Artigo Recuperação RAA

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REFORÇO ESTRUTURAL, MONOLITIZAÇÃO E IMPERMEABILIZAÇÃO EM

BLOCOS DE FUNDAÇÃO

STRUCTURAL REINFORCEMENT, MONOLITIZATION AND


WATERPROOFING IN FOUNDATION BLOCKS

Carlos Fernando Gomes do Nascimento


Universidade Católica de Pernambuco
Recife – Pernambuco
José Carlos Juvenal da Silva
Universidade de Pernambuco
Recife – Pernambuco
Thaís Marques da Silva
Universidade de Pernambuco
Recife – Pernambuco
Felipe Figueirôa de Lima Câmara
Universidade de Pernambuco
Recife – Pernambuco
Manueli Suêni da Costa Santos
Universidade Católica de Pernambuco
Recife – Pernambuco
Dandara Vitória Santana de Souza
Universidade Católica de Pernambuco
Recife – Pernambuco
Cristiane Santana da Silva
Universidade Católica de Pernambuco
Recife – Pernambuco
Esdras José Tenório Saturnino
Universidade Católica de Pernambuco
Recife – Pernambuco
Igor Albuquerque da Rosa Teixeira
Universidade Católica de Pernambuco
Recife – Pernambuco
Marília Gabriela Silva e Souza
Universidade Católica de Pernambuco
Recife – Pernambuco
Carlos Eduardo Gomes de Sá Filho
Universidade Católica de Pernambuco
Recife – Pernambuco
Eliana Cristina Barreto Monteiro
Universidade Católica de Pernambuco
Recife – Pernambuco
RESUMO: A reação álcali-agregado é uma das manifestações patológicas de
maior grau de deterioração do concreto, principalmente em obras de
infraestrutura, barragens, pontes e atualmente na fundação de edifícios
residenciais na Região Metropolitana do Recife. Diante do exposto, dado ao
grande número de obras afetadas pela RAA, a pesquisa buscou através de
estudo de caso abordar o procedimento de execução dos serviços para
recuperação, reforço estrutural, monolitização e impermeabilização dos blocos
de coroamento de estacas da fundação de um edifício residencial situado na
cidade de Recife – PE. Com a recuperação, reforço estrutural, monolitização e
a impermeabilização, espera-se que os blocos de coroamento das estacas de
fundação continuem mantendo a garantia e a segurança da edificação.
PALAVRAS-CHAVE: Reforço estrutural, durabilidade dos materiais,
manifestações patológicas, RAA.

ABSTRACT: The alkali-aggregate reaction is one of the pathological


manifestations of a high degree of deterioration of concrete, mainly in
infrastructure works, dams, and currently the foundation of buildings in Recife
downtown. Above mentioned, it’s given a large number of works affected by the
AAR, this study sought, through case studies, addressing the implementation
procedure to make services for recovery, structural strengthening,
waterproofing blocks crowning in the piles foundation of a residential building
located in the city of Recife – PE. With the recovery, structural reinforcement,
unity block and permeabilization, we expect blocks crowning of foundation piles
continue maintaining the security and safety of the building.
KEYWORDS: Structural reinforcement, durability of materials, pathological
manifestations, AAR.

