compreender o atendimento
desses pacientes sistemicamente comprometidos, relembraremos o
caso em que Maria Eduarda, aluna estagiária do curso de odontologia
que atendeu pacientes especiais distintos. O paciente P.M., de
69 anos, possui diabetes mellitus. Como Maria Eduarda sabe que
essas condições médicas podem afetar o tratamento odontológico
dos pacientes, já que eles são mais susceptíveis a infecções e
alterações do seu estado de saúde, ela se questionou: qual seria a
importância do estabelecimento de condutas comprovadas para o
controle da infecção e outras alterações na prática odontológica?
Leia atentamente o quadro “Não pode faltar”, no qual você adquirirá
novos conhecimentos e poderá ajudar a aluna Maria Eduarda a
responder ao questionamento feito.
Pesquise mais
Caro aluno, como vimos, a relação entre a doença periodontal e o
diabetes mellitus é de grande importância na odontologia. Aumente
seus conhecimentos sobre esse assunto por meio da leitura deste artigo
recomentado: “Doença periodontal e diabetes mellitus. Disponível
em: <http://www.herrero.com.br/revista/edicao16/16Ed_n02_p32-
41OLIVEIRA.pdf>. Acesso em: 14 set. 2017.
Dica
Reflita
Você saberia identificar e agir caso um paciente diabético entrasse
em estado hiperglicêmico ou hipoglicêmico durante um atendimento
odontológico? Qual seria a melhor conduta a ser tomada pelos
profissionais de saúde bucal frente a uma emergência com um
paciente diabético?
Assimile
Os pacientes com o diabetes bem controlado e sem complicações
podem ser tratados da mesma forma que os pacientes não
diabéticos. O atendimento odontológico em pacientes diabéticos
descompensados é recomendado apenas em casos de urgência e
necessita de cuidados especiais!
Exemplificando
Fontes: A: <http://www.infohoje.com.br/hipoglicemia-sintomas-causas-tratamento.html>;
B: <http://urgenciasfamiliares.com/abc-da-ressuscitacao/>;
C: <http://apufpr.org.br/projeto-torna-obrigatorio-fornecimento-de-aparelhos-de-pressao-pelo-sus/>;
D: <http://www.samu192df.com.br/site/sobre_samu.htm>. Acesso em: 27 out. 2017.
Avançando na prática
Atendimento odontológico de paciente diabético com
complicações cardíacas
Descrição da situação-problema
O paciente M.G., de 52 anos, procurou atendimento odontológico
com queixa de dor intensa em um dente posterior. Além disso, M.G.
contou que sentia dor de cabeça, tontura e sinais de taquicardia.
A estagiária Maria Eduarda verificou que M.G. era diabético tipo
1 e tinha complicação cardíaca, mas tanto o diabetes quanto os
problemas cardiovasculares do paciente estavam controlados e
sendo monitorados pelo seu médico especialista. Maria Eduarda
aferiu a pressão arterial (PA) de M.G., que era de 160/90 mmHg.
O exame intrabucal e radiográfico mostrou a necessidade de
exodontia do dente afetado, mas Maria Eduarda percebeu que M.G.
apresentava sudorese e um grau elevado de estresse causado pela
dor e ansiedade. Diante do quadro desse paciente, qual seria o
melhor protocolo de atendimento para ele?
Resolução da situação-problema
É importante lembrar que o atendimento odontológico de
pacientes sistemicamente comprometidos deve seguir protocolos
que ofereçam maior segurança para benefício do paciente.
Durante o atendimento inicial de M.G., Maria Eduarda percebeu a
a. Doença periodontal
1. Doenças cardíacas
b. Susceptibilidade a infecções
2. Doenças renais
bucais
3. Diabetes
c. Mucosite e peri-implantite
4. Neuropatias
d. Gengivites
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e III.
c) Apenas I e IV.
d) I, II, III e IV.
e) Apenas III e IV.
Forame Forame
incisivo incisivo
Palato secundário
A B
Fonte: Trindade (2007, p. 19).
Fonte: <http://www.crechesegura.com.br/wp-content/uploads/2016/11/TIPOS-DE-FISSURA-LABIAL-E-
FENDA-PALATINA.jpg>. Acesso em: 31 out. 2017.
Assimile
As diferentes formas de fissuras labiopalatinas e suas implicações
representam a singularidade de cada caso, que determinará o tipo de
tratamento necessário à recuperação de cada indivíduo. Os recursos
odontológicos utilizados no processo reabilitador dos pacientes com
fissura labiopalatina poderão ser simples ou complexos, a reabilitação
odontológica é individual, extensa e essencial para o resultado final.
Reflita
Caro aluno, você saberia para onde encaminhar um paciente com
fissura labiopalatina para receber atendimento especializado? Reflita
sobre a importância do tratamento precoce desses casos para a
integração psicossocial do indivíduo e veja a localização de uma das 28
unidades de saúde credenciadas no Sistema Único de Saúde (SUS) para
o atendimento de pacientes com fissura labiopalatina. Disponível em:
<http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/
secretarias/898-sas-raiz/daet-raiz/media-e-alta-complexidade/l3-
media-e-alta-complexidade/12824-estabelecimentos-de-saude-
habilitados-fissura-labiopalatal>. Acesso em: 31 out. 2017. (Portal da
Saúde do SUS).
