Recurso Eleitoral: Matheus Almeida, de Monte Alegre
Recurso Eleitoral: Matheus Almeida, de Monte Alegre
Recurso Eleitoral: Matheus Almeida, de Monte Alegre
11/02/2022
Número: 0600405-33.2020.6.14.0019
Classe: AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL
Órgão julgador: 019ª ZONA ELEITORAL DE MONTE ALEGRE PA
Última distribuição : 15/12/2020
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Abuso - De Poder Econômico, Abuso - De Poder Político/Autoridade
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
LIRLEY ROVANIA NERI CORREA (REQUERENTE) ERIKA AUZIER DA SILVA (ADVOGADO)
HANNA DE ASSIS MACEDO (ADVOGADO)
DANILO COUTO MARQUES (ADVOGADO)
MATHEUS ALMEIDA DOS SANTOS (INVESTIGADO) SALAZAR FONSECA JUNIOR (ADVOGADO)
LEONARDO ALBARADO CORDEIRO (INVESTIGADO) SALAZAR FONSECA JUNIOR (ADVOGADO)
JARDEL VASCONCELOS CARMO (INVESTIGADO) SALAZAR FONSECA JUNIOR (ADVOGADO)
ADEMIR BRASIL DA MOTA (INVESTIGADO) SALAZAR FONSECA JUNIOR (ADVOGADO)
PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DO PARÁ (FISCAL
DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
10288 10/02/2022 15:38 Recurso Eleitoral - Jardel e Matheus Petição
3856
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ ELEITORAL DA 19ª ZONA ELEITORAL DO ESTADO DO
PARÁ
Processo nº 0600405-33.2020.6.14.0019
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RAZÕES RECURSAIS
AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL nº 0600405-33.2020.6.14.0019
RECORRENTES: JARDEL VASCONCELOS CARMO, MATHEUS ALMEIDA DOS SANTOS, LEO-
NARDO ALBARADO CORDEIRO e ADEMIR BRASIL MOTA
RECORRIDO:
EGRÉGIO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL DO PARÁ
Exmos. Julgadores,
Exmo. Procurador Regional Eleitoral
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de 40% do salário dos servidores no mês de novembro. Outras acusações foram feitas por parte
do Recorrente, as quais foram julgadas improcedentes na sentença retro.
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lograram êxito em demonstrar que na sentença de id 100512310 houve omissão, contradição
e obscuridade.
Eis a síntese fática e da decisão ora recorrida.
Nos termos das normas legais, não restam dúvidas do cabimento do presente Recurso
Eleitoral, diante de decisão proferida nos autos da Representação em questão.
E mediante o preenchimento dos seus requisitos extrínsecos e intrínsecos, donde se
revela a adequação entre a decisão e o recurso que está sendo interposto, Ilustres
Desembargadores; o interesse para recorrer, em virtude da extinção do feito sem julgamento
do mérito; a legitimidade ativa dos recorrentes; inexistência de fato impeditivo ao direito de
recorrer; capacidade postulatória dos patronos infrassinados; e a sua regularidade formal.
No caso, trata-se de recurso eleitoral interposto contra a decisão proferida pelo juizo da
19° Zona Eleitoral de Monte Alegre - PA. Consoante a regra da Lei 9.504/97, o prazo para
apresentar recurso eleitoral é de 03 (três) dias, neste sentido como a publicação da decisão
ocorreu no dia 07/02/2022, tem-se, pois como tempestivo o presente recurso.
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antecipação do pagamento do salário e do 13° do salário dos funcionários do município é ato
que sequer afetou a remuneração líquida dos servidores, pois nada foi acrescido, sendo certo
que os fatos e documentos trazidos pelo Recorrido não configuram conduta vedada, muito
menos abuso de poder político!
Não foi vinculado ao pleito eleitoral, não revelou pedido de voto e nem poderia, eis
que não houve benesse concedida, mas mera antecipação prevista no ordenamento jurídico
municipal!
