AP (História Uerj)
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Editores
Marilene Rosa Nogueira da Silva
Luciano Rocha Pinto
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Conselho Consultivo
André Porto Ancona Lopez
International Council of Archives (ICA, França)
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Edison Bariani Junior
Faculdade Santa Rita (FASAR) / Faculdade de Itápolis-SP (FACITA)
Sumário
O discurso historiográfico 6
Sobre os poderes locais no Brasil Colônia/Império
(Apresentando o dossiê, tramando uma discussão)
Luciano Rocha Pinto
Correições e provimentos 70
A ação dos ouvidores régios junto às câmaras municipais
(Ouvidoria de Paranaguá – século XVIII)
Jonas Wilson Pegoraro
Contribuições diversas
O discurso historiográfico
Sobre os poderes locais no Brasil Colônia/Império
(Apresentando o dossiê, tramando uma discussão)
1
ABREU, Capistrano de. Capítulos de História Colonial, 1500-1800. 7a ed. Belo Horizonte: Itatiaia;
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1988, p. 177.
2
REIS, José Carlos. Capistrano de Abreu (1907): O surgimento de um povo novo: o povo
brasileiro. Rev. Hist., São Paulo, n. 138, jul. 1998. Acesso: 4/1/2012.
3
ABREU, Capistrano de. Op. cit., nota no 98.
4
FAORO, Raimundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 3a ed. Porto
Alegre, Globo, 2001.
5
Ibidem, p. 212.
6
PRADO Jr. Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. – 23ª ed. – 7a reimpressão, São Paulo:
Brasiliense, 1942.
7
RICUPERO, Bernardo. Sete loções sobre as interpretações do Brasil. São Paulo: Alameda, 2008, p.
138.
8
PRADO Jr. Caio. Op. cit., p. 313.
9
Ibidem, p. 316-319.
10
VIANA, Oliveira.Populações Meridionais do Brasil. In: Interpretes do Brasil. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 2a ed. 2002, pp. 1174-1175.
11
Ibidem, p. 1038.
12
HOLANDA, Sérgio Buarque (Dir.). História geral da civilização brasileira: 1 – O processo de
emancipação. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993, pp. 24-25.
13
Ibidem.
14
ZENHA, Edmundo. O Município no Brasil (1532-1700). São Paulo: Instituto Progresso Editorial, 1948.
15
Sobre a questão do direito romano e a construção do direito moderno ocidental confira: KRITSCH,
Raquel. Rumo ao Estado Moderno: as raízes medievais de alguns de seus elementos formadores. Rev.
Sociologia Política, Núm. 23, Curitiba, nov. 2004, pp. 103-114.
In:<http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n23/24625.pdf> Acesso em: 19/05/2013;
STRAYER, J. As origens medievais do Estado Moderno. Lisboa: Gradiva, s/d.;
DAL RI JÚNIOR, Arno (Org.). Ordenamentos Jurídicos e a dimensão da justiça na experiência
jurídica moderna e contemporânea: Diálogos entre História, Direito e Criminologia (Anais Encontros
de História do Direito da UFSC). Florianópolis: Editora Fundação Boiteux, s/d.;
16
Ordenações Filipinas, Livro I, título 66, nota 1.
17
Cf. FREIRE, Pascoal José de Melo, 1738-1798. Institutionum juris criminalis lusitani ... liber
singularis. Typographia Regalis Academiae Scientiarum Olisiponensis, 1794. In: <
http://bibdigital.fd.uc.pt/C-11-9/C-11-9_item2/index.html> (Acesso em 19/05/2013). Idem. Codigo
criminal intentado pela Rainha D. Maria I. Segunda edição / corrector: Francisco Freire de Mello.
Lisboa: Typographo Simão Thaddeo Ferreira, 1823. In: <http://bibdigital.fd.uc.pt/C-16-8/C-16-
8_item1/index.html> (Acesso em 19/05/2013).
18
ZENHA, Edmundo. Op. cit., p. 38.
19
BOXER, Charles R. O Império colonial português (1415-1825). Lisboa: Edições 70, 1981, p. 305.
20
Ibidem, p. 308.
21
PECHMAN, Robert Moses. Cidades estreitamente vigiadas: o detetive e o urbanista. Rio de Janeiro:
Casa da Palavra, 2002, p. 69.
22
A publicação, de 2003, é o resultado de sua tese de doutorado, defendida na USP em 1997.
23
BICALHO, Maria Fernanda. A cidade e o império: o Rio de Janeiro no século XVIII. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2003.
24
Idem. “As Câmaras ultramarinas e o governo do Império”.In FRAGOSO, João; BICALHO, Maria
Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima (Orgs.). O Antigo Regime nos Trópicos: a dinâmica imperial
portuguesa (séculos XVI-XVIII).Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
25
Ibidem, p. 198.
26
Segundo a Carta Régia de 1º de junho de 1490, aqueles cidadãos não poderiam ser “metidos a
tormentos por nenhuns malefícios que tenham feito”; não poderiam “ser presos por nenhum crimes,
somente sobre suas homenagens (...) e que possam trazer e tragam quais e quantas armas lhes prouver
de noite e de dia”; também não deveriam ser “constrangidos para haverem de servir em guerras, nem
outras idas por mar, nem por terra (...) nem lhes tomem suas casas de moradas, adegas, nem cavalariças,
nem suas bestas de sela nem de albarda, nem outra nenhuma cousa do seu contra suas vontades.” AHU,
Rio de Janeiro, Documentos Catalogados por Castro e Almeida, N. 334. In: Ibidem, nota 18.
27
Idem. “O que significa ser cidadão nos tempos coloniais”. In:ABREE, Marilia; SOIHET, Rachel.
Ensino de História: conceitos, temáticas e metodologia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, FAPERJ,
2001, p. 139.
28
GOUVÊA, Maria de Fátima Silva. “Redes de poder na América Portuguesa: O caso dos homens bons
do Rio de Janeiro, ca. 1790-1822”. Rev. bras. Hist., 1998, vol.18, no.36, p.297-330. ISSN 0102-0188.
nota 19.
29
LYRA, Maria de Lourdes Viana. A utopia do poderoso império. Portugal e Brasil: bastidores da
política – 1798-1822. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1994. MELLO, Evaldo Cabral de. A fronda dos
Mozambos. Nobres contra mascates. Pernambuco (1666-1715). São Paulo: Cia. Das Letras, 1995.
30
GOUVÊA, Maria de Fátima Silva. O Império das Províncias: Rio de Janeiro, 1822-1889. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2008, p. 22.
31
SOUZA, Iara Lis Carvalho. “A adesão das Câmaras e a figura do Imperador”. Rev. Bras. Hist., 1998
vol.18, no.36 pp. 367-394. ISSN 0102-0188.
32
Idem. Pátria Coroada: o Brasil como corpo político autônomo (1780-1831). São Paulo: Fundação
Editora da Unesp, 1999, pp. 143-146.
33
WEHLING, Arno e Maria José. Direito e Justiça no Brasil Colonial – O Tribunal da Relação do Rio
de Janeiro (1751-1808). Rio de Janeiro: Renovar, 2004,p. 37.
34
“Desde a Idade Média a apelação tinha o caráter de recurso contra a sentença definitiva dada por um
juiz. Já o agravo consistia em reação ao despacho de juiz contrário ao interesse da parte, mas sem o
caráter de sentença definitiva. Ambos os instrumentos recursais mantém, na tradição jurídica luso-
brasileira, estas características até o presente” (Ibidem,p. 83-84).
35
Antes de Lei de 1828 as atribuições das câmaras estavam definidas nas Ordenações Filipinas, Livro I, título 65.
36
ALMEIDA, Cândido Mendes. Ordenações Filipinas. Comentadas por Cândico Mendes de almeida
(Volume 1).Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1985, p. XXIX.
37
Cf. CABRAL, Oswaldo Rodrigues. Organização das justiças na colônia e no Império e a história da
comarca de Laguna. Porto Alegre: EGST, 1955, p. 15-16. LEAL, Aurelino. “História Judiciária”.In:
Dicionário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (Volume 1).Rio de Janeiro: Imprensa
Nacional, 1922, pp. 1107ss. GARCIA, Rodolfo. Ensaio sobre a história política e administrativa do
Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956, p. 95.
38
No século XVIII cada capitania possuía apenas uma comarca, exceto Minas Gerais e Bahia, com
quatro comarcas, e São Paulo e Pernambuco com três. Cf. PRADO JR., Caio. Op. cit., p. 306.
39
ROSSATO, Jupiacy Affonso Rego. Os Negociantes de Grosso Trato e a Câmara Municipal do Rio de
Janeiro: estabelecendo trajetórias de poder. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro,
2006 (Tese de doutorado).
40
Ibidem, p. 28-29.
41
MACHADO, Roberto; LOUREIRO, Ângela; LUZ, Rogério; MURICY, Kátia. Danação da norma: a
medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1978.
42
COSTA, Jurandir Freire. Ordem Médica e a norma familiar. Edições Graal, 1979.
43
Ibidem, p. 12.
44
MACHADO, Roberto; LOUREIRO, Ângela; LUZ, Rogério; MURICY, Kátia. Op. cit., pp. 106-122.
U
ma das funções das câmaras era gerir o patrimônio da Coroa. Para
isso, arrecadavam impostos para assim utilizar estes recursos nas
suas obrigações financeiras. Variavam bastante os tipos de
impostos geridos pelas câmaras, mas, em geral, os tributos mais
importantes como o Dízimo e a Dízima da Alfândega eram administrados
diretamente pela Fazenda Real através da provedoria. Já as arrecadações
que competiam às câmaras eram arrendadas a particulares, através do
sistema de arrematação de contratos, onde em hasta pública os contratos
eram arrematados ao contratador que desse o maior lance.
Para as câmaras que administravam contratos importantes, as
rendas advindas da arrematação eram parte importante na formação do
seu patrimônio. Uma série de pagamentos era feita a partir de consignações
desses contratos, de modo que a renda era direcionada para um pagamento
específico. Assim, muitas vezes era através da administração dessas rendas
que as câmaras conseguiam dar conta dos seus principais compromissos
financeiros. Para a Câmara de Olinda, a administração de contratos era de
importância vital na formação das rendas do conselho. Apesar de não
dispormos de informações precisas sobre as rendas da câmara, percebe-se a
importância dos contratos pelo fato de as despesas mais volumosas serem
pagas a partir das rendas desses contratos. Some-se a isso o fato de que
quando a câmara queixava-se da falta de recursos justificava-se sempre
pelas baixas nos contratos que administrava.
A administração desses contratos durou até 1727, quando a Coroa
resolve tirar da Câmara de Olinda a prerrogativa de arrecadar impostos,
passando-se a administrá-los e arrematá-los através da provedoria. É
interessante observar que essa perda da administração dos contratos não
ocorreu só em Olinda. Na verdade, a partir da primeira década do século
XVIII várias câmaras da América portuguesa perderam tal prerrogativa,
em geral devido à má gestão dos recursos arrecadados. Apesar do caso da
Câmara de Olinda ser bastante específico e particular, podemos enquadrá-
lo entre as ações gerais da Coroa no sentido de uma maior interferência nos
poderes locais, tentando reduzir a autonomia da instituição. Essas ações
vão desde a criação do cargo de juiz de fora (ofício de nomeação régia e
que atuava como presidente das câmaras) em fins do século XVII até a
questão, que presentemente examinamos, da interferência na gestão dos
recursos administrados pelas câmaras.
Na capitania da Paraíba bem cedo se começou a tirar da câmara a
administração de contratos. Em 1705, o contrato do subsídio do açúcar que
6 BARBALHO, Luciana de Carvalho. Capitania de Itamaracá, poder local e conflito. Op. cit. p. 52.
7 Carta dos oficiais da Câmara de Goiana ao rei D. João V, sobre a ordem recebida para passar
os contratos administrados por aquele senado para a Fazenda Real daquela capitania. 30 de
junho de 1729. AHU_ACL_CU_015, Cx. 38, D. 3458; Carta do governador de Pernambuco,
Duarte Sodré Pereira Tibão, ao rei D. João V, sobre a representação dos oficiais da câmara de
Itamaracá, pedindo a restituição da administração dos contratos de açúcar, tabaco e carnes,
que passaram para a Provedoria da Fazenda. 13 de agosto de 1731. AHU_ACL_CU_015,
Cx.41, D. 3729.
8 Carta dos oficias da Câmara de Goiana ao rei D. João V, sobre a construção ou reparação das
América Portuguesa. Tese de Doutorado. São Paulo: USP, 2002, pp. 210-213.
10 Ibidem, pp. 214-215.
15MELLO, Evaldo Cabral de Mello. A fronda dos mazombos: Nobres contra mascates,
Pernambuco 1666-1715. São Paulo: Editora 34, 2003. p. 82; ANDRADE, Gilberto Osório de.
Montebelo, os Males e os Mascates: contribuição para a história de Pernambuco na segunda
metade do século XVII. Recife: UFPE, 1969.p. 120
16MELLO, Evaldo Cabral de Mello. A fronda dos mazombos. Op. cit. p. 83.
17ANDRADE, Gilberto Osório de. Montebelo, os Males e os Mascates. Op. cit. p. 119.
18Sobre outros problemas nas contas da Câmara de Olinda nas primeiras décadas do século
XVIII: LISBOA, Breno Almeida Vaz. Uma elite em crise: a açucarocracia de Pernambuco e a
Câmara Municipal de Olinda nas primeiras décadas do século XVIII. Recife: UFPE, 2011.
Dissertação de Mestrado.
19Informação Geral da Capitania de Pernambuco (1749). pp. 143-144.
20Sobre a oposição entre a nobreza de Olinda e Castro e Caldas: MELLO, Evaldo Cabral de
21 Carta do Conselho a Vossa Majestade sobre se tirar à câmara a administração dos contratos.
12 de maio de 1713. Consultas do Conselho Ultramarino. Pernambuco e outras capitanias.
(1712-1716). V. 98, pp. 194-197. DHBN.
22 Carta (2ª via) do governador da capitania de Pernambuco, Félix José Machado de Mendonça
Eça Castro e Vasconcelos, ao rei D. João V, sobre a ordem para ter cuidado com os conluios já
ocorridos nas arrematações dos contratos daquela praça. 14 de setembro de 1713.
AHU_ACL_CU_015, Cx. 25, D. 2312.
23 Carta o ouvidor de Pernambuco João Marques Bacalhau informando Vossa Majestade que
prendeu o tesoureiro da Câmara de Olinda por não ter dado logo conta do seu rendimento.
Traz a resolução do Conselho sobre o assunto. 1 de fevereiro de 1713. Consultas do Conselho
Ultramarino. Pernambuco e outras capitanias. (1712-1716). V. 98, pp. 159-164. DHBN.
24 Ibidem, p. 162.
25Carta o ouvidor de Pernambuco João Marques Bacalhau informando Vossa Majestade que
prendeu o tesoureiro da Câmara de Olinda por não ter dado logo conta do seu rendimento.
Traz a resolução do Conselho sobre o assunto. 1 de fevereiro de 1713. Consultas do Conselho
Ultramarino. Pernambuco e outras capitanias. (1712-1716). V. 98, p. 163. DHBN.
26 Sobre as tensões em Pernambuco nas décadas após a Guerra dos Mascates: LISBOA. Breno
arrematação do subsídio dos vinhos. 28 de janeiro de 1686. Cartas, Provisões e Ordens régias
de Olinda. APEJE.
30Carta o ouvidor de Pernambuco João Marques Bacalhau informando Vossa Majestade que
prendeu o tesoureiro da Câmara de Olinda por não ter dado logo conta do seu rendimento.