Avançando na prática
Fissura labiopalatina bilateral
Descrição da situação-problema
A paciente A.S., de 7 anos, portadora de fissura (fenda
labiopalatina), foi encaminhada para o centro de referência no
tratamento de defeitos da face do seu estado, para tratamento. Na
anamnese, os pais relataram que sua prima G.D., recém-nascida,
residente no mesmo sítio, também apresenta malformação na região
labial. A mãe relatou não ter feito uso de bebida alcoólica, tabaco
e medicamentos sem prescrição, no entanto, como trabalhadora
rural, teve contato com pesticidas utilizados na lavoura, nunca usou
proteção, porque não sabia que era importante. Relatou ainda que
a criança tinha dificuldade para se alimentar e que não queria ir à
escola, pois tinha vergonha. Ao exame clínico, constatou-se que a
menina apresenta fissura labiopalatina bilateral. Diante do exposto,
qual é o procedimento a ser seguido? É possível que o agrotóxico
utilizado tenha influenciado o desenvolvimento da malformação?
Resolução da situação-problema
Caro aluno, diante de tudo o que você estudou sobre fissuras
(fendas) labiopalatais, elas são consideradas multifatoriais, podem
ser desencadeadas por alterações genéticas, como também por
fatores extrínsecos. É importante que se realize o aconselhamento
genético para que sejam avaliados os riscos familiares. O pesticida
é um fator extrínseco, que é considerado teratogênico, mas há
a necessidade dos exames genéticos para descartar a alteração
genética e a possibilidade de alterações devido ao uso de agrotóxicos
piretroides. A criança deve ser encaminhada para acompanhamento
psicológico e cirúrgico. O planejamento do tratamento deve
considerar todas as fases para a reabilitação oral, pois a paciente
necessita de cirurgias que visam restabelecer a estética e as funções
orais com equipe multidisciplinar.
a) Ambiental, teratogênica.
b) Genética, sindrômica.
c) Sindrômica, cromossômica.
d) Genética, ambiental.
e) Cromossômica, ambiental.
a) I e IV.
b) I e III.
c) I, II, III e V.
d) II, III e V
e) I, III e V.
Abordagem odontológica e
manejo de PCD
Convite ao estudo
Caro aluno, estamos iniciando a Unidade 2 da nossa
disciplina. Nesta unidade, daremos continuidade ao aprendizado
adquirido na unidade anterior, na qual discutimos sobre os
assuntos introdutórios ao estudo da atenção odontológica para
o idoso e o PCD (pessoa com deficiência). Aqui abordaremos
as possibilidades de assistência odontológica à PCD,
considerando a adequação do plano de tratamento de acordo
com as limitações desses pacientes e as possíveis situações de
urgências e emergências relacionadas às condições especiais
do PCD no atendimento odontológico. Ressaltaremos
aqui o importante papel do cirurgião-dentista na equipe
multidisciplinar de assistência à saúde do PCD. Discutiremos
como o conhecimento ajuda o profissional a ter confiança e
segurança na abordagem ao paciente especial e seus familiares,
na escolha e na execução dos procedimentos mais adequados
para o tratamento individualizado para cada caso.
Para a reflexão e a análise do tema desta unidade,
apresentaremos uma situação hipotética a seguir.
O plano de tratamento odontológico é uma importante
etapa no atendimento dos pacientes. Ele define os
procedimentos mais adequados para cada caso e é
fundamental no atendimento ao paciente com deficiência.
Em uma clínica odontológica, o atendimento é realizado de
forma multidisciplinar. Orlando e Juliana trabalham na clínica e
receberam Tiago, um rapaz de 34 anos que busca tratamento
odontológico, e sua acompanhante. Na primeira consulta,
foi possível observar que Tiago tinha dificuldades motoras.
A anamnese de Tiago mostrou que ele havia sofrido um
grave acidente que o deixou sistemicamente comprometido,
incluindo problemas neurológicos e hematológicos. Tiago
toma medicações controladas prescritas pelo seu médico.
Devido às dificuldades motoras, Tiago não consegue fazer
uma higiene bucal adequada e precisa se submeter a vários
procedimentos odontológicos. Diante dessa situação, como
Orlando e Juliana devem planejar o tratamento de Tiago para
restabelecer sua saúde bucal?
No decorrer desta unidade, nos confrontaremos com
situações complexas no atendimento à PCD que pode apresentar
periodontite, problemas neurológicos e hematológicos e,
juntos, elaboraremos o plano de tratamento odontológico e
as soluções para possíveis situações de urgência e emergência
na assistência à PCD; portanto, estude com muita atenção
o quadro “Não pode faltar”, para que você adquira novos
conhecimentos que podem o ajudar nessas questões.
