Árvores e Arbustos Na Vegetação Natural de Porto Alegre, Rio Grande Do Sul, Brasil
Árvores e Arbustos Na Vegetação Natural de Porto Alegre, Rio Grande Do Sul, Brasil
Árvores e Arbustos Na Vegetação Natural de Porto Alegre, Rio Grande Do Sul, Brasil
Brasil***.
Paulo Brack *
Rodrigo Schütz Rodrigues *
Marcos Sobral * *
Sérgio Luiz de Carvalho Leite *
RESUMO
ABSTRACT
Trees and shrubs in the natural vegetation of Porto Alegre, Rio Grande do Sul State, Brazil.
A survey of the species of trees and shrubs from Porto Alegre city, Rio Grande do Sul State,
Brazil and their occurrence in the different types of natural vegetation are presented. There were
found 248 species, 171 species of trees and 77 species of shrubs ranked in 64 families.The results
*Departamento de Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. Paulo Gama, 40,
90046-900, Porto Alegre, RS - Brasil.
**Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. Ipiranga 2752,
90610-000, Porto Alegre, RS - Brasil.
*** Publicado em Iheringia n. 51 1998.
*
*
showed that a third part of the Rio Grande do Sul State native trees occured in Porto Alegre. It is
emphasized the conservation importance of these species due to the fast urbanization of the city.
Key words : floristics, trees, shrubs, Porto Alegre, Rio Grande do Sul State.
INTRODUÇÃO
As matas e outros tipos de vegetação com espécies arbóreas ocorrem de maneira relictual no
Município de Porto Alegre, principalmente ao longo dos morros e áreas inundáveis da margem
do lago Guaíba e seus tributários. Muitas destas comunidades vegetais e dos elementos florísticos
que as compõem são pouco conhecidos e paulatinamente vêm sofrendo danos crescentes devido à
rápida expansão urbana.
Vários autores realizaram estudos sobre a composição florística e estrutura da vegetação em
Porto Alegre e municípios vizinhos. LINDMAN (1906) descreveu as diferentes formações
campestres (campo subarbustivo, campo paleáceo e gramado), além de mencionar alguns tipos de
mata ocorrentes nesta região.
Segundo RAMBO (1950), muitas das espécies tropicais higrófilas teriam penetrado no Rio
Grande do Sul através da chamada “Porta de Torres”, enquanto os elementos temperados ou mais
xerofíticos teriam influência ocidental através do Escudo Cristalino Rio-grandense. RAMBO
(1954) listou 1288 espécies da flora fanerogâmica para o antigo território do município de Porto
Alegre – o qual abrangia área pelo menos quatro vezes maior que a atual - destacando sua origem
fitogeográfica e caracterizando alguns endemismos. Segundo este autor, a flora existente na
região estudada tem procedência principalmente dos contingentes da flora do Brasil Central, de
caráter essencialmente campestre, da mata pluvial do Litoral e da bacia do Paraná. RAMBO
(1956) apresentou 11 formações edáficas dos morros graníticos da Serra do Sudeste (Escudo
Cristralino Rio-grandense): campo limpo, campo sujo, vassourais, matinhas arbustivas ou
subarborescentes, mato arborescente ou alto, mato de parque, capões, matos de galeria ou
anteparo, mata virgem, capoeira e palmares, salientando algumas espécies que determinam a
fisionomia de cada formação.
LUÍS (1960) apresentou uma relação de 1490 espécies de angiospermas para Porto Alegre,
com chaves de identificação para as mesmas.
3
BAPTISTA & IRGANG (1972) estudaram a comunidade arbórea de uma mata no Município
de Viamão, próximo de Porto Alegre, numa área de 200 m², encontrando 85 espécies distribuídas
em 36 famílias. BAPTISTA et. al. (1979) realizaram uma caracterização das comunidades
vegetais presentes na Reserva Biológica do Lami, em Porto Alegre e apresentando uma listagem
florística com 298 espécies nativas, pertencentes a 85 famílias.
WAECHTER (1985, 1990) descreveu os tipos de vegetação das restingas da Planície
Costeira, incluindo observações sobre a Reserva Biológica do Lami.
AGUIAR et al. (1986) realizaram um estudo da flora e fisionomia da vegetação de dez
morros graníticos de Porto Alegre e Viamão, sendo listadas 867 táxons vegetais de 119 famílias
nestes locais, atribuindo à região do Alto Uruguai a origem predominante da flora arbórea dos
morros graníticos da região metropolitana.
