A Dieta Do Futuro

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A DIETA

DO FUTURO
DR. HIROMI SHINYA

A DIETA
DO FUTURO
que previne cardiopatias, cura o câncer
e controla o diabetes tipo 2

Tradução
SONIA BIDUTTE

~
Editora
Cultrix
SÃO PAULO
Título original: Byoki ni Naranai Ikikata.
Copyright © 2005 Hirorni Shinya.
Publicado originalmente em japonês pela Sunmark Publishing, Inc., Tóquio,]apão.
Tradução para a língua portuguesa publicada mediante acordo com a Sunmark Publishing, Inc. por
intermédio da InterRights, Inc., Tóquio e Sylvia Hayse Literary Agency, LLC, Bandon, Oregon.
A tradução para a língua portuguesa foi baseada na edição em inglês THE ENZYME FACTOR, publicada
pela Counci! Oak Books, Tulsa, Oklahoma, EUA, www.counci!oakbooks.com
Copyright da edição brasileira © 2010 Editora Pensamento-Cultrix Ltda.
Texto de acordo com as novas regras ortográficas da língua portuguesa.
1" edição 2010.
2" reimpressão 2012.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser rcproduzída ou usada de qualquer
forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópias, gravações ou sistema de
armazenamento em banco de dados, sem permissão por escrito, exceto nos casos de trechos curtos
citados em resenhas críticas ou artigos de revistas.
A Editora Cultrix não se responsabiliza por eventuais mudanças ocorridas nos endereços
convencionais ou eletrônicos citados neste livro.
Este livro é uma obra de consulta e informação. As informaçôes aqui contidas não devem ser usadas sem
uma prévia consulta a um profissional de saúde qualificado.
Coordenação editorial: Denise de C. Rocha Delela e Roseli de S. Ferraz
Preparação de originais: Lucimara Leal da Silva.
Revisão de provas: Liliane Scaramelli Cajado.
Diagramação: Fama Editoração Eletrônica

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, Sp, Brasil)

Shinya, Hiromi
A dieta do futuro: que previne cardiopatias, cura o câncer e controla o diabetes
tipo 2/ Hirorni Shinya ; tradução Sonia Bidutte. - São Paulo: Cultrix, 2010.

Título original: Byoki ni naranai ikikata ISBN 978-85-316-1068-4


1. Doenças causadas pela nutrição 2. Enzimas - Obras de divulgação 3. Nutrição
- Obras de divulgação 4. Saúde - Obras de divulgação
I. Título.

10-04105 CDD-612.0151

Índices para catálogo sistemático:


1. Enzimas : Efeitos fisiológicos: Ciências médicas 612.0151

Direitos de tradução para o Brasil


adquiridos com exclusividade pela
EDITORA PENSAMENTO-CULTRlX LTDA.
Rua Dr. Mário Vicente, 368 - 04270-000 - São Paulo, SP
Fone: (11) 2066-9000 - Fax: (11) 2066-9008
E-mail: [email protected]
http://www.editoracultrix.com.br
que se reserva a propriedade literária desta tradução.
Foi feito o depósito legal
Sumário

Nota do editor 7

Prólogo 9

Introdução
O fator enzimático - a chave do código da vida 13

Capítulo 1
As enzimas e a sua saúde - conceitos errôneos e verdades essenciais..... 19

Capítulo 2
A alimentação do fator enzimático 53

Capítulo 3
Hábitos dos ricos e saudáveis................................................................... 79

Capítulo 4
Preste atenção ao seu "roteiro de vida" 105

Epílogo
Ofator enzimático: da entropia à sintropia 123

Apêndices
As sete chaves de ouro do dr. Shinya para a saúde.................................... 127
Hábitos alimentares recomendados 131
Alimentos que CUram................................................................................ 141
Nota do editor

Para os gastroenterologistas e cirurgiões do mundo inteiro, o dr. Hiromi


Shinya dispensa apresentação. Como pioneiro da cirurgia por colonoscopia
(ele desenvolveu a técnica - que, na realidade, recebeu seu nome - e
ajudou a projetar o colonoscópio), ele é um profissional reconhecido no
mundo inteiro.
Há mais de quatro décadas, o dr. Shinya vem tratando presidentes, pri-
meiros-ministros, astros do cinema, músicos e muitos outros pacientes fa-
mosos. De fato, ele examinou o estômago e o intestino de mais de 300 mil
pessoas. Atualmente, é professor de cirurgia no Albert Einstein College of
Medicine e chefe da unidade de endoscopia do Beth Israel Medical Center.
A ampla experiência obtida com milhares de pacientes, a maioria dos
quais ele acompanha durante a vida, permitiu ao dr. Shinya a criação de
uma abordagem à saúde baseada no estoque de uma enzima vital do orga-
nismo, que ele chama de "milagrosa". Ele acredita que essa enzima seja o
segredo de uma vida longa e saudável.
A Dieta do Futuro pretende explicar o trabalho da enzima "milagrosa" e
sua importância para a saúde. O dr. Shinya considera este livro o ponto alto
de sua carreira, pois ele representa a oportunidade de oferecer suas desco-
bertas a milhares de pessoas que ele nunca conseguirá tratar pessoalmente.
Neste livro, ele explica com detalhes o estilo de vida que pode melhorar a
saúde das pessoas e por que esse estilo é tão eficaz.
Nascido no Japão e trabalhando metade do ano em Tóquio, o dr. Shinya
incorpora ao seu trabalho sobre saúde humana tanto as perspectivas da
medicina oriental como as da medicina ocidental. Este livro foi escrito pri-
meiro em japonês. A versão japonesa foi um grande sucesso e vendeu mais
de dois milhões de exemplares em apenas alguns meses. Assim como o dr.
Hiromi Shinya, esperamos que este livro lhe sirva de guia para uma vida
feliz e saudável.
Prólogo

Quando a Segunda Guerra terminou, eu era adolescente e assisti à transfor-


mação que a tecnologia norte-americana promoveu em minha terra natal.
Meu sonho era estudar medicina na América. Em 1963, concluí meu curso
de medicina no Japão, mudei-me para os Estados Unidos com minha jovem
esposa para iniciar meu curso de residência médica no Beth Israel Medical
Center de Nova York.
Vindo de um país estrangeiro, ao chegar aos Estados Unidos compre-
endi que teria de trabalhar muito para ser um cirurgião respeitado naquele
país. Quando criança eu estudara artes marciais e graças a esse treinamento
aprendi a usar muito bem as duas mãos. A ambidestria me possibilitou rea-
lizar cirurgias com rara eficiência.
Durante o curso de residência fui assistente do dr. Leon Ginsburg, um
dos descobridores (juntamente com o dr. Burrill Bernard Crohn e o dr. Gor-
don Oppenheimer) da doença de Crohn. Um dia o chefe dos residentes
e o residente mais antigo que normalmente assistiam o dr. Ginsburg não
puderam ajudar na sala de cirurgia, e a enfermeira do dr. Ginsburg, que
já conhecia meu trabalho, recomendou-me. Sendo ambidestro, terminei a
cirurgia rapidamente. Primeiro, o dr. Ginsburg ficou muito irritado porque
não acreditou que eu pudesse ter terminado em tão pouco tempo e ter feito
tudo certo. Mas, ao verificar que o paciente tinha se recuperado tão bem
sem a hemorragia excessiva e sem o inchaço que costumam ocorrer depois
de uma cirurgia longa, ele ficou impressionado. Comecei a trabalhar com
ele regularmente.
Nem minha esposa, nem eu, nem nossa filhinha nos dávamos bem nos
Estados Unidos. Minha esposa passava a maior parte do tempo doente. Fra-
ca, ela não conseguia amamentar, e nossa filha era alimentada com leite de
vaca. Eu trabalhava o dia todo no hospital e quando chegava em casa aju-
dava minha esposa que estava novamente grávida. Eu trocava fraldas e dava
mamadeira à minha filha, mas ela chorava muito porque tinha uma urticá-
ria muito intensa. Ela coçava-se muito e estava num estado lastimável.

9
10 A DIETA DO FUTURO

Aí, então, nasceu meu filho. Sua chegada foi uma alegria, mas logo sur-
giu uma hemorragia retal. Naquela época, eu tinha adquirido o primeiro
colonoscópio e examinei meu filhinho. Encontrei uma inflamação no cólon
e uma colite ulcerativa.
Fiquei arrasado. Ali estava eu, um médico que não conseguia curar sua
jovem e bonita esposa, e nem aliviar o sofrimento de seus filhos. Eu não
aprendera nada na faculdade de medicina que pudesse explicar a causa da
doença deles. Consultei outros médicos, os melhores que eu conhecia, mas
nenhum conseguia me ajudar. Ser um bom cirurgião ou dar remédios para
os sintomas não era o suficiente. Eu queria saber o que causava a doença.
No Japão, eu nunca tinha visto o tipo de dermatite atrófica que minha
filha tinha, por isso, comecei a investigar o que havia nos Estados Unidos
que pudesse causar esses sintomas. No Japão, nós não tínhamos muitos
derivados do leite, portanto pensei que pudesse ser o leite de vaca que ela
mamava. Quando retiramos o leite, ela melhorou rapidamente e eu percebi
que ela era alérgica a leite de vaca. Ela não conseguia dígeri-lo, e as partícu-
las não digeridas, que eram pequenas o suficiente para passar do intestino
para o sangue, eram atacadas pelo seu sistema imunológico como se fossem
invasores. A mesma coisa acontecia com meu filho. Quando paramos de
alimenta-Io com leite, a colite desapareceu.
A doença de minha esposa logo foi diagnosticada como lúpus. Os va-
lores de seu hemograma caíam, e ela ficava pálida e anêmica. Ela entrava e
saía do hospital enquanto lutávamos para salvar-lhe a vida. Morreu antes
que eu soubesse o suficiente para ajudá-Ia.
Até hoje, eu ainda não sei o que causou o seu Iupus, mas sei que ela era
geneticamente predisposta a reações exageradas do sistema imunológico.
Ela foi interna de uma escola-convento ocidentalizada no Japão onde con-
sumia muito leite. Não há dúvidas de que era alérgica a leite, pois mais tarde
seus dois filhos também eram. Exposta continuamente a um alimento que
gerava uma reação alérgica, seu sistema imunológico deve ter se esgotado,
deixando-a suscetível à doença autoimune do lúpus.
Com essas experiências, comecei a compreender o quanto a alimen-
tação é importante para nossa saúde. Isso foi há mais de cinquenta anos e
depois disso registrei a história alimentar e examinei o estõmago e o cólon
de mais de 300 mil pacientes. Passei minha vida tentando compreender o
organismo humano, a saúde e a doença. Comecei pela doença - suas cau-
sas e tratamentos -, mas, assim que comecei a compreender melhor o tra-
balho do corpo como um todo, mudei minha maneira de tratar as doenças.
PRÓLOGO 11

Vi que nós, médicos, e nossos pacientes devemos empregar mais tempo na


compreensão da saúde do que na luta com a doença.
Nascemos com o direito à saúde; é natural ser saudável. Depois de co-
meçar a compreender a saúde, fui capaz de trabalhar com o corpo, ajudan-
do-o a livrar-se sozinho da doença. Apenas o corpo tem a capacidade de
curar-se. Como médico, crio um meio para que a cura aconteça.
Assim, comecei tentando compreender a doença, mas minha pesquisa
acabou me levando para o que eu acreditava ser a chave da saúde. Essa cha-
ve é a enzima milagrosa do nosso próprio organismo.
O organismo humano tem mais de 5 mil enzimas que geram, talvez, 25
mil reações diferentes. Pode-se dizer que toda ação do organismo é contro-
lada por enzimas, porém sabemos muito pouco sobre elas. Acredito que
criamos essas enzimas a partir de uma enzima-fonte, que é mais ou menos
finita em nosso corpo. Se essas enzimas-fonte se esgotarem, não haverá um
número suficiente delas para reparar as células de maneira adequada, o que
com o tempo possibilitará o desenvolvimento de câncer e outras doenças
degenerativas.
Em suma, esse é o fator enzimático.
Quando ajudo meus pacientes com câncer de cólon a se curar, primeira-
mente removo o câncer e depois os coloco em uma dieta rígida de alimentos
não tóxicos e ricos em enzima e água, para que eles tenham mais enzimas-
fonte para reparar as células do organismo. Não acredito no uso de medica-
mentos fortes que desafiam o sistema imunológico, pois acho que o câncer
de cólon não acontece por acidente, de maneira isolada. O câncer de cólon
é um alerta de que todo o suprimento de enzima-Ionte está se esgotando e
não consegue mais reparar as células adequadamente.
Ao mesmo tempo em que acredito que nascemos com um suprimento
limitado dessa enzima ..fonte e que não devemos gasta-lo com má alimen-
tação, toxinas, eliminação deficiente e stress, compreendi outra coisa. Essa
outra coisa é o motivo pelo qual chamo essa enzima-Ionte de enzima "mila-
grosa". Tenho testemunhado várias curas espontâneas e remissões de todos
os tipos de doença. Ao estudar essas curas, comecei a compreender como
esses milagres acontecem.
Descobrimos o DNA, mas não sabemos realmente muita coisa sobre ele.
Há um enorme potencial latente em nosso DNA que ainda não compreen-
demos. Minha pesquisa indica que explosões emocionais positivas, como as
que surgem do amor, da risada, e da alegria, podem estimular nosso DNA
a produzir uma enxurrada de enzimas-Ionte - a enzima milagrosa que
12 A DIETA DO FUTURO

age como biocatalisador da recuperação das células. Alegria e amor podem


acordar um potencial muito além do conhecimento humano atual.
Neste livro, direi a você o que fazer no dia a dia, o que comer e que su-
plementos e enzimas tomar para ajudar suas enzimas milagrosas e sua saú-
de. Entretanto, a coisa mais importante que posso lhe dizer para viver uma
vida longa e saudável é fazer o que o deixa feliz (mesmo que isso signifique
não seguir, às vezes, minhas outras recomendações).
Ouça música. Faça amor. Divirta-se. Curta os pequenos prazeres. Viva
a vida com paixão. Lembre-se de que uma vida feliz e cheia de significados
é o caminho natural para a saúde. O entusiasmo, e não a perfeita adesão ao
regime alimentar, é a chave da eficácia do fator enzimático para você.

Dr. Hiromi Shinya


INTRODUÇÃO

O fator enzimático - a chave do


código da vida

o corpo tem uma capacidade espantosa de autocura.


Na verdade, o corpo é o único sistema de cura que pode restaurar seu
equilíbrio em caso de doença. O medicamento pode servir de apoio em uma
emergência, a cirurgia pode ser necessária em determinadas circunstâncias,
mas somente o corpo tem a capacidade de curar.
Tenho visto essa verdade sobre a cura incontáveis vezes ao longo de mi-
nha vida profissional. Há 35 anos, tornei-me a primeira pessoa do mundo
a remover com sucesso um pólipo por meio do colonoscópio, sem a neces-
sidade de uma incisão na parede abdominal. Na ocasião, foi um aconteci-
mento importante porque consegui remover o pólipo sem abrir o abdome,
evitando, assim, os efeitos colaterais que podem advir de cirurgias abertas.
Como eu era o único médico que dominava essa técnica naquela época, de
repente passei a ser muito requisitado. Nesse período, apenas nos Estados
Unidos, mais de 10 milhões de pessoas necessitavam de exames do cólon, e
muitas precisavam submeter-se à remoção de pólipos. Começaram a chegar
pacientes de toda parte em busca desse procedimento não invasivo. Assim,
com trinta e poucos anos tornei-me o chefe da unidade de endoscopia do
Beth Israel Medical Center de Nova York, trabalhando de manhã no hospital
e à tarde em meu consultório particular, examinando pacientes de manhã à
noite. Em várias décadas atuando como gastroenterologista e endoscopista,
examinei centenas de milhares de pessoas e aprendi que, quando o trato
gastrintestinal está limpo, o organismo consegue facilmente combater qual-
quer tipo de doença. Por outro lado, quando o trato gastrintestinal não está
limpo, o organismo fica propenso a vários tipos de doenças.
Em outras palavras: a pessoa que tem boas características gastrintesti-
nais é mental e fisicamente saudável, mas a pessoa com características gas-
trintestinais ruins normalmente tem problema mental ou físico. Do mesmo
modo, a pessoa saudável tem características gastrintestinais boas, e a que

13
14 A DIETA DO FUTURO

não é saudável tem características gastrintestinais ruins. Obviamente, en-


tão, as boas características estomacais e intestinais estão diretamente rela-
cionadas à saúde de maneira geral.
O que, especificamente, é preciso fazer (ou evitar) para preservar as
boas características estomacais e intestinais? Para obter essa resposta, du-
rante anos pedi a meus pacientes que respondessem a um questionário so-
bre seus hábitos alimentares e outros aspectos do seu estilo de vida. Graças
às respostas desses questionários, descobri uma forte relação entre saúde,
alimentação e estilo de vida.
O que estou prestes a apresentar neste livro é a minha teoria de como
viver uma vida longa e saudável, com base em dados que reuni durante dé-
cadas em minha vida profissional. Esses dados sugerem que o corpo e suas
inúmeras funções podem ser compreendidos por meio de uma chave.

ESSA CHAVE - A CHAVE PARA UMA VIDA LONGA E SAUDÁVEL-


PODE SER RESUMIDA EM UMA ÚNICA PALAVRA: ENZIMAS.

Enzima é o nome genérico de um catalisador de proteína produzido no


interior das células de organismos vivos. Onde existe vida, seja no reino
animal ou vegetal, existe enzima. Elas participam de todas as ações neces-
sárias para a conservação da vida, como síntese e decomposição, transporte,
excreção, desintoxicação e suprimento de energia. Os organismos vivos não
conseguiriam viver sem as enzimas.
As células do nosso corpo produzem mais de 5 mil espécies de enzimas
vitais, mas elas também podem ser produzidas a partir das enzimas contidas
nos alimentos que consumimos diariamente. A razão da existência de tan-
tos tipos de enzima é que cada uma delas tem uma característica específica e
desempenha uma função única. Por exemplo, a amilase, uma enzima diges-
tiva encontrada na saliva, age somente sobre os carboidratos. As gorduras e
proteínas também são digeridas por suas próprias enzimas.
Embora se acredite que muitos tipos de enzima sejam criados em res-
posta às necessidades do organismo, ainda não está claro o modo como elas
são produzidas nas célula,s. Tenho uma teoria que pode ajudar a esclarecer
esse processo. Acredito na existência de uma enzima-fonte - um protóti-
po de enzima não especializada. Antes de ser convertida em determinada
enzima para atender a uma necessidade específica, a enzima-fonte pode
transformar-se em qualquer tipo de enzima.
INTRODUÇÃO 15

Essa teoria, desenvolvida com base em minha observação ao longo dos


anos, é a seguinte: a saúde depende da conservação - e não do esgota-
mento - das enzimas-fonte do organismo. Eu uso o termo "enzima-Ionte"
para essas catalisadoras, porque, em minha opinião, elas são enzimas não
especializadas que dão origem a mais de 5 mil enzimas especializadas que
exercem várias funções no corpo humano. Também as chamo de enzimas
"milagrosas", pois elas desempenham um papel essencial na capacidade de
autocura do corpo.
Comecei a desenvolver o conceito de enzima-fonte ao observar que,
quando determinada área do corpo precisa e, portanto, consome grande
quantidade de um tipo específico de enzima, outras partes ficam com carên-
cia das enzimas de que necessitam. Por exemplo, a ingestão de uma grande
quantidade de álcool requer uma quantidade acima do normal da enzima
responsável pela degradação do álcool no fígado, gerando um déficit das
enzimas necessárias à digestão e absorção no estõmago e no intestino.
Parece que não há uma quantidade estabelecida de cada um dos milha-
res de tipos de enzima existentes, em vez disso, a enzima-fonte se converte
em um tipo específico de acordo com a necessidade.
Atualmente, as enzimas estão atraindo a atenção do mundo todo como
elemento essencial no controle da saúde e, embora ainda estejam sendo
realizadas pesquisas nessa área, existem muitas coisas que ainda não com-
preendemos. O dr. Edward Howell, pioneiro no estudo das enzimas, propõs
uma teoria realmente interessante. Segundo essa teoria, existe um número
predeterminado de enzimas que um organismo vivo pode produzir durante
a vida. O dr. Howell chamou esse número fixo de enzimas de "potencial
enzimático". Quando esse potencial se esgota, a vida cessa.
A teoria do dr. Howell não difere muito da minha teoria de enzimas-fon-
te e, dependendo do rumo que as pesquisas tomem, acredito que a existên-
cia da enzima-fonte será confirmada. Embora os estudos sobre esse assunto
estejam em fase de desenvolvimento e a enzima-fonte ainda seja apenas
uma teoria, existem inúmeras evidências clínicas de que podemos fortale-
cer bastante nossas características gastrintestinais - e consequentemente
a nossa saúde - consumindo alimentos ricos em enzimas e adotando um
estilo de vida que não esgote a enzima-fonte.
O estilo de vida saudável que recomendo neste livro consiste em suges-
tões que tenho feito aos meus pacientes há anos. Vi muitos pacientes fica-
rem curados depois de seguirem essas recomendações. Você ficará surpreso
16 A DIETA DO FUTURO

com algumas sugestões que parecem contrariar os atuais conhecimentos


sobre saúde e alimentação. Garanto que tudo o que você vai encontrar neste
livro foi testado. Somente depois de confirmar a segurança desse estilo de
vida, passei a recomenda-Io aos meus pacientes - com resultados extraor-
dinários.
Eu mesmo adoto esse estilo de vida saudável, e em todos esses anos de
atividade profissional, não fiquei doente nenhuma vez. A primeira e única
vez em que fui tratado por um médico foi aos 19 anos, quando tive uma
gripe. Hoje, na faixa dos 70 anos de idade ainda exerço minha profissão
nos Estados Unidos e no Japão. Embora a medicina seja um grande desafio,
tanto físico como mental, tenho conseguido conservar a saúde seguindo o
que recomendo neste livro.
Depois de ter constatado por experiência própria os efeitos positivos
desse estilo de vida, passei a recomenda-lo aos meus pacientes, que têm
obtido resultados maravilhosos. Por exemplo, a taxa de recidiva de câncer
entre eles caiu para zero.
Embora a medicina moderna muitas vezes trate o corpo humano como
se fosse uma máquina composta por peças independentes, ele é, na verdade,
uma unidade em que tudo está interligado. Por exemplo, os efeitos de uma
única cárie não tratada serão sentidos em todo o corpo. Da mesma maneira,
o alimento que não é suficientemente mastigado sobrecarrega o estômago
e o intestino, produzindo indigestão, bloqueando a absorção de nutrientes
vitais e causando uma infinidade de problemas em todo o organismo. Não
é raro que um probleminha, à primeira vista insignificante, acabe se trans-
formando em uma doença grave.
A saúde depende de várias ações que realizamos todos os dias - comer,
beber, fazer exercícios, descansar, dormir e manter a mente sã. Se houver
um problema em qualquer uma dessas áreas, todo o corpo será afetado. Por
causa das complexas interligações que ocorrem no interior do corpo huma-
no, acredito que as enzimas-fonte tenham a função de manter a homeostase
- o equilíbrio necessário a uma vida saudável.
Infelizmente, a sociedade moderna está repleta de fatores que conso-
mem nossas preciosas enzimas-fonte. Álcool, tabaco, drogas, aditivos ali-
mentares, agrotóxicos, poluição ambiental, ondas eletromagnéticas e stress
emocional são alguns dos fatores que esgotam essas enzimas. Para manter-
se saudável nos dias de hoje, é essencial compreender os mecanismos do
corpo e zelar pela própria saúde.
INTRODUÇÃO 17

Felizmente, nada disso é difícil de fazer. Uma vez compreendidas as


causas do esgotamento dessas enzirnas-fonte e a maneira de fazer a sua
reposição, bastará um pequeno esforço diário para ficar livre de doenças por
toda a vida.
O velho ditado precisa ser atualizado: Em vez de "Coma, beba e seja
feliz, pois a vida é curta", eu sugiro que você coma e beba com sabedoria, e
tenha uma vida longa e feliz. Quero mostrar-lhe como fazer isso.
CAPíTULO 1

As enzimas e a sua saúde -


conceitos errôneos e verdades essenciais

Q uarenta anos se passaram desde que me tornei especialista em endos-


copia gastrintestinal. Naquela época, eu trabalhava atentamente com
meus pacientes para descobrir como levar uma vida saudável. Como médico,
eu acreditava piamente que não importava o quanto um médico tentasse, ele
não conseguiria preservar a saúde de um paciente somente fazendo check-up
e tratando doenças. A saúde de longo prazo é o resultado de atitudes e hábitos
saudáveis. Melhorar o estilo de vida diário é fundamentalmente mais impor-
tante do que contar com a eficácia de cirurgias ou medicamentos.
A alimentação e o estilo de vida apresentados neste livro conseguem
gerar resultados clínicos de 0% de recidiva de câncer.
Repetindo: nenhum dos meus pacientes teve de enfrentar o câncer no-
vamente. Por quê? Porque eles levaram seus problemas de saúde a sério,
acreditaram que poderiam ajudar o corpo a se curar e incorporaram ao seu
cotidiano meu estilo de vida e alimentação. Este é o estilo de vida saudável
que este livro ensinará, um conjunto simples de novos hábitos que lhe per-
mitirá gozar de boa saúde até uma idade muito avançada.
Munido do conhecimento destas páginas, caberá a você decidir entre a
doença e a saúde. No passado, as pessoas pensavam que podiam e deviam
ser curadas somente por médicos e medicamentos. Os pacientes eram pas-
sivos e simplesmente seguiam as instruções e as prescrições dos médicos.
Entretanto, estamos vivendo uma era em que devemos assumir a responsa-
bilidade por nossa saúde.
Todos nós esperamos nunca ficar doentes - e, quando ficamos, espe-
ramos melhorar rapidamente. Talvez você ache isso impossível, mas eu lhe
asseguro que não é. Minha proposta é um modo de vida que lhe permitirá
viver todo o tempo que tiver de viver sem nunca mais ficar doente.
Obviamente que, para isso, será preciso uma mudança radical nos hábi-
tos alimentares e no estilo de vida que você teve até agora. Não deixe que as
exigências da sua vida atual o façam desistir das minhas sugestões. Leia-as

19
20 A DIETA DO FUTURO

com a mente aberta. Acredito firmemente que ao terminar a leitura deste


livro, você estará se sentindo motivado a fazer as mudanças.
Quando as pessoas adoecem, elas sempre se perguntam por que ficaram
doentes. A doença não é um teste ou uma punição imposta por Deus. Na
maioria dos casos, ela não é predeterminada pela genética. Ao contrário,
quase todas as doenças são resultado de hábitos acumulados ao longo do
tempo.

É POSSíVEL CHEGAR AOS 100 ANOS COM SAÚDE

Você se considera uma pessoa saudável? Não são muitas as pessoas que po-
dem responder a essa pergunta com um "sim" sem nenhuma restrição. Não
são muitas, eu acho, porque não estar doente não é o mesmo que ter saúde.
Na medicina oriental, existe um termo, "doença latente", que representa
uma situação em que a pessoa não está doente, mas também não está com-
pletamente saudável. Em outras palavras, a pessoa está a um passo de ficar
doente. Muitos norte-americanos, atualmente, estão nessa situação.
Mesmo as pessoas que se consideram saudáveis são frequentemente
perturbadas por problemas, como diarreia, prisão de ventre crônica, insô-
nia, torcicolo e ombros enrijecidos. Esses sintomas são pedidos de socorro
do organismo. E se você os ameniza dizendo: "Isso é normal para mim" ou
"Estou sempre assim", está correndo o risco de que essa situação se trans-
forme em doença grave.
A expectativa média de vida nos Estados Unidos aumentou de forma
surpreendente de 47 anos, em 1900, para quase 78, em 2006. Como a hu-
manidade em geral tem interesse em viver mais, seria possível dizer que
essa é uma tendência bastante positiva.
Entretanto, os números de expectativa média de vida não deveriam nos
deixar orgulhosos, pois eles não refletem com precisão o verdadeiro estado
de saúde das pessoas. Por exemplo, uma pessoa com 100 anos de idade,
que leva uma vida saudável, e uma pessoa com 100 anos, que está doente
e presa a uma cama, têm o mesmo peso nas médias de expectativa de vida.
Ambas têm exatamente a mesma idade, mas não desfrutam da mesma qua-
lidade de vida. Se você não for saudável, não fará bom uso da última parte
de sua vida longa. Pouquíssimas pessoas gostariam de ter uma vida longa
presas a uma cama ou sofrendo. Somente quando estão realmente em boas
condiçôes de saúde é que as pessoas querem viver mais.
Tente lembrar-se da aparência de um parente idoso ou de uma pessoa
próxima a você. Observando a saúde dessa pessoa, você ficaria satisfeito se
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 21

chegasse àquela idade nas mesmas condições? Infelizmente, muitos respon-


deriam "não".
À medida que as pessoas ficam mais velhas, mesmo as mais saudáveis, o
organismo se deteriora. Entretanto, doença e declínio natural do corpo são
coisas totalmente diferentes. Minha mãe, que adota essa alimentação e esse
estilo de vida há muitos anos, é saudável e ativa aos 96 anos de idade.
O que causa a doença nos idosos?
A diferença entre um centenário saudável e uma pessoa presa ao leito
não é a idade. É a diferença entre os hábitos alimentares e o estilo de vida
acumulado ao longo daquele século. Em resumo, a saúde ou a doença está
relacionada ao que a pessoa come e ao modo como ela vive o seu dia a dia.
O que determina o seu estado de saúde é a soma diária de fatores, como
alimentação, água, exercício, sono, trabalho e stress.
Se essa é a questão, então a pergunta é: Que tipo de vida devemos levar
para ter uma vida longa e saudável?
Atualmente, os produtos do setor de condicionamento físico e saúde
detêm uma grande fatia do mercado, abarrotando as prateleiras das lojas.
Muitas pessoas compram suplementos alimentares porque, de acordo com
o rótulo, o consumo diário de um único remédio poderá acabar com todos
os seus problemas de saúde. Além disso, quando os comerciais de televi-
são ou de revistas anunciam que "o produto xx faz bem à saúde", no dia
seguinte o produto está esgotado no mercado. Isso significa que a maioria
das pessoas não sabe o que realmente faz bem ao seu corpo e é facilmente
manipulada pela mídia.

CONCEPÇÕES ERRÔNEAS SOBRE ALIMENTAÇÃO

Quando você pensa em preservar a saúde, pensa em alguma coisa especifi-


camente? Você acha que deve fazer exercícios regularmente, alimentar-se de
modo adequado e tomar suplementos e produtos fitoterápicos?
Minha intenção não é criticar seus hábitos alimentares e seu estilo de
vida atual, mas recomendo que, ao menos uma vez por dia, você mesmo ve-
rifique seu estado de saúde e reflita se seus hábitos alimentares e seu estilo
de vida são verdadeiramente eficazes.
A razão pela qual digo isso é porque muitos produtos, geralmente con-
siderados "bons para a saúde", na verdade contêm coisas que podem causar
danos ao organismo.

MITOS COMUNS SOBRE ALIMENTAÇÃO

• Tomar iogurte diariamente para melhorar a digestão.


• Beber leite diariamente para impedir a deficiência de cálcio.
/'
22 A DIETA DO FUTURO

• Ingerir suplementos diários de vitamina em vez de frutas, pois as fru-


tas contêm grande quantidade de calorias e carboidratos.
• Evitar o consumo de carboidratos, como arroz e pão, para não en-
gordar.
• Fazer uma alimentação rica em proteína.
• Beber líquidos, como chá-verde, ricos em antioxidantes.
• Ferver a água da torneira antes de beber para remover os resíduos de
cloro.

Na verdade, não conheço ninguém que tome iogurte todos os dias e


ainda assim tenha o intestino saudável. Muitos norte-americanos conso-
mem leite e seus derivados diariamente desde crianças, mas muitos sofrem
de osteoporose, que supostamente seria evitada pelo cálcio do leite. Como
médico nipo-americano, trato meus pacientes de Tóquio durante vários
meses do ano e observo que os japoneses que bebem chá rico em antioxi-
dantes regularmente têm problemas de estômago. Os instrutores de chá,
por exemplo, que ingerem grandes quantidades de chá-verde como parte
do seu trabalho, frequentemente têm gastrite atrófica, precursora do câncer
de estômago.
Lembre-se do que mais de 300 mil observações clínicas me ensinaram:
quem tem problemas gastrintestinais nunca é saudável.
Então, por que são consideradas benéficas à saúde coisas que causam
danos ao estõmago e ao intestino? Em boa parte porque as pessoas tendem
a ver apenas um aspecto, ou efeito, de determinado alimento ou bebida, em
vez de ver o quadro como um todo.
Consideremos o chá-verde como exemplo. Não há nenhuma dúvida de
que o chá-verde, rico em antioxidantes, pode matar bactérias e exercer efei-
tos antioxidantes positivos. Assim, existe uma crença amplamente dissemi-
nada de que beber grandes quantidades de chá-verde japonês prolonga a
vida e pode ajudar a prevenir o câncer. Entretanto, sempre tive dúvidas so-
bre esse "mito antioxidante". Na verdade, meus dados clínicos contrariam
essa crença. Examinando pacientes, descobri que as pessoas que bebem
grandes quantidades de chá-verde têm problemas de estômago.
É verdade que os antioxidantes encontrados no chá são um tipo de po-
lifenol que evita ou neutraliza o efeito danoso dos radicais livres. No entan-
to, quando vários desses antioxidantes se juntam, transformam-se em uma
substância chamada tanino.
O tanino confere a determinadas plantas e frutas um sabor adstringente.
A sensação de adstringência ou "aperto" típico do caqui, por exemplo, é
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 23

causada pelo tanino. O tanino oxida com facilidade e, dependendo de sua


exposição à água quente ou ao ar, pode facilmente transformar-se em ácido
tânico. Além disso, o ácido tânico coagula proteínas. Minha teoria é que o
chá que contém ácido tânico exerce efeito negativo sobre a mucosa gástrica
- mucosa que reveste o estômago - causando problemas de estômago,
como úlceras.
O fato é que, sempre que eu uso um endoscópio para examinar o estô-
mago de pessoas que regularmente consomem chá (chá-verde, chá chinês,
chá-preto inglês) ou café com alto teor de ácido tânico, em geral encontro
a mucosa gástrica bastante adelgaçada por causa das alterações atróficas.
Esse revestimento tão importante do estômago fica literalmente desgastado.
Sabe-se que alterações atróficas crônicas ou gastrite crônica podem facil-
mente transformar-se em câncer de estômago.
Não sou o único médico que observou os efeitos nocivos do consumo
de café e chá. No Congresso Japonês de Câncer em setembro de 2003, o
professor Masayuki Kawanishi da Escola de Higiene da Universidade de
Mie apresentou um relatório afirmando que os antioxidantes podem causar
danos ao DNA. Além do mais, muitos tipos de chá vendidos hoje em super-
mercados são cultivados com o uso de agrotóxicos.
A análise dos efeitos do ácido tânico, dos resíduos de agrotóxicos e da
cafeína justifica plenamente a minha recomendação enfática de ingerir água
pura em vez de chá. Entretanto, para os que gostam de chá e não conseguem
deixar de consumi-lo, recomendo que usem folhas cultivadas organicamen-
te, que bebam depois das refeições para não sobrecarregar o revestimento
do estômago vazio, e que se restrinjam a duas ou três xícaras diárias.
Muitas pessoas se deixam levar por crenças errôneas em relação à saúde
porque a medicina de hoje não olha o corpo humano como um todo. Há
muitos anos, existe uma tendência de especialização médica de observar e
tratar apenas uma parte do corpo. Do mesmo modo, não podemos analisar a
floresta pelas árvores. O corpo humano está todo interligado. Não é porque
um componente de determinado alimento ajuda no funcionamento de uma
parte do organismo que ele faz bem ao organismo todo. A escolha do que co-
mer e beber deve levar em conta o todo. Não é possível saber se um alimento
faz bem ou não se tomarmos por base apenas um de seus componentes.

COMER CARNE VERMELHA NÃO LHE DARÁ VIGOR

Em 1977, foi publicado nos Estados Unidos um relatório bastante interes-


sante sobre alimentação e saúde - o Relatório McGovern.
24 A DIETA DO FUTURO

A publicação desse documento deveu-se a um problema iminente com


os custos relativos à saúde, que estavam exercendo enorme pressão na eco-
nomia do país. Apesar dos avanços na medicina, o número de pessoas do-
entes, especialmente portadoras de câncer e de cardiopatias, continuava
crescendo a cada ano. Estava claro que se, de alguma maneira, a causa da
doença não fosse detectada e não houvesse uma política de combate a essa
tendência, a situação poderia ficar financeiramente insustentável. Diante da
crise iminente, foi criada uma comissão no Senado presidida pelo senador
George S. McGovern.
Com o auxílio dos melhores médicos e nutricionistas da época, os mem-
bros da comissão coletaram dados de alimentação e saúde do mundo todo
e estudaram as causas do aumento das doenças. Os resultados e os dados
foram compilados nas 5 mil páginas do Relatório McGovern.
Como o relatório concluiu que muitas doenças eram causadas por maus
hábitos alimentares, a sua publicação forçou os norte-americanos a tomar
uma importante decisão. Eles só se tornariam saudáveis se mudassem seus
hábitos alimentares.
Naquela época, era muito comum nos Estados Unidos uma alimentação
com alto teor de proteína e gordura, a ingestão de bifes grossos ou hambúr-
gueres gordurosos no jantar. As proteínas são realmente valiosas porque
constituem o elemento básico para a construção do corpo. Por essa razão,
pensava-se que a ingestão de alimentos ricos em proteína animal fizesse
bem não só para atletas e crianças como também para pessoas fisicamente
debilitadas e idosas. Mesmo no Japão, a ideia profundamente enraizada de
que "a carne é fonte de vigor" foi influenciada pelos hábitos alimentares dos
norte-americanos.
O Relatório McGovern não só refutou essa crença popular como tam-
bém considerou ideal a alimentação do "Período Genroku" doJapão (1688-
1703), que consistia em cereais, como prato principal, acompanhados de
verduras e legumes da estação, vegetais marinhos e pequenas quantidades
de peixe por causa da proteína. Foi por isso que os benefícios à saúde da
comida japonesa começaram a atrair a atenção do mundo.
A crença de que os músculos não se desenvolvem sem a ingestão de
carne vermelha mostrou-se infundada. Para comprovar isso, basta observar
a natureza. Seria possível pensar que, sendo carnívoros, os leões teriam
músculos extraordinários. Entretanto, na realidade, os herbívoros, como
cavalos e veados, têm os músculos muito mais desenvolvidos do que os
leões. A prova disso é que os leões e os tigres não têm energia suficiente para
perseguir sua presa por período prolongado. Em vez disso, eles agem com
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 25

rapidez e usam sua velocidade para agarrar e matar a presa o mais rápido
possível. Eles agem assim porque sabem que, quando se trata de resistência,
não são páreo para os músculos mais desenvolvidos dos herbívoros.
Também não é verdade quando nos dizem que não vamos crescer se não
comermos carne. A altura das girafas e dos elefantes, que são herbívoros, é
várias vezes superior à dos leões e tigres.
A ingestão de carne vermelha realmente acelera o crescimento, e a rapi-
dez do crescimento e do amadurecimento das crianças nas últimas décadas
pode ser atribuída ao aumento da ingestão de proteína animal. No entanto,
existe uma perigosa armadilha na ingestão de carne vermelha. Depois de
atingir determinada idade, o crescimento do corpo transforma-se em um
fenõmeno chamado envelhecimento. A ingestão de carne pode acelerar o
crescimento, mas acelera também o processo de envelhecimento.
Talvez você não esteja disposto a deixar de comer carne. Isso não muda
o fato de que ela faz mal à saúde e acelera o processo de envelhecimento.
Antes de fechar sua mente (e este livro), leia o texto a seguir.

