Roteiro5 - Física Experimental 3
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5.1 Material
• resistor de 1 kΩ;
• capacitor de 100 nF.
5.2 Introdução
Vimos que a reatância capacitiva depende da frequência: quanto maior a frequência
do sinal que alimenta um capacitor, menor será a resistência que o componente oferecerá
à passagem da corrente. Essa propriedade pode ser utilizada para a confecção de filtros
de frequência que atenuem sinais com certos valores de frequência num dado circuito
elétrico. Os filtros que cortam os sinais com frequências abaixo de um certo valor são
chamados de “filtros passa-alta”, ao passo que aqueles que cortam sinais com frequências
acima de um dado valor chamam-se “filtros passa-baixa”. A combinação dos dois tipos de
filtros pode resultar num outro tipo de filtro (chamado de passa-banda) que deixa passar
somente sinais com frequências próximas de um certo valor, atenuando todos os sinais com
frequências acima e abaixo deste valor; desta forma o filtro define uma banda passante.
Vemos então que V0C e V0R dependem da frequência ω, mas de maneira oposta. No ca-
pacitor, a amplitude V0C → V0 quando a frequência angular ω → 0. Conforme a frequência
aumenta, a razão V0C /V0 vai diminuindo, e no limite em que ω → ∞, V0C → 0.
Vamos analisar um circuito RC em série atuando como um filtro passa-baixa. Para isto
devemos comparar o sinal de entrada, fornecido pelo gerador de funções, com o sinal de
saı́da, extraı́do do capacitor. Isto é feito montando o circuito mostrado na figura 5.1.
Para este circuito apresentado, a amplitude da voltagem no capacitor V0C é dada pela
equação 5.3. A razão entre as amplitudes V0C e V0 será chamada de APB , representando a
razão entre as amplitudes de tensão de entrada e saı́da, e será expressa como:
V0C 1
APB ≡ =p . (5.5)
V0 1 + (ωRC)2
A equação 5.5 mostra que para frequências próximas de zero, a voltagem no capacitor
tem a mesma amplitude que a voltagem do gerador (APB ∼ = 1), ou seja, o sinal não é
5.3 Filtros usando circuitos RC 59
atenuado. Por sua vez, à medida que a frequência cresce, a voltagem no capacitor diminui,
o que significa que esta voltagem apresenta uma atenuação em relação ao sinal do gerador.
Se tomarmos o limite da frequência tendendo a infinito, a amplitude APB tende a zero e
neste caso a voltagem no capacitor é totalmente atenuada. Portanto, somente sinais com
frequências muito baixas não terão suas amplitudes diminuı́das.
Vamos analisar agora um circuito RC em série atuando como um filtro passa-alta. De-
vemos agora comparar o sinal fornecido pelo gerador de funções com o sinal de saı́da
extraı́do do resistor. Isto será feito montando o circuito mostrado na figura 5.2. Ele é ob-
tido a partir do circuito da figura 5.1 simplesmente invertendo as posições do resistor e do
capacitor.
Para este circuito a amplitude da voltagem no resistor V0R será dada pela equação 5.4.
5.3 Filtros usando circuitos RC 60
Definimos a razão entre as amplitudes V0R e V0 como sendo APA , que pode ser expressa na
forma:
V0R ωRC
APA ≡ =p . (5.6)
V0 1 + (ωRC)2
A equação 5.6 mostra que o filtro passa-alta tem uma dependência com ω oposta àquela
observada no caso do filtro passa-baixa. Sinais com frequências baixas são fortemente
atenuados enquanto os sinais com frequências muito altas são transmitidas com pequena
(ou nenhuma) atenuação.
Nas seções anteriores, falamos de frequências “muito altas” e “muito baixas”, mas ao
utilizarmos este tipo de expressão devemos especificar em relação a qual valor é feita a
comparação. É costume definir para estes filtros uma frequência, chamada de frequência
angular de corte, que especifica a faixa de frequências a ser filtrada. Esta frequência (ωc )
é definida como aquela que torna a reatância capacitiva igual à resistência do circuito, ou
seja, o valor de ω que satisfaz a condição XC = R. Usando esta definição encontramos
1
XC = = R, (5.7)
ωc C
o que nos leva a:
1
ωc = . (5.8)
RC
Figura 5.3: Curvas caracterı́sticas dos filtros passa-alta (APA ) e passa-baixa (APB ) construı́dos com
um circuito RC que utiliza R = 1 kΩ e C = 100 nF. VB representa V0R para o filtro passa-altas e V0C
para o passa-baixas. A frequência angular de corte para este caso é ωc = 104 rad/s. Note que o eixo
x está em escala logarı́timica.