GÜNTZEL et al. (1994) desenvolveram um trabalho sobre a cobertura vegetal de 44 morros
de Porto Alegre, apontando que ainda restam cerca de 4.500 hectares de matas nestes locais.
Destacam-se ainda os trabalhos de SCHULTZ & PORTO (1971), KNOB (1978), AGUIAR
et al. (1979), LONGHI-WAGNER & RAMOS (1981), MOHR (1995) e RODRIGUES (1996).
Considerando a necessidade de conhecer as formações naturais do Município, realizou-se o
presente levantamento florístico e a caracterização das comunidades arbóreas e arbustivas,
também como forma de contribuir para a sua urgente preservação e recomposição.
MATERIAL E MÉTODOS
Método
Este trabalho é o resultado de mais de 10 anos de coletas e estudos realizados pelos autores
5
sobre a flora de Porto Alegre. Foram consideradas como espécies nativas deste Município as
árvores e os arbustos com ocorrência natural dentro de seu território.
Efetuaram-se várias dezenas de excursões a campo a fim de confirmar ou buscar novos
registros de espécies para esta região. Foram consultados os herbários ICN, HAS e PACA, tendo
sido incluídas na listagem as espécies as quais possuíam exsicatas para exame. Foi incluído um
registro referencial de herbário para cada espécie, com exceção de três espécies sem coleta, mas
avistadas em condições naturais no município. Foram inseridas na listagem somente as plantas
com sementes (Spermatophyta), sendo que as Magnoliophyta foram apresentadas de acordo o
sistema APG III (2009).
As formas biológicas consideradas obedeceram os seguintes critérios: Arbustos, com
ramificações desde a base, altura até 2,5 m e DAP (diâmetro na altura do peito ) entre 1,0 e 5,0
cm, sendo incluídas, entretanto, algumas espécies subarbustivas que, apesar do menor diâmetro,
apresentam xilopódio e demais partes totalmente lenhosas, caso constatado na família Myrtaceae;
Árvores, as plantas com DAP acima de 5,0 cm, subdivididas em cinco categorias de altura
(valores aproximados): Arvoretas, acima de 2,5 e até 5,0 m; Árvores baixas, acima de 5,0 e até
9,0 m; Árvores médias, acima de 9,0 e até 15,0 m; Árvores altas, acima de 15,0 m. Foram
consideradas também formas biológicas como: Arbustos apoiantes (DAP entre 1,0 e 5,0 cm) e
Árvores apoiantes (DAP acima de 5,0 cm ).
No que se refere as comunidades vegetais, tomou-se por base a classificação de
WAECHTER (1990) para a Planície Costeira, com as devidas modificações, devido à falta de
maiores estudos na região e pela dificuldade em ser adotada aqui a proposta de IBGE (l992, 1986
), já que esta é muito ampla e sem maior detalhamento. A denominação destas comunidades
obedeceu critérios ecológicos ou fisionômicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tipos de vegetação
Os principais tipos de comunidades vegetais com presença de árvores e arbustos em Porto
encontramos essas matas, correspondentes ao clima do Rio Grande do Sul". Grande parte das
espécies da mata higrófila apresenta sua rota migratória através da chamada "Porta de Torres"
(RAMBO, 1950), com seu limite fitogeográfico mais austral coincidentemente próximo ao
paralelo 30°de latitude. Aí, os contrafortes dos morros graníticos do extremo nordeste do Escudo
Cristalino, onde justamente situa-se Porto Alegre, atuam como barreira edáfica ou climática a
muitas espécies de origem tropical.
As condições do relevo nos fundos de vales ou encostas sul dos morros permitem uma maior
umidade relativa do ar, ao contrário dos cumes e encostas norte dos morros. Outros fatores como
a maior profundidade dos solos e a maior capacidade de armazenamento de água, em comparação
a terrenos de topos de morro, proporcionam condições mais seletivas para o crescimento de uma
vegetação de grande porte e maior riqueza florística que as demais comunidades florestais.
A mata higrófila contém espécies que destacam-se pela ampla superfície foliar (latifoliadas),
podendo-se salientar neste caso a figueira-purgante (Ficus adhatodifolia), a canela-ferrugem
(Nectandra oppositifolia), o uvá-de-facho (Hirtella hebeclada) e o pau-de-tamanco
(Dendropanax cuneatum), entre outras.
