Aguia Ou Galinha - Jorge Linhares

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Águia

ou
Galinha?

Jorge Linhares

Vigésima sexta edição – 2004


Vigésima sétima edição – 2005
Nova edição ampliada – 2016

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Os textos bíblicos citados neste livro são da Versão Revista e


Atualizada de Almeida, salvo quando indicada outra versão.

À minha família, com carinho.


À amada Igreja Batista Getsêmani.

Os que esperam no SENHOR renovam as


suas forças, sobem com asas como
águias, correm e não se cansam,
caminham e não se fatigam.
– Isaías 40.31
Sumário

Introdução 7
1. Miopia espiritual 11
2. Olhos fitos no chão 24
3. Vivendo como galinha nos limites
de um quintal 28
4. Alçando voo como a águia 35
5. Águia ou Galinha? 41
Conclusão 68

Introdução
QUEM É JESUS PARA VOCÊ?
Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi,
por detrás de mim, grande voz, como de
trombeta, dizendo:
O que vês escreve em livro e manda às sete
igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira,
Sardes, Filadélfia e Laodiceia.
Voltei-me para ver quem falava comigo e,
voltado, vi sete candeeiros de ouro e, no meio
dos candeeiros, um semelhante a filho de
homem, com vestes talares e cingido, à altura
do peito, com uma cinta de ouro.
A sua cabeça e cabelos eram brancos como
alva lã, como neve; os olhos, como chama de
fogo;
os pés, semelhantes ao bronze polido, como que
refinado numa fornalha; a voz, como voz de
muitas águas.
Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca
saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O
seu rosto brilhava como o sol na sua força.
Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém
ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo:
Não temas; eu sou o primeiro e o último e
aquele que vive; estive morto, mas eis que estou
vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves
da morte e do inferno (Apocalipse 1.10-18).

Nossa vida é o resultado de uma visão específica e


direcionada. Se a nossa visão é fraca, tornamo-nos
limitados e derrotados, nossas atitudes e ações se
tornam debilitadas e impotentes, o que certamente
irá gerar derrotas.
Se a visão que temos é poderosa e vitoriosa, nossa
vida irá refletir claramente um resultado grande e
poderoso e nos tornaremos vencedores.
“Que dizem os homens quem sou eu?” Essa foi a
pergunta que Jesus fez aos seus discípulos em
Marcos 8.27,28. “... um dos profetas”,
responderam eles.
Essa é a visão que muitos ateus, estudiosos e
religiosos têm de Jesus. Para estes, ele é mais um,
ou algum, dos profetas. Essa opinião leva à incerteza
e à desconsideração do valor que o próprio Deus dá
à pessoa do Senhor Jesus.
Por isso, muitas vezes o nome de Jesus é
enxovalhado. No entanto agora você está tendo a
oportunidade de receber uma clara visão que
precisamos ter da pessoa de Jesus Cristo.
Antes de Patmos, a visão que o apóstolo João tinha
de Jesus era a de um Cristo crucificado, deprimido,
rosto sangrando por causa dos espinhos, lado
traspassado, costas feridas, pés e mãos perfurados,
expressão sofrida, porque foi assim que ele morreu,
levando sobre si as nossas dores, conforme está
escrito no livro do profeta Isaías, capítulo 53.4,5.

Certamente, ele tomou sobre si as nossas


enfermidades e as nossas dores levou sobre si;
e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e
oprimido.
Mas ele foi traspassado pelas nossas
transgressões e moído pelas nossas
iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava
sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados.

De acordo com essa visão, João estaria limitado,


sem ousadia nem intrepidez, porque o Cristo que ele
estava vendo crucificado não era o Cristo poderoso
para livrá-lo de situações adversas, e não lhe daria
nenhuma ousadia para enfrentar as provações e as
lutas da vida. Isso só aconteceu no dia em que ele
teve a revelação de Jesus Cristo em Apocalipse
1.10-18, na qual ele vê Jesus verdadeiramente como
ele é hoje. E quando João o viu, caiu aos seus pés.

A pergunta agora é: Como você vê o Senhor


Jesus?

Nestas páginas, você experimentará algo novo e


revelador para a sua vida. E eu tenho certeza de que,
antes mesmo das últimas páginas, você terá uma
visão nova, espiritual e verdadeira, que produzirá
grandes resultados!
Você tem a linda oportunidade de se tornar uma
águia de Deus.
Quem é Jesus para você?
A resposta a essa pergunta faz toda a diferença em
nossa vida. Viveremos como galinha, com medo,
ciscando o lixo, ou voaremos acima de tudo, rumo à
vida vitoriosa em Cristo?

Que o Senhor o abençoe através da leitura deste


livro.

Miopia espiritual
Nada deforma e torce mais a alma do que uma
baixa e indigna visão do Senhor, pois sempre a
nossa noção de Jesus determina necessariamente
a qualidade de nossa vida. – A. W. Tozer

Eu também já tive uma visão tacanha de Jesus.


Sofria de miopia espiritual. Mas faz muitos anos. Na
ocasião eu era seminarista, membro de uma das
grandes igrejas de Belo Horizonte. O pastor me
chamou e pôs diante de mim um grande desafio.
“Jorge, temos no bairro Floramar um salão com
capacidade para mais ou menos umas trezentas
pessoas, mas a congregação conta apenas com
quatro membros. Você tem um mês para tentar levar
o trabalho adiante. Se não der resultado, vamos
passar o ponto para a Assembleia de Deus.”
Resolvi encarar o desafio. No primeiro dia
evangelizei a tarde toda, de casa em casa,
convidando as pessoas para a reunião da noite. À
hora do culto lá estava eu todo elegante: calça com
vinco bem forte; paletó xadrez, que mais parecia um
tabuleiro de dama; gravata “língua de vaca” com nó
“cabeça de boi”.
Convidei os presentes para se colocarem de pé para
a leitura do texto bíblico. Quando comecei a ler,
uma mulher que estava assentada lá atrás, uma das
pessoas que eu havia convidado, veio correndo entre
os bancos até a plataforma. Inclinei-me para atendê-
la, supondo que desejasse conversar comigo.
– O que a senhora deseja?
Mas ela não disse palavra. Olhou para mim, retirou
da jarra uma das rosas que colocamos ali de enfeite,
e começou a comê-la.
– Pare de comer essas rosas, falei.
– Não paro, respondeu com voz sufocada.
(Na ocasião, eu era conselheiro dos jovens. Quando
alguém se convertia, levávamos a pessoa para uma
saleta ao lado para dar-lhe algumas orientações
básicas. Se, porventura, o diabo se manifestasse,
chamávamos o pastor para libertar a pessoa.)
E eu fiquei ali, vendo-a mastigar as rosas, temeroso,
sem saber o que fazer.
“Meu Deus”, clamei interiormente, “logo na
primeira noite me acontece uma dessas. Que eu faço
agora?”
Para minha surpresa, ela não se contentou só com a
flor, e começou a mastigar também o caule cheio de
espinhos. E sua boca começou a sangrar.
– Não faça isso. A senhora está se machucando.
– Faço.
Eu quase disse a ela: pode levar todas, mas vá se
sentar lá no último banco. Melhor ainda seria a
senhora ir lá para fora.
(Mas tratava-se de uma batalha espiritual. Era o
inimigo tentando destruir meu ministério antes
mesmo de eu iniciá-lo.)
“Meu Deus, me socorre!”, clamei outra vez.
A primeira visitante agindo daquela forma estranha.
Os quatro membros curiosos para ver como se sairia
o novo pastor. E eu ali, pasmo.
“Jesus, o que o Senhor vai fazer agora? Não tenho a
mínima ideia de como agir”, orei.
Insisti com a mulher, mas, ao invés de me atender,
ela correu pelo corredor até a saída, bateu-se contra
a parede, e voltou. Pegou outra flor e comeu. Foi e
voltou várias vezes.
– Você não quer comer essas rosas lá fora?
– Não. É aqui que eu quero comer.
Naquele momento foi como se tivesse me dado um
“clic”, um minuto de lucidez, só entre mim e Deus.
Temeroso, com os joelhos trêmulos, desci da
plataforma e caminhei na sua direção.
– Em nome de Jesus, pare de correr e de comer
essas flores, ordenei. Espírito maligno, sai desta
mulher. Sai agora.
No mesmo instante, ela caiu, e ficou ali prostrada.
Aproximei-me e disse:
– Acorda.
Ela se levantou meio atônita. Ajudei-a a se assentar
e não tirei os olhos dela.
Fiquei deslumbrado. Até então não tinha consciência
do poder de Jesus. Descobri que aqueles chavões
que eu costumava declarar continham uma força
que eu desconhecia. Palavras que repetia sem
convicção. Foi então que me conscientizei da visão
tacanha que tinha de Jesus. Reconheci que pregava
sem convicção plena do poder da Palavra. Enaltecia
uma fé que eu mesmo não experimentava. Vi que o
poder do nome de Jesus operava não só na vida dos
outros, mas através de mim. Até então minha fé se
apoiava no Jesus dos outros.
É esse o seu caso? Pede oração a todo o mundo:
pai, mãe, pastor, mas você mesmo não tem uma
experiência com o poder operante de Jesus? Leva a
vida espiritual como que de muleta, apoiado na fé
dos outros? Parece mais um pé de tomate, todo
escorado, amarrado a estacas para não cair, do
contrário se esparrama todo pelo chão?
Você precisa ter uma visão de Jesus como ele é.

