O Problema Do Livre Arbítrio

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O problema do livre-arbítrio- Resumo 10ºAno Filosofia

Ação
(precisa de ter 3
caracterísiticas para se
considerar uma ação):

3- Vontade (livre)
1-Consciência 2-Intenção (sem
(Desperto para a a (fruto do querer cm constrangimentos)
realidade e o contexto) objetivo)

Conduta: Comportamento Humano que não é ação.

Acontecimento: Ocorrência não dependente nem proveniente do ser


humano.

Omissão: Não agir quando há obrigação de o fazer.

O problema do Livre-arbítrio:

 Formulação do problema: as ações humanas serão realmente livres?


Será a crença no livre-arbítrio com a crença no determinismo?
 Livre-arbítrio: liberdade da vontade ou liberdade de escolher
(diferente da liberdade política).
Assim, se eu puder agir, fazer algo, por escolha minha, estando livre
e consciente, posso dizer que possuo livre-arbítrio.
 Determinismo: ideia de que todos os acontecimentos, incluindo as
ações humanas, são o efeito de causas anteriores e das leis da
natureza.
 As crenças no livre-arbítrio e no determinismo são muito comuns e
estão pressupostas em inúmeras situações da vida.
 O problema filosófico de livre-arbítrio resulta do facto d essas duas
crenças poderem, eventualmente, ser incompatíveis: talvez o facto d
as ações serem determinadas as impeça de ser livres.
 Existem três teorias sobre o problema do livre-arbítrio:
-O determinismo radical e o libertismo, que são teorias
incompatibilistas (defendem que ou o homem não possui sempre
livre-arbítrio -determinismo radical- ou possuí sempre livre-arbítrio -
libertismo)
-O determinismo moderado que é a única teoria compatibilista
(defende que é possível afirmar simultaneamente como verdadeiras
as afirmações: “os acontecimentos são “causados” e “ o homem é
dotado de livre-arbítrio”).

O determinismo radical:

 Tese: não existe livre-arbítrio e nenhuma ação humana é livre.


 As ações humanas, como qualquer outro acontecimento, são
determinadas por causas anteriores. O ser humano é um elemento da
natureza (isto é o seu intelecto, a sua vontade e intenções), logo é
sujeito à cadeia causal (nenhum fenómeno na Natureza- cosmo-
ocorre do nada, isto é, sem ser provocado por uma causa).
 O determinismo radical é uma perspetiva incompatibilistas, já que
considera o determinismo e o livre-arbítrio incompatíveis. O facto de
as ações serem sempre determinadas por causas anteriores impede-as
de serem livres.
 Qualquer ação é o efeito necessário e inevitável das causas prévias
determinantes, e por isso, o agente só podia ter feito o que fez- não
há nunca possibilidades alternativas da ação.
 As causas que determinam o comportamento humano, dado a
complexidade do mesmo, são muito variadas: biológicas, sociais e
culturais, psicológicas, entre outras.
 Muitas descobertas científicas- da Biologia, Psicologia, Sociologia,
etc.- apoiam as ideias do determinismo radical; por isso, negar o
determinismo é anticientífico e pouco racional:
 O livre-arbítrio é uma ilusão provocada pelo facto das pessoas não se
aperceberem das inúmeras causas que determinam os seus desejos e
as suas ações.
 Dado que as ações não são livres, os agentes não têm genuína
responsabilidade (não são realmente culpados pelo que fazem de mal
e não têm mérito pelas boas ações).
 Mas, apesar de não existir genuína responsabilidade, as pessoas
devem ser responsabilizadas, pois desse modo promove-se as boas
ações e dissuade-se as más ações.
 Estar causalmente determinado não é como ser obrigado a fazer uma
coisa que não quer nem se decidiu. E sim não poder decidir nem
poder querer outra coisa além do que efetivamente decidimos e
queremos. Ou seja, parece-nos que somos livres, desde que ninguém
nos impeça de fazer o que decidimos e queremos. Temos a falsa
sensação de que somos livres, porque escolhemos fazer uma coisa
em vez de outra, desconhecendo as causas que determinam as nossas
ações.

Objeções ao determinismo radical:

 Sem livre-arbítrio a vida não teria sentido, porque seríamos como


robôs, programados para fazer o que fazemos.
 É implausível que o livre-arbítrio seja uma ilusão, pois isso não
promoveria a adaptação da espécie humana ao meio ambiente e o seu
sucesso evolutivo.

 Objeções extras (não estão explicitas no livro):


-Objeção da responsabilidade moral:

Assim se não formos livres como poderíamos ser responsáveis pelos nossos atos? Que
sentido é que fazem as prisões e os castigos ou os prémios e honras?

Se o determinismo radical tiver razão, não temos livre-arbítrio.


Mas se não tivermos livre-arbítrio, não poderemos ser moralmente
responsáveis.
E se não formos moralmente responsáveis, não poderemos ser
castigados/premiados.
Ora, é absurdo defender que não podemos ser castigados/premiados.
Logo, o determinismo radical é falso.

Contra-argumento de um determinista radical (ver acima ponto 9): este defende que, do
ponto de vista prático, é irrelevante que os criminosos não sejam moralmente
responsáveis. Mesmo que não o sejam, queremos prendê-los por uma questão de
prevenção ou dissuasão. Assim em qualquer caso, se o determinismo for verdadeiro,
estamos tão determinados a julgar e a prender criminosos como estes estão
determinados a cometer crimes.