Seção 2.1
Possibilidades de assistência odontológica à PCD
Diálogo aberto
Caro aluno, a escolha de um plano de tratamento odontológico
é uma importante etapa no atendimento dos pacientes. Ele define
os procedimentos mais adequados para cada caso e é fundamental
no atendimento à pessoa com deficiência. O paciente com
deficiência necessita que o seu atendimento seja realizado de forma
multidisciplinar. Tiago, por exemplo, um rapaz de 34 anos, buscou
tratamento odontológico acompanhado de um familiar. Orlando e
Juliana receberam-no em sua primeira consulta na clínica. Nesse
primeiro contato, já foi possível perceber que Tiago tinha dificuldades
motoras, e a anamnese revelou que Tiago havia sofrido um grave
acidente que o deixou sistemicamente comprometido, incluindo
problemas neurológicos e hematológicos. Tiago tem que tomar
medicações controladas, prescritas pelo seu médico e, devido às
suas dificuldades motoras, como tremores e dificuldade para manter
a abertura de boca, ele não consegue fazer uma higiene bucal
adequada. Por isso, ele apresenta doenças bucais que precisam de
tratamento. Orlando e Juliana devem, juntos, planejar o tratamento
de Tiago para restabelecer sua saúde bucal. O exame radiográfico
complementar de Tiago revelou um quadro de periodontite com
perda óssea severa e presença de exsudato em alguns dentes, cuja
indicação de tratamento seria a exodontia. O dente 25 possuía uma
lesão periapical extensa relacionada à destruição da coroa do dente
por cárie. Sistemicamente, Tiago apresentava ainda um quadro
crônico de anemia. Conhecendo o quadro de saúde geral, bucal
e comportamental do paciente, quais seriam as possibilidades de
assistência odontológica para Tiago? Quais possíveis procedimentos
e equipamentos acessórios poderiam ser utilizados para viabilizar o
atendimento da PCD com dificuldades motoras como as de Tiago?
Assimile
O plano de tratamento odontológico, seja ele realizado em
ambiente ambulatorial ou hospitalar, será sempre elaborado de
forma individualizada, mesmo para PCD com o mesmo diagnóstico,
pois cada caso apresenta peculiaridades na sua condição geral,
comportamental e bucal.
Exemplificando
Exemplificando
Quadro 2.1 | Benzodiazepínicos de maior uso em odontologia
Diazepam 60 12-24
Lorazepam 120 2-3
Alprazolam 60 1-2
Midazolam 30 1-2
Pesquise mais
Veja algumas ideias para confecção de abridores de boca utilizando
materiais facilmente encontrados no consultório e de baixo custo
acessando os artigos:
HARTWIG, A. D. et al. Recursos e técnicas para a higiene bucal de
pacientes com necessidades especiais. 2015. Disponível em: <http://
www.rvacbo.com.br/ojs/index.php/ojs/article/view/272>. Acesso em:
17 nov. 2017.
CALDAS JR., A. de F. Atenção e cuidado da saúde bucal da pessoa
com deficiência. 2015. Disponível em: <https://ares.unasus.gov.br/
acervo/bitstream/handle/ARES/2656/acpd_vol3.pdf?sequence=1>.
Acesso em: 17 nov. 2017.
I. É uma técnica segura, tem ação muito rápida, a sedação pode ser
controlada.
II. É indicada para uso somente em ambiente hospitalar.
III. As características físico-químicas do óxido nitroso não permitem seu
uso em hipertensos.
IV. Permite ajustes das ações de uma droga no decorrer do atendimento.
V. O paciente permanece consciente durante a sedação, ocorre o controle
da dor, do medo e da ansiedade.
a) II, IV e V.
b) II, III e V.
c) I, III e V.
d) I, II e V.
e) I, IV e V.
Assimile
O plano de tratamento e o atendimento odontológico à pessoa com
deficiência deve ser sempre adaptado às suas necessidades e para
o maior benefício do paciente. A PCD a pode ter acesso a qualquer
procedimento odontológico clássico, desde que tenha o perfil
para receber os procedimentos e o profissional saiba adequá-los às
peculiaridades de cada caso.
Reflita
A prevenção de ocorrência de sangramento é a melhor forma de
tratamento. Entretanto, o paciente com desordem de coagulação pode
não saber de sua condição e não apresentar nenhum sinal e sintomas
da doença. Pode acontecer que a primeira indicação do problema seja
o sangramento prologado após um tratamento odontológico. Então,
qual a conduta do CD para controlar a hemorragia?
Pesquise mais
Veja o atendimento e o depoimento de uma cirurgiã-dentista sobre:
“Atenção e cuidado da saúde bucal da pessoa com deficiência”,
assistindo ao vídeo a partir de 40’’ até 13’40’’. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=VqemUfJxZ3A>. Acesso em: 12 nov. 2017.
Exemplificando
Figura 2.3 | Exemplos dos sintomas mais comuns da hipoglicemia
Fonte: <http://www.apdp.pt/images/a-diabetes/Risco-e-Prevencao-da-Diabetes/Tratamento/tratar-
hipoglicemia-03.png>. Acesso em: 4 dez. 2017.
Pesquise mais
Aprenda mais sobre “Convulsão: tratamentos e causas” e “Epilepsia:
como ajudar uma pessoa com convulsão” acessando o link a seguir.
Disponível em: <http://www.minhavida.com.br/saude/temas/
convulsao>. Acesso em: 4 dez. 2017.
