Monografia GUACO
Monografia GUACO
Monografia GUACO
Brasília
2014
2
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 3 - Ramos de Mikania glomerata Spreng: (A) não floridos; (B) floridos 13
Figura 5 - Mikania glomerata Spreng. (A) Folha padrão. (B-C) Corte frontal 15
Epiderme superior e inferior, respectivamente. Seta em B indica
células subepidérmicas com paredes espessas e silicificadas. Em C, a
seta indica células dispostas radialmente em torno da base de
tricomas. (D-E) Tricoma glanular unisseriado e peltado,
respectivamente. (F-G) Corte transversal do terço-médio da lâmina
foliar. Seta no G indica o teor lipídico do ducto secretor. (H) Corte
transversal da nervura mediana indicando os canais secretores (setas).
(CO) Colênquima; (EP) Epiderme; (X) Xilema
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS
ACh - Acetilcolina
Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CBM - Concentração Bactericida Mínima
CCD - Cromatografia de camada delgada
CCE Curva concentração-efeito
Cd - Cádmio
CG - Cromatografia gasosa
CG-EM - Cromatografia gasosa acoplada a espectro de massa
CIM Concentração Inibitória Mínima
CLAE - Cromatografia líquida de alta pressão
CMNC - Concentração máxima não citotóxica
DNA - Ácido desoxirribonucleico
EPO - European Patent Office
HIV - Human imunodeficiency virus
Hist - Histamina
IN - Instrução Normativa
INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial
KOH - Hidróxido de potássio
LBA - Lavado bronco alveolar
MAO - Monoamina oxidase
MAO-A - Monoamina oxidase A
MAO-B - Monoamina oxidase B
ODS - Octadecilsilano
OMS - Organização Mundial da Saúde
Pb - Chumbo
q.s.p. - Quantidade suficiente para
RDC - Resolução da Diretoria Colegiada
Rf - Fator de retenção
SFE - Extração por fluido supercrítico
SFE-CO2 - Extração por fluido supercrítico utilizando dióxido de carbono
SFE-Hexano - Extração por fluido supercrítico utilizando hexano
UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora
UV - Ultravioleta
VSM - Veneno, soro e extrato
5
SUMÁRIO
1 IDENTIFICAÇÃO ........................................................................................................................ 9
1.3 FAMÍLIA.................................................................................................................................... 9
3.1.7.1 Componentes químicos e suas concentrações: descritos e majoritários, ativos ou não ... 21
3.2.8.1 Componentes químicos e suas concentrações: descritos e majoritários, ativos ou não ... 28
3.3.7.1 Componentes químicos e suas concentrações: descritos e majoritários, ativos ou não .... 32
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 65
9
1 IDENTIFICAÇÃO
1.3 FAMÍLIA
Asteraceae (2-6).
A maioria dos trabalhos utilizados para a elaboração desta monografia cita que a
espécie Mikania glomerata pertence à família Asteraceae. Em alguns deles, no entanto, é
possível ver referência à família Compositae (7-10). Por essa razão, é válido relembrar que os
termos Asteraceae e Compositae são sinônimos (2).
Guaco (4, 14-17), guaco-liso, guaco-de-cheiro (10), guaco-cheiroso (18, 19), guaco-
trepador (20), cipó-almecega (4), cipó-caatinga, coração-de-jesus e erva-de-cobra (10, 18, 20,
21). Conhecida também como chá-porreta na comunidade Bom Jardim, em Cuiabá, Mato
grosso (22). Denominada cipó-almesca no bairro Barra do Jucu, em Vila Velha, no estado do
Espírito Santo (23).
O gênero Mikania compreende cerca de 430 espécies (24, 25), distribuídas nas regiões
tropicais e subtropicais da América, África e Ásia (24, 26). No Brasil, são encontradas cerca
de 170 espécies (21, 25, 27), que ocorrem geralmente nas regiões sul e sudeste (21). Uma das
espécies mais estudadas, pertencente a este grupo, é a Mikania glomerata (24).
Mikania glomerata é uma espécie nativa do Brasil (23, 28-32), comumente encontrada
em regiões de mata atlântica (4, 33) e cultivada em quase todo o território brasileiro (19, 34,
35). Tem seu habitat nas margens dos rios, crescendo espontaneamente em matas primárias,
capoeiras, orlas de matas, terrenos de aluvião, várzeas sujeitas a inundações, além de possuir
boa adaptação ao cultivo doméstico (25).