1. INTRODUÇÃO
Com o crescimento de casos de reação álcali-agregado (RAA) em obras
residenciais nos últimos anos, é muito importante o aumento nas pesquisas
sobre o assunto, tornando cada vez mais significativo a prevenção em obras
novas para que se possa evitar este tipo de problema.
Todas as soluções usadas até o momento apresentam futuro incerto,
necessitando de um monitoramento constante para verificação de sua eficácia.
Um dos pontos que causa esta incerteza é o fato de ainda não ser possível
determinar todo o potencial e o período de expansão pela RAA.
A origem dos problemas patológicos está distribuída da seguinte
maneira: 40% projeto, 28% execução, 18% materiais, 10% uso e 4%
planejamento. Com base nesses dados, verifica-se a necessidade de um
estudo sobre essas causas que são conhecidas, a terapia que será escolhida
com maior precisão e como consequência far-se-á a escolha mais econômica o
possível (RIBEIRO & HELENE, 2013).
Na cidade do Recife, Pernambuco, existiu uma curiosa casa no formato
de navio construída em 1940, a casa pertencia ao empresário Aldemar da
Costa Carvalho.
Com arquitetura semelhante ao navio Queen Elizabeth a edificação era
composta por sala de reunião, quartos, suítes, salão de jogos, cinema,
restaurante e até uma cabine de comando com todos os equipamentos
originais de um navio.
O Edifício Residencial construído onde se situava a famosa Casa Navio
tornou-se um prédio de 22 andares constituído de dois apartamentos por
pavimento somando um total de 44 apartamentos. O Edifício Residencial teve
sua obra iniciada ainda no ano de 1981 e sua finalização em 1984, somando
hoje um total de 34 anos da sua conclusão.
No edifício residencial analisado foi verificada a ocorrência de RAA
através do ensaio de análise petrográfica e a partir deste foi observado que o
concreto exibia indícios de início da ocorrência de reação álcali-agregado do
tipo álcali-silicato.

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Manifestações Patológicas
Em 2005 constatou-se a ocorrência da anomalia em blocos de
fundações em edifícios urbanos na cidade de Recife – PE, em escala inédita
para o meio técnico de todo o mundo.
As principais características eram: baixa profundidade do lençol freático,
presença de fases reativas nos agregados (quartzo com extinção ondulante e
quartzo microgranular) e disponibilidade de álcalis.
Aproximadamente 20 casos de elementos de fundação com reação
álcali-agregado foram descobertos na região metropolitana de Recife com
idade entre três e 30 anos (ANDRADE et al., 2006)

2.2. Reação Álcali – Agregado


A reação álcali-agregado foi estudada inicialmente por Stanton, (1940)
na Califórnia, quando identificou este processo como sendo uma reação
deletéria que ocorria entre os constituintes do concreto, a sílica do agregado,
os álcalis do cimento e a presença de água, o qual denominou reação álcali-
agregado.
De acordo com constatações experimentais, a reação era capaz de
formar eflorescências brancas, causar expansão e fissurações; Tais fatos
puderam ser observados em diversas estruturas reais afetadas na Califórnia,
durante os anos 1920 a 1930.
A reação álcali-agregado é uma das manifestações patológicas de maior
grau de deterioração do concreto, principalmente em obras de infraestrutura,
barragens e pontes.
Os principais fatores que influenciam a reação provêm de processos
químicos entre alguns dos compostos mineralógicos do agregado com
hidróxidos alcalinos originários do cimento, água de amassamento e agentes
externos os quais estão dissolvidos na solução dos poros do concreto.
Segundo Metha e Monteiro, (2014) as expansões e fissurações devidas
à RAA podem comprometer o concreto resultando em perda de resistência,
elasticidade e durabilidade.

2.3. Tipos de reações


Há três tipos de reações correspondentes aos tipos de reação álcali –
agregado, que podem favorecer o desencadeamento das manifestações
patológicas nos materiais cimentícios (HASPARYK, 2005).
1. Reação Alcali – Silica: Ocorre quando a dissolução dos hidróxidos dos
álcalis com a sílica amorfa presentes em agregados como: opala,
calcedônia, cristobalita, tridimita, certos tipos de vidros naturais
(vulcânicos) e artificiais, e o quartzo microcristalino/criptocristalino
deformado.
2. Reação Alcali – Silicato: Esta reação acontece por um processo
semelhante ao da reação álcali-sílica, devido ao fato de os minerais
reativos estarem mais disseminados na matriz e há a presença de
quartzo deformado;
3. Reação Alcali – Carbonato: É um tipo de reação que ocorre de maneira
diferente das outras apresentadas anteriormente, uma vez que o produto
desta reação não forma o gel alcalino.
2.4. Teor de álcalis no cimento
Acredita-se que se o conteúdo alcalino do cimento for menor que 0,6%,
não ocorrem danos provenientes de RAA, independentemente dos agregados
reativos. Entretanto, em concretos contendo um consumo muito alto de cimento
há possibilidade de ocorrência de danos até para conteúdo de álcalis menor
que 0,6%. Investigações na Alemanha e Inglaterra mostram que conteúdo total
de álcalis menor que 3 kg/m3 provavelmente não causam danos por RAA
(METHA & MONTEIRO, 2014).