Em relação à estrutura da floresta, que atinge entre 12 e 20 m de altura, verifica-se a presença
de três ou quatro estratos arbóreos. O estrato superior, de 15 a 20 m, possui elementos típicos
como o tanheiro (Alchornea triplinervia), a cangerana (Cabralea cangerana), a canela-ferrugem
(Nectandra oppositifolia), a figueira-purgante (Ficus adhatodifolia), o mata-olho (Pachystroma
longifolium) e a batinga (Eugenia rostrifolia). No estrato arbóreo médio, verifica-se a presença de
catiguá (Trichilia claussenii), uvá-de-facho (Hirtella hebeclada), ingá-feijão (Inga marginata),
pau-de-tamanco (Dendropanax cuneatum), entre outras. No estrato arbóreo inferior, ocorrem
arvoretas como a laranjeira-do-mato (Gymnanthes concolor), o cincho (Sorocea bonplandii), o
pau-de-arco (Guarea macrophylla), o café-do-mato (Faramea marginata), o pau-de-cutia
(Esenbeckia grandiflora), o bacupari (Garcinia gardneriana) e o guamirim-uvá (Eugenia
verticillata). No estrato arbustivo, verificamos a presença de pariparoba (Piper gaudichaudianum
) e cafeeiro-do-mato (Psychotria spp.), ocorrendo algumas vezes neste estrato um emaranhado de
taquarinha ou criciúma (Chusquea tenella e Merostachys sp.).
Matas mesófílas
As matas mesófílas, ou mesohigrófilas, são constituídas por uma comunidade florestal que
ocupa a porção média ou baixa dos morros, ou mesmo em terrenos mais ou menos planos, onde
as condições ambientais não sejam extremadas.
Seus elementos florestais não apresentam grande seletividade e têm ampla distribuição no
Estado, estando presentes ainda na maior parte das matas secundárias do município.
A altura da mata é de 10 a 15 m, sendo encontrados 2 a 3 estratos arbóreos. No estrato
superior, podem ser citadas a maria-mole (Guapira opposita), o camboatá-vermelho (Cupania
vernalis), o açoita-cavalo (Luehea divaricata) e o capororocão (Myrsine umbellata). No estrato
médio ou inferior, destacam-se o leiterinho (Sebastiania brasiliensis), o cocão (Erythroxylum
argentinum), o chá-de-bugre (Casearia silvestris), e a pitangueira (Eugenia uniflora).
Matas subxerófilas
As matas baixas ou capões encontrados nos topos ou encostas superiores dos morros
apresentam fatores ambientais fortemente opostos às condições encontradas nas matas altas dos
fundos de vales. O solo é muitas vezes raso (litossolo), ocorrendo freqüentemente afloramentos
graníticos (matacões), sendo sua textura grosseira, com feições próprias de solos com baixa
retenção hídrica. Com respeito ao mesoclima, estes locais de topo de morro estão sujeitos a uma
maior exposição solar e a ventos mais intensos.
A denominação de mata subxerófila é adotada aqui para caracterizar este tipo de vegetação
de ambientes mais secos, onde morfologicamente a vegetação também evidencia tendência de
redução da superfície foliar e escleromorfismo.
A altura média do dossel é de 6 a 12 m. A estratificação é mais simplificada do que na mata
higrófila, com a presença de 2 ou 3 andares arbóreos. Pode ocorrer algumas vezes um estrato de
indivíduos emergentes, chegando a alcançar 15 m, constituído por timbaúva (Enterolobium
contortisiliquum), capororocão (Myrsine guianensis) e maria-mole (Guapira opposita). No
estrato médio ou superior, entre 6 e 10 m, verifica-se a presença de aroeira-brava (Lithrea
brasiliensis), branquilho (Sebastiania commersoniana), chá-de-bugre (Casearia silvestris),
mamica-de-cadela (Zanthoxylum hiemale), cocão (Erythroxylum argentinum), carne-de-vaca
(Styrax leprosum), e aguaí-mirim (Chrysophyllum marginatum). No estrato arbóreo inferior, entre
3 a 6 m, encontramos arvoretas das seguintes espécies: camboim (Myrciaria cuspidata), embira
9
Matas ripárias
As matas ripárias, chamadas comumente de matas ciliares ou matas em galeria, ocorrem
junto aos cursos d'água, tendo composição florística variável conforme as condições da margem
tanto do lago Guaíba quanto dos arroios ou rios em que se encontram.