11
2 INFORMAÇOES BOTÂNICAS
Segundo Capaldi (2007), o pecíolo possui uma forma quase cilíndrica e, com frequência,
apresenta a base torcida (42).
A Farmacopeia Brasileira cita ainda que, quando secas, as folhas perdem, quase que
totalmente, seu odor característico, entretanto, o sabor aromático e amargo se mantém (41).
Figura 3 - Ramos de Mikania glomerata Spreng: (A) não floridos; (B) floridos (42).
Figura 5 - Mikania glomerata Spreng. (A) Folha padrão. (B-C) Corte frontal Epiderme superior e inferior,
respectivamente. Seta em B indica células subepidérmicas com paredes espessas e silicificadas. Em C, a
seta indica células dispostas radialmente em torno da base de tricomas. (D-E) Tricoma glanular
unisseriado e peltado, respectivamente. (F-G) Corte transversal do terço-médio da lâmina foliar. Seta no
G indica o teor lipídico do ducto secretor. (H) Corte transversal da nervura mediana indicando os canais
secretores (setas). (CO) Colênquima; (EP) Epiderme; (X) Xilema. (44)
15
3.1.2.2 Microbiológico
Os métodos utilizados no controle microbiológico são os presentes nas metodologias
gerais da Farmacopeia Brasileira (50).
A partir da publicação da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 26/2014, é
necessária a avaliação da presença de micotoxinas. Esse teste não precisa ser realizado em
todas as matérias-primas, apenas naquelas que possuem histórico de contaminação por essas
substâncias e também naquelas que possuem referências em monografias oficiais e literatura
científica (51).
Em estudo realizado por Bochner e colaboradores (2012), foi verificado que a
preparação e o armazenamento da droga vegetal podem influenciar nas taxas de contaminação
microbiológica. Por exemplo, a realização do processo de secagem, sem prévia lavagem da
folha de M. glomerata resultou em maior contaminação microbiológica (52).
3.1.2.6 Cinzas
O teste deve ser realizado conforme a descrição contida na Farmacopeia Brasileira, em
seus métodos gerais (46). Não existe limite farmacopeico descrito para a espécie M.
glomerata (41), apenas para a espécie M. laevigata, que é de 15% (46).
3.1.3 Granulometria
A avaliação dessas classes de compostos deve ser realizada por meio de metodologias
específicas como CCD e CLAE (26, 38).
A Farmacopeia Brasileira descreve vários métodos que podem ser utilizados para
identificação de espécies e de substâncias, por exemplo, cromatografia em papel e
cromatografia em coluna (50). Considerando que não existe a informação farmacopeica de
qual metodologia deve ser realizada para a espécie M. glomerata, vale citar que, para a
espécie M. laevigata, o teste preconizado é a CCD (46).
Informações encontradas na literatura pesquisada reforçam o que é preconizado pela
Farmacopeia. A identificação da constituição química da espécie M. glomerata, na maioria
dos trabalhos, foi realizada por CCD (26, 38). Entretanto, outros estudos utilizaram CLAE a
fim de avaliar o perfil cromatográfico das amostras (56).
Assim como no teste de identificação, não existe essa informação para M. glomerata
descrita na Farmacopeia (41). Diante do fato de que as espécies M. glomerata e M. laevigata
possuem composição química muito semelhante e, apresentam o mesmo marcador químico -
cumarina, torna-se relevante citar os parâmetros preconizados pela monografia de M.
laevigata (26, 37).
Para a quantificação da cumarina, segundo a Farmacopeia Brasileira, deve-se utilizar
CLAE. Utilizar cromatógrafo provido de detector ultravioleta (UV) 275 nm; pré-coluna
empacotada com sílica octadecilsilanizada (ODS), coluna de 150 mm de comprimento e 3,9
mm de diâmetro interno, empacotada com sílica quimicamente ligada a grupo
octadecilsilano (5 μm), fluxo da fase móvel de 0,5 mL/minuto. Sistema isocrático. A fase
21
móvel que deve ser utilizada neste teste é a mistura de metanol e água, na proporção de
47:53 (46).
