Algoritmo de Euclides
Algoritmo de Euclides
Algoritmo de Euclides
O Algoritmo de Euclides
Exemplo 1. Seja S um conjunto infinito de inteiros não negativos com a seguinte propri-
edade: dados dois quaisquer de seus elementos, o valor absoluto da diferença entre eles
também pertence a S. Se d é o menor elemento positivo de S, prove que S consiste de
todos os múltiplos de d.
Como um inteiro não nulo possui apenas um número finito de divisores, se b e c são ambos
não nulos, o número mdc(b, c) sempre existe, isto é, sempre está bem definido.
mdc(123, 164) = mdc(123, 41) = mdc(41, 123) = mdc(41, 82) = mdc(41, 41) = 41.
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a) (819, 357)?
b) (19, 79)?
mdc(819, 357) = mdc(462, 357) = mdc(105, 357) = mdc(105, 252) = . . . = mdc(21, 21) = 21.
Pelo Lema de Euclides, o mdc entre os dois números em um ticket nunca muda. Como
mdc(1, 2) = 1 6= 21 = mdc(819, 357), não podemos alcançar o par do item a).
Para o item b), indiquemos com → uma operação de alguma das máquinas. Veja que:
R S R R R S R R R
(2, 1) → (3, 1) → (1, 3) → (4, 3) → . . . → (19, 3) → (3, 19) → (22, 19) → (41, 19) →
R
(60, 19) → (79, 19).
Observação 5. Procurar invariantes sempre é uma boa estratégia para comparar confi-
gurações diferentes envolvidas no problema. Confira o problema proposto 31.
Definição 6. Dizemos que dois inteiros p e q são primos entre si ou relativamente primos
se mdc(p, q) = 1. Dizemos ainda que a fração pq é irredutı́vel se p e q são relativamente
primos.
21n + 4
Exemplo 7. (IMO 1959) Prove que é irredutı́vel para todo número natural n.
14n + 3
Pelo lema de Euclides, mdc(21n+4, 14n+3) = mdc(7n+4, 14n+3) = mdc(7n+1, 7n+2) =
mdc(7n + 1, 1) = 1.
i) Se k =
6 0, mdc(ka, kb) = kd.
a b
ii) mdc , = 1.
d d
iii) Se mdc(a, c) = 1, então mdc(a, bc) = d.
Exemplo 9. (Olimpı́ada Inglesa) Se x e y são inteiros tais que 2xy divide x2 + y 2 − x, prove
que x é um quadrado perfeito
2
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2abd2 | d2 a2 + d2 b2 − da ⇒
d2 | d2 a2 + d2 b2 − da ⇒
d2 | −da ⇒
d | a.
Exemplo 10. No planeta X, existem apenas dois tipos de notas de dinheiro: $5 e $78. É
possı́vel pagarmos exatamente $7 por alguma mercadoria? E se as notas fossem de $ 3 e $
78?
Queremos estudar a versão mais geral desse exemplo. Quais são os valores que podemos
pagar usando notas de $a e $b? Em particular, estaremos interessados em conhecer qual o
menor valor que pode ser pago. Para responder essa pergunta, precisaremos do algoritmo
de Euclides:
A sequência de restos não pode diminuir indefinidamente pois 0 ≤ ri < ri−1 e existe apenas
um número finito de naturais menores que c. Assim, para algum j, obteremos rj+1 = 0.
O maior divisor comum de b e c será rj , ou seja, o último resto não nulo da sequência de
divisões acima.
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Então,
mdc(b, c) = mdc(c, r1 ) = mdc(r1 , r2 ) = . . . = mdc(rj−1 , rj ) = rj .
Podemos extrair mais informações do Algoritmo de Euclides. Para isso, iremos organizar
as equações do exemplo acima de outra forma.