As matas ciliares em terrenos arenosos ou hidromórficos do lago Guaíba geralmente ocorrem
internamente à vegetação de juncal, sendo esta última composta quase exclusivamente por junco
(Scirpus californicus). O juncal, no limite com a mata ripária, pode apresentar-se ocupado
parcialmente por indivíduos jovens de sarandis (Sebastiania schottiana) e salgueiros (Salix
humboldtiana).
Internamente ao juncal e externamente à mata ripária ocorre muitas vezes o sarandizal, sendo
esta uma formação arbóreo-arbustiva anfíbia das margens do lago Guaíba e rios tributários. Nesta
estão presentes arbustos típicos de banhados como o cambaí-vermelho (Sesbania punicea), o
maricá (Mimosa bimucronata), o sarandi-branco (Cephalanthus glabratus), o sarandi-vermelho
(Sebastiania schottiana), o sarandi (Phyllanthus sellowianus) e o hibisco-do-banhado (Hibiscus
11
cisplatensis).
Na mata ripária propriamente dita, na seqüência após o juncal e o sarandizal, ocorrem outros
elementos arbóreos pioneiros de maior porte, tais como o salgueiro (Salix humboldtiana), a
corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli) e o ingá-banana (Inga vera). A mata ripária
madura tem composição variável, apresentando entretanto espécies típicas como o aguaí-mata-
olho (Pouteria gardneriana), o sarandi-amarelo (Terminalia australis), o tarumã-preto (Vitex
megapotamica), o camboinzão (Myrciaria floribunda), e a figueira-de-folha-miúda (Ficus
organensis). Na mata ripária dos arroios, podem ser encontrados ainda arbustos ou arvoretas
freqüentes tais como o camboim (Myrciaria cuspidata), o cafeeiro-do-mato (Psychotria
carthagenensis) e o taquaruçu-de-espinho (Guadua trinii).
As matas ripárias do Município de Porto Alegre são semelhantes em sua composição florística
às matas da bacia do rio Jacuí. Faltam, porém, elementos de grande porte provenientes das bacias
dos rios Uruguai e Paraná, tais como o angico (Parapiptadenia rigida) e o ipê-roxo
(Handroanthus heptaphyllus).
Butiazal
Os butiazais são formações savanóides onde a cobertura predominante é o campo com uma
maior ou menor densidade de butiazeiro (Butia odorata), este atingindo entre 5 a 9 metros de
altura.
Esta formação está quase extinta em Porto Alegre, sendo talvez a mais ameaçada, existindo
algumas pequenas manchas na parte leste e nordeste do Município. Seu grande valor
fisionômico-paisagístico confunde-se com seu valor histórico pois representa um tipo de
vegetação que caracterizava algumas zonas de campos da cidade há mais de um século atrás.
Junto ao butiazal é comum o chamado campo sujo (campo misto) com elementos herbáceos
e arbustivos, formado por espécies nativas e as vezes subespontâneas, com a maria-mole
(Senecio brasiliensis), a vassoura-branca (Baccharis dracunculifolia), a carqueja (Baccharis
trimera), o alecrim-brabo (Vernonia nudiflora), a camaradinha (Lantana camara), entre outros.
junto aos campos periodicamente incendiados dos morros, juntamente com outras espécies tais
como o alecrim-brabo (Heterothalamus psiadioides), a carqueja (Baccharis trimera), a
camaradinha (Lantana camara), entre outras. O vassoural pode ser formado ainda pela vassoura-
branca (Baccharis dracunculifolia) ou por outras espécies arbustivas do gênero Eupatorium.
O maricazal é uma vegetação que ocorre em planícies úmidas, principalmente nas zonas
norte (Bacia do rio Gravataí) e sudoeste (próximo às margens do lago Guaíba). Apresenta
dominância quase que exclusiva do maricá (Mimosa bimucronata), com altura entre 1,5 e 5m e
com rápido crescimento. Associados ao maricazal podem ocorrer alguns campos de várzea e
banhados.