NOCAUTEANDO O INIMIGO

Entusiasmado com a primeira experiência, vendo a


mulher liberta, sentada bem ali na minha frente,
estufei o peito tal qual um galo garnisé, bati no
púlpito e disse:
“Agora é assim, irmãos. O demônio que se atrever a
manifestar-se vai ter de sair. Esta igreja a partir de
hoje tem pastor. Se alguém tem em casa algum
parente possesso, oprimido pelo diabo, pode me
chamar que eu vou lá orar; ou, se preferir, traga-o
aqui.”
Redobrei os esforços e distribui muitos convites para
o culto dos jovens, no sábado seguinte.
Preparamos umas lembrancinhas para dar aos
visitantes, e uma boa salada de frutas para
saborearmos juntos ao final.
Enquanto me dirigia para a reunião, meu coração
recebeu uma nova porção de fé. Quando ia entrando
no templo, uma garotinha me abordou.
– O senhor é que é o pastor?
– Sou, respondi. (Ainda não era pastor, mas me
senti bem em ser tratado como tal.)
– Então o senhor pode ir lá em casa. O problema é o
meu padrasto. Ele está quebrando tudo.
Chamei minha esposa e disse:
– Volto já.
E segui a garota. A casa ficava quase em frente à
igreja.
Entrei e deparei-me com o a seguinte cena: móveis
virados, vários objetos quebrados e um homem forte
estirado no chão, sem camisa, rosnando e babando,
todo suado, e com uma Bíblia no peito. A maior
confusão.
Eu já tinha visto demônio comer rosa com espinho e
tudo, mas babar e roncar, essa era novidade para
mim.
– Qual o problema? indaguei. O que está
acontecendo com o senhor? Por que está babando?
– Não te interessa, respondeu.
Furioso, de um salto pôs-se de pé e começou a dar
gargalhadas e a rasgar e comer a Bíblia. Foi aí que
percebi o quanto ele era maior e mais forte do que
eu. Fiquei mudo.
A garota conseguiu pegar a Bíblia. Então ele me
agarrou pelo colarinho e prensou-me contra a
parede, rindo de mim.
“Meu Deus”, pensei. “O que eu vim fazer aqui?
Teria sido melhor eu ter ficado quietinho apenas
esquentando o banco. Para que eu fui aceitar essa de
ser pastor?”
– Me largue, falei quase sem ar.
– Cuidado, pastor, ele é lutador de boxe, gritou a
garota.
O seu grito ficou gravado em minha memória. Isso
já faz mais de vinte anos, mas em qualquer lugar do
mundo que eu ouvir outra vez o seu grito, eu o
reconheço.
– Por que você não me avisou?
Imaginem só. Na época eu pesava uns cinquenta e
cinco quilos; aproximadamente vinte e cinco a
menos do que peso agora.
– O que você veio fazer aqui? rosnou, esfregando-
me na parede, agarrado à minha gravata, quase me
sufocando.
– Vim porque me chamaram. Eu nem deveria estar
aqui, respondi enquanto tentava escapar dali.
(Embora eu não tivesse consciência, tudo isso estava
me acontecendo porque Deus desejava fazer coisas
novas em minha vida.)
Ele me ergueu, e de punho cerrado afastou o braço
num gesto de quem ia me desferir um golpe.
“Senhor”, clamei. “Eu nunca levei um soco de
ninguém. E o primeiro vai ser logo de um boxeador?
Eu vou morrer com um soco? Meu Deus, livra-me
desse homem.”
Naquele momento, imaginei meu nariz indo parar lá
na nuca.
– Eu vou te matar, gritou. Vou te matar.
– Pastor, ele vai matar o senhor, disse a garota.
“Jesus, tem misericórdia de mim. Tá repreendido,
demônio.”
Dei um pulo para o canto da sala e ele postou-se à
porta de saída. Eu não tinha para onde fugir. A
garota, apavorada, saiu correndo e me deixou ali
sozinho com ele.
Ele me agarrou outra vez, me fustigando, me
prensando na parede. Ajuntando um pouco de força
que me restava, ordenei:
“Sai dele, em nome de Jesus.”
Em instantes, aquele homem foi desmoronando
diante de mim, deslizando por minhas costelas,
arfando com um bafo terrível de cachaça, até cair
com a cabeça no chão, aos meus pés.
Afastei-me dele e fui procurar a garota, que já
voltava com alguém para me auxiliar.
– Onde está ele?, perguntaram.
– Está lá na sala, respondi. Mas chamem a polícia,
que o homem está caído no chão.
Voltei, e para surpresa minha ele estava sentado no
sofá. (Aliás, o único objeto ali que resistira ao
quebra-quebra.)
– O que aconteceu aqui?, perguntou. O que
aconteceu comigo?
– Você quebrou tudo. Desmontou sua casa. Você
estava possesso.
– Não pode. Eu não vi nada.
– Mas foi você mesmo. Ou melhor, o demônio que
estava em você.
– Foi o senhor que orou por mim?
– É, foi.
Então ele, me abraçando, falou:
– Me ajuda, pastor. Eu preciso muito de ajuda.
Fiquei ali pasmo, morrendo de medo dele. Mas
mesmo relutante o abracei.
– Saiu alguma coisa de mim. Me sinto livre, disse. E
de onde veio o senhor?
– Sou pastor da igreja que fica logo ali.
– Então eu vou lá.
– Mas nossa igreja só tem bancos vazios, tentei tirá-
lo de cabeça. Contudo foi em vão.
Voltei para a igreja, e ele me seguiu. Dirigi o culto
de olhos pregados nele. Não os fechei nem para
orar. Quando fiz o apelo, ele foi à frente e rendeu
sua vida a Cristo. Parou de beber e fumar. E a partir
daí estava sempre nas reuniões. Dois meses depois o
batizei (sem gravata!).
Todo aquele medo que experimentei diante desse
homem possesso era evidência da vida medíocre que
eu vinha levando, fruto de uma visão tacanha de
Jesus. Cria no poder da oração do meu pastor, mas
não cria no poder da minha oração. Via o poder de
Deus na vida dele, mas não o via em mim. Foi
necessário que Deus me pusesse frente a frente com
aqueles dois desafios para me abrir os olhos.
Quando parei para pensar naquelas duas primeiras
conversões – a mulher das rosas e o boxeador – foi
que compreendi que Jesus não cabe na limitação de
nossa mente, que nossa cabeça é muito pequena
para comportá-lo. Nós é que precisamos nos elevar
ao plano em que Cristo está, para assimilar a
grandeza e o poder que há no seu nome.
Naqueles dias compreendi que o meu Deus não era
apenas o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e de
Pedro; ele era também o meu Deus, o meu Senhor.
O Jesus que me dava autoridade sobre os demônios
não atuava só através do meu pastor, mas desejava
manifestar seu poder através da minha vida. Aleluia!
Hoje, graças a Deus, quando me deparo com casos
de possessão demoníaca, meus joelhos não tremem
mais. Quem treme é o diabo.
Da mesma forma que Deus libertou aquele homem
e aquela mulher usando a mim, ele deseja usar você.
Ele deseja tornar cada um de nós instrumento de
libertação. Antes, porém, necessitamos que o
Senhor mude nossa mentalidade e abra os nossos
olhos para que o vejamos como ele é.
E quando abrimos os olhos para vermos como o
Senhor de fato é...
A COVARDIA CEDE LUGAR À OUSADIA

Quando iniciei meu curso de História na


Universidade Católica não disse a ninguém que eu
era evangélico. Tive vergonha de me identificar com
Jesus.
Passada uma semana, num sábado, durante a aula
de educação física, estávamos eu e alguns colegas
sentados à beira da piscina, quando um deles pegou
um copo de cerveja e fez questão de passá-lo no
meu nariz, encostando-o nos meus lábios.
– Toma, Jorge.
– Não, respondi.
Logo depois o professor nos chamou para mais
alguns exercícios. Aí um outro rapaz se aproximou
de mim e disse:
– Olha, Jorge, nós conseguimos algumas garotas
para irem conosco para um sítio. O proprietário, pai
de uma das moças, vai viajar. E o espaço vai ficar
por nossa conta. Somos ao todo cinco rapazes e
cinco moças. Vamos botar pra quebrar. Você vem
com a gente?
– Não posso. Amanhã tenho muitas coisas para
fazer, desculpei-me.
– Vamos, rapaz. Ou você é gay?
– Não; claro que não.
– Você não bebe cerveja; não quer sair com mulher.
Afinal, o que você é?
– Sou o Jorge.
Gozaram um pouco mais de mim e foram embora.
No domingo, de forma inesperada, o pastor virou-se
para mim e disse:
– Ei, Jorge, venha cá. Hoje é você quem vai dirigir o
louvor.
– Eu? Logo eu, que nunca dirigi o louvor?
– Você mesmo.
Peguei o microfone e cantei os dois corinhos que
conhecia bem.
“A graça de Jesus jamais nos faltará...”
A guitarra ia para um lado, e eu para o outro.
“Põe tua mão na mão do meu Senhor...”
E foi só. Naquele momento, o Espírito Santo me
disse:
“Jorge, você acha que preciso de você?”
Aí me vieram à mente aqueles primeiros dias na
universidade, quando me acovardei e omiti meu
comprometimento com Jesus.
“Você acha mesmo que eu preciso de você, Jorge?”,
insistiu o Senhor.
Aproximei-me do pastor, entreguei-lhe o microfone
e disse:
– Eu não sou digno de ser cristão.
– Mas por quê?
– Eu não posso cantar. Desde que iniciei na
universidade, ainda não tive coragem de dizer a
nenhum colega que sou evangélico; e muito menos
para a classe, que tem apenas cinquenta e cinco
alunos. Quero pedir perdão a Deus aqui mesmo.
– Vou ajudá-lo a resolver esse problema.
Levou-me ao gabinete, e me pôs nas mãos uma
pilha de folhetos e evangelhos de João.
E concluiu:
– Amanhã mesmo dê um jeito de reparar para com
Deus esse malfeito.
Cheguei à universidade bem antes do início das
aulas, por volta das 6:30h e coloquei em cada
carteira um evangelho recheado de folhetos.
Quando os alunos chegaram, disseram uns:
– Passou um doido por aqui. Tem crente na área.
– Sou eu. Eu sou crente, falei em firme e bom tom.
– Você? Então é por isso que não quis beber,
completou outro.
Nesse ínterim chegou o professor e quis saber a
razão do tumulto.
– Professor, todo esse movimento é porque eu disse
que sou crente.
– Você? Quer dizer então que você é daqueles que
não podem fumar, não podem beber, não podem
fazer nada?
– Mais ou menos. Eu posso todas as coisas, mas
tenho domínio sobre elas.
Minha próxima ação foi mais audaciosa. Dirigi-me
ao gabinete do diretor, já na ocasião arcebispo
metropolitano de Belo Horizonte, e bati à porta.
– Dom Serafim, com licença.
– Entra, rapaz.
– Sou crente em Jesus, membro de uma Igreja
Batista. Passei no último vestibular. Estou aqui
porque desejo autorização para entrar em todas as
salas e falar de Jesus.
– Aqui não é lugar disso, não, respondeu.
– Foi Jesus quem mandou o senhor me dar essa
autorização. Eu só vim aqui buscá-la. Quero falar de
Jesus para todos os alunos. E mais, preciso do
auditório toda terça-feira, durante uma hora, para
realizarmos uma reunião.
– Volta daqui a uma semana, respondeu. Preciso de
tempo para pensar.
Uma semana depois, lá estava eu. Sem dizer
palavra, estendeu-me uma folha datilografada, com
o timbre da universidade. Era a autorização que me
credenciava a convidar os alunos para as reuniões
semanais do “Clubão Evangélico”.
Saí do gabinete louvando ao Senhor, pulando de
alegria. Atrás deixei a timidez e a vergonha. Pela
graça e misericórdia do Senhor, a covardia cedeu
lugar à ousadia, à intrepidez.

