Levantamento Florístico de Euphorbiaceae - BA

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Levantamento Florístico de Euphorbiaceae, Alagoinhas, Bahia, Brasil.

Kelle da Silva Cardoso¹ e Daniela Santos Carneiro Torres²

1. Bolsista PROBIC/UEFS, Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
[email protected]

2. Orientadora, Departamento de Ciências Biológicas, Programa de Pós-graduação em Botânica- PPGBot,


Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Diversidade; Taxonomia; Malpighiales.

INTRODUÇÃO

Euphorbiaceae possui 240 gêneros e aproximadamente 6300 espécies (Wurdack &


Davis 2009). No Brasil existem 64 gêneros e 951 espécies, sendo 653 endêmicas do
país. É considerada uma das famílias típicas da Caatinga devido à sua grande
representatividade no semiárido nordestino (Zappi 2008). A família apresenta elevada
diversidade morfológica caracterizando-se principalmente pelas folhas geralmente
alternas, látex em geral presente, flores unissexuais, ovário súpero, na maioria
tricarpelar e trilocular, com um óvulo por lóculo. O fruto é, geralmente, um
esquizocarpo, com sementes de tegumento fino, ósseo ou carnoso, frequentemente
providas de carúncula e de endosperma abundante (Webster 1994; RadcliffeSmith 2001;
Judd et al. 2009).
No estado da Bahia a família está representada por 41 gêneros e 309 espécies, sendo
204 endêmicas (Flora do Brasil 2020, em construção). Essas espécies ocorrem em
diferentes tipos vegetacionais, sendo importante componente da Flora dessa região, são
fonte de estudos em fitoquímica, palinologia, anatomia, florística e fitossociologia entre
outros trabalhos e sua ampla distribuição no estado evidencia a importância do estudo
da taxonomia do grupo.
A família Euphorbiaceae passou por profundas modificações com base nos estudos
filogenéticos com dados moleculares (Wurdack et al. 2005; APG III 2009), em relação a
tradicional classificação proposta por Webster (1994), que dividia a família em cinco
subfamílias. As subfamílias que apresentam dois óvulos por lóculo (Phyllanthoideae e
Oldifieldioideae), atualmente formam as famílias Phyllanthaceae, Peraceae,
Putrangivaceae e Picodendraceae, permanecendo as subfamílias Cheilosoideae,
Acalyphoideae, Crotonoideae e Euphorbioideae. (Wurdack et al. 2005; APG III 2009).
As Euphorbiaceae incluem diversas espécies de interesse econômico. Destaca-se a
seringueira (Hevea brasiliensis (Wild. ex A. Juss.) Müll.Arg., a mandioca, aipim ou
macaxeira (Manihot esculenta Crantz.), a mamona (Ricinus communis L.), e algumas
espécies dos gêneros Euphorbia L. e Acalypha L. são utilizadas como ornamentais
(Souza & Lorenzi, 2012). Espécies de Croton L., Cnidoscolus Pohl. e Jatropha L. são
marcadoras de ecossistemas e características de áreas secas (Caatinga), Alchornea Sw.
característica de matas ciliares e campos rupestres e Dalechampia L., Mabea Aubl.,
Plukenetia L. e Romanoa Trevis. ocorrem em matas (Heywood et al. 2007; Souza &
Lorenzi, 2012).
Foi realizado o levantamento florístico da família Euphorbiaceae no município de
Alagoinhas, incluindo a identificação de gêneros e espécies, caracterização morfológica,
elaboração de chaves de identificação, contribuindo para o conhecimento do grupo e
para a taxonomia de Euphorbiaceae.

METODOLOGIA

A área de estudo, Alagoinhas está localizada entre as coordenadas 12,08° N e 38,25° O,


está inserida no Domínio Mata Atlântica com vegetação estacional semidecidual e
floresta de galeria, constituídos de cinco distritos sendo eles: Aramari, Araçás, Igreja
Nova e Riacho da Guia.
Foi realizado o levantamento bibliográfico sobre a família Euphorbiaceae, consultando
monografias, artigos, floras e obras príncipes das espécies.
As descrições foram feitas a partir da análise dos materiais coletados em Alagoinhas
depositados no (HUEFS) e de materiais adicionais de Feira de Santana, em caso de
complementação das descrições. Para a morfologia foi utilizado Radford et al. (1974),
Vidal & Vidal (2003) e o Gonçalves & Lorenzi (2007). Foram elaboradas chaves de
identificação para gêneros e espécies de Euphorbiaceae de Alagoinhas e analisadas 28
exsicatas, sendo que destas cinco tiveram suas identificações atualizadas.