Bueno e Bastos (2009) propuseram outro método para quantificação de cumarina nas
folhas da espécie Mikania glomerata Sprengel. O trabalho descreveu a validação completa de
metodologia analítica empregando cromatografia gasosa capilar com padronização interna
para quantificação da cumarina (1,2-benzopirona). A análise foi realizada utilizando-se uma
coluna capilar HP-5 (30 m x 0,32 mm x 0,25 μm), hidrogênio a 1,8 mL/minuto e rampa de
temperatura de 100 °C a 250 °C, a 15 ºC/min. A temperatura do injetor foi de 250 °C e do
detector, 270 °C. Os limites de detecção e quantificação da cumarina foram de 0,5 μg/ mL e
1,5 μg/ mL, respectivamente. A precisão do método proposto apresentou desvios padrões
relativos menores que 2,5 % e os teores de cumarina presentes nas folhas foi de 0,38 % m/m
(40).
glomerata (58). Componentes voláteis também já foram identificados, sendo que os principais
constituintes registrados dos óleos essenciais foram o -cubebeno e espantulenol (58).
O O
H
HO CO2CH3
CO2H
1 2 3
H H
H
OH
O O
CO2H CO2H
CO2H
4 5 6
H
H
CO2CH3 H
CH2OH HO
8
7
H H H H
CO2H
H
O HO OH
9 10 11
Figura 6 - Principais metabólitos secundários encontrados em Mikania glomerata: cumarina [1], lupeol
[2], ácido--isobutiriloxi-caur-16-en-19-oico [3], ácidos diterpênicos: caurenoico [4], grandiflórico [5],
cinamoilgrandiflórico [6], caurenol [7], -sitosterol [8], friedelina [9], estigmasterol [10] e ácido o-
cumárico [11] (13).
23
HO OH -2O OH -2O PO
2PO 2 O CO2H O CO2H
OH OH OH OH
CO2H NH2 O
O
CO2H CO2H HO2C
NH3 CO2
H2O CO2H
OH
ácido cinâmico fenilalanina ácido fenilpirúvico ácido prefênico
CO2H CO2H
CO2H
O-gli
OH O-gli
O O
3.2.1 Descrição
A parte de M. glomerata mais utilizada são as folhas (8, 63, 64), entretanto, também
são encontrados estudos realizados com partes do caule e da raiz da planta (33). O derivado
mais utilizado é o extrato hidroalcoólico (65-68). Contudo, estudos têm sido realizados com
vários solventes e diversos métodos de extração.
3.2.4.2 Microbiológico
Informação específica não encontrada na literatura pesquisada. Os testes devem ser
realizados conforme descrições contidas na Farmacopeia Brasileira, em seus métodos gerais
(50).
problemas relacionados a visão, além das já citadas doenças respiratórias (16). Há, ainda,
relatos de utilização da espécie nos casos de picadas de escorpião (18), além de muitos
estudos descreverem uma possível ação antiofídica (30, 31, 39).
Na comunidade de Barra do Jucu, município de Vila Velha, no estado do Espírito
Santo, o decocto das partes aéreas da planta é utilizado em casos de epilepsia, derrames e
reumatismo (23). Outros estudos, realizados em outras regiões do Brasil, também citam o
potencial antireumático de M. glomerata (4, 30).
Ainda, a espécie M. glomerata está incluída na IN 02/2014, que dispõe sobre a "Lista
de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado" e a "Lista de produtos tradicionais
fitoterápicos de registro simplificado" (Tabela 2) (87).
34
g: grama; mL: mililitro; col: colher; xic: xícara; x: vezes; A: adulto; I: infantil.
Tabela 2 - Mikania glomerata Spreng na lista de produtos tradicionais fitoterápicos de registro simplificado (87).
Nomenclatura Nomenclatura Padronização / Restrição de
Parte utilizada Derivado vegetal Indicações Dose diária Via
Botânica Popular Marcador uso
Venda sem
Mikania glomerata Expectorante e 0,5 a 5 mg de
Guaco Folha Cumarina Extrato / Tintura Oral prescrição
Sprengel broncodilatador cumarina
médica
mg: miligrama
35
No primeiro estudo, ratos Wistar machos, com trinta dias de idade, foram divididos
aleatoriamente em dois grupos (tratamento e controle) de 20 animais cada. Os ratos do grupo
tratamento receberam, uma vez por dia, 1 mL de extrato de M. glomerata na dose de 3,3 g/kg
de peso corporal, durante 90 dias. Os ratos do grupo controle foram submetidos ao mesmo
protocolo, entretanto, receberam apenas 1 mL de água destilada (68).