2.5. Métodos para detectar a Reação Álcali – Agregado


• Método Osipov: É um método térmico de ensaio mais conhecido como
Método Osipov devido ao Eng.° Albert Osipov ter criado e desenvolvido
no Institute Hydroproject de Moscou. O método consiste em submeter o
agregado graúdo a uma temperatura de 1000º C (Celsius) durante 60
segundos. O agregado contendo fase mineralógica reativa, ao ser
exposto a uma temperatura elevada, fragmenta-se dando indícios de
sua potencialidade expansiva, porém sua não fragmentação não dá
subsídios para conclusões finais (ZAMBOTTO, 2014).
• Análises Complementares: Este método submete os agregados com
dimensões de 20 mm a 50 mm, à alta temperatura aproximadamente
1000° por 60 segundos. Considera-se que o agregado caso possua
mineralógica reativa venha desagregar-se quando exposta à
temperatura elevada. Havendo fragmentação do agregado, isto seria um
indício da potencialidade reativa da rocha analisada (VALDUGA, 2002).
Entretanto, isso não determina que se o agregado não se desagregar
ele não poderá ser potencialmente reativo.
• Método Químico: É um método que foi desenvolvido entre 1947 e 1952
por Richard Melem, onde foram avaliados 71 agregados verificando
Sílica Dissolvida (Sd) e a redução da alcalinidade (Rc) e passando estes
resultados para um gráfico onde representava o limite entre os materiais
deletérios e inócuos NBR 9774:1987. A vantagem é a rapidez com que é
realizado, porém a desvantagem é de resultados não tão precisos
devido a exposição do agregado a ambientes agressivos por 24 horas.
• Método das rochas Carbonáticas: Este método é aplicável
exclusivamente na verificação de características expansivas de rochas
carbonáticas. É um método alternativo já que a reação deste tipo de
rocha não pode ser detectada por outros métodos por constituir um
processo de expansão completamente diferente dos outros dois tipos de
reação.
• Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV): Não é um método de
avaliação de RAA, pois não analisa os agregados diretamente, mas
avalia estruturas que já possuam as reações desencadeadas. O MEV
possui alta resolução e grande profundidade de foco. A amostra é
alcançada por um feixe de elétrons e diversas informações podem ser
fornecidas a partir dos sinais originados.
• Método de Barras Acelerado: Este método determina por meio da
variação de comprimento de barras de argamassa, a suscetibilidade de
um agregado participar da reação expansiva álcali-sílica na presença
dos íons hidroxila associados aos álcalis do cimento NBR 15577:2008.
É chamado de acelerado, pois os resultados podem ser lidos em apenas
30 dias, em comparação ao método de barras que os resultados são
apresentados em um ano.
• Método de Prisma de Concreto: É um método de ensaio de longa
duração que representa melhor às condições para avaliação da reação
álcali agregados, pois utiliza prisma de concreto e não argamassa como
no método acelerado. De acordo com a NBR 15577:2008, as expansões
são limitadas por uma taxa de 0,04%, ou seja, para expansões inferiores
a 0,04% os agregados são classificados como potencialmente inócuos
ou potencialmente reativos.
• Análise Petrográfica: Esta análise é um estudo macroscópico dos
materiais naturais, identificando seus elementos constituintes e
propriedades, visando sua utilização NBR 7389:2009 e NBR
15577:2008.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
As etapas estão dispostas no fluxograma mostrado na Figura 1 e em
seguida a descrição detalhada das mesmas.
Figura 1 – Fluxograma dos métodos utilizados no processo de recuperação e reforço estrutural
dos blocos de fundação.

Fonte: Autores, 2018.

3.1. Recuperação e reforço estrutural dos blocos de fundação


A recuperação, reforço estrutural, monolitização e impermeabilização,
ocorreram durante um período de seis meses onde foram executados os
serviços necessários para que os blocos da fundação fossem recuperados e
reforçados.