Ora, Vossa Excelência deve muito bem conhece que, nos termos do art. 22, XVI, da
LC 64/90, a propositura de AIJE para a averiguação de possível abuso a ser investigado
precede de que as circunstâncias alegadas sejam em sua essência graves.
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científico a fim de justificar o exame da gravidade da conduta, fundamentando em critérios
abstratos e se esta, por si só configuraria ou não o ato abusivo, na forma do art. 22, XVI, da Lei
Complementar 64/90.
Entretanto, o juízo de valor permitido legalmente devem analisar as condutas de forma
a vir a afetar concretamente a igualdade de oportunidades entre os candidatos, o que não
restou provado no caso em concreto, Excelência.
Conforme será provado, as condutas do Recorrente não se revestem de “gravidade”,
não permitindo sequer a aplicação de multa, tampouco pena mais severa como a cassação do
registro de candidatura ou diploma, e inelegibilidade (art. 22, XIV e XVI, da Lei Complementar
64/90).
Serão vistos adiante os seguintes pontos:
(I) Atos administrativos foram praticados de acordo com a nova realidade pandêmica e a
necessidade da administração (II) não caracterização de conduta vedada ou abuso de poder,
já que a edição dos decretos não revestiram qualquer intuito eleitoreiro; inexistência de ro-
bustez necessária a fim de comprovar o caráter eleitoreiro por meio da edição dos Decretos
Municipais; necessidade de comprovação da potencialidade lesiva da conduta, a ensejar o
desequilíbrio entre os candidatos.
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gestão das finanças públicas foram extremamente prejudicadas. Posto isso, o Município
necessitou adotar, para além das medidas restritivas relacionadas à locomoção, abertura e
fechamento de estabelecimentos, escolas, repartições, dentre outros; fazer um
contingenciamento financeiro, tudo isso por meio do DECRETO 174/2020 o qual, dentre outras
medidas, adotou a seguinte:
Quanto a isso, frise-se o motivo pelo qual o julgador a quo entendeu que houve abuso,
quanto à postergação de parte do pagamento do 13° salário dos servidores:
“(...) Diga-se ainda que, sem a edição do ato administrativo não é possível
acatar o alegado pela defesa de que a suspensão do pagamento da parcela
do 13º dos servidores correspondeu a um contingenciamento face a
necessidade da municipalidade fazer caixa para a realização de ações
necessárias para o enfrentamento da pandemia do coronavírus, já que não é
possível apurar a sua finalidade.”
E somente a título de correção, foi editado um novo Decreto de n°319 (em anexo), que
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disciplinou do seguinte modo:
Fato curioso o Nobre Juízo a quo ignorar o contexto histórico traçado pelo Estado do
Pará, no ano de 2020, o qual pode ser acompanhado, com facilidade, pelo portal e redes sociais
deste órgão. Quanto ao município de Monte Alegre, vejamos o quanto o contexto pandêmico
influenciou nas medidas tomadas por meio dos decretos ora discutidos:
Fonte: http://www.montealegre.pa.gov.br/boletim-epidemiologico-monte-
alegre-pa-20-09-2020/ (Capturas de tela retiradas do site)
Veja-se, no início do registro dos casos naquele município, os primeiros decretos foram
editados com base na realidade regional e respeitando as normativas Estaduais, inclusive,
antecipando-se nas medidas restritivas, antes mesmo da situação agravar mais naquele
município.
O maior “salto” no número de casos ocorreu nos meses de Junho e Julho, ao passo que
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as contaminações foram diminuindo em Agosto e, especialmente no mês de Setembro,
justamente o mês em que medidas foram flexibilizadas a nível Nacional.