Campos seixo-rochosos
Os campos seixo-rochosos são os típicos campos de topos de morros e terrenos ondulados de
Porto Alegre, apresentando geralmente espécies arbustivas, que ocorrem freqüentemente junto a
seixos ou afloramentos graníticos. Estas comunidades herbáceo-arbustivas são semelhantes
àquelas dos campos da região do Escudo Rio-grandense., sendo que a cobertura herbácea é
formada basicamente por gramíneas, compostas e leguminosas. Os arbustos mais comuns
pertencem à família Myrtaceae, sendo conhecidos popularmente como araçás-do-campo
(Campomanesia aurea, Psidium luridum, P. incanum e Eugenia dimorpha). Ocorrem também
representantes de outras famílias como as espécies Gochnatia orbiculata e Eupatorium spp.,
Schinus weinmanniifolius, quina-cruzeiro (Colletia paradoxa) e cocãozinho (Erythroxylum
microphyllum). É importante ressaltar que muitas destas espécies são raras em Porto Alegre
exclusivas destas formações.
Banhados
Os banhados distribuem-se, juntamente com os campos de várzea e maricazais, nas zonas
norte e sudoeste do Município. A altura é muito variável conforme a presença ou não de maricás
ou outras espécies lenhosas. As espécies arbustivas comuns dos banhados são o sarandi-amarelo
(Cephalanthus glabratus), o cambaí (Sesbania punicea) e o hibisco-do-banhado (Hibiscus spp.).
O estrato herbáceo, no qual os arbustos são encontrados, pode apresentar como elementos típicos
as tiriricas (Cyperus spp., Rhynchospora spp.), a cruz-de-malta (Ludwigia spp.), o aguapé-
comprido (Pontederia cordata), a taboa (Typha sp.), o chapéu-de-couro (Echinodorus
grandiflorus), o caraguatá-do-banhado (Eryngium pandanifolium), a grama-boiadeira (Leersia
hexandra), entre outras.
tropical da maioria das espécies, as quais provavelmente têm origem na Floresta Ombrófila
Densa (Mata Atlântica). Em Porto Alegre ocorrem elementos que penetram no Estado
exclusivamente pela “Porta de Torres”, como Geonoma schottiana, Coussapoa microcarpa,
Colubrina glandulosa, Dendropanax cuneatum, Garcinia gardneriana, Esenbeckia grandiflora e
Tibouchina asperior (RAMBO, 1950).
O butiazal, a mata psamófila, a mata higrófila e a mata ripária foram as comunidades
vegetais que se destacaram pela grande seletividade e raridade, encontrando-se sob forte
ameaçada decorrente da rápida expansão urbana.
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Nélson Matzenbacher, Mara Ritter, Bruno Irgang, João Larocca, Cláudio
Mondin, Fábio Mohr, Nélson Silveira, Lilian Mentz e Renato Záchia pelo auxílio na
determinação, a Rodrigo Cambará Printes, Luis Fernando Brutto e Marcos Fialho pelo auxílio nas
coletas e elaboração da lista; à Secretaria Municipal do Meio Ambiente - Prefeitura Municipal de
Porto Alegre e em especial aos técnicos Magda S. Arioli e José Guilherme Fuentefria.
Agradecemos ainda à Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul pela bolsa RHAE- CNPq
concedida ao primeiro autor no ano de 1994 para o desenvolvimento de parte do trabalho.
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17
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71-3).
19
Fig. 2. Perfil esquemático com os principais tipos de vegetação com presença de árvores e arbustos em Porto Alegre.
Legenda relativa à vegetação: MHG = mata higrófila; MMF = mata mesófila; MSX= mata subxerófila; MPS = mata
psamófila; MRP= mata ripária; MBJ= mata brejosa; BUT = butiazal; VAC = vegetação arbóreo-arbustiva de campos
pedregosos; VAS = vassoural; CAP = capoeira; MAR = maricazal; SAR = sarandizal; CPD = campo pedregoso;
BHN = banhado.
Fig. 3. Histograma das famílias com maior número de espécies arbóreas em Porto Alegre.
Fig. 4. Histograma das famílias com maior número de espécies arbustivas em Porto Alegre.
Quadro 1. Listagem da flora arbórea e arbustiva de Porto Alegre
Legenda:
Hábito: arb (arbusto), abp (arbusto apoiante), avt (arvoreta), avb (árvore baixa), avm (árvore média), ava (árvore alta), avp (árvore apoiante).
vegetação: mhg (mata higrófila), mmf(mata mesófila), msx (mata subxerófila), mps (mata psamófila), mrp (mata ripária), mbj (mata brejosa), m (mata sem diferenciação
de categoria), but (butiazal), vac (vegetação arbóreo-arbustiva de campos pedregosos), vas (vassoural), cap (capoeira), mar (maricazal), sar (sarandizal), cpd (campo
pedregoso), bhn (banhado).
s/c = sem coleta, porém avistada em Porto Alegre.
