8 - TP8 - Fraccionamento
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8ª AULA PRÁTICA
A partir de 1945 foi optimizada a separação dos vários componentes da célula (núcleos,
mitocôndrias, lisossomas, membranas, etc.) em função das propriedades de densidade, e os trabalhos
de Claude foram pioneiros no processo de isolamento dos organelos celulares. O processo de
separação inclui 2 etapas principais:
A. Homogeneização de tecidos
Consiste em "esmagar" e romper as células de modo a que se libertem os seus conteúdos. Para
este efeito utilizam-se homogeneizadores. Há vários tipos de homogeneizadores:
De lâminas ou "Waring blender" - para tecidos duros;
Tipo "Potter-Elvehjem" - para tecidos mais moles;
Polytron-Ultrassons - para células com parede dura e também organitos celulares.
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Força centrífuga durante a centrifugação
Se considerarmos uma partícula que se move num círculo de raio r a uma velocidade angular
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W, ela está sujeita a um campo centrífugo igual a W x r. A força centrífuga (Fc) nesta partícula, é
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igual a m x W x r, sendo m a massa e W x r o campo de centrifugação. Logo,
2 2
Fc = m x W x r e W x r = j (Fc = m x j)
Uma partícula move-se neste campo a uma velocidade constante v, quando Fc é igual a v
x f , sendo v a viscosidade e f o coeficiente de fricção da partícula. Assim, a velocidade de
migração ou de sedimentação da partícula é: v = Fc / f = m W2 r / f
O coeficiente de sedimentação é normalmente expresso em unidades de Svedberg.
Aceleração j = W2 x r, onde, W = velocidade angular em rad/ s r = raio de rotação
N = nº rotações/ minuto (r.p.m.) e W = (N / 60 seg) x 2
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de onde, j = (N 2 / 60 seg) x r = (0,010966 x N x r) / seg cm/ seg
Como a aceleração envolvida no processo é a chamada aceleração de gravidade, g, para
exprimirmos a expressão anterior em g, temos que a dividir pelo valor da aceleração de
gravidade ou seja (g = 980 cm/ seg2).
j (em g) = (0,010966 x N2 x r (cm) x seg2) / 980 (cm) x seg2 = 0,0000118 N2 x r x g
g = Força gravitacional que actua na massa de 1 g à distância r do eixo de rotação.
F = S2 r / 89500 x g, onde, F = Força centrífuga relativa (g); r = raio de rotação; S = velocidade de rotação em rpm.
Deve-se ter em conta que uma partícula de uma dada densidade sedimenta num meio de
densidade inferior à sua, mas não sedimenta se a densidade do meio em que está suspensa for
igual ou superior à densidade da partícula, qualquer que seja a força centrífuga aplicada.
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Deduz-se da seguinte equação: t = 4050 / S r (dp-dm) x ln (x / x 0)
t = tempo necessário para uma partícula de densidade dp sedimentar da posição x0 para a
posição x, num meio de densidade dm e viscosidade (em poises).
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- Decantar cuidadosamente o sobrenadante (S1) num tubo de centrífuga. O sedimento constitui a
fracção nuclear (P1) que é eliminada.
- Centrifugar o anterior sobrenadante (S1) a 10000 rpm durante 10 minutos.
- Decantar o sobrenadante (S2). O sedimento (P2) constitui a fracção mitocondrial.
- Ressuspender o anterior sedimento (P2) em Tris 5 mM e centrifugar a 10000 rpm por l0 min
- O novo sedimento (P2’) é ressuspenso em Tris 5 mM para posterior caracterização bioquímica e
constitui a fracção mitocondrial.
- O sobrenadante (S2) é centrifugado a 20000 rpm durante 90 minutos.
- O sedimento (P3) obtido é ressuspenso em Tris 5 mM para posterior caracterização bioquímica
e constitui a fracção microssomal.
- O sobrenadante resultante (S3) é a fracção solúvel.
HOMOGENEI ZADO
2000 r pm/ 10 mi n.
P1 S1
FRACÇÃO NUCLEAR
10000 r pm/ 10 mi n.
P2 S2
( MI TOCÔNDRI AS E LI SOSOMAS)
10000 r pm/ 10 mi n.
( 2. 5 ml Tr i s/ t ubo)
P´ 2 S´ 2
FRACÇÃO MI TOCONDRI AL 20000 r pm/ 90 mi n.
P3 S3
FRACÇÃO SOLÚVEL
FRACÇÃO MI CROSSOMAL
“RESPIRAÇÃO MITOCONDRIAL”
Algumas estruturas subcelulares podem ser observadas ao microscópio electrónico
(ME) e identificadas bioquimicamente através da análise das principais biomoléculas
(proteínas, lípidos, glúcidos e ácidos nucleícos) ou da presença de enzimas marcadoras de
determinada estrutura biológica. No entanto, a análise funcional de uma célula só é possível
se aquela actividade enzimática for mantida (de forma semelhante às condições in vivo) ou se
forem medidos parâmetros funcionais, tais como a manutenção da respiração mitocondrial
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ou a criação de uma diferença de potencial mitocondrial (m), essencial para a manutenção
da actividade mitocondrial e celular.
c +
2e-
I Fo
II
IIIMatrix IV F1
-
NADH ½ O2 H2O ATP
FADH2 +
2H+
Fig. 1- Representação da cadeia respiratória mitocondrial (CRM).