É totalmente impossível se fazer uma análise das medidas tomadas pelo ex-Prefeito
ora Recorrente, sem observar a sequência de dados apontados acima. Em Abril de 2020, a
pandemia estourou no Brasil inteiro, alcançando o Estado do Pará de forma igualmente
catastrófica. Relembre-se:
Fonte: https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2020/05/01/para-ve-
numero-de-mortes-por-coronavirus-subir-em-uma-semana.ghtml
Fonte: https://agenciapara.com.br/noticia/30982/
Na notícia, foi frisado que: “Até na última sexta-feira (25), a Região do Baixo Amazonas
computava uma redução de 63% no número de casos da doença quando comparado com a
média móvel de 14 dias, passando de 35,7 caso/dia para 13,1”.
Diante das informações acima, questiona-se, Nobre Relator: ante a instabilidade que a
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pandemia apresentou em Março/2020, somada à explosão de casos em Abril/2020, o correto
não seria o gestor municipal efetuar TODAS AS MEDIDAS POSSÍVEIS para conter gastos e
salvaguardar o bem da vida e saúde dos munícipes? EVIDENTE QUE SIM.
Para exemplificar, veja-se que diversos municípios implementaram medidas de
contenção financeira para o período critico em questão, dentre eles:
https://morrinhos.go.gov.br/site/2020/04/prefeitura-divulga-plano-de-contencao-de-gastos-
devido-a-crise-financeira-por-causa-da-pandemia-do-corona-virus/
Ainda acerca da possibilidade do gestor executivo suspender a antecipação das verbas
com o intuito de refrear gastos para urgente uso na contenção da pandemia, o Desembargador
Moreira Viegas, no julgamento do MS n° 2073102-26.2020.8.26.0000 que tratou acerca da
suspensão da antecipação do salário dos servidores do Estado de São Paulo, por meio do
Decreto 64.937/2020, em razão da epidemia do coronavírus, que assim aduziu:
“É fato público e notório que os efeitos reflexos da
pandemia viral e da quarentena ordenada, que atuam em
círculo vicioso, desestimularam a arrecadação financeira,
configurando situação que remete ao uso comedido da
faculdade de antecipação de pagamento de parcela do 13º
salário, o que compreende, de acordo com as regras da boa
administração, inspiradas sobretudo pelas virtudes de
prudência, parcimônia e responsabilidade na gestão dos
dinheiros públicos, a inaplicabilidade da própria
antecipação”.
Tal medida foi reconhecida como legítima, eis que essa discricionariedade, por obvio,
“não é absoluta e rende-se à métrica para evitar arbitrariedade, consistente na conditio juris da
disponibilidade financeira”, nas palavras do Relator. De igual modo fez o gestor do Município à
época, que normalizou os pagamentos após a melhora no quadro pandêmico.
Na medida que a saúde foi normalizada, o Município precisou reajustar as pendências
com os servidores, que a meses estavam aguardando a parcela do 13°, normalizada no
momento em que a situação amenizou naquela localidade.
Entretanto, em completo dissenso a realidade, a Recorrida trouxe alegações baseadas
nos dados anteriores à 2020, e que não se aplicam a concretude e ao “novo normal” que
encaramos em 2020. Foi demonstrado todo o desencadeamento lógico dos fatos, todos
interconectados e que levam a uma só conclusão, quais sejam, a elaboração de decretos que
tinham a única e exclusiva finalidade de cumprir com obrigações de cunho administrativo, e
que foram efetuadas no momento em que o Município passou a ter segurança financeira de
arcar com as verbas em virtude da melhora no quadro da Covid, e nada mais.
As medidas tomadas pelo Prefeito Municipal foram praticadas no exercício de legítimo
e legal poder discricionário e com vistas a atender ao interesse público, na implantação do de
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medidas de contenção de gastos e de enfrentamento da gravíssima crise de saúde pública
decorrente da propagação da Covid-19. Ora, o poder discricionário confere ao gestor público
a escolha sobre a forma de implementar o necessário para salvaguardar o interesse público.