Traz a resolução do Conselho sobre o assunto. 1 de fevereiro de 1713. Consultas do Conselho
Ultramarino. Pernambuco e outras capitanias. (1712-1716). V. 98, p. 196. DHBN.
31 Ibidem, p. 197.
36 Termo usado por Evaldo Cabral de Mello para designar a história da capitania de
Pernambuco após a expulsão dos holandeses, ou seja, a grosso modo a segunda metade do
século XVII.
37 Carta (1ª via) do governador da capitania de Pernambuco, Félix José Machado de Mendonça
Eça Castro e Vasconcelos, ao rei D. João V, sobre o pagamento que fez aos soldados através da
dízima e pedindo que, no caso da falta do pagamento dos contratos da câmara, ele possa
suprir os provimentos dos ditos soldados na forma que o fez. 22 de dezembro de 1713.
AHU_ACL_CU_015, Cx. 26, D. 2383.
38 Idem; Carta do governador de Pernambuco Félix José Machado de Mendonça a Vossa
Majestade sobre se pagar aos soldados pela dízima quando falte o pagamento dos contratos
da câmara. 26 de abril de 1714. Consultas do Conselho Ultramarino. Pernambuco e outras
capitanias (1712-1716). Vol. 98, pg. 216-217. DHBN.
39 Vasco Fernandes César de Menezes. Para o Senado da Câmara de Olinda. 18 de julho de
1721. Pernambuco e outras capitanias do norte. Cartas e ordens. (1717-1727) V. 85, p. 66.
DHBN.
43 Carta dos oficias da câmara de Olinda ao rei D. João V, sobre os conflitos de jurisdição com
o governador da dita capitania, D. Manoel Rolim de Moura, na administração dos contratos.
22 de agosto de 1725. AHU_ACL_CU_015, Cx. 32, D. 2962.
44 DHBN, V. 99, pp. 231-235. Doc. cit.
48 Carta dos oficiais da câmara de Olinda ao rei D. João V, informando que desde o mês de
agosto o contrato do açúcar foi posto em praça para ser arrematado e até então não chegou
lance maior do que o do ano passado. 16 de dezembro de 1723. AHU_ACL_CU_015, Cx. 30, D.
2704.
49 Carta do governador da capitania de Pernambuco, D. Manoel Rolim de Moura, ao rei D.
João V, sobre a seca que assola a capitania e que o subsídio do contrato das carnes não cobrirá
as despesas do pagamento das Companhias de Infantarias, tendo que ser utilizado o do
açúcar. 17 de dezembro de 1723. AHU_ACL_CU_015, Cx. 30, D. 2705; Carta do governador de
Pernambuco, Dom Manuel Rolim de Moura, a Vossa Majestade sobre o contrato do açúcar. 22
de setembro de 1724. Consultas do Conselho Ultramarino. Pernambuco e outras capitanias
(1716-1727). V. 99, pp. 208-209. DHBN
50 Registro de carta de Sua Majestade para a câmara no que manda usarem de via ordinária
para cobrar o subsídio do tabaco das Alagoas e Rio de São Francisco. 8 de novembro de 1689.
Cartas, provisões e ordens régias de Olinda. APEJE.
53 Carta dos oficiais da Câmara de Olinda ao rei D. João V, sobre a ordem para se arbitrar as
pipas de vinhos consumidas pelos conventos de religiosos da capitania de Pernambuco. 14 de
setembro de 1726. AHU_ACL_CU_015, Cx. 34, D. 3144.
54 Requerimento do prepósito da Congregação do Oratório do Recife, padre Francisco
Monteiro, ao rei D. João V, pedindo suspensão da ordem que alterou as antigas provisões,
pela qual se estabeleceu o não pagamento do direito dos vinhos necessário para o consumo de
seus conventos. Anterior a 8 de janeiro de 1729. AHU_ACL_CU_015, Cx. 38, D. 3383.
55 Lista das cartas enviadas pela câmara de Olinda ao rei D. João V, referentes ao ano de 1712.
56Idem.
57 CAETANO. Antonio Felipe Pereira. Entre a sombra e o sol – A revolta da cachaça, a freguesia
de São Gonçalo de Amarante e a crise política fluminense. (Rio de Janeiro, 1640 – 1667)
Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: UFF, 2003.
58 ALGRANTI, Leila Mezan. “Aguardente de cana e outras aguardentes: por uma história da
guerra no tráfico angolano de escravos”. In: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda
Batista; GOUVÊA, Maria de Fátima (Orgs.). O antigo regime nos trópicos: a dinâmica imperial
portuguesa (séc. XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, pp. 348-349. Segundo
tal autor em fins do século XVII Pernambuco era o segundo maior exportador de cachaça para
Angola, perdendo apenas para a Bahia. Neste mesmo período parece ter havido problemas
com este comércio entre Pernambuco e Angola, já que a Coroa impôs uma ordem para que
não se mandassem aguardentes desta capitania para Angola. A Coroa justificava a ordem
dizendo que seria por conta “dos danos que causa com as mortes na infantaria” em Angola. Já
que o fim desse comércio acarretaria a diminuição no valor do respectivo contrato, a Câmara
de Olinda reclamou contra tal ordem, pedindo que fosse suspensa. Registro de carta de Sua
Majestade aos oficiais da câmara em que manda se observe inviolavelmente a ordem que
mandou passar de não haverem aguardentes para Angola. 5 de outubro de 1690. Cartas,
provisões e ordens régias de Olinda. APEJE.
60 CAETANO. Antonio Felipe Pereira. Entre a sombra e o sol. Op. cit.
61SILVA, Kalina Vanderlei. O Miserável Soldo e a Boa Ordem da Sociedade Colonial. Militarização e
2002.p. 330.
63 CARTA (1ª via) do governador da capitania de Pernambuco, D. Manoel Rolim de Moura, ao
rei D. João V, sobre a insubordinação dos Terços de Recife e Olinda por falta de pagamento de
soldos de um ano e meio, e as medidas tomadas para pacificar o movimento remunerando os
ditos soldados a fim de retornarem para suas praças e fortalezas. 12 de agosto de 1726.
AHU_ACL_CU_015, Cx. 34, D. 3114.
64 Carta para o provedor da fazenda de Pernambuco. 23 de setembro de 1726. Cartas e ordens.
Pernambuco e outras capitanias do Norte. (1717-1727). Vol. 85, pg. 238-239. DHBN; Carta
para o governador de Pernambuco Dom Manuel Rolim de Moura. 23 de setembro de 1726.
Cartas e ordens. Pernambuco e outras capitanias do Norte. (1717-1727). Vol. 85, 239-240.
DHBN.
65 Carta do governador de Pernambuco, Dom Manuel Rolim de Moura, informando Vossa
Majestade que os dois terços do Recife e Olinda se sublevaram por não terem recebido soldo. 2
de maio de 1727. Consultas do Conselho Ultramarino. Pernambuco e outras capitanias. (1716-
1727). Vol. 99, pp. 254-259. DHBN.
Pernambuco. Juiz de Fora: UFJF, 2009, p. 228; Informação Geral da Capitania de Pernambuco
(1749). Publicado em 1908 no V. XXVIII dos Anais da Biblioteca Nacional, p. 170.
69 Provisão do rei D. João V ordenando que se entregue à câmara de Olinda a administração
Referências bibliográficas
ALGRANTI, Leila Mezan. “Aguardente de cana e outras aguardentes: por uma história da
produção e do consumo de licores na América Portuguesa”. In: VENÂNCIO, Renato Pinto;
CARNEIRO, Henrique. Álcool e drogas na história do Brasil. São Paulo: Alameda; Belo
Horizonte: PUCMinas, 2005.
ANDRADE, Gilberto Osório de. Montebelo, os Males e os Mascates: contribuição para a
história de Pernambuco na segunda metade do século XVII. Recife: UFPE, 1969.
BARBALHO, Luciana de Carvalho. Capitania de Itamaracá, poder local e conflito: Goiana e
Nossa Senhora da Conceição (1685-1742). Dissertação de Mestrado. João Pessoa: UFPB, 2009.
BOXER, Charles R. O império marítimo português. 1415-1825. São Paulo: Companhia das
Letras, 2002.
CAETANO. Antonio Felipe Pereira. Entre a sombra e o sol – A revolta da cachaça, a freguesia
de São Gonçalo de Amarante e a crise política fluminense. (Rio de Janeiro, 1640 – 1667)
Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: UFF, 2003.
CARRARA, Ângelo Alves. Receitas e despesas da Real Fazenda no Brasil: Minas Gerais,
Bahia, Pernambuco. Juiz de Fora: UFJF, 2009.
FERREIRA, Roquinaldo. “Dinâmica do comércio intra-colonial: geribitas, panos asiáticos e
guerra no tráfico angolano de escravos”. In: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda
Batista; GOUVÊA, Maria de Fátima (Orgs.). O antigo regime nos trópicos: a dinâmica imperial
portuguesa (séc. XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
LISBOA, Breno Almeida Vaz. Uma elite em crise: a açucarocracia de Pernambuco e a Câmara
Municipal de Olinda nas primeiras décadas do século XVIII. Recife: UFPE, 2011. Dissertação
de Mestrado.
Introdução
C
onhecido por bandeirantes desde o início da colonização da
América, ocupado por exploradores em 1725, quando se fundou o
arraial de Sant’Ana, e desmembrado da Capitania de São Paulo, em
1749, Goiás entra na história como as Minas dos Goyazes 2. Especializada na
produção do ouro, no interior da hierarquia econômica organizada no
Brasil, as minas e, mais tarde, Capitania de Goiás, funcionavam como uma
espécie de colônia dentro da colônia, onde os alimentos e todos os demais
produtos necessários para a manutenção da vida provinham das capitanias
litorâneas: constituíam assim um território economicamente dependente,
principalmente dos comerciantes vindos da Bahia, Rio de Janeiro e São
Paulo.
De um dinamismo populacional considerável, afluiu para Goiás
uma verdadeira multidão. Dados coligidos por Luiz Palacin indicam que
apenas dez anos após o início da mineração haviam se instalado em Goiás
cerca de 20.000 pessoas, abrindo caminhos, fundando núcleos urbanos e
pontos de mineração, pondo em atividade parte significativa de seu imenso
território3. Em 1750, sua população girava em torno de 40.000 habitantes.
Em 1781, de acordo com informações do então governador Luis da Cunha
Meneses, havia em Goiás 58.829 habitantes e, em 1783, 59.287 pessoas 4.
Dados coligidos por nós, a partir de um mapa elaborado pelo governador
Tristão da Cunha Meneses em 1792, indicam uma população de 60.428
habitantes, apontando para um índice populacional ainda crescente,
embora em ritmo mais lento, mesmo na última década do século XVIII 5.
Constituída no centro de uma rede de arraiais, Vila Boa de Goiás
concentrava, em 1792, mais de 22% da população da capitania, com 13.312
habitantes, sendo 8.840 homens e 4.472 mulheres. Espaço institucional,
político e administrativo, a Câmara Municipal, com sede em Vila Boa,
acumulava as atribuições de duas áreas de fundamental importância, da
mesma forma que suas congêneres no reino português. Como confirma
Nuno Gonçalo Monteiro a respeito das Câmaras municipais de Portugal,
2 PALACIN, Luiz. O século de ouro em Goiás 1722 – 1822: Estrutura e conjuntura numa capitania de
minas. Goiânia: UCG, 2001, p. 27.
3 PALACIN, Luiz; MORAES, M. A. História de Goiás (1722-1972). Goiânia: UCG, 2001, p. 30-31.
4 PALACIN, Luiz, O século de ouro em Goiás,op. cit., p. 77.
5 Sobre o tema ver LEMES, F. L. Goiás dans l´empire oceanique portugais. Pouvoir politique et réseau
Para além dos limites de Vila Boa – único núcleo urbano com o
título de “vila” em Goiás ao longo de todo o século XVIII – assistimos a
expansão de uma rede de arraiais onde o poder da Câmara Municipal se
impôs sobre os vários aspectos da vida urbana. Por exemplo, a prática de
sobrecarregar os habitantes com gastos associados a serviços que
atendessem ao bem comum, estabelecendo taxas, donativos ou
contribuições voluntárias, permitia aos oficiais da Câmara de Vila Boa a
ampliação dos limites de sua autonomia sobre os espaços da cidade.
Estudando a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Maria Fernanda
Bicalho demonstrou a existência da prática de impor novos tributos em
função da defesa de territórios contra invasores, custeando o reparo de
tortuosos pelos quais passou a documentação municipal. Como sabemos parte significativa
das câmaras não contavam com juízes ordinários alfabetizados, e muitos deles, até as décadas
iniciais do século XIX, ainda assinavam “de cruz”, sendo possível que muitas deliberações
nunca tenham chegado a assumir a forma escrita. Cf. MONTEIRO, N. G. Os concelhos e as
comunidades, op. cit., p. 316.
Rio de Janeiro, 1870. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1990, Livro I, Título LXVI,
Parágrafos 40-43.
acesso a títulos militares por parte dos membros das Câmaras em toda a América portuguesa.
Embora sem dispormos de dados concretos a respeito de Vila Boa de Goiás, é perceptível a
presença de membros das ordenanças ocupando cargos na Câmara Municipal. Para o Rio de
Janeiro, Gouvêa (1998, p. 310) chega a afirmar que os dados compulsados demonstram que
cerca 72,8% dos oficiais camarários, entre 1790 e 1822, tiveram acesso a títulos militares. Cf.
O direito de almotaçaria
foi usada, desde o período medieval, tanto em sentido geral quanto particular, para designar a
instituição ou suas atribuições e as atividades correntes do almotacé e, mais tarde, da câmara
em relação ao abastecimento das cidades. Almotaçar correspondia a fiscalizar o comércio,
garantindo que todos pudessem desfrutar de alimentos encontrados no mercado, racionando
ou tabelando quando necessário. Foi este o sentido que chegou até o século XIX, quando a
almotaçaria era entendia como qualquer espécie ou tipo de tabelamento de preços. Idem, p.
372 e 391.
24 O termo almotacé nos parece bastante incomum, sendo conseqüência de uma adaptação para
a língua portuguesa do nome original em árabe. O nome só teria sido latinizado, no Brasil,
durante o século XIX. Idem, p. 392.
25 Idem, p. 373.
26 PEREIRA, M. R. M. O direito de almotaçaria. In: PEREIRA, M. R. M; NICOLAZZI, N. Frehse
(Orgs.). Audiências e correições dos almotaçés (Curitiba, 1737 a 1828). Curitiba: Aos Quatro
Ventos, 2003, p. 7.
27 BOAVENTURA, D. M. R. Arquitetura religiosa de Vila Boa de Goiás no século XVIII. 2001. 135 f.
Dissertação Mestrado em Arquitetura e Urbanismo/Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2001, p. 42.
28 TEIXEIRA, M. C.; VALLA, M. O urbanismo português. Lisboa: Livros Horizonte, 1999, p. 254.
29 Provisão do rei D. João V, ao governador e capitão-general de São Paulo, conde de Sarzedas,
ordenando-lhe que passe às Minas de Goiás e nelas determine o lugar mais adequado para a
criação de uma vila. Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), Conselho Ultramarino (CU), Cx.
1, D. 25. Lisboa, 11 de fevereiro de 1736.
30 DELSON, R. M. Novas vilas para o Brasil-colônia. Brasília: Alva-Ciord, 1997, p. 31.
31 BOAVENTURA, D. M. R. Arquitetura religiosa de Vila Boa de Goiás no século XVIII, op. cit., p.
34.