SEIS RAZÕES PELAS QUAIS A ALIMENTAÇÃO COM ALTO


TEOR DE PROTEíNA PREJUDICA A SAÚDE

1. As toxinas da carne vermelha criam células cancerígenas.

Toda célula contém um DNA (ácido desoxirribonucleico), substância


química que carrega o mapa do corpo e de suas funções. Os resíduos
tóxicos do excesso de gordura animal e da digestão de proteína podem
causar danos ao DNA, transformando as células em cancerosas. Essas
células começam a se multiplicar por conta própria. O sangue contém
glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e linfócitos. Os globulos brancos
e os linfócitos atacam inimigos, como bactérias e vírus, destruindo-os ou
tornando-os inofensivos. Quando essas células são danificadas, esse me-
canismo de defesa de primeira linha do organismo passa a funcionar mal,
o que pode resultar em infecção e aparecimento de células defeituosas ou
cancerosas.

2. As proteínas causam reações alérgicas.

As proteínas que não foram decompostas em nutrientes entram na cor-


rente sanguínea como substâncias estranhas através da parede dos in-
testinos. Isso acontece quase sempre com crianças pequenas. O corpo
reage como se as proteínas fossem uma substância estranha, criando
26 A DIETA DO FUTURO

uma reação alérgica. Esse tipo de alergia é mais comumente causado


pelo leite e pelo ovo. A ingestão excessiva de proteína animal e as con-
sequentes reações alérgicas são a causa do aumento da incidência de
dermatite atópica, urticária, doenças do colágeno, colite ulcerativa e
doença de Crohn.

3. O excesso de proteína sobrecarrega o fígado e os rins.


As proteínas do corpo são decompostas e, depois, eliminadas por meio
da urina, sobrecarregando, assim, o fígado e os rins.

4. A ingestão excessiva de proteína causa deficiência de cálcio e osteopo-


rose.
Quando grandes quantidades de aminoácidos são geradas, o sangue
torna-se ácido e precisa de cálcio para neutralizar essa acidez, resul-
tando na perda desse elemento. O sangue precisa manter a proporção
de cálcio e fósforo entre 1:1 e 1:2, e a alimentação com alto teor de
fósforo obriga o organismo a retirar cálcio dos dentes e dos ossos para
manter essa proporção. Além disso, quando há grandes quantidades de
cálcio e fósforo no organismo, eles se ligam para produzir o fosfato de
cálcio. Como não consegue absorver esse composto, o corpo o elimina,
aumentando ainda mais a perda de cálcio e a suscetibilidade à osteo-
porose. É por isso que muitas pessoas de países com alimentação rica
em proteína animal sofrem de osteoporose: ossos porosos resultam do
esgotamento de cálcio.

5. O excesso de proteína pode resultar em falta de energia.

A digestão dos alimentos requer uma grande quantidade de energia. O


excesso de proteína não é totalmente metabolizado e, por isso, não é
absorvido. Essa proteína não decomposta entra em estado de putrefa-
ção nos intestinos, criando resíduos tóxicos. Para realizar a desintoxica-
ção causada por essas substãncias, o organismo precisa de uma grande
quantidade de energia. O uso excessivo de energia gera um grande nú-
mero de radicais livres, que são os responsáveis pelo processo de enve-
lhecimento, além de câncer, cardiopatias e aterosclerose.

6. O excesso de proteína pode contribuir para o transtorno do déficit de


atenção e hiperatividade em crianças.

Os estudos mais recentes mostram um aumento de crianças com trans-


torno de déficit de atenção e propensas a explosões de raiva. A alimen-
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 27

tação e a nutrição podem exercer um impacto significativo sobre o


comportamento e a adaptabilidade social das crianças. Cada vez mais,
elas tendem a consumir, em casa e na escola, grandes quantidades de
alimentos processados. Esses alimentos não só contêm vários aditivos,
como também tornam o organismo ácido. A proteína animal e o açúcar
refinado são consumidos em quantidades cada vez maiores, enquanto
as verduras e os legumes são evitados. A proteína animal e o açúcar
demandam maiores quantidades de cálcio e magnésio, o que provoca
deficiência de cálcio. Essa deficiência estimula o sistema nervoso, con-
tribuindo para o nervosismo e a irritabilidade.

o QUE O ESTÔMAGO E O INTESTINO PODEM NOS DIZER

No Japão, existe o conceito de que é literalmente possível ler no rosto de


uma pessoa sua qualidade de vida. Nos Estados Unidos, há um ditado que
afirma, "Está estampado no seu rosto". Assim como o rosto de uma pessoa
pode revelar suas experiências e o seu estado de espírito, o estômago e o
intestino também podem revelar a condição de saúde das pessoas.
Os órgãos do sistema gastrintestinal de uma pessoa saudável têm uma
aparência limpa. A mucosa do estômago saudável é uniformemente rósea,
sem nenhuma protuberãncia ou irregularidade na superfície, e os vasos san-
guíneos abaixo da mucosa não são visíveis. Além disso, como a mucosa do
estômago saudável é transparente, ela brilha ao refletir a luz do endoscópio.
O intestino saudável é róseo, extremamente macio e tem grandes dobras
uniformes.
O sistema gastrintestinal das crianças apresenta essa coloração, que pode
mudar dependendo de seus hábitos alimentares e de seu estilo de vida.
O estômago doente apresenta manchas e, em determinadas áreas, assume
um aspecto avermelhado e inchado. Além disso, quando a mucosa gástrica
desenvolve inflamação crônica ou aguda, o que é comum entre norte-ame-
ricanos e japoneses, o revestimento do estômago afina e os vasos sanguí-
neos sob a mucosa ficam visíveis.
Ademais, quando a mucosa gástrica começa a se atrofiar ou a enco-
lher, as células da superfície tentam compensar multiplicando-se em de-
terminadas áreas, fazendo com que a parede gástrica fique irregular. Daí
para o cãncer é apenas um passo. Em intestinos doentes, os músculos da
parede intestinal tornam-se espessos e rígidos e formam-se dobras irregu-
lares como se fossem amarradas por um elástico, causando constrições em
determinadas áreas.
28 A DIETA DO FUTURO

Pessoas com "doença latente" e que ainda não sentem dor nem apresen-
tam manifestações físicas têm pouca motivação para cortar o consumo de
carne vermelha. É provável que poucos norte-americanos deem atenção aos
meus conselhos. Por quê? Porque não conseguem ficar sem comer carne.
As pressões sociais são grandes demais. Talvez a carne tenha sido a base da
alimentação dessas pessoas, e elas não saibam o que comer em seu lugar.
Entretanto, também não sabem como está o seu corpo por dentro.
Quando a parte externa do corpo começa a mostrar alterações físicas,
tendemos a levar as mudanças mais a sério. Calvície, rugas, gordura ou pe-
lanca incomodam as pessoas e servem de motivação para que gastem mais
tempo e dinheiro tentando tratar esses processos. Em relação às alterações
no interior do trato digestório, o que os olhos não veem o coração não
sente. As pessoas tendem a pensar que, a menos que sintam uma forte dor
de barriga, deve estar tudo bem lá dentro. Elas não fazem nada para cuidar
do estômago e dos intestinos, que continuam a se deteriorar. Mais tarde,
quando ficam doentes, muitas pessoas se arrependem de não ter mudado o
seu estilo de vida para prevenir doenças.
Eu me preocupo mais com o que ocorre no interior do corpo do que
com o que ocorre fora. Em parte, é porque consigo ver o interior dos ór-
gãos por meio do colonoscópio. Mas, principalmente, porque sei que essas
alterações internas estão diretamente relacionadas com a saúde geral das
pessoas.
Meus pacientes que seguem rigorosamente a Alimentação e o Estilo de
Vida do Fator Enzimático fazem isso porque sabem que suas vidas depen-
dem dessa atitude. Para os que tiveram câncer, entretanto, o estilo de vida
saudável com histórico de taxa de 0% de recidiva é mais importante do que
qualquer outra coisa. Mas eu gostaria de mudar essa taxa de 0% de recidiva
de câncer para uma taxa de 0% de doença, fazendo com que as pessoas com
doenças latentes adotassem um estilo de vida saudável.
Para que isso aconteça, todos devem entender claramente as alterações
que o consumo de carne provoca no intestino.
O maior motivo pelo qual a ingestão de carne vermelha danifica o intes-
tino é a ausência de fibras alimentares e a presença de grandes quantidades
de gordura e colesterol. Além disso, a carne faz com que as paredes do cólon
fiquem gradualmente mais espessas e rígidas. Isso acontece porque a falta
de fibras alimentares na carne resulta em redução significativa de fezes no
cólon, fazendo-o trabalhar mais do que o normal para excretar uma peque-
na quantidade de fezes por meio dos movimentos peristálticos. Em outras
palavras, o excesso de movimentos peristálticos faz com que os músculos
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 29

da parede intestinal fiquem mais espessos e mais desenvolvidos, tornando o


cólon mais rígido e mais curto.
À medida que as paredes do cólon tornam-se mais espessas, o lúmen,
ou cavidade colônica, fica mais estreito. Embora a pressão interna no có-
lon rígido e estreito aumente, quando grandes quantidades de gordura são
absorvidas juntamente com a proteína animal, a camada de gordura em
torno do cólon aumenta, exercendo mais pressão na parede intestinal. O
aumento da pressão interna no cólon empurra a mucosa para fora, formando
cavidades semelhantes a bolsas chamadas divertículos, quadro denomi-
nado diverticulose.
A quantidade normalmente pequena de fezes dificulta ainda mais a pas-
sagem pelo cólon. Consequentemente, o cólon acumula fezes compactadas,
que permanecem no seu interior por muito tempo. Esse acúmulo adere às
paredes do cólon e, associada à diverticulose, entram nos divertículos, tor-
nando a excreção ainda mais difícil.
As fezes acumuladas nos divertículos ou entre as dobras produzem toxi-
nas, causando mutações genéticas nas células desses segmentos que resul-
tam em pólipos. Os pólipos crescem e podem transformar-se em câncer.

DIFERENÇA ENTRE OS INTESTINOS


DOS NORTE-AMERICANOS E OS DOS JAPONESES

Quando cheguei a Nova York em 1963, vim como médico residente de


cirurgia. Naquela época, o método típico de examinar cólons era por ene-
ma de bário, procedimento em que se injetava bário no cólon para depois
examiná-lo com raio X. Embora esse método pudesse revelar a existência
de um pólipo grande, não revelava pequenos detalhes nem a situação in-
terna do cólon. Além disso, para remover o pólipo detectado, usava-se a
laparotomia - grande incisão no abdome. Esse procedimento acarretava
uma grande sobrecarga mental e física para o paciente. Ademais, com esse
método, não era possível dizer se o pólipo era benigno ou canceroso até que
o cirurgião observasse o cólon durante a cirurgia.
Naquela época havia um endoscópio chamado proctoscópio, que era
um tubo metálico reto semelhante a um cano, porém, por mais que os mé-
dicos tentassem, não conseguiam enxergar mais de 20 centímetros de dis-
tância do ânus.
Assim, em 1967, comprei um esofagoscópio (usado para examinar o
esofago) que era fabricado no Japão e descobri uma maneira de usar aquele
30 A DIETA DO FUTURO

dispositivo de fibra de vidro para examinar o cólon. Foi meu primeiro co-
lonoscópio.
Depois disso, quando foi desenvolvido um dispositivo longo (185 em)
especificamente para exame de cólon, comprei-o para examinar meus pa-
cientes. Quando olhei o cólon de um norte-americano pela primeira vez,
surpreendi-me com suas más condições.
Com uma alimentação baseada em carne vermelha, o cólon dos norte-
americanos era claramente mais rígido e curto do que o dos japoneses. Além
do estreitamento do lúmen, protuberâncias semelhantes a anéis tinham se
formado em determinadas áreas como se estivessem amarradas com elásti-
co. Havia também muitos divertículos e frequentes acúmulos de fezes.
Essa deterioração das condições intestinais não resulta somente em
doenças como câncer de cólon, pólipos colônicos e divertículos. Muitas
pessoas com problemas no intestino, na verdade, contraem doenças rela-
cionadas ao estilo de vida, como fibromas, hipertensão (pressão alta), arte-
riosclerose (endurecimento das artérias), cardiopatias, obesidade, câncer de
mama, câncer de próstata e diabetes. Quando os intestinos não funcionam
bem o corpo vai enfraquecendo de dentro para fora.
Muitos norte-americanos têm problemas de cólon e, naquela época,
dizia-se que uma em cada dez pessoas tinha pólipos. De fato, no depar-
tamento de cirurgia em que eu era residente, a remoção de pólipos cons-
tituía cerca de um terço das cirurgias. A situação era tal que todos os dias
realizavam-se laparotomias somente para retirar minúsculos pólipos de um
a dois centímetros. Isso me levou a questionar se não haveria uma maneira
de remover pólipos sem impor tamanha carga aos pacientes.
Nesse meio-tempo, naquela época entrava em uso no Japão um "fibros-
cópio com gastrocâmera" feito de fibra de vidro e com lentes acopladas à
sua extremidade. Então, em junho de 1968, fiz meu importante pedido ao
fabricante japonês. Pedi-lhe que desenvolvesse um fio que pudesse ser in-
serido em um colonoscópio para ser usado na cauterização de pólipos sem
a necessidade de abrir o abdome. Em 1969, depois de muitas reuniões no
escritório da empresa em Nova York e de muitos testes, tornei-me a primei-
ra pessoa no mundo a realizar uma polipectomia - isto é: a remoção de
um pólipo usando um fio em alça através de um colonoscópio sem precisar
abrir o abdome.
Posteriormente, essa inovação tecnológica foi aplicada ? excisão de pó-
lipos de estômago, esõfago e intestino delgado. Depois que meus casos de
polipectomias colonoscópicas foram relatados no Congresso da Sociedade
de Cirurgia de Nova York, em 1970, e na Conferência Norte-Americana
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 31

de Endoscopia Gastrintestinal, em 1971, abriu-se um novo campo, o da


endoscopia.
Mais de trinta anos se passaram desde então. Durante esse tempo, como
continuo a trabalhar nos Estados Unidos e no Japão, tenho observado alte-
rações nas características gastrintestinais das pessoas de ambos os países.
No início da década de 1960, quando se aproximava o período de cres-
cimento rápido do Japão, o país aprendeu a se equiparar aos Estados Uni-
dos, e até a superá-los em muitas coisas.
A partir de 1961, quando o leite foi introduzido nas merendas escolares
do Japão, as pessoas passaram a consumir laticínios, como queijo e iogurte,
diariamente. Ao mesmo tempo, verduras, legumes e peixes, que eram a
base das refeições japonesas, começaram a ser substituídos por proteínas
animais, gradualmente transformando a alimentação japonesa em uma ali-
mentação com alto teor de gordura e proteína animal à base de hambúrguer,
carne bovina e frango frito. Essa tendência continua até hoje.
Em contraposição, depois da publicação do Relatório McGovern em
1977, muitos norte-americanos começaram a melhorar sua alimentação.
Essas diferenças são visíveis nas características intestinais de norte-ameri-
canos e japoneses.
Em franca deterioração por causa dos hábitos alimentares, os intestinos
dos japoneses, antes limpos, agora se parecem muito com os intestinos dos
norte-americanos, cuja alimentação é à base de carne. Por outro lado, as ca-
racterísticas intestinais de muitos norte-americanos, que realmente se pre-
ocuparam com a sua saúde e corrigiram a sua alimentação com alto teor de
gordura e proteína, melhoraram sobremaneira. Assim, desde 1990, a taxa
de pólipo e cãncer de cólon está caindo - clara evidência de que é possível
promover a saúde intestinal melhorando os hábitos alimentares.

o íNDICE DE CÂNCER GÁSTRICO NO JAPÃO


É DEZ VEZES SUPERIOR AO DOS ESTADOS UNIDOS

Por causa da ênfase cultural e histórica dos Estados Unidos na ingestão de


carne, as características intestinais dos norte-americanos, em geral, perma-
necem piores que as dos japoneses. No entanto, o estômago de muitos japo-
neses é, na verdade, bem pior do que o dos norte-americanos. Em exames
do estômago de norte-americanos e japoneses, constatei que o povo japo-
nês tem uma probabilidade vinte vezes maior de contrair gastrite atrófica,
doença em que a mucosa gástrica torna-se fina. Além disso, como a gastrite
32 A DIETA DO FUTURO

atrófica aumenta a chance de câncer gástrico, o índice dessa doença é dez


vezes mais elevado no Japão do que nos Estados Unidos.
Tanto nos Estados Unidos como no Japão, a obesidade é um grande
problema atualmente. Entretanto, não há tantos japoneses obesos como sua
contraparte de norte-americanos. O fato é que os japoneses não conseguem
ficar obesos como os norte-americanos. Pode-se observar isso nos lutado-
res de sumô, que precisam ganhar peso. Não há nenhum lutador de sumô
japonês com um corpo como o de Konishiki (um lutador havaiano que
pesava mais de 272 kg e que chegou à posição de ozehi, segundo posto mais
importante do sumô japonês).
Os japoneses não conseguem ficar obesos como os norte-americanos,
pois, antes de atingirem esse ponto, eles têm problemas gástricos que os
impedem de comer mais. Em outras palavras, os norte-americanos conse-
guem engordar mais do que os japoneses porque têm um sistema digestório
mais resistente.
Ao examinar estômagos com o endoscópio, encontrei diferenças con-
sideráveis entre japoneses e norte-americanos em relação aos sintomas.
Quando examino japoneses, mesmo que seus problemas não sejam tão gra-
ves, eles reclamam de dores de estômago e de grande desconforto e azia.
O interessante é que os norte-americanos, ainda que tenham a mucosa do
estômago ou do esõfago bastante inflamada, raramente se queixam de azia
e de outros problemas como os japoneses.
Um dos motivos dessa diferença é a quantidade de vitamina A encon-
trada na alimentação norte-americana. A vitamina A protege não só a mu-
cosa gástrica como também todas as outras mucosas, como as dos olhos e
da traqueia. O óleo de cozinha tem alto teor de vitamina A. Seria possível
argumentar que a alimentação no Japão está mais ocidentalizada, mas os
norte-americanos consomem muito mais óleo, manteiga e ovos do que os
japoneses. Se pensarmos na saúde do corpo como um todo, esses alimentos
não nos fazem bem. Mas se levarmos em conta somente a proteção das mu-
cosas, eles têm alguns efeitos positivos.
Outra possível explicação para o fato de o sistema gastrintestinal dos
norte-americanos ser mais forte é o número de enzimas digestivas de seu
organismo. As enzimas digestivas decompõem o alimento e ajudam o corpo
a absorver os nutrientes. O número dessas enzimas determina a digestão e
a absorção do alimento. A digestão e a absorção avançam passo a passo à
medida que as várias enzimas são liberadas em cada estágio da digestão. O
primeiro desses estágios é a saliva, os outros são o estômago, o duodeno, o
pâncreas e o intestino delgado. Nessas circunstâncias, se cada órgão secretar
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 33

enzimas digestivas em quantidade suficiente, a digestão e a absorção serão


um processo fácil. No entanto, a excreção insuficiente causará indigestão,
além de sobrecarregar muito os outros órgãos.
A razão para a tendência de muitos japoneses terem sintomas, como dor
ou desconforto gástrico, ainda que seu estômago não esteja em condições
tão ruins, é que eles originalmente têm um número menor de enzimas di-
gestivas do que os norte-americanos.
Além disso, os japoneses tendem a tomar medicamentos para o estôma-
go assim que os sintomas pioram, enquanto muitos norte-americanos, não.
O que os norte-americanos tomam de fato são suplementos enzimáticos.
Mas, no Japão, esses suplementos só são vendidos com receita médica e
prescritos apenas quando o médico julga necessários. Nos Estados Unidos,
os suplementos de enzimas digestivas são extremamente populares e po-
dem ser comprados facilmente em lojas de produtos naturais e nos super-
mercados.
O fato é que tomar medicamento para inibir a secreção de ácido gástrico
acelera ainda mais a deterioração do revestimento do estômago. Antiácidos
e medicamentos para o estômago extremamente populares, como a com-
binação de bloqueadores dos receptores H2 e inibidores da bomba de pró-
tons, são anunciados como altamente eficazes na supressão da secreção de
ácido gástrico. Entretanto, se esse ácido for reduzido com medicamentos,
a mucosa gástrica atrofiará e a consequência será a que já mencionei ante-
riormente, ou seja, a atrofia da mucosa gástrica aumentará e poderá levar ao
desenvolvimento de cãncer de estômago.
Se você tem dor ou desconforto estomacal, deve consultar um médico
e relatar exatamente suas condições físicas, para que ele possa prescrever
os suplementos de enzima adequados aos seus sintomas. Ou então comprá-
los em uma loja de produtos naturais, lendo cuidadosamente os rótulos. A
ingestão de suplementos de enzima digestiva produzirá uma melhora signi-
ficativa em seu estômago.

QUANTO MAIS ANTIÁCIDO VOCÊ TOMAR, PIOR FICARÁ SEU ESTÔMAGO

Existem dois lugares no corpo humano em que um ambiente extremamente


ácido serve de medida protetora: o estômago e a vagina. Esses dois órgãos
têm níveis ácidos elevados, com pH entre 1,5 e 3,0, cuja principal função é
matar bactérias.
34 A DIETA DO FUTURO

Seja no banho ou no ato sexual, as bactérias invadem a vagina, onde


existem lactobacilos que produzem ácidos potentes para matar esses inva-
sores.
As bactérias entram no estômago durante a ingestão de alimentos. Esti-
ma-se que 300 a 400 bilhões de bactérias entrem no estômago a cada refei-
ção. O potente ácido presente no suco gástrico mata a maioria delas.
Em outras palavras, como as bactérias invadem o estômago e a vagina,
esses locais precisam produzir um ácido capaz de matá-Ias. Frequentemen-
te, quando o ácido gástrico, indispensável à proteção do corpo, é inibido
com medicamentos, as bactérias, que liberam fortes toxinas, chegam ao es-
tômago e ao intestino, onde podem causar diarreia e outras doenças.
Se a secreção do ácido gástrico for reduzida, a secreção de pepsina e
ácido clorídrico, que ativam as enzimas digestivas, também será reduzida,
resultando em má digestão. Além disso, uma quantidade insuficiente de
ácido gástrico dificulta a absorção de ferro e minerais, como cálcio e mag-
nésio. Assim, as pessoas que se submeteram a gastrectomias* por causa de
úlceras ou câncer de estômago estão sempre anêmicas, porque depois da
remoção do estômago deixam de secretar ácido gástrico e não conseguem
absorver o ferro.
Além disso, a supressão do ácido gástrico destrói o equilíbrio bacteria-
no do intestino, resultando no enfraquecimento do sistema imunológíco.
Dizem que cerca de 100 trilhões de bactérias de 300 variedades residem
no intestino humano. Entre elas, estão as chamadas bactérias boas, como o
lactobacilo bífido Cbifidobacterium) e as bactérias ruins, como as bactérias
de Welsh. A maioria das bactérias do intestino, entretanto, não é nem boa
nem ruim, são bactérias intermediárias. Essas bactérias intermediárias têm
propriedades exclusivas, de modo que se o número de bactérias boas do
intestino se multiplicar, elas se transformam em bactérias boas; e se o nú-
mero de bactérias ruins se multiplicar, elas se transformam em bactérias
ruins. Assim, as bactérias intermediárias realizam o equilíbrio entre as
boas e as ruins, e é esse equilíbrio que determina a saúde geral do ambiente
intestinal.
Se a secreção de ácido gástrico for insuficiente, as enzimas digestivas
não serão ativadas, e os alimentos não digeridos irão direto para o intestino.
Os alimentos que deveriam ter sido digeridos e absorvidos no intestino per-
manecem não digeridos no cólon. A temperatura no interior do cólon hu-
mano é de 3rC, que equivale a uma temperatura de alto verão. O alimento

* Remoção do estômago ou de parte dele.


AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 35

não digerido se decompõe e sofre fermentação anormal. A consequência é


a multiplicação anormal das bactérias ruins do cólon e o enfraquecimento
do sistema imunológico.
Desse modo, quanto mais antiácido você tomar, mais danos seu orga-
nismo sofrerá. Para evitar esse dano, é preciso evitar a azia ou a sensação
de inchaço que o faz tomar antiácido. Se você descobrir a causa da azia
e da sensação de inchaço, conseguirá evitá-los apenas com algumas pre-
cauções.
A azia ocorre quando o ácido gástrico reflui para o esófago. O esõfago é
suscetível ao ácido por ser um ambiente tipicamente alcalino. Assim, quan-
do há acúmulo de ácido gástrico no esõfago, as pessoas inconscientemente
engolem saliva, que é alcalina, para lavar o ácido gástrico que refluiu. En-
tretanto, o acúmulo causado por excesso de comida ou má digestão asso-
ciado à dificuldade de ernpurrá-lo para baixo com saliva causa ferimentos
no esófago, semelhantes a arranhões, chamados erosões esofagicas. Nessa
situação, quando o ácido gástrico reflui para o esõfago, a sensação é a mes-
ma de esfregar álcool no ferimento, o que provoca a dor ou o desconforto
comumente conhecido como azia. E o alívio proporcionado pelo antiácido
é causado pela supressão da produção de ácido gástrico.
Em outras palavras, para inibir a azia, tudo o que se tem a fazer é evi-
tar que o conteúdo estomacal volte do estõmago para o esõfago. Para isso,
primeiramente deve-se evitar o excesso de alimentos e de bebida e eliminar
tabaco, álcool e café. Outra coisa importante a ser lembrada é jantar quatro
ou cinco horas antes de dormir, de modo que o estômago esteja vazio na
hora de ir para a cama.
Na mucosa do estômago existem minúsculas projeções chamadas vi-
losidades, que secretam ácido gástrico. A ingestão contínua de antiácidos
para reduzir a secreção de ácido gástrico causa o encurtamento cada vez
maior dessas vilosidades, enfraquecendo a sua função. A isso se dá o nome
de atrofia da mucosa. À medida que essa atrofia evolui, a mucosa gástrica
afina, causando inflamação - gastrite atrófica. O estômago com gastrite
atrófica transforma-se facilmente em estufa para a Helicobacter pylon (H.
pylon) e outros tipos de bactéria, o que piora muito a inflamação e pode
chegar ao câncer de estômago.
A infecção por H. pylori, comum nos Estados Unidos, aumenta em duas
a seis vezes o risco de câncer gástrico em pessoas infectadas. A H. Pylon
pode se esconder no interior das células da mucosa ou do muco que pro-
tege a mucosa gástrica dos ácidos gástricos. Como a porta de entrada da H.
Pylon no organismo é a boca, a taxa de infecçâo aumenta com a idade, e
36 A DIETA DO FUTURO

estima-se que o índice de infecção em pessoas com idade acima de 50 anos


seja de 50%.
O fato de uma pessoa estar infectada com H. Pylori não quer dizer que
ela necessariamente terá câncer gástrico, mas, para impedir a multiplicação
dessa bactéria, recomenda-se evitar o máximo possível o uso de medica-
mentos, inclusive antiácidos.

TODOS OS MEDICAMENTOS SÃO ESTRANHOS PARA O CORPO

Os norte-americanos tomam medicamentos de forma displicente. Acredito


que, a longo prazo, todos os medicamentos, vendidos com ou sem receita
médica, sejam basicamente danosos ao organismo. Alguns acreditam que os
fitoterápicos não têm efeitos colaterais e só trazem benefícios, mas isso tam-
bém é um erro. Não importa se são produtos químicos ou fitoterapicos, isso
não muda o fato de que os remédios em geral são estranhos para o corpo.
A última vez que fiquei doente foi aos 19 anos, quando tive uma gripe,
portanto, tomei muito pouco remédio na vida. Sou um canário em mina de
carvão. Como não tomo medicamento há várias décadas, além de não con-
sumir álcool nem tabaco e de só consumir alimentos sem agrotóxicos ou
aditivos, se tomar algum medicamento, ainda que em doses pequenas, terei
reações extremas. Por exemplo, se eu tomar sopa de missô com temperos
cultivados com agrotóxicos, minha pulsação subirá até vinte batimentos
cardíacos, e eu consigo sentir meu rosto ficando vermelho. Uma xícara de
café é suficiente para subir minha pressão arterial de dez para vinte pontos.
Atualmente, muitas pessoas que, como eu, reagem a doses mínimas de
medicamento são rotuladas de "hipersensíveis a medicamentos", mas eu
considero esse rótulo totalmente inadequado. Em seu estado natural, o cor-
po humano é assim. Como a maioria das pessoas consome regularmente
álcool, tabaco, cafeína, refrigerante e alimentos com aditivos e condimentos
químicos, seus organismos desenvolveram tolerância a substâncias quími-
cas, anulando, assim, a sensibilidade a estímulos.
Entretanto, por ser médico, prescrevo medicamentos aos meus pacien-
tes quando julgo necessário. Quando os médicos prescrevem medicamen-
tos, eles têm a responsabilidade de ao menos escolher os que oferecem o
mínimo possível de sobrecarga ao organismo. Por isso, antes de prescrever
alguma medicação nova, eu tinha o hábito de primeiro testar o medicamen-
to em meu próprio organismo, que tem sensibilidade a medicamentos. Isso
significava tomar 1/4 ou 1/8 da dosagem prescrita e observar a reação do
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 37

meu corpo. Eu verificava a segurança do medicamento experimentando-o


em mim.
Nos Estados Unidos, obviamente, os efeitos colaterais amplamente co-
nhecidos dos medicamentos são descritos nos mínimos detalhes. Mesmo
assim, se eu próprio não ingerir, nunca saberei o verdadeiro efeito do medi-
camento. De fato, muitos tipos de medicamento produzem reações que não
são mencionadas na bula. Desse modo, eu conseguia explicar aos pacientes
a minha própria experiência e os efeitos colaterais conhecidos do público,
e eu só prescrevo medicamentos se eles souberem exatamente o que estou
receitando.
Nos últimos anos, entretanto, parei de usar meu corpo para testar o efei-
to de medicamentos, pois pensei que ia morrer depois de testar um farmaco
popular para tratamento de disfunção erétil.
Primeiro eu tentei partir 1/4 do comprimido de 50 mg, a menor dosa-
gem à venda. Mas o comprimido era tão duro que não consegui quebra-lo.
Então, raspei um pouco do medicamento, coloquei o pó na ponta do dedo
e lambi. Embora a quantidade ingeri da não correspondesse a mais de 1/7
da quantidade normal, o sofrimento pelo qual passei foi terrível. Quando
penso no que aconteceu, fico feliz por não ter ingerido mais.
Os efeitos surgiram em apenas dez minutos. A primeira reação foi con-
gestão nasal. Depois, comecei a ter dificuldade para respirar; parecia que
o meu rosto estava inchando. A dificuldade respiratória piorou a tal ponto
que eu achei que morreria sufocado. Para dizer a verdade, a última coisa
que passou pela minha cabeça foi ter uma ereção. Naquele momento de tan-
to sofrimento e ansiedade, apenas rezei silenciosamente para não morrer.
Com isso, aprendi que: quanto mais rápido o efeito do medicamento,
maior é a sua toxicidade. Ao escolher medicamentos, não se esqueça de que
os de alta eficácia e que produzem alívio imediato serão muito mais preju-
diciais ao organismo do que os outros.
Mesmo no caso de medicação gastrintestinal, existem muitos efeitos co-
laterais imprevisíveis. Por exemplo, a ingestão regular de antiácidos, como
os bloqueadores de receptores H2, pode causar disfunção erétil. Existem
dados que mostram redução aguda na contagem de esperma. É por isso que
não há nenhum exagero em minha afirmação de que os problemas relacio-
nados à esterilidade masculina, que temos visto nos últimos anos, podem
ser atribuídos a vários antiácidos fortes comercializados.
Entre as pessoas que estão acostumadas a tomar medicamentos de ven-
da controlada, algumas provavelmente não sabem que medicamentos estão
tomando nem quais são seus efeitos colaterais. Mas qualquer tipo de remé-
38 A DIETA DO FUTURO

dio representa uma sobrecarga para o corpo, por isso, é importante saber
exatamente quaís são seus riscos.

A AZIA É UM AVISO DO CORPO; PRESTE ATENÇÃO

Ao longo dos anos, observei que é comum minhas pacientes com câncer de
mama terem diverticulose e fezes compactadas. Acredita-se que o câncer de
mama não tenha nenhuma relação com o câncer de cólon. Pelo que tenho
visto no consultório, eles estão intimamente relacionados.
Os cientistas estão tentando desesperadamente encontrar a causa do
câncer, mas, na realidade, não existe uma causa única. Isso também se apli-
ca a outras doenças, pois muitos fatores que nos rodeiam - alimentação,
água, remédios, falta de exercício, stress, estilo de vida - afetam nosso
organismo de forma complexa e geram doenças.
Em virtude do avanço da especialização da medicina, há uma tendência
de olhar apenas para a área específica do corpo onde a doença se manifesta.
Quando os pacientes se queixam de azia, muitos médicos receitam antiá-
cidos para reduzir a secreção de ácido gástrico, porque eles acreditam que
a causa da azia seja a "híperacídez gástrica". Em outras palavras, eles acre-
ditam que a produção de ácido gástrico esteja alta e que essa hipersecreção
precise ser inibida com medicação.
É verdade que, se a secreção de ácido gástrico for reduzida, os sintomas
da azia desaparecerão. Mas, como eu já disse anteriormente, essa forma de
tratamento causará sérios danos e sobrecarregará todas as outras partes do
organismo. Creio que o diagnóstico de que azia, refluxo de ácido e indiges-
tão ácida sejam resultado de "hiperacidez gástrica" esteja errado. De fato,
não existe excesso de ácido gástrico. O ácido gástrico é produzido porque é
necessário ao equilíbrio da saúde geral do organismo. Acredito que a ini-
bição desses mecanismos naturais com remédios acabe reduzindo o tempo
de vida.
O corpo humano é um sistema complexo e de equilíbrio delicado. Esse
sistema também existe no interior de cada uma dos 60 trilhões de células
que formam o corpo humano. Se você leva seu corpo a sério, pense no iní-
cio de sua formação no nível celular.
Nossas células estão sempre sendo substituídas por novas. Em algumas
regiões do corpo, a substituição total das células não leva mais do que al-
guns dias, enquanto em outras, o processo pode levar vários anos. No final,
todas elas são substituídas. Essas novas células são formadas pela água e
pelos alimentos que ingerimos diariamente. Com base nisso, podemos
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 39

dizer que a qualidade dos alimentos e da água que consumimos determina


nossa saúde.
O sistema gastrintestinal, que absorve os alimentos e a água, forma a
base do nosso corpo. Se a qualidade dos alimentos e da água for ruim, o sis-
tema gastrintestinal será o primeiro a sofrer. Mais tarde, os elementos ruins
absorvidos serão transportados pelos vasos sanguíneos a todas as células
do corpo. Não importa o quanto os ingredientes sejam ruins, as células só
disporão desse material transportado para fazer novas células. Desse modo,
a qualidade dos alimentos e da água determina a saúde do corpo todo.
Depois de descobrir que as características gastrintestinais refletem o
estado de saúde do corpo todo, comecei a pedir aos meus pacientes que
respondessem questionários sobre a sua alimentação e o seu estilo de vida.
Assim consegui descobrir o que é bom e o que é ruim para o corpo, sem
a influência de nenhum "conhecimento estabelecido" que eu tivesse acu-
mulado até aquela época. Pude tirar minhas conclusões pela observação de
meus resultados clínicos. O que acontece no interior do corpo é diferente
do que acontece no experimento de laboratório. A única maneira de desco-
brir a verdade é perguntar diretamente ao corpo.

o NÚMERO DE ENZIMAS É O SEGREDO DA SAÚDE

Ao combinar os resultados do meu questionário com vários dados clínicos,


descobri a existência de um fator que desempenha o papel mais importante
na preservação da saúde, o fator enzimático.
Conforme mencionei anteriormente, "enzima" é o termo genérico para
"uma proteína catalisadora produzida no interior das células de organismos
vivos". Simplificando, é um elemento necessário para um organismo con-
seguir viver.
Onde existe vida, seja no reino animal ou vegetal, existe enzima. Por
exemplo, a semente de uma planta germina por causa do trabalho das en-
zimas. As enzimas também trabalham quando um broto se transforma em
folha. As atividades do corpo humano também são apoiadas por muitas en-
zimas. A digestão e a absorção, o metabolismo que substitui células velhas
por novas, a decomposição de toxinas e a desintoxicação são resultados de
funções enzimáticas.
Dos mais de 5 mil tipos de enzimas que atuam no corpo humano, há
duas categorias mais amplas: as produzidas dentro do corpo e as que vêm
de fora em forma de alimento. Entre as enzimas produzidas no corpo, cerca
de 3 mil tipos são produzidos por bactérias intestinais.
40 A DIETA DO FUTURO

Um elemento comum entre as pessoas que têm sistema gastrintestinal


saudável é que elas consomem alimentos naturais com alto teor de enzimas.
Isso não só implica o consumo de enzimas exógenas, como também a cria-
ção de um ambiente intestinal que propicia a intensa produção de enzimas
pelas bactérias intestinais.
Por outro lado, o elemento comum entre as pessoas que têm caracte-
rísticas gastrintestinais ruins é o estilo de vida que acelera o esgotamento
das enzimas. O consumo habitual de álcool e tabaco, o excesso de comi-
da, a ingestão de alimentos com aditivos alimentares, a vida em ambientes
estressantes e o uso de medicamentos consomem grandes quantidades de
enzima. Outros fatores para o esgotamento das enzimas são a má alimenta-
ção, que produz toxinas no cólon, a exposição a raios ultravioleta e a ondas
eletromagnéticas, que produzem radicais livres requerendo o trabalho de
desintoxicação das enzimas, e o stress emocional.
Isso nos ensina que é preciso adotar um estilo de vida que aumente,
e não que esgote as enzimas do corpo. Essa é a base da Alimentação e do
Estilo de Vida do Fator Enzimático.
Um organismo com abundância de enzimas tem bastante energia vital
e um sistema imunológico eficiente. Evite o esgotamento das enzimas -
conserve-as em um nível adequado - e seu organismo será saudável.
Atualmente, as enzimas só podem ser produzidas por organismos vivos.
Embora possamos fabricar alimentos com enzimas artificialmente, como
os alimentos fermentados, são miero-organismos como as bactérias que
produzem as enzimas. Portanto, mesmo que possamos criar um ambiente
propício à produção de enzimas por mícro-organismos, não conseguimos
sintetizá-Ias ou produzi-Ias de modo artificial.
É por isso que a Alimentação e o Estilo de Vida do Fator Enzimático
enfatizam a importância dos alimentos. Conforme afirmei anteriormente,
os alimentos que contêm enzimas criam um ambiente intestinal propício à
produção de enzimas pelas bactérias intestinais. Como todos os seres vivos
têm uma reserva predeterminada de enzimas, é essencial que nós, vivendo
em ambientes estressantes e poluídos, consumamos enzimas produzidas
por outros seres vivos e que façamos bom uso delas.