2
Olhos fitos no chão
Do alto de um edifício, vigésimo quinto andar de
um hotel, um homem observava encantado o fluxo
rápido e confuso dos veículos nas imediações. Bem
embaixo de sua janela um motorista estava às voltas
com um problema no motor do carro, que enguiçou
bem ali. De sua posição privilegiada, conseguia ver a
fluência do trânsito num raio de cinco, seis
quarteirões, e observava os motoristas manobrando
para tentar uma posição melhor. Alguns,
impossibilitados de ver adiante, insistiam em pegar
justamente a pista onde estava o automóvel
enguiçado. Julgando estar ganhando tempo,
optavam pelo trajeto que os faria atrasar.

“De onde eu estava podia ver o quadro inteiro”,


relata ele. “Se me fosse possível comunicar-me
com eles, poderia orientá-los e dizer-lhes
exatamente o que fazer para atingirem o seu
objetivo.
“Nós agimos da mesma forma que aqueles
motoristas mal orientados, enquanto trajetamos
pela estrada da vida. Insistimos em escolher
nosso próprio caminho. Escolhemos o trajeto
que, em nossa limitada visão, nos parece melhor,
só para descobrirmos que a aparente vantagem
só serviu para nos enveredarmos por um
caminho onde, mais adiante, nos aguarda muita
dor de cabeça e mais atraso.
“Contudo, como é maravilhoso saber que
podemos olhar para Aquele que está lá no alto,
acima de tudo e de todos. Nosso Pai celeste vê
não apenas cinco ou seis quarteirões à frente,
mas toda a trajetória, do começo ao fim...” (Our
Daily Bread [Nosso pão de cada dia], 2 de
novembro de 1966, publicado por Radio Bible
Class, Michigan, EUA).

Durante muito tempo, Jó manteve os olhos voltados


para o chão, para as circunstâncias. As teses que
defendera eram produto da visão limitada que tinha
do Senhor e do que o aguardava à frente.
Até que um dia levantou os olhos e viu o Deus
Todo-Poderoso. Desviou o olhar do chão e fixou-os
no Altíssimo.

... agora os meus olhos te veem (Jó 42.5).

Maria Madalena, na manhã da ressurreição, foi ao


túmulo com o intuito de embalsamar o corpo de
Jesus. Chorando, abaixou-se e olhou para dentro do
túmulo.
e viu dois anjos vestidos de branco, sentados
onde o corpo de Jesus fora posto, um à
cabeceira e outro aos pés.
Então, eles lhe perguntaram: Mulher, por que
choras? Ela lhes respondeu: Porque levaram o
meu Senhor, e não sei onde o puseram (João
20.12,13).

Voltando-se, viu um homem que julgou ser o


jardineiro. Ela não reconheceu Jesus.
Maria Madalena estava olhando para baixo.
Procurava entre os mortos Aquele que vive pelos
séculos dos séculos. Sua visão estava distorcida pelo
estrabismo da derrota e da morte. Olhou para Jesus
e viu um simples jardineiro.
À semelhança de Maria, os dois discípulos, a
caminho de Emaús, não reconheceram Jesus.
Fizeram a viagem lado a lado com ele, mas
julgavam-no um estranho.

Os seus olhos, porém, estavam como que


impedidos de o reconhecer (Lucas 24.16).

Quem olha para Jesus e vê apenas um jardineiro,


está com o olhar voltado para a terra. Quando
andamos lado a lado com Jesus e não mais o
reconhecemos, é porque nos deixamos cegar pelas
circunstâncias.
Muitos filhos de Deus ainda não aprenderam a ver
Jesus como Senhor e Rei.

Então, se lhes abriram os olhos, e o


reconheceram... (Lucas 24.31).
O próprio Senhor se dignou aviar a receita para
nossa “visão” deficiente, limitada pelas
circunstâncias adversas e até mesmo por pequenos
problemas do dia a dia.

Aconselho-te que de mim compres... colírio


para ungires os olhos, a fim de que vejas
(Apocalipse 3.18).

Uma jovem seminarista disse que não conseguia


entender como Jesus poderia ter vencido o diabo na
cruz, uma vez que o maligno continua atuante na
terra.
Quem não vê vitória no Calvário sofre “das vistas”
espiritualmente. Precisa elevar os olhos ao céu e
contemplar Aquele que tudo vê. Necessita desviar os
olhos do chão e olhar

firmemente para o Autor e Consumador da fé,


Jesus... assentado à destra do trono de Deus
(Hebreus 12.2).

Davi não temeu enfrentar Golias, quando todo o


exército de Israel se intimidou perante ele. Sua
coragem e sua audácia deviam-se à visão que tinha
do seu Deus. Davi não olhava para baixo, para o
vale onde se encontrava o inimigo, mas para o alto,
onde podia contemplar o Senhor dos Exércitos, o
Deus vivo, e de lá receber orientação.

A ti, que habitas nos céus, elevo os olhos!


... os nossos olhos estão fitos no SENHOR, nosso
Deus... (Salmos 123.1,2).

Vivendo como galinha


nos limites de um quintal
Numa manhã muito fria, na Coreia, alguns soldados
estavam em forma, ao lado do caminhão-restaurante
do batalhão aguardando sua vez de receber a
refeição matinal.
O correspondente de um jornal deteve-se a olhar um
jovem soldado, barbudo, com o uniforme e as botas
cobertas de lama, e o semblante denotando imenso
cansaço. Depois de algum tempo ao lado do
soldado, observando-lhe os menores gestos, o
jornalista abordou-o, gentilmente, com a seguinte
pergunta:
– Se porventura Deus lhe proporcionasse o que você
mais deseja, o que lhe pediria?
O soldado permaneceu em silêncio por alguns
instantes, sentindo a esperança renascer em seu
coração, e depois respondeu pausadamente:
– Eu lhe suplicaria que me concedesse o dia de
amanhã!
Nenhum pedido excepcional, irrealizável, inusitado.
A maior aspiração daquele soldado era sobreviver a
tudo aquilo por mais um dia.
Que visão limitada da vida! Que visão tacanha de
Deus! Visão típica da galinha – limitada, voltada
para o chão, para uns poucos grãos.
Certa senhora, cuja atividade exigia que lesse muito,
começou, depois de certo tempo, a enfrentar certas
limitações com as vistas. Procurou então um
oculista, e esse lhe disse que seu problema era
apenas “vista cansada”. Teria de dar um jeito de
descansá-las. Mas ela retrucou dizendo que
dependia muito dos olhos e não poderia deixar de
trabalhar. Ele perguntou então se de onde morava
ela tinha uma visão ampla, sem construções ou
obstáculos próximos. “Sim”, foi a resposta. Do
alpendre podia contemplar os picos de uma famosa
cadeia de montanhas e da janela dos fundos, lindas
colinas.
Seu problema estava resolvido. Diariamente deveria
desviar os olhos dos papéis e olhar fixamente, por
dez a vinte minutos, para o ponto mais alto e
distante possível. Olhar à distância seria um
excelente descanso para suas vistas – garantiu-lhe o
oculista.

“No campo espiritual dá-se o mesmo. Os olhos


da alma frequentemente se cansam de olhar para
os problemas e dificuldades que enfrentamos
aqui. Olhar para cima, bem ao longe, restaura
nossa percepção espiritual.
“Muitas vezes nos sentimos como o salmista.
‘Não têm conta os males que me cercam; as
minhas iniquidades me alcançaram, tantas, que
me impedem a vista...’ (Sl 40.12.)” (Our Daily
Bread, 6 de junho de 1968).

Jesus disse que quem quiser segui-lo terá de


aprender a olhar para a frente.
Esse é o problema da galinha. Sua visão é deficiente.
Além do mais, seus olhos laterais não lhe permitem
fixar ambos num mesmo alvo. Para pegar um grão,
ela inclina a cabeça, porque o vê com apenas um
dos olhos. Não consegue fixá-los naquilo que
deseja.
Semelhantemente à galinha, muitos cristãos têm
olhos laterais, que nunca olham simultaneamente na
mesma direção – um olho está em Jesus e o outro
no mundo. Na igreja, cantam músicas de louvor; em
casa, músicas mundanas, de conteúdo impuro,
lascivo, negativo. Na igreja, passam a imagem de
um comportamento exemplar. No trabalho, na
escola, sua conduta deixa muito a desejar. Com os
de fora, são solícitos. Em casa não são capazes de
lavar um copo. Têm cada olho voltado para um
lado. Espiritualmente são estrábicos.
O filho pródigo tinha visão própria de galinha. Um
olho estava no pai; o outro, no mundo. Por isso, o
mundo o seduziu. E, sem dizer nada, sem se
despedir, ele foi embora para o mundo sedutor.
No entanto, aquele jovem voltou casbibaixo,
despido, sem autoridade. Ele olhava só para o
mundo e seus prazeres. Sua visão lateral tornou-o
presa fácil do inimigo.
O Senhor não nos chamou para ter visão de galinha.
Galinha só olha para os lados e para baixo. Nunca
para o alto. Toda a sua expectativa está ligada ao
chão.

• Galinha tem asas; mas não levanta voo.