3.1.1. Demolição de piso, contrapiso e escavação


A demolição do piso e contrapiso foram executadas com marteletes
elétricos operados manualmente como mostra a Figura 2, fazendo a liberação
do material do aterro que teve sua remoção realizada manualmente. Foram
colocadas madeiras para fazer o escoramento das cavas para manter as
paredes das cavas em seu devido lugar evitando assim o escorregamento das
mesmas.
Figura 2 – Demolição de piso, contrapiso e escavação

Fonte: Autores, 2012.

3.1.2. Escavação para liberação do bloco


A escavação foi feita através de processo manual com o objetivo de
liberar as superfícies dos blocos para prosseguir com os trabalhos
subsequentes. Os blocos apresentavam fissuras por completo em todas as
faces. A Figura 3 mostra o bloco exposto depois de retirado o aterro antes da
lavagem e com as cavas escoradas para evitar desmoronamento do aterro do
piso.
Figura 3 – Bloco com aterro escavado (a) e cavas dos blocos escoradas (b)

Fonte: Autores, 2012.

3.1.3. Lavagem dos blocos


A lavagem foi feita através da aplicação de jato de água fria, técnica de
limpeza largamente utilizada para preparação das superfícies dos blocos para
melhor aparentar as fissuras e para a futura recepção do material de
reparação.
3.1.4. Furação dos blocos
Foram abertos furos ao longo do desenvolvimento das fissuras, com
diâmetro na ordem de (10.0 mm≤ Ø ≤16 mm) e profundidade aproximadamente
de 30 mm, obedecendo a um espaçamento na faixa de (0.15 m≤ E ≤0.30 m)
em função da abertura das fissuras (tanto maior quanto mais aberta esta for),
mas sempre respeitando um máximo de 1,5 vezes a profundidade da fissura. A
Figura 4 mostra um bloco sendo furado e também sendo ancoradas as
mangueiras onde através das quais foi injetado o epóxi de alta fluidez.
Figura 4 – Execução de furos e ancoragem das mangueiras

Fonte: Autores, 2012.

3.1.5. Injeção de Epóxi


Nos furos foram fixados tubinhos plásticos de diâmetro um pouco inferior
ao da fundação, com parede um pouco espessa para suportar a injeção do
produto que irá preencher as fissuras internas do bloco de fundação.
A ancoragem dos tubos foi feita com adesivo estrutural a base de Epóxi
e o intervalo de fissuras entre dois furos consecutivos foi selado com
argamassa de Graute.
O Graute apresenta alta resistência mecânica e excelente aderência à
superfície sobre a qual é aplicado, além de não apresentar retração. Utilizam-
se compostos isentos de cloretos e componentes metálicos, obtendo-se um
concreto de grande fluidez, expansão controlada, grande trabalhabilidade e
autonivelamento.

3.1.6. Apicoamento
O apicoamento é um método de preparação das superfícies onde são
utilizados equipamentos dotados de placas com pontas de material duro e
resistente. Assim golpeiam a superfície do elemento estrutural a ser tratado
provocando pequenas fraturas tanto na argamassa superficial como no
agregado, deixando a superfície do substrato bastante áspera.
Este método está associado com atividades de remoção superficial de
concreto, revestimentos e cobrimentos. Não deve avançar além destas
pequenas espessuras, e em hipótese alguma se permite que o apicoamento
comprometa a integridade estrutural.

3.1.7. Execução de furos nos locais indicados no projeto de reforço com


ancoragem epóxica
Os furos foram feitos nos locais especificados no projeto e em seguida
foi aplicada a resina epóxi estrutural para fazer a ancoragem da armação, tanto
no bloco como no pilar foi feita a ancoragem da armação. A Figura 5 mostra a
execução dos furos de ancoragem com broca elétrica.
Figura 5 – Execução de furação para ancoragem da armação de reforço

Fonte: Autores, 2012.