Reflita
Veja como interações dos AINES com fármacos anticoagulantes,
antiagregantes plaquetários, alguns anti-hipertensivos e
hipoglicemiantes podem ser importantes na prática odontológica. A
prescrição de AINES, mesmo por curto espaço de tempo, 2-3 dias,
deve ser evitada, e o CD deve refletir sobre sua substituição por
corticosteroides, como a dexametasona ou betametasona, em dose
única, para pacientes cardiopatas, hipertensos e diabéticos. Para os
pacientes em tratamento com varfarina ou clopidogrel, o paracetamol
deve ser evitado e substituído por dipirona.
Atenção
Se a pessoa que dá os primeiros socorros não sabe ou não se sente
confortável para realizar a respiração boca a boca, ela deve fazer só
as compressões torácicas sem interrupção até a vítima reagir ou o
socorro chegar. Se for necessário realizar a ventilação boca a boca,
o CD pode ter em seu consultório, acessórios simples de proteção,
como máscaras descartáveis ou reutilizáveis, que impedem o contato
direto com as secreções do paciente, e ainda uma bolsa de Ambu-
Rubem.
Assimile
Assimile melhor os procedimentos de ressuscitação, assistindo ao
vídeo “How to Perform CPR video” ou “Como fazer ressuscitação
cardiopulmonar vídeo”. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=cosVBV96E2g>. Acesso em: 4 dez. 2017. Este vídeo está em
inglês, mas você pode ativar as legendas ocultas e configurá-las, clicando
em: Detalhes > Legendas/CC > Traduzir automaticamente > Português.
Você também pode assistir ao vídeo: Protocolo RCP. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=sBHzOB74KuY>. Acesso em: 4
dez. 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica, n. 17. Saúde Bucal. Brasília:
Ministério da Saúde, 2006.
CALDAS JR., A. F. et al. Atenção e cuidado da saúde bucal da pessoa com deficiência:
protocolos, diretrizes e condutas para auxiliares de saúde bucal. Recife: UFPE, 2015.
Disponível em: <https://ares.unasus.gov.br/acervo/bitstream/handle/ARES/2656/
acpd_vol3.pdf?sequence=1>. Acesso em: 31 out. 2017.
CPR - CERTIFIED.COM. How to Perform CPR video. 2014. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=cosVBV96E2g>. Acesso em: 18 nov. 2017.
DERCELI, J. R. et al. Oral rehabilitation in a patient with special needs. RGO - Rev.
Gaúcha de Odontologia, v. 63, n. 3, p. 337-342, 2015. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-86372015000300337&lng=en&nr
m=iso>. Acesso em: 13 nov. 2017.
GUPTA, A. et al. Bleeding disorders of importance in dental care and related patient
management. J Can Dent Assoc, v. 73, n. 1, p. 77-83, 2007. Disponível em: <http://
www.cda-adc.ca/jcda/vol-73/issue-1/77.html>. Acesso em: 12 nov. 2017.
PERLMAN, S. P.; FRIEDMAN, C.; FENTON, S. J. A Caregivers guide to good oral health
for persons with special needs. Special Olympics, 2008. Disponível em: <http://
media.specialolympics.org/soi/files/healthy-athletes/Special%20_Smiles_Good_
Oral_Health_Guide.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2017.
SAÚDE TO. Atenção e cuidado da saúde bucal da pessoa com deficiência. 2014.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=VqemUfJxZ3A>. Acesso em:
12 nov. 2017.
SBV. Suporte básico de vida para adultos e qualidade da RCP: SBV aplicado por
profissionais da saúde. Disponível em: <http://www.saude.ufpr.br/portal/labsim/wp-
content/uploads/sites/23/2016/07/1.-BLS-Revisao.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2017.
YAP, E. et al. Root canal treatment and special needs patients. Int Endod J, v. 48, n.
4, p. 351-361, 2015.
Unidade 3
Envelhecimento humano e
saúde do idoso
Convite ao estudo
Estimados alunos, na Unidade 3 desta disciplina, você
conhecerá os principais aspectos do envelhecimento humano
que são importantes para um tratamento odontológico
adequado e integral aos indivíduos idosos. O envelhecimento
constitui um processo fisiológico que se caracteriza pelas
mudanças orgânicas em que ocorre uma diminuição das
faculdades psicológicas, comportamentais e físicas. Todas
as funções vitais, com a idade, passam por um processo de
degeneração, apresentando desordens de menor a maior
gravidade. O atendimento por uma equipe multiprofissional
determina uma atenção diferenciada, tendo o cirurgião dentista
um papel importante na equipe de trabalho em relação à saúde
do idoso. Devido ao crescimento da população idosa no país,
devemos estar capacitados a assisti-los adequadamente.