RESULTADOS

Em Alagoinhas foram identificados 15 espécies distribuídas em oito gêneros:. Croton


(C. adamantinus Mull.Arg., C. argyrophylus Kunth, C. grewioides Baill., C.
heliotropiifolius Kunth, C. radlkoferi Pax & K.Hoffm., C. sellowii Baill. e C.
tetradenius Baill), Cnidoscolus urens (L.) Arthur, Euphorbia (E. chamaeclada Ule, E.
comosa Vell., E. hirta L., E. hyssopifolia L. e E. insulana Vell.), Mabea occidentalis
Benth., Microstachys corniculata (Vahl) A. Juss. ex Griseb., Jatropha (J. gossipifolia L.
e J. molissima (Pohl) Baill.), Sapium glandulosum (L.) Morong. e Tragia volubilis L.,
diversidade dos gêneros apresentado no gráfico (Fig.1, 2).

Tragia
Sapium
Croton Croton
Cnidosculos
Jatropha Euphorbia
Mabea
Microstachys

Microstachys Cnidosculos Jatropha


Sapium

Mabea Tragia

Euphorbia

Figura 1. Gêneros de Euphorbiaceae que ocorrem em Alagoinhas.


Chave de identificação para gêneros

1. Inflorescências em dicásio

2. Plantas não urticantes; flores diclamídeas ..................................................Jatropha

2´. Plantas urticantes; flores com perigônio ..............................................Cnidoscolus

1´. Inflorescências em tirsos, racemos, espigas a ciátios

3. Trepadeiras urticantes......................................................................................Tragia

3´. Árvores, Arbusto, subarbustos ou ervas

4. Inflorescências em ciátio......................................................................Euphorbia

4´. Inflorescência em tirsos, racemos ou espigas

5. Plantas com tricomas estrelados e/ou lepidotos.....................................Croton

5’. Plantas com tricomas simples ou glabras

6. Brácteas com 2 glândulas negras ......................................................Mabea

6´. Brácteas sem glândulas negras

7. Inflorescência em tirso; sépalas das flores estaminadas 5; estames


35.....................................................................................................Sapium

7´. Inflorescência em racemos; sépalas das flores estaminadas 3; estames


3..............................................................................................Microstachys

A B C

Figura 2. Representantes dos gêneros mais diversos de Euphorbiaceae em Alagoinhas:


A. Croton argyrophyllus Kunth., B. Euphorbia comosa Vell., C. Jatropha mollissima
(Pohl) Baill.
CONCLUSÃO

Em Alagoinhas os gêneros com maior número de espécies foram Croton e Euphorbia,


sendo quatro e cinco espécies respectivamente. Os gêneros Jatropha possui duas
espécies e Cnidoscolus, Sapium, Tragia, Mabea e Microstachys possuem uma única
espécie cada. A diversidade de espécies de Croton, Euphorbia e Jatropha está
relacionado ao tipo de vegetação estacional semidecidual que ocorrem nessa região. A
família Euphorbiaceae possui uma grande diversidade em todos os tipos vegetacionais,
é muito utilizada em outros trabalhos e por isso é de fundamental importância estudos
de levantamento florístico para gerar identificações confiáveis que possam ser utilizadas
pela comunidade, além de auxiliar no conhecimento da família e na formação de
taxonomistas.

REFERÊNCIAS

APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the
orders and families of flowering plants: APG III. Bot. Journ. Linnean Society 161:105-
121.

FLORA DO BRASIL 2020, em construção. Euphorbiaceae. Jardim Botânico do Rio de


Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB113>.
Acesso em: 03 Ago. 2017.

HURBATH, F., CARNEIRO-TORRES, D.S & ROQUE, N. 2016. Euphorbiaceae na


Serra Geral de Licínio de Almeida, Bahia, Brasil. Rodriguésia 67(2): 489-531.

JUDD, W.S.; CAMPBELL, C.S.; KELLOGG, E.A.; STEVENS, P.F. & DONOGHU,
M.J. 2009. Sistemática Vegetal: um enfoque filogenético. Artmed, Porto Alegre. 632p.

RADCLIFFE-SMITH, A. 2001. Genera Euphorbiacearum. Kew Publishing, Kew. 464p.

WEBSTER, G.L. 1994. Systematics of the Euphorbiaceae. Annals of the Missouri


Botanical Garden 81: 33-144.

WURDACK, K.J. & DAVIS, C.C. 2009. Malpighiales phylogenetics: Gaining ground
on one of the most recalcitrant clades in the angiosperm tree of life. American Journal
of Botany 96: 1551-1570.

ZAPPI, D. 2008. Fitofisionomia da Caatinga associada à Cadeia do Espinhaço. In:


Azevedo, A.A.; Fonseca, R.F. & Machado, R.B. (eds.). Conservação Internacional.
Cadeia do Espinhaço: avaliação do conhecimento científico e prioridade de
conservação. Megadiversidade 4: 33-37.

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