3.1.8. Execução de furos nos locais indicados no projeto de reforço com


ancoragem epóxica
A armação foi especificada em projeto estrutural tendo duas camadas de
ferro fazendo a armação superior do bloco e uma camada revestindo a lateral
do bloco. Desta forma, foi obtido um bloco reforçado na sua parte superior e na
lateral, onde foi usado aço CA – 50 com diâmetro de 10 mm como mostra a
Figura 6.
Figura 6 – Bloco com armadura de reforço

Fonte: Autores, 2012.

3.1.9. Execução da concretagem


A concretagem foi executada no bloco com concreto estrutural dosado
em central de concreto com fck igual a 40 MPa e aditivado com microssílica. O
concreto foi aplicado nos blocos manualmente sendo coletado no caminhão
com carros de mão e levados até o bloco onde foi despejado e vibrado.

3.1.10. Finalização do bloco e impermeabilização


Após o início da cura do concreto com aproximadamente 24 horas da
concretagem, foram retiradas as formas de madeira deixando o bloco finalizado
aguardando a impermeabilização. A impermeabilização superficial do concreto
estrutural foi feita com Viaplus 1000, revestimento impermeabilizante,
semiflexível, bicomponente (A+B) à base de cimentos especiais, aditivos
minerais e polímeros impermeabilizantes. A Figura 7 mostra o bloco de
fundação finalizado e impermeabilizado.
Figura 7 – Bloco finalizado e impermeabilizado

Fonte: Autores, 2012.


4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram realizadas algumas visitas técnicas, com intuito de desenvolver
um fluxo de resultados adquiridos por fotografia, análise qualitativa dos blocos
e inspeção visual para referenciar as avaliações. De acordo com análises
fotográficas, inspeções qualitativas e das características da manifestação
patológica encontrada nos blocos construídos, buscou-se embasamento nos
meios teóricos como artigos científicos, monografias, dissertações, teses, entre
outras fontes bibliográficas referentes ao tema em estudo objetivando a
presença da manifestação patológica a fim de identificá-la, ter conhecimento de
sua origem, causas e efeitos estruturais.
Desta forma, alguns ensaios realizados pela ABCP – Associação
Brasileira de Cimento Portland, foi-se necessário onde apresenta os resultados
dos estudos referentes a um corpo de prova de concreto extraído e enviado
pelo interessado com o objetivo de avaliar sua qualidade e durabilidade, com
ênfase na ocorrência de eventuais reações expansivas formadas pela
manifestação patológica estudada.
Além disso, realizaram-se observações macroscópicas e microscópicas
através de microscopia estereoscópica (luz refletida), microscopia óptica (luz
transmitida) e microscopia eletrônica, através de técnicas analíticas, tais como
difração de raios-x e espectroscopia de infravermelho, usadas para caracterizar
a textura e forma cristalina da sílica nas partículas dos agregados. Sobre os
minerais e a natureza do agregado quanto a sua nocividade em relação à RAA,
o agregado foi investigado pela análise petrográfica para identificar minerais
potencialmente reativos.

4.1. Síntese do ensaio realizado pela ABCP


De um modo geral o concreto apresenta características e aspectos
estruturais e texturas próprias de concretos submetidos a processos normais
de preparação e dosagem, com adensamento e homogeneização adequados.
Na Figura 8 temos uma amostra do concreto no qual apresenta bordas
de reação ao redor do agregado graúdo e material esbranquiçado depositado
dentro de um poro.
Figura 8 – Amostra ensaiada do concreto

Fonte: Autores, 2012.

A Figura 9 mostra o detalhe do concreto no qual se observam


microfissuras na argamassa preenchidas por um gel que se desenvolve no
contorno dos agregados miúdos - Microscópio de luz transmitida.
Figura 9 – Concreto no qual se observam microfissuras

Fonte: Autores, 2012.