TUDO DEPENDE DAS ENZIMAS-FONTE

Embora me refira a "enzimas" como uma palavra única, é necessário mais


de 5 mil tipos de enzimas para que as pessoas realizem suas atividades diá-
rias, pois cada enzima desempenha apenas uma função.
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 41

Por exemplo, a enzima digestiva amilase, encontrada na saliva, reage


somente ao amido, enquanto a pepsina, encontrada no suco gástrico, reage
somente à proteína.
Seguindo esse raciocínio, surge uma pergunta. Independentemente da
quantidade de enzimas fornecidas ao corpo por meio dos alimentos e das
bactérias intestinais, como podemos ter certeza de que estamos ingerindo o
"tipo certo" de enzima que o organismo necessita naquele momento?
O fato é que, mesmo quando ingerimos alimentos ricos em enzimas,
elas não são absorvidas e usadas pelo corpo humano de forma direta. Algu-
mas, como as enzimas do nabo e do inhame, atuam diretamente nos órgãos
da digestão, como a boca e o estômago, mas são exceções. A maior parte das
enzimas dos alimentos é decomposta pelo processo de digestão e absorvida
pelo intestino como peptídeos ou aminoácidos.
Talvez você queira saber por que essas enzimas são importantes já que
não é possível absorvê-Ias e usá-Ias diretamente. Mas essa não é a questão.
Os dados clínicos que reuni mostram claramente que as pessoas que têm
uma alimentação rica em enzimas também apresentam nível elevado de
enzimas no organismo.
Então, o que acontece no corpo para que as enzimas sejam produzidas?
Explicarei minha teoria a partir desse ponto, com base em quarenta anos
de medicina examinando centenas de milhares de tratos digestórios. Obser-
vando meus dados clínicos, desenvolvi a teoria de que deve existir um pro-
tótipo de enzima-fonte - que gosto de chamar de enzima "milagrosa".
Comecei pensando que poderia existir um protótipo de enzima. Essa
ideia me ocorreu ao observar que, quando uma grande quantidade de deter-
minada enzima é usada em uma área específica do organismo, parecia haver
escassez de enzimas em outras áreas. Um exemplo disso, como disse ante-
riormente, se dá quando se consome muito álcool, pois um grande número
de enzimas é usado para decompor o álcool, resultando na diminuição de
enzimas necessárias para a digestão e absorção em outras áreas.
A partir dessa observação, cheguei à conclusão de que vários milhares
de tipos de enzimas devem originar-se de um protótipo, que primeiro é
produzido e, depois, convertido em uma enzima específica para ser usada
onde houver uma necessidade específica.
As enzimas são responsáveis por todas as funções de um organismo vivo.
O movimento dos dedos, a respiração e os batimentos cardíacos acontecem
por causa do trabalho das enzimas. Mas o sistema seria ineficiente se cada
enzima usada para uma atividade específica fosse produzida originalmente
em sua forma final, sem respeitar as necessidades dinâmicas do corpo.
42 A DIETA DO FUTURO

Se minha teoria estiver correta, quando um órgão ou uma parte do orga-


nismo usar uma quantidade excessiva de sua reserva de enzima, o corpo terá
dificuldade para manter a homeostase, reparar células e apoiar os sistemas
nervoso, endócrino e imunológico, porque ele esgotará as enzírnas-fonte e,
consequentemente, criará uma escassez de enzimas em outras áreas.
A outra razão pela qual acredito na existência de enzimas-fonte é que
o uso habitual de álcool, tabaco ou medicamentos fará com que o corpo
desenvolva uma tolerância a essas substâncias.
Por exemplo, depois de ingerido, o álcool é absorvido no estômago e no
intestino, acumulando-se no fígado onde é decomposto por enzimas especí-
ficas para essa substância. Vários tipos de enzima agem no fígado com essa
finalidade. Entretanto, a taxa de decomposição do álcool difere considera-
velmente de pessoa para pessoa. As pessoas que metabolizam rapidamente
o álcool têm muitas enzimas disponíveis no fígado para essa finalidade. Por
outro lado, pessoas com baixa tolerância ao álcool têm pouquíssimas enzi-
mas disponíveis para a decomposição dessa substância.
Entretanto, mesmo as pessoas que inicialmente tinham pouca tolerân-
cia ao álcool podem aumentá-Ia e acabar conseguindo beber muito. Quan-
do o fígado reconhece que são necessárias grandes quantidades de enzimas
para fazer o metabolismo do álcool, o corpo se ajusta para concentrá-Ias
nessa função.
Assim, o número de enzimas em uma área específica do corpo muda
conforme a necessidade. O que possibilita isso? É a existência da enzima-
fonte, que pode transformar-se em qualquer tipo de enzima. Quando são
consumidos alimentos que contêm enzimas, as enzimas-fonte são armaze-
nadas no corpo, prontas para serem usadas num momento de necessidade.
Após a ingestão de alimentos que contêm enzimas, as enzimas-fonte pron-
tas para serem usadas num momento de necessidade são armazenadas no
organismo.
A existência de enzimas-fonte ainda é uma teoria, cujos dados clínicos
que coletei corroboram.

POR QUE OS MEDICAMENTOS ANTICÂNCER NÃO CURAM O CÂNCER

Jáfalei sobre os danos que os medicamentos tendem a fazer no corpo. O


maior problema é que eles exaurem grandes quantidades de enzimas-fonte.
De todos os medicamentos, os mais difíceis para as enzimas-fonte são os
medicamentos anticâncer.
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 43

Na medicina atual, os quimioterápicos são usados por um período curto


após a cirurgia de câncer para evitar que ele se espalhe, mesmo que não haja
nenhuma evidência de metástase. Eles atuam envenenando tanto as células
malignas como as normais, na esperança de que o corpo regenere as células
normais e que todas as malignas morram.
Como os quimioterápicos são venenos mortais, uso-os somente em
situações muito extraordinárias. Por exemplo, mesmo que o câncer seja
encontrado nos linfonodos, fora do cólon, não uso quimioterapia. Meu pla-
no de tratamento consiste em primeiro lugar em remover cirurgicamente a
parte invadida pelo câncer, e depois da remoção da parte visível, começo a
eliminar o que possa ser a causa do câncer naquele paciente. É desnecessá-
rio dizer que primeiramente peço que se abstenham de tabaco e álcool e que
interrompam totalmente o consumo de carne e de leite e seus derivados.
Além de adotar a Alimentação e o Estilo de Vida do Fator Enzimático, peço-
lhes que ajustem sua perspectiva mental, treinando a mente para abrigar os
pensamentos e os sentimentos mais felizes que puderem. Assim, meu plano
de tratamento busca impedir a recorrência do câncer elevando a imunidade
do corpo por meio da melhora da saúde física e mental.
As enzimas são responsáveis pelo reparo e pela regeneração celular, pre-
servando o sistema ímunologíco e outras atividades vitais. O número de
enzimas-fonte do corpo é que determina se o sistema imunológico funciona
ou não adequadamente.
Considero as drogas anticâncer, como os quimioterápicos, venenosas
porque quando elas entram no organismo, liberam grandes quantidades de
radicais livres altamente tóxicos. Ao fazer isso, esses medicamentos matam
as células cancerosas do corpo inteiro. Entretanto, elas não são as únicas
a morrer. Muitas células normais também morrem no processo. O velho
ditado "combata o fogo com fogo" provavelmente se aplica à maneira como
os médicos que usam drogas anticâncer realizam esse trabalho. Ao mesmo
tempo, os quimioterápicos também são considerados carcinogênicos.
O tempo todo o organismo humano trabalha para manter a homeostase.
Por isso, quando grandes quantidades de radicais livres altamente tóxicos
se acumulam no corpo, as enzimas-fonte se transformam em enzimas espe-
cíficas para sua desintoxicação. O organismo tenta neutralizar como pode o
dano causado por esses radicais livres.
Sem dúvida, há muitas pessoas que venceram o câncer com quimiotera-
pia, mas muitas delas eram jovens e é provável que ainda tivessem a maior
parte de suas enzimas-fonte. Os níveis de enzimas-fonte diminuem com
a idade. Obviamente, existem diferenças individuais, mas a quimioterapia
44 A DIETA DO FUTURO

tem maior probabilidade de funcionar em organismos jovens porque ainda


existem enzimas-fonte suficientes para ajudar o corpo a se recuperar do
stress causado pelo tratamento.
Os conhecidos efeitos colaterais da quimioterapia são perda de apetite,
náusea e queda de cabelo, mas acredito que esses sintomas se devam às
grandes quantidades de enzimas-fonte usadas na desintoxicação. O número
de enzimas-fonte consumidas no processo de desintoxicação após a qui-
mio terapia é enorme.
A deficiência de enzimas digestivas provoca perda de apetite. Ao mesmo
tempo, o metabolismo celular desacelera, por causa da quantidade insu-
ficiente de enzimas metabólicas, e a mucosa do estômago e do intestino
fica irregular, causando náuseas. A falta de enzimas metabólicas provoca
descamação da pele, unhas quebradiças e queda de cabelo. (Outros tipos
de medicamentos causam os mesmos problemas, embora em menor inten-
sidade).
Os medicamentos não conseguem curar doenças. O único caminho
para a cura de doenças é o estilo de vida.

POR QUE NÃO HÁ RECIDIVA DE CÂNCER EM PESSOAS


QUE ADOTAM A ALIMENTAÇÃO E O ESTILO DE VIDA DO FATOR ENZIMÁTICO

Os tumores se formam quando as Células anormais se multiplicam e trans-


formam-se em massas de tecido. Eles podem ser benignos, quando não so-
frem metástases, não se infiltram em outras partes do corpo e têm o cresci-
mento restrito. Ou podem ser invasivos ou malignos - câncer.
Diante de um diagnóstico de câncer, a primeira coisa com que se pre-
ocupar é a existência de metástase. Em caso afirmativo, torna-se difícil a
remoção cirúrgica de todas as áreas afetadas e a recuperação completa.
Metástase significa o surgimento de câncer em uma região diferente da-
quela em que ele se desenvolveu. Em geral, diz-se que o câncer é metastá-
tico quando as células cancerosas migram por meio dos linfonodos e vasos
sanguíneos para outros órgãos, onde se multiplicam. Mas o meu raciocí-
nio sobre isso é ligeiramente diferente. Acredito que o simples processo de
multiplicação de células cancerosas em um órgão já repercute nos outros,
tornando o corpo todo propenso ao câncer.
Normalmente, o câncer é descoberto quando o tumor tem no mínimo
um centímetro. Ele se origina em uma célula cancerosa que se multiplica. São
necessárias várias centenas de milhões de células para formar um tumor.
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 45

Portanto, a formação de tumor leva algum tempo. O câncer é uma do-


ença relacionada ao estilo de vida. Logo, o surgimento de câncer em de-
terminado lugar indica que provavelmente existam células cancerosas em
outras partes do corpo que ainda não se transformaram em tumor. Essas
células são como uma série de "bombas-relógio" espalhadas pelo corpo. O
que determina qual dessas "bombas" explodirá primeiro são fatores como
hereditariedade e ambiente de vida. No caso de uma pessoa que consome
muitos alimentos com agrotóxicos e aditivos alimentares, pode ser que a
"bomba" exploda primeiro no fígado, que controla o processo de desinto-
xicação. No caso de pessoas que têm horários irregulares de refeição e que
tomam chá ou ingerem antiácidos regularmente, as "bombas" do estômago
devem explodir primeiro. Mesmo se o estilo de vida for o mesmo, os fatores
hereditários poderão determinar o local onde a "bomba" explodirá primei-
ro. Em outras palavras, o câncer não é uma doença localizada que invade
apenas uma área do corpo. Ele é uma doença que afeta o corpo inteiro.
Aparentemente, o câncer se dissemina ou cria metástases porque as
bombas espalhadas pelo corpo explodem uma depois da outra, com uma
defasagem de tempo. Partindo desse ponto de vista, a legitimidade do en-
foque na remoção da área primária da doença, dos linfonodos e dos vasos
sanguíneos é questionável.
A remoção cirúrgica do câncer é considerada perigosa quando há metas-
tase, uma vez que a remoção acelerará o crescimento do câncer metas tático
em outras partes do corpo. Entretanto, isso só é natural quando pensamos
no câncer como uma doença do corpo inteiro. Com a remoção de órgãos,
linfonodos e vasos sanguíneos de um organismo com nível de energia bai-
xo, é natural que as suas funções imunológicas se deteriorem ainda mais
rápido.
No caso de câncer de cólon, não removo o mesentério* para impedir
que o câncer se espalhe para os linfonodos ou outras áreas. Acredito que a
perda do linfonodo represente um dano maior do que um pequeno câncer
intacto.
A medicina moderna acredita que se o câncer não for removido cirurgi-
camente, o órgão doente não se curará sozinho. Mas essa não tem sido a mi-
nha experiência. O sistema imunológico e a força de cura natural dos seres
humanos parecem ser maiores do que se acredita. Como prova disso, meus
pacientes que ainda ficaram com um pequeno câncer nos linfonodos, mas
que seguem minha terapia alimentar, não apresentaram recidiva de câncer.

* Pregas do peritônio que ligam os intestinos à parede abdominal dorsal.


46 A DIETA DO FUTURO

Se você melhorar sua alimentação adotando a Alimentação e o Estilo de


Vida do Fator Enzimático, as enzimas-fonte, que são a energia da vida, se-
rão supridas em grandes quantidades. Ao mesmo tempo, os hábitos de vida
que exaurem as enzimas-fonte serão corrigidos, portanto, o benefício será
duplo. O número de enzimas-fonte será restaurado de maneira adequada,
fortalecendo a capacidade imunologica do corpo e ativando as células imu-
nológicas para impedir a recorrência do câncer.
Há um limite para essa terapia. Se o câncer já chegou ao último estágio,
não adianta melhorar a alimentação nem o estilo de vida ou tomar suple-
mentos para fortalecer o sistema imunológico. Será difícil restaurar as fun-
ções normais do organismo porque as enzimas-fonte já se esgotaram.
Entretanto, em minha experiência clínica, mesmo as pessoas em que o
câncer tenha invadido um terço ou a metade da circunferência interna do
cólon não apresentarão recidiva da doença e conseguirão recuperar a saúde
se, após a remoção do câncer original, adotarem uma alimentação apropria-
da e tomarem suplementos, em vez de aplicações de quimioterapia, para
que suas enzimas-fonte sejam capazes de atuar com mais eficiência.
A maioria dos meus pacientes vem ao meu consultório basicamente
para fazer exames de rotina, portanto não examino muitas pessoas com
câncer avançado. Entretanto, entre os pacientes cancerosos que adotam a
Alimentação e o Estilo de Vida do Fator Enzimático após a cirurgia, ne-
nhum teve recidiva ou metástase. Esse fato merece atenção.

VALOR LIMITADO DOS MEDICAMENTOS

Novamente, no nível mais fundamental, a maioria dos medicamentos não


cura doenças. Eles podem ser úteis no caso de fortes dores ou grave he-
morragia ou, ainda, em emergências para inibir os sintomas que devem ser
inibidos. Eu mesmo, às vezes, prescrevo bloqueadores dos receptores H2,
como antiácidos, para pacientes que se queixam de sangramento ou dores
causadas por úlceras gástricas. Mas minha recomendação é que não tomem
a medicação por mais do que duas a três semanas. Ao mesmo tempo em que
a dor for aliviada pela medicação, a causa da úlcera será removida. Há várias
causas para a úlcera, e a menos que suas raízes sejam arrancadas, não há
quantidade de medicamento que consiga curar a doença. As úlceras podem
ter várias causas, como o stress, além da quantidade, qualidade e horários
das refeições, e, a menos que essas causas sejam levadas em consideração,
nenhum medicamento conseguirá curar a doença. Embora o medicamento
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 47

possa dar a impressão de uma cura temporária, a úlcera acabará irrompen-


do novamente.
O único caminho para a cura de qualquer doença é o estilo de vida. Por
isso, uma vez removida a causa e curada a úlcera gástrica, é importante ado-
tar hábitos alimentares apropriados para impedir que o problema retome.
As enzimas-fonte não são produzidas automaticamente. Uma boa ali-
mentação e um estilo de vida saudável que não desperdice enzimas permi-
tem que o próprio organismo produza a energia de que necessita. O segredo
para curar doenças e ter uma vida longa e saudável é saber como evitar o
desperdício das preciosas enzimas-fonte.

A ALIMENTAÇÃO DE SENSO COMUM


PODE PREJUDICAR O ORGANISMO

Se analisarmos o senso comum em relação à alimentação e digestão, vere-


mos que muitas coisas que normalmente consideramos boas para o organis-
mo, na verdade trabalham contra os mecanismos naturais do corpo.
Tomemos como exemplo os alimentos indicados para os doentes. Canja
de galinha é o alimento preferido por doentes nos Estados Unidos. Alimen-
tos sem muito tempero são considerados bons para pacientes com úlcera.
No Japão, as pessoas hospitalizadas, seja qual for o motivo, sempre recebem
creme de arroz na refeição. Os hospitais acreditam que estão cuidando de
seus pacientes, principalmente dos que sofreram cirurgia interna, dizendo-
lhes: "Vamos começar com um pouco de creme de arroz para não sobre-
carregar demais o seu estômago e o seu intestino." Mas esse é um grande
erro.
Os meus pacientes comem normalmente desde o início, mesmo após
a cirurgia de estômago. Quando você souber como as enzimas funcionam,
entenderá imediatamente por que os alimentos não processados são melho-
res do que o mingau. São melhores porque precisam ser bem mastigados. A
mastigação estimula a secreção de saliva. As enzimas digestivas encontradas
na saliva, quando misturadas ao alimento durante a mastigação, melhoram
a digestão e a absorção, pois a decomposição do alimento acontece sem
problemas. Entretanto, o mingau, por ser mole, dispensa a mastigação. Ele
não é bem digerido porque não ocorre a mistura de enzimas em quantidade
suficiente, enquanto o alimento normal é bem digerido por causa da mas-
tigação.
Já indiquei até sushi para pacientes três dias após a cirurgia de estôma-
go. Mas oriento-os a "mastigar setenta vezes cada bocado". Mastigar bem é
48 A DIETA DO FUTURO

muito importante, principalmente para os doentes. Para que o processo de


digestão e absorção transcorra sem problemas, recomendo que as pessoas,
mesmo aquelas que não têm problemas gastrintestinais, mastiguem cons-
cientemente trinta a cinquenta vezes cada bocado da refeição.
Outro erro frequente na alimentação dos hospitais é o leite. Os princi-
pais nutrientes dessas refeições são proteínas, gordura, glicose, cálcio e vi-
taminas. O leite é muito popular por ser rico em cálcio e por supostamente
prevenir a osteoporose.
Mas, na verdade, não há nenhum alimento de digestão tão difícil como
o leite. Por ser uma substãncia líquida e lisa, algumas pessoas bebem leite
para matar a sede, o que é um grande erro. A caseína, que responde por
cerca de 80% da proteína encontrada no leite, coagula assim que entra no
estômago, tornando a digestão muito difícil. Além disso, no leite vendido
no mercado, esse componente é homogeneizado. Homogeneização significa
integrar o conteúdo de gordura do leite mexendo-o. A homogeneização é
ruim porque, ao ser mexido, o leite recebe ar, que transforma o seu com-
ponente gorduroso em substância gordurosa oxidada - gordura em estado
avançado de oxidação. Em outras palavras, o leite homogeneizado produz
radicais livres e exerce uma influência muito negativa no organismo.
O leite com gordura oxidada passa, então, pelo processo de pasteuri-
zação a altas temperaturas que ultrapassam os 100°e. As enzimas, que são
sensíveis ao calor, começam a ser destruídas na temperatura de 93°e. Em
outras palavras, as preciosas enzimas do leite são destruídas, sua gordura é
oxidada pelo ar e a qualidade de suas proteínas é alterada pelas altas tempe-
raturas. Resumindo, o leite é o pior tipo de alimento que existe.
Na verdade, já ouvi dizer que se um bezerro for alimentado com o leite
vendido no comércio em vez de mamar direto na mãe, ele morreria em
quatro ou cinco dias. A vida não pode ser sustentada com alimentos des-
providos de enzimas.

o LEITE CAUSA INFLAMAÇÃO

A primeira vez que ouvi a respeito do mal que o leite faz ao organismo foi
há mais de 35 anos, quando meus próprios filhos desenvolveram dermatite
atópica* aos seis ou sete meses de idade.
A mãe das crianças seguiu as instruções do pediatra, mas não importava
o quanto fossem tratadas, a dermatite das crianças não melhorava. Então,
por volta dos 3 ou 4 anos, meu filho começou a apresentar uma diarreia

* Inflamação grave da pele.


AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 49

grave, que, no final, já continha sangue. Um exame endoscópico revelou


uma colite ulcerativa' em estágio inicial.
Sabendo que a colite ulcerativa está intimamente relacionada com a ali-
mentação, analisei o tipo de alimentos que meus filhos consumiam regular-
mente. Conforme foi constatado mais tarde, eles começaram a desenvolver
dermatite atópica justamente quando minha esposa parou de amamentar
e começou a alimentá-los de acordo com a orientação do pediatra. A par-
tir daquela época, eliminamos o leite e seus derivados da alimentação das
crianças. Obviamente, as fezes sanguinolentas e a diarreia, e até mesmo a
dermatite atópica, desapareceram completamente.
Depois daquela experiência, comecei a elaborar uma lista de como o
leite e seus derivados eram consumidos com base na história alimentar de
meus pacientes. Segundo os meus dados clínicos, o consumo de leite e seus
derivados tem uma grande probabilidade de predispor a alergias. Essa pre-
disposição está correlacionada com os recentes estudos sobre alergia que
relatam a maior propensão à dermatite atópica em filhos de mães que con-
sumiram leite durante a gestação.
Nos últimos trinta anos noJapão, o número de pacientes com dermatite
atópica e rinite alérgica aumentou em proporções alarmantes. Atualmente,
a proporção deve ser de uma em cada cinco pessoas. Existem muitas teorias
para explicar esse aumento tão rápido no número de pessoas com alergia,
mas acredito que a principal causa seja a introdução do leite nas merendas
escolares no início da década de 1960.
O leite, que contém muitas substãncias gordurosas oxidadas, agride o
ambiente intestinal, aumentando a quantidade de bactérias ruins e destruin-
do o equilíbrio da flora bacteriana. Como resultado, toxinas, como radicais
livres, sulfetos de hidrogênio e amõnia, são produzidos no intestino. As
pesquisas sobre o tipo de processo pelo qual essas toxinas passam e o tipo
de doenças que surgem ainda não estão concluídas, mas vários trabalhos
científicos relatam que o leite não só causa vários tipos de alergia como tam-
bém está ligado a diabetes em crianças." Esses trabalhos estão disponíveis
na internet, e eu recomendo a sua leitura.

POR QUE O CONSUMO EXAGERADO DE LEITE CAUSA OSTEOPOROSE

O conceito mais errôneo sobre o leite é que ele ajuda a prevenir a osteopo-
rose. Como o conteúdo de cálcio do organismo diminui com a idade, somos

* Inflamação grave acompanhada de úlceras no interior do cólon.


** Ver www.sciencenews.orglpages/sll_arc99/6_26_99Ifob2.htm
50 A DIETA DO FUTURO

orientados a beber muito leite para prevenir a osteoporose. Mas esse é um


grande erro. Beber leite demais, na verdade, causa osteoporose.
Acredita-se que o cálcio do leite seja mais bem absorvido do que o cál-
cio de outros alimentos, como os peixes pequenos, mas isso não é inteira-
mente verdadeiro.
A concentração de cálcio no sangue humano normalmente gira em tor-
no de 9 ou 10 miligramas. Entretanto, quando se ingere leite, essa concen-
tração sofre um aumento repentino. Embora, à primeira vista, pareça que
o cálcio tenha sido absorvido, esse aumento no nível de cálcio no sangue
tem seu lado negativo. Quando a concentração aumenta repentinamente,
o corpo tenta normalizar esse nível excretando o cálcio dos rins por meio
da urina. Em outras palavras, a tentativa de beber leite para obter cálcio,
na verdade, ironicamente, reduz o nível geral de cálcio no organismo. Em
todos os quatro países que consomem leite diariamente e em grandes quan-
tidades - Estados Unidos, Suécia, Dinamarca e Finlândia - a incidência
de casos de osteoporose e fraturas de quadril é alta.
Em contraposição, os peixes pequenos e as algas marinhas, consumidos
pelos japoneses há muito tempo e cujo conteúdo de cálcio antes se pensava
ser pequeno, contêm cálcio de absorção lenta que permite o aumento dos
níveis de cálcio no sangue. Além disso, no Japão, havia pouquíssimos casos
de osteoporose na época em que as pessoas não bebiam leite. Mesmo agora,
não se houve falar muito em osteoporose entre pessoas que não bebem leite
regularmente. O organismo consegue absorver o cálcio e os minerais neces-
sários mediante a digestão de pequenos camarões, peixes e algas marinhas.

POR QUE QUESTIONO O "MITO" DO IOGURTE

Recentemente, vários tipos de iogurte, como "iogurte do Mar Cáspio" e


"iogurte de aloé vera", tornaram-se muito populares no Japão porque seus
benefícios à saúde são amplamente divulgados. Mas acho que tudo isso é
falso.
O que costumo ouvir das pessoas que consomem iogurte é que o in-
testino melhorou, a prisão de ventre foi curada e a cintura diminuiu. Elas
acreditam que esses resultados se devam aos lactobacilos do iogurte.
Entretanto, os benefícios dos lactobacilos são questionáveis desde as
suas bases. Os lactobacilos são originalmente encontrados no intestino hu-
mano. Essas bactérias são chamadas "bactérias intestinais". O corpo huma-
no tem um sistema de defesa contra bactérias e vírus exógenos, portanto,
mesmo as bactérias que fazem bem ao organismo, como os lactobacilos,
AS ENZIMAS E A SUA SAÚDE - CONCEITOS ERRÔNEOS E VERDADES ESSENCIAIS 51

serão atacadas e destruídas pelas defesas naturais do corpo se não fizerem


parte da flora intestinal.
A primeira linha de defesa é o ácido gástrico. Quando os lactobacilos do
iogurte entram no estômago, a maioria é destruída por esse ácido. Por isso,
houve alguns avanços recentes e a embalagem dos iogurtes traz a seguinte
frase: "lactobacilos que chegam ao seu intestino".
Entretanto, mesmo que as bactérias consigam chegar ao intestino, é
possível que elas trabalhem em conjunto com as bactérias que habitam o
intestino?
Questiono o iogurte porque, no contexto clínico, as características in-
testinais das pessoas que consomem iogurte diariamente nunca são boas.
Tenho uma forte suspeita de que, mesmo se os lactobacilos do iogurte che-
gassem vivos ao intestino, não só não fariam o intestino funcionar melhor
como ainda prejudicariam a flora intestinal.
Então, por que muitas pessoas acham que o iogurte melhora a saúde?
Para muitos, o iogurte parece "curar" a prisão de ventre. Essa "cura", en-
tretanto, é, na verdade, um caso de diarreia branda. Eis como isso prova-
velmente funciona: os adultos têm carência de enzimas que decompõem a
lactose, ou açúcar encontrado nos derivados do leite. Mas a lactase, enzima
que decompõe a lactose, começa a diminuir no organismo à medida que
envelhecemos. Em certo sentido, isso é natural, porque são as crianças que
bebem leite, e não os adultos. Em outras palavras, os adultos não precisam
de lactase.
O iogurte é rico em lactose, mas a falta da enzima lactase não permite
que ela seja bem digerida, resultando em má digestão. Resumindo, muitas
pessoas têm diarreia leve quando consomem iogurte. Consequentemente,
essa diarreia leve, que na verdade é uma excreção das fezes compactadas e
acumuladas no cólon até aquele momento, é erroneamente considerada a
cura da prisão de ventre.
As condições intestinais da pessoa que consome iogurte todos os dias
pioram. Posso afirmar isso com base em minhas observações clínicas. O
consumo diário de iogurte aumenta cada vez mais o mau cheiro das fezes e
dos gases. Isso é uma indicação de que o seu ambiente intestinal está pio-
rando. A razão do mau cheiro é a produção de toxinas no interior do cólon.
Assim, ainda que as pessoas falem dos efeitos saudáveis do iogurte (e as em-
presas de iogurte não economizam elogios aos seus produtos), na verdade,
ele contém muitas coisas que não são boas para o organismo.
Como afirmei no início, entramos agora em uma era em que nós pró-
prios precisamos cuidar de nossa saúde. Em vez de simplesmente aceitar
52 A DIETA DO FUTURO

as informações que chegam até nós, precisamos testá-Ias em nosso próprio


corpo.
Quando eu digo que é preciso testar no próprio corpo, não quero dizer
apenas comer ou experimentar qualquer outra coisa. A pessoa que acredi-
ta que o iogurte acabou com a sua prisão de ventre porque ele provocou
diarreia não está vendo o contexto todo. Testar no próprio corpo quer di-
zer primeiro informar-se para obter a melhor orientação possível, depois
colocá-Ia em prática e, por fim, de tempos em tempos, consultar um médico
de confiança para exame do trato gastrintestinal. Desse modo, será possível
confirmar ou rejeitar os conselhos recebidos. Se você pretende colocar em
prática a Alimentação e o Estilo de Vida do Fator Enzimático contidos neste
livro, recomendo fazer um exame endoscópico antes de começar, e outro
dois ou três meses depois. Tenho certeza de que ocorrerão grandes mudan-
ças em suas características gastrintestinais, para melhor.
Para viver mais e com saúde, não se deixe levar por vozes externas, e
sim, incline a cabeça e ouça as vozes que vêm do seu corpo.
CAPíTULO 2

A alimentação do fator enzimdtico

"VOCê é aquilo que come", diz o ditado. Doença, vida e saúde são resulta-
dos do que você come diariamente.
Em 1996, influenciado pelo Relatório McGovern dos Estados Unidos, o
Ministério da Saúde, do Trabalho e do Bem-Estar do Japão decidiu mudar
o nome das, então, chamadas "doenças de adulto", como câncer, cardiopa-
tias, doenças hepáticas, diabetes, doenças cerebrovasculares, hipertensão
e hiperlipidemia (colesterol alto), para "doenças relacionadas ao estilo de
vida". A reavaliação da relação entre alimentação e saúde permitiu a cons-
tatação de que essas enfermidades eram decorrentes do estilo de vida e não
da idade.
Entretanto, na moderna medicina ocidental, raramente os pacientes têm
de responder perguntas sobre a sua história alimentar. Acredito que colite
ulcerativa, doença de Crohn, doença do tecido conjuntivo e leucemia sejam
chamadas "doenças incuráveis de causa desconhecida" por causa da falta
de informação a respeito das escolhas alimentares das pessoas. O avanço
das pesquisas sobre a relação entre história alimentar e doenças permitirá a
troca do termo "causas desconhecidas" por "causas conhecidas".
As pessoas que indubitavelmente desenvolverão doenças relacionadas
ao estilo de vida em determinado momento de suas vidas fumam, ingerem
bebida alcoólica todos os dias, comem muita carne e poucas frutas e hortali-
ças e consomem derivados do leite, como iogurte e manteiga, desde a tenra
idade. O tipo de doença que desenvolverão dependerá de sua predisposição
genética e do ambiente. Por exemplo, pessoas com artérias geneticamente
frágeis desenvolverão hipertensão, arteriosclerose ou cardiopatias e pessoas
com rins frágeis poderão desenvolver diabetes. Nas mulheres, fibromas ute-
rinos, cistos ovarianos e doenças mamárias poderão evoluir para câncer,
enquanto nos homens, o aumento da próstata (hipertrofia prostática) po-
derá levar ao câncer, além da possibilidade de câncer de pulmão, pólipos
colônicos e artrite. Embora o tipo de doença dependa de fatores genéticos

53
54 A DIETA DO FUTURO

e ambientais, não há nenhuma dúvida de que as pessoas com esses hábitos


de vida terão algum tipo de doença.
Cerca de dois anos depois de ter começado a usar o endoscópio para
examinar as condições do estômago e do intestino dos pacientes de forma
direta, comecei a fazer-lhes perguntas a respeito de sua história alimentar.
Quando uma pessoa passa por um exame físico ou faz uma consulta médi-
ca em um hospital, deveria ser questionada sobre o seu estilo de vida. No
entanto, na maioria dos casos, esses exames se concentram apenas no pre-
sente, o que é uma perda de tempo. Para compreender por que as pessoas
ficam doentes, é necessário conhecer toda a sua história alimentar - ou
seja, quando comem, o que comem e como costumam comer. Obviamente,
alguns pacientes não conseguem se lembrar de todos os detalhes, mas como
tenho paciência para continuar perguntando, acabo descobrindo coisas in-
teressantes. Por exemplo, no caso de pessoas que bebem leite, mesmo que
seja apenas um copo por dia, as consequências para a saúde dependerão da
época em que começaram a consumi-lo, se quando nasceram ou depois de
adultos, bem como de outros fatores.
Na análise da história alimentar de pacientes com câncer, em geral des-
cubro que eles têm uma alimentação baseada principalmente em proteína
animal e derivados do leite, ou seja, carnes, peixes, ovos e leite. Além disso,
descobri uma correlação direta entre a época em que a doença se desenvol-
ve e a frequência com que o paciente consome esses tipos de alimentos; em
outras palavras, quanto mais cedo começar o consumo de proteína animal
(principalmente carne vermelha e leite e seus derivados) e quanto maior a
sua frequência, mais cedo a doença aparecerá. Seja qual for o tipo de câncer
- câncer de mama, cólon, próstata, pulmão -, a relação com a alimenta-
ção de origem animal permanece a mesma.
Não importa o tipo de câncer, as condições intestinais do canceroso são
sempre problemáticas. Costumo estimular os portadores dessa doença, seja
qual for o tipo, a fazer um exame colonoscópico, pois há uma boa chance
de que venham a ter um pólipo colõnico ou câncer de cólon.
Entre os pacientes cancerosos que examinei, os resultados confirmaram
as expectativas. Para mulheres com câncer de mama e homens com câncer
de próstata, a probabilidade de uma anomalia colónica é elevada. Os médi-
cos norte-americanos estão adotando cada vez mais o exame colonoscópico
para seus pacientes com câncer. Portanto, esse procedimento já está bastan-
te popularizado nos Estados Unidos. (Se algum leitor tem ou já teve câncer,
recomendo um exame colonoscópico o mais rápido possível.)
A ALIMENTAÇÃO DO FATOR ENZIMÁTICO 55

Não estou dizendo que consumir determinados tipos de alimentos leva-


rá a uma doença imediatamente. Entretanto, os efeitos dos hábitos alimen-
tares certamente se acumularão no organismo. A inexistência de sintomas
até o momento não é motivo de alívio. A prática faz a perfeição, e é provável
que a repetição dos maus hábitos dia após dia e ano após ano acarrete uma
doença perfeita.
Atualmente vivemos rodeados por uma ampla variedade de alimentos.
Para uma vida longa e saudável, é preciso compreender que a escolha de
determinado alimento não pode ser feita apenas com base em seu sabor
agradável. Então, quais são os critérios para a escolha dos alimentos para
consumo diário?

CONSUMA ALIMENTOS RICOS EM ENZIMAS

Desde criança tenho o dom especial de me dar bem com qualquer cachorro.
Não é muito difícil. Tudo o que se tem a fazer é colocar um pouco de saliva
na palma da mão e deixar o animal lamber. Fazendo isso, conquista-se a
amizade de qualquer cachorro instantaneamente.
Criei muitos cachorros desde pequeno e sei que eles gostam de lamber
a boca das pessoas. Ao tentar descobrir o motivo disso, finalmente cheguei
à conclusão de que eles gostam de saliva. Quando eu testava minha teoria,
todos os cachorros que eu encontrava me abanavam o rabo alegremente.
Eu era estudante quando comecei a usar esse método para fazer amizade
com todos os cachorros das redondezas da escola. Obviamente que, naquela
época, eu não entendia por que os cachorros gostavam tanto de saliva. Esse
mistério foi solucionado quando me formei em medicina e comecei a pres-
tar atenção nas enzimas.
"É isso! Os cachorros querem as enzimas da saliva!"
A partir daí, também comecei a observar que todos os animais pro-
curam enzimas.
Quando um carnívoro, como o leão, captura uma presa sempre começa
comendo os órgãos internos, ou seja, o tesouro de enzimas. Os esquimós,
que vivem em áreas extremamente frias onde quase não crescem plantas,
sempre comem primeiro os órgãos internos da foca que capturam. Os coe-
lhos comem as próprias fezes para reabsorver as enzimas e os alimentos
não digeridos.
Ultimamente, as doenças em animais de estimação aumentaram drasti-
camente, mas é fácil saber por quê. A causa está no tipo de alimento. Alega-
se que a ração proporciona uma alimentação balanceada, mas essa alegação
56 A DIETA DO FUTURO

está fundamentada nas modernas teorias nutricionais, que insistem em


ignorar as enzimas. Mesmo que o alimento seja rico em calorias e nutrien-
tes, como vitaminas, minerais, proteínas e gorduras, se ele não contiver
enzimas, o organismo não conseguirá se sustentar. Essas preciosas enzimas
são sensíveis ao calor e se decompõem entre 58° e 115°C. Não obstante, a
ração para animais é sempre aquecida durante o processo de fabricação, seja
ela enlatada ou desidratada. Em outras palavras, o processamento da ração
mata as enzimas.
Os animais selvagens não comem comida que tenha sido aquecida.
Num futuro próximo, acredito que ficará comprovado que muitos tipos de
doenças de animais de estimação estão relacionados ao estilo de vida.
Os problemas dos alimentos produzidos para animais de estimação e
para os seres humanos são os mesmos.
Os nutricionistas modernos concentram-se em calorias e nutrientes.
"Não consuma calorias demais e tente fazer refeições balanceadas." Esse
é o mantra dos nutricionistas modernos.
Normalmente, a recomendação é 2 mil calorias diárias para os homens
e l.600 para as mulheres. Essas calorias devem ser distribuídas entre os
quatro grupos alimentares. O primeiro grupo é o do leite e seus derivados e
ovos. São os chamados alimentos "completos", por causa de seu conteúdo
de proteína, gordura, cálcio e vitaminas A e B2. O segundo grupo é o da car-
ne, dos peixes e dos grãos, que formam os músculos e o sangue. São ricos
em proteína, gordura, vitaminas Bl e B2 e cálcio de alta qualidade. O tercei-
ro grupo é O das verduras, legumes e frutas. São alimentos que fazem bem
à saúde em geral, porque contêm vitaminas, minerais e fibras. Finalmente,
o quarto grupo é o dos grãos, açúcares, óleos e gorduras. São alimentos que
contêm carboidratos, gorduras e proteínas, usados para manter a tempera-
tura e a energia do corpo.
Como se pode ver, a palavra "enzirna" não aparece em nenhum lugar.
É verdade que determinar o número de enzimas de um alimento não é
uma tarefa fácil. Assim como o número de enzimas no organismo varia de
indivíduo para indivíduo, ele também varia conforme o tipo de alimento.
Essa variação ocorre também entre alimentos do mesmo tipo e entre por-
ções de um mesmo alimento. Por exemplo, o número de enzimas encontra-
do em duas maçãs da mesma variedade difere de acordo com o ambiente em
que foram cultivadas e o tempo decorrido a partir de sua colheita.
No estilo de vida que defendo, basicamente considero "bons" os ali-
mentos ricos em enzimas e "ruins" os alimentos pobres ou desprovidos de
enzimas. Por essa razão, os melhores alimentos são os cultivados em solo
A ALIMENTAÇÃO DO FATOR ENZIMÁTICO 57

fértil, rico em minerais, sem o uso de agrotóxicos ou fertilizantes químicos


e consumidos imediatamente após a colheita.
Quanto mais frescos os legumes, as verduras, as frutas, as carnes e os
peixes, maior o seu conteúdo de enzimas. Em geral, os alimentos frescos
são saborosos porque são ricos em enzimas. Entretanto, os seres humanos
diferem dos outros animais pelo fato de comerem alimentos cozidos. Co-
zinhamos, assamos, grelhamos e fritamos a comida. Como as enzimas são
sensíveis ao calor, quanto maior o cozimento, maior a perda de enzimas.
Mas, novamente, a maioria de nós não pode comer tudo cru.
Portanto, é essencial saber escolher, cozinhar e comer o alimento certo.
Continue lendo e todos esses detalhes serão esclarecidos.