Não merece prosperar o entendimento do juízo a quo quando aduz que “Entendo que a
inovação no comportamento da administração pública em ano eleitoral - visto que, ficou
comprovado que nos anos anteriores o pagamento do 13º salário ocorreu nos estritos termos
do ditame legal - sem a publicação de qualquer ato administrativo que o justifique e o dê
publicidade/transparência, foi conduta gravíssima, principalmente porque a manifestação de
vontade da administração pública deveria ter sido acompanhada da edição e publicação de um
ato administrativo”, haja vista que tal medida foi adotada pelo gestor daquela época,
inexistindo conduta ilegal, tampouco praticada de forma abusiva por parte deste
investigante.
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e nem nada nesse sentido, mas somente a antecipação descontada em folha mensal corrente.
Portanto, Nobre Relator, não é possível se verificar nestes autos qualquer exploração
do fato para fins eleitorais, tendo em vista que o Prefeito à época não fez "palanque" da ante-
cipação de parte do salário. MUITO MENOS o candidato à prefeitura. É impossível fazer qual-
quer tipo de associação do pagamento das verbas com qualquer visão eleitoreira.
Não se vislumbrou qualquer conduta oportunista praticada pelo gestor, tampouco pelo
seu sucessor, muito menos revestido de caráter eleitoreiro a ponto de desequilibrar as elei-
ções em Monte Alegre.
Não há nos autos nenhuma evidência sequer de reunião com eleitores/servidores a
respeito disso, nada! Absolutamente nada! Não se tem nada, porque não há e não houve
nenhuma vinculação eleitoral, nenhuma ilegalidade de nenhuma natureza!
Ora, é cediço que a antecipação salarial, assim como o retorno ao pagamento do 13°
salário se trata de ato discricionário, concedido por conveniência e oportunidade da adminis-
tração pública, por óbvio, tendo que o gestor pautar-se sempre pelo atendimento do inte-
resse público, cabendo ao judiciário fazer a análise da razoabilidade da conduta e a pondera-
ção de seus motivos e finalidades, que no caso se mostram prudentes e totalmente em prol
do interesse social, e inexistindo qualquer vínculo com o pleito eleitoral.
Sucede-se que inexistem provas nos autos de os salários pagos foram feitos em troca de
votos, ou ainda ligação entre a conduta e o pleito, havendo somente presunções.
Ainda assim, sem qualquer fundamento e, pois, de maneira inteiramente ilegal e
abstrata, o Nobre Magistrado a quo justificou o entendimento de que ocorreu abuso do poder
econômico e político por meio da seguinte justificativa:
“(...) Segundo entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, o abuso do poder
públicos ou privados, com a finalidade de comprometer os valores essenciais das
eleições, quais sejam, a democracia e a isonomia, de forma a causar grave
interferência na igualdade de concorrência (AgRg-REsp 730-14/MG, DGE
02/12/2014). Na mesma senda, o abuso do poder político caracteriza-se quando o
agente público, valendo-se de sua condição funcional e em manifesto desvio de
finalidade, compromete a igualdade da disputa e a legitimidade do pleito em
benefício de sua candidatura ou de terceiros (TSE - REsp nº 555-47/PA, rel. João
Otávio Noronha, DJE, 2110/2015)”.
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Desta feita, o adiantamento de 40% do salário dos servidores públicos municipais não
guarda qualquer relação com a eleição do atual prefeito deste município. Não é possível verifi-
car, sob qualquer ótica, que o ato de gestão do Investigado foi fato definitivo para o êxito do
Prefeito Matheus nas urnas.
A paridade das armas não foi fragilizada pelo simples fato de que desequilíbrio de forças
é caracterizado tão somente se aquela conduta se revestir de caráter eleitoreiro, o que não é o
caso, conforme será melhor exposto no item abaixo.
Excelência, basta uma breve leitura à inicial e às provas do Recorrido para confirmar que
este não foi capaz de demonstrar se o gestor atrelou seu nome e imagem ao pagamento
antecipado das verbas salariais. Não houve qualquer atitude por parte deste que pudesse levar
a crer que houve o aproveitamento da máquina pública para distribuir benesses, tampouco com
o fim de obter votos por parte da população.