• Tem olhos, mas não visão definida.
• Tem bico, mas não ataca.
• Tem pés, mas não é ligeira.
• Tem garras, mas não se defende.
• O destino da galinha é ser caça.
• Seu mundo se resume num quintal.

Quem tem olhar dispersivo ou vive olhando para o


chão, jamais teve uma visão real de Jesus.
Estêvão teve uma visão de Jesus, e seu rosto brilhou.
E Paulo, quando se deparou com o Senhor, caiu
prostrado ao chão, cego, e precisou ser conduzido
por outrem. E o apóstolo João disse:

Quando o vi, caí a seus pés como morto...


(Apocalipse 1.17.)

Jesus quer se revelar a nós para ampliar nossa visão


além dos limites do nosso “quintal” em que temos
vivido até agora. Deus nos habilitou a enxergar sem
distração, sem dispersão. Deus não nos criou com
olhos laterais.
Nossos olhos são frontais. Fixemos ambos em Jesus.
SANSÃO, OLHOS FIXOS NO PECADO

Desceu Sansão a Timna; vendo em Timna uma


das filhas dos filisteus,
subiu, e declarou-o a seu pai e a sua mãe, e
disse: Vi uma mulher em Timna, das filhas dos
filisteus; tomai-ma, pois, por esposa.
Porém seu pai e sua mãe lhe disseram: Não há,
porventura, mulher entre as filhas de teus
irmãos ou entre todo o meu povo, para que vás
tomar esposa dos filisteus, daqueles
incircuncisos? Disse Sansão a seu pai: Toma-
me esta, porque só desta me agrado (Juízes
14.1-3 – grifo meu).

Um homem escolhido por Deus para salvar o povo


de Israel. Um nazireu dedicado a uma grande
missão. Esse era Sansão.
No entanto, Sansão tinha um grave problema: seus
olhos se fixavam no pecado, na lascívia. Em vez de
olhar para a grandiosidade do Senhor e da missão
que o Todo-Poderoso tinha para ele, Sansão passou
a olhar para as mulheres do povo inimigo; mulheres
sem o temor de Deus e dedicadas à idolatria.
Que tristeza! Destinado a ser águia, mas, por
escolher viver como “galinha”, foi preso e levado
pelos inimigos para servir de “animal de carga”:

Então, os filisteus pegaram nele, e lhe vazaram


os olhos, e o fizeram descer a Gaza;
amarraram-no com duas cadeias de bronze, e
virava um moinho no cárcere (Juízes 16.21).

Agora, Sansão não podia ver mais nada. Seus olhos


foram vazados; recusara-se a ver a amplidão da
vontade do Senhor para sua vida. Vivia empurrando
um moinho, de cabeça baixa.
Mas Sansão caiu em si. Apesar de enxergar com os
olhos físicos, ele “viu” em que se tornara. E se
arrependeu sinceramente do que havia feito. Ele fez
uma súplica ao Senhor:
Sansão clamou ao Senhor e disse: Senhor
Deus, peço-te que te lembres de mim, e dá-me
força só esta vez, ó Deus, para que me vingue
dos filisteus, ao menos por um dos meus olhos
(Juízes 16.28).

Sansão estava impossibilitado de enxergar, mas Deus


lhe preparou um ajudador que o conduziu até as
colunas do palácio.
Enquanto o povo se divertia, rindo de Sansão, este
se segurou nas colunas e disse:
“Morra eu, mas quero ter uma morte digna, pois eu
não nasci para ser alvo de escárnio para meus
inimigos, nem para viver olhando para o chão.”
E o Senhor o ouviu. Sansão recobrou forças e
matou os filisteus. Isso lhe custou a vida, mas lutou
a batalha de Jeová, matando milhares de inimigos de
Israel.
Mas não precisava ter sido essa a história de Sansão.
Se ele, em vez de olhar para o pecado, tivesse
mantido os olhos no Senhor, teria vivido como
águia.
4

Alçando voo
como a águia
... remonta a águia e faz alto o seu ninho?
Habita no penhasco onde faz a sua morada,
sobre o cimo do penhasco, em lugar seguro (Jó
39.27,28).

Uma equipe de ecologistas americanos propôs-se o


desafio de estudar o comportamento das águias.
Munidos de uma filmadora com lente de longo
alcance, de até 500m, decidiram escalar as
montanhas do Colorado.
E acompanharam dali o processo de construção do
ninho de uma águia, num daqueles picos gelados,
bem na encosta, no ponto mais perigoso, inacessível.
A camada externa era toda de espinhos; a segunda,
gravetos sem espinhos, peles de animais e capim. O
interior era todo revestido de penas. Depois de
concluído tinha aproximadamente dois metros de
profundidade e três de diâmetro.
Apesar da neve cá fora, o ninho era todo quentinho,
aconchegante, e totalmente protegido do vento.
Os penhascos são o lugar preferido das águias.
Constroem lá seu ninho, e o conservam por toda a
vida. Se ele cai ou sofre depredação, faz outro no
mesmo lugar.
De hábitos sedentários, possuem morada própria,
fixa, e não admitem intrusos no ninho.
O Senhor associa sua maneira de agir conosco com
a da águia (Deuteronômio 32.11). Em Isaías 40.31,
ele compara à águia aqueles que nele esperam. E se
assim o faz é porque certas características da águia
devem fazer parte de nossa vida – são qualidades
que ele deseja ver em nós.
As águias, notáveis pelo seu tamanho e vigor, são as
aves mais fortes que existem. Devido à sua
imponência, ferocidade, valentia, nobreza, figuram
nos emblemas e escudos das nações desde os
tempos da antiga Babilônia.
Os olhos muito grandes e frontais as diferem das
demais aves, e lhe proporcionam uma visão ampla,
panorâmica, que lhe permite lá de cima espreitar a
presa aqui embaixo. Dificilmente uma presa escapa
às suas fortes garras.
Todos os animais que têm olhos frontais são
caçadores. A águia é uma caçadora. Prefere
alimentar-se de animais vivos – pequenos
mamíferos, aves, cobras, peixes, insetos.
Não come nada em estado de decomposição.
Tampouco bebe água suja.
Suas possantes asas lhe permitem um voo
impetuoso, porém seguro e bem direcionado.
Nenhum pássaro é tão solitário como a águia. A
águia não vive em bandos. Quando muito, se veem
duas de uma vez.
Deus procura homens semelhantes à águia.
Ninguém chega a uma percepção das melhores
coisas de Deus, sem que aprenda a andar a sós com
ele.
Aquele que deseja voar como a águia, para as
maiores alturas, acima das nuvens, e viver ao sol de
Deus, precisa contentar-se em viver uma vida de
certa forma solitária. Mas a vida vivida para Deus,
embora desprovida de companhias humanas,
conhece a comunhão com Deus.
É monógama. Só aceita um único macho durante
toda a vida. Não se “prostitui”.
É livre. Vive em liberdade e não aceita cativeiro. Se
presa, não come, nem bebe.
Ninguém pode prender uma águia num quintal.
Pode-se dar-lhe um poleiro no melhor galho de uma
árvore, ou dar-lhe as mais deliciosas iguarias: ela
desprezará tudo. Ela estenderá suas possantes asas e,
fitando os píncaros dos montes, cortará os ares em
direção às mansões ancestrais, situadas entre penhas
e rodeadas da música selvagem dos temporais e das
cascatas.
Enfrenta a fúria das tempestades; dos ventos retira a
força necessária para alçar voo aos picos mais
elevados.
É corajosa e destemida. Essa é uma característica
própria da águia – ela não se intimida diante de uma
tempestade. Quanto mais forte o vendaval, mais alto
ela sobe.
Quando vê o prenúncio de um vendaval, sai logo do
ninho, abre as asas, estufa o peito, e aproveita a
fúria dos ventos para alçar os voos mais altos.
Aproveita os redemoinhos, as intempéries, porque
gosta de estar acima das nuvens.
À medida que os filhotes vão crescendo ela vai
retirando primeiro as penas, depois o capim, para
que os espinhos criem certo desconforto, e eles
alcem voo.
Quando a águia está voando alto, ela não presta
muita atenção ao que está se passando no chão, lá
embaixo. Nós, os filhos de Deus, temos de ocupar o
lugar que nos cabe por direito, “nas regiões
celestes”, “bem acima” dessas ninharias. Deus quer
que sejamos “cristãos águias”. Não vamos
abandonar nossa elevada posição!
Deus nos chamou para sermos águia. Para olharmos
de cima. Para alçarmos voo face às circunstâncias
adversas. Para vivermos nas alturas – sem nos
cansar, sem nos fatigar.
O alvo da águia é ganhar altura.
Fomos chamados para olhar para o alto.
Façamos como Davi:

Os meus olhos se elevam continuamente ao


SENHOR... (Salmos 25.15).
Pois em ti, S ENHOR Deus, estão fitos os meus
olhos... (Salmos 141.8).
Ser uma águia depende da visão que se tem de Jesus
Cristo. Quem tem uma visão tacanha do Rei dos reis
jamais será uma águia. Sua sina será andar de
cabeça baixa.
De tempos em tempos, a águia renova sua
plumagem. Quando as penas estão por cair, a águia
empreende um voo veloz e mergulha nas águas de
um rio para, com o choque, desprender as penas
velhas. Aí então levanta voo com a força do novo
plumacho. É assim que ela rejuvenesce:

... a tua mocidade se renova como a da águia


(Salmos 103.5).

Nossas forças também podem se renovar. Basta que


mergulhemos no rio de Deus, no rio da vida.
Deus quer que sejamos águia. Jesus quer que
voemos na tempestade. Quer que sejamos
caçadores. Que enfrentemos o vento e, quando vier
a luta, subamos mais alto ainda.
Sou grato a Deus, por estar me ensinando a ser
águia. Eu me recuso a ter a visão limitada, estrábica
e medíocre de uma galinha.
Eu quero ser como águia.
Jesus perguntou ao cego:
“Que queres que eu te faça?”
Ao que o cego respondeu:
“Mestre, que eu torne a ver.”
Se desejamos ter nossa visão de Jesus totalmente
mudada, ou restaurada, precisamos fazer a oração
do cego:
“Que eu veja, Senhor.” Que eu te veja como tu és.
Queremos voar com asas como águia? Busquemos
renovar a visão que temos de Jesus.
Onde estamos? No alto do rochedo como a águia ou
com os pés bem plantados no chão, nos limites de
nosso pequeno “quintal”?
Apreciamos uma forte tempestade e aproveitamos
sua força para subir, ou preferimos catar grãos de
uma bênção aqui, outra ali?
Jesus quer abrir-nos os olhos e transformar-nos em
águias, para alçarmos voo com ele.
Ele nos deu visão frontal para o contemplarmos em
toda sua plenitude. Rejeitemos toda tentativa do
diabo em querer condicionar nossa visão às
limitações de um quintal. Desfaçamos toda a obra
das trevas que tem tentado manter nossos olhos no
chão, voltados para as circunstâncias.