32 Ibid.
33 NICOLLAZI JÚNIOR., N. F. O almotacé na Curitiba colonial. In: PEREIRA, M. R. M;
NICOLLAZI JÚNIOR., N. F (Orgs.). Audiências e correições dos almotaçés (Curitiba, 1737 a 1828).
Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2003, p. 52.
34 PEREIRA, M. R. M. De árvores e cidades. In: SOLLER, M. A.; MATOS, M. I. A cidade em
notáveis da Capitania de Goyaz. In: TELES, J. M. Vida e Obra de Silva e Souza. Goiânia: UFG,
1998, p. 99.
36 PEREIRA, M. R. M. De árvores e cidades, op. cit., p. 19.
40 BERTRAN, P. Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: UGC/UFG; Brasília: Solo
Editores, 1996, p. 59.
41 LRSC, 1795, f. 172v.
42 NICOLLAZI JÚNIOR., N. F. O almotacé na Curitiba colonial, op. cit., p. 71.
43 MONTEIRO, N. G. Os concelhos e as comunidades, op. cit., p. 319.
44 Idem, p. 320
45 Ibid.
76 Nas fontes pesquisadas, a referência à atividade agrícola e pecuária em Goiás são muito
freqüentes. Mas, de acordo com Luiz Palacin (2001, p. 141), dois graves obstáculos impediam o
bom andamento da agricultura: o desprezo dos mineiros pela atividade do campo e a
legislação fiscal, que confiscava boa parte da produção local, desestimulando as iniciativas por
parte de eventuais produtores locais. Quando o governador José de Vasconcelos pediu a
opinião da Câmara de Vila Boa sobre as causas do pouco avanço da atividade agrícola na
capitania, a resposta foi direta: os dízimos. Os dízimos estiveram enraizados nas causas do
fracasso de todas as tentativas de vitalizar a agricultura e a pecuária em Goiás Colonial.
PALACIN, L. O século do ouro em Goiás, op. cit., 143.
77 FURTADO, J. F. Homens de Negócios – A interiorização da metrópole e do comércio nas Minas
Referências bibliográficas
U
m dos instrumentos utilizados pela Coroa lusitana para solidificar
e centralizar o poder monárquico foi a constituição e promulgação
das Ordenações do reino (Afonsinas em 1446, Manuelinas em 1512-
13 e Filipinas em 1603). Nestas leis, entre outros temas, foram definidas as
atribuições do ouvidor. Também foram descritas as funções que deveriam
Tal ouvidor era Rafael Pires Pardinho, que no final do século XVII
fora aprovado no Desembargo do Paço para exercer a magistratura.
2 O nome provimento deriva da fórmula utilizada pelo ouvidor para registrar suas
recomendações. Assim, sobre dado assunto indicava-se que o ouvidor “proveu” tais medidas
(fez provisão); ou seja, determinava quais providências haviam de ser adotadas sobre o
assunto em pauta.
3 Carta do ouvidor-geral de São Paulo Rafael Pires Pardinho ao Rei D. João V, 30 de agosto de
1721. Em: SANTOS, Antonio Cesar de Almeida; PEREIRA, Magnus Roberto de Mello. Para o
Bom Regime da República: ouvidores e câmaras municipais no Brasil colonial. Monumenta,
inverno 2000, Curitiba: Aos Quatro Ventos, v. 3, n. 10, 2001, pp. 21-26. p. 21.
4 Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT). Leitura de Bacharéis – Rafael Pires Pardinho.
Ano: 1700. Maço: 02. Número: 27. ANTT. Registro Geral de Mercês. Cota: Dom João V, Livro 8,
folha 501. A ata de posse do ouvidor Rafael Pires Pardinho junto ao Senado da Câmara
Municipal de São Paulo, data de 25 de setembro de 1717. Em: TAUNAY, Afonso E. História da
villa de São Paulo no século XVIII. 1711-1720. Anais do Museu Paulista, Tomo 5, 1931, p. 466.
5 LACERDA, Arthur. As ouvidorias do Brasil colônia. Curitiba: Juruá, 2000. p. 54.
6 Carta do ouvidor-geral de São Paulo... Em: Monumenta, Op. cit. p.26.
7 Carta do ouvidor-geral de São Paulo... Em: Monumenta, Op. cit. p. 21.
8 Carta do ouvidor-geral de São Paulo... Em: Monumenta, Op. cit. p. 21.
17 Treslado dos capitulos de correição desta villa de Nossa Senhora do Rosário de Pernagua
este anno de 1721. Em: Monumenta, Op. cit., p. 84. – grifos meus.
18 SANTOS, A. C. de A.; PEREIRA, M. R. de M. Op. cit. p. 12.
19 Regimto. Da Relação do Estado do Brazil. Em: Revista do Arquivo Municipal de São Paulo
20 Treslado dos provimentos de correição que nesta villa fes, e deixou para bom Regimen da
Republica e bem comum d’ella, o D.zor Raphael Pires Pardinho. Este anno de 1721. [vila de
Curitiba] Em: Monumenta, Op. cit., p. 84. – grifos meus. p. 35
21 Três Lado do Regimto. Dos Ouvidores Gerais do Rio de Janeiro &a. RAMSP. vol. VIII, 1935,
22 Revista do Arquivo Histórico de São Paulo. Ano 1 – Vol. IX, São Paulo, 1935. p. 101-102.
Vila de Paranaguá e nela e sua Comarca Ouvidor Geral pela Lei. Boletim do Arquivo Municipal
de Curitiba (BAMC). vol. VIII, 1924, p. 51.
27 Auto de Provimento que mandou fazer o Doutor Francisco Leandro Toledo Rondon –
ouvidor geral e corregedor da comarca de Paranaguá em correição nesta vila de Curitiba.
[1786]. BAMC. vol. VIII, 1924, p. 110.
28 Auto de provimento de Correição que fez o Doutor Manuel dos Santos Lobato. [1735].
geral Provedor e Corregedor desta Comarca como abaixo se declara em Câmera desta dita
villa. [1756]. BAMC. vol. VIII, 1924, p. 83-84.
30Auto de provimento de Correição que mandou fazer o Doutor Ouvidor Geral e corregedor
desta comarca Antonio Barbosa de Mattos Coitinho neste anno de 1776. BAMC. vol. VIII, 1924,
p. 102.
33HESPANHA, Antonio Manuel. Cultura Jurídica Europeia. Síntese de um milénio. 3ª Ed. Mira-
Sintra: Europa-América, 2003. p. 72.
correntes. Em: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima.
(org.). O Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p. 174. Ver, também: HESPANHA, A. M. A
Arqueologia do Poder. Em: _____. As vésperas do Leviathan... p. 174.
Atlântico (século XVII). Em: BICALHO, Maria Fernanda; FERLINI, Vera Lúcia Amaral. (orgs.).
Modos de Governar: idéias e práticas políticas no império português – Séculos XVI-XIX. São
Paulo: Alameda, 2005. pp. 69-92. GOUVÊA, Maria de Fátima. Conexões imperiais: oficiais
régios no Brasil e Angola (c. 1680-1730). Em: BICALHO, Maria Fernanda; FERLINI, Vera Lúcia
Amaral. (orgs.). Modos de Governar: idéias e práticas políticas no império português – Séculos
XVI-XIX. São Paulo: Alameda, 2005. pp. 179-197.; MONTEIRO, Nuno Gonçalo. Governadores
e capitães-mores do Império Atlântico português no século XVIII. Em: BICALHO, Maria
Fernanda; FERLINI, Vera Lúcia Amaral. (Orgs.). Modos de governar: idéias e práticas políticas
no império português – Séculos XVI-XIX. São Paulo: Alameda, 2005. pp. 93-115. SUBTIL, J. Op.
cit., 2002.
46 Arquivo Histórico Ultramarino (AHU). São Paulo, caixa 1, doc. 57. Certidão passada pelo
escrivão da ouvidoria geral da comarca de Paranaguá, Luís Henriques, a respeito do fato do
ouvidor daquela recém-criada comarca, Antônio Álvares Lanhas Peixoto ter enviado carta
solicitando os papéis concernentes à sua jurisdição à comarca de São Paulo e ainda não ter
obtido resposta. Paranaguá, 29 de abril de 1726. Projeto Resgate, documentos Avulsos. ______.
São Paulo, caixa 1, doc. 58. Carta do ouvidor geral da comarca de Paranaguá, Antônio Álvares
Lanhas Peixoto, ao rei Dom João V. Paranaguá, 30 de abril de 1726. Projeto Resgate,
documentos Avulsos.
47 AHU. São Paulo, caixa 1, doc. 56. Carta do ouvidor geral da comarca de Paranaguá, Antônio
Álvares Lenhas Peixoto, ao rei Dom João V. Rio São Francisco, 10 de março de 1726. Projeto
Resgate, documentos Avulsos.
48 SALGADO, Graça (Org.). Fiscais e meirinhos: a administração no Brasil colonial. Rio de
AHU. São Paulo, caixa 1, doc. 56. Carta do ouvidor geral da comarca de Paranaguá, Antônio
49
Álvares Lenhas Peixoto, ao rei Dom João V. Rio São Francisco, 10 de março de 1726. Projeto
Resgate, documentos Avulsos.
50 Arquivo do Estado de São Paulo (AESP). Caixa: 73, Pasta: 01, Documento: 76-1-18. Carta do
ouvidor Manuel Tavares de Siqueira para a ocupação da vaga de tabelião na Vila de Iguape.
Paranaguá de 15 de novembro de 1744.
51 Autto de provimentos de Correição nesta Villa [de Curitiba]. BAMC. vol. VIII, 1924, p. 63.
Dicionário do Brasil Colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 285. – itálicos nos
originais.
54 Sobre o processo eleitoral na vila colonial ver: SANTOS, Antonio Cesar de Almeida;
SANTOS, Rosângela Maria F. dos (Orgs.). Eleições da Câmara Municipal de Curitiba (1748 a
1827). Monumenta, Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2003, 256 p.
55 PEREIRA, Magnus Roberto de M. Semeando iras rumo ao progresso: ordenamento jurídico e
56 Ibid., p. 13.
Referências documentais
A ata de posse do ouvidor Rafael Pires Pardinho junto ao Senado da Câmara Municipal de
São Paulo, data de 25 de setembro de 1717. Em: TAUNAY, Afonso E. História da villa de São
Paulo no século XVIII. 1711-1720. Anais do Museu Paulista, Tomo 5, 1931, p. 466.
Arquivo do Estado de São Paulo (AESP). Caixa: 73, Pasta: 01, Documento: 76-1-18. Carta do
ouvidor Manuel Tavares de Siqueira para a ocupação da vaga de tabelião na Vila de Iguape.
Paranaguá de 15 de novembro de 1744.
Arquivo do Estado de São Paulo (AESP). Caixa: 76, Pasta: 02, Documento: 76-2-9.
Arquivo Histórico Ultramarino (AHU). São Paulo, caixa 1, doc. 56. Carta do ouvidor geral da
comarca de Paranaguá, Antônio Álvares Lenhas Peixoto, ao rei Dom João V. Rio São
Francisco, 10 de março de 1726. Projeto Resgate, documentos Avulsos.
Arquivo Histórico Ultramarino (AHU). São Paulo, caixa 1, doc. 56. Carta do ouvidor geral da
comarca de Paranaguá, Antônio Álvares Lenhas Peixoto, ao rei Dom João V. Rio São
Francisco, 10 de março de 1726. Projeto Resgate, documentos Avulsos.
Arquivo Histórico Ultramarino (AHU). São Paulo, caixa 1, doc. 57. Certidão passada pelo
escrivão da ouvidoria geral da comarca de Paranaguá, Luís Henriques, a respeito do fato do
ouvidor daquela recém-criada comarca, Antônio Álvares Lanhas Peixoto ter enviado carta
solicitando os papéis concernentes à sua jurisdição à comarca de São Paulo e ainda não ter
obtido resposta. Paranaguá, 29 de abril de 1726. Projeto Resgate, documentos Avulsos. ______.
São Paulo, caixa 1, doc. 58. Carta do ouvidor geral da comarca de Paranaguá, Antônio Álvares
Lanhas Peixoto, ao rei Dom João V. Paranaguá, 30 de abril de 1726. Projeto Resgate,
documentos Avulsos.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT). Leitura de Bacharéis – Rafael Pires Pardinho. Ano:
1700. Maço: 02. Número: 27. ANTT. Registro Geral de Mercês. Cota: Dom João V, Livro 8,
folha 501.
Auto de provimento de Correição que fez o Doutor Manuel dos Santos Lobato. [1735]. BAMC.
vol. VIII, 1924.
Auto de provimento de Correição que mandou fazer o Doutor Ouvidor Geral e corregedor
desta comarca Antonio Barbosa de Mattos Coitinho neste anno de 1776. BAMC. vol. VIII, 1924.
Auto de Provimento que mandou fazer o Doutor Francisco Leandro Toledo Rondon – ouvidor
geral e corregedor da comarca de Paranaguá em correição nesta vila de Curitiba. [1786].
BAMC. vol. VIII, 1924.
Autto de provimento que amndou fazer o Doutor Jerônimo Ribeiro de Magalhães Ouvidor
geral Provedor e Corregedor desta Comarca como abaixo se declara em Câmera desta dita
villa. [1756]. BAMC. vol. VIII, 1924.
Capítulos de Correição que faz o Capitão Manuel de Sampaio, juiz ordinário e órfãos da Vila
de Paranaguá e nela e sua Comarca Ouvidor Geral pela Lei. Boletim do Arquivo Municipal de
Curitiba (BAMC). vol. VIII, 1924.
Carta do ouvidor-geral de São Paulo Rafael Pires Pardinho ao Rei D. João V, 30 de agosto de
1721. Em: SANTOS, Antonio Cesar de Almeida; PEREIRA, Magnus Roberto de Mello. Para o
Bom Regime da República: ouvidores e câmaras municipais no Brasil colonial. Monumenta,
inverno 2000, Curitiba: Aos Quatro Ventos, v. 3, n. 10, 2001.
Documentos interessantes para a história e costumes de São Paulo. v. 73.
Regimto. Da Relação do Estado do Brazil. Em: Revista do Arquivo Municipal de São Paulo
(RAMSP). Ano I, vol. X, 1935, pp.89-102. p. 89.
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a comarca de Paranaguá (1723-1812). Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal
do Paraná, Curitiba, 2007.
A
historiografia referente a Minas Gerais do período colonial fez dos
estudos da administração um de seus mais diletos objetos de
análise. Em quase todos os trabalhos a justificativa para tal escolha
2 Chamo a atenção para dois estudos em especial, que deixaram de observar estas questões:
Francisco Iglésias, no texto Minas e a imposição do Estado no Brasil (1974), e Maria Verônica
Campos, na tese Governo de Mineiros: de como meter as Minas em uma moenda e beber-lhes o
caldo dourado, 1693-1737 (2002).
3 ROMEIRO, Adriana. Paulistas e emboabas no coração das Minas: idéias, e imaginário político no
4ANASTASIA, Carla Maria Junho. Vassalos rebeldes: violência coletiva nas Minas na primeira
metade do século XVIII. Belo Horizonte: Editora C/Arte, 1998, p.10-11.
5 HESPANHA, Antônio M.; XAVIER, Ângela Barreto. A representação da sociedade e do
poder. In: MATTOSO, José (org.). História de Portugal – O Antigo Regime (1620-1807). Lisboa:
Editorial Estampa, 1998, p. 121-155.
6ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. Lisboa:
Comissão Nacional para as comemorações dos descobrimentos portugueses, 2001. p. 243-244.