Durante o período do experimento, os animais foram observados duas vezes ao dia
para a detecção de sinais clínicos de toxicidade. Além disso, o peso corporal foi registrado em
intervalos semanais e o consumo alimentar foi monitorado. No dia 91, os animais foram
sacrificados e, imediatamente após a morte, os animais foram submetidos à laparotomia para a
remoção e pesagem de diversos órgãos. Espermatozoides também foram coletados e
avaliados, além da análise dos níveis de testosterona (68).
Como resultado, os autores não observaram nenhuma alteração significativa das
variáveis analisadas e o tratamento não afetou o consumo de ração. Diante desses dados, os
autores sugeriram que, na dose utilizada, o extrato hidroalcoólico de M. glomerata não
apresentou efeito tóxico e nem interferiu com a fertilidade de ratos Wistar, quando
submetidos a um tratamento de longa duração (68).
Resultados semelhantes foram obtidos em estudo realizado por Silveira e Sá e
colaboradores (2003), no qual foram avaliados os efeitos de altas doses de extrato de M.
glomerata, administrado durante o ciclo espermatogênico de rator Wistar. Parâmetros muito
semelhantes àqueles avaliados no estudo anterior também foram analisados aqui e indicaram
que não há atividade antifertilidade ou efeitos tóxicos durante a administração do extrato (89).
O terceiro estudo encontrado na literatura pesquisada fez uma avaliação da fertilidade
de cobaias expostas ao extrato de Mikania glomerata. Neste estudo, ratos Wistar machos
foram tratados com 1 mL de extrato da planta (3,3 g/Kg de peso corporal), durante 52 dias.
Esses animais foram acasalados com fêmeas não tratadas em dois momentos do estudo. O
primeiro acasalamento ocorreu uma semana antes do início do tratamento com o extrato da
planta, enquanto, o segundo, na semana seguinte ao término do tratamento (67). Algumas
variáveis foram analisadas após os acasalamentos, como o número de: embriões implantados;
reabsorções e corpos lúteos; índices de acasalamento; gestações; perda de pré-implantações;
filhotes nascidos vivos e de animais desmamados (67).
Após a análise dessas variáveis, os autores concluíram que a administração de M.
glomerata não interferiu na fertilidade dos animais testados. Além disso, não foram
observadas alterações significativas das variáveis analisadas, o que sugere a ausência de efeito
mutagênico da planta em ratos Wistar (67).
37
4.3.1.4 Genotoxicidade
Na literatura pesquisada, foram encontrados três estudos que avaliaram a
genotoxicidade de extratos da espécie M. glomerata. Em estudo realizado por Dalla Nora e
colaboradores (2010), que avaliou o efeito genotóxico de infusões de folhas de M. glomerata,
sobre o ciclo celular da cebola (Allium cepa), concentrações de 4 g/L e 16 g/L do extrato da
planta foram testadas e os resultados demonstraram causar aberrações cromossômicas
importantes nas células de A. cepa (72).
A capacidade de extratos de M. glomerata induzirem danos ao ácido
desoxirribonucleico (DNA) também foi avaliada, in vitro, em células de hepatoma HTC,
através da realização de ensaio cometa e teste de micronúcleos. Neste estudo, foram
preparados dois extratos diferentes da planta, um obtido por infusão (MI) e outro por
maceração em etanol 80% (MM80). Os resultados obtidos demonstraram que a espécie pode
causar genotoxicidade e, além disso, pode-se perceber que os danos ao DNA foram mais
acentuados quando doses mais altas dos extratos foram utilizadas (6).
Por fim, resultados diferentes dos citados anteriormente foram obtidos em estudo
realizado por Soares de Moura e colaboradores (2002), onde foi avaliado o potencial
genotóxico de uma fração diclorometano (MG1), obtida de um extrato hidroalcoólico de M.
glomerata. O teste foi realizado com a utilização de um plasmídeo DNA pUC 9.1, utilizando
um procedimento de lise alcalina. O resultado obtido mostrou que a fração MG1, em todas as
concentrações testadas (1, 10 e 90 µg/mL), não apresentou qualquer tipo de dano sobre o
DNA (8).
38
colaboradores (2005), que utilizou extratos aquosos de diferentes partes da planta (folhas,
caules e raízes), a atividade fosfolipase A2 foi inibida em torno de 100% para o veneno de
Crotalus durissus terrificus. Além disso, a atividade de coagulação induzida pelo veneno de
Bothrops jararacussu, Bothrops neuwiedi e Bothrops moojeni, foi inibida pelos diferentes
extratos obtidos a partir de Mikania glomerata (33).