Quando as mitocôndrias são isoladas em condições controladas (ex. meio iso-osmótico),
elas apenas consomem O2 e produzem ATP quando um substrato oxidável, como o ADP e
fosfato inorgânico, está presente. Estas mitocôndrias exibem um controlo respiratório óptimo.
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Quando todo o ADP foi usado para a síntese de ATP, o consumo de oxigénio pára. Desta forma,
o consumo de O2 está acoplado à síntese de ATP.
Há substâncias que inibem o transporte de electões especificamente. É o caso da
rotenona, do malonato (ou o 3-nitropropionato), da antimicina A e do cianeto, que inibem,
respectivamente, o complexo I, complexo II, complexo III e o complexo IV da CRM.
Mitocôndrias lesadas podem ser capazes de consumir O2 na ausência de ADP (não
produzem ATP). Agentes desacopladores da mitocôndria (ex. 2,4-dinitrofenol, FCCP, CCCP)
que desacoplam a transferência de electrões para o O2 e tornam a membrana permeável a H+,
reproduzindo em mitocôndrias intactas o efeito observado quando as mitocôndrias estão
lesadas, ou seja, quando a sua integridade está comprometida.
1 Eléctrodo de O2
O consumo de O2 pela CRM é medido pelo eléctrodo de oxigénio, onde o O2 é reduzido
ao nível do cátodo (platina) dando origem a uma corrente que é proporcional à [O2] em
solução, desde que uma pequena voltagem polarizante (0,5-0,8 V) seja aplicada.
Ânodo (+): 4 Ag+ + 4 Cl- 4 AgCl + 4 e-
Cátodo (-): 4 H+ + 4 e- + O2 2 H2O
4 H+ + 4 Ag+ + 4 Cl- + O2 4 AgCl + 2 H2O
O tipo de eléctrodo usado é geralmente o eléctrodo de Clark, no qual os eléctrodos de
prata e platina são cobertos por uma membrana de
Teflon, permeável ao O2. A figura 2 mostra um
registo do consumo de O2 em células isoladas de
doentes com citopatia mitocondrial, após inibição
do complexo I com rotenona.
Fig. 2- Estudo do consumo de O2 em células isoladas de
doentes com suspeita de citopatia mitocondrial utilizando
o eléctrodo de oxigénio. O uso dos substratos e inibidores
dos vários segmentos da cadeia respiratória mitocondrial
permite detectar défices funcionais.
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2. Produção de ATP intracelular
O objectivo primordial da actividade respiratória é a produção de ATP, a “moeda”
energética de grande parte das reacções celulares. A análise da produção de ATP pode ser feita
através da bioluminiscência. Este fenómeno é exibido por alguns organismos biológicos,
incluindo as bactérias, fungos, protozoários, etc. A enzima luciferase é requerida para o
processo de bioluminiscência, actuando em moléculas de luciferina, que podem emitir luz na
presença de oxigénio, consumindo ATP. Assim, a emissão de luz pode ser usada para medir a
quantidade de ATP em solução, segundo a seguinte reacção:
Luciferase
Luciferina Oxiluciferina + luz
ATP ADP
Os níveis de nucleótidos de adenina (ATP, ADP, AMP) podem ainda ser medidos recorrendo,
por exemplo, à utilização da cromatografia líquida de alta resolução (HPLC) de fase reversa.
3. Índice ADP/O
O número de moles de ATP produzidos por átomo de oxigénio consumido é denominado
índice ADP/O. O valor mais alto (3) é atingido em mitocôndrias que respiram optimamente na
presença de um substrato associado à formação de NADH (como o piruvato ou malato). Isto
quer dizer que durante a passagem de um par de electrões ao longo da cadeia respiratória
mitocondrial são formadas 3 moléculas de ATP. Outros substratos respiratórios, como aqueles
que não conduzem à formação de NADH, apresentam índices ADP/O mais baixos. O succinato,
por exemplo, capaz de reduzir o FAD+ na presença da succinato desidrogenase apresenta uma
índice ADP/O de aproximadamente 2, o que significa que entra na cadeia respiratória a um
potencial mais baixo do que o piruvato ou o malato.
BIBLIOGRAFIA
-Plummer ST (1971) An Intorduction to Practical Biochemistry, Chp. 15 (15. Photosynthesis and
respiration), pp. 287-301.
-Hegyi G et al. (2013) Introduction to Practical Biochemistry, Chp.5 (Chapter 5. Cell disruption, cell
fractionation qnd protein isolation), p.60-71.