A águia que rasga as alturas não se inquieta a


respeito de como atravessará o rio.

Águia ou galinha?
Em Estórias de Bichos, Rubem Alves fala de uma
águia que, criada num galinheiro, foi crescendo ali,
convencida de que era galinha.
Bem diferente das outras – grandalhona, olhos
frontais, bico adunco e grande demais, asas enormes
–, tentava a todo custo imitar o que as galinhas
faziam.
Até que um dia um alpinista, passando por ali,
surpreso perguntou-lhe:
“– Que é que você, águia, está fazendo no meio das
galinhas”...
“– Não me goza. Águia é a vovozinha. Sou galinha
de corpo e alma, embora não pareça.”
Percebendo que argumentar com ela seria pura
perda de tempo, o homem colocou-a num saco e
seguiu seu caminho até às montanhas. Lá bem no
alto, sacudiu o saco e deixou a águia cair. Não tendo
em que se agarrar, a ave debateu-se apavorada, até
que a águia, “há muito tempo adormecida e
esquecida” dentro dela, “acordou, se apossou das
asas e, de repente, voou...”
Essa história, embora muito interessante, não passa
de lenda. Uma águia jamais se sujeita a levar a vida
medíocre de uma galinha, e muito menos deixar-se
prender num galinheiro.
Tudo que uma águia tem em comum com uma
galinha são asas, bico, pés, garras e penas.
Pertencem ambas à espécie aves. E as semelhanças
param por aí. As diferenças, sim, é que nos
interessam, pois, no que diz respeito à natureza de
ambas, nada têm em comum.
A galinha, temerosa, foge ao primeiro sinal de
perigo. A águia, intrépida, enfrenta o perigo; não se
deixa vencer.

Porque Deus não nos tem dado espírito de


covardia, mas de poder... (2 Timóteo 1.7).

Deus quer nos libertar do espírito temeroso, próprio


de galinha, e nos dar a intrepidez e coragem da
águia.
A galinha se sujeita a ficar presa; se acomoda ao
cativeiro. Com um simples barbante se prende uma
galinha ao pé de uma mesa. A águia, não. Ela não
aceita o cativeiro. Ela tenta romper o laço; se não o
consegue, tenta cortar o pé da mesa; e se ainda
assim não se liberta, debate-se até cortar os pés. Voa
sem pés, mas se nega a perder a liberdade.
Ninguém jamais viu uma águia numa gaiola, nem
mesmo num zoológico.
Não nascemos de novo para viver confinados no
terreiro de uma vida medíocre.

Para a liberdade foi que Cristo nos libertou.


Permanecei, pois, firmes e não vos submetais,
de novo, a jugo de escravidão (Gálatas 5.1).

Águia e galinha têm asas. Mas galinha doméstica


não voa. O voo mais alto que empreende é pular
uma cerca. Se a soltarmos de um telhado, por mais
que se esforce, acaba no chão. Aliás, suas asas só
lhe servem para suavizar a descida. Só sabe viver no
rasteiro, ao nível do chão. A águia, não. Suas asas a
levam acima das nuvens; levam-na ao seu habitat
natural – as alturas.
Habita no penhasco onde faz a sua morada,
sobre o cimo do penhasco, em lugar seguro (Jó
39.28).

Deus nos fez para alçar voo. Ele não deseja que seus
filhos vivam rastejando.

Os que esperam no SENHOR... sobem com asas


como águias... (Isaías 40.31).

Sobem como

a águia que voa pelos céus (Provérbios 23.5).

Quando uma tempestade ameaça cair, a galinha


corre para um abrigo. A águia, ao contrário, adora
um vendaval, porque quanto mais forte o vento,
mais alto ela voa. Vale-se das intempéries para
desenvolver suas asas, vigorá-las e torná-las ainda
mais poderosas.
O voo impetuoso da águia (Deuteronômio
28.49.)

E para nós, uma “tempestade” é uma ameaça ou um


desafio? Diante da adversidade, escondemo-nos e
deixamos escapar a oportunidade de “subir”
espiritualmente?
O mundo da galinha se resume a poeira; ama
sujeira. O da águia não tem limites. O seu limite é o
céu.
Em seu cântico, Ana declara:

O SENHOR... levanta o pobre do pó e, desde o


monturo, exalta o necessitado... (1 Samuel
2.7,8).

E o rei Davi vai além:


Tirou-me de um poço de perdição, de um
tremedal de lama; colocou-me os pés sobre uma
rocha e me firmou os passos (Salmos 40.2).
Ele ergue do pó o desvalido e do monturo, o
necessitado (Salmos 113.7).

O projeto de Deus para nós começa exatamente


aqui: tira-nos da lama, do monturo, e firma nossos
pés na Rocha que é Jesus. Mas não para aí.
Descortina diante de nós um mundo de
possibilidades para que possamos crescer e voar.
A águia é fiel por natureza. Só aceita um único
macho durante toda a vida. A galinha se sujeita a
compor o “harém” de um galo.
Quando me deparo com um jovem que se vangloria
de ser um conquistador, ou com uma moça que a
cada dia está com um namorado, sou obrigado a
concluir que de “águia” os dois não têm nada.
Afinal, a fidelidade é traço característico das águias
de Deus, porque
Suas obras são perfeitas, porque todos os seus
caminhos são juízo; Deus é fidelidade...
(Deuteronômio 32.4).

Ambos são candidatos a viver nas limitações de um


“quintal” espiritual, a menos que se proponham ser
uma águia de Deus, rompendo com a sujeira em que
estão metidos.
Galinha é domesticável. Águia, não. Ninguém
jamais conseguiu condicionar uma águia aos limites
de um terreiro e fazê-la acomodar-se a uma vida ao
nível do chão. É selvagem por natureza.
Deus quer nos tirar das limitações do “quintal” da
derrota e da mediocridade e nos transportar para os
penhascos da vitória.
Galinha se reproduz até em chocadeira, de forma
artificial. Águia, só segundo os ditames da natureza.
Por isso é tão peculiar. Não se reproduz em série.
Existe um sem número de espécies de galinha. A
águia é uma espécie rara.
O destino da galinha, coitada, é a panela ou o
espeto. Águia, ao contrário, não é alimento. É
devoradora. Está ainda por existir quem saboreie um
espetinho de asa de águia.
Galinha é caça. Águia é caçadora. Os israelitas eram
proibidos de comê-la (Deuteronômio 14.12).
Galinha tem olhos laterais. A águia, não. Seus olhos
são frontais.
Galinha só enxerga de dia. Quando o sol se põe, vai
para o galinheiro ou poleiro, condenada a virar canja
de raposa, cachorro ou gambá. A águia enxerga
tanto de dia quanto de noite.
Águia é vigorosa; galinha, frágil. Facilmente se
hipnotiza uma galinha; basta que alinhemos alguns
grãos de milho, numa extensão de uns três metros.
Ela não consegue pegar sequer um. Fica totalmente
desorientada, estática, tonta. Muitos de nós se
deixam hipnotizar por Satanás, porque têm visão
lateral. Não fixam ambos os olhos em Jesus. Por
isso deixam de ser caçadores e se tornam caça.
Galinha é medrosa. Águia é destemida, corajosa.
Quando adoece, a galinha fica de asas caídas,
jururu, dependente de socorro. Ninguém jamais viu
uma águia doente. Quando debilitada, reúne todas as
forças que tem para se refugiar no alto. Não fica por
aí à espera de piedade. Autocomiseração não
combina bem com a águia.
Galinha morre cabisbaixa. A águia, quando
pressente a proximidade da morte, empreende seu
último voo, solitário, e sobe o mais alto que suas
forças lhe permitem, para morrer voando. E cai no
deserto, em alto-mar ou plena selva.
Galinha se alimenta de milho e restos. A águia, do
alto, seleciona a presa, e desce como uma fecha
sobre ela. Aquela aprecia minhocas, insetos mortos,
fezes, escarros. Esta não toca nada podre ou em
decomposição.

Habita no penhasco... Dali, descobre a presa;


seus olhos a avistam de longe (Jó 39.28,29).

... voam como águia que se precipita a devorar


(Habacuque 1.8).

Deus tem, igualmente, o melhor para aqueles que se


negarem a ter a visão limitada de uma galinha. Sua
promessa é que, se quisermos, e lhe dermos
ouvidos, comeremos o melhor desta terra (Isaías
1.19).
Mas, infelizmente, há cristãos que só se alimentam
de restos. Só comem sobras dos outros, porque não
buscam alimentar-se direto da mão de Deus.
Fomos certa vez a uma fazenda, e logo que nos
aproximamos da casa vimos ali muitas galinhas,
frangos e pintinhos soltos pelo quintal.
Lá dentro, num dos quartos, um homem tossia;
aquela tosse seca, angustiante, como se fosse
engasgar ou seu pulmão sair pela boca.
Conversávamos animados ali no terreiro, quando o
homem chegou à janela, tossiu, raspou a garganta e
deu aquela cusparada no chão.
E foi aquela correria. As galinhas se atropelando,
bicando umas às outras, para disputar o escarro do
velho. Que cena nauseante.
Demos um jeito de sair logo dali e fomos conhecer
as demais dependências da fazenda. Mas o pior
estava ainda por acontecer. À hora do almoço,
sentamo-nos à mesa, e a dona da casa, toda
satisfeita, disse:
– Olha, preparei umas galinhas caipiras que peguei
lá no terreiro especialmente para vocês.
Nunca vi uma galinha dançar tanto num prato, pra
lá, pra cá.
“Deus”, pensei comigo, “que coisa mais degradante
é ser galinha. Nem espiritualmente gostaria de ser
comparado a uma ave dessas.”
Deus nos fez águia. Será que nos deixamos confinar
um terreiro, e estamos assimilando o “espírito
galináceo”?
O mundo tenta nos seduzir com seus grãozinhos,
suas minhoquinhas, seu lixo, para nos manter presos
ao chão, à lama. E muitos de nós têm se alimentado
do seu lixo. É só olhar o que andam lendo e vendo
na TV. Mas quem tem a natureza da águia levanta
voo e lá “dos lugares celestiais” escolhe com critério
com que se alimentar, porque prefere o cardápio
farto e selecionado da verdade de Deus.
Ao contrário da galinha, que faz seu ninho no chão
ou numa moita qualquer, a águia constrói o seu em
lugar inacessível, na encosta de um rochedo, bem lá
no topo, fora do alcance de qualquer predador.
... remonta a águia e faz alto o seu ninho (Jó
39.27).
Se te remontares como águia e puseres o teu
ninho entre as estrelas... (Obadias 1.4).