Para auxiliar o estudo e o entendimento das situações do
dia a dia na Clínica Odontológica da Universidade, vamos
acompanhar os alunos do oitavo semestre de Odontologia,
Maria e Francisco, no atendimento dos pacientes. Vamos
começar pela paciente Joana (80 anos), a qual compareceu
à clínica para consulta odontológica acompanhada de sua
filha. Durante o atendimento, a paciente se mostrou um
tanto confusa nas respostas durante a anamnese e foram
observados grandes tremores nas mãos, fato que a paciente
relatou ter sido diagnosticada com Mal de Parkinson. Ao exame
clínico bucal, foram diagnosticadas alterações/patologias
dentárias, como raízes residuais e dentes com mobilidade
devido à doença periodontal avançada; a paciente também
faz uso de próteses parciais removíveis mal adaptadas. Maria
e Francisco conversaram longamente com a filha da paciente,
notando que ela era muito impaciente e severa com a mãe. A
filha relatou que a mãe tinha muito medo de dentista, pois o
anterior a tinha traumatizado.
Ajude os alunos Maria e Francisco a pensarem na melhor
solução para iniciar uma abordagem no primeiro atendimento
a Joana. Existe uma forma fácil de explicar sobre o processo
de envelhecimento que todos nós passamos? Qual é a melhor
abordagem psicológica para o atendimento dessa paciente,
para que ela possa sentir confiança nos alunos? E, desta forma,
eles possam iniciar os procedimentos reabilitadores?
Na Seção 3.1, abordaremos os principais pontos da fisiologia
do envelhecimento humano e suas teorias de envelhecimento:
teoria dos radicais livres, teoria da glicosilação e teoria do
envelhecimento programado; estudaremos a legislação do
idoso, a cartilha do idoso e a delegacia e o Estatuto do Idoso;
e, por fim, estudaremos sobre os aspectos psicológicos do
atendimento ao idoso com abordagem para o tratamento
odontológico. Em cada seção, você ajudará os alunos Maria
e Francisco a resolverem os desafios vivenciados diante da
situação apresentada pelo paciente.
Seção 3.1
Fisiologia do envelhecimento: teorias do
envelhecimento humano; legislação da pessoa
idosa: cartilha do idoso; delegacias do idoso;
Estatuto do Idoso; aspectos psicológicos no
atendimento ao paciente geriátrico
Diálogo aberto
Estimado aluno, estudaremos, nesta seção, os aspectos do
processo fisiológico do envelhecimento humano e suas teorias. O
Brasil vem tendo um aumento significativo da população idosa ao
longo da última década e, ao mesmo tempo, a expectativa média
de vida do brasileiro também subiu para 75,5 anos (IBGE, 2015).
Com isso, essas mudanças deverão provocar um grande impacto
no sistema de saúde, pois há a necessidade de uma visão global
do envelhecimento humano e uma abordagem diferenciada com
interação de diversos profissionais da área da saúde, visando à
promoção de medidas preventivas específicas e à reabilitação
desses indivíduos, ações que são de extrema importância.
Esse aprendizado dará suporte para entender e ajudar Maria
e Francisco, alunos do quinto ano, a atenderem a Sra. Joana, 80
anos, que compareceu à clínica de odontologia para atendimento.
A paciente demonstrou certa dificuldade em responder a algumas
perguntas da anamnese e relatou ter o diagnóstico de Mal de
Parkinson. Ao exame clínico, verificou-se mobilidade dentária,
raízes residuais e prótese parcial removível mal adaptada; e durante
o atendimento, os alunos notaram uma certa agressividade da filha,
que era a acompanhante da idosa.
Antes de iniciar o planejamento do tratamento reabilitador da
cavidade bucal, o que é preciso fazer? Quais medidas devem ser
tomadas antes de dar início ao tratamento propriamente dito? Quais
são os pontos a serem observados durante o exame da paciente?
Para que você consiga ajudar os alunos a responderem aos
questionamentos elencados, serão apresentados, de forma
contextualizada, no item “Não pode faltar”, os conteúdos sobre os
aspectos do envelhecimento humano da cavidade bucal.
Assimile
Estimado aluno, amplie seus conhecimentos com o artigo a seguir.
Teoria da glicosilação
A teoria da glicosilação advém da classificação estocástica do
envelhecimento, a qual afirma que alterações que acontecem
nas proteínas através da glicólise provocam a síntese de ligações
cruzadas no colágeno, desencadeando, no indivíduo idoso, um
colapso na função e na estrutura tecidual dele. Como já sabemos,
o nível de glicemia no idoso tende a ser maior do que no indivíduo
adulto-jovem, devido a uma menor resistência dos tecidos à insulina.
Com isso, os tecidos não conseguem captar adequadamente a
glicólise, juntando-se, no tecido conjuntivo, a receptores proteicos
de macromoléculas. O transporte intracelular sofre interferência
devido à deficiência de glicosilação dos tecidos, levando a uma
menor elasticidade, desencadeando um colapso tecidual.
Até que ponto as proteínas que apresentam períodos longos de
vida podem apresentar uma elevação progressiva da glicosilação
que esteja relacionada com o envelhecimento natural (idade), como
é observado em estudos com colágeno humano? Essa é a polêmica
desta teoria.
Pesquise mais
Para entender com mais profundidade a respeito do envelhecimento
fisiológico humano, leia o artigo a seguir:
Pesquise mais
Estimado aluno, é muito importante que você conheça com mais
detalhes e reflita sobre a importância de saber a respeito dos direitos dos
idosos, por isso acesse este link e leia sobre os direitos da pessoa idosa.