7 CAMPOS, Maria Verônica. Governo de mineiros: "de como meter as minas numa moenda e
11ORDENAÇÕES Filipinas. Livro 1. Título LXVI. Dos Vereadores. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian. Edição de Cândido Mendes de Almeida, 1985, p. 145-159.
12OLIVEIRA, Pablo M. Cartas, pedras, tintas e coração: As casas de câmara e a prática política
em Minas Gerais (1711-1798). 2013. Tese (doutorado em História) – Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.
Especialmente capítulo 1.
13 OLIVEIRA, Op. Cit., TEDESCHI, Denise Maria Ribeiro. Águas urbanas: as formas de
16 SUPLICAS dos mineiros de São João Del-Rey, referentes às execuções por dívidas. RAPM,
1897, p. 371.
17 MAGALHÃES, Joaquim Romero, Labirintos brasileiros. São Paulo: Alameda, 2011, p. 138.
18 No de 1736, eclodiu no sertão do São Francisco uma série de motins questionando a
CARTA do Senado da Câmara de Mariana sobre a representação contra a Lei Novíssima das
26
Casas de Fundição. In: CÓDICE Costa Matoso. Coordenação geral de Luciano Raposo de
Almeida e Maria verônica Campos. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1999, p. 506.
33 TERMO da Real Junta sobre a derrama do Quinto do ouro de 1772. RAPM, 1900. p. 175.
34 A segunda aplicação da derrama apurou cerca de 160 quilos de ouro. RENGER, Friedrich. O
quinto do ouro no regime tributário nas Minas Gerais. RAPM. v. 42, nº2, p. 91-105, 2006, p.104.
35 REPRESENTAÇÃO do povo de S. João D’el Rey contra o exagero da quota arbitrada para
Referência documental
Manuscrita
Arquivo Histórico Ultramarino (Minas Gerais): Caixa 5, Documento 43;
Caixa 86, Documento 14; Caixa 86, Documento 33.
Impressa
CARTA da Câmara de Vila Rica sobre a derrama. Revista do Arquivo
Público Mineiro (RAPM), 1899, p. 787-791.
CARTA do Senado da Câmara de Mariana sobre a representação contra a
Lei Novíssima das Casas de Fundição. In: CÓDICE Costa Matoso.
Coordenação geral de Luciano Raposo de Almeida e Maria verônica
Campos. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1999.
CAUSAS determinantes da diminuição da contribuição das cem arrobas de
ouro, apresentadas pela Câmara de Mariana. RAPM, 1901, p. 147
CONSULTAS do Conselho Ultramarino, 1687-1710. Documentos Históricos.
Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional/Divisão de Obras Raras e Publicações,
1951. V. XCIII, p. 219-242.
IMPOSTOS na Capitania Mineira. RAPM, 1897, p. 287- 307.
REPRESENTAÇÃO do povo de S. João D’el Rey contra o exagero da quota
arbitrada para derrama. RAPM, 1900, p. 206.
SOBRE a derrama lançada em 1772. RAPM, 1897, p. 368.
SUPLICAS dos mineiros de São João Del-Rey, referentes às execuções por
dívidas. RAPM, 1897, p. 371.
TERMO da Real Junta sobre a derrama do Quinto do ouro de 1772. RAPM,
1900. p. 175.
A
s câmaras instaladas no Brasil desde os primórdios da colonização
foram instituições de governo local transferidas de Portugal 2 e que
ao longo de três séculos se multiplicaram por todo o território.
Embora houvesse uniformidade em sua estrutura funcional e obrigações
judiciais-administrativa seu status, perfil de funcionários e dinâmica de
funcionamento foram caracterizados pela diversidade.
Estas instituições de governo local, portanto, não foram uma
réplica das portuguesas e estiveram sob influência direta das mudanças
políticas, demográficas e econômicas do atlântico português 3. Este tópico
da história institucional do Brasil conta com volumosa historiografia
renovada pela abordagem teórico-metodológica do Antigo Regime
português. Através desta abordagem, a formação do Brasil-colônia passou
a ser compreendida como desdobramento de uma lógica de privilégios e
benefícios própria do antigo regime português e este processo teria
ocorrido através das instituições políticas4. De um modo geral estes estudos
2 Cunha, Mafalda Soares e Teresa Fonseca (org). Os municípios no Portugal Moderno: dos forais
manuelinos às reformas liberais. Évora, Edições Colibri/CIDEHUS/EU, 2005.
3 A história atlântica é uma corrente teórico-metodológica norte americana que desde a sua
Maria Fernanda e GOUVÊA, Fátima. O antigo regime nos trópicos: a dinâmica imperial
portuguesa (séculos XVI-XVIII). RJ, Ed. Civilização Brasileira, 2001, pp. 381-420; GOUVÊA,
Maria de Fátima e BICALHO, Maria Fernanda B. Uma leitura do Brasil colonial: bases da
Ultramarino: catalogação digital das cartas camarárias do Projeto Resgate “Barão do Rio Branco”
8SOUZA, Iara Lis C. de. Pátria coroada: o Brasil como corpo político autônomo (1780-1831). São
Paulo, Ed. UNESP, 1999.
9 GREENE, Jack P. Reformulando a identidade inglesa na América Britânica colonial:
10 COMISSOLI, Adriano, op. cit, 2006; JESUS, Nauk Maria de, op. cit, 2006; MATHIAS,
Fernanda Fioravante Kelmer. ÀS CUSTAS DO SANGUE, FAZENDA E ESCRAVOS”: formas
de enriquecimento e padrão de ocupação dos ofícios da Câmara de Vila Rica, c. 1711 – c. 1736.
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008; MONTEIRO, Livia
Nascimento, op. cit, 2010. Borrego, Maria Aparecida de Menezes. A teia mercantil: negócios e
poderes em São Paulo (1711-1765). SP, Ed. Alameda, 2010.
11 RIBEIRO, Fernando V. Aguiar. Poder local e patrimonialismo: a câmara municipal e a
FFLCH/USP, Tese de Doutorado, 2003; Ximendes, Carlos Alberto. Sob a mira da câmara:
viver e trabalhar na cidade d São Luís (1644-1692). Tese de Doutorado, Universidade Federal
Fluminense, 2010. DIAS, Thiago Alves. Dinâmicas mercantis coloniais: capitania do Rio
Grande do Norte (1760-1821). Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, 2011.
16 JESUS, Nauk Maria, op. cit., MOURA, Denise A Soares de. Comércio de Abastecimento e
conflitos inter-camarários entre Santos e São Paulo (1765-1822). In: Doré, Andréa e Santos,
Antonio César de Almeida. Temas Setecentistas. Governos e populações no Império português.
Curitiba, UFPR/SCHILA-Fundação Araucária, 2009: 517-534; SEVERINO, Caroline Silva. A
dinâmica do poder e da autoridade na comarca de Paranaguá e Curitiba, 1765-1822. Franca, UNESP,
Dissertação de Mestrado, 2009.
juízes almotacés na câmara municipal de Rio Pardo/RS, 1811-c.1830. São Leopoldo, Tese
(Doutorado), Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Vale do Rio dos
Sinos – UNISINOS, 2012, 426 p.
19 FIORAVANTE, Fernanda, p. 16; JESUS, Nauk Maria, pp. 267-68.
2013; ADELMAN, Jeremy & ARON, Stephen. From borderlands to borders: Empires, Nation-
States and the peoples in north America History. The American Historical Review, v. 104, n. 3,
jun 1999, p. 823.
23 BROWN, Larissa. Internal commerce in a colonial economy: Rio de Janeiro and its
24 Ocupações dos habitantes da paróquia da cidade de São Paulo, 1798. Maços de População.
Arquivo do Estado de São Paulo, disco 1, filme 003, 1794.
25 http://www.brasiliana.usp.br/en/dicionario/1/arte
26 MOURA, Denise A Soares. Sociedade movediça: economia, cultura e relações sociais em São
Paulo (1808-1850). São Paulo, Ed. UNESP, 2006; CARVILLE, Earle & HOFFMAN, Ronald.
Urban development in the Eighteenth-Century South. Perspectives in American History,
Cambridge, v. 10, p. 50-55, 1976.
Ilha da Madeira 06
Cabo Verde 03
Ilha do Faial 02
Ilhas 02
Ilha Terceira 02
Ilha de São Miguel do Bispado de 01
Angra
Ilha Graciosa 01
Total 17
Tabela 2: População livre nascida nas ilhas e residente na cidade de São Paulo. Dados
coletados em Maços de População., 1ª. 2ª e 3ª Companhia da Capital. APESP, 1803, disco 1,
filme 4.
29 LEME, Pedro Taques de Almeida Paes. Nobiliarquia paulistana, histórica e genealógica. (1740-
1770)5ª. Ed. Belo Horizonte: São Paulo, Editoria Itatiaia: EDUSP, 1980, 3 volumes.
30 Parecer (1796). Documentos Interessantes para a História e Costumes de São Paulo. São Paulo,
33 Para a trajetória deste negociante cf. MEDICI, Ana Paula. Administrando conflitos: o exercício
do poder e os interesses mercantis na capitania/província de São Paulo (1765-1822). São
Paulo, FFLCH – USP, 2010, (História, Tese de Doutorado).
34 PROVISÃO (cópia) do príncipe regente D. João, ao governador e capitão general da
capitania de São Paulo, Antônio José da Franca e Horta ordenando que apresente o seu
parecer dobre o libelo crime do coronel de Milícias da cidade de São Paulo, Jerónimo
Martins Fernandes da Franca e Horta. AHU_ACL_CU_023, Cx. 20, D. 978.
35 Requerimento do capitão da Ordenança na cidade de São Paulo, João Gomes Guimarães, à
rainha [D. Maria I], solicitando licença para passar para o Reino com sua mulher.
AHU_ACL_CU_023, Cx. 12, D. 591
36 Ofício para o dito Secretário de Estado sobre a prisão de João Gomes Guimarães (1800).
Documentos Interessantes para a História e Costumes de São Paulo. São Paulo, Typographia do
Diário Oficial, 1899, v. 29, pp. 203-205.
37 Carta de governador e capitão general da capitania de São Paulo, Antonio José da Franca e
Horta, ao Príncipe regente [D. João], solicitando que não tenha efeito a provisão de 27 de
novembro de 1806 que lhe repreendia a forma como foram feitos os exames da devassa
tirada contra o físico-mor desta capitania, Mariano José do Amaral, pelo juiz ordinário, João
Gomes Guimarães, acerca da morte de Jerônimo José de Freitas. Ordenava o registro desta
provisão nos livros da Secretaria do governo do Estado de São Paulo, para que servisse de
exemplo aos futuros governadores. AHU_ACL_CU_023, Cx. 30, D. 1324.
38 TAQUES, Pedro. Op. cit, vol. 1, p. 99.
39 Apud nota 1 In: Rendon, José Arouche de Toledo. Officio que acompanha as reflexões sobre
Tabela 1: trajetória dos vereadores nascidos em Portugal na câmara. Dados recolhidos nas
Atas da Câmara entre os anos 1796-1822. Arquivo Histórico Municipal de São Paulo e nas
Listas nominativas de 1802 a 1822. Arquivo do Estado de São Paulo
42 LEONZO, Nanci. Luis Antonio de Souza era Coronel do Regimento de Infantaria de Milícia
da Vila de Sorocaba. Cf. LEONZO, Nanci. Um empresário nas milícias paulistas: o Brigadeiro
Luis Antonio de Souza. Anais do Museu Paulista. N. 30, 1980/81, p. 247.
43 Para a Câmara desta cidade Documentos Interessantes para a História e Costumes de São Paulo.
44Para a câmara desta cidade. Documentos Interessantes para história e Costumes de São Paulo.
Ofícios do capitão-general Antonio Manuel de Melo Castro e Mendonça (governador da
capitania, 1797-1801. São Paulo, Departamento do Arquivo Público do Estado-Secretaria da
Educação, v. 87, 1963, p. 117.
Sorocaba. Cf. LEONZO, Nanci. Op. cit. José Vaz de Carvalho era Coronel do Primeiro
Regimento de Cavalaria Miliciana de Curitiba. Seus interesses estavam ligados ao comércio de
animais entre o Viamão e Curitiba e contratos públicos em São Pedro e Curitiba sobre este
mesmo negócio. Cf sua exitosa trajetória em Médici, Ana Paula. op. cit.
47Para o juiz de fora, pela lei desta cidade. Documentos Interessantes para a História e Costumes de
São Paulo. Correspondência Official, 1820-1822. São Paulo, Typografia Andrade & Mello, 1902,
v. 37, p. 70.
Tabela 3: trajetória dos procuradores nascidos em Portugal na câmara. Dados levantados nas
Atas da Câmara entre os anos 1796-1822. Arquivo Histórico Municipal de São Paulo nas Listas
nominativas de 1802 a 1822. Arquivo do Estado de São Paulo.
Conclusão
Referência bibliográfica
ADELMAN, Jeremy & ARON, Stephen. From borderlands to borders: Empires, Nation-States
and the peoples in north America History. The American Historical Review, v. 104, n. 3, jun
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Harvard University Press, 2005.
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História do Poder e das idéias políticas. In: Arruda, J. J. e Fonseca, Luís Adão (org.) Brasil-
Portugal. História. Agenda para o milênio. Bauru, SP: EDSC; São Paulo: FAPESP; Portugal, PT:
ICCTI, pp. 143-166, 2001.
BICALHO, Maria Fernanda Baptista. A cidade e o império: o Rio de Janeiro no século XVIII. RJ,
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COMMISSOLI, Adriano. Os “homens bons” e a câmara de Porto Alegre (1767-1808). Niteró-UFF,
Dissertação de Mestrado, 2006;
CUNHA, Mafalda Soares e FONSECA, Teresa (org). Os municípios no Portugal Moderno: dos
forais manuelinos às reformas liberais. Évora, Edições Colibri/CIDEHUS/EU, 2005.
1 Sou grato a Luís Rezende e Fernando Ribeiro, amigos da pós-graduação, que juntos
ministramos no primeiro semestre de 2013, no âmbito da Universidade de São Paulo, um
curso de extensão, intitulado “Câmaras Municipais no Brasil Colonial: formação,
historiografia e fontes”. Aos alunos do curso sou agradecido pelas inquietações que nos
conduziram aos debates.
2 AHU_ACL_CU_18, CX. 9, D. 623. CARTA do [Capitão-Mor do Rio Grande do Norte], José
mapa da população do Rio Grande do Norte e uma relação dos distritos que necessitam de
novas companhias de ordenanças.
3 BNRJ, I – 32, 10, 5. Mapas estatísticos do Rio Grande do Norte. 1811-1826-1834. Mapa geral
d’el-Rei D. Filipe I. Ed. fac.- similar da 14a ed. de 1821 / por Candido Mendes de Almeida.
Brasilia: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004. (Edicoes do Senado Federal, v. 38), tomo I,
tit. XVIII.
5IHGRN, RCPSCN, cx. 04, lv. 12. Registro de uma provisão de Juiz de Ofício de Sapateiro
passada ao mestre Ignácio de Mello morador nesta cidade. Natal, 06 de novembro de 1782.
6 IHGRN, RCPSCN, cx. 04, lv. 12. Registro de uma provisão de Juiz de Ofício de Sapateiro
passada ao mestre Ignácio de Mello morador nesta cidade. Natal, 06 de novembro de 1782.
7 BNRJ, I - 32, 10, 5. Mapas estatísticos do Rio Grande do Norte. 1811-1826-1834. Mapa dos
oficiais de ofícios mecânicos que existem na Capitania do Rio Grande do Norte designado os
lugares de seus domicílios. Ano de 1827. Doc. 13.