A CONSTANTE INGESTÃO DE ALIMENTOS


OXIDADOS, OXIDA O ORGANISMO

Alimentos frescos fazem bem ao organismo porque, além de conterem mui-


tas enzimas, não sofreram oxidação.
A oxidação ocorre quando a matéria se liga ao oxigênio e "enferruja".
Mas, como o alimento, que não é metal, pode enferrujar? Vemos alimentos
enferrujados todos os dias.
Por exemplo, quando fritamos alguma coisa, o óleo usado perde a cor
e escurece. As maçãs e as batatas também mudam de cor e ficam marrons
logo depois de serem descascadas. Tudo isso é atribuído à oxidação - efei-
to do oxigênio do ar. Quando o alimento oxidado entra no corpo, criam-se
radicais livres.
Graças a recentes discussões sobre esse assunto em programas de tele-
visão e revistas, muitas pessoas já sabem que os radicais livres destroem o
DNA das células, causando câncer e muitos outros problemas de saúde.
Uma infinidade de programas trata do combate aos radicais livres. Diz-se
que o vinho tinto faz bem porque contém o agente antioxidante polifenol.
A isoflavona encontrada nos produtos de soja também chama a atenção por
causa dos antioxidantes. A razão para os radicais livres serem tão temidos
é a sua grande capacidade de oxidação (ferrugem), que supera em muitas
vezes a do oxigênio normal.
Os alimentos oxidados não são os únicos a produzir radicais livres. O
álcool, o tabaco e vários outros fatores também produzem. Na verdade, até
mesmo a respiração produz radicais livres. Quando os seres humanos inspi-
ram oxigênio e queimam glicose e gordura nas células que estão produzin-
do energia, 2% desse oxigênio corresponde a radicais livres.
58 A DIETA DO FUTURO

Os radicais livres costumam ser tratados como "vilões", mas o fato é


que eles também exercem uma função essencial que é matar vírus, bactérias
e bolores e suprimir infecções. Entretanto, quando o número de radicais
livres ultrapassa determinado nível, as membranas e o DNA das células
normais começam a ser destruídos.
O corpo dispõe de um meio para neutralizar o número excessivo de ra-
dicais livres - as enzimas antioxidantes. O tipo de enzima responsável por
essa função é chamado de SOD (enzima superóxido dismutase).
Entretanto, depois dos 40 anos, a quantidade de SOD no organismo
humano cai repentinamente. Existem teorias que postulam que muitas do-
enças relacionadas ao estilo de vida aparecem em torno dos 40 anos por
causa da redução dessa enzima.
Quando o número de superóxido dismutase começa a diminuir com a
idade, as enzimas-fonte iniciam o combate aos radicais livres. Quando exis-
te quantidade suficiente dessas enzimas, elas se concentram nos radicais li-
vres à medida que eles surgem. Entretanto, quando a quantidade é pequena,
elas não conseguem impedir os danos causados pelos radicais livres.
Em resumo, a ingestão contínua de alimentos oxidados representa um
grande número de radicais livres no corpo. Além do mais, os alimentos
oxidados têm muito pouca ou nenhuma enzima, e isso dificulta a produção
de enzimas-fonte, o que leva a um círculo vicioso de radicais livres não
neutralizados causadores de doenças.
Em contraposição, a ingestão de alimentos frescos e ricos em enzimas,
juntamente com a restrição da produção de radicais livres, diminui a de-
manda por enzimas-fonte. Isso cria um círculo positivo que aumenta a
energia vital.

NÃO HÁ GORDURA PIOR PARA O ORGANISMO


DO QUE A MARGARINA

O tipo de alimento mais suscetível à oxidação é o óleo.


Na natureza, os óleos são encontrados nas sementes de algumas plantas.
Como o arroz também é uma "semente", o arroz integral é rico em óleo. O
que comumente chamamos de "óleo" é extraído das sementes dos vegetais.
Existem vários tipos de. óleo de cozinha, como óleo de canola, gergelim,
semente de algodão, semente de uva e azeite de oliva, mas somente a parte
oleosa é extraída artificialmente.
Antigamente, a extração de óleo costumava ser feita por prensagem,
mas atualmente são poucos os fabricantes que ainda usam esse processo.
A ALIMENTAÇÃO DO FATOR ENZIMÁTICO 59

Por quê? Porque ele não só consome muito tempo e muita mão de obra,
como também acarreta uma grande perda do produto. Além disso, a qua-
lidade do óleo extraído sem o uso de calor se altera com maior rapidez do
que a do óleo produzido por outros métodos.
Atualmente, a maior parte dos óleos é produzida por um método que
utiliza um solvente químico chamado hexano para aquecer a matéria-pri-
ma. O óleo é extraído com a evaporação apenas do solvente químico por
meio de alta pressão e calor. Esse método reduz a perda de óleo, e o uso
de calor torna mais difícil a alteração da qualidade, porém, transforma o
óleo em ácido transgraxo, ou gordura trans, elemento muito prejudicial ao
organismo.
Os ácidos transgraxos não existem na natureza. Eles aumentam o nível
de colesterol ruim e reduzem o nível de colesterol bom. Além disso, tam-
bém causam câncer, hipertensão e cardiopatias, entre outros problemas de
saúde. Os países ocidentais estabelecem um nível máximo de ácidos trans-
graxos nos alimentos, que, quando não respeitado, inviabiliza o produto
para venda. No final de 2006, o Comitê de Saúde da Cidade de Nova York
votou a favor da proibição de gordura trans em todos os restaurantes da
cidade a partir de julho de 2008.
O alimento que contém o mais alto teor de gordura trans é a margarina.
Muitas pessoas acreditam que o óleo extraído de vegetais, como a margari-
na, que não contém colesterol, é melhor para o organismo do que as gordu-
ras animais, como a manteiga. Mas, isso é um grande erro. A verdade é que
nenhum tipo de óleo é mais prejudicial ao organismo do que a margarina.
Quando oriento meus clientes sobre como se alimentar, chego ao ponto de
dizer: "Se você tem margarina em casa, jogue-a fora imediatamente."
Os óleos vegetais permanecem na forma líquida em temperatura am-
biente por causa dos ácidos graxos insaturados. Com as gorduras animais
acontece exatamente o oposto, pois o alto teor de ácidos graxos saturados
faz com que elas se solidifiquem em temperatura ambiente. A margarina,
mesmo sendo derivada de óleo vegetal, permanece sólida em temperatura
ambiente, exatamente como a gordura animal.
A margarina é obtida por meio da hidrogenação, que, artificialmente,
transforma ácido graxo insaturado em saturado. O processo de produção
da margarina começa com a extração química do óleo vegetal, que contém
gorduras trans. Em seguida, adiciona-se hidrogênio, que, deliberadamente,
converte ácidos graxos insaturados em saturados. Assim, a margarina con-
tém o pior dos dois mundos, a gordura trans do óleo vegetal extraído qui-
60 A DIETA DO FUTURO

micamente e a gordura saturada semelhante à gordura animal. Não existe


óleo ou gordura pior para o organismo do que a margarina.
A gordura vegetal é outro tipo de óleo que contém a mesma quantidade
de ácidos transgraxos que a margarina. Suponho que o uso da gordura ve-
getal na cozinha seja muito raro atualmente, mas ela ainda é muito usada
na produção de biscoitos e salgadinhos e no preparo de batatas fritas indus-
trializadas. Os ácidos transgraxos são responsáveis pelos danos que muitos
doces e alimentos industrializados causam ao organismo.

SE OCASIONALMENTE VOCÊ PRECISAR COMER FRITURA •••

A maneira como você é afetado pelas frituras depende do lugar de origem


dos seus ancestrais e de há quanto tempo eles usam óleo quente para co-
zinhar os alimentos. As pessoas que moram em países próximos ao Mar
Mediterrâneo, como Grécia e Itália, cultivam e usam abundantemente o
óleo de oliva há quase 6 mil anos. Por outro lado, os japoneses começaram
a consumir frituras há 150 ou 200 anos.
Essas diferenças na cultura alimentar podem ser incorporadas aos ge-
nes, determinando se o sistema digestório está ou não apto a digerir óleos.
O óleo é degradado e digerido no pâncreas, mas, segundo meus dados clíni-
cos, parece que o pâncreas do povo japonês é mais frágil do que o dos povos
de países com longa história de consumo de frituras.
Os japoneses se queixam muito de dor na região epígastríca (parte su-
perior do estômago), mas o exame endoscópico não revela nenhuma gas-
trite, úlcera gástrica ou úlcera duodenal. O que o exame de sangue dessas
pessoas costuma acusar é um nível anormalmente elevado de amilase no
pâncreas. Quando investigo sua história alimentar, em geral descubro que
adoram fritura. Entretanto, é pequeno o número de ocidentais que ingerem
tanto ou mais fritura e que acabam com problemas no pâncreas.
Dor na parte superior do estômago após a ingestão de fritura, duas ou
três vezes por semana, indica a possibilidade de pancreatite. Nesse caso,
recomendo um exame do pâncreas o mais rápido possível.
Atualmente as pessoas usam óleo vegetal em vez de gordura animal por
acharem que ele é mais seguro. É preciso tomar um cuidado extra com a
quantidade de alimentos fritos ingeridos. Como afirmei anteriormente, o
consumo frequente de óleo vegetal extraído artificialmente faz mal ao orga-
nismo. Mas as pessoas que acham impossível parar de comer fritura devem
ao menos tentar reduzir a frequência para, no máximo, uma vez por mês.
A ALIMENTAÇÃO DO FATOR ENZIMÁTICO 61

Eu raramente como fritura, mas quando como, removo a camada exter-


na e tento não comer a parte mais oleosa. Quem não consegue resistir às
partes mais oleosas, pelo menos deve tentar mastigar bem. A boa mastiga-
ção faz com que a saliva se misture ao óleo, ajudando a neutralizar um pou-
co os ácidos transgraxos. Todavia, a fritura certamente esgotará as enzimas
do seu organismo.
Além do mais, a oxidação das frituras é extremamente rápida, por isso
não se deve comer alimentos que tenham sido fritos com muita antecedên-
cia, como os encontrados nos estabelecimentos de refeições rápidas.

QUAL A MELHOR MANEIRA DE INGERIR ÁCIDOS GRAXOS?

Os ácidos graxos, principais componentes do óleo, são classificados como


saturados e insaturados. Os insaturados são os chamados ácidos graxos
bons e constituem um nutriente importante para o coração, os órgãos circu-
latórios, o cérebro e a pele. Entre os ácidos insaturados, alguns não podem
ser produzidos pelo organismo humano e, portanto, precisam ser obtidos
de alimentos. São os chamados ácidos graxos essenciais, que incluem o áci-
do linoleico e o ácido araquidônico.
Nos Estados Unidos, há alguns anos, dizia-se que as pessoas deveriam
tomar uma colher de chá diária de azeite de oliva para obter ácidos graxos
essenciais. Na época, essa prática ficou bastante popularizada por acreditar-
se que fazia bem ao organismo. No entanto, alguns estudos constataram
que o consumo diário de azeite de oliva poderia causar câncer ovariano.
Depois disso, a prática foi rapidamente abandonada.
O fato é que os ácidos insaturados têm propriedades que desencadeiam
a rápida oxidação do azeite de oliva. Mesmo que a extração do azeite seja
por prensagem, mantenho minha recomendaçâo de não consumir óleo ex-
traído artificialmente.
A respeito do consumo de ácidos graxos insaturados, os encontrados
nos peixes são a melhor opção. Existem muitos ácidos graxos de boa quali-
dade, como o DHA (ácido docosaexaenoico) e o EPA (ácido eicosapentae-
noico), encontrados especificamente em peixes, como a sardinha e a cavala.
Encontrados também na parte gordurosa dos olhos do atum, atribui-se ao
DHA e ao EPA a melhora das funções cerebrais.
Não é necessário a ingestão de óleo na forma direta quando se ingere o
alimento em sua forma natural, pois é possível obter ácidos graxas insatu-
rados da gordura dos alimentos. Seja qual for o tipo de óleo usado, uma vez
62 A DIETA DO FUTURO

exposto ao ar, o processo de oxidação inicia-se imediatamente. Portanto,


sempre que possível, deve-se evitar o uso de óleo para cozinhar.
Em geral, acredita-se que a vitamina A pode ser absorvida com mais
facilidade se a comida for cozida com óleo. Por isso, é comum a recomen-
dação do uso de óleo para ingredientes que contêm vitamina A, pois, por
ser solúvel em gordura, ela se dissolve facilmente no óleo.
Embora seja verdade que a vitamina A é solúvel em gordura, com uma
pequena inovação é possível absorvê-Ia em quantidade suficiente sem o uso
de óleo extraído artificialmente, pois a quantidade necessária à absorção
de vitamina A é muito pequena. Dessa maneira, mesmo que o processo de
cozimento não use óleo, a simples ingestão de pequenas quantidades de
alimentos que contêm óleo, como soja e sementes de gergelim, já é o sufi-
ciente para que ocorra a absorção de vitaminas.
Em outras palavras, é possível ingerir uma quantidade adequada de gor-
dura consumindo alimentos que contenham gordura em sua forma natural,
sem a adição de óleo extraído artificialmente. Quando digo na forma natu-
ral, quero dizer ingerir alimentos que são a matéria-prima do óleo, como
grãos, leguminosas, nozes e sementes vegetais, na forma em que ocorrem
na natureza. Não há maneira mais segura e saudável de ingerir óleo.

o LEITE COMERCIAL É GORDURA OXIDADA

Depois do óleo, o tipo de alimento com maior facilidade de oxidação é o


leite comercial. Antes do processamento, o leite contém muitos elementos
bons. Por exemplo, ele apresenta vários tipos de enzimas, como as que
degradam a lactose: lipase, que degrada a gordura, e protease, que degrada
a proteína. O leite em seu estado natural contém lactoferrina, que é conhe-
cida por seu conteúdo antioxidante, anti-inflamatório, antiviral e efeitos
reguladores do sistema imunológico.
Contudo, o leite vendido no comércio perde todas as suas boas quali-
dades no processo de manufatura, que consiste no seguinte: primeiro, uma
máquina de sucção é acoplada às tetas da vaca, que, ao serem comprimidas,
fazem o leite espirrar, depois esse leite é armazenado temporariamente em
um tanque. O leite cru coletado nas fazendas é, então, transferido para um
tanque ainda maior, onde é agitado e homogeneizado. Na realidade, as
gotículas de gorduras do leite cru é que são homogeneizadas.
O leite cru tem 4% de gordura, mas a maior parte dela consiste em
partículas em forma de pequenas gotas. Como as partículas de gordura flu-
tuam com mais facilidade quando são maiores, se o leite cru for deixado
A ALIMENTAÇÃO DO FATOR ENZIMÁTICO 63

em repouso, a gordura se transformará em uma camada cremosa flutuante.


Lembro-me de ter visto uma camada branca de gordura cremosa abaixo da
tampa da garrafa quando, na minha infância, bebi leite engarrafado uma ou
duas vezes. Como o leite não era homogeneizado, durante o transporte as
partículas gordurosas subiam à superfície.
Atualmente, usa-se uma máquina chamada homogeneizadora, que
quebra as partículas de gordura mecanicamente em pequenos pedaços. O
produto final dessa operação é o leite homogeneizado. Entretanto, nesse
processo, a gordura do leite cru liga-se ao oxigênio, transformando-se em
gordura hidrogenada (gordura oxidada). Gordura hidrogenada é uma gor-
dura que oxidou demais, ou enferrujou. Como todas as gorduras hidroge-
nadas, a do leite integral homogeneizado faz mal ao organismo.
Mas o processamento do leite ainda não acabou. Antes de ir para o
mercado, o leite homogeneizado é pasteurizado termicamente para inibir a
propagação de germes e bactérias. Há quatro maneiras básicas de pasteuri-
zar o leite:

1. Pasteurização lenta de baixa temperatura (LTLT) - Pasteurização


térmica entre 62 e 65°C por 30 minutos. Em geral, esse método é
chamado de pasteurização de baixa temperatura.
2. Pasteurização lenta de alta temperatura (HTLT) - Pasteurização tér-
mica acima de 75°C durante mais de 15 minutos.
3. Pasteurização rápida de alta temperatura (HTST) - Pasteurização
acima de 72°C durante 15 segundos. É o método de pasteurização
mais usado no mundo.
4. Pasteurização rápida de temperatura ultra-alta (UHT) - Pasteuriza-
ção térmica entre 120 e l30°C durante dois segundos (ou a 150°C
por um segundo).

Os métodos mais usados no mundo são a pasteurização rápida de alta


temperatura e a pasteurização rápida de temperatura ultra-alta. Repetidas
vezes, afirmarei isto: as enzimas são sensíveis ao calor, e elas começam a se
degradar a uma temperatura abaixo de 48°C; e são totalmente destruídas a
115°C. Assim, em relação ao tempo de processamento, quando a tempera-
tura atinge l30°C, as enzimas já estão praticamente todas destruídas.
Ademais, a oxidação da gordura aumenta ainda mais em temperaturas
ultra-altas, que também alteram a qualidade das proteínas lácteas. As pro-
teínas do leite se despedaçam como a gema de um ovo que foi cozido duran-
te muito tempo. A lactoferrina, que é sensível ao calor, também se perde.
64 A DIETA DO FUTURO

Por ser homogeneizado e pasteurizado, o leite vendido nos supermerca-


dos do mundo não faz bem ao organismo.

o LEITE DE VACA
É BASICAMENTE PARA BEZERROS

Os nutrientes encontrados no leite são próprios para bezerros em cresci-


mento. O que é benéfico para o crescimento de bezerros não é necessaria-
mente benéfico aos seres humanos. Ademais, na natureza, os únicos animais
que bebem leite são os recém-nascidos. Nenhum animal bebe leite depois
de adulto (exceto o homo sapiens). É assim que a natureza age. Somente
os seres humanos, de forma deliberada, pegam, oxidam e bebem o leite de
outras espécies. Isso contraria a lei da natureza. No Japão e nos Estados
Unidos, as crianças são estimuladas a tomar leite nas merendas escolares
porque acredita-se que ele faz bem ao organismo em crescimento por ser
rico em nutrientes. Entretanto, se alguém acha que o leite de vaca e o leite
humano são a mesma coisa está redondamente enganado.
O leite humano e o leite de vaca são muito semelhantes quando são
levados em conta os seus nutrientes. Ambos contêm nutrientes como pro-
teína, gordura, lactose, ferro, cálcio, fósforo, sódio, potássio e vitaminas.
Entretanto, eles diferem na qualidade e na quantidade.
O principal componente de proteína encontrado no leite de vaca é a
caseína. Já mencionei que o sistema gastrintestinal humano tem muita difi-
culdade para digerir essa proteína. Além disso, o leite de vaca também con-
tém a substância antioxidante lactoferrina, que ativa as funções do sistema
imunológico. Entretanto, a porcentagem de lactoferrina encontrada no leite
humano é 0,15% enquanto no leite de vaca é 0,01 %.
Evidentemente, as quantidades e as proporções diferem de acordo com
a espécie.
E os adultos?
A título de exemplo, a lactoferrina do leite de vaca é degradada pelo áci-
do gástrico, portanto, mesmo que o leite seja ingerido cru e sem ter recebi-
do tratamento térmico, a degradação da lactoferrina ocorrerá no estõmago.
O mesmo acontece com a lactoferrina do leite humano. Um bebê humano
recém-nascido consegue absorver lactoferrina do leite da mãe porque o seu
estômago ainda não está totalmente desenvolvido e, por isso, a secreção de
ácido gástrico é insuficiente para degradar a lactoferrina. Em outras pala-
vras, o leite humano não é para ser consumido por adultos.
A ALIMENTAÇÃO DO FATOR ENZIMÁTICO 65

o leite de vaca, mesmo fresco e cru, não é apropriado para os seres hu-
manos. Se mesmo antes de processado não faz bem ao organismo, depois
de homogeneizado e pasteurizado, transforma-se em alimento prejudicial à
saúde. E ainda insistimos para que nossos filhos bebam leite.
Outro problema é que os seres humanos da maioria dos grupos étnicos
carecem de quantidade suficiente da enzima Iactase, que degrada a lactose.
A maioria dispõe de quantidade suficiente quando é criança, mas, com a
idade, ela diminui. A incapacidade de digerir a lactose produz sintomas,
como ruídos abdominais ou diarreia. A ausência total de lactase no organis-
mo, ou a presença de uma quantidade extremamente pequena, caracteriza
intolerância à lactose. A intolerância total à lactose é rara, mas 90% dos
asiáticos, 75% dos hispânicos, índios norte-americanos e afro-americanos,
bem como 60% das pessoas de cultura mediterrânea e 15% das pessoas do
norte da Europa têm carência dessa enzima.
A lactose é um açúcar que só existe no leite de mamíferos. O leite é ape-
nas para recém-nascidos. Mesmo os adultos que não têm a enzima Iactase,
quando crianças tinham o suficiente para suas necessidades. Ademais, a
porcentagem de lactose no leite materno é cerca de 7%, enquanto no leite
de vaca é 4,5%.
Como os bebês conseguem se alimentar de leite materno, que é rico em
Iactose, e quando crescem perdem a enzima digestora do leite, acredito que
essa tenha sido a maneira encontrada pela natureza para dizer que o leite
não é para adultos.
Às pessoas que adoram o gosto do leite, recomendo enfaticamente que
restrinjam o consumo e que tentem beber leite não homogeneizado e pas-
teurizado a baixas temperaturas. Crianças e adultos que não gostam de leite
nunca devem ser estimulados a tomá-Ia.
O leite simplesmente não traz nenhum benefício ao organismo.

POR QUE O EXCESSO DE PROTEíNA É TÓXICO

Na Alimentação e no Estilo de Vida do Fator Enzimático, oriento meus


clientes a comer basicamente grãos, verduras e legumes e a restringir pro-
dutos animais, como carne, peixes, laticínios e ovos, mantendo o consumo
de calorias abaixo de 15% ao dia.
Muitos nutricionistas modernos atribuem à proteína vários elementos
ideais, que são decompostos e absorvidos por aminoácidos no intestino,
transformando-se em sangue ou músculo. No entanto, mesmo que o ali-
mento seja de boa qualidade, quando consumido mais do que o necessário,
transforma-se em veneno. Isso se aplica principalmente ao consumo exces-
66 A DIETA DO FUTURO

sivo de proteína animal, uma vez que o sistema gastrintestinal não conse-
gue degradar nem absorver grandes quantidades de proteína. Em vez disso,
ela será degradada no intestino, produzindo altos níveis de toxinas, como
sulfato de hidrogênio, indol, gás metano, amônia, histamina e nitrosamina.
Além de tudo, ainda são produzidos radicais livres. A desintoxicação dessas
substâncias do organismo requer um grande número de enzimas do intes-
tino e do fígado. Cada indivíduo precisa de cerca de um grama de proteína
por quilograma de peso corporal. Em outras palavras, uma pessoa que pese
60 quilos precisa de 60 gramas de proteína animal por dia. Entretanto, os
dados mostram que o consumo atual de proteína nos Estados Unidos gira
em torno de 88 a 92 gramas para homens e 63 a 66 gramas para mulheres.
São quantidades, obviamente, excessivas.
O excesso de proteína é excretado na urina, porém, antes de ser elimi-
nado, causa muitos danos ao organismo. Primeiro, as enzimas digestivas
convertem o excesso de proteínas em aminoácidos, que são decompostos
no fígado antes de fluir para a corrente sanguínea. Como depois desse pro-
cesso o sangue torna-se mais ácido, grandes quantidades de cálcio são reti-
radas dos ossos e dos dentes para neutralizar o ácido. O cálcio e o sangue
oxidado são, então, filtrados nos rins, fazendo com que o excesso de proteí-
na seja excretado juntamente com uma grande quantidade de água e cálcio.
É desnecessário dizer que esse processo também consome muitas enzimas.
O excesso de proteína da carne (incluindo os alimentos processados
que contenham carne) e do leite e seus derivados pode causar danos ainda
mais sérios à saúde. Por quê? Porque esses alimentos de origem animal não
contêm fibras alimentares e aceleram a deterioração da saúde intestinal.
As fibras alimentares não podem ser decompostas pelas enzimas diges-
tivas humanas. Exemplos típicos são a celulose e a pectina, encontradas em
vegetais, e a quitina, encontrada nas carapaças de caranguejos e camarões.
O consumo excessivo de carne e a carência de fibras alimentares fazem
com que a quantidade de fezes diminua, causando obstrução intestinal e
compactação das fezes. Se essa situação não se normalizar, nas paredes intes-
tinais onde se acumulam toxinas e fezes, surgirão divertículos (cavidades se-
melhantes a bolsas), que favorecem o desenvolvimento de pólipos e câncer.

POR QUE A GORDURA DO PEIXE


NÃO OBSTRUI AS ARTÉRIAS HUMANAS

Até aqui mencionei apenas carne quando tratei da proteína animal, mas o peixe
também pode trazer os mesmos riscos à saúde quando ingerido em excesso.
A ALIMENTAÇÃO DO FATOR ENZIMÁTICO 67

Segundo meus dados clínicos, entretanto, existe uma diferença irrefu-


tável entre o "intestino de pessoas que se alimentam de carne" e o "intes-
tino de pessoas que se alimentam de peixe". Isto é, meus pacientes que se
alimentam de peixe não desenvolvem divertículos, independentemente do
grau de outros danos. Boa parte da literatura médica da atualidade afirma
que o consumo excessivo de alimentos desprovidos de fibra alimentar, seja
carne, peixe ou produtos lácteos, leva à diverticulose. Mas, pela minha ex-
periência clínica, tenho observado que as pessoas que comem pouca ou ne-
nhuma carne e comem muito peixe, embora tenham as paredes intestinais
rígidas e espásticas, não chegam a desenvolver diverticulose.
O que causa essas diferenças nas características intestinais? Acredito
que seja o tipo de gordura encontrado na carne e no peixe.
Diz-se que a diferença entre a gordura da carne e a do peixe é que
a carne tem ácidos graxos saturados, que causam danos ao organismo,
enquanto o peixe tem ácidos graxos insaturados, que fazem bem ao orga-
nismo por causa do baixo nível de colesterol. Mas há uma maneira mais
fácil de analisar esse assunto, ou seja, tomando-se o homem como padrão.
A gordura de animais com temperatura corporal mais elevada do que a
do corpo humano deve ser considerada ruim, e a gordura de animais com
temperatura corporal mais baixa do que a temperatura do corpo humano
deve ser considerada boa.
A temperatura corporal de animais, como vacas, porcos ou aves, nor-
malmente oscila entre 38,5 e 40°C, portanto é mais elevada do que a tem-
peratura do corpo humano (37°C). A temperatura corporal do frango é
ainda mais alta, ou seja, 41 ,soe. A gordura desses animais atinge sua maior
estabilidade na temperatura corporal específica de cada um deles. Assim,
quando a gordura entra em um ambiente de temperatura mais baixa, ela
se adensa e endurece. Essa gordura viscosa engrossa o sangue. O fluxo de
sangue denso é lento, e a compactação dessa gordura no interior dos vasos
sanguíneos constitui um obstáculo.
Em contraposição, como os peixes são animais de sangue frio, em con-
dições relativamente saudáveis sua temperatura corporal é muito inferior
à temperatura do corpo humano. O que acontece quando a gordura do
peixe entra no organismo humano? Como a gordura aquecida em uma
frigideira, ela derrete e se liquefaz. O óleo do peixe, quando entra na cor-
rente sanguínea do ser humano, torna o sangue mais fino e reduz o nível
de colesterol ruim.
Mesmo quando se consome o mesmo número de gramas de gordura, o
peixe é nitidamente melhor para o organismo humano do que os animais
68 A DIETA DO FUTURO

de sangue quente, pois essa gordura entra na corrente sanguínea na forma


líquida.

o SEGREDO DE COMER PEIXE


DE CARNE VERMELHA É COMÊ-LA FRESCA

Os peixes podem ser divididos em peixes de carne vermelha e peixes de


carne branca.
Em geral os peixes de carne branca são considerados melhores para a
saúde do que os de carne vermelha, pois a carne vermelha tende a oxidar
mais rápido por causa de seu alto teor de ferro.
O atum e o bonito são considerados peixes de carne vermelha por ser
essa a cor de seu tecido muscular. A cor vermelha deve-se a proteínas espe-
cíficas chamadas mioglobinas.
As mioglobinas são proteínas globulares que armazenam oxigênio e que
se formam a partir de uma cadeia de polipeptídios, ou seja, aminoácidos e
poliferrina, um tipo de ferro. Elas são encontradas nos músculos de ani-
mais que ficam longos períodos sob a água, como golfinhos, baleias e focas.
A longa permanência sob a água só é possível porque as mioglobinas são
capazes de armazenar oxigênio nas células para ser usado no metabolismo
quando necessário. Em geral, os músculos dos animais também são verme-
lhos por causa da mioglobina.
O atum e o bonito têm muita mioglobina, o que os possibilita a nadar
nos oceanos a altas velocidades. Para isso, seus músculos precisam de um
grande estoque de oxigênio. Para prevenir a falta de oxigênio, seus múscu-
los armazenam grande quantidade de mioglobina, o que provoca a oxidação
da carne imediatamente após o corte e a exposição ao ar. É por isso que os
peixes de carne vermelha não são considerados saudáveis. Em contraposi-
ção, os peixes de carne branca como não têm mioglobina, mesmo depois de
cortados, não oxidam tão rapidamente.
Entretanto, o peixe de carne vermelha tem mais agentes antioxidantes,
como DHA e EPA.Além disso, por ser rica em ferro na forma natural, a mio-
globina pode fazer muito bem aos anêmicos. Mas quando esse ferro oxida,
transforma-se em óxido de ferro, que traz mais danos do que benefícios ao
anêmico. Portanto, ao comer peixe de carne vermelha, é essencial que eles
sejam frescos.
Adoro sushi de atum, por isso, quando ocasionalmente como, sempre
peço para cortarem cerca de cinco milímetros da borda antes do preparo.
Desse modo, elimina-se a parte oxidada pela longa exposição ao ar.
A ALIMENTAÇÃO DO FATOR ENZIMÁTICO 69

Com um pouco de tempo e energia, o peixe de carne vermelha pode


transformar-se em um alimento de alta qualidade. Há, por exemplo, urna
especialidade típica de Kochi chamada katsuo no tataki (bonito cru tosta-
do), que envolve um método de cozimento em que a superfície do peixe é
levemente grelhada. Esse método altera a qualidade da proteína e evita que
o peixe oxide mesmo quando exposto ao ar. Graças à velocidade com que
ele é grelhado, a camada externa do peixe impede que o restante se exponha
ao oxigênio e oxide. Casualmente, esse método também tem a vantagem de
matar parasitas que tendem a se acumular na pele do peixe.
Apesar disso, corno o peixe é urna proteína animal, é preciso cuidado
para não consumir demais. Além do que, os últimos relatórios acusam o
aumento do teor de mercúrio no atum. Os exames de sangue de pessoas que
consomem esse peixe confirmam isso. Toda pessoa que come atum com fre-
quência, deve fazer ao menos um exame de sangue. Precisamos reconhecer
que a poluição do solo e do mar está diretamente relacionada à nossa saúde
corno indivíduos, portanto esse assunto merece nossa atenção.

A REFEiÇÃO IDEAL CONSISTE EM 85% DE ALIMENTOS


DE ORIGEM VEGETAL E 15% DE ORIGEM ANIMAL

A Alimentação e o Estilo de Vida do Fator Enzimático recomendam que a


porcentagem de frutas, hortaliças e grãos em nossa alimentação seja de 85%
e 15%, respectivamente. Com frequência, perguntam-me se a redução do
consumo de carne não ocasionará a falta de proteína. Respondo que isso
não é motivo para preocupação. Mesmo a alimentação vegetariana radical
consegue fornecer proteína suficiente.
Corno acontece com a maioria dos animais e vegetais, o corpo humano
é formado basicamente por proteínas. No entanto, o consumo de alimentos
proteicos, corno carne e peixe, não significa que a proteína será usada na
formação do corpo de maneira direta. Isso acontece porque as proteínas se
formam a partir de aminoácidos, e os aminoácidos se arranjam das mais
variadas formas.
As paredes do intestino humano absorvem as proteínas somente depois
de elas serem transformadas em aminoácidos pelas enzimas digestivas. Os
aminoácidos absorvidos são, então, ressintetizados no corpo e transforma-
dos em proteínas conforme a necessidade.
Existem aproximadamente vinte tipos de aminoácidos que formam as
proteínas humanas. Desses vinte tipos, oito não podem ser sintetizados pelo
organismo humano: lisina, metionina, triptofano, valina, treonina, leucina,
70 A DIETA DO FUTURO

isoleucina e fenilalanina, juntos chamados "aminoácidos essenciais". Esses


aminoácidos são preciosos, pois a simples falta de um deles pode causar um
sério transtorno nutricional. Daí a absoluta necessidade de sua inclusão na
alimentação diária.
As proteínas animais são consideradas de boa qualidade quando contêm
todos os aminoácidos essenciais. Por isso, os nutricionistas modernos reco-
mendam o consumo diário de proteínas. Mas, as proteínas vegetais também
contêm muitos aminoácidos essenciais, embora nem todos. Grãos, cereais,
hortaliças, cogumelos, frutos e vegetais marinhos contêm muitos aminoáci-
dos. Muitos se surpreendem ao saber que a alga desidratada contém 37% de
proteína, porém sabe-se que a alga kelp abriga um tesouro de aminoácidos.
Entre todos os alimentos do reino vegetal, a soja é considerada a "carne
dos campos" por ser rica em aminoácidos. A quantidade de aminoácidos
essenciais da soja, com exceção dos níveis de treonina ligeiramente abaixo
do padrão, não deixa nada a dever à da carne, e sua digestão, por ser muito
mais fácil, não esgota as enzimas-fonte, como a carne.
Obviamente, o excesso de proteína vegetal não faz bem, mas, com base
no fato de que as plantas são ricas em fibra alimentar e desprovidas de
gordura animal, recomendo uma alimentação à base de proteínas vegetais,
complementando-a ocasionalmente com um pouco de proteína animal, de
preferência peixe.
Considerando-se vários alimentos vegetais individualmente, fica evi-
dente que nenhum vegetal, sozinho, tem todos os aminoácidos essenciais.
Mas, em geral, nossas refeições combinam vários tipos de alimento. Se sou-
bermos combinar grãos, legumes, verduras e sopa, esse tipo de alimentação
pode fornecer os aminoácidos essenciais em quantidade adequada.

o ARROZ BRANCO É "COMIDA MORTA"

Recentemente, muitas pessoas começaram a reduzir a ingestão de arroz por


acreditar que os carboidratos engordam. Entretanto, é um erro pensar que
o arroz faz as pessoas engordarem. Minhas refeições são compostas por ,40
a 50% de grãos, mas, como são bem equilibradas, não engordo.
Meu alimento de base, entretanto, não é o arroz branco polido que a
maioria das pessoas come. É o arroz integral, acrescido de outros cinco
grãos, como cevada laminada, milheto, trigo sarraceno, quinoa, amaranto,
aveia, aveia integral e trigo bulgor. Essa mistura de grãos com arroz integral
forma meu prato de base. Minha preferência é por grãos integrais frescos,
não refinados e orgânicos.
A ALIMENTAÇÃO DO FATOR ENZIMÁTICO 71

A temporada de colheita do arroz é limitada, portanto não é possível ter


arroz recém-colhido sempre. Por isso, compro arroz integral em embalagem
a vácuo, que evita o contato com o oxigênio. Uma vez aberto o pacote, tento
consumi-lo em dez dias, porque ele oxida quando exposto ao ar. O arroz
branco oxida muito mais rápido do que o arroz integral porque ele não tem
mais casca. O mesmo acontece com as maçãs descascadas, que mudam ime-
diatamente de cor e assumem um tom amarronzado.
O arroz que comemos é a semente da planta. Em seu estado original,
essa semente está envolta em uma casca. Depois que a casca é retirada, so-
bra o que costumamos chamar de arroz integral. Quando todas as camadas
de farelo são retiradas, resta o germe de arroz. Quando também ele é remo-
vido, resta somente o albume, que é o arroz branco.
A maioria das pessoas prefere o arroz branco porque ele é branco, ma-
cio, de sabor doce e aparência mais agradável, mas, na realidade, ele é o
arroz do qual foram retiradas as partes mais importantes. É comida morta.
Uma maçã ou uma batata descascada oxida rapidamente e assumem um
tom marrom. Por já não ter mais a casca, o arroz refinado (embora a cor não
mude) oxida muito mais rápido do que o arroz integral. O arroz branco é
bom apenas quando recém-refinado porque ainda não sofreu oxidação.
Entretanto, o arroz branco não contém mais o farelo ou a parte do ger-
me, por isso, mesmo se for colocado na água, apenas se expandirá, sem
conseguir germinar nem florescer. O arroz integral pode germinar quando
colocado na água em temperatura correta. É um alimento vivo, com poten-
cial de germinação. Por isso, digo que o arroz branco não tem vida; é um
alimento morto.
As sementes de vegetais contêm muitas enzimas para que a planta pos-
sa germinar em ambiente apropriado. As sementes também possuem uma
substância inibidora de tripsina, que as impede de germinar por conta pró-
pria. A razão para que os grãos, as leguminosas e os tubérculos não sejam
consumidos crus é a necessidade de um grande número de enzimas diges-
tivas para neutralizar e digerir os inibidores de tripsina. Entretanto, como
esses inibidores são quebrados na presença de calor, é melhor que esses
alimentos sejam cozidos antes de serem consumidos.
Os cereais não refinados conservam os nutrientes que fazem bem ao or-
ganismo. Eles contêm quantidades balanceadas de nutrientes importantes,
como proteínas, carboidratos, gorduras, fibras alimentares, vitamina Bl, vi-
tamina E e minerais, como ferro e fósforo.
Qualquer que seja a qualidade do arroz branco, ele tem somente um
quarto dos nutrientes do arroz integral. A parte do germe contém muitos
72 A DIETA DO FUTURO

nutrientes, por isso, ao comer arroz refinado, é melhor deixar ao menos


essa parte intacta.
Muitas pessoas dizem que o arroz integral é difícil de cozinhar, mas hoje
em dia há dispositivos que facilitam muito o processo de cozimento. Exis-
te também o arroz integral hatsuga, que é apenas ligeiramente germinado.
Mesmo quem não sabe cozinhar arroz integral, consegue cozinhar muito
bem o arroz hatsuga.
O trigo não refinado também é muito bom, pois o trigo refinado perde
muito do seu valor nutricional. Para os amantes de pães e massas, a melhor
opção são os feitos com trigo integral.

POR QUE OS CARNíVOROS COMEM OS HERBíVOROS

A regra básica da alimentação é comer alimentos frescos.


