O Conflito Na Perspectiva Da Mediacao LIVRO
O Conflito Na Perspectiva Da Mediacao LIVRO
O Conflito Na Perspectiva Da Mediacao LIVRO
1. Caracterização do conflito.
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entendidas, escutadas, lidas, as partes se exaltam e dramatizam, polarizando
ainda mais as posições.
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Durkheim1 refere que certo nível de criminalidade seria benéfico,
funcional e necessário socialmente, sendo inclusive traço normal e inevitável
de toda sociedade. Essa idéia estaria fundada em três pressupostos: “a) crime
provoca punição que, por sua vez, reforça solidariedade nas comunidades; b) a
repressão de crimes auxilia a estabelecer e manter limites comportamentais no
interior de comunidades (em níveis não anômicos); c) incrementos
excepcionais nas taxas de criminalidade podem alertar ou advertir autoridades
para problemas existentes nos sistemas sociais onde ocorrem tais taxas de
criminalidade”.
2.Evolução do conflito.
1
RATTON Jr, José Luiz de Amorim. Racionalidade, Política e Normalidade do Crime em Émile
Durkheim. Revista Científica Argumentum da Faculdade Marista do Recife, vol. 1. Recife: Faculdade
Marista, 2005, pp. 11 -129.
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autoridade social, mas como forma de proteger a comunidade do perigo que a
ameaçasse. Vigorava um tipo de direito pré-convencional, revelado,
indiferenciado da religião e da moral. As relações humanas eram pouco
complexas e fortemente horizontalizadas.
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postulados que reproduzem valores hierarquizados, em que prevalecem os
códigos de referência político (poder/não-poder) e econômico (ter/não-ter)
sobre os códigos de referência técnico (verdade/falsidade), moral (certo/errado)
e jurídico (lícito/ilícito).
Não foi por mera coincidência que a população foi deixando de ser vista
como aquilo que nos textos do século XVI se chamava de “paciência do
soberano”, algo tido como administração de uma massa coletiva de
fenômenos. A idéia de poder, na ambiência crescentemente urbana de todas
aquelas expansões tecnológicas, mercantis e culturais, foi-se paulatinamente
deslocando da díade soberano-território para a variável governo-população-
território-riqueza.
5
característico do governo: a intervenção no campo da economia e da
população. Tal mudança ocorre na passagem da uma arte de governo para
uma ciência política, de um regime dominado pela estrutura da soberania para
um regime dominado pelas técnicas de governo.
5
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. 31ª ed.
Petrópolis: Vozes, 2006, p. 18.
6
Com efeito, as sociedades modernas, centrais ou mesmo as periféricas,
foram incorporando a consciência de uma complexidade crescente e
atenuando os códigos do poder hierárquico, na medida em que se afirmam
diferenciações funcionais. Em substituição ao modelo hierárquico unilateral, em
sentido único “do poder para o direito” e “do soberano para o súdito”, passou-
se progressivamente a construir uma circularidade instável entre poder, direito,
estado e cidadania, sob a dinâmica de uma moral pós-convencional.
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como que induzidos ao uso da força e à prática do ilícito, tentados a um atalho
em direção aos confortos da modernidade. Talvez aí a razão de tanta violência
em sociedades abertas, de feição liberal democrática, onde os direitos
humanos ainda não foram efetivados.
6
COMPARATO, Fábio Konder. Ética: direito, moral e religião no mundo moderno. São Paulo:
Companhia das Letras, 2006. 716 p. p 18.
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ancorada no Velho Testamento. A despeito de tantas mudanças, persevera
uma antinomia entre a moral legal e determinadas expressões de moral social.7
9
e direitos humanos, princípios universais são acolhidos como hipóteses na
orientação de comportamentos e instituições democráticas, inspiradas em
doutrinas razoáveis, com respeito às diferenças.
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