Nos termos da jurisprudência, é “imprescindível para a configuração do abuso
de poder prova inconteste e contundente da ocorrência do ilícito eleitoral, inviabilizada
qualquer pretensão articulada com respaldo em conjecturas e presunções” (AgR-RO-El
0600006-03/RS, Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJE de 2/2/2021), veja-se:
[...]
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afetar o equilíbrio entre os candidatos e macular a legitimidade da disputa.
Contudo, o que se vê aqui são meras ilações, sendo inexistente qualquer ligação entre
os atos de gestão do Ex prefeito e a promoção da candidatura do segundo recorrente. Acerca
da antecipação salarial, o TRE-SE assentou que é impossível definir com segurança os
dividendos eleitorais proporcionados ao candidato por meio da antecipação salarial:
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No julgamento do Recurso Eleitoral nº 47-70.2018.6.13.0131, proveniente de Ipatinga
– MG, o TRE/MG decidiu-se por cassar a sentença, o qual havia condenado os Investigados
com base no mesmo dispositivo aplicado ao caso em questão. O voto divergente e vencedor
foi no seguinte sentido:
“(...) Se, então, os Chefes do Executivo notadamente se colocam em vantagem
sob um aspecto (poder de atos de gestão) e em desvantagem sob outro
aspecto (vulnerabilidade maior a crítica pública de tais atos), o abuso de poder
político não pode ser presumido, data máxima vênia, da realização de um
"agrado" aos servidores. Digo isso sem ingenuamente desconsiderar que, por
Óbvio, o gestor pretendia, com a medida, ser visto com bons olhos pelos
servidores. O ponto é que não há como partir da premissa que a lei eleitoral
vede aos agentes públicos praticarem atos que causem boa impressão em
seu quadro de servidores.
Não se pode, ademais, considerar que o número de servidores beneficiados
faz concluir pela gravidade da conduta, pois tal aspecto não se infere do
alcance de medida praticada dentro da normalidade. Para que fosse reputada
grave, seria necessário identificar na política de remuneração alguma
irrazoabilidade, ou desproporcionalidade, quiçá demonstração da
exploração eleitoral, elementos que permitiriam enquadrá-la em uma
moldura abusiva. No caso concreto, nenhum desses elementos se faz
presente.
Remanesce então a possibilidade de que o gestor, mesmo interino, -.. pudesse
definir, na margem da discricionariedade limitada pelo dia 10 do mês
subsequente, em que dia pretendia fazer o pagamento. Mais uma vez rogando
vênias a posição divergente, nada há nos autos que autorize a esta Corte
Eleitoral intervir em decisão da natureza da aqui examinada, simplesmente
porque a medida questionada foi de agrado dos servidores públicos, para
capitulá-Ia como ilícita.”
(TRE-MG - RE: 4770 IPATINGA - MG, Relator: PAULO ROGÉRIO DE SOUZA
ABRANTES, Data de Julgamento: 28/03/2019, Data de Publicação: DJEMG -
Diário de Justiça Eletrônico-TREMG, Tomo 070, Data 22/04/2019)
Portanto, Nobre Relator, o abuso é um ato ilícito e que não pode ser confundido com
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um mero ato discricionário. Inexistindo caráter eleitoreiro, não há o que se falar em
descumprimento ao disposto no inciso XIV do artigo 22 da Lei Complementar 64 de 1990, pois
não houve qualquer uso desproporcional de recursos patrimoniais de forma a comprometer a
igualdade da disputa eleitoral.
Ora, para a ocorrência dos mencionados abusos, alguns requisitos devem ser preenchidos,
e que sem estes, não há a configuração das condutas vedadas. Primeiro, deve ser comprovada
a gravidade das condutas reputadas ilegais para a configuração do abuso do poder econômico,
a ponto de comprometer a legitimidade do pleito e a paridade de armas; deve haver, também,
pedido de voto e, ao menos, a presença dos candidatos.