Exemplificando
As delegacias especializadas no atendimento ao idoso são de
fundamental importância, devido ao aumento significativo dessa
população no Brasil e por ser, muitas vezes, alvo fácil para os criminosos
(devido a limitações locomotoras ou dificuldade com ferramentas
de comunicação), sofrendo fraudes financeiras, violência física e até
sexual. Os idosos necessitam de uma atenção especializada, que
possa fazer o acolhimento e a escuta apropriada, a fim de orientar e
encaminhar para os órgãos competentes para solução dos ilícitos.
Diálogo aberto
Caro aluno, nesta seção, aprenderemos os principais problemas
clínicos de saúde do idoso e os critérios que devemos ter para avaliar
as condições sistêmicas e análise dos exames complementares da
população idosa, realizando uma odontologia geriátrica voltada
para a prática clínica integrada.
Buscar uma avaliação integrada, entendendo que a odontologia
que analisava apenas a boca não pode mais existir na nossa prática
diária, pois sabemos que o organismo funciona integralmente e
devemos buscar a saúde em todos os aspectos do corpo, da boca
e da mente. Com essa avaliação, buscamos melhorar a qualidade
de vida dos nossos pacientes.
Com esse aprendizado você, aluno, poderá ajudar Maria e
Francisco no atendimento à Sra. Joana, de 80 anos. Você se lembra
de que a paciente demonstrou certa dificuldade em responder a
algumas perguntas da anamnese e relatou ter o diagnóstico de Mal
de Parkinson? Ao exame clínico, verificou-se mobilidade dentária,
raízes residuais e prótese parcial removível mal adaptada.
Baseado no caso descrito sobre a paciente Joana, quais alterações
e/ou doenças sistêmicas você anotaria na anamnese? Você
solicitaria algum pedido de exame complementar para a paciente?
Caso sim, qual e por quê? Você solicitaria algum encaminhamento?
Sim? Não? Por quê? Qual?
Para que você consiga ajudar os alunos a responderem aos
questionamentos elencados, serão apresentados, de forma
contextualizada, no item “Não pode faltar”, os conteúdos sobre
avaliação sistêmica dos pacientes idosos.
Exemplificando
Baseado em tudo o que estudamos até aqui sobre a anamnese, vale
lembrar a importância de retomarmos a anamnese todas as vezes que
Reflita
A odontogeriatria é um campo vasto a ser explorado dentro da
odontologia, que deve ser aproveitado e explorado nos cursos de
graduação e pós-graduação, a fim de, cada vez mais, capacitar
o cirurgião-dentista no atendimento à população com doenças
sistêmicas com repercussões na cavidade bucal. A odontologia
geriátrica não se limita ao consultório, ela se estende ao atendimento
domiciliar e hospitalar e a cada dia mais se torna realidade dentro dos
hospitais, melhorando a qualidade de vida do idoso hospitalizado.
Você acredita que é importante a presença do cirurgião-dentista
no ambiente hospitalar acompanhando os idosos? Vamos refletir
sobre a odontogeriatria atual? Para isso, é importante debater sobre
o artigo a seguir:
Pesquise mais
Para entender com mais profundidade a respeito da doença periodontal
no paciente idoso, leia o artigo a seguir:
Série Vermelha
Eritrócitos De 3,90 a 5 milhões por mm3 de sangue
Hemoglobina De 12 a 15,5 g/dL de sangue
De 35 a 45 mL de eritrócitos/dL de
Hematócrito
sangue
Hemoglobina corpuscular Média de 31 a 36 picogramas
Volume corpuscular Média de 82 a 98 femtolitros
Caracteres morfológicos Normais
Série Branca
Leucócitos De 3.500 a 10.500 por mm3 de sangue
Neutrófilos De 1.700 a 8.000 por mm3 de sangue
Eosinófilos De 50 a 500 por mm3 de sangue
Basófilos De 0 a 100 por mm3 de sangue
Linfócitos De 900 a 2.900 por mm3 de sangue
Monócitos De 300 a 900 por mm3 de sangue
Plaquetas
Plaquetas De 150.000 a 450.00 por mm3 de sangue
a) Antibiótico e anticonvulsivante.
b) Anti-inflamatório e analgésico.
c) Anticonvulsivante e bloqueadores dos canais de cálcio.
d) Antibiótico e bloqueadores dos canais de cálcio.
e) Analgésico e imunossupressor.
Diálogo aberto
Caro aluno, nesta seção, aprenderemos a importância da
nutrição dos idosos com considerações voltadas ao atendimento do
cirurgião-dentista, bem como ampliaremos o nosso conhecimento
sobre as particularidades de medicações nesta população, visando
a um atendimento e à comunicação efetiva com o idoso e seu
cuidador. Esse aprendizado dará suporte para ajudar os alunos
Maria e Francisco e entenderem o caso da Sra. Joana, 80 anos, que
compareceu à clínica de odontologia para atendimento. A paciente
demonstrou certa dificuldade em responder a algumas perguntas
da anamnese e relatou ter o diagnóstico de Mal de Parkinson. Ao
exame clínico, verificou-se mobilidade dentária, raízes residuais e
prótese parcial removível mal adaptada.