Os alimentos frescos são melhores e quanto mais frescos eles são, maior
o seu conteúdo de enzimas. Essas enzimas mais tarde poderão transformar-
se em algumas das 3 mil enzimas necessárias ao funcionamento do corpo.
Existem incontáveis espécies de animais na Terra, e uma coisa que to-
dos eles têm em comum é o gosto por alimentos ricos em enzimas. Nós,
seres humanos, esquecemos essa regra básica da natureza? O homem ela-
bora teorias nutricionais modernas somente analisando e classificando os
nutrientes encontrados nos alimentos e contando as calorias. No entanto, o
fator mais importante, o fator enzimático, tem sido completamente omiti-
do. Assim, as pessoas comem muita comida morta sem nenhum conteúdo
de enzimas.
O mesmo pode-se dizer da ração para animais de estimação. As rações
de hoje em dia são totalmente desprovidas de enzimas. Por causa disso,
muitos animais sofrem de várias doenças. É por isso que não dou ração para
os meus cachorros. Em vez disso, eu os alimento com o arroz integral, que
eu também como. Pode parecer estranho cachorros comerem arroz integral,
mas eles ficam muito felizes quando lhes sirvo arroz integral salpicado com
non (algas). Eles também gostam de legumes, verduras e frutas. E até bri-
gam para comer talos de brócolis ligeiramente cozidos.
Ao falarmos de carnívoros, poderíamos pensar que eles precisam ape-
nas de carne, mas isso não é verdade. Eles também precisam de legumes e
verduras. Então, por que eles comem somente carne? Porque eles não têm
as enzimas para decompor os vegetais. Mas isso não quer dizer que eles não
tenham acesso a fontes externas de enzimas.
A ALIMENTAÇÃO DO FATOR ENZIMÁTICO 73

É possível compreender isso quando se observa que os carnívoros sel-


vagens só comem herbívoros. Depois de capturarem sua presa, a primeira
coisa que eles comem são os intestinos, onde as plantas ingeridas pelos
herbívoros juntamente com as enzimas estariam em processo de digestão.
Desse modo, o carnívoro adquire os vegetais que estavam sendo digeridos
no estômago e no intestino dos herbívoros.
Carnívoros só comem herbívoros, e herbívoros só comem plantas. Essa
é a lei da natureza. Se essa lei for ignorada, certamente haverá algumas con-
sequências. Um exemplo típico disso é a doença da vaca louca.
A causa da doença da vaca louca ainda não foi completamente esclare-
cida, mas o que sabemos é que o cérebro se transforma em uma esponja em
virtude de uma alteração nos príons, partículas de proteína desprovidas de
ácido nucleico. Então, qual a causa da alteração nos príons? As pesquisas
realizadas até o momento indicam que a doença da vaca louca se dissemi-
nou com a distribuição de alimentos que continham farinha de carne e osso
bovino (alimento produzido a partir de carne, couro e osso que sobram do
processamento da carne). As agências governamentais dos Estados Unidos
e do Japão, bem como de outros países, dizem que essa doença se deve à fa-
rinha de carne e osso geneticamente contaminada. Mas, na minha opinião,
alimentar bovinos herbívoros com farinha de carne e osso, em primeiro
lugar, contraria as leis da natureza.
Esse tipo de alimentação surgiu para atender aos interesses egoístas dos
seres humanos. É um alimento que aumenta a quantidade de proteína e cál-
cio do leite de vaca. O leite com maior teor de proteína e de cálcio pode ser
vendido mais caro. Assim, acredito que a doença da vaca louca seja causada
pelo egoísmo e pela arrogância dos seres humanos que ignoram as leis da
natureza.
Enfim, o tipo e a quantidade de alimentos que todos os animais, inclusi-
ve os seres humanos, devem comer são determinados pelas leis da natureza.
Não é possível levar uma vida saudável ignorando isso.

POR QUE OS HUMANOS TÊM 32 DENTES

Conforme expliquei anteriormente, a refeição ideal é composta por 85% de


alimentos de origem vegetal e 15% de alimentos de origem animal. Che-
guei a essas porcentagens, na verdade, com base no número de dentes dos
seres humanos. Os dentes refletem o tipo de alimento, que cada espécie
animal deve comer. Por exemplo, os dentes dos carnívoros são bastante
pontiagudos, como os caninos. É o tipo ideal para rasgar a carne do osso da
74 A DIETA DO FUTURO

presa. Em contraposição, os herbívoros têm dentes como os incisivos, finos


e quadrados, próprios para morder vegetais. Eles também têm molares, que
trituram as plantas depois de abocanhadas.
Pode parecer loucura contar os dentes dos animais para determinar
qual a melhor alimentação para eles, mas essa ideia não é tão nova assim.
No passado, muitos viam uma profunda ligação entre o tipo de dente e a
alimentação ideal.
Os seres humanos têm um total de 32 dentes (incluindo o dente do
siso). A distribuição é a seguinte: dois pares de incisivos (dentes da frente)
em cima e embaixo, um par de caninos e cinco pares de molares em cima
e embaixo. Assim, a proporção é de um canino para dois incisivos e cinco
molares, sendo um canino para comer carne e dois incisivos mais cinco
molares, totalizando sete, para comer alimentos de origem vegetal.
Se aplicarmos essa proporção entre vegetais e carnes, chegamos a sete
para um, o que sugere uma alimentação 85% de origem vegetal e 15% de
origem animal.
Resumindo a alimentação balanceada para o homem:

• A proporção entre os alimentos de origem vegetal e os de origem


animal é 85 a 90% para 10 a 15%, respectivamente.
• Ao todo, a porcentagem de grãos deve ser 50%, de hortaliças e frutas
35 a 40% e de carne 10 a 15%.
• Os cereais devem ser integrais e constituir 50% da alimentação.

Pode parecer desproporcionalmente grande a porcentagem dos vege-


tais, mas se observarmos o chimpanzé, animal que tem os genes mais pare-
cidos com os do homem (semelhança de 98,7%), veremos que ele tem uma
alimentação 95,6% vegetariana, cuja composição é 50% de frutas, 45,6%
de nozes, tubérculos e raízes e o restante é de origem animal, que consiste
basicamente em insetos, como formigas. Ele nem sequer come peixe.
Examinado o sistema gastrintestinal dos chimpanzés com um endoscó-
pio, notei que ele é tão semelhante ao do homem que, apenas olhando, não
é possível distinguir um do outro. O que mais me surpreendeu foram as
características intestinais saudáveis que eles apresentavam.
Os animais selvagens, ao contrário dos humanos, morrem imediata-
mente quando ficam doentes. Instintivamente, sabem que o alimento é a
base da vida e que protege a sua saúde.
Acredito que os humanos precisem aprender com a natureza e, com
mais humildade, retomar aos fundamentos básicos da alimentação.
A ALIMENTAÇÃO DO FATOR ENZIMÁTICO 75

POR QUE A MASTIGAÇÃO E A MODERAÇÃO FAZEM BEM À SAÚDE

No Capítulo 1, falei que o alimento bem mastigado era melhor para a


digestão do que o mingau, que não precisa ser mastigado. Mas há mui-
tos outros benefícios na boa mastigação, o maior deles é a economia de
enzimas- fonte.
Sempre tento mastigar cada bocado de 30 a 50 vezes. Quando mastigo
alimento normal, ele se transforma em um mingau que desce pela garganta
sem muito esforço. Mas, quando como alimentos rígidos ou que não di-
gerem bem, mastigo de 70 a 75 vezes. O corpo humano é projetado de tal
maneira que quanto mais se mastiga o alimento, mais as glândulas salivares
secretam saliva. A saliva é importante porque, bem misturada com ácido
gástrico e bile, proporciona uma digestão sem problemas.
A parede do intestino humano consegue absorver substâncias de até 15
mícrons (0,015 milímetro), e qualquer coisa que ultrapasse essa medida é
excretada. Assim, a maior parte do alimento que não for bem mastigado
será eliminada sem ser absorvida.
Quando digo isso, as mulheres jovens costumam raciocinar que se o
alimento não é absorvido elas não engordam. Mas, a situação não é simples
assim. Os alimentos que não são digeridos nem absorvidos são decompos-
tos e fermentados no intestino da mesma maneira que o excesso de comida.
A decomposição origina várias toxinas, que exaurem grandes quantidades
de enzimas.
Ademais, como existe uma diferença nos índices de absorção de ali-
mentos de fácil digestão e de difícil digestão, a carência de determinados
nutrientes persiste mesmo com uma alimentação balanceada. Há o risco
específico de perda de elementos-traço.
Ultimamente é cada vez maior o número de pessoas que engordam de-
vido ao excesso de calorias, mas, que, ainda assim, têm falta de nutrientes
essenciais. Normalmente, esse aumento de peso é causado por uma com-
binação de alimentação desequilibrada com mastigação deficiente, o que
acarreta má digestão e má absorção dos alimentos.
A boa mastigação é, na verdade, ainda mais necessária àqueles que que-
rem emagrecer, pois as refeições demoram muito mais. Durante a ingestão
dos alimentos, o nível de açúcar no sangue aumenta e o apetite diminui, o
que ajuda a comer menos. Mastigando bem, a sensação de saciedade chega
mais rápido. Desse modo, não é preciso empregar tanta força de vontade
para conseguir reduzir a quantidade de comida; o apetite e a fome dimi-
nuem naturalmente.
76 A DIETA DO FUTURO

Outro benefício de mastigar bem é o extermínio dos parasitas. Hoje


em dia, não vemos insetos nas verduras, mas ainda há muitos parasitas no
bonito, na lula e nos peixes de água doce. São extremamente pequenos e
quando não são bem mastigados, são engolidos no estado em que se en-
contram, passando a viver nos órgãos internos da pessoa que os consumiu.
Entretanto, mastigar esses alimentos entre 50 e 70 vezes pode matar esses
parasitas na boca.
Ao escolher bons ingredientes para as refeições, naturalmente a opção
deverá ser por verduras e legumes orgânicos e peixes criados em ambientes
selvagens, em vez de cultivados. Esses alimentos podem ter muitos insetos
por serem criados de forma natural, mas não é preciso temer parasitas e
insetos quando se sabe que a boa mastigação protege contra qualquer dano
em potencial.
Algumas pessoas acham que quanto mais se mastiga, mais saliva é se-
cretada e um maior número de enzimas é usado. Mas não é o que acontece.
A mastigação dos alimentos reduz o número de enzimas necessárias à sua
digestão no estõmago, além de inibir o apetite de forma natural. Quando a
quantidade de alimentos diminui, o número de enzimas usadas na digestão
e na absorção também diminui. Portanto, considerando-se o corpo como
um todo, a boa mastigação economiza enzimas.
Isso significa que o processo de digestão não precisa recorrer às enzi-
mas-fonte, restando uma quantidade maior para ser usada na homeostase,
na desintoxicação, no reparo e no suprimento de energia do corpo. Desse
modo, a resistência corporal e o sistema imunológico melhoram, propician-
do uma vida mais longa.
Além disso, quando os alimentos não são ingeridos em excesso, a maior
parte deles será totalmente digeri da e absorvida, reduzindo a probabilidade
de putrefação de alimentos não absorvidos e de formação de toxinas no
intestino. Também não haverá necessidade de usar enzimas para desinto-
xicação. O fato é que, em seis meses, a Alimentação e o Estilo de Vida do
Fator Enzimático trarão muitos benefícios ao estômago e ao intestino, além
de eliminar os odores desagradáveis de gases e fezes.
Não importa a boa qualidade do alimento ou o quanto os nutrientes
possam ser indispensáveis, a ingestão excessiva de alimentos causa danos à
saúde. O ideal é adotar uma alimentação balanceada, consumir alimentos
naturais e frescos e mastigar bem. Com isso, as enzimas-fonte serão preser-
vadas, propiciando uma vida longa e saudável.
A ALIMENTAÇÃO DO FATOR ENZIMÁTICO 77

NÃO É POSSíVEL SER SAUDÁVEL COMENDO


ALIMENTOS COM GOSTO HORRíVEL

Neste capítulo, falei sobre os alimentos que ajudam a sustentar a vida e os


que fazem mal à saúde. A diferença entre eles está nas enzimas e no frescor.
Também falei dos alimentos devidamente equilibrados que fazem bem à
saúde e como consumi-los.
Durante o processo evolutivo, o homem aprendeu a cozinhar sua comi-
da. Também aprendeu a saborear e a conservar vários tipos de alimentos.
O problema é que, no processo de cozimento, muitas enzimas preciosas se
perdem.
Na vida selvagem, nenhum animal come comida cozida. Também não
comem alimentos refinados ou processados. Assim, alguns pesquisadores
da área de alimentação e saúde defendem o abandono total dos alimentos
processados e o retorno aos alimentos crus.
Entretanto, não acredito que essa seja a abordagem correta. Para que
uma pessoa tenha uma vida saudável, é importante que ela tenha a sensação
de prazer e bem-estar. Para os seres humanos, os alimentos são uma grande
fonte de prazer. Não é possível ser saudável quando somos obrigados a co-
mer alimentos com gosto ruim.
Portanto, a Alimentação e o Estilo de Vida do Fator Enzimático aliam
ambos, o prazer da comida e a alimentação apropriada, como fatores impor-
tantes à saúde. Reiterando os pontos principais da alimentação e do estilo
de vida que recomendo:

• A proporção de alimentos de origem vegetal e de origem animal deve


ser 85 a 90% e 10 a 15%, respectivamente.
• Os grãos devem constituir 50% dos alimentos; hortaliças e frutas 35
a 40% e alimentos de origem animal 10 a 15%.
• Os grãos não devem ser refinados e, no total, devem constituir 50%
da refeição.
• Os alimentos de origem animal devem ser provenientes de animais
que tenham a temperatura corporal mais baixa do que a do homem,
como os peixes.
• Os alimentos devem ser frescos e não refinados, se possível na forma
natural.
• O leite e seus derivados devem ser evitados o máximo possível (pes-
soas com intolerância à lactose, predisposição a alergias ou que não
78 A DIETA DO FUTURO

gostam de leite e seus derivados devem evitar esses alimentos suma-


riamente).
• A margarina e a fritura devem ser evitadas.
• Os alimentos devem ser bem mastigados (40 a 70 vezes cada bocado)
e as refeições devem ser pequenas.

Não será muito difícil manter o prazer das refeições se o mecanismo do


corpo humano e as leis da natureza e esses pontos mais importantes forem
respeitados. A maneira mais fácil de fazer isso é criar o hábito na infância.
Se você tem prazer em comer, não há nenhum problema em comer um
bife grosso, um queijo ou beber álcool de vez em quando. Se você relaxar
5% do tempo e permanecer atento nos outros 95%, as enzimas-fonte con-
tinuarão a proteger sua saúde, que resulta do acúmulo de hábitos de longo
prazo.
O importante é adotar um estilo de vida saudável, duradouro e pra-
zeroso.
CAPíTULO 3

Hábitos dos ricos e saudáveis

empre há uma razão para as pessoas ficarem doentes. Seus hábitos ali-
S mentares são desorganizados, a maneira como comem é errada, o estilo
de vida que adotam é caótico ou a soma de tudo isso.
A partir de 1990, os índices de câncer e de morte por câncer nos Esta-
dos Unidos começaram a cair. Acredito que isso esteja acontecendo por-
que, depois da apresentação do relatório McGovern em 1977, o governo
norte-americano publicou diretrizes para uma alimentação adequada que,
aos poucos, foram penetrando na sociedade do país.
Atualmente, nos Estados Unidos, quanto mais elevado o nível social
das pessoas, maior a seriedade com que elas encaram a sua alimentação. Os
hábitos alimentares dos norte-americanos de maior poder aquisitivo, ou da
chamada "classe alta", são muito saudáveis hoje em dia. Essas pessoas estão
comendo mais frutas e hortaliças, e as carnes gordurosas são cada vez mais
raras em suas mesas. Assim, nessa faixa da sociedade há menos pessoas
acima do peso, embora a obesidade tenha atingido proporções epidêmicas
na sociedade norte-americana. Dizem que, nos Estados Unidos, uma pessoa
obesa não consegue chegar à presidência de uma empresa, pois, como ela
não consegue administrar nem a própria saúde, é provável que também não
consiga administrar uma empresa.
Qual o motivo da distância entre os hábitos alimentares da classe socio-
econômica elevada e os das outras classes?
Um dos problemas é o custo. O custo dos alimentos mais frescos, como
hortaliças e frutas, bem como de alimentos orgânicos cultivados sem agro-
tóxicos ou fertilizantes químicos, é muito elevado. Normalmente, quanto
melhor o alimento, mais alto o preço. Sendo assim, atualmente existe uma
separação entre a classe rica e saudável e a maioria não saudável dos Es-
tados Unidos. Não acredito que essa tendência se reverta, uma vez que os
hábitos alimentares de cada classe social passam de pai para filho.

79
80 A DIETA DO FUTURO

A MAIORIA DAS DOENÇAS É CAUSADA PELOS HÁBITOS,


E NÃO PELA HEREDITARIEDADE

Existem muitas pessoas que, ao atingir a meia-idade ou a velhice, desenvol-


vem as mesmas doenças que seus pais, como diabetes, hipertensão, doenças
cardíacas e câncer. Quando isso acontece, alguns dizem: "Eu ter câncer era
inevitável, pois na nossa família é comum." Não vou negar a participação
dos fatores genéticos, mas uma das grandes causas das doenças hereditárias
é a herança dos hábitos causadores da doença.
Os hábitos da dona de casa são impressos no subconsciente dos filhos à
medida que eles crescem. A preferência por determinados alimentos, méto-
dos de cozimento, estilos de vida e valores varia de família para família, mas
pais e filhos que vivem no mesmo ambiente doméstico compartilham pra-
ticamente as mesmas preferências. Em outras palavras, os filhos são mais
propensos a desenvolver as mesmas doenças dos pais, não porque herdam
os genes causadores da doença, mas porque herdam os hábitos de vida que
favorecem o aparecimento da doença.
Se os filhos herdarem bons hábitos, como a opção por ingredientes fres-
cos e água de boa qualidade, adotarem um estilo de vida apropriado e não
tomarem medicamentos terão mais facilidade para se manter saudáveis. No
entanto, a herança de maus hábitos, como o consumo de grandes quanti-
dades de alimentos oxidados, o alto consumo de medicamentos e um estilo
de vida inadequado, provavelmente afetará a saúde dos filhos ainda mais do
que afetou a dos pais.
Portanto, as crianças herdam os hábitos dos pais, tanto os bons como os
maus. Adultos que desde pequenos foram ensinados por seus pais a tomar
leite porque faz bem, provavelmente estejam tomando leite até hoje porque
as palavras dos pais ficaram gravadas em suas mentes. Somente com uma
reflexão cuidadosa sobre nossos hábitos, tendo como referência as melhores
informações nutricionais e assumindo a responsabilidade por nossa alimen-
tação, é que conseguiremos transmitir mais saúde para a próxima geração.

OS HÁBITOS MODIFICAM OS GENES

Quanto mais velhos ficamos, maior a dificuldade de mudar nossos hábitos.


Além dessa dificuldade imposta pela idade, os hábitos gravados em nossa
mente quando éramos jovens costumam perdurar pela vida toda. Por isso, é
importante incutir bons hábitos na mente das crianças desde muito cedo.
HÁBITOS DOS RICOS E SAUDÁVEIS 81

A educação infantil é objeto de muitas pesquisas, porém quase todas


focalizam o desenvolvimento cerebral e o aprimoramento das habilidades
de concentração das crianças, às vezes tão pequenas que ainda nem sequer
têm a capacidade de se lembrar das coisas. No entanto, na área de conscien-
tização dos problemas de saúde quase não há estudos. O desenvolvimento
intelectual é importante para os fins educacionais e sociais, porém o conhe-
cimento profundo de como os hábitos alimentares são impressos na mente
das crianças não é menos importante. Ainda que frequentem boas escolas,
as crianças não conseguirão ter uma vida plena se não tiverem um organis-
mo saudável.
A maioria dos norte-americanos come em lanchonetes ou restaurantes,
delega aos médicos a responsabilidade de cuidar de sua saúde e sabe muito
pouco a respeito dos medicamentos que toma. Como médico, observo que
é grande o número de pessoas que não conhecem quase nada sobre medica-
mentos. Acredito que a saúde seja basicamente determinada pelos hábitos e
pelo estilo de vida herdados dos pais.
Por exemplo, se os pais têm falta de enzimas para degradar o álcool, o
filho também terá. No entanto, se o filho for aumentando gradativamente
o consumo de álcool, o número de enzimas usadas pelo seu fígado também
aumentará e, com o tempo, ele acabará consumindo bebida alcoólica em
quantidade razoável. Em suma, o filho pode desenvolver sua tolerância ao
álcool.
Isso é particularmente verdadeiro se os pais, que não tinham enzimas
suficientes para decompor o álcool, acabarem desenvolvendo tolerância. É
provável que os filhos desses pais acreditem que também podem desenvol-
ver tolerância se continuarem insistindo. Por outro lado, se os filhos virem
os pais, que não têm tolerância ao álcool, abster-se de beber, provavelmente
aceitarão o fato de que também não podem beber.
Talvez esse não seja o melhor exemplo, mas a verdade é que os bons
hábitos se sobrepõem aos maus genes.
Ainda que o pai tenha os genes do câncer, se o filho cuidar da própria
saúde, adotar um estilo de vida saudável e viver a vida de maneira natural,
ensinará aos seus próprios filhos que tais genes não precisam necessaria-
mente levar ao câncer, além de ensinar-lhes a prevenção dessa doença. As-
sim como os hábitos alimentares e o estilo de vida passam de geração para
geração, "os genes do câncer" certamente enfraquecerão de uma geração
para outra. Em outras palavras, a herança de bons hábitos pode "modifi-
car" os genes.
82 A DIETA DO FUTURO

o fato de algumas crianças terem sido criadas sem o leite materno não
quer dizer que terão uma saúde frágil na idade adulta. Crianças alimentadas
com mamadeira, porque a mãe não consegue amamentá-Ias, desenvolvem
alergias com mais facilidade do que as outras. No entanto, depois de terem
abandonado a mamadeira, se adotarem uma boa alimentação e hábitos sau-
dáveis, não desenvolverão doenças relacionadas ao estilo de vida quando
envelhecerem.
Por outro lado, se as crianças amamentadas com leite materno, que é o
mais saudável, mais tarde adotarem maus hábitos, como consumo elevado
de carne, derivados do leite e alimentos oxidados com aditivos, ficarão sus-
cetíveis a doenças.
As pessoas nascem com determinado número de fatores hereditários,
mas, com força de vontade, os hábitos podem ser mudados. São eles que
determinam a transformação dos fatores hereditários em positivos ou nega-
tivos. Os mesmos hábitos que salvam uma pessoa também podem salvar a
sua próxima geração.

OS PIORES HÁBITOS SÃO

O ALCOOLISMO E O TABAGISMO

Os médicos ainda são muito dependentes de cirurgias e medicamentos, e


parece que são poucos os que tentam conscientizar seus pacientes a respei-
to de hábitos alimentares, apesar de saberem que o câncer, a cardiopatia, o
diabetes e muitas outras doenças estão amplamente relacionados à alimen-
tação.
No entanto, mesmo com a melhora marcante da alimentação, somente
isso não será suficiente para impedir totalmente o desenvolvimento de al-
gumas doenças, pois, além da alimentação, existem muitos outros fatores
capazes de exaurir as enzimas-fonte. Para proteger a saúde, além da alimen-
tação adequada, é preciso o desejo consciente de eliminar outros hábitos
prejudiciais.
Os piores hábitos são o alcoolismo e o tabagismo. Eles são os piores
porque causam dependência, e muitas pessoas não conseguem passar um
dia sem consumir bebida alcoólica ou ~umar.
É possível reconhecer um fumante só pelo seu rosto. A pessoa que fuma
tem uma pele cinzenta peculiar. Essa cor acinzentada deve-se à impossibi-
lidade de excretar os resíduos e as substâncias em decomposição, além da
constrição dos capilares, que impede o fornecimento de oxigênio às células.
HÁBITOS DOS RICOS E SAUDÁVEIS 83

Resumindo, a cor acinzentada decorre do acúmulo de toxinas nas células


da pele.
Quando o assunto são os males do tabagismo, o foco normalmente recai
sobre o acúmulo de alcatrão nos pulmões. Mas, igualmente grave e preju-
dicial ao organismo é a constrição dos capilares do corpo todo. Quando
os capilares se contraem, os líquidos não conseguem fluir pelo corpo. Se
os líquidos não fluem, não conseguem transportar os nutrientes a todas as
partes do corpo nem fazer a coleta de todos os resíduos excretados. Con-
sequentemente, os resíduos se acumulam e se degradam, dando origem a
toxinas. O tom escuro da pele é fácil de ver, porém, as mesmas coisas estão
ocorrendo no interior do corpo, principalmente nas partes ligadas às extre-
midades dos capilares.
Os vasos sanguíneos de uma pessoa que tem o hábito de consumir ál-
cool se contraem da mesma maneira que os de um fumante. Existe a crença
de que uma pequena quantidade de álcool dilata os vasos sanguíneos e me-
lhora a circulação sanguínea, mas dependendo do tipo de bebida alcoólica,
o vaso sanguíneo só fica dilatado durante duas a três horas. O fato é que,
na verdade, essa "dilatação dos vasos" acaba provocando constrição. De-
pois da ingestão de bebida alcoólica, os vasos sanguíneos se dilatam repen-
tinamente. O organismo tenta reagir a essa dilatação repentina dos vasos
contraindo-os. A constrição impede a absorção dos nutrientes e a excreção
dos resíduos, levando aos mesmos problemas causados pelo tabagismo.
Desse modo, o alcoolismo e o tabagismo originam grandes quantidades
de radicais livres no organismo. E o que consegue neutraliza-Ios são o agen-
te antioxidante SOD e as enzimas antioxidantes, como catalase, glutationa
e peroxidase. Sabe-se que o hábito de fumar destrói grandes quantidades de
vitamina C, que é um agente antioxidante.
Para neutralizar os radicais livres, são necessárias grandes quantidades
de enzimas antioxidantes. Como se não bastassem os radicais livres gerados
pelos fatores da vida cotidiana que escapam ao nosso controle - como as
ondas eletromagnéticas e a poluição ambiental - as pessoas ainda con-
somem deliberadamente coisas, como o tabaco e o álcool, que poderiam
evitar. A produção de grandes quantidades de radicais livres significa o con-
sumo das preciosas enzimas-fonte.
As enzimas se esgotam rapidamente com o uso contínuo, da mesma ma-
neira como uma pessoa que não paga a fatura do cartão de crédito entra ra-
pidamente na relação de inadimplentes. Boa alimentação e bons hábitos são
a mesma. coisa que economizar dinheiro. Mas, se o inadimplente continuar
gastando grandes somas diárias, a dívida se acumulará assustadoramente
84 A DIETA DO FUTURO

e os credores acabarão batendo à sua porta. No caso das enzimas, quem


baterá à porta será a doença. O gasto contínuo sem o pagamento da dívida
acarretará a falência. Em termos de saúde, a falência é mais grave do que a
financeira. Ela resulta em morte.

HÁBITOS QUE PODEM CURAR A SíNDROME DA APNEIA DO SONO

Muitas pessoas têm hábitos que causam doenças. No entanto, algumas po-
dem ser curadas se os hábitos forem alterados. Um exemplo de cura pela
mudança de hábito é o da síndrome da apneia do sono, que ultimamente
tem sido alvo das atenções.
A síndrome da apneia do sono é uma doença em que a respiração é
interrompida de maneira intermitente durante o sono. Quando dormimos,
nossos músculos relaxam, e o palato duro abaixa e estreita o trato respi-
ratório, interrompendo a respiração temporariamente e provocando uma
sensação de asfixia. Como esses episódios são frequentes durante a noite,
a qualidade do sono fica muito prejudicada, o que provoca excessiva sono-
lência diurna e dificuldade de concentração.
Esse transtorno não oferece risco de morte por asfixia durante o sono.
Todavia, além de deprimir as funções imunológicas e metabólicas, o sono
fragmentado representa uma sobrecarga para o sistema circulatório, aumen-
tando a possibilidade de cardiopatia ou acidente vascular cerebral em 3 a 4
vezes, o que a torna uma doença grave.
Setenta a oitenta por cento dos portadores dessa doença são obesos. No
início, pensava-se que a obesidade causava a apneia do sono por estreitar o
trato respiratório, mas as pesquisas não confirmam essa relação.
Existem três classificações para a apneia: "apneia obstrutíva", quando
o trato respiratório fica obstruído; "apneia central", quando a atividade do
centro respiratório diminui; e "apneia mista", que é uma mistura dos dois
primeiros tipos. De fato, há um método fácil para curar a "apneia obstruti-
va", que é a mais comum das três. O método consiste em não comer nada
quatro ou cinco horas antes de dormir. Em palavras mais simples, para
curar a apneia do sono, deve-se dormir com o estômago vazio.
A traqueia humana éprojetada de maneira a permitir somente a passa-
gem do ar. No entanto, se houver alimentos no estômago durante o sono,
esse conteúdo subirá do estômago para a garganta. Nesse caso, o trato res-
piratório se estreita e interrompe a respiração para impedir a entrada do
conteúdo na traqueia.
HÁBITOS DOS RICOS E SAUDÁVEIS 85

o fato de a maior parte das pessoas que têm apneia ser obesa reforça
minha hipótese. A ingestão de alimentos antes de dormir exige grandes
quantidades de insulina, que sem fazer distinção entre proteína e carboidra-
to, transforma tudo em gordura. Assim, é muito mais fácil engordar quando
se tem o hábito de comer tarde da noite, mesmo ingerindo-se alimento do
tipo que não engorda. Em outras palavras, a síndrome da apneia do sono
não é consequência da obesidade. Na verdade, o hábito de comer antes de
dormir é que causa a apneia do sono e a obesidade.
Comer antes de dormir é um péssimo hábito.
Algumas pessoas costumam tomar uma dose de bebida alcoólica antes
de se deitar, pensando que é melhor fazer isso do que tomar remédio para
dormir, mas esse hábito é perigoso. A bebida alcoólica pode dar a sensação
de que facilita a chegada do sono, mas, na verdade, ela aumenta a probabi-
lidade de interrupções intermitentes da respiração, que causam o declínio
do nível de oxigênio no sangue. A falta de oxigênio no músculo cardíaco
pode levar à morte pessoas que sofram de arteriosclerose e estreitamento
das coronárias.
Muitas pessoas morrem de infarto do miocárdio ao amanhecer porque o
refluxo ácido provocado pelo consumo de bebida alcoólica e comida antes
de dormir pode causar obstrução do trato respiratório, irregularidade respi-
ratória e redução do nível de oxigênio no sangue e no músculo cardíaco.
A ingestão de alimentos acompanhados de bebida alcoólica antes de
dormir aumenta o risco de infarto, pois o álcool reprime o centro respira-
tório, reduzindo ainda mais o oxigênio do sangue. As pessoas que dispõem
de poucas enzimas para decompor o álcool exigem atenção redobrada, pois
o álcool permanece no sangue por mais tempo.
Algumas pessoas oferecem leite quente aos filhos na hora de dormir,
achando que isso os ajudará a ter um bom sono, o que não é uma boa ideia.
Mesmo que as crianças jantem por volta das seis horas, elas ainda terão ali-
mento no estõmago quando forem dormir, pois elas vão para a cama mais
cedo do que os adultos. Tomar leite depois do jantar aumenta ainda mais
a probabilidade de refluxo. A consequência será respiração irregular e até
mesmo interrupções momentâneas da respiração. Quando a criança inspira
profundamente, inala leite, que pode facilmente transformar-se em alérgeno.
Na verdade, acredito que essa seja uma das causas da asma infantil.
Embora essa teoria ainda precise ser comprovada, os dados de meus pa-
cientes revelam que muitos portadores de asma na infância eram colocados
na cama logo após o jantar ou ingeriam leite antes de dormir.
86 A DIETA DO FUTURO

o hábito de dormir de estômago vazio previne doenças, como asma


infantil, síndrome da apneia do sono e infarto do miocárdio.
Se, no entanto, não for possível suportar a fome à noite, a melhor opção
é comer uma fruta fresca com alto teor de enzima cerca de uma hora antes
de dormir. As enzimas das frutas são extremamente digestivas e levam 30
a 40 minutos para chegar ao intestino. Portanto, se a fruta for consumida
uma hora antes de dormir, não haverá nenhum motivo para preocupação.

BEBA ÁGUA UMA HORA ANTES DAS REFEiÇÕES

Um de meus "bons hábitos" é tomar cerca de meio litro de água uma hora
antes das refeições.
As pessoas costumam dizer que faz bem tomar muita água todos os dias,
mas assim como há a hora certa para as refeições, também há a hora certa
para beber água. Tenho certeza de que as pessoas que cultivam plantas en-
tenderão o que quero dizer. O excesso de água apodrece as raízes, fazendo
com que as plantas murchem e morram. As plantas devem ser regadas na
hora certa e na quantidade adequada, e o mesmo deve acontecer com os
seres humanos em relação ao consumo de água.
A maior parte do corpo humano é composta por água. Nos bebês e nas
crianças pequenas a porcentagem é de aproximadamente 80%, nos adultos
60 a 70% e nos idosos 50 a 60%. Os bebês têm pele bonita por causa do ele-
vado teor de água nas células. O corpo humano requer grande quantidade
de água fresca e de boa qualidade.
A água que entra pela boca é absorvida pelo sistema gastrintestinal an-
tes de ser distribuída a todas as células do corpo pelos vasos sanguíneos. O
consumo abundante de água melhora o fluxo do sangue, promovendo um
metabolismo eficiente. A água de boa qualidade também tem o efeito de
reduzir o nível de colesterol e triglicerídeos do sangue. Assim, os adultos
devem ingerir no mínimo 6 a 8 copos de água por dia, e os idosos no míni-
mo 5 copos.
Qual a hora certa para beber água?
O excesso de água antes das refeições preenche o estômago, reduzindo
o apetite. A ingestão de água durante as refeições dilui as enzimas digestivas
do estômago, dificultando a digestão e a absorção dos alimentos. Assim, se
for impossível resistir à água durante as refeições, a quantidade não deve
ultrapassar um copo.
Alguns médicos aconselham seus pacientes a beber água antes de dor-
mir ou ao acordar durante a noite - mesmo que não tenham sede - para
..

HÁBITOS DOS RICOS E SAUDÁVEIS 87

afinar o sangue. Entretanto, sou contra essa prática. Beber água antes de
dormir pode causar refluxo. Mesmo que seja só água, se ela se misturar
com o ácido gástrico e entrar na traqueia e nos pulmões, poderá causar
pneumonia.
A maneira ideal de suprir o corpo é beber água de manhã ao acordar e
uma hora antes de cada refeição. Se for somente água, ela passará do estô-
mago para o intestino em 30 minutos e, consequentemente, não prejudica-
rá a digestão nem a absorção.
É assim que distribuo a minha ingestão de água durante o dia:

• 1 a 3 copos de manhã ao acordar.


• 2 a 3 copos uma hora antes do almoço.
• 2 a 3 copos uma hora antes do jantar.

Obviamente, essa é apenas uma das maneiras de distribuir a ingestão


de água. No verão, todos precisam de mais água, principalmente os que
suam intensamente. Todavia, o excesso pode causar diarreia em pessoas
que têm sistema gastrintestinal frágil. A quantidade certa de água depende
do tamanho e da necessidade de cada um. Se seis copos causam diarreia, o
melhor é reduzir para um copo e meio, três vezes ao dia, e ir aumentando a
quantidade gradativamente.
No frio, é bom aquecer ligeiramente a água antes de ingeri-Ia. A inges-
tão deve ser lenta. A água fria esfria o corpo. Acredita-se que a temperatura
corporal em que as enzimas se tornam mais ativas é em torno de 36 a 40°C.
Sabe-se que se a temperatura corporal aumentar 0,17°C dentro desse limite,
a eficiência do sistema imunológico aumentará 35%. Acredito que a febre
costuma acompanhar as doenças porque a temperatura corporal mais ele-
vada ativa as enzimas.

A ÁGUA EAS ENZIMAS-FONTE FORMAM UMA BOA eARCEBIA

A água exerce muitas funções no organismo humano, mas a principal delas


é a melhora do fluxo sanguíneo e do metabolismo. Ela também ativa as
enzimas e a flora bacteriana do intestino, além de excretar os resíduos e as
toxinas. A água de boa qualidade também elimina as dioxinas, os poluentes,
os aditivos alimentares e os carcinógenos do organismo.
Por isso, as pessoas que não bebem muita água ficam doentes com mais
facilidade.
88 A DIETA DO FUTURO

Por outro lado, as pessoas que bebem água de boa qualidade em abun-
dância ficam menos doentes. Quando a água umedece as áreas do corpo
mais suscetíveis à invasão de bactérias e vírus, como os brônquios e a
mucosa gastrintestinal, o sistema imunológico é ativado, dificultando essa
invasão.
A falta de água, ao contrário, causa a desidratação e o ressecamento da
mucosa brônquica. Assim, o catarro e o muco aderem às paredes dos brôn-
quios, transformando-os em um solo fértil para bactérias e vírus.
A água não só está presente nos vasos sanguíneos como também de-
sempenha um papel ativo nos vasos linfáticos, ajudando a preservar nossa
saúde. Se os vasos sanguíneos são o rio do corpo humano, o sistema linfáti-
co é o cano de esgoto. Ele desempenha importantes funçôes de purificação,
filtragem e transporte de excesso de água, proteínas e resíduos pela corrente
sanguínea. Os vasos linfáticos contêm anticorpos chamados gamaglobu-
linas, que exercem funçôes imunológicas, e enzimas chamadas lisozimas,
que têm efeitos antibacterianos. Para que o sistema imunológico funcione
adequadamente, a água de boa qualidade é uma necessidade absoluta.
A água é vital para todas as partes do corpo. Sem a quantidade apropria-
da de água, o organismo não consegue se sustentar. É por isso que as plan-
tas não crescem no deserto. Para crescer, elas precisam de luz solar, solo e
água. Não bastam apenas luz solar e terra. Sem água a planta enfraquece e
morre, porque não consegue absorver os nutrientes.
No ser humano, se a água não for distribuída adequadamente, não só
ele ficará desnutrido, como também os resíduos e as toxinas se acumularão
no interior das células sem serem eliminados. Em um cenário pior, as toxi-
nas acumuladas danificarão os genes das células, fazendo com que elas se
transformem em cancerosas.
Seja a melhora dos fluxos do sistema gastrintestinal, do linfático ou
do sanguíneo, o fato é que a água tem funçôes muito importantes no or-
ganismo.
Fornecer nutrientes a 60 trilhões de células e receber e eliminar os seus
resíduos são microfunções da água. Essas microfunções que produzem
energia e decompõem os radicais livres também exigem a participação de
muitas enzimas.
Em outras palavras, se a água não for distribuída com precisão para os
60 trilhões de células, as enzimas não serão capazes de realizar essas fun-
ções de maneira adequada. Para que elas funcionem bem, há necessidade
não só de vários elementos-traço, como vitaminas e sais minerais, como
também de um meio de transporte para esses nutrientes, ou seja, a água.
HÁBITOS DOS RICOS E SAUDÁVEIS 89

Além disso, estima-se que a quantidade média de água excretada por


dia, incluindo o suor evaporado, corresponde a dez copos e meio. Obvia-
mente, existe água nos alimentos, mas, mesmo levando isso em considera-
ção, é necessário repor no mínimo seis ou sete copos de água por dia.
Quando digo às pessoas para beber líquido em abundãncia, algumas
dizem: "Eu não bebo muita água, mas bebo muito chá e café." Para o cor-
po humano, no entanto, é muito importante a ingestão de água. Líquidos,
como chá, café, bebida carbonatada e cerveja, em vez de hidratar o organis-
mo, desidratam. O seu conteúdo de açúcar, cafeína, álcool e aditivos rouba
líquidos das células e do sangue, tornando-o mais espesso.
É comum as pessoas tomarem um copo de cerveja nos dias quentes
de verão ou depois da sauna. Embora a cerveja seja um meio refrescante
de matar a sede, as pessoas de meia-idade e os idosos com colesterol alto,
hipertensão ou diabetes têm maior probabilidade de sofrer infarto do mio-
cárdio ou acidente vascular cerebral caso tentem repor com cerveja a água
perdida na transpiração.
Devemos nos habituar a saciar a sede com água de boa qualidade, em
vez de cerveja, chá ou café. É desse líquido que o corpo realmente precisa.