Tais requisitos são exigidos e analisados com muita cautela diante da gravidade das san-
ções impostas em AIJE por abuso de poder, e que, por isto, é exigida prova robusta e incon-
teste para que haja condenação.
É possível afirmar, seguramente, que os Recorrentes não deram azo para que os atos de
gestão configurassem a prática de conduta vedada, quiçá abuso apto a ensejar a cassação/ ine-
legibilidade destes.
O Dr. José Alexandre Buchacra Araújo, Juiz que já integrou da Corte deste E.TRE/PA as-
sentou que “A Lei nº 9.504/97 impõe limites aos agentes públicos em ano de eleição, mas tais
limitações não podem "engessar" a atividade típica dos Poderes, no caso do Poder Legislativo,
legislar.” (TRE-PA - RE: 20897 PARAGOMINAS - PA, Relator: JOSÉ ALEXANDRE BUCHACRA ARA-
ÚJO, Data de Julgamento: 12/12/2017, Data de Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico,
Tomo 220, Data 19/12/2017, Página 1/3).
Também assentou-se nesta Corte que deve haver comprovada motivação de caráter
eleitoreiro na conduta tida como abusiva, veja-se:
(...)
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https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22021015384077700000098034581
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Nas palavras do Ministro Jorge Mussi: "meras presunções quanto à prática de abuso de
poder e à gravidade das circunstâncias que o caracterizam não são suficientes para aplicação
das penas previstas no art. 22 da LC 64/90." (RO no 804738, Tel. Min. Jorge Mussi, DJE- Data
28/02/2018, Página 137/138), precedente que se amolda ao caso em concreto.
Portanto, de fácil constatação que a Ação é carente de fundamentação, e mais ainda de
provas, o que é inadmissível para fins de demonstrar a pratica de captação ilícita de sufrágio e
abuso de poder econômico, em consonância ao art. 22 da LC/64. E este é o entendimento da
Corte Eleitoral:
“Recurso ordinário. Investigação judicial eleitoral. Abuso de poder. Servidores comis-
sionados. Reunião. Votos. Captação irregular. LC no 64/90, art. 22. Carência de provas.
Não-caracterização. Intimação de testemunhas. Desnecessidade. [...] A caracterização
de abuso de poder capaz de desequilibrar as eleições pressupõe a produção de pro-
vas suficientes à demonstração tanto da materialidade quanto da autoria do ato ilí-
cito”. (Ac. de 23.11.2004 no RO no 701, rel. Min. Humberto Gomes de Barros.)
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rior Eleitoral que "meras presunções quanto à prática de abuso de poder e à gra-
vidade das circunstâncias que o caracterizam não são suficientes para aplicação
das penas previstas no art. 22 da LC 64/90. Precedentes" (RO nº 804738, Tel. Min.
Jorge Mussi, DJE - Data 28/02/2018, Página 137/138). 2- Vê-se portanto que nenhum
dos apontamentos do recorrente imputado aos recorridos pode ser acolhido, inexis-
tindo assim qualquer ato que pudesse de forma segura evidenciar indícios de prática
de abuso de poder político ou econômico, de modo que merecem ser rechaçadas as
alegações contidas nas razões recursais. (TRE-MT - RE: 50693 ROSÁRIO OESTE - MT,
Relator: RICARDO GOMES DE ALMEIDA, Data de Julgamento: 02/07/2019, DEJE,
Tomo 2960, Data 11/07/2019, Página 2)
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o que manifestamente não ocorreu.
O Recorrido faz alegações baseadas em meras presunções, ilações, sem nenhum fato
concreto ou minimamente provado de que o candidato à Prefeitura utilizou de meios ilícitos
com o fito de promover a candidatura de seu sucessor.