O funcionamento de um filtro pode ser descrito por sua curva caracterı́stica, mas também
pode ser representado por uma grandeza chamada função de transferência. Esta é uma
função complexa, definida como a razão entre a tensão (complexa) de saı́da (a voltagem
sobre o resistor ou sobre o capacitor, dependendo do filtro utilizado) e a tensão (complexa)
de entrada (a voltagem do gerador). Como toda grandeza complexa, há informação tanto
em seu módulo (que será simplesmente a razão entre as amplitudes dos sinais) quanto em
sua fase (que será a diferença de fase entre os sinais).
Muitas das vezes estamos mais interessados nas amplitudes do que na diferença de
fase. A partir da função de transferência definimos então a transmitância de um filtro
T (ω) (também chamada de resposta em potência) como sendo o quadrado da razão entre
as amplitudes de saı́da (V0S ) e de entrada (V0E ):
2
V0S (ω)
T (ω) = . (5.11)
V0E (ω)
Grandezas como a transmitância (que é uma razão entre voltagens ao quadrado) são
comumente expressas em termos de decibéis (dB) da seguinte maneira:
Tomemos como exemplo o filtro passa-baixa; este filtro possui transmitância máxima
Tmax = 1 para ω = 0 e cai para zero como 1/(ωRC)2 na medida em que ω → ∞. Na
frequência de corte, ωc = 1/RC, a transmitância cai à metade do máximo.
Este comportamento é mais fácil de ser visualizado em um gráfico que apresenta a trans-
mitância em decibéis (ver equação 5.12) em função do logaritmo de ωRC, chamado dia-
grama de Bode, como o mostrado na figura 5.4. Há três caracterı́sticas a serem observadas
neste diagrama para um filtro passa-baixas:
Diagramas de Bode para filtros passa-alta terão caracterı́sticas semelhantes, mas inver-
sas em relação à frequência de corte. O filtro passa-altas também apresenta transmitância
de −3 dB em ω = ωc . Para ω ωc a transmitância sobe a uma taxa de 20 dB/dec, e para
ω ωc ela é aproximadamente constante com valor TdB = 0 dB (ver figura 5.5).
Neste procedimento vamos montar um filtro passa-alta, realizar medidas para traçar sua
curva caracterı́stica e a partir dela obter o valor da frequência de corte, comparando com
seu valor nominal.
2. Ligue os equipamentos e ajuste o gerador para que ele alimente o circuito com um si-
nal senoidal com uma frequência de cerca de 200 Hz e amplitude próxima a V0 = 4 V.
Meça a frequência do sinal do gerador, anotando o valor na Tabela 1. Lembre-se que
o valor de frequência mostrado no gerador é apenas uma indicação, para medı́-lo
deve ser utilizado o osciloscópio.
6. No retı́culo milimetrado do seu relatório, faça o gráfico dos valores medidos de APA
vs. log(f /Hz) e obtenha o valor da frequência de corte para este filtro. Inclua no
gráfico também uma outra curva para os valores esperados de APA (modelo). Com-
pare os valores experimentais com os valores esperados.
2. Ligue os equipamentos e ajuste o gerador para que ele alimente o circuito com um
sinal senoidal com uma amplitude próxima a V0 = 4 V.
3. Repita o procedimento utilizado com o filtro passa-alta. Para cada frequência suge-
rida abaixo, meça: a frequência da tensão do gerador (f ), a amplitude de tensão no
capacitor (V0C ) e a amplitude de tensão no gerador (V0 ), e anote os valores na Ta-
bela 2. Calcule o valores de log(f ), log(ωRC), de APB experimental e de TdB (eq. 5.12).
Lembre-se que toda a vez que a frequência for alterada deve-se verificar que a am-
plitude de tensão do gerador continua em 4 V, alterando sua tensão de saı́da se ne-
cessário. Valores sugeridos para a frequência: 200 Hz, 500 Hz, 1 kHz, 2 kHz, 5 kHz,
10 kHz, 20 kHz e 50 kHz.
4. No mesmo retı́culo milimetrado onde foi feito o gráfico de APA , faça o gráfico de APB
vs. log(f /Hz) e obtenha o valor da frequência de corte para este filtro. Compare este
valor com seu valor nominal e com o valor obtido para o filtro passa-alta.