Outro estudo avaliou o potencial de inibição da monoamino oxidase (MAO-A e MAO-
B), por extratos de diferentes polaridades, obtidos a partir de folhas da planta. Os extratos
hexânico, diclorometânico e metanólico foram testados a partir de uma suspensão de
mitocôndrias e os resultados encontrados indicam que, os extratos hexânico e diclorometânico
foram ativos frente a MAO-B, sem apresentar atividade de inibição da MAO-A. Por outro
lado, o extrato metanólico apresentou atividade de inibição da MAO-A e MAO-B, sem
seletividade (91).
A maior parte dos estudos in vitro, relacionados à M. glomerata, testaram a atividade
antimicrobiana da planta. Muitos avaliam seu efeito frente a diversas bactérias como,
Streptococcus mutans, Streptococcus sobrinus, Staphylococcus aureus, Pseudomonas
aeruginosa, Salmonella typhimurium, Shigella sonnei, Klebsiella pneumoniae, Escherichia
coli, entre outras (24, 71, 77, 94). Foram encontrados também, estudos que avaliaram a
atividade antiviral (88), antiprotozoária (9, 17), antifúngica (5, 65, 92) e nematicida (70) de
diferentes soluções extrativas da espécie.
Os estudos realizados com bactérias apontam para a existência de algum grau de
atividade tanto contra bactérias gram-positivas, como para gram-negativas (92). Atividades
importantes contra cepas do gênero Streptococcus (24, 65), Staphylococcus aureus
multirresistente (91), Escherichia coli (28) e Klebsiella pneumoniae (77) foram encontradas.
Um dos trabalhos concluiu que, dos extratos e frações que apresentaram atividades de
inibição notáveis contra cepas de Streptococcus mutans, as frações de hexano foram as mais
potentes. Esta constatação sugere que a maioria dos compostos farmacologicamente ativos
possuem características não-polares (24).
Em contrapartida, um estudo realizado por Pereira (2006), ao avaliar a atividade
antibacteriana do extrato hidroalcoólico de M. glomerata, obteve um resultado negativo. A
ausência de atividade frente a quatro bactérias testadas (Bacillus subtilis ATCC 6633,
Staphylococcus aureus ATCC 25923, Aeromonas hydrophila ATCC 7966 e Pseudomonas
aeruginosa ATCC 27853) foi constatada por visualização da não ocorrência de halos de
inibição de crescimento (94).
40
influência das condições ambientais sobre a estabilidade dos extratos. Temperaturas mais frias
parecem diminuir a eficácia antimicrobiana das formulações estudadas, enquanto que a
estocagem a temperaturas próximas a ambiente favorecem a atividade após três meses de
observação (35).
A atividade antifúngica foi testada em três trabalhos e todos utilizaram cepas de
diferentes espécies de Candida (5, 65, 92). Os resultados encontrados mostraram que o
extrato hidroalcoólico possui potencial atividade antifúngica frente às espécies C. krusei e C.
tropicalis (92). A atividade frente à espécie C. albicans foi testada com extratos
hidroalcoólicos, etanólicos e com o óleo essencial da planta, sendo apenas o óleo fortemente
ativo frente a essa espécie (5).
Um estudo avaliou ainda a atividade antiviral de derivados da planta, entretanto M.
glomerata apresentou fraca atividade antiviral, frente ao herpesvírus bovino e suíno (88).
Outra atividade relatada foi a nematicida que, em estudo realizado em placas de vidro
transparentes, contendo 20 nematóides, expostos a concentrações diferentes do extrato da
planta, foi avaliada com um estereomicroscópio após os tempos de exposições de 12 e 24
horas. Como resultado, foi avaliada a taxa de nematóides imóveis e, diante do que foi
encontrado, a espécie M. glomerata, parece apresentar significativa ação nematicida (70).
Por fim, dois estudos avaliaram a atividade antiprotozoária de derivados da planta,
frente a diferentes protozoários. Em estudo realizado por Luize e colaboradores (2005), o
extrato hidroalcoólico da espécie M. glomerata foi avaliado quanto a sua ação antiprotozoária,
frente à Leishmania amazonensis e ao Trypanosoma cruzi e, como resultado do estudo, pode-
se concluir que a espécie apresenta efeito significativo contra ambos parasitas, com uma
porcentagem de inibição de crescimento de 49,5% para T. cruzi e 97,5% para L. amazonensis
(17).