8 “[...] de couro era a porta das cabanas, o rude leito aplicado ao chão duro, e mais tarde a
cama para os partos; de couro todas as cordas, a borracha para carregar água, o mocó ou
alforge para levar comida, a maca para guardar roupa, a mochila para milhar cavalo, a peia
para prendê-lo em viagem, as bainhas de faca, as broacas e surrões, a roupa de entrar no mato,
os banguês para cortume ou para apurar sal; para os açudes, o material de aterro era levado
em couros puxados por juntas de bois que calcavam a terra com seu peso; em couro pisava-se
tabaco para o nariz”. ABREU, Capistrano. Capítulos de História Colonial. Rio de Janeiro:
Fundação Biblioteca Nacional, s/d, p. 71.
9 BNRJ, I – 32, 10, 5. Mapas estatísticos do Rio Grande do Norte. 1811-1826-1834. Mapa geral
o diretório Pombalino no século XVIII. 2005. fls 700. Tese ( Doutorado em História) ─
FONTE: IHGRN, RCPSCN, cx. 05, lv. 15. Regimento do ofício de sapateiro feito em vereação
de 12 de março de 1791, ouvido os oficiais deste ofício.
13 IHGRN, LTVSCN, Termo de Vereação de 11 de julho de 1795, cx. 02, lv. 1784-1803, fl. 50.
14 AN, Série Interior, cód. fundo: AI, notação IJJ2 433, seção CODES, p. 65.
15 WESTPHALEN, Cecília Maria. Verbete: Registro. In: SILVA, Maria Beatriz Nizza da.
03-03v.
17IHGRN, LTVSCN, Termo de Vereação de 25 de setembro de 1750, cx. 01, lv. 1745-1752, fl.
95-96.
18 MONTEIRO, Denise Mattos. Introdução à História do Rio Grande do Norte, 2 ed. Natal:
EDUFRN, 2002, p. 79.
19 AN, Série Vice-Reinado, cód. fundo: D9, notação: CX. 761, doc. 20, secção CODES.
20 “Ao lado desses lavradores e principalmente no litoral, onde a lavoura algodoeira também
se expandiu e onde o trabalho escravo negro era mais significativo, os africanos constituíam
uma mão de obra importante”. MONTEIRO, Denise M. Introdução à história do Rio Grande do
Norte, p. 80.
21 RIBEIRO JÚNIOR, José. Colonização e monopólio no Nordeste brasileiro: a Companhia Geral de
Pernambuco e Paraíba, 1759-1780. São Paulo: HUCITEC, 1976, p. 72; AHU_ACL_CU_018, Cx.
9, D. 623. CARTA do [Capitão-Mor do Rio Grande do Norte], José Francisco de Paula
Cavalcante de Albuquerque, ao príncipe regente [D. João] remetendo um mapa da população
do Rio Grande do Norte e uma relação dos distritos que necessitam de novas companhias de
ordenanças; BNRJ, I – 32, 10, 5. Mapas estatísticos do Rio Grande do Norte. 1811-1826-1834.
Mapa geral da Importação, Produção, Consumo, Exportação, o que ficou em ser, da
População, Casamentos, Nascimentos e Mortes na Capitania do Rio Grande do Norte
calculado o termo médio dos anos de 1811, 1812 e 1813. Doc. 12.
22 AN, Série Interior, Cód. fundo: AI, notação: IJJ2-433, CODES. Decreto de criação da
anatomico, architectonico ... Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712 - 1728.
8 v. p. 636.
FONTE: Elaboração do autor a partir de informações contidas em: AN, Série Interior, cód.
fundo: AI, notação: IJJ2-433, Secção: CODES, p. 274. Mapa baseado em base planimétrica
elaborada a partir do mapa político-rodoviário do Estado do Rio Grande do Norte de escala
1:500.000. Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte
– IDEMA - Secretaria de Planejamento e Finanças, 1997.
29.521
30.000 22.518 Produção
25.000
Consumo
20.000
6.947
15.000
1.524
10.000 1.108
1.766 1.983
5.000
4.427 Exportação
3.263
Consumo
0
Produção
Farinha
Feijão e
Milho
Arroz
FONTE: BNRJ, I – 32, 10, 5. Mapas estatísticos do Rio Grande do Norte. 1811-1826-1834. Mapa
geral da Importação, Produção, Consumo, Exportação, o que ficou em ser, da População,
Casamentos, Nascimentos e Mortes na Capitania do Rio Grande do Norte calculado o termo
médio dos anos de 1811, 1812 e 1813. Doc. 12.
34IHGRN, LTVSCN, Termo de Vereação de 16 de dezembro de 1785, cx. 02, lv. 1784-1803, fl.
04.
38 BLUTEAU, Rafhael. Verbete Aferidor. In: ______. Vocabulário Portuguez e latino, p. 148.
39 CODIGO Filipino, ou, Ordenacoes e Leis do Reino de Portugal, tit. XVIII,§36 a §40.
40 BNRJ, I - 32, 10, 5. Mapas estatísticos do Rio Grande do Norte. 1811-1826-1834. Mapa dos
oficiais de ofícios mecânicos que existem na Capitania do Rio Grande do Norte designado os
lugares de seus domicílios. Ano de 1827. Doc. 13.
41 CÓDIGO Filipino, ou, Ordenações e Leis do Reino de Portugal, tit. XVIII, §42.
42 CÓDIGO Filipino, ou, Ordenações e Leis do Reino de Portugal, tit. XVIII, §47.
43 BNRJ, I - 32, 10, 5. Mapas estatísticos do Rio Grande do Norte. 1811-1826-1834. Mapa dos
oficiais de ofícios mecânicos que existem na Capitania do Rio Grande do Norte designado os
lugares de seus domicílios. Ano de 1827. Doc. 13.
44 IHGRN, LTVSCP, Termo de Vereação de 17 de fevereiro de 1772, cx. RCPSCN nº6, lv.
108v-109.
Referências documentais
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1982. (Colecao Reconquista do Brasil).
ARQUIVO Histórico Ultramarino (AHU), Projeto Resgate Barão de Rio Branco, Capitania do
Rio Grande do Norte, 1 cd-s room.
ARQUIVO Nacional (AN) do Rio de Janeiro, Várias Séries, Vários Documentos.
BIBLIOTECA Nacional do Rio de Janeiro (BNRJ), Secçao de Manuscritos, vários documentos.
BLUTEAU, Rafhael. Vocabulário Portuguez e latino: aulico, anatomico, architectonico ...
Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712 - 1728. 8 v.
CODIGO Filipino, ou, Ordenacoes e Leis do Reino de Portugal: recompiladas por mandado
d’el-Rei D. Filipe I. Ed. fac.- similar da 14a ed. de 1821 / por Candido Mendes de Almeida.
Brasilia: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004. (Edicoes do Senado Federal, v. 38).
INSTITUTO Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), Fundo Senado da
Câmara de Natal, vários livros.
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Natal no final do século XVIII. PublICa, vol. 4, 2008.
FRANCA, Gileno Camara de. Rio Grande do Norte: origens da industria e discurso da seca.
2004. fls. 109. Monografia (Especializacao em Historia) – Departamento de Historia, UFRN,
Natal, 2004.
LOPES, Fátima Martins. Em nome da liberdade: as vilas de índios do Rio Grande do Norte sob o
diretório Pombalino no século XVIII. 2005. fls 700. Tese ( Doutorado em História) ─ Programa
de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2005.
MONTEIRO, Denise Mattos. Introdução à História do Rio Grande do Norte, 2 ed. Natal: EDUFRN,
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Pernambuco e Paraíba, 1759-1780. São Paulo: HUCITEC, 1976.
SALGADO, Graca. (Org.). Fiscais e meirinhos: a administracao no Brasil colonial. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira/ Arquivo Nacional, 1985.
1 Mestranda em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Belo Horizonte.
N
o dia 1º de outubro de 1828, Sua Majestade Imperial mandou
executar a Carta de Lei sancionada pela Assembléia Geral
Legislativa. Essa Lei regulamentou algumas disposições já
previstas na Constituição de 1824, por isso é chamada de Lei
Regulamentar. É importante dizer que, até 1828, as Câmaras Municipais se
orientavam pelas Ordenações Filipinas, de 1603. A Lei de 1828 estabeleceu
a forma das eleições dos membros das Câmaras das cidades e vilas do
Império, marcando suas funções e dos empregados respectivos. Ao todo,
foram 90 artigos2. Como veremos adiante, apesar do Regimento ter
imposto claros limites à atuação política desta instituição, não impediu que
ela continuasse exercendo competências importantes para o bom
desenvolvimento da cidade e seu termo.
Em relação às eleições, a Lei determinou que as Câmaras da cidade
fossem compostas por nove membros e as das vilas, de sete vereadores e
um secretário. Um aumento bem considerável, tendo em vista a estrutura
antecedente, que determinava um número de três vereadores. O mandato
passou de um para quatro anos. Estariam habilitados a serem vereadores
todos aqueles que pudessem votar nas Assembléias Paroquiais desde que
tivessem dois anos de residência no termo (artigo 4º). Votante não poderia
ser vereador. As eleições eram diretas. Na prática, isso significava que um
número maior de cidadãos estaria apto a escolher seus representantes.
Os vereadores reeleitos poderiam escusar o cargo desde que a
eleição fosse imediata (artigo 18º). Por exemplo, na sessão extraordinária de
1 de maio de 1833, o vereador José Joaquim Campos pediu demissão por já
ter servido nos quatro anos anteriores. Alegou para isso o artigo 18 da Lei
Regulamentar. Moléstia grave ou prolongada e emprego civil, eclesiástico e
militar cujas obrigações fossem incompatíveis de se exercer conjuntamente
com a vereança também poderiam ser motivos para a escusa do cargo
(artigo 19º), desde que comprovados por documentos. Muitos pedidos de
escusa do cargo de vereador foram registrados nas atas da Câmara e, em
muitos deles, os solicitantes alegavam os impedimentos permitidos pela
Lei. Em alguns casos, a Câmara julgou improcedente o pedido. Ainda de
2AHCMM, Livro para registro da Carta de Lei de 1º/10/1828. Cód. 88. Registro da Carta de Lei de
1º de Outubro de 1828, 1º/04/1829, f. 01f-08v. Disponível também em:
http://www.camara.gov.br/Internet/InfDoc/conteudo/colecoes/Legislacao/Legimp-
K_20.pdf.
5 Raimundo Faoro, em Os donos do Poder, também propõe uma análise a partir da concepção
de Estado Patrimonial. Porém, as contribuições dele são menos indicadas aqui, sobretudo
porque o autor não leva o emprego do conceito às últimas consequências, como aponta Laura
de Mello e Sousa, em O Sol e a Sombra. Segundo Laura de Mello e Souza, Faoro super
dimensionou o papel do Estado, afirmando que ele antecedeu à sociedade; “não houve lugar,
em sua análise, para as tensas e complexas relações entre os administradores coloniais e as
oligarquias, tão amiúde documentadas nas fontes coevas” (SOUZA, Laura de Mello e. Política
e administração colonial: problemas e perspectivas. In: O sol e a sombra: política e
administração na América Portuguesa do século XVIII. São Paulo: Companhia das Letras,
2006, p. 33). Além disso, desconsiderou a questão da ruralização, do mando local, o que
acabou por “gerar uma distorção fatal na obra de Faoro, que apela para a onipresença e o peso
excessivo do Estado mas, a cada momento, fornece evidências empíricas que inviabilizam sua
tese, indicando os processos de centrifugação presentes na sociedade” (Ibidem, p. 34). Cf.
URICOECHEA. Fernando. O Minotauro Imperial. Rio de Janeiro: Difel, 1978.
6 SCHIAVINATTO, Iara Lis. “Questões de poder na fundação do Brasil: o governo dos
16 Ibidem.
17 CAIXETA, 2012: 149
à sua fazenda. “O senhor Carvalho pediu licença para se retirar para sua roça e que talvez não
possa vir na sessão ordinária de julho por ser ela na Freguesia do Presídio, e a Câmara
resolveu conceder-lhe, e que atendendo o estado “mortozo” do senhor Coelho, e criminoso o
senhor Esteve Lima, o senhor presidente oficie ao suplente que competir da lista geral para vir
tomar assento na sessão ordinária”. AHCMM. Sessão extraordinária de 12 de maio de 1832. Cód.
214. Nessa ocasião, Manoel Esteves Lima “estava criminoso”, provavelmente em função dos
motins em Santa Rita do Turvo. Sobre esse assunto, ver GONÇALVES, Andréa Lisly.
Estratificação social e mobilizações políticas no processo de formação do Estado Nacional Brasileiro:
Minas Gerais, 1831-1835. São Paulo: Editora Hucitec, 2008 (ver especialmente o capítulo 4).
23 AHCMM. Sessão extraordinária de 21 de março de 1831. Cód. 206.
24 Sobre as demais reformas propostas pelo Argos, ver: O NOVO ARGOS. 01/03/1831. Nº 68.
Disponível em: Biblioteca da FAFICH/UFMG.
25 O segundo grupo que Basile define é o dos liberais exaltados. O pensamento central deste
26 Ver: PASCOAL, Isaías. José Bento Leite Ferreira de Melo, padre e político: o liberalismo
moderado no extremo sul de Minas Gerais. In: Varia História, Belo Horizonte, vol. 23, nº 37.
Jan/Jun 2007, p. 208-222. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/vh/v23n37/v23n37a12.pdf.
27 Manuel Esteves Lima foi apontado como a principal liderança dos distúrbios em Santa Rita
do Turvo no ano de 1831. Em 1833, ele novamente aparece envolvido na Sedição de Ouro
Preto. A permanência daquelas lideranças envolvidas em 1831 nos acontecimentos do ano
1833 foi um dos elementos que fez com que a historiadora Andréa Lisly Gonçalves afirmasse
que a última foi um desdobramento da primeira. Para o perfil e participação de Esteves Lima
em tais motins, ver: GONÇALVES, Andréa Lisly. Estratificação social e mobilizações políticas no
processo de formação do Estado Nacional Brasileiro: Minas Gerais, 1831-1835. São Paulo: Editora
Hucitec, 2008 (ver especialmente o capítulo 4).
28 AHCMM. Sessão extraordinária de 24 de março de 1831. Cód. 206. Procuramos saber o que
seriam os bombons consultando as versões dos dicionários de Raphael Bluteau, Morais e Silva e
Luiz Maria da Silva Pinto, todos disponíveis no site http://www.brasiliana.usp.br. No
entanto, não encontramos pistas.
29 AHCMM. Sessão extraordinária de 17 de abril de 1831. Cód. 206.
30 O presidente da Câmara era o vereador mais votado. Na vereança de 1829-1832, foi eleito
36 Ver: GOMES, Marcilaine Soares Inácio. Estado, política e educação em Minas Gerais: o caso
das sociedades políticas, patrióticas, literárias e filantrópicas (1831-1840). In: VI Congresso de
Pesquisa e Ensino de História da Educação em Minas Gerais. Belo Horizonte: UFMG, 2007, p. 1-14.
Disponível em:
http://www.fae.ufmg.br/portalmineiro/conteudo/externos/4cpehemg/eixo2.html
37 O UNIVERSAL, n.669, 1832; OTONNI, 1916: 78. O trecho do documento foi citado por
Marcilaine Soares (GOMES, 2010: 65). A autora estudou o movimento associativo no período
regencial. Ao todo, ela identificou 38 associações entre 1831-1840. Ver: GOMES, Marcilaine
Soares Inácio. Educação e Política em Minas Gerais: o caso das sociedades políticas, literárias e
filantrópicas, 1831-1840. Belo Horizonte: FAE-UFMG, 2010 (Tese de Doutorado em Educação).