Nesta senda, Nobre Relator(a), imperioso destacar a carência de fundamentos para o
provimento desta ação, não apenas pela inequívoca falta de fundamentos fáticos e, por
consequência lógica, falta de provas robustas, mas, precipuamente, por falta de condutas
ilícitas, menos ainda condutas graves, que pudessem, ainda mesmo no campo da possibilidade,
macular a legitimidade ou normalidade das eleições ou, mais especificamente, violar a
liberdade do voto de quem quer que fosse, eis que como comprova a inicial, não houve
nenhuma referência, pedido ou sugestão de voto, candidato ou mesmo de eleições.
Diante do exposto, imperioso que seja o presente Recurso Eleitoral conhecido e
totalmente provido, para que a sentença seja cassada, com a consequente e inequívoca
improcedência desta AIJE, forte na Doutrina, na Jurisprudência e nos fundamentos fáticos e
jurídicos que se apresentam de forma cabal.
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mesmo com a invalidação do ato impugnado” (p. 515). [ZILIO, Rodrigo López.
Potencialidade, gravidade e proporcionalidade: uma análise do art. 22, inciso
XVI, da Lei nº 64/90. Revista Diálogos Eleitorais, Belo Horizonte, v. 1, n. 2, dez.
2012, p. 124-142. ISSN 2238-6831. Disponível
em:http://www.flaviocheim.com.br/wp-content/uploads/2013/06/Artigo-
Potencialidade-gravidade-e-proporcionalidade.pdf . Acessado em: 04 de
outubro de 2016.
No mesmo caminho, o TSE, a este respeito, assentou ainda que a pena deva ser dosada
com base nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, aplicando-se a cassação de
diploma (e, pois, de direitos políticos) apenas nos casos mais extremos, como se vê:
CONDUTA VEDADA. PUBLICIDADE INSTITUCIONAL. ABUSO DE PODER. USO
INDEVIDO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. 1. [...]
4. segundo a atual jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, quanto ao tema
das condutas vedadas do art. 73 da Lei nº 9.504/97, deve-se observar o princípio
da proporcionalidade e somente se exige a potencialidade do fato naqueles casos
mais graves, em que se cogita da cassação o registro ou do diploma.
5. Diante das circunstâncias do caso, a publicidade institucional foi veiculada sem
excesso, nem desvio de finalidade, tampouco promoção pessoal, não havendo como
reconhecer abuso de poder ou uso indevido dos meios de comunicação social, com
potencialidade para prejudicar a legitimidade e a regularidade do pleito, aptos a
impor o pedido de inelegibilidade. Recurso ordinário parcialmente provida (TSE,
Recurso Ordinário nº 1680-11/AL, Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJe 4.5.2012). (destaca-
se).
“Conduta vedada. Distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios. (...) 2. A pena
de cassação de registro ou diploma só deve ser imposta em caso de gravidade da
conduta. Recurso ordinário provido, em parte, para aplicar a pena de multa ao
responsável e aos beneficiários” (RO 149.655, j. 13.12.2011, rel. Min. Arnaldo
Versiani, DJe 24.02.2012).
Portanto, além de inexistir conduta vedada , nem muito menos abuso, em nenhuma
hipótese poderia advir a pena extrema de cassação, e rememore-se que para o abuso em si
seria imprescindível, repita-se, o desequilíbrio de forças, que tampouco existe. Lembre-se o
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Acórdão deste E. TRE/PA na AIJE 3170-93.2014.6.14.0000, em que se frisou, no que interessa:
AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. AIJE. ELEIÇÕES 2014. PRÁTICAS
ABUSIVAS. ARTIGO 22, XIV, DA LC Nº 64/90. PRELIMINAR SUSCITADA SOB
VÁRIOS TÍTULOS. LITISPENDÊNCIA. COISA JULGADA. PRÁTICAS ABUSIVAS.