!_ ~"ÁGUA iJE B9A qYALI[)APÉ"~JJMA ÁGUA COM


BOAS CARACTERíSTICAS DESOXIDANTES

Certamente, agora já é possível compreender a importãncia de beber água


de boa qualidade. Mas talvez ainda seja necessário esclarecer o que significa
água de boa qualidade.
Quando digo "água de boa qualidade", duvido que alguém pense que
a água da torneira se encaixe nessa definição. Além do cloro, que é usado
como desinfetante, a água da torneira também contém dioxinas e carcinó-
genos, como tricloroetileno e trifenilmetano. Esse tipo de água atende a
determinados níveis de segurança quanto a essas substâncias, porém ainda
contém toxinas.
A água da torneira é esterilizada com cloro, que é bactericida, porém,
adicionado à água, produz grandes quantidades de radicais livres. Como
eles matam os micro-organismos, as pessoas consideram a água "limpa" de-
pois de receber cloro. Esse tipo de esterilização mata os micro-organismos,
mas oxida a água.
O grau de oxidação da água pode ser medido pelo "potencial elétrico de
redução e oxidação". A oxidação é um processo prejudieial à água, em que
as moléculas perdem elétrons. A redução é o processo oposto, em que as
90 A DIETA DO FUTURO

moléculas ganham elétrons, melhorando a qualidade da água. Com base na


medição desses elétrons é possível determinar se a água oxidará ou reduzirá
outras substâncias. Por isso, quanto mais baixo o potencial elétrico, mais
forte o poder de redução da água (isto é, o poder de reduzir outras substân-
cias); enquanto a água com potencial elétrico mais elevado terá maior pro-
babilidade de oxidar outras substâncias. Então, como é possível encontrar
"água de boa qualidade" e com alto poder de redução?
A água com alta capacidade de redução ("água de Kangen") pode ser
gerada por meios elétricos ..Existem purificadores por íons que criam esse
tipo de água por.meio d~ eletrólise
o
'

, • Os purificadores por..J2ns alc-~linos e os purificadores por íons nega;.


tivos também usam o mesmo mef_~~.~~º.'p'ªra"p~QQ}lziL<!g..l!-ª..J;;ºm
poder
de.redução, mas quando ocorre a eletrólise nesses dispositivos, minerajs,
como o cálcio e o magn_~~.0~Ies~l!!~?...!lª-.águaligam-se aos cátodos. Por-
tap.to, a água tratada eletricamenteJ?od~sonter mais minerais. Além diss\"
a eletrÓlise prodJJZ hidrogênio ativo, que serve para remover o excesso de
radicais livres do orga1!isIp9 Esses purificadores removem o cloro e as
substâncias químicas encQ!!J;raclasJ1a água da torneira. O resultado é uma
_<;íguapura, cristalina, alcalina e repleta de minerais, ~e cham~ de "ágt;a
de boa qualidade". '
Ultimamente, tem-se falado sobre "agrupamentos" de pequenas molé-
culas da água como requisito de boa qualidade. Mas, no momento, as opi-
niões sobre essas moléculas estão divididas e ainda não há conclusão clara
a esse respeito.
Em outras palavras, água boa significa água com forte poder de redução
e livre de poluição por substâncias químicas.
Existem muitas marcas de água mineral, tanto nacionais como impor-
tadas. Entre os minerais encontrados na água, o cálcio e o magnésio têm
especial importância para os seres humanos. Na verdade, o equilíbrio des-
ses dois minerais é muito importante. O cálcio que entra no corpo não
fica no líquido que circunda as células, mas permanece em seu interior. O
acúmulo de cálcio no interior das células causa arteriosclerose e hiperten-
são. Entretanto, o consumo simultâneo da-.9..':l_antidade
correta de magnésio
pode evitar esse acúmulo, A proporcão adequada de cálcio e magnésio é :?-
para L A água d_~-p-rofundez.asdos ocea.QQ~J:jJl~LrjcaJ:~.ID...mªgn~sio,é
uma.
"água dura" que também pode ser chamada de "água de boa qualidade",
pois, além de magnésio. e cálçio, ela_çOIlt~mfeIIQ,u_cºbIe~Jlg.ore outrgs
minerais.
HÁBITOS DOS RICOS E SAUDÁVEIS 91

A propósito, a dureza da água pode ser calculada usando-se a seguinte


fórmula:

(Quantidade de cálcio x 2,5) + (Quantidade de magnésio x 4,1) = Dureza.

A água com valor mineral inferior a 100 é considerada "água mole" e


superior a 100, "água dura". Mas essas águas minerais têm um problema
que merece atenção. O armazenamento em garrafas PET ou plásticas por
longo tempo diminui o seu poder de redução gradativamente.
Ademais, consumir somente água mineral engarrafada custa tempo e
dinheiro. Para se ter água potável em abundãncia todos os dias tanto para
beber como para cozinhar, o melhor é comprar um purificador com grande
poder de redução.
Além disso, a ingestão de água gelada faz com que o corpo tente aquecê-
Ia o mais rápido possível, usando vários meios para elevar a temperatura da
água à do corpo. Na verdade, beber água pura e estimular os nervos sim-
páticos é uma das funções do sistema de produção de energia para elevar a
temperatura corporal.
Entretanto, é preciso ter em mente que tentar aumentar o consumo de
energia com a ingestão de água ou água gelada, que é fria demais, gera o
efeito oposto. A água gelada esfria o corpo repentinamente, causando diar-
reia e outros problemas físicos.
Ultimamente, tem aumentado muito o número de casos de "hipoter-
mia", principalmente entre os jovens. Nesses casos, a temperatura corporal
média cai para 35°C, o que pode causar vários danos. A temperatura mé-
dia de uma pessoa saudável é 3TC, mas quando ela cai, a taxa metabólica
diminui 50%. Além disso, temperaturas corporais em torno de 35°C faci-
litam a multiplicação das células cancerígenas, pois elas reduzem a ativi-
dade enzimática e, consequentemente, as funções imunológicas do corpo.
As temperaturas corporais mais elevadas facilitam o trabalho das enzimas.
Na verdade, a febre é uma tentativa do organismo de melhorar as funções
imunológicas. Assim, é mais seguro tomar água em torno de 20°C, a menos
que seja verão.

BEBA MUITA ÁGUA DE BOA QUALIDADE


...PARA EMAGRECER .•

Na cidade de Nova York, é comum vermos pessoas obesas caminharem com


uma garrafa de água na mão. Elas acreditam que beber muita água ajuda a
92 A DIETA DO FUTURO

emagrecer. A ideia de perder peso bebendo apenas água pode parecer falsa,
porém ela guarda certa verdade.
A ingestão de água estimula os nervos do sistema nervoso ,gimpático,
aljY3 o metabolisillQJ.le energia e aumenta o_fg!l:~~m~calórico, o qu~...:e-
sulta em perda de pe,20' O estímulo dos nervos do sistema nervoso simpá-
tico provoca a secreção de adrenalina. A adrenalina ativa a lipase sensível
a hormônio encontrada no tecido adiposo, que, por sua vez, decompôe os
triglicerídeos em ácido graxo e glicerol, facilitando a queima de gordura
pelo corpo.
Existem muitos estudos comprovando o aumento do consumo calórico
conforme o consumo de água ..Segundo esse~ge~r cerca de dois
CO}?OS de água três ve~s a~_~_~~_a.~~~~t~~_~~~ima calórica do organismo~~
IWlis ou menos 30%. ---_.-.,--_.
A taxa de 9Eeima_-----~~
~~.
calórica
__ ..
....
atinge
---
~~.
seu
,,----
ponto máximo
-""'"-'~~~---
cerca de 30 minutos depois da ingestão de água.
Esse fato deixa d'!ro Que a~soª~.Ç.QID~XC.1:25.Q..de 12eso_çlgY~l1!ªclºtê.r
o hábito de beber cerca de seis copos de água de boa gualidade por dia. E
qual a temperatura da água mais indicada para o emagrecimento? A água
deve estar a uma temperatura mais baixa do gue a do corpo, porém, se~
'" estar gelada. Segundo experimentos, a temperatura da água que aumenta o
,conSllmo calórico é de cerca de 21°Ç. Temperaturas mais baixas obrigam
o corpo a usar quantidades consideráveis de energia para deixar a água na
temperatura em que ele esteja.
O corpo humano é equipado com vários meios para estabilizar a tempe-
ratura corporal. Por exemplo, urinar numa manhã de inverno logo depois
de acordar produz um arrepio. Isso acontece porque o corpo tenta recupe-
rar, com o arrepio, parte do calor perdido com a saída repentina da urina
quente acumulada na bexiga.

;AS ENZIMAS AJUDAM A EVITAR O EXCESSO DE COMIDA


I ~- ------

Seja qual for a frequência da ingestão de água, não se deve esperar perda
significativa de peso se não houver mudança nos hábitos alimentares. Essa
mudança não requer necessariamente a redu cão da"quantidade ingerWa.
Para perder peso"é importante comer alimentos ricos e!il enzim'ls.
Quando são ingeridos apenas alimentos ricos em enzimas, o peso do
corpo se ajusta naturalmente ao que é mais conveniente para cada pessoa.
As pessoas engordam porque consomem alimentos oxidados e processa-
dos sem nenhuma enzima. Elas sentem fome porque não comem alimentos
que contêm os nutrientes de que o corpo realmente precisa - vitaminas,
HÁBITOS DOS RICOS E SAUDÁVEIS 93

minerais e enzimas. Essas pessoas não comem porque precisam de mais


alimentos, elas comem para saciar o intenso desejo do corpo por enzil1l..~s
e elementos-traço, como vitaminas e minerais. Até as dores de estômago
provocadas pela fome podem desaparecer quando se come alimentos ricos
em enzimas.
Algumas pessoas, mesmo tendo enzimas suficientes, sentem fome por-
que elas têm carência de elementos-traço. Embora os elementos-traço se-
jam basicamente minerais e vitaminas.., existem também outras substâncias
indispensáveis_chamadas coenzimas que regulam o trabalho das enzimas
no organismo.
Receptemente, a coenzima Q 10 tem chamado a atenção dos estudiosos
como algo que faz bem à saúde e à19rma física ..Entretanto, a Q 10 não é a
única enzima de que os seres humanos precisam.
O número necessário de coenzimas é, de fato, muito pequeno. Antiga-
mente, uma refeição bem equilibrada fornecia elementos-traço suficientes.
Mas, hoje em dia, eles são cada vez mais raros nas frutas e hortaliças. Se a
dor de estômago provocada pela fome persistir mesmo com a alimentação
equilibrada, recomenda-se o uso de suplementos que contenham elemen-
tos-traço.
A tentativa de emagrecer deve levar em consideração não apenas a
quantidade necessária de alimentos, mas também como e quando comer. A
maioria da~"pessoas com sobrt:;p~;,-oI!~Q mastiga bem, Por essa razão, elas
comem rapidamente, elevando o nível de açúcar no sangue, antes que o
centro de saciedade tenha tempo de enviar um.?illªlslJ;;:"~nd~1;1~
satisfeitas. Por isso, acabam comendo mais do que o necessário. Para come-
,çar a comer menos e de forma natural, basta mastigar 30 a 50 veze,s.
Se, na hora de dormir, o estômago ainda contiver comida, seja prote!~a
ou carboidrato, a maioL'p_~rt~~g.t::Ie~se~"á conv.:.e.rticl<l~IIl_ggrdura pela iQsullE:a.
Nos Estados Unidos, as dietas pobres em carboidrato são bastante popu-
lares. É uma dieta em que as pessoas consomem pouquíssimo carboidrato.
Mas os resultados dos experimentos demonstram que mesmo os alimentos
pobres em carboidratos e ricos em proteínas, quando ingeridos tarde da
noite,--'"_--:-
provocam ganho
__'.__ """'._'." ',",'","de peso da mesma
"--".,,.,"."._._' ~ ~ maneira oue_._._.,.
.",_....::L:... os alimentos
__ ._____ ricos,
em carboidrato~o acontece porque, quando os alimentos são ingerido,s ~
pouco antes de dormir, o organismo ~.~sretagrandes quantidades de ins\l.:
lina e os armazena com().K0rclur~.Em outras palavras, as dietas com baixo
teor de carboidrato não são apenas ineficazes, como também deixam o or-
~ganismo mais ácido, aumentando a possibilidade de osteoporose e outras
doenças.
94 A DIETA DO FUTURO

Por outro lado, uma pessoa magra demais não secreta insulina em quan-
tidade suficiente, o que resulta na excreção de alimentos que não foram
digeridos nem absorvidos. Ou seja, embora os resultados sejam exatamente
opostos, a causa do excesso ou da falta de peso é a mesma.
Com a ingestão adeguada de alimentos ricos em enzimas e de águ~~e
_ boa qllalidade não há ngcessidade de dieta para emagrecer ou engordar. O
próprio corpo fará o ajuste necessário. A prova disso é que se uma pessoa
magra demais tiver um estilo de vida saudável, ganhará peso até chegar ao
seu peso normal.
Com a adoção de hábitos saudáveis e da Alimentação e do Estilo de
Vida do Fator Enzimático, seu organismo naturalmente atingirá a condição
ideal.

MÉTODO REVOLUCIONÁRIO PARA MELHORAR A FUNÇÃO INTESTINAL

Um dos problemas de saúde mais comuns às mulheres é a prisão de ventre.


E é grande o número de pessoas que tomam laxantes quase todos os dias.
Entretanto, acredito que o excesso de medicação funcione como vene-
no. Quanto mais o intestino for estimulado com medicamentos, mais ele
precisará de estímulos, que terão de ser cada vez mais intensos. As pessoas
que tomam laxantes devem saber disso, porque no início, talvez apenas
um comprimido seja suficiente para produzir os movimentos intestinais,
mas com a repetição das doses, o laxante se torna menos eficaz, passando a
exigir dois comprimidos, depois três ou até outro tipo de laxante de efeito
mais forte.
A prisão de ventre é uma das causas das más características intestinais,
portanto, requer solução rápida. Não importa o quanto o alimento seja bom,
se não houver a excreção adequada, ele apodrecerá e produzirá toxinas no
organismo. Quando ele atinge esse estado, o equilíbrio da flora bacteriana
intestinal entra em colapso instantaneamente. O motivo pelo qual as pes-
soas têm espinhas e erupções cutâneas quando o intestino não funciona é
porque as toxinas produzidas pelo intestino não conseguem ser eliminadas
de maneira adequada.
A situação ideal é que os movimentos intestinais sejam bem regulados
e de maneira natural. Para isso, além de uma alimentação rica em enzimas,
é importante estimular o intestino com alimentos ricos em fibras, ingestão
de água de boa qualidade, massagem abdominal durante o fluxo intestinal
e reforço da musculatura abdominal.
HÁBITOS DOS RICOS E SAUDÁVEIS 95

Se, depois de tudo isso, não houver grande melhora, recomendo um ene-
ma. O tipo mais indicado é o enema de café, que envolve a limpeza do cólon
com água e café, além de minerais e extratos que geram lactobacilos.
Muitas pessoas, no Japão, preocupam-se com a possibilidade de que o
enema se torne um hábito e o intestino não consiga mais funcionar sozinho.
Mas, segundo meus dados clínicos, não há motivo para preocupação. Ao con-
trário, o intestino das pessoas que regularmente se autoadministram enema é
mais limpo e funciona melhor sem fezes estagnadas e compactadas.
Em contraposição, as paredes do intestino de pessoas que habitualmen-
te usam laxantes, como substâncias químicas, fitoterápicos ou chás natu-
rais, perdem a cor e tornam-se escuras. Quanto maior o uso de medica-
mentos, pior o estado dos intestinos, que gradualmente vão perdendo os
movimentos. A ausência de movimento intestinal facilita a permanência de
fezes com;>actadas no intestino, criando problemas.
Tenho um amigo médico que, apesar de saudável, faz dois enemas de
café por dia. Não é por falta de movimentos intestinais, mas porque ele
inevitavelmente ingere alimentos contendo substâncias que fermentam de
maneira anormal ou permanecem no cólon sem ser digeridas, mesmo com
excreção suficiente. É melhor para o organismo que as fezes sejam excreta-
das o mais rápido possível, principalmente as que ficam do lado esquerdo
do cólon onde elas costumam acumular-se. Seguindo meu conselho, já faz
cerca de vinte anos que meu amigo adotou o hábito de fazer o enema de
café, e sua condição de saúde é melhor agora do que antes.
Eu mesmo faço enemas de café com frequência. Como o enema limpa
somente o lado esquerdo do intestino grosso, ele não afeta as funções do
intestino delgado, que é onde ocorrem a digestão e a absorção. Sendo assim,
não há nenhum motivo para preocupação.

QUE HÁBITOS DE VIDA IMPEDEM


O ESGOTAMENTO DAS ENZIMAS-FONTE?

As enzimas controlam a vida e a energia vital do ser humano. Até mesmo


o ato de acordar e de dormir envolve a participação das enzimas. Se você
dormir pensando na hora em que quer acordar no outro dia, certamente
acordará naquele horário. Esse fato pode ser atribuído às enzimas, uma vez
que o próprio ato de pensar não é mais do que as enzimas trabalhando no
cérebro. Tudo o que uma pessoa faz, seja o movimento das mãos ou dos
olhos ou o uso do cérebro, depende das funções enzimáticas.
96 A DIETA DO FUTURO

o corpo humano foi projetado para manter a homeostase. A cicatrização


de um corte e a recuperação da cor normal da pele depois do bronzeamento
são exemplos do retorno do corpo à homeostase. As funções homeostáticas
reagem com prudência à anormalidade e tentam devolver o organismo à sua
saúde original e à situação de normalidade. Por isso, quando uma pessoa
faz exercícios extenuantes, dorme às 3 horas da manhã em vez do horário
habitual ou acorda às 4 horas em vez de às 6 da manhã como de costume, o
corpo tenta se ajustar a essas condições anormais. O que ajuda no controle
da homeostase são justamente as enzimas.
Se essas condições anormais ocorrem somente de vez em quando, o cor-
po consegue se ajustar a elas. Todavia, se elas se repetem com frequência, as
enzimas-fonte se esgotam, destruindo o equilíbrio enzimático do organis-
mo. Por isso, a vida regulada evita o consumo excessivo de enzimas-Ionte.
As pessoas gue ficam acordadas até tarde sm _~e têm um estMode vida
maior
prejudicial à saúcle ~oiJ:~~~elllll111iJ:úlllerollllliio dê- ênz~imas=IOnt2
Acredito que a verdadeira causa de morte por excesso de -trâbalho··seja o
esgotamento total das enzirnas-fonte.
Ser médico é uma tarefa difícil, mas desde que ingressei na medicina, há
45 anos, nunca faltei ao trabalho por causa de problemas de saúde. Meu es-
tilo de vida não esgota minhas enzimas-fonte. Ao expor meu estilo de vida,
não tenho a pretensão de que ele seja adotado por todos, pois cada pessoa
tem seu próprio ritmo, e o meu pode não ser o melhor.
Mas, seja qual for o ritmo.j; vida regulada é absolut~n~~~~_~a
para a preservação d~e. A seguir, relaciono as minhas atividades diá-
rias. Ficarei muito feliz se entre elas você encontrar alguma dica que lhe
seja útil.

MANHÃ

Acordo às 6 horas da manhã. e começo meu dia com exercícios leves para as
mãos e para os pés, que faço na cama. Depois de agitar ligeiramente as mãos
e os braços, levanto-me da cama, abro as janelas e inspiro profundamente
o ar fresco da manhã. Isso me permite substituir o ar viciado que acumulei
no pulmão. Depois volto para a cama. Deitado de costas, faço alguns exercí-
cios leves, levantando alternadamente primeiro os braços, depois as pernas
e depois ambos os braços e ambas as pernas. Em seguida, faço um tipo de
alongamento tradicional, que ativa lentamente a circulação sanguínea e os
linfonodos.
HÁBITOS DOS RICOS E SAUDÁVEIS 97

Depois que meu sangue começou a circular, levanto-me da cama, faço


100 golpes de caratê de cada lado e, depois, cinco minutos de alongamento
simples.
Terminando meus exercícios matinais, vou para a cozinha e lentamente
tomo dois ou três copos de água de boa qualidade a uma temperatura de
I 21°<;=. Aproximadamente vinte minutos depois de beber a água, quando ela
~tfáridc: n~ intestino, como frutas_!!~sca~!~E~_~~meE~.i!!!il.~
e, 3Q~_40
,r minutos mais tarde, tomo o café da manhã,
o principal ingrediente do meu café da manhã ~ arroz iIH~gml acres-
cido de cinco, seis ou sete tipos de grãos. Como acompanhamento, como
verduras e legumes cozidos no vapor" natto (soja fermentada), 110n (alga
desidratada) e um punhado de alga :yakame reconstituíd.c:)..

TARDE

Um pouco depois das 11 horas da manhã, beb.QSerca dedo~scol2os de água.


Trinta minutos mais tarde, como frutas, quando estão disponíveis.
Muitas pessoas comem fruta como sobremesa, mas recomendo que elas
sejam consumidas trinta minutos antes das refeições sempre que possível.
Frutas frescas são ricas. em enzimas e de fácil digestão, por isso, ingeridas
antes das refeições, .elas ajudam as funções do sistema gastrintestinal e el~~_
vam a taxa de açúcar no sangue, evitando o excesso de comida.
"Mesmo durante as refeicões, a ingestão de_,~_alimentos
.•••••••"","a •...,.._.,
E.
crus, como sa-
.. - .--

.Jadas, ajuda na digestão. É por isso que a salada é servida na el!rr..adae G),S
p-roteínas animais, como carne e peixe, são servidas na refeição principal.
Como nem todas as hC>.rJ,aIiças podem2.,çr igg~Lçill§...9:!:!~S_9stumo comê.-
Ias cozidas também. No entanto, quando cozidas demais elas perdem as
enzimas. Então, cozinho as vef([email protected]~.,Q§-k"gu.mesno vapor ou escaldo-os
dUTan!.~-º.9isminutos.
Meu almoço consiste basicamente em uma refeição que levo de casa e
que eu mesmo preparo. Sim, ocasionalmente saio para almoçar com ami-
gos, mas em geral meu almoço é a comida que preparei em casa, consistin-
do em arroz integral e vários grãos.
Depois da refeição, tiro um cochilo de 20 a 30 minutos. Com esse pe-
queno repouso, a fadiga da manhã desaparece, e posso começar o trabalho
da tarde com a mente clara.
98 A DIETA DO FUTURO

NOITE

Depois do almoço, tento não comer nenhum lanche. Por volta das quatro e
meia da tarde, tomo dois copos de águanºvament~. Espero trinta minutos
para comer frutas e máís 30 a 40 minutos para jantar.
Como muita fruta diariamente. Na minha opinião, as frutas devem ser
consumidas à vontade.
Meu jantar é preparado com ingredientes frescos ingeridos imediata-
mente após o cozimento e depois de muito bem mastigados .•Meu jantar não
é muito diferente do meu café da manhã.
Em minha casa, quase não falamos durante as refeições para podermos
mastigar bem a comida .. Quando conversamos, só o fazemos depois de ter
engolido completamente o alimento. ~ importante lembrar-se de falar so-
mente quando não houver nada p.a boca, Isso não só faz parte das boas
maneiras como t~mbém impede a entrada de ar junto com o alimento evi-
tando que ele tome o caminho erE~dor.
r
Não há problemas em beber._alguma coisa deQQ.!?c:liUgfçiçã...9,
mas sem-
pre que possível, evito chá-verde e café. Em vez disso, tomo chá orgânic(),
chá de trigo-sarraceno ou chá de cevada. Contudo, em relação ao chá de
trigo-sarraceno ou de cevada, é preciso lembrar que, por serem torrados,
eles devem ser armazenados de maneira a impedir a oxidação. O ideal se-
ria beber o chá logo depois de torrado, mas como a correria do dia a dia
não nos permite isso, devemos armazenar somente pequenas quantidades
de chá, que deve ser consumido o mais rápido possível depois de aberta a
embalagem.
Depois do jantar, das 18h às 18h30, não como mais nada nem tomo
água até a hora de ir para a cama cinco horas mais tarde. No verão, quando
tenho sede, bebo apenas a quantidade de água suficiente para saciá-Ia (um
copo) e, no máximo, uma hora antes de dormir Mas é melhor eyitar o con-
sumo de água tarde da noite.

TIRE COCHILOS REVIGORANTES


DE CINCO MINUTOS REGULARMENTE

Depois do almoço, costumo dormir 20 a 30 minutos, mas quando me sinto


cansado em outros momentos, tiro cochilos revigorantes de cinco minutos.
O mais importante nesses cochilos é descansar em uma posição rela-
xante. Costumo relaxar curvado sobre o ventre, mas quem relaxa com faci-
lidade, também pode dormir em uma cadeira com as pernas elevadas.
HÁBITOS DOS RICOS E SAUDÁVEIS 99

Talvez alguém tenha curiosidade de saber como é possível livrar-se da


fadiga em 20 ou 30 minutos. Esse pequeno repouso funciona porque permi-
te ao corpo reequilibrar-se - homeostase. O repouso e o sono restabelecem
as funções do corpo que estão fragilizadas, como o fluxo sanguíneo e o flu-
xo linfático, além de normalizar o sistema nervoso e as secreções internas.
Por que o repouso melhora a homeostase do organismo? Apesar de ser
somente uma teoria, acredito que a razão seja a seguinte:
Quando o corpo está desperto e ativo, ele usa muitas enzimas. Quando
ele está em repouso, em uma posição relaxada, suas várias funções também
repousam, e as enzimas, que seriam usadas em atividades ou movimentos,
podem atuar nas áreas fatigadas ajudando a restabelecer o vigor e a home-
ostase.
O fato é gue, um repouso de cinco ou dez minutos quando se está can-
..sadoQ.!Lc:omsono propicia uma recuperação mais rápida, e a insistência em
trabalhar nessas condições é contraJ2roc!!:!.s~Ill~.
Recentemente, as empresas
começaram a reconhecer a eficácia do cochilo e algumas chegam a oferecer
a seus funcionários um local para uma soneca revigorante.
Em minha clínica, o período entre meio-dia e 1 hora da tarde é reserva-
do para o repouso. Como se sabe, nesse ambiente, nem todos conseguem
descansar à mesma hora, por isso meus funcionários almoçam e cochilam
em turnos. Durante esse tempo, se houver um telefonema para uma pessoa
que esteja descansando, ela não atenderá ao telefone, a não ser que seja uma
emergência. Portanto, se alguém der uma olhada na parte dos fundos de
minha clínica, verá médicos e enfermeiros repousando, cada um na posição
que ache mais conveniente.
O sono desempenha um papel muito importante na manutenção do
ritmo do corpo humano. É fácil compreender por que a vida regulada é
sinônimo de deitar e acordar cedo. :,e os horários de dormir e acordar, be~
como os horários das refeições e dos cq"Çl.Ü191'1,Jºr~mgb~decidos, seráma!s
fácil para Q organismo realizar a hOllleostase segl consumir as en:.s:imll.s-
fonte de modo excessivo.
Hoje, meu maior problema é o fuso horário. Basicamente, vivo em Nova
York, mas vou ao Japão duas vezes por ano, lá permanecendo dois meses a
cada viagem. Entretanto, sempre tenho problemas para lidar com a diferen-
ça de horário (13 a 14 horas) entre Nova York e o Japão.
Como meu ritmo biológico muda completamente entre o dia e a noite,
meu corpo sempre leva cerca de duas semanas para se acostumar à nova
situação. Observei que esse é o tempo necessário à adaptação completa de
minhas funções renais, hepáticas e gastrintestinais.
100 A DIETA DO FUTURO

A melhor hora paIªQºIm!!:hLª~qll~~l!l~!!l,g':!"Lqc~2.~J~;~ de forma


natural, obedecendo ao ritmo d~_corJ2.0.Existem pessoas que tomam medi-
camentos para dormir, porém esses medicamentos têm efeito direto sobre
o cérebro e são muito perigosos ..Eles consomem um grande número de
enzimas do cérebrg, o que pode provocar uma predisposição à senilidade
ou ao Alzheimer. Se você for uma dessas pessoas que tomam remédios para
dormir e observou que ultimamente está tendo problemas de memória, esse
é um sinal de perigo. Em nenhuma circunstância os medicamentos devem
,,5..fr tOJ!l.~Q9~_g~.LO!!.!l.':l.ª~s'plicente.
A vida regulada e os cochilos revigorantes durante o dia dispensam o
uso de medicamentos. O corpo estará sempre equilibrado e o sono virá na-
turalmente à noite.

EXCESSO DE EXERCíCIO NÃO TRAZ


BENEFíCIOS E CAUSA MUITOS DANOS

O exercício moderado é necessário à vida saudável. Como já disse anterior-


mente, também faço minha própria versão de exercício toda manhã.
O corpo humano tem cinco "fluxos": sanguíneo e linfático, gastrintes-
tinal, urinário, aéreo e de energia interna C'chi"). É importante que esses
fluxos não sejam interrompidos, e o que permite isso é o exercício físico.
A movimentação do corpo melhora a circulação sanguínea e o fluxo
linfático. Ela ativa o metabolismo, facilita a distribuição de vitaminas e sais
minerais pelo corpo todo e cria um ambiente mais favorável para o trabalho
das enzimas. Como resultado, todas as funções orgãnicas melhoram.
Contudo, para trazer benefícios, o exercício precisa ser feito na quanti-
dade certa.
Exercício demais, na verdade, pode prejudicar a saúde, pois quanto
mais exercício, maior a produção de radicais livres no organismo. Acredito
que esse seja o motivo pelo qual as pessoas têm morte súbita por infarto
durante o jogging. Muitas mulheres fazem corrida leve todos os dias, mas
as corredoras jovens, com idade na casa dos 20 anos e que correm cerca de
10 km por dia, ficam extremamente magras e com nádegas e seios flácidos.
Em alguns casos, o ciclo menstrual é interrompido como consequência da
produção insuficiente de hormônios femininos.
O excesso desestabiliza a homeostase do corpo. A moderação é essencial
para a saúde. Moderação, nesse caso, não significa cortar a carga de exercí-
cio pela metade, e sim fazer de acordo com a condição física, o estilo de vida
e a saúde mental de cada um. Portanto, a moderação difere de pessoa para
HÁBITOS DOS RICOS E SAUDÁVEIS 101

pessoa. O exercício moderado que faço todas as manhãs foi criado para reu-
nir muitas coisas que eu já testara antes. Se pessoas que normalmente não
se exercitam, começarem a fazer exercício como eu faço, sobrecarregarão
seus músculos e articulações. Como o stress produz grandes quantidades de
radicais livres no organismo, o exercício que causa stress não traz benefícios
à saúde.
Conforme já afirmei, a moderação é diferente para cada pessoa. Com
base nessa premissa, eu diria que, em termos gerais, o ideal é caminhar
entre 1,5 e 3 quilõmetros por dia, respeitando o ritmo de cada pesso.a: Um
dos benefícios do exercício é o aumento do fluxo aéreo nosPlllmões. A
e!itr:atfã"dear fresco no·puTill"ãoat"ivâ-ümetabolismo ~·"~~·fi~;o~~a~íneo,
'Íinfático e gastrlgt~sti!!(lL
Outra coisa boa para fazer guando se tem tempo livre é fechar os olhos
e inspirar profundamente. As várias inspirações profundas proporcionam a
..9JJaI]JJçladenecessária de oxigênio e eliminam a necessidade de exercícios
( em excessQ:,.Além do mais, a&i~lsp'iração profunda\também. estimula os ner~
vos parassimpáticos, estabilizando o estado mental e elevando as funções
imunológicas.
Não há dúvida sobre a importância do exercício diário, mas a mode-
ração é um fator importante para a continuidade desse prazer diário sem
acarretar excesso de stress.

COMO CONTINUAR FÉRTIL AOS 73 ANOS

Um dos aspectos essenciais para o estilo de vida saudável é a vida sexual.


Ultimamente, mesmo casais jovens têm relatado problemas sexuais,
como falta de atividade sexual, disfunção erétil e infertilidade.
Acredito que saúde, no verdadeiro sentido da palavra, é quando as várias
funções do corpo, inclusive a sexual, estão regularmente ativas. Até mesmo
pessoas saudáveis, quando chegam à casa dos 60 anos e lhes perguntam
sobre sua vida sexual, respondem: "Não tenho mais essa capacidade", ou
"Não tenho mais interesse nisso". Mas essa atitude é bastante antinatural do
ponto de vista clínico. Acredito que a vida sexual de uma pessoa saudável
termina com a morte.
Aliás, por falar em funções corporais nesse sentido, um homem real-
mente saudável tem ereções matinais todos os dias até os 75 anos. Uma
mulher saudável deve ter períodos menstruais regulares até os 55 anos.
A razão pela qual as mulheres chegam a essa fase em idade comparativa-
mente mais jovem tem ampla relação com o fato de dar à luz. Ficar grávida
102 A DIETA DO FUTURO

significa gerar outra pessoa no interior do corpo, o que sobrecarrega muito


o organismo da mãe. A mulher precisa ser jovem para suportar esse tipo
de stress físico. O nascimento de uma criança em si já é um acontecimento
que ameaça a vida, e é um risco que aumenta com a idade. O cálcio da mãe
se esgota rapidamente e seu organismo consome enzimas por duas pessoas,
em vez de uma. A idade também diminui a capacidade do organismo para
restaurar suas enzimas-fonte.
As funções corporais declinam em qualquer idade. Talvez o corpo mude
o seu equilíbrio hormonal no meio do caminho, de modo que possamos
começar a gozar a vida por nós mesmos. Suponhamos que uma mulher
viva 100 anos. Seu equilíbrio hormonal muda na metade do caminho, aos
50 anos. É um aviso de que seu período de reprodução acabou. Talvez isso
seja, na verdade, um mecanismo de defesa.
No caso dos homens, como eles não enfrentam grandes riscos, como
gravidez ou parto, conseguem manter a capacidade de reprodução por um
período mais longo do que as mulheres. Em homens saudáveis, a produção
de esperma poderá manter-se pela vida toda.
Mas não me entenda mal. Não estou promovendo a ideia de pessoas
idosas terem filhos. Estou apenas tentando chamar a atenção para o fato de
que a capacidade de reprodução está ligada à preservação da saúde.
Obviamente, as enzimas exercem um grande efeito sobre a vida sexual.
Um estilo de vida que não esgota as enzimas-fonte sem necessidade, sem
dúvida nenhuma está ligado à preservação das funções sexuais.

A PÓS-MENOPAUSA É O INíCIO DE

UM ÓTIMO PERíODO PARA A VIDA SEXUAL

A boa notícia para as mulheres na pós-menopausa é que fertilidade e desejo


sexual são duas coisas completamente diferentes.
É bem verdade que depois que a menstruação cessa, as mulheres secre-
tam menos hormônios femininos, o que resulta em alterações físicas, como
lubrificação vaginal deficiente e queda de cabelo. Mas, em vez de ver essas
alterações como negativas, as mulheres devem pensar que finalmente estão
livres da menstruação e"da preocupação com a gravidez. Os anos que se
seguem à menopausa podem ser a melhor época para a sexualidade das mu-
lheres. Essa nova liberdade permite que elas usufruam das relações sexuais
de forma plena, tanto física como mentalmente.
HÁBITOS DOS RICOS E SAUDÁVEIS 103

Quando os homens e as mulheres atingem a idade em que o equilíbrio


hormonal muda, o desejo sexual declina. Entretanto, é importante que ambos
continuem desfrutando da vida sexual, ainda que com menor frequência.
Com um pouco de esforço, os homens podem melhorar suas funções
sexuais sem depender de medicamentos. A maneira mais fácil de fazer isSQ
é tomar um copo de água antes da relação sexual.. Depois de beber água, o
líquido se acumula na bexiga, estimulando a próstata e melhorando inten-
samente a ereção. É importante observar que esse efeito não é obtido com o
consumo de cerveja ou chá, pois a cafeína e o álcool são vasoconstritores.
Muitos homens idosos dizem: "Não tenho vontade de fazer uma coisa
tão problemática e cansativa", mas para um homem e uma mulher que real-
mente se amam, o ato sexual nunca será uma coisa cansativa e extenuante.
Além disso, está clinicamente comprovado que a felicidade mental e física
melhora as funções imunológicas. Todo homem gosta de ser sempre jovem
e vibrante, desejado e amado por uma mulher. Toda mulher gosta de ser
bonita, desejada e amada por um homem. É muito importante continuar a
ter esses sentimentos para uma vida longa e saudável.
Isso se aplica a tudo; a pessoa que desiste primeiro perde. O corpo en-
velhece muito mais rápido quando a mente desiste das coisas. Não desista
nunca. Esse é o segredo da vida longa e saudável.
CAPíTULO 4

Preste atenção ao seu "roteiro de vida"

N osúltimos cem anos, o avanço da medicina foi muito rápido. Ironica-


mente, o número de doentes aumenta a cada ano. Se a medicina real-
mente avançou, então por que o número de doentes não diminuiu?
Seria porque a medicina está errada em suas premissas básicas? Minha
resposta é sim. Uma das teorias predominantes da medicina é que as bacté-
rias e os vírus são a causa das doenças contagiosas. Entretanto, essa visão é
unilateral. O fato é que desenvolvemos doenças porque permitimos que o
nosso organismo hospede bactérias e vírus. A medicina moderna está cal-
cada na ideia de tratar ou curar doenças, enquanto a verdadeira medicina
deveria basear-se na ideia de preservação da saúde.
Comecei a pesquisar seriamente a relação entre alimentação e saúde há
quase quarenta anos. Naquela época, tendo examinado o estômago e o intes-
tino de muitos norte-americanos e descoberto que as características gastrin-
testinais são o "barômetro" da saúde, percebi que a melhora dessas caracte-
rísticas era o atalho para a saúde. Assim, ao mesmo tempo em que tentava
desenvolver e propagar a técnica de polipectomia colonoscópica para ajudar
os doentes, eu continuava a pesquisar as causas de suas doenças.
Li muitos artigos e relatórios científicos, reuni dados clínicos com a co-
operação de meus pacientes, usei meu próprio corpo para verificar o efeito
dos medicamentos e até estudei os animais de vida selvagem. A conclusão
a que cheguei é que quando se contrariam as leis da natureza, que engloba
todas as coisas deste mundo (pode-se dizer até a vontade de Deus), surge
a doença. Os seres humanos fazem parte da natureza, não são separados, e
sem ela não podemos ter saúde nem continuar a existir. Como outros ani-
mais, os seres humanos devem consumir alimentos segundo as especifica-
ções da sua própria espécie e o ambiente em que vivem. O princípio básico
da vida humana é comer vegetais e animais que ocorrem naturalmente na
região em que vivem. Os seres humanos, que antes tinham uma alimentação
baseada em grãos, verduras e hortaliças, vegetais marinhos, frutas e peixes,

105
106 A DIETA DO FUTURO

não conseguem digerir grandes quantidades de carne repleta de substâncias


químicas, leite e alimentos pobres em enzima altamente processados.
Acredito em nossa capacidade de viver uma vida plena e saudável. É
verdade que algumas pessoas, que tiveram a infelicidade de nascer com
doenças congênitas, estão destinadas a lutar com problemas de saúde boa
parte de suas vidas. Algumas dessas pessoas sofreram influências negati-
vas hereditárias ou ambientais ainda no útero, enquanto a causa de outras
doenças congênitas permanece desconhecida. Ainda assim, acredito que
mesmo as pessoas com doenças hereditárias crônicas podem melhorar sua
saúde geral com bons hábitos.