38 AHCMM. Sessão ordinária de 31 de março de 1832. Cód. 214. A título de nota: Cada Sociedade
possuía o seu periódico. O da Patriótica Marianense era a União Fraternal que, segundo
Marcilaine Soares, foi redigido por Antonio José Ribeiro Bhering. SOARES, Marcilaine, op.cit.
p.148.
39 ESTRELLA MARIANENSE. 20 de agosto de 1831. N. 66.
40 AHCMM. Sessão de 23 de agosto de 1831. Cód. 214
41 AHCMM. Sessão extraordinária de 10 de setembro de 1833. Cód. 221
porém, foram enviados à Câmara pelo juiz de paz de Tapera um ofício e “três casulos de
bicho-da-seda retirados dos arbustos de algodão”. E antes disso, no dia 7 de julho, “leu-se um
ofício do diretor da Agência Americana em Nova Yorque oferecendo à Câmara circulares,
desenhos e listas dos preços das melhores manufaturas daquela cidade e suas vizinhanças, o
que, aceitando a Câmara, resolveu fazer público e agradecer a referida oferta”. A Câmara,
portanto, incentivava o desenvolvimento de atividades econômicas.
46 O vereador Damasceno habitava o fogo que tinha por chefe sua mãe, Ana Jacinta da
Encarnação. Sua mãe era tecelã e sua irmã, rendeira. Antonio dos Reis, que também habitava o
fogo, era carpinteiro como Damasceno. Todos foram descritos na lista nominativa de 1831
como pardos. Ver: Banco de dados das listas nominativas da província de Minas Gerais.
CEDEPLAR/UFMG. Org. por Clotilde Paiva.
47 AHCMM. Sessão extraordinária de 13 de abril de 1832. Cód. 214. Na 5ª sessão ordinária de 6 de
julho de 1832, Teotônio de Souza Guerra Araújo Godinho se ofereceu para arrematar a ponte
do Mainart. O fiador da obra foi João Luciano de Souza Guerra. A informação é digna de nota,
uma vez que ambos se envolveram na Sedição de 1833.
Referências Documentais
AHCMM, Livro para registro da Carta de Lei de 1º/10/1828. Cód. 88. Registro da Carta de Lei de
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K_20.pdf.
AHCMM. 6ª sessão ordinária de 17 de dezembro de 1831. Cód. 214.
AHCMM. Sessão de 21 de março de 1831. Cód. 206.
AHCMM. Sessão extraordinária de 7 de setembro de 1834. Cód. 221.
AHCMM. 3ª sessão ordinária de 14 de janeiro de 1835. Cód. 221.
AHCMM. Sessão extraordinária de 5 de novembro de 1832. Cód. 214.
AHCMM. 5ª sessão ordinária de 17 de dezembro de 1830. Cód. 206.
AHCMM. 3ª sessão de 2 de março de 1831. Cód. 206.
AHCMM. Sessão extraordinária de 12 de maio de 1832. Cód. 214.
AHCMM. Sessão extraordinária de 21 de março de 1831. Cód. 206.
AHCMM. Sessão extraordinária de 24 de março de 1831. Cód. 206
AHCMM. Sessão extraordinária de 17 de abril de 1831. Cód. 206.
AHCMM. Sessão Extraordinária de 31 de maio de 1831. Cód. 206.
AHCMM. Sessão extraordinária de 10 de junho de 1831. Cód. 206.
AHCMM. Sessão ordinária de 31 de março de 1832. Cód. 214. A
AHCMM. Sessão de 23 de agosto de 1831. Cód. 214
AHCMM. Sessão extraordinária de 10 de setembro de 1833. Cód. 221
AHCMM. Sessão extraordinária de 17 de março de 1832. Cód. 214
AHCMM. 1ª sessão ordinária de 7 de janeiro de 1833. Cód. 221
AHCMM. 5ª sessão ordinária de 7 de janeiro de 1833. Cód. 221
AHCMM. Sessão extraordinária de 12 de fevereiro de 1833. Cód. 221
AHCMM. 6ª sessão ordinária de 19 de abril de 1834. Cód. 221
AHCMM. Sessão extraordinária de 13 de abril de 1832. Cód. 214.
AHCMM. Sessão extraordinária de 12 de novembro de 1833. Cód. 221
Banco de dados das listas nominativas da província de Minas Gerais. CEDEPLAR/UFMG. Org. por
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URICOECHEA. Fernando. O Minotauro Imperial. Rio de Janeiro: Difel, 1978.
N
1oImpério Marítimo Português as Câmaras Municipais formavam
um dos pilares da sociedade colonia.1 Na base da estrutura
governativa implantada na América Portuguesa, tornaram-se as
mais híbridas dentre todas as instituições, exercendo funções
administrativas, judiciárias, fiscais, militares e eclesiásticas, assim como
intervindo no cotidiano das cidades e vilas em que atuavam. Assumindo
aspectos divergentes do previsto, chegando a ter um papel de vulto muito
1BOXER, Charles Ralph. O Império Colonial Português, 1415-1825. São Paulo: Companhia das
Letras, 2002, pp. 286, 299.
2 SOUZA, George Félix Cabral de. Os homens e os modos de governanças. A Câmara Municipal
do Recife no século XVIII num fragmento de história das instituições municipais do império
colonial português. Recife, Gráfica Flamar, 2003, p. 17, 76, 83-4; cf.: PRADO JR., Caio. Evolução
política do Brasil e outros estudos. 7. Ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1971b, p. 298-340. Cf.:
SOUZA, George Félix Cabral de. O rosto e a máscara: estratégia de oposição da Câmara do
Recife à política pombalina. In: Actas do Congresso Internacional Espaço Atlântico de Antigo
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www.institutocamoes.com, acessado em 25.01.2008.; e, BICALHO, Maria Fernanda. A cidade e
o império, o Rio de Janeiro no século XVIII – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003;
WEHLING, Arno. Formação do Brasil colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994, pp. 299-312.
3 VIANA, Oliveira. Populações meridionais do Brasil. Brasília: Senado federal, 2004, p. 217.
6ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Vida privada e ordem privado no Império. In:
ALENCASTRO, Luiz Felipe de (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia
das Letras, 1997, p. 17.
7 NOGUEIRA, Octaciano. Constituições Brasileiras: 1824. Brasília: Senado federal e Ministério
competindo a elas o governo econômico e municipal nos espaços de sua atuação. No art. 168
confirmou-se a eletividade nas instituições. Já o último, artigo 169, determinou a posterior
elaboração de uma lei regulamentar que normatizaria “o exercício de suas funções municipais,
formação de suas posturas policiais, aplicação de suas rendas, e todas as suas particulares e
úteis atribuições.” Cf. art. 82. NOGUEIRA, 2001, p. 33.
identidades políticas na Bahia, (1815-1831). Almanack Braziliense, n. 02, nov. 2005, p. 118.
Disponível em: http://www.almanack.usp.br/PDFS/2/02_ informes_2.pdf, acessado em:
30.11.2010. A “intervenção” provincial nos assuntos municipais já assinalada no Regimento de
1828, foi ratificada em 1834 por meio do Ato Adicional que legitimou um controle maior do
governo provincial sobre as municipalidades no Brasil. Ele estabelecia a criação de
14Ou seja, continuava “presa” às antigas normas. As Ordenações, Leis e Decretos promulgados
pelos Reis de Portugal até 25 de abril de 1821 continuariam válidos durante o Império
enquanto não fossem revogados ou substituídos. Cf.: PORTUGAL. Ordenações Filipinas.
Código Filipino, ou, ordenações e Leis do Reino de Portugal: recopiladas por mandado d’el-
Rei D. Felipe I. – Ed. fac-similar da 4ª ed., segundo a primeira, de 1603, e a nona, de Coimbra,
de 1821 / por Cândido Mendes de Almeida. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial,
2004, p. LXXV.
15 Modelo de eleição baseado no sorteio anual das listas dos homens aptos para exercerem a
vereança. Cf.: SOUZA, George Félix Cabral de. Elite y ejercicio de poder en el Brasil colonial: la
Cámara Municipal de Recife (1710-1822). Tese (Doutorado em História) – Universidad de
Salamanca, Salamanca, 2007, pp. 196-7.
16 Termo de Vereações de 07.01.1829. Livro de Vereações da Câmara Municipal do Recife, n. 7,
(1829-1833), IAHGP.
17 Termo de vereação de 20.12.1828. Livro de Vereações da Câmara Municipal do Recife, n. 7,
(1829-1833), IAHGP.
18 Ofício de 07.01.1829, Câmaras Municipais – Recife, 1829, APEJE.
1829, IAHGP.
21 Podiam votar e serem votados nas eleições para vereadores os que tivessem voto na
nomeação dos eleitores de paróquia, ou seja, os que se enquadrassem nos artigos 91 e 92 da
constituição de 1824. Cf. NOGUEIRA, Octaciano. Constituições Brasileiras: 1824. Brasília:
Senado federal e Ministério da Ciência e tecnologia, Centro de Estudos Estratégicos, 2001, p.
91.
22 COLEÇÃO das Leis do Império do Brasil de 1828. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1878,
p. 75.
23 Termo de Vereações de 07.02.1829. Livro de Vereações da Câmara Municipal do Recife, n. 7,
(1829-1833), IAHGP.
24 Cf.: COLEÇÃO, 1878, pp. 76-77; Decreto de 1º de dezembro de 1828 – Dá instruções para as
eleições das Câmaras Municipais e dos Juízes de Paz e seus Suplentes. In: Coleção das Leis do
Império do Brasil (1808-1889). Disponível em
http://www2.camara.gov.br/atividadelegislativa/legislacao/publicacoes/ do império.
Acesso em 20 de dezembro de 2010; Termo de vereação e posse aos novos vereadores de
23.05.1829. Livro de Vereações da Câmara Municipal do Recife, n. 7, (1829-1833), IAHGP.
25 Ata da 1ª sessão da Câmara Municipal desta cidade, 25.05.1829. Livro de Vereações da
26 Tabela 1 - Das vereações da Câmara Municipal do Recife (1825-1849). In: SOUZA, Williams
Andrade. Administração, normatização e civilidade: a Câmara Municipal do Recife e o governo da
cidade (1829-1849). Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal Rural de
Pernambuco, 2012.
27 COLEÇÃO, 1878, pp. 78-79.
30 COLEÇÃO, 1878, p. 87. FEIJÓ, Diogo Antônio. Guia das câmaras municipais do Brasil no
desempenho de seus deveres por um deputado amigo da instituição. Rio de Janeiro, Typografia
D‟Astréa, 1830, p. 10.
31 ROSSATO, Jupiracy Affonso Rego. Os negociantes de grosso trato e a câmara municipal da cidade
do Rio de Janeiro: estabelecendo trajetórias de poder (1808-1830). Tese (Doutorado em História)
- Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007, p. 47; COLEÇÃO, 1878, p. 88.
32 FEIJÓ, 1830, pp. 11-2.
33 LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no
37 Para uma comparação conferir: SANTOS, Manuela Arruda dos. Recife: entre a sujeira e a
falta de (com)postura, 1831-1845.Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal
Rural de Pernambuco, Recife, 2009., pp. 52-67. Sobre as Posturas no Recife Imperial, conferir:
SOUZA, Angela de Almeida Maria. Posturas do Recife imperial. Tese (Doutorado em História) -
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2002.
38 Idem, p. 161.
39 ARRAIS, 2004, p. 288.
40 FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008, pp. 15-7.
Referências documentais
COLEÇÃO das Leis do Império do Brasil de 1828. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1878.
DECRETO de 1º de dezembro de 1828 – Dá instruções para as eleições das Câmaras
Municipais e dos Juízes de Paz e seus Suplentes. In: Coleção das Leis do Império do Brasil
(1808-1889). Disponível em
http://www2.camara.gov.br/atividadelegislativa/legislacao/ publicacoes/oimperio. Acesso
em 20 de dezembro de 2010.
DOCUMENTOS avulsos. Arquivo Público Estadual Jordão Emereciano (APEJE)
LIVRO das Sessões da Câmara Municipal do Recife (1838-1844), IAHGP.
LIVRO das Sessões da Câmara Municipal do Recife (1838-1844), Instituto Arqueológico,
Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP).
LIVRO de Vereações da Câmara Municipal do Recife, n. 7, (1829-1833). Instituto Arqueológico,
Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP).
OFÍCIOS da Presidência, 1829. Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco
(IAHGP).
43Cf. SOUZA, 2012; ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador: formação do Estado e civilização. V. 2.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994; __________. O Processo Civilizador: uma história dos costumes.
V. 1. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
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PRADO JR., Caio. Evolução política do Brasil e outros estudos. 7. Ed. São Paulo: Editora
Brasiliense, 1971b.
Introdução
E
ste trabalho é composto de parte do primeiro capítulo da minha
dissertação de mestrado, intitulada A "legítima Representante":
câmaras municipais, oligarquias e a institucionalização do Império
liberal brasileiro (Mariana, 1822-1836)3. Nesta dissertação me propus a
analisar a incorporação dos grupos políticos e espaços de poder locais ao
Estado imperial liberal e a adaptação destes grupos e espaços às
transformações que o constitucionalismo impôs ao arcabouço institucional
do Império brasileiro, tomando como exemplo a cidade mineira de
Mariana no período entre 1822 e 1836. Já no presente artigo, procuro,
especificamente, examinar como o liberalismo político pensava a atuação
do Estado e a função dos espaços de poder locais na nova lógica
administrativa proposta por esta doutrina. Para este exame cotejei as
mudanças ocorridas com a implantação do Estado liberal em Portugal e no
Brasil no início do século XIX, principalmente relacionadas com o papel
que as câmaras municipais deveriam exercer neste novo Estado.
Nos primeiros anos após a Independência, o Estado imperial
brasileiro procurou apoio nos espaços de poder locais para a sua
legitimação e o reforço da sua autoridade, especialmente nos atos de
fundação do Império – tais como, o Ato de Aclamação do Imperador em
1822 e a aprovação da Carta Constitucional em 1824. Nestes momentos
ficou claro que para fazer valer a sua autoridade e construir a unidade
nacional, o Estado Nacional precisava do apoio político e burocrático dos
poderes locais e de seus membros. Esta dependência que o Estado tinha
dos poderes periféricos para se legitimar diante das populações dispersas
pelo imenso interior do Império ficou mais evidenciada nas legislações
feitas entre 1827 e 1832 que deram aparato legal para a incorporação dos
espaços de poder locais, nomeadamente das câmaras municipais, ao
arcabouço estatal liberal. Esta legislação foi amplamente apresentada e
discutida neste trabalho tendo como contraponto o exame de alguns
postulados do liberalismo.
4Para as informações citadas sobre esta crise, as ações da Regência e a formação do Sinédrio
me baseei em: SOUZA, Iara Lis Franco Schiavinatto Carvalho. Pátria coroada: o Brasil como
corpo político autônomo – 1780-1831. São Paulo: Editora da UNESP, 1999, p. 74-80.
5 Outro nome pelo qual ficou conhecido o movimento iniciado em 24 de agosto de 1820 na
cidade do Porto.
6 HESPANHA, António Manuel. Guiando a mão invisível: direitos, Estado e lei no liberalismo
14As duas citações então em: SOUZA, op. cit., 1999, p. 93.
15“Em Portugal havia no Antigo Regime apenas duas autoridades políticas: o rei e as câmaras.