Ninho de galinha é feito de pena e capim. Da águia


também. Mas sob o capim e as penas, retiradas do
próprio peito, ela coloca uma camada de espinhos.
Nosso “ninho” também tem “espinhos”. Deus os
coloca ali para nos incomodar e forçar-nos a voar.
O apóstolo Paulo, por três vezes, pediu a Deus que
o livrasse de um espinho, e recebeu a seguinte
resposta:

A minha graça te basta, porque o poder se


aperfeiçoa na fraqueza... (2 Coríntios 12.9).

E quem era Paulo? Homem cujos lenços e aventais,


postos sobre enfermos e pessoas possessas, as
curavam e libertavam (Atos 19.12).
O nosso ninho tem de ter espinhos, para que não
nos acomodemos, para que levantemos voo. São os
espinhos no ninho, amorosamente colocados ali pelo
Senhor, que nos impulsionam para o monte da
oração, do jejum, do quebrantamento.
É hora, portanto, de sairmos do ninho e
aprendermos a voar – com Deus!
Nossa vida se assemelha mais à de uma águia ou
à de uma galinha? Com qual nos identificamos
melhor?
GALINHA ÁGUIA

• Não voa • Voa alto, muito alto


• É caça • É caçadora
• Olhos laterais • Olhos frontais
• É alimento • É devoradora
• Come restos • Não se alimenta de nada em
decomposição
• Domesticável • Selvagem
• Medrosa • Valente
• Sujeita-se a • Não aceita ficar
ficar presa presa
• Faz seu ninho ao • Constrói seu ninho
nível do chão nos penhascos
• Várias espécies • Espécie rara
• Só enxerga durante • Vê durante o dia e
o dia durante a noite
• Ninho: pena e capim • Ninho: pluma, capim e
espinhos
• Aceita mais de um • Só aceita um macho
galo toda a vida
• Morre cabisbaixa • Morre voando

PESSOAS QUE SE RECUSARAM


A VIVER COMO GALINHAS

JOSÉ

E, passando os mercadores midianitas, os


irmãos de José o alçaram, e o tiraram da
cisterna, e o venderam por vinte siclos de prata
aos ismaelitas; estes levaram José ao Egito
(Gênesis 37.28..
José foi levado ao Egito, e Potifar, oficial de
Faraó, comandante da guarda, egípcio,
comprou-o dos ismaelitas que o tinham levado
para lá (Gênesis 39.1).

Quando José foi vendido por seus irmãos e levado


para o Egito, poderia ter ficado desanimado. Que
trabalho importante um escravo executaria?
No entanto, ele se recusou a se deixar limitar pelas
circunstâncias. Ele “voou” acima de todo mal que
queria transformá-lo em uma “galinha”.

O Senhor era com José, que veio a ser homem


próspero; e estava na casa de seu senhor
egípcio.
Vendo Potifar que o Senhor era com ele e que
tudo o que ele fazia o Senhor prosperava em
suas mãos,
logrou José mercê perante ele, a quem servia; e
ele o pôs por mordomo de sua casa e lhe
passou às mãos tudo o que tinha (Gênesis 39.2-
4.)
Potifar entregou tudo nas mãos de José, menos sua
esposa. José manteve seus olhos fitos em seu Deus,
recusando-se a “ciscar” nos falsos prazeres da
lascívia.

E o senhor de José o tomou e o lançou no


cárcere, no lugar onde os presos do rei estavam
encarcerados; ali ficou ele na prisão (Gênesis
39.20).

Mesmo sendo injustamente mandado para a prisão,


José não se abateu. Lá, ele agiu de forma tão
extraordinária que se tornou o homem de confiança
do carcereiro.

O Senhor, porém, era com José, e lhe foi


benigno, e lhe deu mercê perante o carcereiro...
E nenhum cuidado tinha o carcereiro de todas
as coisas que estavam nas mãos de José,
porquanto o Senhor era com ele, e tudo o que
ele fazia o Senhor prosperava (Gênesis 39.21-
23).

José era filho do chefe da nação de Israel, mas


tornou-se escravo e, mais tarde, prisioneiro. Em vez
de desanimar, ele decidiu voar nas alturas da
comunhão com Deus.
Por isso, no momento certo, Deus fez algo
extraordinário na vida de José. O rapaz tornou-se o
segundo em importância do reino mais poderoso da
época.
Ele tinha tudo para se entregar, se revoltar-se contra
Deus e tornar-se um homem amargo, rancoroso e
sedento de vingança.
Mas José escolheu ser águia. Ele sabia que o que
realmente fazia diferença, que determinava a vitória
ou o fracasso, a felicidade ou o desespero é a nossa
visão do poder de Deus para nos socorrer não
importa o que nos aconteça.

JOSUÉ E CALEBE
Depois, disse o Senhor a Moisés e a Arão:
Até quando sofrerei esta má congregação que
murmura contra mim?...
Neste deserto, cairá o vosso cadáver, como
também todos os que de vós foram contados
segundo o censo, de vinte anos para cima, os
que dentre vós contra mim murmurastes;
não entrareis na terra a respeito da qual jurei
que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho
de Jefoné, e Josué, filho de Num (Números
14.26-30 – grifo meu).

Calebe e Josué nasceram no Egito. Eram escravos.


Trabalharam nas construções do Faraó até à
exaustão. Quando Deus, pela mão de Moisés, tirou
o povo da escravidão do Egito, Calebe e Josué
estavam no meio.
Eles experimentaram a libertação do jugo de uma
escravidão de mais de quatro séculos. Eles
vivenciaram a liberdade de Israel após quatrocentos
e trinta anos. Testemunharam quando Moisés,
enviado por Deus, apareceu e enfrentou o Faraó.
Eles presenciaram as pragas que o Senhor enviou
aos egípcios; participaram da primeira Páscoa, viram
a morte dos primogênitos e saíram com o povo de
Israel em direção ao deserto. Eles também assistiram
ao mar Vermelho se abrir, passaram por ele em seco
e testemunharam a morte dos egípcios no meio do
mar.
Contudo não foi o que Josué e Calebe presenciaram
que os tornou diferentes em relação aos outros
israelenses. Todos os filhos de Israel viram o mesmo
que eles.
Então, o que fez de Josué e Calebe “águias” perante
o Senhor? Eles tiveram a visão certa. Perseveraram
em seguir ao Senhor, semearam esperanças e se
firmaram na promessa que Deus lhes havia feito.
Eles eram jovens ainda quando Moisés e o povo de
Israel chegaram na fronteira de Canaã, a terra
prometida. O povo de Deus havia sonhado com a
terra da liberdade. Agora, finalmente, haviam
chegado pertinho; bastava entrar e conquistar a
terra.
Moisés, inspirado por Deus, escolheu doze
príncipes, um de cada tribo, e os enviou para espiar
a terra. Josué e Calebe estavam entre eles. Os
espiões viram uma terra rica e maravilhosa.
Confirmaram a promessa que Deus lhes havia feito.
O Senhor os trouxera a uma terra que manava leite e
mel e produzia frutos enormes. Era a terra dos
sonhos, a terra que o Senhor lhes havia prometido e
da qual estavam pertinho!
Infelizmente, porém, dez espias voltaram tristes,
cabisbaixos e abatidos, com um relatório bem
pessimista. Vejamos o que a Bíblia nos relata em
Números 13.25-33:
Ao cabo de quarenta dias, voltaram de espiar a
terra...
Relataram a Moisés e disseram: Fomos à terra
a que nos enviaste; e, verdadeiramente, mana
leite e mel; este é o fruto dela.
O povo, porém, que habita nessa terra é
poderoso, e as cidades, mui grandes e
fortificadas; também vimos ali os filhos de
Anaque...
Não poderemos subir contra aquele povo,
porque é mais forte do que nós.
E, diante dos filhos de Israel, infamaram a
terra que haviam espiado, dizendo: A terra pelo
meio da qual passamos a espiar é terra que
devora os seus moradores; e todo o povo que
vimos nela são homens de grande estatura.
Também vimos ali gigantes (os filhos de Anaque
são descendentes de gigantes), e éramos, aos
nossos próprios olhos, como gafanhotos e
assim também o éramos aos seus olhos.

Os israelitas estavam tão perto de conquistar a terra!


Haviam passado por tantas provações, dificuldades,
guerras e, com o auxílio do Senhor, venceram todos
os obstáculos.
Agora, porém, estavam se considerando gafanhotos,
insetos... Gritavam de medo e incredulidade. Eles
haviam se esquecido das maravilhas e dos milagres
que o Senhor efetuara em favor deles.

Levantou-se, pois, toda a congregação e gritou


em voz alta; e o povo chorou aquela noite.
Todos os filhos de Israel murmuraram contra
Moisés e contra Arão...
E por que nos traz o Senhor a esta terra, para
cairmos à espada e para que nossas mulheres e
nossas crianças sejam por presa? Não nos
seria melhor voltarmos para o Egito?
E diziam uns aos outros: Levantemos um
capitão e voltemos para o Egito (Números 14.1-
4).