Essencialmente, a equação mdc(x+qy, y) = mdc(x, y) nos diz que podemos subtrair q vezes
um número de outro sem alterar o máximo divisor comum do par em questão. Realizando
esse procedimento sucessivas vezes, subtraindo o número menor do maior, podemos obter
pares com números cada vez menores até que chegarmos em um par do tipo (d, d). Como o
máximo divisor comum foi preservado ao longo dessas operações, d será o máximo divisor
comum procurado. Iremos repetir o exemplo anterior registrando em cada operação quantas
vezes um número é subtraido do outro. Isso será feito através de dois pares de números
auxiliares:
Da primeira linha para a segunda, como subtraı́mos 6 vezes o número 6409 de 42823,
subtraı́mos 6 vezes o par (0, 1) de (1, 0), obtendo: (1, 0) − 6(0, 1) = (1, −6). Se em uma
dada linha, temos:
(x, x + qy)) | (a, b)(c, d);
então, a próxima linha deverá ser:
4
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obtemos que:
Em cada linha, essa propriedade é mantida pois a mesma subtração que é realizada no
primeiro par também é realizada entre os dois últimos pares. Analisando o último par,
podemos escrever 17 como combinação de 42823 e 6409 de duas formas diferentes:
Teorema 13. (Bachet-Bèzout) Se d = mdc(a, b), então existem inteiros x e y tais que
ax + by = d.
Observação 14. (Para professores) A prova mais comum apresentada para o teorema an-
terior baseia-se na análise do conjunto de todas as combinações lineares entre a e b e quase
sempre se preocupa apenas com mostrar a existência de x e y. Acreditamos que o algoritmo
para encontrar x e y facilite o entendimento do teorema para os alunos mais jovens. Entre-
tanto, frequentemente utilizemos apenas a parte da existência descrita no enunciado. Além
disso, preferimos discutir um exemplo numérico ao invés de formalizarmos uma prova e
sugerimos que o professor faça o mesmo com mais exemplos em aula.
Exemplo 15. (Olimı́ada Russa 1995) A sequência a1 , a2 , ... de naturais satisfaz mdc(ai , aj ) =
mdc(i, j) para todo i 6= j Prove que ai = i para todo i.
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Exemplo 17. (Olimpı́ada Russa 1964) Sejam x, y inteiros para os quais a fração
x2 + y 2
a=
xy
é inteira. Ache todos os possı́veis valores de a.
então
x2 + y 2 x 0 2 + y0 2
a= = ·
xy x 0 y0
Nessa condição, como x0 divide y02 e y0 divide x20 , cada um deles é igual a 1, donde
12 + 12
a= = 2.
1·1
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a(a + 5)
mmc(a, a + 5) = ,
mdc(a, a + 5)
b(b + 5)
mmc(b, b + 5) = .
mdc(b, b + 5)
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Exemplo 22. Uma máquina f executa operações sobre o conjunto de todos os pares de
inteiros positivos. Para cada par de inteiros positivos, ela fornece um inteiro dado pelas
regras:
f (x, x) = x, f (x, y) = f (y, x), (x + y)f (x, y) = yf (x, x + y).
Determine f (2012, 2012! + 1).
Temos então uma forte suspeita de que f = mmc. Seja S o conjunto de todos os pa-
res de inteiros positivos (x, y) tais que f (x, y) 6= mmc(x, y), e seja (m, n) o par em S
com a soma m + n minima. Note que todo par da forma (n, n) não está em S pois
f (n, n) = n = mmc(n, n). Assim, devemos ter m 6= n. Suponha sem perda de generalidade
que n > m. Portanto:
Como o par (m, m − n) não está em S, dado que a soma de seus elementos é menor que
m + n, temos:
f (m, n − m) = mmc(m, n − m) ⇒
n−m
· f (m, n) = (n − m)mmc(m, m + (n − m)) ⇒
n
f (m, n) = mmc(m, n)
Uma contradição. Desse modo, S deve ser um conjunto vazio e f (x, y) = mmc(x, y)
para todos os pares de inteiros positivos. Como 2012 | 2012!, mdc(2012, 2012! + 1) = 1 e
consequentemente mmc(2012, 2012! + 1) = 2012(2012! + 1).