O outro trabalho que avaliou a atividade antiprotozoária do extrato hidroalcoólico de
M. glomerata, utilizou a espécie Herpetomas samuelpessoai em seus testes e não obteve bons
resultados. Após incubação de 72 horas, a 28 ºC, do protozoário juntamente com o extrato da
planta (1000 g/ mL), o crescimento celular foi estimado e pode-se perceber que não ocorreu
inibição. Assim, conclui-se que o extrato hidroalcoólico da planta não apresentou atividade
frente a esta linhagem de H. samuelpessoai (9).
42
dissolvido em DMSO ocorrência de halos foi avaliada e o Klebsiella pneumoniae e Bacillis cereus.
estéril a uma diâmetro dos mesmos foi registrado.
concentração de 100 Ensaios para a determinação da CIM
mg/mL. Enquanto que, também foram realizados.
para o ensaio de
diluição em série
(CIM), foram utilizadas
diluições variadas.
Foi realizada a técnica de difusão em A espécie M. glomerata apresentou ausência de
Extrato ágar, frente a 4 cepas bacterianas. A atividade antibacteriana frente as 4 bactérias
Folhas Não informado 10 mg/ mL (94)
hidroalcoólico ocorrência de halos foi avaliada e o testadas. Não ocorreu a formação de halo de
diâmetro dos mesmos foi registrado. inibição.
Os extratos e frações apresentaram atividades de
Extrato
Diferentes inibição notáveis contra Streptococos mutans,
etanólico e Ensaios para a determinação da CIM
concentrações dos especialmente as frações de hexano. Esta
Folhas frações Não informado e CBM foram realizados frente a (24)
extratos e das frações constatação sugere que a maioria dos compostos
hexanicas e de vários isolados de Streptococcus.
foram utilizadas. farmacologicamente ativos possuem características
acetato de etila.
não-polares.
Diferentes
Ensaios de CIM foram realizados M. glomerata apresentou fraca inibição para os 13
concentrações do óleo
Folhas Óleo essencial. Não informado através de microdiluição, frente a 13 sorotipos diferentes de E. coli, apresentando, em (28)
essencial foram
sorotipos diferentes de E. coli. todos os testes, MIC acima de 1000 ug/mL.
utilizadas.
O extrato Concentrações de 5, 10
hidroalcoólico e 20% do extrato da Os resultados mostram que formulações
de M. glomerata planta foram contendo guaco, com ou sem própolis, foram ativas
Foi utilizado o método de difusão em
foi incorporado adicionados a sobre S. mutans, entretanto, aquelas que
ágar, frente a cepa de Streptococcus
Folhas nas Não informado formulações bases de apresentavam própolis em sua composição, tiveram (35)
mutans (ATCC 25175). A zona de
formulações- xarope e soluções potência maior. Ocorreu perda de
inibição foi medida e avaliada.
base de xarope e antisépticas bucais, com estabilidade em decorrência de mudanças de
de solução anti- ou sem a presença de temperatura.
séptica bucal. própolis.
Tintura
Foram determinadas as CIM e CBM
hidroalcoólica
dos das tinturas frente as linhagens
obtida em Concentrações da planta A tintura utilizada apresentou atividade
bacterianas padronizadas de
Não informado. farmácia de Não informado que variaram de 0,78 a antimicrobiana, entretanto foi inferior a da (95)
Streptococcus mutans (ATCC 25175)
manipulação de 100 mg/mL. Clorexidina.
e Streptococcus oralis (ATCC
João Pessoa,
10557).
Paraíba, Brasil.
Extrato Foram utilizadas As concentrações inibitórias mínimas M. glomerata apresentou algum grau de atividade
Folhas Não informado (92)
hidroalcoólico diferentes (CIM) dos extratos foram contra bactérias gram-positivas e gram-negativas.
44
O extrato de M.
glomerata parece
Após pré-tratamento com o extrato da planta,
ser um bom
as cobaias foram expostas ao pó de carvão.
candidato para a
Variáveis como o número total de células e
Folhas Extrato hidroalcoólico Não informado 100mg/Kg prevenção de lesão (100)
de proteínas, assim como atividade da lactato
oxidativa do
desidrogenase, foram avaliadas no LBA dos
pulmão, quando
ratos.
exposto ao carvão
mineral.