Uma una, a outra fragmentada. [...] Duas forças em presença. Mas forças. Ambas. E nem
sempre a que apresenta maior autoridade – por nacional – será a mais decisiva no viver das
do trono por d. Pedro I do Brasil, que se tornou d. Pedro IV de Portugal e outorgou ao reino
europeu uma Carta Constitucional nos moldes da Carta brasileira de 1824 em abril daquele
ano, abdicando ao trono logo em seguida em nome de sua filha d. Maria da Glória. Como esta
era ainda criança, a Regência do Reino ficou para a irmã de d. Pedro, d. Isabel Maria, até que
em 1828 foi concluído um acordo entre d. Pedro e seu irmão d. Miguel para que este se casasse
com d. Maria da Glória e assumisse a Regência. Ao assumir a Regência, d. Miguel traiu o
irmão e se proclamou Rei absoluto de Portugal, restaurando o Antigo Regime mais uma vez
[ver: HESPANHA, op. cit., 2004, p. 91-92].
23 Para as informações relativas às reformas liberais concernentes ao poder local em Portugal
Assim sendo, o poder central tinha muito mais força para agir
sobre os poderes locais e impor a eles o direito geral que limitava a ação
legislativa deles e impedia que eles legislassem sobre temas regionais ou
nacionais. Se, como de fato ocorria, o centro tinha uma débil estrutura
periférica, não mais precisava delegar poderes às câmaras. Isto porque os
liberais lograram a construção de uma legislação e de uma estrutura
administrativa que conseguia determinar funções aos órgãos municipais e
destes cobrar os resultados sem que estes alcançassem qualquer tipo de
D’ÁVILA, Joaquim Thomaz Lobo. Estudos de administração. Lisboa: s. n., 1874, p. 19. Apud
25
26 SLEMIAN, Andréa. Sob o império das leis: Constituição e unidade nacional na formação do
Brasil (1822-1834). São Paulo: Editora Hucitec / FAPESP, 2009, p. 74-75.
27 SOUZA, op. cit., 1999, p. 118.
28 Ibidem, p. 119.
29 SILVA, Ana Rosa Cloclet da. Identidades em Construção: o processo de politização das
identidades coletivas em Minas Gerais: 1792-1831. Pós-doutorado. São Paulo: FFLCH / USP,
2007, p. 209.
30 PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo: Colônia. 18 ed. São Paulo:
provisório para os presidentes provinciais. Apesar de provisório, este regimento teve validade
até 1834. É interessante que uma solução do mesmo tipo tenha sido colocada em prática em
Portugal na Constituição de 1822, porém permanentemente.
mais referenciada.
43A respeito deste tema ver: DOLHNIKOFF, op. cit., 2005, p. 100-118.
44PRADO JÚNIOR, op. cit., 1983, p. 319.
45 RUSSEL-WOOD, A. J. R. “O governo local na América portuguesa: um estudo de
convergência cultural”. Revista de História, vol. 55, nº 109, São Paulo, jan./mar. 1977, p. 25-79.
46Todas as citações retiradas desta lei foram transcritas da seguinte fonte – doravante não
mais referenciada –: ARQUIVO HISTÓRICO DA CÂMARA MUNICIPAL DE MARIANA,
“Livro para registro da Carta de Lei de 1º/10/1828”, códice 88, Registro da Carta de Lei de 1º
de Outubro de 1828, 1º/04/1829, f. 01f-08v.
Referências Bibliográficas
Cercado de inimigos
elite local e as relações escravistas em Pelotas
(1832-1850)
I
nvestigar os medos que permearam o imaginário e os discursos da elite
dirigente com relação à figura do escravo, na Pelotas da primeira
metade do séc. XIX, constituiu o principal objetivo de meu trabalho de
conclusão de curso no bacharelado em História da UFPEL (MONTEIRO,
2012). Nesse processo de investigação, cujas fontes foram as “Atas da
Câmara Municipal de Pelotas dos anos de 1832 a 1850”, sobressaíram-se
elementos relacionáveis que constituíram boa parte dos temores e da
atenção das autoridades locais: o contingente de escravos; os estrangeiros
aliciadores; os quilombos da Serra dos Tapes; os revoltosos maleses. Posto
isso, o principal objetivo deste artigo é desenvolver como estes elementos
perigosos a hegemonia escravista desencadearam a criação de dispositivos
de controle e intermediaram as relações de poder entre a população
escravizada e as elites escravocratas que se encontravam a frente das
instituições administrativas/executivas de Pelotas. Estes elementos,
indícios dos temores da elite dirigente, são agora tomados como efeitos das
relações de poder, pois permitem discorrer a respeito do processo de
constituição e institucionalização dos poderes na Pelotas oitocentista.
4 ALADRÉN, Gabriel. Escravidão e hierarquias sociais na fronteira sul do Rio Grande de São
Pedro nas primeiras décadas do século XIX: notas iniciais de pesquisa. In: Encontro Escravidão e
Liberdade no Brasil Meridional, 4., Curitiba, maio 2009; KLAFKE, Álvaro. Antecipar essa idade de
paz, esse império do bem. Imprensa periódica e discurso de construção do Estado unificado (São Pedro
do Rio Grande do Sul, 1831-1845). Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História
– Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011; KÜHN, Fábio. Breve história
do Rio Grande do Sul. Op.cit., p.81-82.
5 PARRON, Tâmis. A política da escravidão no Império do Brasil, 1826-1865. Rio de Janeiro:
do quilombo nas Atas da Câmara, uma vez que já fiz isso em trabalho anterior (MONTEIRO,
2012). Meu objetivo é realizar um apanhado geral das principais características desse
grupamento quilombola e destacar a (re) ação das autoridades locais frente a esse
acontecimento.
18“[...] através dos estudos de Bakos, visualizamos que na década de trinta do século XIX,
tanto em Porto Alegre como em outras cidades da Província, o toque de recolher se dava às
nove horas da noite [...]”. AL-ALAM, Caiuá. A negra forca da princesa. Op.cit., p.65.
19 Op.cit.,
p.63-64.
20MONTEIRO, Victor Gomes. Um inventário do medo. Op.cit., p.88; REIS, João José. Rebelião
escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835. São Paulo: Companhia das Letras,
2003.
MOREIRA, Paulo R. S. Seduções, boatos e insurreições escravas no Rio Grande do Sul na segunda
21
24 MONTEIRO, Victor Gomes. Um inventário do medo. Op.cit., p.94; REIS, João José. Rebelião
escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835. São Paulo: Companhia das Letras,
2003.
25 AL-ALAM, Caiuá. A negra forca da princesa. Op.cit., p.76.
Conclusões
Referências bibliográficas
ALADRÉN, Gabriel. “Escravidão e hierarquias sociais na fronteira sul do Rio Grande de São
Pedro nas primeiras décadas do século XIX: notas iniciais de pesquisa”. In: Encontro Escravidão
e Liberdade no Brasil Meridional, 4., Curitiba, maio 2009.
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KÜHN, Fábio. Breve história do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Leitura XXI, 2011.
A
s Câmaras Municipais representavam o locus privilegiado do poder
local. Para compreender o jogo político nas localidades partimos
da análise da trajetória política de um indivíduo que ocupou
diversas vezes esse Conselho: Manuel Mendes Leitão. Este português de
Coimbra estava desde o início do século XIX atuando na política local e
havia exercido diversos cargos governativos e administrativos, além de ter
recebido o título de Comendador em 1842. Pretendemos com esse artigo
analisar um conflito político ocorrido em São José dos Pinhais, Paraná, em
7Atas da Câmara Municipal de Curitiba, BAMC, vol. LVIII, Sessão de 22 de outubro de 1852.
8É questionável o fato de que a Câmara de Curitiba devesse enviar o processo sobre este
evento para São Paulo.
9 SÃO JOSÉ DOS PINHAIS, CAMARA MUNICIPAL, 1953, APUD MAROCHI, Maria
Angélica. Câmara Municipal de São José dos Pinhais – 150 anos (1853 – 2003). São José dos
Pinhais: Câmara Municipal, 2003, p.52.
IN: FREITAS, Marcos Cezar de. (org.) Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo:
Contexto, 2003.
13 FERREIRA, Manoel Rodrigues. A evolução do sistema eleitoral brasileiro. Brasília: Senado
Federal, p.173.
14 Ibidem, p.168.
15 GRAHAM, Richard. Clientelismo e política no Brasil do século XIX. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ,
1997, p 104
16 Ibidem, p. 105.
17 Ibidem, p. 165.
18 AESP. Ofícios diversos - Curitiba. Ofício de Francisco Jose Correa, sobre a indicação de
cidadãos para suplente de delegado de Curitiba, pasta 3, caixa 209, ordem 1004, 1843.
19 LEÃO, Ermelino de. Diccionário histórico e geográfico do Paraná, vol. III, Instituto histórico,
23 Após 1831, com a criação da Guarda Nacional, as ordenanças foram incorporadas a esta
corporação, mantendo a mesma hierarquia.
24 LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto. O município e o regime representativo no
25 SEIDLER, Carlos. Dez anos de viagem no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia: USP, 1980. APUD:
BRAGA, Pedro. Crime, pena e sociedade no Brasil pré-republicano. Revista de Informação
Legislativa. Brasília a. 40 n. 159 jul./set. 2003.
26 LIMA, Marco Antunes de. A cidade e a província de São Paulo às vésperas da Revolução Liberal de
27 OFÍCIOS DE SÃO PAULO. Ofício de Francisco Jose Correa, sobre a indicação de cidadãos
para suplente de delegado de Curitiba, DAESP, 1943.
28 AESP. Ofícios diversos - Curitiba. Ofício de Francisco Jose Correa, sobre a indicação de
cidadãos para suplente de delegado de Curitiba, pasta 3, caixa 209, ordem 1004, 1843.
29 GRAHAM, opus cit, p. 89
30 GRAHAM, opus cit, p. 87
31 “A administração da Justiça ressentia-se de falta de juízes profissionais, o que explica sua
Conclusão
da lógica do tráfico de escravos (Paraná, décadas de 1830 e 1840). In: Colóquios. Revista do
Colegiado de História da Faculdade de Filosofia – FAFIUV. União da Vitória, v. 1, n. 1,
novembro/2007, pp. 12-29.
34 AVE-LALLEMANT, Robert. 1858, viagem pelo Paraná. Curitiba: Fundação Cultural, 1995, p
73
35 LEAO, Ermelino. Dicionário histórico e geográfico do Paraná. Curitiba, 1994, p. 1229
36 GRAHAM, Richard. O Brasil em meados do século XIX à guerra do Paraguai. IN: BETHELL,
Leslie (org.). História da América Latina: da Indepedência a 1870, vol III. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo; Imprensa oficial do Estado; Brasília: Fundação Alexandre de
Gusmão, 2004, p 806.
Referências documentais
Referências bibliográficas
Introdução2
2 Este artigo baseia-se em minha tese de doutorado em história, A autoridade municipal na Corte
imperial: enfrentamentos e negociações na regulação do comércio de gêneros (1840-1889), apresentada
à Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) em 2007, e financiada pelo CNPq e
FAPESP.
3 FAORO, Raymundo. Os donos do poder. São Paulo: Globo, 1993, p. 334.
4 HOLANDA, Sergio Buarque de. A herança colonial – sua desagregação. In: HOLANDA, S. B.
2005, p. 205.
6 CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: elite política imperial; Teatro de sombras:
a política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010, p. 418.
7 MATTOS, Ilmar de. O tempo saquarema: a formação do Estado imperial. Rio de Janeiro:
9 EDMUNDO, Luiz. O Rio de Janeiro do meu tempo. Brasília: Senado federal, Conselho Editorial,
2003, p. 318.
10 MATTOS, Ilmar Rohloff de. O tempo saquarema, p. 122-141.
11 CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 172-175.
12 Relatório do Ministério dos Negócios do Império Apresentado em Maio de 1875. Primeiro
Relatório da Comissão de Melhoramentos da Cidade do Rio de Janeiro. Documento
disponível na página: http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u1702/000697.html.
13 BENCHIMOL, Jaime Larry. Pereira Passos: um Haussman tropical. A renovação urbana da cidade
do Rio de Janeiro no início do século XX. Rio de Janeiro: Biblioteca Carioca, 1990; e ROCHA,
Oswaldo Porto. A era das demolições: cidade do Rio de Janeiro. 1870-1920. Rio de Janeiro:
Secretaria Municipal de Cultura, 1995.
20 Sobre o olhar vigilante do poder, ver: FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da
prisão. Petrópolis: Vozes, 1977; e FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro:
Graal, 1985, p. 209-227.
21 AGCRJ, Quiosques, cód. 45-4-21, 30 de Março de 1882.
30A adoção desses conceitos no Brasil foi analisada em: CHALHOUB, Sidney. Cidade febril:
cortiços e epidemias na Corte imperial. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 20-29.
Considerações finais
Referências Bibliográficas
D
esde os estudos “foucaultianos”, se tornou central nas Ciências
Sociais a discussão sobre o caráter histórico, contextual e
construtivista das relações sociais, fomentada pelos
questionamentos vinculados às relações de gênero, tanto no meio científico
– social e médico – como nas discussões de senso comum. Os diversos
valores que transcorrem as relações humanas não são naturais e nem
possuem uma essência, mas se definem historicamente em diferentes
contextos sociais. Dessa maneira, as noções sobre sexualidade são
multifacetadas dentro de uma mesma cultura quando inserimos variáveis
de análise como classe social, faixa etária, etc. Isso sem falarmos da gama
de particularidades encontradas quando comparamos culturas diferentes.
Os estudos feministas influenciaram fortemente os estudos sobre
sexualidade. Mesmo quando no desenvolvimento de ambos havia um
descompasso conclusivo das análises, eles empreendiam um diálogo
profícuo dentro das Ciências Humanas. Historicamente, os estudos
feministas iniciaram-se com os woman’s studies. Esses estudos2 se
esforçaram em destacar a presença da mulher na história do Ocidente. Com
um forte propósito de contar a história do subordinado, eles se propuseram
também a descobrir a origem da dominação masculina e da subordinação
feminina. Os estudiosos acreditavam que ao conhecerem as origens e as
causas do processo de dominação poderiam quebrá-lo e, dessa forma, por
fim a desigualdade que perdurava há milênios.
A coletânea de textos presentes no livro “A mulher, a cultura e a
sociedade” é um exemplar dessas primeiras análises. Nela, as autoras
partem do pressuposto de que em todas as sociedades humanas conhecidas
a mulher é subordinada ao homem. O argumento é que, mesmo quando os
estudos etnográficos descrevem sociedades em que há uma relação mais
2Conforme SCOTT, Joan. “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”, In. Educação e
Realidade, v. 20, jul./dez. 1995, Porto Alegre.
3 ROSALDO, Michelle & LAMPHERE, Louise. A mulher, a cultura, a sociedade. Rio de Janeiro,
Paz e Terra, 1979, p. 190.
4 ROSALDO, Michelle & LAMPHERE, Louise. Op. cit., p. 25.
5 SCOTT, Joan. “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”, In. Educação e Realidade, v. 20,
jul./dez. 1995, Porto Alegre, p. 72.
6 SCOTT, Joan. . Op. cit., p. 75.
7 SCOTT, Joan. . Op. cit., p. 75.
8 SCOTT, Joan. Op. cit., p. 75.
9 SCOTT, Joan. Op. cit., p. 78.
11 HEILBORN & BRANDÃO, Maria Luiza e Elaine Reis. “Introdução: Ciências Sociais e
sexualidade.” In. Sexualidade: o olhar das ciências sociais / organizadora Maria Luiza Heilborn. –
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999, p. 11.