Problemas Propostos
a) mdc(n, n2 + n + 1).
8
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240 + 1 8
c) mdc ,2 + 1 .
28 + 1
Problema 24. Encontre mdc(2n + 13, n + 7)
12n+1
Problema 25. Prove que a fração 30n+2 é irredutı́vel.
a+b
Problema 26. Sejam a, b, c, d inteiros não nulos tais que ad − bc = 1. Prove que c+d é uma
fração irredutı́vel.
Problema 27. Mostre que mdc(am − 1, an − 1) = amdc(m,n) − 1.
Problema 28. Mostre que se mdc(a, b) = 1, então:
mdc(a + b, a2 − ab + b2 ) = 1 ou 3
mdc(a + b, 4) = 4.
mdc(n! + 1, (n + 1)! + 1) = 1.
Problema 31. No exemplo 4, determine todos os pares que podem ser obtidos começando-se
com o par (1, 2).
Problema 32. Qual o máximo divisor comum do conjunto de números:
Claramente, toda fração ab < 1 com mdc(a, b) = 1, está em algum Fn . Mostre que se m/n
e m′ /n′ são frações consecutivas em Fn temos |mn′ − nm′ | = 1.
Problema 34. (Resvista Quantum - Jornal Kvant) Todas as frações irredutı́veis cujos de-
nominadores não excedem 99 são escritas em ordem crescente da esquerda para a direita:
1 1 a 5 c
, ,..., , , ,...
99 98 b 8 d
a c 5
Quais são as frações e em cada lado de ?
b d 8
9
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1 1 1
Problema 35. (OBM) Para cada inteiro positivo n > 1, prove que 1 + 2 + 3 +...+ n não
é inteiro.
1 1
Problema 36. Determine todas as soluções em inteiros positivos para a + b = 1c .
Problema 37. Inteiros positivos a e b, relativamente primos, são escolhidos de modo que
a+b
seja também um inteiro positivo. Prove que pelo menos um dos números ab + 1 e
a−b
4ab + 1 é um quadrado perfeito.
Problema 38. (IMO 1979) Sejam p, q números naturais primos entre si tais que:
p 1 1 1 1
= 1 − + − ... − + .
q 2 3 1318 1319
Prove que p é divisı́vel por 1979.
23. (a)
(b)
Outra opção seria observar que o mdc procurado deve dividir o número 3(2 ×
2012 + 1) − 2(3 × 2012) = 3 e que 2 × 2012 + 1 não é múltiplo de 3.
(c)
240 + 1 8
32 24 16 8 8
mdc , 2 + 1 = mdc 2 + 2 + 2 + 2 + 1, 2 + 1 ,
28 + 1
= mdc (232 − 1) + (224 + 1) + (216 − 1) + (28 + 1) + 1, 28 + 1 ,
= mdc(1, 28 + 1) = 1.
10
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24.
25.
11
36. Sejam d = mdc(a, b), a = dx, b = dy. Consequentemente mdc(x, y) = 1 e podemos
escrever a equação como:
1 1 1
+ = ⇒
a b c
bc + ac = ab
dyc + dxc = d2 xy
c(x + y) = dxy
1 1 1 1 1 1 1
1− + − + ... − = + + ... +
2 3 4 2n n+1 n+2 2n
1 1
Em seguida, agrupe os termos da forma + e analise o numerador da
n + i 2n − i + 1
fração obtida.
Referências
[1] S. B. Feitosa, B. Holanda, Y. Lima and C. T. Magalhães, Treinamento Cone Sul 2008.
Fortaleza, Ed. Realce, 2010.
[3] D. Fomin, S. Genkin and I. Itenberg, Mathematical Circles, Mathematical Words, Vol.
7, American Mathematical Society, Boston, MA, 1966.