Baseado no diagnóstico de Mal de Parkinson, quais perguntas
você elencaria em relação à nutrição e às medicações? Quais
orientações você passaria para a Sra. Joana a respeito da alimentação
x sua condição bucal?
Para que você consiga ajudar os alunos a responderem aos
questionamentos elencados, serão apresentados, de forma
contextualizada, na seção “Não pode faltar”, os conteúdos sobre os
aspectos da nutrição e medicação na população idosa.
Pesquise mais
Para entender com mais profundidade a respeito de anestésicos locais
na odontologia voltada para o idoso, leia o artigo a seguir:
Nutrição do idoso
Com o aumento da expectativa de vida da população brasileira,
faz-se necessário que todos nós, profissionais da saúde, fiquemos
atentos às variações biológicas, fisiológicas e psicológicas que
Exemplificando
A população idosa apresenta tendência à secura da cavidade oral
também em processos inflamatórios, que podem estar associados
à atrofia das glândulas salivares e até da mucosa oral. Para um bom
diagnóstico, muitas vezes, é necessário solicitar exames, como a
sialografia (para glândulas salivares), estudos hematológicos, entre
outros.
Reflita
A doença de Mal de Alzheimer está cada vez mais presente nos lares
devido ao aumento da longevidade das pessoas. Qual seria sua conduta
no atendimento a um paciente com diagnóstico de Alzheimer? Leia o
artigo a seguir para auxiliá-lo a refletir sobre o questionamento.
Assimile
O envelhecer vem trazendo mudanças funcionais, cognitivas,
diminuição da visão, da audição, entre outras alterações que vão
fragilizando o indivíduo e levando a limitações nas atividades rotineiras.
Uma vez que o idoso não consegue realizar as atividades comuns,
como se alimentar, tomar banho e caminhar, há a necessidade de
ser auxiliado por um cuidador. O ideal é que este cuidador tenha
formação específica para tal, mas, na realidade, sabemos que o
cuidador, normalmente, é um parente que mora com o idoso. Esse
tipo de situação reflete diretamente na qualidade de vida do idoso,
pois cuidar bem do outro requer conhecimento técnico, e não apenas
carinho e amor. Portanto, diante desta realidade, é fundamental,
durante a anamnese conseguirmos verificar qual o grau de parentesco
do cuidador e o idoso, se ele possui algum curso para este serviço,
pois desta forma traçaremos o perfil deste cuidador, a fim de, ao final
da nossa avaliação clínica, fazer toda uma orientação detalhada sobre
como manter a saúde bucal do idoso.
Reflita
Sobre a articulação temporomandibular (ATM), você sabe dizer quais
são as estruturas que a compõem? Quais estruturas podem ser
prejudicadas com o envelhecimento?
Exemplificando
Dependendo da condição do periodonto (se está saudável ou doente),
o biofilme bacteriano está presente, entretanto a doença periodontal
possui interferências multifatoriais, relacionadas ao hospedeiro (genética
e hábitos, como o fumo) e a doenças sistêmicas. Conhecer os aspectos
anatômicos normais da cavidade bucal e compreender a colonização
bacteriana é importante para entendermos o processo saúde
versus doença. Já foram verificados mais de 500 tipos diferentes de
microrganismos na boca, entre bactérias, vírus, protozoários e fungos.
O biofilme é formado, a princípio, por glicoproteínas e anticorpos
salivares, os quais criam uma película, inicialmente colonizado por
cocos Gram-positivos anaeróbios facultativos. Posteriormente,
Pesquise mais
Varicosidades são dilatações dos vasos sanguíneos de pequeno e
médio calibres, resultado da redução da elasticidade da parede do
vaso, que ocorre com o envelhecimento ou devido a um bloqueio
interno do vaso.
Saburra lingual é formada por restos de alimentos, bactérias e células
mortas.
Assimile
Caro aluno, é sempre importante atender o indivíduo idoso lembrando
de todas as particularidades sistêmicas sofridas com o passar dos anos,
devido ao envelhecimento, tratando-o com atenção e respeito. Uma
análise que o profissional deve realizar é verificar a condição e o padrão
ósseo dos maxilares, para, se possível, indicar a reabilitação com
implantes dentários. Hoje, os implantes são uma realidade muito mais
acessível financeiramente, e uma forma de reabilitação mais efetiva e
confortável, a qual, muitas vezes, devolve ao paciente a autoestima e o
prazer em se alimentar.
Pesquise mais
Você quer saber mais sobre as alterações orais decorrentes do
processo de envelhecimento? Acesse o link a seguir!
FERNANDES-COSTA, A. N. et al. As principais modificações orais que
ocorrem durante o envelhecimento. Revista Brasileira de Ciências da
Saúde, v. 17, n. 3, p. 293-300, 2013. Disponível em: <periodicos.ufpb.br/
index.php/rbcs/article/viewFile/13650/9813>. Acesso em: 10 fev. 2018.
Pesquise mais
Para entender com mais profundidade a respeito da doença periodontal
no idoso, leia o artigo:
Fonte: <https://www.istockphoto.com/br/foto/homem-s%C3%AAnior-do-escrit%C3%B3rio-de-dentista-
gm172428328-23640678>. Acesso em: 8 abr. 2018.