12 LOYOLA, Maria Andréa. “A sexualidade como objeto de estudos das ciências humanas.” In.
Sexualidade: o olhar das ciências sociais / organizadora Maria Luiza Heilborn. – Rio de Janeiro:
Jorge Zahar: 1999. p. 34.
13 PEREIRA, Amanda Gomes. “Um bonde chamado afeto”: descrevendo as conexões numa casa de
região da Rua Augusta em São Paulo. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Programa
de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2000.
16 Ver PASINI, 2000; HEILBORN, 1999. Maria Luiz Heilborn (1999) realizou uma pesquisa que
teve como principal recurso metodológico entrevistas ao estilo “histórias de vida”. Segundo a
autora, foram realizadas oitenta entrevistas no decorrer de três anos “entre sujeitos de diferentes
inserções sociais, buscando analisar qual é o lugar da sexualidade na construção da pessoa em distintos
contextos culturais de uma sociedade complexa e heterogênea.” (HEILBORN, 1999: 40). Comum a
todas as mulheres que ela teve contato durante o período da pesquisa foi o paradoxo de que
ao mesmo tempo em que elas se mostraram conscientes com relação a Aids, elas também
afirmavam não usarem preservativos com seus parceiros íntimos.
17 PASINI, Elisiane. “Corpos em Evidência”, pontos em ruas, mundos em pontos: a prostituição na
região da Rua Augusta em São Paulo. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Programa
20Estudos como os de Soares, 1986, Engel 1989, Rago 1991 conforme apresentados por
MAZZARIOL, Regina. Mal necessário: ensaio sobre o confinamento da prostituição na cidade de
Campinas. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, 1976.
21 FONSECA, Claudia. “A Dupla Carreira da Mulher Prostituta”. In: Revista Estudos Feministas,
Rio de Janeiro, IFCS / UFRJ – PPCIS / UFRJ, vol. 4, nº 1, 1996, p. 32.
22 FONSECA, Claudia. Op. cit., p. 30.
23 PISCITELLI, Adriana. “Prostituição e Trabalho.” In. Transformando as relações trabalho e
massagens, etc.
Janeiro, estado do Rio de Janeiro, a rua da Bahia em Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, a
Lapa dos travestis na cidade do Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro, o bairro Maciel na
cidade de Salvador, estado da Bahia, dentre outros.
28 Nestor Perlonger em sua pesquisa sobre michês demonstra o quanto essa prática é
1993.
32BECKER, Howard. Uma teoria da ação coletiva. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977, p.60.
33ARIENTE, Marisa A. O Cotidiano da Prostituta em São Paulo: estigma e contradição. Dissertação
de Mestrado em Antropologia Social, PUC-São Paulo, 1989, p. 102.
40 Ariente, Marisa, 1989; Bacelar, Jeferson, 1982; Freitas, Renan, 1985; Gaspar, Maria Dulce,
1984; Mazzariol, Regina, 1976; Moraes, Aparecida, 1996.
41 Bacelar, Jeferson, 1982; Freitas, Renan, 1985; Gaspar, Maria Dulce, 1984; Mazzariol, Regina,
44 Ariente, Marisa, 1989; Bacelar, Renan, 1982; Fonseca, Claudia, 1996; Moraes, Aparecida,
1996; Pasini, Elisiane, 2000 e 2005.
45 ARIENTE, Marisa A. O Cotidiano da Prostituta em São Paulo: estigma e contradição. Dissertação
Conclusão
2000.
53 PEREIRA, Amanda Gomes. “Um bonde chamado afeto”: descrevendo as conexões numa casa de
Referências Bibliográficas
O
presente estudo da condição feminina na cidade de Dom Aquino-
MT, tem como objetivo dar visibilidade as formas subjetivas dessas
figuras femininas: os seus sonhos, ilusões, paixões e amores. Tal
temática só foi possível à partir das mutações e transformações políticas,
sociais e culturais, provocado pelo feminismo neste período proposto.
Em uma análise qualitativa, basearemos este artigo nas condições
femininas dentro daquela sociedade, utilizaremos os recursos teóricos -
metodológicos, bem como as concepções de autores prós – estruturalistas.
O mundo feminino do período em questão não se trata somente de
um conhecimento prosaico das cousas do dia-a-dia, pois devemos analisar
suas angústias, a discriminação em relação a sua condição formatada
muitas vezes na própria família com a herança patriarcal, criada e
consolidada durante um tempo no qual, não tinham voz. E nem vez!
A imposição familiar muitas vezes fez com que elas assumissem
casamentos que não desejavam filhos que não queriam, profissões que não
puderam exercer, opções sexuais não definidas, maternidade não
requerida, religião imposta, enfim uma gama de obrigações exercidas com
a cruz da subjeção social interiorana, que muitas vezes fez-se destas
mulheres atrizes imparciais de suas próprias histórias.
A autora Valéria Fernanda da Silva, 2 em seu artigo História
Feminista, uma história possível, mostra-nos com clareza:
2 SILVA, Valéria Fernandes da. História Feminista, uma história do possível. 2008.p.04
ed. Coleção Estudos Brasileiros v.90. Rio de Janeiro: Paz e Terra: 1985.p.37
5 MATOS, Maria Izilda S. de. Outras Histórias: as mulheres e estudos de gêneros – percursos e
possibilidades. In SAMARA, Eni de Mesquita, SOIHET, Rachel e MATOS, Maria Izilda S.
Gênero em debate trajetória e perspectivas na historiografia contemporânea. São Paulo: educ,
1997. p. 144.
6 Aqui ofícios vêm caracterizar a mulher como dona de casa, beata, “da vida”.
7 RAGO, Luzia Margareth. Do Cabaré ao Lar: a Utopia da Cidade Disciplinas – Brasil 1890-1930. 2º
ed. Coleção Estudos Brasileiros v.90. Rio de Janeiro: Paz e Terra: 1985. p.21
A origem das famílias dom aquinenses e sua relação de poder sobre as mulheres
8Sonho do Eldorado: termo utilizado para aqueles que deixavam suas terras de origem, para
buscar em outras regiões o “sonho” do enriquecimento rápido, ora em busca do ouro, do
diamante, ora em busca de látex, e/ou outros.
10PERROT, Michelle. Minha História das Mulheres. Trad. Angêla M.S. Corrêa. São Paulo:
Contexto,2007. p.17.
Biscate: aqui referem-se a mulheres de vida fácil, prostituta, ou aquela que sai com todo
12
mundo.
13DEL PRIORE, Mary. Histórias Íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil. São
Paulo: Planeta, 2011.p.87
14Teúda e manteúda, termo usado para caracterizar amantes de homens casados aquelas nas
quais eram sustentadas por eles, não moravam em bordeis, cabarés e afins, habitavam em
residências bancadas por esses homens e eram elas de “uso” exclusivo.
15 PERROT, Michelle. Minha História das Mulheres. Trad. Angêla M.S. Corrêa. São Paulo:
Contexto,2007. p.84.
16 Ditado popular: “Fulano passou aqui com roupa de ver Deus”, ou seja, roupa nova que
17DEL PRIORE, Mary. Histórias Íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil. São
Paulo: Planeta, 2011.p.105
18 PERROT, Michelle. Minha História das Mulheres. Trad. Angêla M.S. Corrêa. São Paulo:
Contexto,2007.p.15
19 RAGO, Luzia Margareth. Do Cabaré ao Lar: a Utopia da Cidade Disciplinas – Brasil 1890-1930. 2º
ed. Coleção Estudos Brasileiros v.90. Rio de Janeiro: Paz e Terra: 1985.p 40.
Finalizando...
21SILVA, Valéria Fernandes da. História Feminista, uma história do possível. 2008. p.16
22BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Apologia da História ou o ofício de historiador. Trad. André
Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.p 07
BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Apologia da História ou o ofício de historiador. Trad. André
Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
DEL PRIORE, Mary. Histórias Íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil. São
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SILVA, Valéria Fernandes da. História Feminista, uma história do possível. 2008.
L
uís Xavier de Jesus foi identificado na Bahia, em 1835, como sendo de
nação jeje. Segundo Luis Nicolau Parés, os povos desta nação “tem
sido usualmente identificados, ao menos a partir do século XIX [...],
como daomeanos, isto é, grupos provenientes do antigo reino do Daomé.
Segundo o autor, haveria na historiografia contemporânea, especulações
Rebelião escrava no Brasil, São Paulo: Cia das Letras, 2003, pp. 485-491. Outros autores também
trazem algumas informações sobre a personagem deste projeto: OLIVEIRA, Maria Inês Côrtes
de. O liberto: seu mundo e os outros. Salvador: Corrupio, 1988, p. 39; VERGER, Pierre. Os libertos:
sete caminhos na liberdade de escravos da Bahia no século XIX. Salvador: Corrupio, 1992, pp. 55-65
e BRITO, Luciana da Cruz, Sob o rigor da lei: africanos e africanas na legislação baiana (1830-1841),
dissertação de mestrado, Unicamp, 2009, pp. 127-133.
3 PARÉS, Luís Nicolau. A formação do Candomblé: história e ritual da nação jeje na Bahia. São
Paulo: Editora da Unicamp, 2007, pp. 30-42.
4 O tempo para adquirir a alforria era estimado em 10 anos, segundo o viajante Henry Koster,
citado por Manuela Carneiro da Cunha: CUNHA, Manuela Carneiro da. Negros estrangeiros.
Os escravos libertos e sua volta à África. Brasiliense, 1985, p. 34. Inventário de Luís Xavier de
Jesus: APEBA, Judiciária, Inventários, 09/3814/10.
5 OLIVEIRA, O liberto, pp. 79-86. REIS, João José. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta
popular no Brasil do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p. 54.
6 Testamento de Francisco Xavier de Jesus, 29/09/1813: APEBA, Judiciária, Livro de Registro
7 PARÉS, A formação do candomblé..., pp. 46 e 206. VERGER, Pierre. Fluxo e refluxo do tráfico de
escravos entre o Golfo de Benin e a Bahia de Todos os Santos dos séculos XVII ao XIX. 4ª ed. rev.
Salvador: Corrupio, 1987, pp. 44-45.
8 ACMS, Batismos, Paróquia da Nossa Senhora da Conceição da Praia, 1809-1815, fl. 364 v.
9 Ibidem. APEBA, Judiciária, LNT 220, fl. 181 v.
10 APEBA, Judiciária, LNT 223, fl. 118 v. APEBA, Judiciária, LNT 231, fl. 45. APEBA, Judiciária,
LNT 257, fl. 35 v.
11APEBA, Legislativa, Abaixo-Assinados, 1836; NISHIDA, Mieko. “As alforrias e o Papel da
Etnia na Escravidão Urbana: Salvador, Brasil, 1808-1888”. In: Revista de Estudos Econômicos. São
Paulo. V.23, nº. 2, pp. 227-265, Maio- Agosto - 1993. MOTT, Luiz. “Santo Antônio, o divino
capitão-do-mato”. In: GOMES, Flávio dos Santos; REIS, João José (orgs.). In: Liberdade por um
fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, pp. 110-138. REIS,
João José; GOMES, Flávio dos Santos. “Uma história da liberdade”. In: Liberdade por um fio:
história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, pp. 15-17.
12 Disponível em http://consorcio.bn.br/slave_trade/iconografia/icon92944d2i11.jpg.
13 REIS, João José. Domingos Sodré, um sacerdote africano: escravidão, liberdade e candomblé na Bahia
do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. CASTILLO, Lisa Earl; PARÉS, Luis
Nicolau. “Marcelina da Silva e seu mundo: Novos dados para uma historiografia do
Candomblé Ketu”. Revista Afro-Ásia, nº 36 (2007), pp. 111-50.
14 OLIVEIRA, O liberto, p. 19 e 32. Lisa Castillo e Nicolau Parés, “Marcelina da Silva e seu
mundo”. NASCIMENTO, Anna Amélia Vieira. Dez freguesias da Cidade do Salvador; Aspectos
Sociais e Urbanos do Século XIX. Salvador, FCEBa. /EGBa., 1986, p. 76.
15APEBA, Judiciária, LNT 213, fl. 81. João Reis, Rebelião escrava, p. 486.
16APEBA, Judiciária, LNT 219, folha 119. APEBA, Judiciária, LNT 215, folha 32. APEBA,
Judiciária, Inventários, 09/3814/10. FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala: formação da família
brasileira sob o regime da economia patriarcal. São Paulo: Global, 2006. CHALHOUB, Sidney.
Machado de Assis: Historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
17APEBA, Judiciária, LNT 220, fls. 118-118-v. APEBA, Judiciária, LNT 219, fls. 193-194.
18 REIS, Rebelião escrava, p. 498-503. Brito, “Sob o rigor da lei”, pp. 36-48.
19 Ibidem, p. 597. APEBA, Chefes de polícia, maço 2949 (1835- 1841). Inventário de Luís Xavier
Figura 3: Nome de Luís Xavier de Jesus numa lista de escravos que aguardavam deportação
para a Costa da África, em 1835. Fonte: APEBA, Colonial, Chefes de polícia, maço 2949, 1835.
24 VERGER, Fluxo e refluxo, pp. 496-503. LAW, Robin; MANN, Kristin. “West Africa in the
Atlantic Community: The case of the Slave Coast”. The William and Mary Quarterly, 3rd Ser.,
vol. 56, nº 2, African and American Atlantic Worlds. (Apr., 1999), p. 324. Ross, “The Career of
Domingo Martinez in the Bight of Benin”, p. 79.
25ANRJ, GIFI, Cx. 5 B 207. Petição de Luís Xavier de Jesus: APEBA, Legislativa, Abaixo-
27 Ibidem, pp. 68-121; Brito, “Sob o rigor da lei...”, pp. 131-132. VIANA, Padre A. da Rocha.
Compilação em índice alfabético de todas as leis provinciais da Bahia, regulamentos e atos do governo
para execução das mesmas. Bahia: Typ. e livraria de E. Pedrosa, 1858, p. 136. Disponível em: <
http://books.google.com.br/books?id=ioswAAAAIAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-
BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false >. Acessado em: 18/04/2013.
28 No sítio www.slavevoyages.org.consta 17 viagens de embarcações com o nome Aníbal e 15
com o Triunfo.
29 REIS, Rebelião escrava, pp. 481-482. BETHELL, Leslie. A abolição do comércio brasileiro de
32 Nascimento, Dez freguesias, p. 196. Reis, Rebelião escrava, pp. 498-503. Petição de Filipe
Francisco Serra. APEBA, Assembleia Legislativa Provincial, Petições (1837).
33 DAVIS, Natalie Zemon. Histórias de perdão e seus narradores na França do século XVI. São
Chefes de Polícia, maço 2949 (1835-1841). Também publicado por Verger, Os libertos, p. 137.
2898 (1830-1889).
207.
ilegalidade e costume no Brasil oitocentista. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, pp. 45-108.
Rodrigues, De Costa a Costa, pp. 76-104.
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Europa e das Américas no tráfico transatlântico de escravos: novas evidências”, Afro-Ásia, nº 24 (2000),
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3 Figura 1 - CCBB – Expedição Langsdorff. Adrien Aimée Taunay (1825 – São Paulo)
5Figura 2 - Debret, J. B. – Viagem Pitoresca ao Brasil (Milliet S. trad. 2ed.). São Paulo: Martins
Fontes (Biblioteca Histórica Brasileira 4-3 vol em 2 tomos. Prancha 2/5)
Conclusão
Referências Bibliográficas