TODOS TÊM DIREITO A UMA VIDA PLENA

Não nascemos todos com um "roteiro de vida" saudável? Os animais sabem


por instinto do que precisam para sobreviver. Os animais selvagens com-
preendem o seu próprio roteiro de vida e tentam segui-lo. Os dentes dos
carnívoros e dos herbívoros são diferentes porque essa é a maneira que a
natureza usa para informar o tipo de comida que eles devem comer.
O alinhamento e a proporção de nossos dentes também são um exem-
plo perfeito da atuação da lei da natureza. Significa que nós, seres humanos,
também temos nossos próprios roteiros de vida, mas que, em nossa arro-
gância, costumamos ignorar. Uma das razões para isso é a ambição humana.
Nossa capacidade de pensar, que nos foi dada pela graça de Deus, tem sido
erroneamente interpretada como se fôssemos seres especiais de uma classe
superior à dos animais. Criamos e controlamos animais conforme nossa
conveniência. Nosso desejo de comer coisas gostosas nos leva a comer "ali-
mentos" que não são encontrados na natureza. Nosso desejo de viver com
mais conforto nos leva a destruir boa parte do ambiente natural. Nosso de-
sejo de produzir safras com mais facilidade nos leva ao uso de agrotóxicos.
Nosso desejo de possuir mais terra e dinheiro nos leva a discórdias e dis-
putas. Talvez os seres humanos de hoje estejam pagando por sua ilimitada
ambição na forma de doenças.
Mas a medicina moderna também demorou a perceber seus erros. Os
seres humanos também fazem parte da natureza. Para viver com saúde, de-
vemos seguir as leis dela. Seguir as leis da natureza significa seguir o roteiro
de vida inerente a cada um. Uma pessoa com sobrepeso sente fome porque
tem falta dos nutrientes necessários. Uma pessoa com diarreia ou prisão de
ventre não está comendo os alimentos adequados ao seu sistema digestório.
Quando ignoramos as leis da natureza, ficamos doentes.
PRESTE ATENÇÃO AO SEU "ROTEIRO DE VIDA" 107

Assim, estou convencido de que a medicina do futuro deverá concen-


trar-se nas leis da natureza. Devemos ficar atentosao roteiro que a natureza
escreveu para os seres humanos, tentar despertar nossa capacidade inerente
de autocura e adotar a promoção da saúde em vez de tentar suprimir a do-
ença à força.

A ESPECIALIZAÇÃO ESTÁ ARRUINANDO A MEDICINA

o primeiro passo em direção às leis da natureza é acabar com a especiali-


zação no atendimento médico. A especialização clínica nos impede de ver
a floresta pelas árvores. Nada na natureza se sustenta por si só. Todas as
coisas sofrem influência de outras coisas.
No Japão há um movimento recente no sentido de "criar uma floresta
no oceano". Trata-se de um projeto iniciado por pescadores que, tentando
descobrir por que os peixes estavam subitamente desaparecendo do oceano,
descobriram que anos atrás um grande número de árvores fora cortado das
montanhas. Eles descobriram uma ligação entre as atividades madeireiras
e o declínio da população de peixes. O objetivo do projeto dos pescadores
é replantar as arvores nas montanhas para trazer os peixes de volta. À pri-
meira vista, a relação entre as árvores da montanha e os peixes do oceano
pode parecer pequena, mas no círculo da natureza as duas coisas estão in-
timamente ligadas.
Do mesmo modo, as atividades isoladas de 60 trilhões de células que
realizam os cinco fluxos do corpo humano - sanguíneo e linfático, gastrin-
testinal, urinário, aéreo e energético - estão intimamente interligadas. Um
problema em um dos fluxos influenciará todos os outros. Ignorar essa in-
terligação tentando tratar os órgãos individualmente impossibilitará a visão
do quadro completo. Se a especialização do tratamento médico continuar
avançando da maneira como avançou até agora, num futuro próximo não
teremos mais médicos de verdade. Seremos deixados à mercê de especialis-
tas que só entenderão de sua área de especialidade e que não conseguirão
abordar a saúde de seus pacientes como um todo.
Mesmo que os olhos e a compleição física do paciente deixem claro que
ele tem algum problema físico, um especialista gastrintestinal simplesmen-
te poderia realizar uma colonos copia e, se não encontrasse pólipos, dizer
ao paciente: "Parabéns, você está bem. Não há pólipos nem câncer." Essa
atitude é muito irresponsável, pois um simples exame colonoscópico, por
si só, não pode avaliar a saúde geral de ninguém.
108 A DIETA DO FUTURO

Alguns me consideram "o cirurgião gastrintestinal por endoscopia mais


importante dos Estados Unidos", mas eu não acho que tenha algum talen-
to especial, apenas tento tratar meus pacientes observando atentamente os
seus corpos.
Atualmente, nos Estados Unidos, tornou-se uma prática comum sub-
meter pacientes de câncer de mama a exames de cólon. Na verdade, fui eu
que disseminei essa ideia. Na época, fui elogiado por essa descoberta, mas,
falando francamente, acredito que qualquer outro médico teria feito a mes-
ma coisa se tivesse sido treinado para considerar o corpo de um paciente
como um organismo unificado.
Quando me deparo com uma pessoa que tem câncer, sei que ela tem
câncer sem nenhum exame interno. É difícil explicar em palavras, mas eu
tenho a sensação de que meu "chí" (energia) está sendo sugado. Quando
falo coisas assim, a maioria dos médicos esboça um sorriso irônico. En-
tretanto, não se trata da minha imaginação, e sim de uma sensação física
respaldada por minha longa experiência clínica.
Certa vez atendi uma paciente de 38 anos que se queixava: "Doutor,
tenho câncer aqui", e apontava para a região superior do abdome. Eu tam-
bém tinha a mesma sensação. No entanto, antes de vir ao meu consultório,
ela já havia consultado vários médicos e feito muitos exames. Em todos os
lugares em que estivera, os resultados dos exames foram normais. Mesmo
depois de examiná-Ia cuidadosamente com o endoscópio, eu não consegui
encontrar o câncer em nenhum lugar. Eu não achava que havia motivos
para preocupação, pois ela era jovem, mas como ela continuava dizendo
que havia algo errado, injetei um contraste partindo do duodeno para o
interior do colédoco e fiz um raio X. (O colédoco não pode ser examinado
com endoscópio por ser extremamente fino.) Exames do colédoco com in-
jeção de contraste não são muito comuns.
Esse teste permitiu que eu encontrasse um câncer do tamanho da pon-
tinha do dedo mínimo no colédoco.
Outro paciente veio me consultar dizendo que tinha certeza de que
tinha câncer de estômago. Seus exames endoscópicos sempre foram nor-
mais. Mas, como no outro caso, o paciente se queixava de modo persistente
e eu também tinha a estranha sensação de que havia algo errado. Decidi
examiná-lo novamente dois meses depois da consulta. Nesse novo exame,
encontrei uma pequena -úlcera no estômago. Com a biópsia realizada em
uma amostra de tecido, descobrimos um carcinoma fibroso que já tinha se
espalhado sob a mucosa do estômago. Além de ser um tipo de câncer que
progride muito rápido, o carcinoma fibroso é extremamente difícil de ser
PRESTE ATENÇÃO AO SEU "ROTEIRO DE VIDA" 109

detectado. É muito difícil de ser encontrado pela endoscopia, pois ele se de-
senvolve sob a mucosa, o que o torna uma doença grave. Se eu não tivesse
feito um novo exame na época em que fiz, o câncer teria sido fatal.
O tempo que um médico fica frente a frente com seu paciente não é
muito longo. Durante esse curto período, o médico procura um possível
sinal de SOS emitido pelo corpo do paciente. Infelizmente, no entanto, há
muito poucos profissionais dispostos a prestar atenção ao corpo do paciente
como um todo, uma vez que o atendimento médico tornou-se totalmente
especializado.
Tenho certeza de que muitas pessoas já tiveram essa experiência, po-
rém, antes de passar por um exame médico, o paciente deve decidir primei-
ro que médico consultar. No consultório, o médico pergunta: "O que o traz
aqui hoje?" e se o paciente disser: "dor de estômago", só então ele terá seu
estômago examinado. Se não for encontrado nada de anormal no estôma-
go, o paciente será mandado para casa com um "Muito bem, não há nada
de errado com você", como se fosse um selo de aprovação. A menos que o
paciente peça outros exames, a consulta terminará aí. Se não for um bom
profissional, poderá simplesmente ignorar o pedido do paciente e dizer: "É
tudo imaginação sua. Não há necessidade desse tipo de exame" e mandar o
paciente embora.
Mas, conforme afirmei anteriormente, acredito que os médicos devam
ouvir seus pacientes e levar a sério o que eles dizem. Estou muito triste
com a atual situação do sistema de saúde dividido em especialidades, pois
acredito piamente que desse modo ninguém consegue ser médico de ver-
dade. O mais triste é que nos Estados Unidos os formandos em medicina
não precisam mais fazer um ano de residência antes da especialização. Isso
significa que eles não terão a chance de aprender sobre as partes do corpo
que não sejam as de sua especialidade.
Em minha clínica de Nova York, com o intuito de aliviar a ansiedade de
meus pacientes, faço um exame geral do corpo inteiro. Primeiro, antes de
uma esofagogastroduodenoscopia (EGD) ou de uma colonoscopia, exami-
no a pele, a pressão arterial, a pulsação, o nível de saturação de oxigênio, as
glândulas tireoides, os gânglios linfáticos, as anomalias articulares e muscu-
lares do paciente, além de fazer um exame de mama nas mulheres.
Se o paciente for mulher, pergunto se ela gostaria de um exame de colo
do útero para detectar um possível câncer. Quando ela concorda, examino
o útero por meio do colonoscópio. O exame costuma durar menos de um
minuto, e minhas pacientes ficam muito felizes por evitar uma consulta ao
ginecologista.
110 A DIETA DO FUTURO

Embora minha especialidade seja a gastroenterologia, também examino


a próstata e as mamas da mesma forma que examino o colo do útero. Meus
pacientes ficam satisfeitos com esses exames, e eu, como médico, aprendo
muito com a experiência.

OPTE PELA SAÚDE DAQUI A DEZ ANOS,


EM VEZ DE COMER UM BIFE HOJE À NOITE

o exame de uma doença é capaz de me ensinar muita cois~


Por exemplo, durante o exame de câncer de mama, pergunto às minh~
pacientes sobre sua história alimentar. A partir dessas entrevistas, cons!g2.
encontrar as relacões de causa entre alimentaçâo e doença. Descobri que
,as mulheres com câncer de mama adoram café, consomem com frequênç!~
leite e seus derivados, como queijo e iogurte, e alimentam-se basicamente
de carne. Muitas mulheres com esse tipo de alimentaçâo, mesmo que ain-
da não tenham desenvolvido câncer, têm uma alteração cQ.amada doença
fibrocística da ma~a. A causa dessa doença é a alimentação gue combin~
_lªJ:Ü;:J!lt..Q?~_ç:ªrne.
Se a paciente não muqar seus hábitos alimentare~s
( chances de desenvolver.câncerde mama serão muito alta~.
Desse modo, recomendo enfaticamente às portadoras de doença fibro-
cística a mudança dos hábitos alimentares o mais rápido possível. Quando
lhes pergunto: "Você gosta de café, produtos lácteos e carne, não gosta?",
em geral elas ficam muito surpresas por eu saber disso. Depois que exponho
os meus dados clínicos, as minhas sugestões alimentares e os fundamentos
dessas sugestões, a maioria decide mudar de alimentação.
Meu tratamento clínico baseia-se em coisas gue aprendi examinando
meus pacientes. Da mesma forma, minhas sugestões de estilo de vida tam-
bém são baseadas nas observacões de vários paciente>?,Além da mudanla
de alimentação, uma massagem diária decin~_o minutos na mama tem de-
monstrado eficácia na prevenção de câncer, algo que aprendi com a obser-
vação clínica.
Não sei se os mastologistas sugerem essas medidas preventivas. Mas, J

quando examino minhas pacientes um ano ..depois dessa recomendação,


•constato que elas não têm câncer de mama e, o mais importante, 9 tecid9
da mama está muito mais liso sem a doenç-ª.fibrocística_..•.
O que me deixa mais feliz como médico não é curar doe..!J&.as oU.~çr
cqnsiderado um profissional competente, mas ser ca12azde ~çlªrconselh9s
~recisos a pessoas com "doenças latentes" e ajudá-Ias a preservar a saúde.
PRESTE ATENÇÃO AO SEU "ROTEIRO DE VIDA" 111

Depois de muitos anos nessa área, é natural que eu tenha adquirido to-
tal consciência da importância da alimentação diária. No entanto, hoje em
dia, há muitos tipos de alimentos amplamente considerados "bons" que,
na verdade, prejudicam o organismo. Nos últimos trinta anos, tenho fei-
to muitas palestras e participado de muitas discussões públicas, além de
conversar com pacientes tanto dos Estados Unidos como do Japão sobre a
relação entre saúde e alimentos prejudiciais. ~ entanto, mudar as normas
~cialmente aceitas não tem sido fácil. Além disso, se a divisão do aten-
qimeIltO~!llédico em. esp~_çi<:!.lL<i~de~
cOl!fjpuarIl.s:sse_J:!!E!2).!!sarácada vez
J1lílisdifícil 0~_m_~~lJ~º~?j2~~l!?~.~nderem as coisas que eu _~_Ig~!.t()~g'!:!~r:Qs
aprendemos com a experiênci~.4.e cops~Jtóço.
A.medicina do futuro é a medicina preV€;ntt:a. E para que seja institu-
cionalizada a medicina preventiva correta, o conhecimento sobre alimenta-
ção é indispensável. É muito difícil mudar a mentalidade de um adulto cujo
"modo de pensar" já esteja estabelecido. Seria diferente se a pessoa estivesse
doente, mas se ela tiver apenas doença latente, ,certamente optará pelo bife
.de hoje à noite em vez de o12,t~lJ?~la
saúd~A.~g}lia dez anos, Se você chegou
até este ponto do livro, espero que fique com a opção "saudável".
Meu objetivo agora é educar a próxima geração. Com frequência ouvi-
mos falar da educação do indivíduo como um todo, ou seja, intelectual,
física e espiritualmente. Mas espero incorpor<:!.I.ªis~~.educação .alimentar,
para que as pessoas possam obter conhecimentos sobre alilnentaci'io. As
merendas servidas atualmente nas escolas são pautadas por ideias equivo-
cadas e cálculos de calorias que são muito perigosos. Assim, acredito que
a mudança da merenda escolar e a educação alimentar das crianças seja a
tarefa mais urgente do presente.

OS SERES HUMANOS CONSEGUEM VIVER


GRAÇAS AOS MICRO-ORGANISMOS

Você já pensou no que acontece aos peixes que morrem no oceano? Quan-
do olhamos no fundo do oceano, não vemos carcaças de peixe acumuladas.
Então, para aonde vão os seus restos mortais? Na verdade, eles desapare-
cem. Eles são lentamente decompostos pelos micro-organismos do oceano
sem nenhum alarde.
Embora eles não sejam visíveis a olho nu, nosso mundo é cheio de
micro-organismos. Eles existem até mesmo no ar puro, pois, acredita-se
que em um raio de um centímetro, partindo-se de um ponto qualquer,
haja 100 micro-organismos. Eles ainda são encontrados a uma distância
112 A DIETA DO FUTURO

de 10 quilômetros acima ou abaixo da superfície terrestre. Obviamente, no


mar há grandes quantidades. O intestino humano também abriga mícro-
organismos, são os que formam a flora bacteriana intestinal. Em outras
palavras, vivemos em uma sopa de micro-organismos.
No intestino humano vivem cerca um quatrilhão de bactérias intestinais
que se dividem em trezentos tipos. Mas, elas não estão lá à toa. Elas têm um
trabalho árduo. A sua principal função é criar enzimas-Ionte que se trans-
formam em fonte de energia viva. Acredita-se que as bactérias intestinais
são responsáveis pela criação de cerca de 3 mil tipos de enzimas.
Entre as bactérias intestinais, existem as boas e as ruins. Em geral, de-
nominamos "bactérias boas" as que trabalham a favor dos seres humanos,
como os lactobacilos, e "bactérias ruins" as que causam desgaste e que de
algum modo prejudicam o organismo humano.
As bactérias boas, em suma, são as que têm enzimas antioxidantes.
Quando são produzidos radicais livres no intestino, essas bactérias morrem
e produzem enzimas antioxidantes, neutralizando-os.
No intestino existe um número incontável de projeções chamadas vilo-
sidades. Os lactobacilos, que são bactérias boas, penetram nos espaços entre
essas vilosidades, e aí produzem as células do sistema imunológico, como
os glóbulos brancos e as células exterminadoras naturais. O combate em-
preendido pelos glóbulos brancos e pelas células exterminadoras naturais
a corpos estranhos, como proteínas, bactérias, vírus e células cancerosas,
produz um grande número de radicais livres. Os lactobacilos desempenha~
um papel ativo na remoção desses radicais livres.
Acredito que os radicais livres que não fõ~am removidos ou neutrali-
zados por falta de "bactérias boas" ou por qualquer outra razão causem
iDf!amarão d~yjlosidades, que são extremamente delicadas, destruindo-ª,s
e provocando colite ulcerativa ou doença de Crohl]..
Por outro lado, as bactérias ruins trabalham para decompor a matéria
não digerida e, em geral, são consideradas tóxicas. Entretanto, causando a
fermentação anormal da matéria não digerida e criando gases tóxicos, elas
estimulam o intestino a excretar gases e fezes, ajudando a remover do c,;:ga-
nismo a matéria não digerida o mais rápido possível. Desse modo, acredito
que seja impossível fazer a distinção ou classificar as bactérias intestinais
em boas ou ruins. A existência das "bactérias ruins" no organismo também
pode ter um propósito específico que não seja necessariamente prejudicial.
Além das bactérias boas e ruins, existem outras que não são tóxicas
nem úteis. São as chamadas bactérias "transitórias" ou neutras. Reiterando,
essa classificação de bactérias não é muito precisa. O mais importante é o
PRESTE ATENÇÃO AO SEU "ROTEIRO DE VIDA" 113

equilíbrio entre os tipos. Do mesmo modo que a proteína, seja qual for o
grau de importância do nutriente, seu consumo excessivo o transformará
em veneno para o organismo. Pode-se dizer o mesmo das bactérias ruins.
Se elas aumentarem demais, poderão causar problemas, ainda que sejam de
um tipo necessário à preservação da saúde.
Tudo é uma questão de equilíbrio, e, conforme mencionei anterior-
mente, o equilíbrio das bactérias intestinais é muito delicado. Os micro-
organismos são extremamente frágeis e facilmente influenciados pelo am-
biente. Em ambiente favorável, eles crescem milhares, até mesmo milhões,
de vezes. No entanto, em ambiente desfavorável, eles desaparecem muito
rápido.
As características das bactérias transitórias ainda não foram esclareci-
das, pois quando estão cercadas por maioria de bactérias boas, elas come-
çam a produzir enzimas antioxidantes. Mas, cercadas por maioria de bac-
térias ruins, elas se transformam em bactérias ruins. Em outras palavras, as
bactérias transitórias são altamente influenciadas pelas bactérias do meio
em que se encontram.
As pessoas não gostam de bactérias ruins, mas somos nós mesmos que
criamos o ambiente intestinal que favorece a sua propagação. Não podemos
culpar os micro-organismos por nossa ignorância a respeito de alimentação
e estilo de vida. Transformar as bactérias de nosso organismo em boas ou
ruins depende de nossas próprias ações.

CRIANDO UM AMBIENTE INTESTINAL


FAVORÁVEL ÀS BACTÉRIAS BOAS

Embora as enzimas sejam indispensáveis, o número de enzimas que um in-


divíduo é capaz de produzir pode ser predeterminado. Acredito que a vida
termina quando as enzimas-fonte se esgotam. Sendo assim, não seria errado
dizer que nosso tempo de vida é determinado pelas enzimas-fonte.
Os maiores responsáveis pelo esgotamento dessas preciosas enzimas são
os radicais livres. A própria sociedade moderna apresenta um ambiente em
que os radicais livres são produzidos com muita rapidez. Stress, poluição do
ar, raios ultravioleta, ondas eletromagnéticas, infecções virais ou bacteria-
nas, exposição a raio X ou radiação são fatores que geram radicais livres.
No entanto, além desses fatores externos, existem outras atividades que
produzem radicais livres, mas que podem ser facilmente evitadas se esti-
vermos dispostos a fazer algumas alterações no estilo de vida. Tabagismo,
consumo de bebidas alcoólicas, aditivos alimentares, alimentos oxidados e
114 A DIETA DO FUTURO

medicamentos são causas de radicais livres que podem ser evitadas. Se as


pessoas não se esforçarem para eliminar esses hábitos, provavelmente aca-
barão doentes, pois eles consomem um grande número de enzimas.
Se o número de enzimas do corpo já é predeterminado, dependemos das
bactérias intestinais para suprir a sua falta. Assim, a única maneira de au-
mentar nossas enzimas é criar um ambiente intestinal favorável às bactérias
boas e às suas enzimas antioxidantes.
Quando recomendo o consumo de alimentos ricos em enzimas é por-
que eles permitem a propagação das bactérias boas, que se transformam na
matéria-prima das enzimas.
Como acontece na natureza, o acúmulo de coisas boas levará a um ciclo
positivo. Com água e alimentos de boa qualidade e estilo de vida saudável,
o ambiente intestinal será naturalmente equilibrado, gerando uma profusão
de enzimas e permitindo uma vida plena de vitalidade.
Por outro lado, um único hábito ruim poderá transformar esse ciclo po-
sitivo em negativo. O consumo de carne e de leite e seus derivados afetará
negativamente a capacidade de digestão e absorção de nutrientes do orga-
nismo e, com o tempo, acabará danificando o ambiente intestinal. A dete-
rioração do ambiente intestinal provocará o desaparecimento das bactérias
boas e a transformação das bactérias transitórias em ruins. Isso criará um
ambiente em que o organismo não conseguirá mais neutralizar os radicais
livres. Além disso, com a deterioração da capacidade digestiva, os alimentos
não digeridos começarão a apodrecer no intestino. Usando esse alimen-
to em decomposição como nutrição, as bactérias ruins produzirão grandes
quantidades de gases tóxicos.
O intestino das pessoas que costumam produzir gases extraordinaria-
mente malcheirosos tem esse ciclo. As crianças amamentadas ao seio mater-
no não têm fezes malcheirosas porque consomem apenas alimentos vivos.
As fezes de crianças que consomem leite de vaca têm cheiro mais forte.
Embora o sistema imunológico também combata as toxinas no interior
do intestino, sobram poucas bactérias boas para neutralizar os radicais li-
vres produzidos nessa batalha. O resultado é a impossibilidade de impedir
os efeitos negativos dos radicais livres, que destruirão as paredes intestinais
e darão origem a pólipos e câncer.
É possível reverter esse ciclo e criar um bom ambiente intestinal pres-
tando muita atenção à alimentação e ao estilo de vida. Iniciar um novo ciclo
e manter-se persistente requer um grande esforço, mas depois de adotados
os novos hábitos, mesmo com o consumo de carne e álcool uma vez por
PRESTE ATENÇÃO AO SEU "ROTEIRO DE VIDA" 115

mês, as enzímas-fonte que foram economizadas até aquele momento com-


pensarão as interrupções ocasionais.

A RELAÇÃO INDESTRUTíVEL ENTRE O NOSSO CORPO E A TERRA

Os norte-americanos têm uma alimentação à base de carne há muito mais


tempo do que os japoneses, e o intestino dos norte-americanos não se dese-
quilibra tão facilmente como o dos japoneses. Tenho me questionado sobre
o motivo dessa diferença entre os dois grupos. Consigo pensar em vários
motivos.
Primeiro, a cultura alimentar de cada país ao longo de muitos anos é
diferente.
Os ocidentais têm se alimentado de carne há vários séculos, e os ja-
poneses somente incluíram a carne em sua alimentação no Período Meiji
(1868-1912), portanto é um fenõmeno relativamente recente. O intestino
dos japoneses, que se alimentam basicamente de grãos, verduras e legumes
há séculos, é 20% mais longo que o intestino dos ocidentais em relação
ao tamanho do corpo. Como eles têm o intestino mais longo, o alimento
ingerido leva mais tempo para ser excretado. Permanecendo mais tempo
no organismo, a carne produz um efeito muito maior no intestino dos
japoneses.
A outra diferença está no solo. O corpo humano e a terra têm uma liga-
ção indestrutível. Atualmente podemos comer alimentos de todas as partes
do mundo, mas, ainda assim, consumimos os alimentos do lugar em que
habitamos. Por isso, nossa saúde depende amplamente da condição da terra
em que vivemos.
Esta história aconteceu há alguns anos, mas a primeira vez que vi ver-
duras e hortaliças à venda nos Estados Unidos, fiquei espantado com o
tamanho delas. As verduras e os legumes japoneses, como berinjela ou
pepino, são nitidamente menores. Eu achava que a diferença estava no
tipo de hortaliça. Mas, o fato é que uma semente de verdura ou legume
plantada nos Estados Unidos crescerá muito mais do que se plantada no
Japão. Isso se deve ao teor mais elevado de cálcio, minerais e vitaminas
do solo norte-americano em relação ao japonês. Por exemplo, o espinafre
cultivado nos Estados Unidos tem três a cinco vezes mais cálcio do que o
cultivado no Japão.
Outro exemplo é o brócolis. De acordo com alguns dados que tenho
visto, 100 gramas de brócolis norte-americano contêm 178 miligramas de
116 A DIETA DO FUTURO

cálcio. Em contraposição, os mesmos 100 gramas de brócolis japonês con-


têm apenas 57 miligramas de cálcio.
Minha teoria é que, embora os norte-americanos tenham uma dieta cen-
trada na carne, seu organismo não é tão afetado pelo consumo de carne
como o dos japoneses porque eles comem verduras e legumes cultivados
em solo rico em nutrientes, permitindo, até certo ponto, a neutralização do
pH ácido do organismo causado pela carne.
Anos atrás, havia uma nítida diferença de constituição física entre japo-
neses e norte-americanos. Hoje em dia, por causa da alimentação ocidental,
o corpo dos japoneses é muito maior do que antes. Em outras palavras, os
hábitos alimentares e o físico dos japoneses mudaram com a importação de
uma cultura alimentar que consiste em carne, leite, queijo e manteiga.
Ainda que os japoneses queiram ocidentalizar-se dessa maneira, há uma
única coisa que não pode ser mudada: o solo japonês. Por mais que se tente,
a qualidade do solo não pode ser mudada. O que determina a riqueza do
solo é o número de pequenos animais e micro-organismos que ele contém.
Mas como a maior parte do solo japonês é de origem vulcânica, ele não
contém tantos nutrientes para as bactérias.
Assim, o solo do Japão não é rico em nutrientes. O povo japonês con-
seguiu manter o equilíbrio entre alimentação e saúde no passado porque se
alimentava de grãos, legumes e verduras cultivados em sua terra, bem como
peixes e vegetais do oceano da região. Acredito que estavam em sintonia
com o equilíbrio da natureza.

NÃO EXISTE ENERGIA VIVA EM ALIMENTOS


CULTIVADOS COM DEFENSIVOS AGRíCOLAS

Na natureza tudo está interligado. Tudo influencia tudo sem interferir no


delicado equilíbrio de nada. Mesmo as coisas que achamos "desnecessá-
rias", na natureza elas são necessárias.
Os defensivos são usados nas plantações para evitar os prejuízos cau-
sados por insetos daninhos. No entanto, "inseto daninho" é um termo
cunhado por seres humanos. Na natureza, não existem insetos que causam
danos.
Os seres humanos não gostam quando os insetos entram em suas plan-
tações, mas a verdade é que, daninhos ou úteis, eles acrescentam determi-
nados nutrientes às plantas quando pousam sobre elas. Esse nutriente é a
quitina-quitosana.
PRESTE ATENÇÃO AO SEU "ROTEIRO DE VIDA" 117

A quitina-quitosana é encontrada na carapaça do caranguejo e na casca


do camarão, mas a cobertura rígida do corpo dos insetos também é formada
por quitina-quitosana. Quando os insetos pousam na folha das plantas, ela
excreta enzimas, como a quitonase e a quitinase. Essas enzimas permitem
que as plantas absorvam quantidades diminutas de qui tina , cerca de um
nanograma, do corpo e das patas do inseto para usá-Ia como nutriente.
Desse modo, os nutrientes que as plantas absorvem dos insetos contri-
buem para a vida dos animais que comem essas plantas.
Entretanto, essa cadeia de nutrição é danificada pelos agrotóxicos. Em
vez da quitina-quitosana dos insetos, as plantas, as verduras e os legumes
absorvem os agrotóxicos usados para repelir insetos, causando grandes da-
nos aos seres humanos que consomem essas plantas.
Além disso, os agrotóxicos tiram a vida de coisas vivas do solo! Esses
organismos vivos são a fonte de energia das plantações. O solo das planta-
ções, que são periodicamente pulverizadas com agrotóxicos, nem sequer
tem minhocas ou bactérias úteis. Em solo estéril as plantações não crescem,
por isso são usados fertilizantes químicos. As plantas conseguem crescer
com esses fertilizantes, porém com deficiência de sabor e valor nutritivo. É
por essa razão que os nutrientes dos vegetais estão diminuindo a cada ano.
A irrigação das plantações constitui outra ameaça. A água para uso
agrícola não é esterilizada com cloro como a água de torneira normal. As
plantações demandam grandes quantidades de água, porém, além de serem
poluídas por agrotóxicos, elas vêm de rios poluídos e são contaminadas por
resíduos de esgoto humano. As toxinas que entram no organismo humano
são, até certo ponto, excretadas pela ingestão de água. O mesmo acontece
com as plantas. Entretanto, como a água que deveria ser usada pelas plantas
para excretar toxinas é poluída, é inevitável que essas plantas acumulem
toxinas.
O terceiro problema é o cultivo em estufa. O objetivo das estufas é re-
duzir os danos causados por insetos e controlar a temperatura. Entretanto,
o lado negativo disso - embora ainda não seja do conhecimento de todos
- é que a luz solar é bloqueada por uma cobertura de plástico. Como as
plantas não conseguem se movimentar como os animais, ficam expostas a
grandes quantidades de radiação ultravioleta. Os raios ultravioleta provo-
cam o acúmulo de radicais livres e oxidação. Para que as plantas se protejam
contra isso, elas são dotadas de um mecanismo que as capacita a produzir
grandes quantidades de substâncias antioxidantes.
Esses agentes antioxidantes incluem vitaminas, como A, C e E, e poliíe-
nóis, como flavonoide, isoflavona e catequina, encontrados em quantidades
118 A DIETA DO FUTURO

significativas nos vegetais. As plantas produzem essas substâncias antio-


xidantes quando são expostas aos raios ultravioleta. Em outras palavras,
a cobertura de plástico reduz a incidência dos raios ultravioleta sobre as
plantas. Como consequência, os vegetais produzem menos substâncias an-
tioxidantes, como vitaminas e polifenóis.
Atualmente, a prioridade do setor agrícola é produzir alimentos de boa
aparência, não alimentos nutritivos. As folhas de verduras e legumes culti-
vados de forma natural apresentam orifícios produzidos por insetos ou têm
forma irregular. Na verdade, eles não têm um aspecto bonito. Todavia, são
muito ricos em energia viva.
Nós obtemos energia dos alimentos que consumimos, portanto se con-
sumirmos alimentos desprovidos de energia viva, por mais que comamos,
nunca conseguiremos ser saudáveis. A pessoa que não come alimentos cul-
tivados de forma natural não pode esperar uma vida com saúde. Os ali-
mentos consumidos diariamente sustentam o organismo, e a escolha desses
alimentos é determinante para a saúde.
A boa notícia é que um número cada vez maior de pessoas está come-
çando a usar fertilizantes e métodos de cultivo orgânicos. O custo desses
produtos certamente é maior do que o dos alimentos "comuns", mas esse
é o preço de uma vida com saúde, e é muito mais barato do que ficar do-
ente.
A vida se sustenta somente com alimentos plenos de energia. As plan-
tações só podem ser plenas de energia se forem produzidas em solo que
possui energia viva. Se as bactérias do solo forem saudáveis, os legumes, as
verduras e as frutas também serão. Os alimentos saudáveis transformam as
bactérias do intestino humano em bactérias saudáveis.

TUDO ESTÁ ESCRITO EM NOSSO "ROTEIRO DE VIDA"

Todos nós, às vezes, deixamos de perceber relações importantes quando nos


concentramos em uma única coisa. Por exemplo, se considerarmos apenas
um órgão do corpo isoladamente, não veremos como os órgãos se relacio-
nam entre si. Ou, se olharmos somente o corpo, negligenciaremos a insepa-
rabilidade vital entre corpo, mente e espírito.
Diante de pressão mental, o corpo é imediatamente dominado pelos
nervos simpáticos. Em contrapartida, diante da felicidade plena, quando
estamos nos sentindo plenamente felizes, o corpo é dominado pelos nervos
parassimpáticos. À noite, durante o sono, o corpo se recupera porque passa
para o domínio dos nervos parassimpáticos.
PRESTE ATENÇÃO AO SEU "ROTEIRO DE VIDA" 119

A pessoa sob stress mental diário e que é ocupada demais para comer de
modo adequado sofrerá um desequilíbrio físico. Qualquer doença é causada
por mais de um fator. Tudo está interligado. Fatores mentais, fatores físicos,
fatores ambientais ... A doença surge quando todos esses fatores se juntam e
formam um ciclo negativo.
A má alimentação produz grandes quantidades de radicais livres no or-
ganismo, mas os sentimentos negativos, como ódio, ressentimento e ciúme,
são tão destrutivos para a saúde quanto a má alimentação. Não adianta nada
interromper o consumo de bebida alcoólica, parar de fumar e adotar uma
alimentação perfeita, se a dieta mental for de raiva, stress e medo. A doença
poderá surgir da mesma maneira. Para uma vida saudável, é importante
manter um estado mentalmente harmonioso e estável.
Entre as pessoas com câncer, há as que se rendem a ele e perdem a vida
em pouco tempo, e há outras cujo câncer não avança com tanta rapidez.
Acredito que essa diferença esteja no "anfitrião", ou no doente - especifi-
camente, no vigor físico do hospedeiro. A metástase e a recidiva de câncer
se devem ao enfraquecimento do sistema imunológico do anfitrião.
Em minha opinião, a capacidade de combater o câncer (ou qualquer
outra doença) depende do número de enzimas-fonte do doente. Se ele tiver
determinado nível de enzimas-fonte, sua chance de combater a doença será
maior. Por outro lado, se as enzimas estiverem esgotadas, o câncer será
muito mais "agressivo", pois conseguirá propagar-se com mais facilidade
pelo corpo enfraquecido.
Comparando-se com a expectativa de vida do universo, os seres huma-
nos têm uma existência muito breve, ainda mais breve do que a dos vírus.
A vida de um ser humano passa em um piscar de olhos. Mesmo que eu
viva 120 anos, considero esse período curto. Existem muitas coisas que eu
gostaria de fazer nesta vida, e são coisas que exigem motivação constante e
elevado nível de energia. Talvez você esteja lendo este livro porque sinta a
mesma coisa. Se a nossa vida é tão curta, não há motivos para não vivermos
com saúde, felicidade e vitalidade. Digo aos meus pacientes (e a todos que
querem ouvir) que eles têm a opção de permanecer jovens, saudáveis e oti-
mistas e de desenvolver interesses de várias maneiras.
Percebo que a nossa vida, inclusive a minha, é um microcosmo de um
quadro maior. Eu tenho um fraco por essa vida tão curta, porém, tão impor-
tante. Você não acha que é um desperdício perder essa vida curta e preciosa
remoendo ressentimentos e medos, comendo alimentos de baixo valor nu-
tritivo e sofrendo com problemas de saúde e baixa energia?
120 A DIETA DO FUTURO

A doença e o sofrimento não são necessários em nossa vida tão breve,


pois a maneira de viver com saúde já está escrita para cada um. Primeiro
é preciso ouvir o que o corpo está tentando dizer. Na impossibilidade de
ouvir a voz do corpo, temos a natureza para nos ensinar. As leis da natureza
nos ensinam exatamente o que precisamos agora. Se tivermos humildade
suficiente para aceitá-Ias e confiar em nosso roteiro de vida, as milagrosas
enzimas-fonte nos ajudarão a ter uma vida longa, plena e feliz.

o AMOR ATIVA A ENZIMA DO MILAGRE

"Nem só de pão vive o homem" é um ensinamento bíblico, mas aprendi


com muitos pacientes que esse ensinamento também é uma das leis da na-
tureza.
Há casos de pessoas muito doentes que se recuperam milagrosamente
depois de estabelecer uma meta. Existem casos no mundo todo em que
portadores de câncer desenvolvem, casualmente ou não, sentimentos de
gratidão e, depois disso, começam a se recuperar.
Todos os seres humanos têm um potencial infinito, que, em geral, está
escondido. Quando há uma abertura para a realização desse potencial, as
enzimas do organismo são ativadas, gerando energia e até mesmo trazendo
de volta à vida pessoas quase mortas. Por outro lado, o corpo pode ser sau-
dável o quanto for, mas uma vida de solidão, sempre voltada para o negativo
e para a tristeza, reduzirá a força das enzimas.
Não acho que a cura do câncer por meio do amor seja impossível. Acho
que uma pessoa que realmente acredite em sua cura e que sinta o verdadei-
ro amor no fundo do seu coração seja capaz de vencer a doença. O intenso
desejo de ver seus filhos ou netos crescerem aumentará muito as suas chan-
ces de viver. Dependendo da intensidade do desejo, abrem-se possibilidades
que aparentemente eram impossíveis.
Para curar uma doença, o médico não pode simplesmente cortar "partes
doentes" do corpo do paciente ou simplesmente receitar-lhe medicamentos.
A cura significa motivar a pessoa de tal modo que ela se sinta genuinamente
feliz. Um grande médico é aquele que tem a capacidade de despertar esse
tipo de motivação. Minha meta pessoal é ser esse tipo de profissional. Mas,
o que seria uma forte motivação para esses pacientes? Acredito que não
exista motivação maior do que o amor.
Todos nós sabemos que há muitas formas de amor - entre homem e
mulher, entre pais e filhos, entre companheiros e amigos, entre nós e as
pessoas necessitadas - seja qual for a forma, acredito que a motivação, o
PRESTE ATENÇÃO AO SEU "ROTEIRO DE VIDA" 121

bem-estar e a felicidade venham do amor. Para se ter saúde, é absolutamen-


te necessário sentir amor por alguém. Poucas pessoas conseguem ser felizes
sozinhas. Uma vida feliz é plena de amor, que passa por vários estágios.
Primeiro recebemos amor, depois construímos amor com outras pessoas e,
finalmente, damos amor.
Quando uma pessoa é verdadeiramente feliz, os exames de sangue reve-
lam um sistema imunológico ativo. Como as enzimas-fonte elevam as fun-
ções imunológicas, é provável que a pessoa feliz tenha um grande número
delas.
Além disso, quando você está se sentindo feliz, os nervos parassimpá-
ticos do sistema nervoso assumem o controle, reduzindo o nível de stress.
Quando o nível de stress diminui, menos radicais livres são produzidos e
o equilíbrio da flora intestinal começa a pender para o lado das bactérias
boas. Quando o ambiente intestinal melhora, essa situação é transmitida
pelos nervos parassimpáticos ao hipotálamo. O cérebro recebe essa infor-
mação e produz sensações de prazer ainda mais intensas.