Exemplificando
Os desafios para a manutenção da saúde bucal dos idosos são
mais amplos devido à pouca formação e ao aprendizado na área da
odontologia associados aos demais profissionais, como enfermeiros,
biomédicos e fonoaudiólogos.
Reflita
O tratamento odontológico e os cuidados com a saúde bucal em
idosos acamados são mais complexos devido à condição adversa e
debilitada em que o idoso se encontra. Na sua opinião, baseado no
que você estudou, o atendimento se difere em quais aspectos quando
comparado a um idoso não acamado?
Pesquise mais
Para nos auxiliar a refletir sobre o tema da odontogeriatria voltado aos
aspectos psicológicos, leia o artigo a seguir.
SILVA, E. M. M. da et al. Mudanças fisiológicas e psicológicas na velhice
relevantes no tratamento odontológico. Revista Ciência em Extensão,
v. 2 n. 1, 2005. Disponível em: <www.unesp.br/proex/revista/artigos_
pdf/revista_ce_v2n1_revisao24.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2018.
Pesquise mais
Vamos pesquisar e estudar um pouco mais sobre o atendimento
odontológico domiciliar aos indivíduos idosos?
ROCHA, D. A.; MIRANDA, A. F. Atendimento odontológico domiciliar
aos idosos: uma necessidade na prática multidisciplinar em saúde. Rev.
Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, v. 16, n. 1, p. 181-189, 2013.
Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rbgg/v16n1/a18v16n1.pdf>. Acesso
em: 20 fev. 2018.
Diálogo aberto
Nesta seção, estudaremos sobre as medidas preventivas e
o autocuidado que o idoso deve buscar para manter a saúde
bucal, e compreenderemos a importância da terapia de suporte e
proservação para a saúde no indivíduo idoso. Esse aprendizado lhe
dará suporte para auxiliar os alunos Alice e Lucas no atendimento
ao Sr. Erasmo, de 70 anos. Você se lembra que ele compareceu à
clínica de odontologia para atendimento? Durante a anamnese, a
cuidadora informou que o paciente havia sido diagnosticado com
Alzheimer e diabetes, sendo dependente de insulina. Ao exame
clínico, verificou-se doença periodontal avançada, com mobilidade
dentária, raízes residuais, lesões cariosas radiculares e prótese total
antiga e frouxa na boca, com lesões avermelhadas no palato.
Baseado nessas informações, quais medidas preventivas e de
autocuidado sobre a saúde bucal você deve orientar o Sr. Erasmo
e a cuidadora a fazer? Quais aspectos devem ser analisados para
instituir a terapia de suporte e proservação deste paciente?
Para que você consiga ajudar os alunos a responderem aos
questionamentos elencados, serão apresentados, de forma
contextualizada, no item “Não pode faltar”, os conteúdos sobre as
formas de prevenir as doenças bucais e o autocuidado que o idoso
deve ter na sua rotina diária para preservar e manter a saúde bucal
ao longo dos anos.
Todas essas informações são muito importantes para o seu
crescimento profissional, portanto, anime-se, este assunto prenderá
sua atenção!
Assimile
Para prevenir a doença periodontal e a cárie, o profissional precisa
saber indicar corretamente a escova, o tipo de fio/fita dental e creme
dental fluoretado, para que o idoso ou o seu cuidador consiga remover
adequadamente o biofilme bacteriano e manter a cavidade bucal
saudável. Ressaltaremos aqui alguns aspectos que devem ser observados:
• Escova dentária: a escova ideal deve possuir cerdas macias, tendo
o tamanho da cabeça pequena e, preferencialmente, com todas
as cerdas do mesmo tamanho.
• Fio/fita dental: fundamental a utilização deste recurso, pois ele
desorganiza o biofilme das faces interproximais, onde a escova não
consegue ter acesso. Deve ser realizado o movimento de fricção
entre as faces (movimento de serra-serra). Tanto o fio quanto a fita
são efetivos, sendo que o fio é mais fino que a fita, então, em dentes
com apinhamento severo, tem maior indicação o uso do fio dental.
Exemplificando
Para melhorarmos a qualidade de vida do idoso no aspecto bucal,
são necessários programas efetivos e acesso amplo ao serviço
odontológico, com atendimento integral e humanizado, considerando
os aspectos curativos, educativos e preventivos, junto a uma equipe
multidisciplinar, para buscar o diagnóstico correto e um plano de
tratamento efetivo. Com relação aos problemas mais prevalentes nesta
população, medidas específicas devem ser tomadas para manter a
saúde e a qualidade de vida, destacando: consultas periódicas, cuidado
em manter o fluxo salivar, controle do biofilme bacteriano e cuidados
com a nutrição e dieta.
Pesquise mais
Para buscarmos um atendimento integral e multidisciplinar aos
indivíduos idosos, temos que ter em mente a condição sistêmica do
idoso que pode vir a interferir na condição bucal e com isso modificar
o plano, o tratamento e a indicação da terapia de suporte desses
indivíduos. Faça uma leitura do artigo a seguir para enriquecer os seus
conhecimentos sobre o assunto.