Atividade Antiofídica
Estudos adicionais
com diferentes
doses, tempo de
As cobaias foram separadas em 3 grupos: VS tratamento,
(veneno + soro), VSM (veneno+soro+extrato diferentes métodos
da planta) e C (controle). A ocorrência de de administração e
Folhas Extrato aquoso Não informado 10mg/Kg (98)
sinais clínicos e laboratoriais de estudos histológicos
envenenamento foi avaliada em diferentes e imunológicos são
momentos após a inoculação. necessários para
entender a ação da
M. glomerata frente
a este veneno.
O extrato de M.
O experimento quantificou lesões glomerata não foi
hemorrágicas produzidas na região abdominal capaz de inibir a
Raízes Extrato aquoso Não informado Não informado de ratos Wistar, por injeção intradérmica do atividade (90)
veneno, na ausência e na presença do extrato hemorrágica
da planta. causada pelo
veneno.
Apenas os extratos
obtidos da raíz da
Veneno + extratos vegetais de planta inibiram (em
Folhas, caules e Atividade indutora de edema e atividade
Extrato aquoso Não informado diferentes partes da planta, na torno de 40%) o (33)
raízes hemorrágica.
proporção de 1:50. edema induzido
pelo veneno de
Crotalus.
Atividade Antibacteriana
Extratos e frações
Não informado Não informado Não informado Não informado Revisão de M. glomerata (101)
mostram atividade
51
contra
Estreptococus do
grupo mutans.
Atividade Antidiarreica
A administração
Camundongos foram divididos em 3 grupos: oral do extrato
o teste recebeu os extratos vegetais (500 e produziu inibição
1000 mg /kg), enquanto o grupo controle do trânsito
negativo recebeu solução estéril de NaCl gastrointestinal de
0,9% e o grupo controle positivo recebeu forma eficaz.
Folhas Extrato aquoso 100 mg/mL 500 e 1000 mg/Kg Loperamida (5 mg/kg). Noventa minutos O extrato aquoso de (34)
após a administração dos extratos, foi Mikania glomerata
administrado carvão vegetal, por via oral, contém substâncias
para cada animal. A distância percorrida pelo farmacologicamente
carvão vegetal, no intestino delgado (desde o ativas com
piloro para o ceco) foi determinada. propriedades anti-
diarréicas.
.
52
4.4.1 Fase I
4.4.2 Fase II
4.4.4 Fase IV
4.5.9.1 Descritas
Analisando os resultados obtidos no trabalho de Santos (2005), recomenda-se
que pacientes que fazem uso de substâncias anticoagulantes não utilizem chá ou xarope
derivados de M. glomerata. O tratamento dos camundongos com o chá, extrato
hidroalcóolico, ácido orto-cumárico e cumarina, levou a modificações nos cortes
histológicos pulmonares das cobaias. O que foi visualizado sugeriu, segundo o autor,
exsudato hemorrágico (13).
Derivados da planta não devem ser empregados simultaneamente com
anticoagulantes e com produtos que contenham Tabebuia avellanedae. As cumarinas,
além de potencializarem os efeitos de outros anticoagulantes, podem antagonizar a
vitamina K. Além disso, as saponinas presentes na planta aumentam a absorção do
lapachol, princípio ativo presente na Tabebuia avellanedae (ipê-roxo) (107).
58
4.5.9.2 Potenciais
Pode interagir com anti-inflamatórios não-esteroidais (86).
Um estudo mostrou que extratos secos de M. glomerata podem interagir
sinergicamente, in vitro, com alguns antibióticos como tetraciclinas, cloranfenicol,
gentamicina, vancomicina e penicilina, no entanto, o mecanismo de ação ainda é
desconhecido (25).
Alguns medicamentos utilizados por pacientes portadores do vírus da
imunodeficiência humana (HIV - human imunodeficiency virus) como: zidovudina,
didanosina, estavudina, lamivudina, tenofovir, nevirapina, indinavir, lopinavir,
nelfinavir, ritonavir e saquinavir podem provocar pancitopenia. A utilização
concomitante com produtos que contenham M. glomerata pode exacerbar esse efeito
(108).
5 INFORMAÇÕES GERAIS
água, três vezes ao dia (78). Outra referência cita, como dosagem padrão, 5 mL, que
deve ser ingerida 3 a 4 vezes ao dia, com água e açúcar ou mel (58).