101 Icacinaceae Citronella gongonha (Mart.) Howard congonha avt mmf, mbj
.
102 Lauraceae Aiouea saligna Meiss. canela-fogo avm mhg
.
103 Lamiaceae Aegiphila integrifolia (Jacq.) Moldenke gaioleira avt mhg
.
104 Lamiaceae Vitex megapotamica (Spreng.) Mold. tarumã-preto avm mmf
.
105 Lauraceae Endlicheria paniculata (Spreng.) Macbr. canela-frade avt mhg
.
106 Lauraceae Nectandra grandiflora Nees caneleira avm mhg
.
107 Lauraceae Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez canela-fedorenta ava mhg
.
108 Lauraceae Nectandra oppositifolia Nees canela-ferrugem ava mhg
.
109 Lauraceae Ocotea catharinensis Mez canela-preta avm mhg, mps
.
110 Lauraceae Ocotea diospyrifolia (Meiss.) Mez caneleira avm mhg
.
111 Lauraceae Ocotea puberula Nees canela-guaicá ava mhg, mmf
.
112 Lauraceae Ocotea pulchella Mart. canela-lageana avm mps, mmf
.
113 Loganiaceae Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. esporão-de-galo avt mmf
.
114 Lythraceae Heimia salicifolia Link et Otto erva-da-vida arb cap
.
115 Malvaceae Abutilon grandiflorum (Willd.) Sw. - arb cap
.
116 Malvaceae Abutilon umbelliflorum St. Hil. - arb cap
.
117 Malvaceae Hibiscus diversifolius Jacq. guaxima-de-espinho arb bnh
.
118 Malvaceae Hibiscus lambertianus H.B.K. - arb bnh
.
119 Malvaceae Hibiscus selloi Goerke - arb bnh
.
120 Malvaceae Luehea divaricata Mart. et Zucc. açoita-cavalo ava mmf
.
121 Malvaceae Triumfetta abutiloides St. Hil. carrapicho-peludo arb cap, msx
.
122 Malvaceae Triumfetta semitriloba L. carrapicho arb cap, msx
.
123 Melastomataceae Leandra australis (Cham.) Cogn. pixirica-peluda arb cap, mbj
.
124 Melastomataceae Miconia sellowiana Naud. pixirica arb cap
.
125 Melastomataceae Miconia cinerascens Miq. pixiricão arb cap
.
126 Melastomataceae Miconia hyemalis St.Hil. et Naud. pixirica-cinzenta arb cap, mbj
.
127 Melastomataceae Tibouchina asperior (Cham.) Cogn. - arb bnh
.
128 Meliaceae Cabralea canjerana (Vell.) Mart. cangerana ava mhg
.
129 Meliaceae Cedrela fissilis Vell. cedro-vermelho ava mhg
.
30
190 Quilla jaceae Quillaja brasiliensis (St.Hil. et Tul.) Mart. sabão-de-soldado avm msx, mmf
.
191 Rhamnaceae Colletia paradoxa (Spreng.) Esc. quina-cruzeiro arb cpd
.
192 Rhamnaceae Colubrina glandulosa Perk. sobraji avm mhg
.
193 Rhamnaceae Scutia buxifolia Reiss. coronilha avb msx
.
194 Rosaceae Prunus myrtifolia (L.) Urb. pessegueiro-do-mato avm mmf
.
195 Rosaceae Rubus urticifolius Poir. amora-do-mato abp mhg, cap
.
196 Rubiaceae Cephalanthus glabratus (Spreng.) K.Schum. sarandi-branco arb mrp, bnh
.
197 Rubiaceae Chiococca alba (L.) Hitch. cainca avp m
.
198 Rubiaceae Chomelia obtusa Cham. et Schl. rasga-trapo avp m
.
199 Rubiaceae Faramea montevidensis (Cham. & Schltdl.) DC. café-do-mato avt mmf, mhg
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200 Rubiaceae Guettarda uruguensis Cham. et Schl. veludo avt m
.