Sensação de felicidade ~ nervos parassimpáticos assumem o comando


~ redução do stress ~ melhora do equilíbrio intestinal ~ mensagem via
nervos parassimpáticos ~ transmissão para o hipotálamo ~ maior sensa-
ção de felicidade.

As partes do corpo humano - sistema imunológico, endócrino e ner-


voso - não funcionam sozinhas. Elas influenciam umas às outras. Quando
se inicia um ciclo positivo, todo o corpo toma uma direção positiva.
Quando se inicia um ciclo de felicidade, a produção de enzimas au-
menta muito. Em troca, elas estimulam positivamente todas as células do
corpo. Portanto, as responsáveis pela ativação da força de auto cura de uma
pessoa feliz por causa do amor são as enzimas produzidas por esse ciclo de
felicidade.
Tenho certeza de que você perceberá que o amor é o principal capítulo
do nosso "roteiro de vida".
EPílOGO

O fator enzimdtico: da entropia


à sintropia

C ompletei 72 anos em março de 2007, e, periodicamente, quando vejo


meus colegas de classe, consigo saber o tipo de vida que cada um levou
desde que nos conhecemos. Alguns têm a aparência típica do velho, enquan-
to outros parecem muito jovens. A diferença está em fatores como história
alimentar, estilo de vida, tipo de água consumida, padrões de sono, ambiente
e motivação. O corpo de uma pessoa mais velha não mente. Na realidade, ele
reflete o tipo de vida que ela leva.
Algumas pessoas dizem que a partir do nascimento todas as coisas vivas
rumam em direção à morte. É verdade. Mesmo que respeitemos as leis da
natureza, um dia vamos morrer.
No entanto, a velocidade com que se percorre esse caminho pode va-
riar enormemente. As pessoas que têm altos níveis de stress físico e mental
podem terminar sua jornada em apenas quarenta anos, mas outras podem
percorrer o caminho da vida em cem anos ou mais. É possível conseguir
isso cuidando do corpo e da mente e apreciando a paisagem do caminho
com um companheiro ou com amigos.
O caminho que escolhemos é determinado por nosso livre-arbítrio. Mas,
levando-se em conta que o resultado é o mesmo, não seria melhor criar uma
vida longa e frutífera da qual pudéssemos usufruir?
Tomemos um prego como exemplo. Esse prego um dia enferrujará e
acabará se esfarelando e se desintegrando. Ele enferrujará rapidamente se
ficar em local exposto ao sal, como o litoral; mas se ele regularmente rece-
ber uma camada de tinta ou óleo, é provável que fique livre da ferrugem por
um bom tempo.
O processo pelo qual qualquer pessoa ou coisa caminha em direção à
destruição ou desintegração é denominado "entropia". Mas a velocidade da
entropia depende muito do ambiente. O processo inverso da entropia, que
leva ao reparo, à regeneração e ao renascimento, denomina-se "sintropia".
Uma vez que todos nós estamos destinados a morrer, podemos dizer
que a vida flui ao longo do rio da entropia. Mas, ao mesmo tempo, a na tu-

123
124 A DIETA DO FUTURO

reza também nos fornece a possibilidade da sintropia. Urna coisa viva que
gere vida nova a partir de urna parte do seu corpo caracteriza sintropia. Nos
animais, por exemplo, o óvulo da mãe e o espermatozoide do pai se unem
para gerar urna nova vida. O mesmo acontece com as plantas. Mesmo que
o tronco de urna planta esteja em decomposição, um novo broto crescerá
de sua semente ou da ponta de urna de suas raízes. Alguns peixes, corno o
salmão, dão a própria vida para gerar outra, nadando contra a corrente para
desovar e morrer. Esses exemplos representam o momento em que ocorre a
mudança de entropia para sintropia.
A entropia e a sintropia coexistem no plano da natureza.
O corpo humano se regenera todos os dias por meio do metabolismo.
Mesmo que fiquemos doentes, nossa capacidade natural de cura ajuda a
nossa recuperação. Essas são funções da sintropia. No entanto, para que a
sintropia de nosso corpo funcione bem, precisamos viver segundo as leis da
natureza. Passei o livro inteiro promovendo a boa alimentação e o estilo de
vida adequado para se viver segundo essas leis.
Existe um único fator que pode converter a entropia do corpo humano
em sintropia, é a força da mente. Ressalto a importância da motivação e da fe-
licidade, bem corno a maneira corno elas nos ajudam a ter urna vida saudável,
porque quero enfatizar o poder e a influência da mente sobre o corpo físico.
Atualmente, a medicina especializada não dá a devida atenção a fatores
mentais, corno a motivação, embora ela exerça grande influência sobre o
corpo e seja indispensável a urna vida com saúde e vigor.
As pessoas que estão sempre expostas ao público, corno atores, atrizes,
políticos e homens de negócio, costumam ter urna exuberância juvenil. A
consciência que elas têm de serem o centro das atenções mexe com a sua
motivação. Por outro lado, sempre ouvimos falar de pessoas que - antes
muito ativas - envelhecem ou adoecem repentinamente a partir do mo-
mento em que se aposentam, sem dúvida nenhuma por causa da perda de
motivação. Homens e mulheres que moram sozinhos e que, por exigência
de seu trabalho, não têm outros interesses, não saberão o que fazer depois
de aposentados. As pessoas mais equilibradas terão maior probabilidade de
fazer urna transição saudável para a vida pós-aposentadoria.
Se, depois de ler este livro, você começar a seguir meu conselho de evi-
tar alimentos oxidados e derivados do leite, beber água de boa qualidade e
concentrar-se nos sentimentos de gratidão e felicidade todos os dias, o seu
corpo começará a passar ao estado de entro pia para o de sintropia.
O importante é começar a agir imediatamente para aproveitar o impulso
de sua motivação. Seja qual for o grau de seriedade com que você pensa em
melhorar sua alimentação, beber água de boa qualidade ou parar de beber
ou fumar, se esses pensamentos não forem acompanhados por ação, você
o FATOR ENZIMÁTICO: DA ENTROPIA À SINTROPIA 125

acabará com sentimento de culpa e de missão não cumprida, além das emo-
ções negativas que certamente não farão bem à sua saúde.
Muitas doenças conhecidas no passado como "doenças de adulto" atu-
almente têm sido chamadas de "doenças relacionadas ao estilo de vida". En-
tretanto, toda vez que tenho oportunidade, digo às pessoas que as doenças
realmente decorrem da ignorância ou da falta de autocontrole. São palavras
duras, eu sei, para os que realmente estão doentes. E como muitas dessas
pessoas ficaram doentes por falta de conhecimento, a culpa maior é dos
médicos ou dos padrões da nossa sociedade.
E mais, digo que essas doenças decorrem da falta de controle porque
eu gostaria que todos compreendessem muito bem que os que conseguem
controlar-se podem evitar muitas doenças.
Os médicos e os padrões da sociedade podem ser responsabilizados pela
falta de conhecimento sobre esses assuntos, pois os próprios médicos estão
entre as pessoas que mais ficam doentes. Conheço muitos médicos que têm
câncer e diabetes. De fato, há várias décadas, li que a expectativa média de
vida dos médicos norte-americanos era de 58 anos. Em outras palavras, até
os médicos, que supostamente são "especialistas em doenças", não têm o
conhecimento básico sobre alimentação e saúde.
Embora este livro tenha sido escrito com base na riqueza dos casos clí-
nicos que estudei, você não ficará saudável simplesmente lendo o que eu
disse. Para ficar saudável, você terá de adotar a conduta correta. Embora
modesto no início, o desenvolvimento de bons hábitos acabará exercendo
um impacto significativo sobre a sua saúde. E nunca é tarde para começar
uma coisa boa.
Ainda que existam diferenças de acordo com a área do corpo, a maior
parte das células, normalmente, é substituída a cada 120 dias. Assim, aos
que estão dispostos a adotar a Alimentação e o Estilo de Vida do Fator Enzi-
mático, aconselho que o sigam primeiro por quatro meses. Se conseguirem
fazer com que o organismo passe da entropia para a sintropia, verão uma
mudança drástica já nesse curto período.
Com alimentos saudáveis, estilo de vida adequado, água de boa quali-
dade, repouso necessário, exercícios moderados e interesse por coisas mo-
tivadoras, sem dúvida nenhuma seu corpo responderá de maneira positiva.
Mesmo quando não está em boas condições de saúde, o organismo está con-
tinuamente se esforçando para permanecer saudável. Como médico, ficarei
muito satisfeito se, depois de ler este livro, você colocar minhas sugestões
em prática e sua saúde melhorar radicalmente.
Apêndices
As sete chaves de ouro do dr. Shinya para a saúde

USE ESTAS CHAVES PARA PRESERVAR AS "ENZIMAS MILAGROSAS" DE SEU


CORPO E DESFRUTAR DE UMA VIDA LONGA E SAUDÁVEL

1. BOA ALIMENTAÇÃO

L 85 a 90% de alimentos de origem vegetal:

a. 50% de grãos integrais, arroz integral, massa de trigo integral, cevada,


cereais, pão integral e leguminosas que incluem soja, feijão roxinho,
grão-de-bico, lentilha, feijão-carioca, feijão-guandu, feijão-preto,
branco e rosa.
b. 30% de vegetais amarelos e verdes e tubérculos, incluindo batata,
cenoura, inhame e beterraba, e vegetais marinhos.
c. 5"a 10% de frutas, sementes e nozes.

2. 10 a 15% de proteína animal (não mais que 85 a 115 g por dia):

a. Qualquer tipo de peixe, preferencialmente peixe pequeno porque os


grandes contêm mercúrio.
b. Aves: frango, peru, pato - somente pequenas quantidades.
c. Carne de vaca, carneiro, porco - consumo restrito ou nenhum con-
sumo.
d. Ovos.
e. Leite de soja, queijo de soja, leite de arroz e leite de amêndoa.

Alimentos que devem ser acrescentados à sua alimentação:

1. Chás de ervas.
2. Comprimidos de alga marinha (kelp).
3. Lêvedo de cerveja (boa fonte de vitamina do complexo B e mine-
rais) .
4. Pólen de abelha e própolis.
128 A DIETA DO FUTURO

5. Suplementos' de enzima.
6. Suplemento multivitamínico e mineral.

Alimentos e substâncias que devem ser evitados ou restritos:

1. Laticínios, como leite de vaca, queijo, iogurte e outros derivados do


leite.
2. Chá-verde, chá chinês, chá-preto (no máximo 1 a 2 xícaras por dia).
3. Café.
4. Doces e açúcar.
5. Nicotina.
6. Álcool.
7. Chocolate.
8. Gorduras e óleos.
9. Sal de mesa normal. (Use sal marinho com elementos-traço.)

Outras recomendações alimentares:

1. Pare de comer 4 a 5 horas antes de se deitar.


2. Mastigue cada bocado 30 a 50 vezes.
3. Não coma entre as refeições, exceto frutas frescas. (Quem não con-
segue dormir por causa da fome, pode comer um pedaço de fruta in
naiurd, pois elas são de digestão rapida.)
4. Coma frutas e beba sucos 30 a 60 minutos antes das refeições.
5. Coma grãos e cereais integrais e não refinados.
6. Coma mais alimentos crus ou ligeiramente cozidos no vapor. O aque-
cimento da comida acima de 47,JOC mata as enzimas.
7. Não coma alimentos oxidados. (A fruta que adquiriu um tom mar-
rom começou a oxidar.)
8. Coma alimentos fermentados.
9. Seja disciplinado em relação aos alimentos que você come. Lembre-se
de que você é o que come.

2. ÁGUA DE BOA QUALIDADE

A água é essencial para a saúde. Beba água com forte capacidade de redução
e que não tenha sido poluída por substâncias químicas. A ingestão de "água
de boa qualidade", como água mineral ou água dura, que tem mais cálcio e
magnésio, mantém seu corpo em um pH alcalino ideal.
AS SETE CHAVES DE OURO DO DR. SHINYA PARA A SAÚDE 129

• Os adultos devem beber no mínimo de 6 a 10 copos de água por


dia.
• Beba de 1 a 3 copos de água pela manhã ao se levantar.
• Beba de 2 a 3 copos de água uma hora antes das refeições.

3. ELIMINAÇÃO REGULAR

• Adquira o hábito diário de remover os poluidores intestinais e de


limpar seu sistema regularmente.
• Não tome laxantes.
• Para intestino preguiçoso e para desintoxicação do fígado, o enema
de café é uma boa opção. O enema de café é muito bom para desin-
toxicar o cólon e o organismo como um todo, pois, ao contrário de
outros métodos de desintoxicação alimentar, ele não libera radicais
livres na corrente sanguínea.

4. EXERCíCIO MODERADO

• O exercício físico adequado à idade e à condição física faz bem à saú-


de, mas o excesso pode liberar radicais livres e danificar o corpo.
• Existem bons exercícios, como caminhada (quatro quilômetros), na-
tação, tênis, ciclismo, golfe, musculação, yoga, artes marciais e aeró-
bica.

5. REPOUSO ADEQUADO

• Vá para a cama todos os dias à mesma hora e durma de 6 ou 8 horas


seguidas.
• Não coma nem beba nada quatro ou cinco horas antes de dormir. Se
você sentir fome ou sede, pode comer um pedaço pequeno de fruta
uma hora antes de se recolher, pois ela será rapidamente digerida.
• Tire um cochilo de 30 minutos depois do almoço.

6. RESPIRAÇÃO E MEDITAÇÃO

• Pratique meditação.
• Pratique pensamento positivo.
• Faça respiração abdominal profunda 4 ou 5 vezes por hora. A expi-
ração deve ser duas vezes mais longa do que a inspiração. Esse tipo
130 A DIETA DO FUTURO

de respiração é muito importante porque ajuda a livrar o corpo de


toxinas e radicais livres.
• Use roupas confortáveis e que não restrinjam a respiração.
• Ouça seu corpo e seja tolerante com você.

7. ALEGRIA E AMOR

• Alegria e amor estimulam o fator enzimático do corpo, às vezes de


maneira milagrosa.
• Dedique algum tempo do dia para uma atitude de gratidão.
• Sorria.
• Cante.
• Dance.
• Viva apaixonadamente e envolva a sua vida, o seu trabalho e as pes-
soas que você ama com todo o seu amor.
Hábitos alimentares recomendados

MASTIGUE BEM OS ALIMENTOS

Mastigue cada bocado de alimento de 30 a 70 vezes. A mastigação libera


uma secreção abundante de saliva e uma enzima que se liga facilmente ao
suco gástrico e à bile, além de ajudar no processo da digestão. Mastigar
bem os alimentos aumenta os níveis de glicose no sangue, o que suprime
o apetite e reduz a fome. A mastigação também ajuda na absorção eficiente
mesmo quando a quantidade de alimento é pequena.

COMA GRÃOS ORGÂNICOS SEMPRE QUE POSSíVEL

Arroz integral, grãos e leguminosas integrais são muito bons, e os alimen-


tos fermentados são ótimos. Coma leguminosas todos os dias. Elas contêm
mais proteína do que a carne, além de vários elementos, como vitaminas,
minerais e selênio.

COMA SOMENTE CARNE DE ANIMAIS COM


TEMPERATURA CORPORAL INFERIOR À SUA

Comer carne de animais com temperatura corporal elevada, como carne


bovina e de aves, não faz bem à saúde, pois esse tipo de gordura se solidifica
na corrente sanguínea dos seres humanos. É muito melhor comer carne de
animais de baixa temperatura corporal, como peixe, já que esse tipo de óleo
se liquefaz em nosso organismo e limpa as artérias, em vez de obstruí-Ias.

EVITE COMER OU BEBER ANTES DE IR PARA A CAMA À NOITE

É importante fazer a última refeição quatro ou cinco horas antes de dormir


à noite. Quando o estômago está vazio, a alta concentração de ácido mata a
bactéria Helicobacter pylori, bem como outras bactérias ruins, criando um
132 A DIETA DO FUTURO

ambiente intestinal equilibrado e favorável à autocura, resistência e imuni-


dade. A restrição de líquido e alimento antes de ir para a cama ajuda a evitar
problemas de refluxo de ácido e apneia do sono.

BEBA DE 8 A 10 coses DE ÁGUA DE BOA QUALIDADE POR DIA

É importante encontrar o ritmo e o horário certo de beber água. Beba de


dois a três copos pela manhã ao levantar-se e de dois a três copos trinta mi-
nutos a uma hora antes das refeições. Não se deve beber água durante nem
após as refeições, pois as enzimas digestivas seriam diluídas. Se a ingestão
de líquido durante ou após a refeição for inevitável, não deve passar de meio
copo. A água de boa qualidade é isenta de substâncias nocivas ao organismo
humano, como o cloro. Ela tem pequenos agrupamentos de moléculas e o
equilíbrio adequado de minerais, como cálcio, magnésio, sódio, potássio e
ferro. Seu pH deve ser superior a 7,5 ou ligeiramente alcalino, e o conteúdo
de cálcio oxidado não deve ser grande. Em resumo, a água de boa qualidade
é aquela capaz de eliminar radicais livres por meio da antioxidação.

COMA CARBOIDRATOS DE QUALIDADE

Os carboidratos são de fácil digestão e absorção e constituem uma fonte


imediata de energia. Os carboidratos de boa qualidade contêm fibras ali-
mentares, vitaminas e minerais, bem como todos os elementos que con-
tribuem para a eficiência do metabolismo celular, do fluxo sanguíneo e da
eliminação de resíduos. Os carboidratos de qualidade excelente, quando
absorvidos e digeridos para gerar energia, produzem água e dióxido de
carbono. Eles não produzem toxinas ou resíduos como os da proteína ou
gordura metabolizada. Como o seu metabolismo não produz resíduos no
sangue e não exige grande gasto de energia para ser digerido e absorvido, o
carboidrato é a fonte ideal de energia para atividades de resistência.

Algumas fontes de carboidratos de alta qualidade:

• Açúcar não refinado ou mascavo


• Cevada não refinada
• Trigo-sarraceno
• Milheto
• Milho
• Amaranto
• Quinoa
HÁBITOS ALIMENTARES RECOMENDADOS 133

• Pão integral
• Trigo-sarraceno escuro japonês moído a partir de grãos não refina-
dos

ESCOLHA A GORDURA DE SUA ALIMENTAÇÃO COM CRITÉRIO

A gordura é classificada com base em sua origem - vegetal ou animal.

Os óleos vegetais incluem óleos de:


• oliva
• soja
• milho
• gergelim
• semente de colza
• açafrão
• farelo de arroz

As gorduras de origem animal incluem:


• manteiga
• banha de porco
• gordura bovina
• óleo de peixe

A classificação da gordura também pode ser feita segundo o seu conteú-


do de ácidos graxos saturados ou insaturados. Os ácidos graxos saturados,
como ácido esteárico e ácido palmítico são abundantes na gordura animal.
Os ácidos graxos insaturados são encontrados nos óleos vegetais na forma
de ácido linoleico, Iinolênico, aleico e araquidônico. Os ácidos linoleico e
araquidônico são chamados ácidos graxos essenciais ou vitamina F e, como
não são produzidos pelo organismo, precisam ser obtidos dos alimentos. A
gordura a~imal promove o acúmulo de resíduos, levando à aterosclerose •
.....hm..t;I1àn~ão
e obesidade. Os alimentos naturais, como ~r,roz integral, se-
IQente de gergelim, milho e soja, contêm cerca de 30% de gordura e consti-
t~ lima fonte muito mais rica da gordura que o organismo necessita do
~ue o"óleo refinadoYpois o..§eu metabolismo não sobrecarrega o pâncreas
nem o fíga1<?Além disso, os óleos vegetais limpam os resíduos, como o co-
lesterol, e previnem a a_terosclerose preserv':ln_ç!.9~llexibil~Qªd.~_Qª.LCélul<lli.
(

I %e dos vasos sanguíneos. Os óleos vegetais vendidos como óleos para salada
são tratados quimicamente e não são recomendados.
134 A DIETA DO FUTURO

COMA ÓlEO DE PEIXE

o óleo de peixe faz bem para o cérebro. As elevadas concentrações de DHA


encontradas no óleo de peixe foram relacionadas a habilidades matemáticas
e outras. Embora os efeitos do DHA no sistema cerebral ou nervoso não se-
jam especificamente compreendidos, postula-se que o DHA reduz o risco de
demência ou doença de Alzheimer. Alguns estudos mostram que o ômega 3
climinui o triglicerídeo, reduzindo a incidê~cia de coágulos sanguíneos ..

REDUZA SUA DEPENDÊNCIA DE MEDICAMENTOS MODIFICANDO


SUA ALIMENTAÇÃO E FAZENDO EXERCíCIOS SEMPRE QUE POSSíVEL

A dependência de medicamentos, mesmo dos que são vendidos com receita


médica, pode ser prejlldiçial ao organismo porape eles exigem demais do
fígado e dos rins. Muitas doenças crônicas, como artrite, gota, diabetes e
osteoporose, podem ser controladas com alimentação e exercício.

COMA ALIMENTOS RICOS EM FIBRA PARA A ELIMINAÇÃO ADEQUADA


E PARA A PREVENÇÃO DE DOENÇAS RELACIONADAS À IDADE

As fibras alimentares são encontradas em uma grande variedade de alimen-


tos, principalmente nos de origem vegetal, como verduras, legumes, vege-
tais marinhos, frutas, grãos não refinados, cereais e cogumelQ.~.Os vegetais;
marinhos desjdratados contêm uma o.uantjdade de fibra alimentar que cQr-
responde a 50 ou 60% do seu p~so. A ingestão de fibra alimentar na forma
de grânulo, cápsula ou líquido não é recomendada. Esses suplementos po-
dem interferir na absorção de outros nutrientes, resultando em doenças.

OS MICRONUTRIENTES SÃO MilAGROSOS

Os micronutrientes incluem vitaminas, minerais e aminoácidos. O termo


"micro" refere-se à menor quantidade necessária em comparação com as
exigências "macro" de carboidrato, proteína, gordura e fibra alimentar. Os
micronutrientes são essenciais à preservação da saúde, ao equilíbrio mental
e emocional e à prevenção de doenças. O organismo precisa de determina-
das quantidades desses nutrientes que são denominadas Consumo Diário
Recomendado (RDA). O RDA representa a quantidade mínima necessária
para evitar doenças. A exigência, no entanto, varia de indivíduo para indi-
víduo, dependendo da alimentação e do estilo de vida de cada um. Mesmo
HÁBITOS ALIMENTARES RECOMENDADOS 135

ingerindo todos os dias a mesma quantidade de um mesmo tipo de alimen-


to com o mesmo número de calorias, a quantidade de nutrientes absorvidos
e excretados dependerá do estado emocional, mental ou físico do corpo
naquele dia. Uma alimentação saudável e natural na proporção adequada
não é garantia de ingestão de quantidade suficiente de vitaminas, minerais
ou aminoácidos.

USE SUPLEMENTOS COM MODERAÇÃO

É importante comer alimentos naturais que estejam equilibrados e sincro-


nizados com o biorritmo de cada um. Vários estudos demonstram que a
suplementação de micronutrientes pode minimizar as doenças relacionadas
à idade e melhorar o índice de cura de câncer, cardiopatias e doenças crôni-
cas. É justamente o trabalho de equipe de todos os nutrientes que contribui
para a nossa saúde. A ingestão de dois ou três nutrientes com vitaminas e
minerais, enquanto se excluem ou minimizam outros, impossibilitará a pre-
servação da saúde, bem como a prevenção das doenças relacionadas à idade
e a redução do processo de envelhecimento. O consumo de altas doses de
uma vitamina ou mineral específico dentre os nutrientes essenciais pode ter
efeito positivo para algumas pessoas e negativo para outras.
As vitaminas solúveis em água, como A, D, E e K ficam armazenadas no
fígado e na gordura corporal, portanto não é necessário tomar esses suple-
mentos todos os dias. As vitaminas solúveis em água, que são as vitaminas
do complexo B e a vitamina C, dissolvem-se nos líquidos corporais e são
excretadas na urina; por isso, a ingestão diária dessas vitaminas é impor-
tante, embora a dose necessária seja bastante pequena. (Algumas pesquisas
indicam que o exagero de suplementos pode ter efeito negativo sobre o sistema
imunológico, além de aumentar os radicais livres e estimular alterações na
gordura encontrada no fígado, no coração e nos rins. Ao mesmo tempo em que
eu recomendo a suplementação de micronutrientes, os achados dessas pesqui-
sas não devem ser desprezados, portanto sugiro moderação, autoconsciência
e cuidado).

AS VITAMINAS E OS MINERAIS TRABALHAM JUNTOS

As vitaminas são orgânicas e os minerais são inorgânicos. As funções desses


nutrientes complementam-se uns aos outros. Por exemplo, a vitamina D
facilita a absorção do cálcio. A vitamina C trabalha na absorção do ferro: o
ferro ajuda no metabolismo dos grupos da vitamina B; o cobre estimula a
136 A DIETA DO FUTURO

ativação da vitamina C, e o magnésio metaboliza a vitamina C. O funciona-


mento integrado dos micronutrientes é amplo, e o nosso conhecimento a
respeito desses processos ainda é restrito.

OS MINERAIS REFORÇAM SEU FATOR ENZIMÁTICO

Os minerais são necessários à preservação da saúde. Eles incluem:


• cálcio
• magnésio
• fósforo
• potássio
• enxofre
• cobre
• zinco
• ferro
• bromo
• selênio
• iodo
• molibdênio

Os minerais desempenham um papel tão importante quanto o das vita-


minas na prevenção de doenças, como hipertensão, osteoporose e câncer.
Eles atuam em sinergia com as vitaminas, as enzimas e os antioxidantes na
eliminação dos radicais livres. Grandes quantidades diárias de minerais não
são recomendadas, porém a sua deficiência pode criar sérios problemas de
saúde. Os minerais reforçam a imunidade e a capacidade de cura, além de
apoiar o fator enzimático do organismo.
Enquanto as vitaminas são encontradas em alimentos vivos, como ve-
getais e animais, os minerais são encontrados no solo, na água e no mar
(como os sais orgânicos e inorgãnicos). O conteúdo mineral dos alimentos
depende do lugar e da qualidade do solo onde eles são cultivados. Os mi-
nerais do solo podem ser alterados ou destruídos pela chuva ácida ou pelos
fertilizantes químicos. Os minerais das hortaliças, dos grãos e dos cereais
perdem-se facilmente, e o processo de refinamento de grãos é responsável
pela destruição da maioria deles. Isso dificulta a obtenção do nível equili-
brado de minerais da nossa ingestão diária de alimentos. As deficiências mi-
nerais latentes manifestam-se como perda de vitalidade, déficit de atenção,
irritabilidade, sobrepeso e outros problemas de saúde.
Os minerais são solúveis em água e são eliminados por meio da uri-
na e da transpiração. O consumo de minerais pelo organismo pode variar
HÁBITOS ALIMENTARES RECOMENDADOS 137

de acordo com o dia, dependendo da nossa atividade mental e física, bem


como de stress, esforço físico, menstruação, gravidez ou idade cronológica.
Determinados medicamentos podem produzir deficiências minerais rapida-
mente. Diuréticos, contraceptivos orais, laxantes, álcool e fumo aceleram a
excreção ou a destruição de cálcio, ferro, magnésio, zinco e potássio.

A HIPERATIVIDADE EM CRIANÇAS PODE SER,


NA VERDADE, UMA DEFICIÊNCIA DE CÁLCIO

Os últimos estudos mostram o aumento de crianças com transtorno de défi-


cit de atenção que são propensas a explosões de raiva. A alimentação e a nu-
trição podem exercer uma influência significativa sobre o comportamento e
a adaptabilidade social da criança. Há uma tendência cada vez maior entre
as crianças de consumir, em casa e na escola, muitos alimentos processados.
Esses alimentos, além de conter vários aditivos, tendem a tornar o corpo
ácido. A pro.teína animal e o açúcar refinado também são consumidos em
quantidades crescentes, enquanto as verduras e os legumes costumam ser
deixados de lado. A proteína animal e o açúcar demandam m.1!itocálcio_L~_
magnésio, levando à deficiência de cálcio. Essa deficiência afeta o sistema
nervoso, contribuindo para o nervosismo e ªJrr:.itªºiJiQaçle._

A INGESTÃO DE CÁLCIO EM EXCESSO


DEPOIS DA MEIA-IDADE É PREJUDICIAL

O cálcio previne o câncer, resiste ao stress, reduz a fadiga e o colesterol e


impede a osteoporose, mas a ingestão além da necessidade diária para cor-
rigir deficiências é prejudicial. Já expliquei por que o leite e seus derivados
constituem uma forma inaceitável de aumentar a ingestão de cálcio. Um
dos tratamentos é a suplementação ativa de vitamina D e cálcio. A vitamina
D facilita a absorção do cálcio no intestino delgado e estimula a formação
dos ossos. O excesso de cálcio pode causar prisão de ventre, náusea, perda
de apetite e distensão abdominal. Quando tomado sem alimento, ele pode
afinar o suco gástrico, promovendo o desequilíbrio das bactérias intestinais
e a absorção deficiente de ferro, zinco e magnésio. Se houver necessidade
de suplementação, a ingestão diária recomendada é 800 a 1.500 mg, em
três doses de 250 a 500 mg às refeições. O equilíbrio do cálcio com outros
minerais e vitaminas é muito importante para a saúde.
138 A DIETA DO FUTURO

o MAGNÉSIO ATIVA CENTENAS DE DIFERENTES ENZIMAS E


É UM TRATAMENTO PARA ENXAQUECA E DIABETES

o magnésio é um mineral importante. O organismo precisa de grandes


quantidades desse mineral para se manter saudável. A sua deficiência causa
irritabilidade, ansiedade, depressão, tontura, fraqueza muscular, espasmo
muscular, cardiopatia e hipertensão. Um estudo recente realizado na Ale-
manha indicou que os pacientes que tiveram infarto apresentaram baixos
níveis de magnésio. Pesquisas nos Estados Unidos relataram que 65% dos
pacientes com enxaqueca que foram testados sentiram completo alívio de-
pois de tomar 100 a 200 mg de magnésio. Baixos níveis de magnésio pre-
judicam a tolerância à glicose. Portanto, níveis apropriados de magnésio
favorecem o controle do diabetes.

O EQUILÍBRIO ENTRE O SÓDlO E O POTÁSSIO


É PRÉ-REQUISITO PARA A VIDA

O sódio é conhecido como sal. Esse mineral é responsável pelo equilíbrio


do líquido de dentro e de fora das células. O sódio mantém o pH (nível
ácido e alcalino) correto do sangue e é um elemento indispensável para o
funcionamento adequado do ácido gástrico, dos músculos e dos nervos. O
sódio é abundante na vida, mas o uso de grande quantidade de laxante, ex-
tensos períodos de diarreia e atividades ou esportes vigorosos, sobretudo no
calor, podem facilmente levar à deficiência desse mineral. O equilíbrio entre
o sódio e o potássio provoca mudanças no líquido de dentro e de fora das
células. Quando o potássio no líquido interno da célula está baixo, o sódio,
com o líquido, corre para dentro da célula, fazendo-a inchar. O aumento do
tamanho da célula pressiona as veias, estreitando o seu diâmetro e consti-
tuindo um dos fatores da hipertensão. A proporção ideal de sódio e potássio
é de um para um, mas muitos alimentos processados contêm sódio, o que
pode nos levar ao consumo excessivo sem que tenhamos consciência.
A ingestão adequada de legumes e verduras, juntamente com o suco
que eles produzem, fornece potássio suficiente para permitir o equilíbrio
com o sódio presente.

PEQUENAS QUAr;JTIDADES DE ELEMENTOS-TRAÇO FUNCIONAM


EM SINERGIA COM VITAMINAS, MINERAIS E ENZIMAS

Os elementos-traço são importantíssimos na sustentação da vida. As quan-


tidades necessárias são pequenas, porém sua importância não pode ser
HÁBITOS ALIMENTARES RECOMENDADOS 139

ignorada. Eles ajudam a equilibrar e harmonizar as funções do corpo. De-


pois da absorção pelo intestino, o sistema circulatório transporta esses mi-
nerais às células, e eles penetram na membrana da célula. Não se pode
esquecer de que a ingestão desses minerais deve ser equilibrada. O excesso
de um ou dois desses elementos-traço resultará na perda de outros minerais
e na má absorção pelo organismo. Assim, a melhor coisa é obtê-los dos
alimentos, e não de suplementos. O sal marinho e os vegetais marinhos são
boas fontes.

• Boro: importante para a absorção de cálcio e preservação dos dentes


e ossos.
• Cobre: gera osso, hemoglobina e glóbulos vermelhos; gera elastina e
colágeno, reduz os níveis de colesterol e aumenta o colesterol HDL.
(Pacientes com tumores malignos, principalmente no trato dígestó-
rio, pulmão e mama apresentam excesso de cobre no organismo, por-
tanto deve haver uma ligação com o desenvolvimento de cãncer.)
• Zinco: atua na produção de insulina; metaboliza carboidratos, cria
proteína e absorve vitaminas do trato digestório, sobretudo a B; pre-
serva a função da próstata e ajuda a saúde reprodutiva masculina.
• Ferro: principal componente da hemoglobina; atua na função das
enzimas, das vitaminas do complexo B e na resistência a doenças.
• Selênio: impede a produção de radicais livres quando combinado
com vitamina E. Esse mineral maravilhoso é encontrado em depósi-
tos no solo. (O solo de Cheyenne, Wyoming, contém grandes quanti-
dades de selênio em comparação com o de Muncee, Indiana. O índice
de morte por câncer em Cheyenne é 25% inferior ao de Muncee.)
Estudos indicam que a deficiência de selênio aumenta a incidência
de câncer de próstata, pâncreas, mama, ovário, pele, pulmão, bexiga,
cólon e reto, bem como de leucemia.
• Cromo: facilita o metabolismo de carboidratos e proteína; facilita o
metabolismo da glicose mantendo os seus níveis no sangue de modo
a reduzir a demanda de insulina, prevenindo ahipoglicernia e o dia-
betes.
• Manganês: metaboliza a proteína e a gordura; cria hormônios.
• Molibdênio: promove a saúde dos dentes e da boca.
• Iodo: importante para o bom funcionamento da tireoide e para pre-
venir o desenvolvimento de bócio.
142 A DIETA DO FUTURO

Kikurage é um fungo que, quando fatiado e cozido com qualquer outra coisa
(delicioso frito e na sopa), assume uma textura crocante e um sabor suave
que combina com tudo. Também é conhecido por seus benefícios à saúde.

Chaga é um cogumelo antioxidante natural com propriedades medicinais.


É uma das plantas medicinais mais antigas da natureza. Atribui-se a ela a
propriedade de combater vírus, estimular o sistema nervoso central, supri-
mir o crescimento de tumores e de células cancerosas, reduzir a contagem
de globulos brancos, reduzir a pressão arterial e venosa, reduzir os níveis de
açúcar, melhorar a cor e a elasticidade da pele, restaurar a aparência jovem
e desintoxicar o fígado, os rins e o baço.

Shitake é um cogumelo que contém um aminoácido específico que ajuda a


acelerar o processamento do colesterol no fígado. O shitake também com-
bate o câncer de forma notável. Um componente polissacarídeo do shitake
parece estimular as células do sistema imunológico para atuar na limpeza
das células tumorais e parece ser eficaz contra HIV e hepatite B. Foi com-
provado que o cogumelo shitake interrompe os danos às células causados
por herpes simplex I e II.
Enzimas - a chave do código da vida O dr. HIROMI SHINYA é médico,
reconhecido mundialmente por ter de-
o renomado gastroenterologista Hiro- senvolvido o colonoscópio, aparelho que
mi Shinya explica detalhadamente neste lhe permitiu realizar a primeira cirurgia
livro o estilo de vida que você precisa ter não invasiva do cólon ("técnica de Shi-
para melhorar a produção de enzimas nya"). Com essa técnica é possível exa-
de seu organismo e nunca precisar de minar e operar o cólon sem incisão
cirurgias ou medicamentos para as cha- abdominal.
O dr. Shinya é professor de cirurgia
madas doenças do envelhecimento. O
no Albert Einstein College of Medicine,
estilo de vida saudável que ele indica
chefe da unidade de endoscopia do Beth
consiste em recomendações que faz há
Israel Medical Center de Nova York e
anos aos seus pacientes, e muitas delas, consultor do Maeda Hospital e da Clínica
embora pareçam contrariar os atuais Gastrintestinal Hanzomon, no Japão.
conhecimentos sobre saúde e alimenta- Atualmente com mais de 70 anos de
ção, trouxeram resultados extraordiná- idade, ele continua exercendo sua pro-
rios. fissão e passa metade do ano na cidade
de Nova York e a outra metade em Tó-
Veja algumas das afirmações surpreen- quio. O dr. Shinya é o médico mais fa-
dentes do dr. Shinya: moso do Japão e atende os membros da
família real e das altas esferas do governo.
• Os antiácidos prejudicam o estômago. Sua clientela nos Estados Unidos inclui
• Cirurgias e medicamentos não curam celebridades e ex-presidentes. Ele é vice-
o câncer. presidente da Associação Médica Japo-
• Os medicamentos deixam as pessoas nesa nos Estados Unidos e é muito re-
mais doentes. quisitado para palestras no mundo todo.
• A febre pode fazer bem.

A teoria sobre as enzimas que o dr. Shi-


nya chama de "milagrosas" é capaz de
convencer até os mais céticos e revolu-
cionar a medicina. Neste livro, ele mos-
traporque:

• A especialização médica está piorando


os serviços de saúde.
• A hereditariedade não determina o
câncer, as cardiopatias, a hipertensão,
o colesterol elevado ou o diabetes
tipo 2.
• Os suplementos de cálcio e o leite e
seus derivados, na verdade, podem EDITORA CULTRIX
causar osteoporose. Rua Dr. Mário Vicente, 368 - Ipiranga
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para uma vida saudável - leia A Dieta do Futuro

A Dieta do Futuro fornece a chave que revolucionará a maneira como


vemos o corpo humano, a alimentação, a medicina e a saúde.
No momento em que aumenta a consciência sobre os prejuízos do
excesso de medicamentos, o dr. Hiromi Shinya, membro altamente
respeitado de instituições médicas de renome dos Estados Unidos e do
Japão, revela a chave da impressionante capacidade de autocura do cor-
po. Essa chave é o Fator Enzimático.
Enzimas são pacotes microscópicos de energia que tornam possíveis
todas as nossas funções vitais. Quando essas enzimas se esgotam, fica-
mos doentes e, quando seus estoques são repostos, voltamos a ter saúde.
O dr. Shinya mostra como preservar o suprimento de enzimas
"milagrosas" e promover a cura. Ele explica por que nenhum de seus
milhares de pacientes com câncer, que ao longo de vários anos seguem
suas recomendações, teve recidiva. E mostra como é possível ajudar o
organismo a curar doenças que há décadas intrigam os médicos:

• obesidade
• câncer
• cardiopatia
• miomas
• prisão de ventre
• síndrome do intestino irritável
• doença de Crohn
• apneia do sono
• doenças autoimunes

A Dieta do Futuro mostra como você pode preservar as enzimas do seu


organismo e viver com saúde por muitos e muitos anos.

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