A amostra de um modo geral apresenta argamassa de coloração cinza


clara e agregados utilizados são do tipo pedra britada e areia natural. O
agregado graúdo possui características e texturas que permitem caracterizá-lo
como potencialmente reativo frente aos álcalis do concreto.
Observa-se também que o concreto exibe feições típicas da instauração
da reação álcali-agregado do tipo álcali-silicato. Os agregados exibem definidas
bordas de reação e o microscópio eletrônico pode caracterizar os produtos da
reação materializados principalmente por um gel expansivo que está disposto
principalmente na interface pasta-agregado ou na exsudação pelos poros da
argamassa.
Desta forma, pode-se constatar que os blocos da fundação do edifício
residencial estão inseridos num ambiente propício a ocorrência da reação álcali
– agregado, pois temos o conjunto: agregado reativo, álcalis do cimento e
lençol de água muito superficial.
Disponibilizando todos os elementos para o fechamento desta reação e
a partir da comprovação da análise da ABCP, foi decidido dar início a
recuperação dos blocos da fundação, através dos métodos e materiais já
descritos neste artigo.

5. CONCLUSÕES
É fundamental que exista um plano de investigação sobre ocorrências
de RAA e que seja inserido no plano de manutenção das estruturas de edifícios
residenciais além das outras estruturas já existentes, uma vez que já existem
casos de ocorrências deste tipo de ataque em fundações de obras residenciais
na Região Metropolitana do Recife.
A reação álcali-agregado deve ser evitada ao máximo em obras novas,
pois não existe uma solução definitiva para este tipo de problema. As soluções
usadas até o momento não têm uma garantia permanente, necessitando de
monitoramento constante para verificação de sua integridade.
A recuperação dos blocos que foram atacados pela reação álcalis-
agregados, fissurados como resultado do ataque desta reação teve como
intervenção a recuperação, reforço estrutural, monolitização e
impermeabilização para que os blocos voltassem a ter as suas funções
físicomecânicas restauradas.
Espera-se que esses blocos continuem fazendo parte da fundação,
garantindo a segurança da edificação nas condições de blocos recuperados e
reforçados. Assim, faz-se necessário a prevenção da patologia realizando
monitoramento periódico, manutenção das estruturas, comprometimento das
propriedades do concreto e substituição dos elementos afetados.

6. REFERÊNCIAS
ANDRADE, T.; SILVA, J. J. R.; HASPARYK, N. P.; SILVA, C. M. Investigação
do potencial de reatividade para o desenvolvimento de RAA dos agregados
miúdos e graúdos comercializados na Região Metropolitana do Recife. In: II
SIMPÓSIO SOBRE REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO EM ESTRUTURAS DE
CONCRETO. 2006, Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: IBRACON, 2006. 1
CD-ROM.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7389: Agregados


– Análise petrográfica de agregado para concreto - Parte 1: Agregado miúdo.
Rio de Janeiro, 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9774: Agregados


– verificação da reatividade potencial pelo método químico. Rio de Janeiro,
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15577-3:


Agregados – Reatividade álcali-agregado - Parte 3: Análise petrográfica para
verificação da potencialidade reativa de agregados em presença de álcalis do
concreto. Rio de Janeiro, 2008.

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Agregados – Reatividade álcali-agregado Parte 4: Determinação da expansão
em barras de argamassa pelo método acelerado. Rio de Janeiro, 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15577-6:


Agregados – Reatividade álcali-agregado Parte 6: Determinação da expansão
em prismas de concreto. Rio de Janeiro, 2008.

HASPARYK, N. P. Investigação de concretos afetados pela reação álcali-


agregado e caracterização avançada do gel exsudado. Porto Alegre,
2005.326 f. Tese (Doutorado em Engenharia) - Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

MEHTA, P.K.; MONTEIRO, P.J.M. Concreto: estrutura, propriedades e


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RIBEIRO, D. V.; HELENE, P. Corrosão em Estruturas de Concreto: Teoria,


Controle e Métodos de Análise. Elsevier, 2013; p.240

STANTON, T. E. (1940), “Expansion of Concrete Through Reaction


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VALDUGA, L. Reação Álcali-agregado: Mapeamento de agregados reativo


do estado de São Paulo. Dissertação (Mestrado), Universidade Estadual de
Campinas, Escola de Engenharia Civil, Campinas- SP, 2002.

ZAMBOTTO, D. Estudo preliminar dos efeitos da reação Álcali-agregado


nas respostas estruturais de pavimento de concreto. Dissertação
(Mestrado), Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento
de engenharia de transporte. São Paulo, 2014.

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