Aqueles dez espias, com medo da amplidão,


queriam voltar para o “quintal” do Egito, e continuar
a ser “galinhas”, escravos dos egípcios.
Aí, então, aparecem os “gigantescos” e
extraordinários Josué e Calebe.

E Josué, filho de Num, e Calebe, filho de


Jefoné, dentre os que espiaram a terra,
rasgaram as suas vestes e falaram a toda a
congregação dos filhos de Israel, dizendo: A
terra pelo meio da qual passamos a espiar é
terra muitíssimo boa.
Se o Senhor se agradar de nós, então, nos fará
entrar nessa terra e no-la dará, terra que mana
leite e mel (Números 14.6-8).
Josué e Calebe agiram assim baseados na fé que
tinham no Todo-Poderoso, no Deus que os tirara
com braço forte e maravilhas da terra da escravidão.
Josué e Calebe confiaram em Deus. Apesar das
terríveis circunstâncias e de a grande maioria do
povo ter se rendido ao medo e à incredulidade, eles
sabiam que Deus, que fora poderoso para libertar
Israel do domínio dos egípcios, era poderoso
também para fazê-los vencer todos os inimigos e
tomar posse da terra prometida. E foi essa atitude
extraordinária de Josué e Calebe que os fez receber
a promessa de Deus.

Calebe, uma águia de 85 anos, pronta para voar

Estou forte ainda hoje como no dia em que


Moisés me enviou; qual era a minha força
naquele dia, tal ainda agora para o combate,
tanto para sair a ele como para voltar.
Agora, pois, dá-me este monte de que o Senhor
falou naquele dia, pois, naquele dia, ouviste que
lá estavam os anaquins e grandes e fortes
cidades; o Senhor, porventura, será comigo,
para os desapossar, como prometeu.
Josué o abençoou e deu a Calebe, filho de
Jefoné, Hebrom em herança (Josué 14.11-13.)

Um homem com 85 anos pedindo um monte. Tem


jovem com 20 anos que pede: “Me dá uma planície
aí, estou cansado”. Um homem com 85 anos,
dizendo:
“Me dá um monte, eu quero uma montanha, pois
vou subir essa montanha e arrebentar com os
inimigos que estão lá.
“Eu tenho 85 anos e quero uma terra para os meus
filhos, para a minha geração. Dá-me este monte; dá-
me a montanha. Aquela montanha que
aparentemente não produz nada; difícil de ser
escalada e povoada por gigantes. Dá-me a
montanha!”
Diz a Bíblia que aquela montanha era habitada pelos
enaquins, os gigantes daquela época, os ancestrais
de Golias, aqueles gigantes guerreiros. A lança de
um deles pesava quatro quilos e meio. Guerreiros,
gigantes, cidades fortificadas em cima da montanha,
povo guerreiro. Nada disso fez com que Calebe
desanimasse. O seu olhar estava no Todo-Poderoso,
que prometera que daria aquela terra ao seu povo.
E Calebe diz a Josué:
“Eu quero a terra dos gigantes. O Senhor disse que
estará comigo. Eu subirei a montanha e derrotarei os
gigantes.”
Aí está a figura maravilhosa de Calebe; um perfeito
exemplo de águia.

Portanto, Hebrom passou a ser de Calebe, filho


de Jefoné, o quenezeu, em herança até ao dia
de hoje, visto que perseverara em seguir o
Senhor, Deus de Israel (Josué 14.14).

RAABE

De Sitim enviou Josué, filho de Num, dois


homens, secretamente, como espias, dizendo:
Andai e observai a terra e Jericó. Foram, pois,
e entraram na casa de uma mulher prostituta,
cujo nome era Raabe, e pousaram ali (Josué
2.1).
Raabe era uma prostituta; uma mulher marcada pela
vergonha. Mas ela foi uma das poucas mulheres
mencionadas na genealogia de Jesus. Por quê?
Como uma meretriz tornou-se merecedora de tal
honra?
Ela creu nas promessas do Senhor e pediu
misericórdia ao povo de Deus. Ela escondeu os
espias, protegeu-os e creu no Deus deles. Mas a
Bíblia mostra também que ela se tornou uma mulher
de fé. Ela também faz parte da galeria da fé:

Pela fé, Raabe, a meretriz, não foi destruída


com os desobedientes, porque acolheu com paz
aos espias (Hebreus 11.31).

Raabe, a meretriz antepassada de Jesus, nos faz


lembrar de muitas outras mulheres que, pela fé,
tiveram a vida restaurada, deixaram o quintal da
desonra e voaram rumo às alturas. Deixaram de ser
prostitutas ou desvairadas ou vazias e se tornaram
filhas do Rei dos céus e da terra.
JEFTÉ

Era, então, Jefté, o gileadita, homem valente,


porém filho de uma prostituta; Gileade gerara
a Jefté.
Também a mulher de Gileade lhe deu filhos, os
quais, quando já grandes, expulsaram Jefté e
lhe disseram:
Não herdarás em casa de nosso pai, porque és
filho doutra mulher.
Então, Jefté fugiu da presença de seus irmãos e
habitou na terra de Tobe; e homens levianos se
ajuntaram com ele e com ele saíam (Juízes
11.1-3).

Jefté fora rejeitado e aparentemente marcado pelo


destino para ser infeliz. Seu nascimento não estava
nos planos de nem um de seus pais. Pelo contrário,
representava um verdadeiro transtorno para eles.
Ainda no ventre materno, ele já carregava o estigma
de ser filho ilegítimo.
Essa marca deveria acompanhá-lo até o último dia
na face da terra.
Além de ser rejeitado pelos pais e pela sociedade,
Jefté viveu mais um momento difícil. Depois de
grande, ele foi expulso pelos irmãos. Os “filhos
legítimos” de Gileade expulsaram-no de casa. Os
moradores da cidade, movidos pelo preconceito,
nada fizeram para ajudá-lo.
E Jefté enveredou pelo caminho do crime. Formou
um bando com outros tão amargurados quanto ele.
Passou a ser um bandoleiro temido e violento.
Mas Jefté surpreendeu a todos. Não foi fácil, mas
ele perseverou, lutou, não aceitou a sentença que
estava sobre ele, mesmo antes de seu nascimento.
A situação de Jefté alterou-se radicalmente. De
bandido passou a ser herói nacional; de bandoleiro,
a juiz de Israel, com direito a figurar na seleta galeria
dos heróis da fé do Antigo Testamento (Hebreus
11.32).
Jefté rompeu as cadeias da rejeição e descobriu o
seu verdadeiro valor.
Apesar de seu passado, o coração de Jefté buscava
agradar a Deus. Mesmo sendo filho de uma
prostituta, tendo vivido como um bandido no
deserto, e sendo um pária para a sociedade, era um
homem de grande fé em Deus. Como Jabez, ele
orou ao Senhor:

... e Jefté proferiu todas as suas palavras


perante o Senhor, em Mispa (Juízes 11.11).

A vida de Jefté pode ser resumida pelos seguintes


versículos:

A pedra que os construtores rejeitaram, essa


veio a ser a principal pedra, angular;
isto procede do Senhor e é maravilhoso aos
nossos olhos (Salmos 118.22,23).

Em vez de se resignar com a limitação de um futuro


já definido pelas circunstâncias, Jefté voou rumo à
grandeza do Senhor. Ele se tornou um dos grandes
heróis de Israel; um general cujos feitos foram
contados através de gerações.

JABEZ

Foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; sua


mãe chamou-lhe Jabez, dizendo: Porque com
dores o dei à luz.
Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Oh!
Tomara que me abençoes e me alargues as
fronteiras, que seja comigo a tua mão e me
preserves do mal, de modo que não me
sobrevenha aflição! E Deus lhe concedeu o que
lhe tinha pedido (1 Crônicas 4.9,10).

A Bíblia conta que um menino, logo que nasceu,


recebeu um triste nome. Sua mãe, ao que parece,
quis transmitir para ele toda a revolta que pudesse
estar guardando. Talvez a criança carregasse algum
defeito físico. Pode ser que tenha nascido
prematuramente e não tinha muitas chances de
sobreviver. O que sabemos ao certo é que nem a
mãe daquele bebê acreditava que ele pudesse ser
alguma coisa na vida.
A Bíblia diz que a mãe deu-lhe o nome de Jabez. O
que significa Jabez?
A raiz hebraica para esse nome significa seco,
sequidão, dor, motivo da minha dor, causador de
sofrimento.
Jabez nasceu predestinado ao fracasso, em uma
época em que o nome tinha grande importância e
servia como uma profecia sobre o que a pessoa viria
a ser. Podemos dizer que Jabez nasceu com um dos
piores nomes. Aquele que causa dores, seco, árido?
O que a vida reservava para alguém com esse nome?
Mas, apesar de tudo, esse menino cresceu. Ele não
concordou com a maldição que havia em seu nome.
Ele não concordou com o que a mãe dissera a seu
respeito. Ele não aceitou a derrota. Não concordou
com o complexo. Não aceitou a frustração, a
revolta, a depressão. Jabez não alimentou no
coração o desejo de vingança.
Ele não ficou sentado, chorando:
“Ai, ai, sou seco, sou dor, sou causador de
desgraças. Coitado de mim.”
Não! Pelo contrário. Ele buscou a Deus. Ele
acreditou que Deus tinha planos melhores para sua
vida. Não encarou sua situação como sendo
inevitável e não se sentiu um pobre coitado. Ele
disse:
“Ah Deus, a minha mãe me amaldiçoou, o meu
nome é motivo de chacota na escola, mas, se o
Senhor me abençoar, ninguém me segura nesta
Terra. Não me importo se o meu nome é Jabez, não
me importa se a minha mãe não acreditou em mim.”
E ponto final. Ele tocou a vida.
Ele acreditou que Deus tinha planos melhores para
sua vida. Que o seu nome não importava, mas sim o
poder de Deus agindo através da fé que ele tinha no
Senhor todo-poderoso.
Jabez orou e...
“Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido”

• Jabez pediu bênçãos – e Deus o abençoou.


• Jabez pediu fronteiras largas – e Deus
alargou.
• Jabez pediu a mão de Deus – e Deus o
segurou.
• Jabez pediu proteção – e o Senhor o
protegeu.