O xarope é outra formulação citada no emprego da espécie M. glomerata. O
preparo, segundo o Formulário de Fitoterápicos (2011), pode ser realizado utilizando
dois derivados da planta, conforme descrito na Tabela 5 (78).
Tabela 6 - Medicamentos fitoterápicos que apresentam em sua formulação ativa derivados da espécie M. glomerata.
Produto Laboratório Forma farmacêutica Padronização
Aglix Austen Xarope 0,1 mL/mL - 120 mL Tintura de M. glomerata Sprengel (padronizada em 0,08 mg de cumarina).
Xarope 100 mg/mL - 150 mL Extrato padronizado de M. glomerata (1,46 mg de cumarina por 10 mL de xarope)
Apiguaco Apis Flora
Solução oral Edulito 100 mg/mL - 150 mL Extrato padronizado de M. glomerata (1,46 mg de cumarina por 10 mL de xarope)
Bioexpecto Brasmed Xarope 0,167 mL/mL - 150 mL Extrato fluido de M. glomerata (0,1 mg/mL cumarina)
Biotoss Mariol Xarope edulito 60 mg/mL - 120 mL Extrato fluido de M. glomerata (0,036 mg de cumarina em cada mL do xarope)
Blumel Guaco Brainfarma Xarope - 120 mL Não foram encontradas informações de padronização
Expectrat Cazi Xarope 0,083 mL/mL - 150 mL Extrato fluido de guaco 0,083 mL/mL
Fimatosan MGS (M.
LabSimões Xarope 0,1mL/mL - 100, 150 e 250 mL Xarope de Mikania glomerata 0,030 mL/mL (0,08% cumarina)
glomerata + associações)
Xarope 0,1 mL/mL - 150 mL Não foram encontradas informações de padronização
Finetoss HB Farma
Solução oral 0,1 mL/mL - 150 mL Não foram encontradas informações de padronização
Guaco Edulito Herbarium Solução oral 81,50 mg/mL - 120, 150 e 200 mL Extrato concentrado de M. glomerata Sprengel (0,3 mg/mL de cumarina)
Guacoflus Austen Xarope 0,1 mL/mL - 100, 120 e 150 mL Tintura de Mikania glomerata Sprengel (0,8 mg/mL de cumarina)
Guacolin Kress Xarope 0,0833 mL/mL - 120 mL Extrato fluido de M. glomerata 0,4165 mL/5 mL (0,05 mg/mL de cumarina)
Guaconat Pharmascience Xarope 0,0325 mL/mL - 150 mL Não foram encontradas informações de padronização
Guacoplex Vitamed Xarope 0,0833 mL/mL - 120 mL Extrato fluido de M. glomerata Sprengel.
Guacovita
(M. glomerata + Vitalab Xarope 0,00833 mL/mL - 150 mL Extrato fluido de M. glomerata Sprengel.
associações)
Guax Mercofarma Xarope 0,1 mL/mL - 100 mL Não foram encontradas informações de padronização
Livtós Vidora Xarope 0,08 mL/mL - 100 mL Não foram encontradas informações de padronização
Melagrião
(M. glomerata + Catarinense Xarope 100 e 150 mL Extrato fluido de M. glomerata 0,00830 mL/mL (equivalente a 25 mcg de cumarina)
associações)
Peitoral Martel Kley Hertz Xarope 0,08 mL/mL - 150 mL Extrato fluido de M. glomerata - padronizado em 0,0352 mg de cumarina (0,044%)
Xarope de Guaco Belfar Belfar Xarope 0,0583 mL/mL - 100, 120 e 200 mL Não foram encontradas informações de padronização
Xarope de Guaco
Herbarium Xarope 0,5 mL/5mL - 120 mL Extrato hidroalcoólico de M. glomerata 0,5 mL/5 mL - equivalente a 0,175 mg de cumarina.
Herbarium
Xarope de Guaco
Natulab Xarope 35 mg/mL - 80, 100, 120 e 150 mL Não foram encontradas informações de padronização
Natulab
Xarope de Guaco IFAL IFAL Xarope 0,05 mL/mL - 100 mL Não foram encontradas informações de padronização
63
5.4 ROTULAGEM
Nos casos onde a forma farmacêutica utilizada é o xarope, deve-se informar que
não deve ser utilizado em pessoas com Diabetes mellitus. Nos casos onde a forma
farmacêutica é a tintura, a informação é de que não deve ser utilizada por alcoolistas e
diabéticos (78).
5.7 DIVERSOS
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