201 Rubiaceae Psychotria brachyceras M.Arg. cafeeiro-do-mato arb mhg, mps
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202 Rubiaceae Psychotria carthagenensis Jacq. cafeeiro-do-mato arb mrp, mmf
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203 Rubiaceae Psychotria leiocarpa Cham. et Schl. cafeeiro-do-mato arb mhg
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204 Rubiaceae Psychotria myriantha M.Arg. cafeeiro-do-mato arb mhg
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205 Rubiaceae Randia ferox (Cham. & Schltdl.) DC limoeiro-do-mato avt mps, msx
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206 Rubiaceae Rudgea parquioides (Cham.) M.Arg. pimenteira arb mhg
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207 Rutaceae Esenbeckia grandiflora Mart. pau-de-cutia avt mhg
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208 Rutaceae Zanthoxylum hyemale Lam. mamica-de-cadela avb mmf
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209 Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Lam. mamica-de-cadela avm mmf
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210 Salicaceae Banara parviflora (Gray) Benth. farinha-seca avm mmf, mhg
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211 Salicaceae Casearia decandra Jacq. guaçatunga avt mmf
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212 Salicaceae Casearia silvestris Sw. cha-de-bugre avb m
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213 Salicaceae Xylosma cf. pseudosalzmannii Sleumer sucará avm msx
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214 Salicaceae Salix humboldtiana Willd. salseiro, salgueiro ava mrp
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215 Sapindaceae Allophylus edulis (St.Hil.) Radlk. chal-chal avb mmf
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216 Sapindaceae Cupania vernalis Camb. camboatá avm mmf
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217 Sapindaceae Dodonaea viscosa (L.) Jacq. vassoura-vermelha avt vas
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218 Sapindaceae Matayba elaeagnoides Radlk. camboatá-branco avm mmf
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219 Sapindaceae Matayba guianensis Aubl. camboatá-branco ava mhg
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36
220 Sapotaceae Chrysophyllum gonocarpum (Mart et Eichl.) Engl. aguaí-guaçu avm mmf
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221 Sapotaceae Chrysophyllum marginatum (Hook. et Arn.) Radlk. aguaí-mirim avt mmf
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222 Sapotaceae Pouteria gardneriana (DC.) Radlk. aguaí-mata-olho avm mrp
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223 Sapotaceae Pouteria salicifolia (Spreng.) Radlk. mata-olho avt mrp
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224 Sapotaceae Syderoxylum obtusifolium (Roem.et Sch.) Penn. coronilha avm mmf
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225 Simaroubaceae Picramnia parvifolia Engler pau-amargo avb mhg
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226 Solanaceae Cestrum corymbosum Schl. coerana-amarela arb cap
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227 Solanaceae Cestrum strigillatum R.et P. coerana arb mmf
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228 Solanaceae Solanum concinnum Schott ex. Sendtn. joá-velame arb cap
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229 Solanaceae Solanum guaraniticum St. Hil. jurubeba arb cap
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230 Solanaceae Solanum mauritianum Scop. fumo-bravo avt cap
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231 Solanaceae Solanum pseudoquina St. Hil. canema avt cap
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232 Solanaceae Solanum sanctaecatharinae Dunal canema avt mmf
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233 Solanaceae Solanum sp. - arb mmf
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234 Solanaceae Vassobia breviflora (Sendtn.) Hunz. esporão-de-galo avt cap
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235 Styracaceae Styrax leprosum Hook. et Arn. carne-de-vaca avb msx
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236 Symplocaceae Symplocos celastrinea Mart. ex Miq. sete-sangrias avt mmf
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237 Symplocaceae Symplocos uniflora (Pohl) Benth. sete-sangrias avt msx, vac
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238 Thymelaeaceae Daphnopsis racemosa Griseb. embira avt msx
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239 Urticaceae Boehmeria caudata Sw. urtiga-mansa arb Mhg
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240 Urticaceae Cecropia pachystachya Trécul embaúba avm mbj, cap
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241 Urticaceae Coussapoa microcarpa (Shott) Rizzini figueira-mata-pau ava mhg
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242 Urticaceae Urera nitida (L.) Brack urtigão arb mhg
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243 Ver Verbenaceae Aloysia gratissima (Gill. et Hook.) Tronc. cidró-silvestre arb cap
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244 Verbenaceae Citharexylum montevidense (Spreng.) Mold. tarumã-de-espinho avm mmf
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245 Verbenaceae Citharexylum myrianthum Cham. tarumã-branco avm mbj
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246 Verbenaceae Lantana camara L. camaradinha arb cap, vas
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247 Verbenaceae Stachytarpheta cayennensis (L.Rich.) Vahl. gervão arb cap
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248 Verbenaceae Verbena ephedroides Cham. - arb cap
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