-A objeção fenomenológica:

Como ser viver com a crença de que não há livre-arbítrio?

A experiência do livre-arbítrio é muito forte. Não é possível evitar acreditar que temos
livre-arbítrio porque isso faz parte do próprio processo de agir.
Talvez seja possível acreditar que as outras pessoas não têm livre-arbítrio. Mas não
podemos acreditar nisso relativamente a nós próprios porque, quando agimos, não
podemos pressupor a liberdade a sentir que somos livres.

O Libertismo:

 Tese: Existe livre-arbítrio e algumas ações são livres (as que não são
causalmente determinadas)
 Os libertistas aceitam que todo o cosmos está sujeito à cadeia-causal.
No entanto são de opinião de que o ser humano está sujeito a essa
cadeia na sua condição física, biológica e corporal. Mas são de
opinião de que a lei da causalidade não afeta a componente não
material do ser humano.
 O libertismo é uma teoria incompatibilistas, pois considera que o
determinismo e o livre-arbítrio não podem coexistir.
 Ao agir livremente, o agente autodetermina-se: age
independentemente de quaisquer causas anteriores e a única causa da
ação é a própria decisão (causalidade do agente).
 O livre-arbítrio envolve a existência de possibilidades alternativas de
ação: realizarmos uma certa ação, mas podíamos ter realizados
outras.
 Argumento da experiência: temos experiência de livre-arbítrio
(=sentimo-nos livres) e, portanto, este existe Ou seja: muitas vezes,
ao fazer escolhas não sentimos nenhuma espécie de
constrangimentos, nenhuma força a controlar-nos e a obrigar-nos a
fazer algo.
 Argumento de responsabilidade: caso não exista livre-arbítrio, não é
possível existir responsabilidade (nem culpa nem méritos), visto que
as pessoas podem ser responsabilizadas somente pelas ações de que
são autoras, mas, como isso +e implausível, devemos concluir que o
livre-arbítrio existe.
 Para os libertistas existem condicionantes (como a cultura, a
sociedade) que influenciam a escolha, mas não condicionam (é o
sujeito que escolhe a decisão final).
 Para Sartre, a liberdade é fundamental, pois ela é que faz dos seres
humanos aquilo que são. A existência precede a essência: ao
contrário dos objetos, os seres humanos não têm á partida uma
natureza que estabeleça aquilo que são e o que devem fazer. Isso tem
de ser escolhido por eles. Assim sendo, não podemos recusar a
necessidade de escolher Mesmo nas circunstâncias mais difíceis,
podemos optar pela maneira mais como vamos reagir aos problemas.
Daí que sejamos totalmente responsáveis pela nossa voda e pelas
nossas ações.

Objeções do libertismo:

 A ideia que há ações em causas anteriores e implausível e


anticientífica, pois em qualquer ação que analisaremos encontramos
sempre essas causas.
 Podemos não sentir ou não reconhecer os efeitos provocados pelas
causas anteriores e, mesmo assim, estas determinarem a nossa
vontade. Portanto, o argumento da experiência não prova a existência
do livre arbítrio.

O determinismo moderado:

 Tese: existe livre-arbítrio e algumas ações são livres.


 Existe livre-arbítrio de acordo com determinadas condicionantes
(físico-biológicas; histórico-culturais).
 O determinismo moderado é compatibilista, pois considera
compatíveis o determinismo e o livre-arbítrio- todas as ações são
determinadas por causas anteriores, mas algumas são livres.
 Redefinição do conceito de livre-arbítrio: não é o poder de agir
independentemente de causas anteriores, mas sim o poder de fazer o
que queremos e de não fazer aquilo que não queremos.
 Uma ação é livre se é realizada sem compulsões ou coações (internas
ou externas) e se deriva das crenças e desejos do agente.
 Essas crenças e desejos têm causas anteriores que o agente não
controla, mas isso não retira liberdade à ação (desde que o agente
não tenha sido compelido).
 Assim existem possibilidades alternativas de ação: o agente faz uma
coisa, mas podia ter feito outras, caso o tivesse desejado.

Objeções ao determinismo moderado:


 Não permite compreender realmente a existência de autênticas
possibilidades alternativas de ação, pois se uma ação tem sempre
causas anteriores que o agente não controla, não parece possível
fazer algo diferente e alternativo.
 A redefinição do conceito de livre-arbítrio é simplista e não resolve o
problema, pois os incompatibilistas não duvidam de que por vezes
seja possível agir sem coações e não é isso que discutem entre, mas
sim se um agente pode ou não autodeterminar-se.

Conclusão:

 Se optarmos pelo determinismo radical- Como me posso ver sem


livre-arbítrio?
 Se optarmos pelo libertismo- Como negar o determinismo sem
tornar a decisão livre aleatória?
 Se optarmos pelo determinismo moderado- Como encontrar
alternativas reais da ação sem cair no determinismo radical?

Tal como outros problemas filosóficos, o problema do livre-arbítrio não


apresenta uma resposta consensual entre a comunidade filosófica, sendo
considerado um problema em aberto.

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