MARIA

No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da


parte de Deus, para uma cidade da Galileia,
chamada Nazaré,
a uma virgem desposada com certo homem da
casa de Davi, cujo nome era José; a virgem
chamava-se Maria.
E, entrando o anjo aonde ela estava, disse:
Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é
contigo....
Maria, não temas; porque achaste graça diante
de Deus.
Eis que conceberás e darás à luz um filho, a
quem chamarás pelo nome de Jesus.
Este será grande e será chamado Filho do
Altíssimo... (Lucas 1.26-33).

Maria, a jovem escolhida para ser a mãe do


Salvador, era judia, íntegra e fiel a Deus; uma jovem
cheia de sonhos, de propósitos, de ideais, e estava
noiva. O Senhor, porém, a chamou para uma missão
“espinhosa”. Mas, quando o anjo apareceu e lhe
disse que ela engravidaria, Maria não resmungou
contra Deus, não murmurou, não blasfemou. Disse
apenas:

Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em


mim conforme a tua palavra... (Lucas 1.38.)

Ao falar isso, Maria sabia que corria um grande


perigo: seria abandonada pelo noivo; os pais iriam
expulsá-la de casa; poderia ser apedrejada em praça
pública, de acordo com a lei. Mas, como ela estava
no centro da vontade de Deus, o Senhor fez com
que tudo contribuísse para o bem dela.
Naqueles momentos terríveis de incertezas e medo,
Maria, com a visão correta do Todo-Poderoso, cita
umas das passagens mais lindas da Bíblia – o
Magnificat:
A minha alma engrandece ao Senhor,
e o meu espírito se alegrou em Deus, meu
Salvador,
porque contemplou na humildade da sua serva.
Pois, desde agora, todas as gerações me
considerarão bem-aventurada,
porque o Poderoso me fez grandes coisas.
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia vai de geração em geração
sobre os que o temem... (Lucas 1.46-55).

O Senhor cuidou de Maria. Deus mandou um anjo


dizer a José o que realmente estava acontecendo.

Mas José, seu esposo, sendo justo e não a


querendo infamar, resolveu deixá-la
secretamente.
Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe
apareceu, em sonho, um anjo do Senhor,
dizendo:
José, filho de Davi, não temas receber Maria,
tua mulher, porque o que nela foi gerado é do
Espírito Santo.
Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de
Jesus, porque ele salvará o seu povo dos
pecados deles...
Despertado José do sono, fez como lhe
ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua
mulher (Mateus 1.19-24).

José se casou com Maria. Depois que Jesus nasceu,


eles tiveram mais filhos. Mas ser a mãe do Messias
era algo muito pessado. Desde criança, Jesus já
mostrava que tinha um chamado. E Maria temia o
que poderia acontecer com seu filho. Creio que a
tentação de querer protegê-lo como uma “galinha”
faz com seus pintinhos era grande.
Maria, porém, desde o nascimento de Jesus,
“guardava” no coração todos os acontecimentos e
palavras relacionados ao seu filho, e meditava em
tudo. Ela sabia que Jesus viera ao mundo “para
tratar das coisas do Pai”.
Então, em vez de se acovardar ou tentar fazer com
que Jesus desistisse da sua missão, ela esteve com
ele – nos milagres (como em Caná da Galileia) e
durante sua crucificação e morte – “E junto à cruz
estavam a mãe de Jesus...” (João 19.25). Mesmo
depois que o Senhor Jesus voltou para o Pai, Maria
continuou seguindo os caminhos de Jesus Cristo:

Todos estes perseveravam unânimes em oração,


com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e
com os irmãos dele (Atos 1.14).

Hoje, Maria é reverenciada, honrada e amada. É um


exemplo para todos nós e um incentivo para sempre
obedecer a Deus, a despeito do que possa nos
acontecer.

A MULHER ENCURVADA

Ora, ensinava Jesus no sábado numa das


sinagogas.
E veio ali uma mulher possessa de um espírito
de enfermidade, havia já dezoito anos; andava
ela encurvada, sem de modo algum poder
endireitar-se.
Vendo-a Jesus, chamou-a e disselhe: Mulher,
estás livre da tua enfermidade;
e, impondo-lhe as mãos, ela imediatamente se
endireitou e dava glória a Deus (Lucas 13.10-
13).

Aquela mulher esteve enferma por dezoito anos.


Dezoito anos! Uma vida! Por dezoito anos, ela
andou encurvada, cabisbaixa, olhando para baixo,
para o chão, sem ver o Sol da alegria.
Mas, então, aconteceu algo que mudou toda a sua
existência. Ela ficou sabendo que Jesus estava
ensinando na sinagoga. Imediatamente, aquela
mulher foi em busca de Jesus. Estava cansada de
olhar para o chão, presa a uma vida indigna.
Aí, olhou para Jesus e para a misericórdia do
Senhor. Foi curada e, dando glórias a Deus, voltou
para viver como águia.
Conclusão
Viu como foi bom você ser desafiado? Como algo
novo e maravilhoso desponta para sua vida? A sua
vida é um reflexo de como você vê a pessoa do
Senhor Jesus Cristo.
Para os muçulmanos, Jesus é um dos profetas de
Alá, porém inferior a Maomé.
Para o hinduísmo, religião da maioria dos indianos,
Jesus é apenas alguém que se sacrificou a fim de
atingir um ideal, para alcançar a paz interior.
No budismo, Jesus é alguém que alcançou o nirvana
– estado de ausência total de sofrimento; nível de
paz, plenitude, sabedoria, quietude perpétua.
O espiritismo, por sua vez, considera Jesus, um
espírito que encarnou, desencarnou e está por aí.
Para os espíritas, Jesus é um espírito evoluído, como
tantos outros: Alan Kardec, Chico Xavier, Zé Arigó,
Dr. Fritz. Para o espiritismo, Jesus não é Deus, nem
Salvador, apenas alguém que alcançou o grau
máximo de perfeição.
Na Igreja Católica, Jesus é sempre mostrado
pregado em uma cruz, e isto é sempre lembrado,
principalmente na semana chamada santa, quando é
feito o enterro simbólico (descida da cruz). O lema
mundial da Igreja católica, infelizmente, tem sido
dar mais ênfase à Maria como serva sofredora do
que exaltar o Cristo ressurreto.
Por isso, nas mais diversas religiões, muitos têm
zombado do nome de Jesus, e quando não zombam,
o menosprezam. Por que muitas vezes os “santos”,
“profetas” e líderes religiosos não têm respeitado
Jesus?
Exatamente porque não têm uma visão da verdade e
do conhecimento desta verdade. O mundo insiste
em apresentar um Cristo morto, inerte. Contudo, o
Jesus verdadeiro é este que encontramos em
Apocalipse:

Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito


dos mortos e o Soberano dos reis da terra...
Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá,
até quantos o traspassaram. E todas as tribos
da terra se lamentarão sobre ele. Certamente.
Amém!
Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus,
aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-
Poderoso (Apocalipse 1.5-8).
Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do
trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo
número era de milhões de milhões e milhares de
milhares,
proclamando em grande voz: Digno é o
Cordeiro que foi morto de receber o poder, e
riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória,
e louvor.
Então, ouvi que toda criatura que há no céu e
sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e
tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que
está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o
louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos
séculos dos séculos (Apocalipse 5.11-13).

No quintal da minha casa havia uma galinha


d’angola. Se alguém corresse atrás dela, mesmo que
fosse uma criança, isso provocava o maior tumulto.
A pobre coitada fugia, desnorteada, gritando: “Tô
fraca, tô fraca, tô fraca...”
É próprio da natureza da galinha ser fraca, indefesa.
Sente-se facilmente ameaçada, com medo. Já lhe
ocorreu, leitor, que não existe águia d’angola? Não.
Não existe uma águia temerosa.
A águia é conhecida por sua intrepidez e coragem.
Ela não foge à luta. Não se acovarda. Não entrega
os pontos ante as circunstâncias adversas.
A águia é igualmente símbolo de liberdade. Não se
sujeita ao cativeiro. Morre, mas não fica presa.

Para a liberdade foi que Cristo nos libertou...


(Gálatas 5.1).

Nascemos em Cristo para voar. E voar alto. À


medida que os filhotes vão crescendo, a mãe águia
vai retirando primeiro as penas, depois o capim para
que os espinhos criem certo desconforto e eles
alcem voo.
Deus age da mesma forma conosco. Quando
estamos bem acomodados no nosso ninho, ele,
como águia, retira as penas, o capim, os gravetos e
permite que os espinhos nos incomodem para que
alcemos voo.
Quando chega o momento de o filhote aprender a
voar, a mãe põe-no na asa, sobe bem alto e, então,
se inclina, deixando-o escorregar. E lá vai o filhote
descendo todo atrapalhado. De repente, a mãe desce
como uma bala e se posiciona debaixo dele para que
pouse em suas asas. E repete esse ritual até que o
filhote aprenda a voar.
O Senhor nos sustenta...

Como a águia desperta a sua ninhada e voeja


sobre os seus filhotes, estende as asas e,
tomando-os, os leva sobre elas (Deuteronômio
32.11).

E, em caso de titubearmos, abriga-nos sob suas


potentes asas. Ele está sempre por perto para nos
socorrer. Suas asas são sempre o melhor e mais
seguro abrigo.
Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das
suas asas estarás seguro; a sua verdade é
escudo e broquel (Salmos 91.4 – ARC).

Creio que agora você tem uma resposta para sua


vida e irá passar a viver e a agir segundo esta
visão. Você será liberto de toda e qualquer visão
tacanha e mesquinha, exatamente por passar a ter
uma visão segundo os olhos de Deus.

Oração

Senhor,
Quero ser como uma águia, quero voar acima das
nuvens, quero habitar nas alturas.
Meu desejo é ser como desejas que eu seja.
Livra-me a mente da mediocridade; liberta-me da
visão tacanha, pequena e distorcida que tenho tido
de ti até então. Quero vê-lo como tu és; como o
Jesus ressurreto, poderoso que o apóstolo João
contemplou.
Renova a minha visão.
Abra-me os olhos para que eu possa contemplar
tua beleza e majestade.
Eu me declaro livre como águia de Deus para a
glória do Pai, do Filho e do Espírito.
Amém.
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