DIFERENÇAS DE OBJETO DAS DEMANDAS. RITO. COMPETÊNCIA. REJEIÇÃO.
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA. SUSCITANTES POSSÍVEIS
BENEFICIÁRIOS DA SUPOSTA CONDUTA. BENEFICIÁRIOS SÃO LEGITIMADOS.
REJEIÇÃO. MÉRITO. ABUSO. PODER ECONÔMICO. CONDUTAS NÃO SE
CONFIGURAM NA DEFINIÇÃO. USO INDEVIDO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO.
TELEOLOGIA. LEGITIMIDADE E NORMALIDADE DO PLEITO. CONCORRÊNCIA
DESLEAL. IGUALDADE DE CHANCES. FATOS PÚBLICOS E NOTÓRIOS.
DEMANDANTES. CONGLOMERADO MIDIÁTICO À DISPOSIÇÃO. UTILIZAÇÃO.
DESEQUILÍBRIO NÃO CONFIGURADO. LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
DESVIRTUAMENTO NÃO CONFIGURADO PELAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO.
JORNAIS IMPRESSOS. ASSUNÇÃO DE POSICIONAMENTO PERMITIDA.
ACUSAÇÃO DE POSICIONAMENTO PERMITIDA. ACUSAÇÃO A OUTRO MEIO DE
COMUNICAÇÃO DESPROVIDO DE PROVAS. RÁDIO. COMENTARISTAS.
LIBERDADE DE EXPRESSÃO. DIREITO CONSTITUCIONAL. SUPOSTOS GASTOS
EXCESSIVOS COM PROPAGANDA PELO GOVERNO. ALEGAÇÃO DE ABUSO DE
PODER ECONÔMICO. ABUSO DE PODER POLÍTICO. NÃO COMPROVAÇÃO.
OBEDIÊNCIA À LEI. IMPROCEDÊNCIA.
[...] 3. O abuso de poder econômico se configura quando há a UTILIZAÇÃO
SOBEJADA DOS RECURSOS FINANCEIROS À DISPOSIÇÃO DE CANDIDATO DE
MANEIRA QUE ESSA AÇÃO DESEQUILIBRE A DISPUTA ELEITORAL e, portanto,
haja consequências negativas para a legitimidade e normalidade do pleito.
Se a descrição dos fatos não se amolda a essa definição e não há prova do
ilícito, os demandados devem ser absolvidos.
4. A teleologia das modalidades de abuso é resguardar a legitimidade das
eleições, que se manifesta na ocorrência leal e na igualdade de chances entre
candidatos. Se a realidade patente, os fatos públicos e notórios demonstram
que os próprios demandantes tinham a seu dispor um conglomerado
midiático utilizado para ataques a adversários e divulgação de feitos
próprios, não há desequilíbrio substancial algum e, portanto, o ilícito “abuso
ou uso indevido dos meios de comunicação” não se conforma. (TRE/PA, AIJE
3170-93.2014.6.14.0000, Rel. Des. Roberto Moura, Dje 10/08/2017)
No mesmo sentido, este E.TRE/PA, em recente julgado (RE: 64643 - Data de Publicação:
DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Tomo 102, Data 02/06/2021, Página 3/4) definiu que, “Para a
procedência do pedido de AIJE, devemos perquirir acerca da gravidade das condutas que se
reputam como sendo irregulares e que se provem de forma robusta, na medida em que esta
sanção prevista no dispositivo legal é severa, de modo que a jurisprudência eleitoral não
consagra qualquer irregularidade para ensejar este efeito de cassação do diploma e a
consequente inelegibilidade.”
Ora, em que pese as alegações e pedidos trazidos à inicial e concordados em parte
pelo eminente magistrado, não deve subsistir a condenação imposta pela sentença de 1º grau
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aos recorrentes, devendo esta ser reformada pela completa ausência de robustez probatória
de elementos graves suficientes a serem devidas as sanções decorrentes da procedência da
ação eleitoral.
Vejamos o que esta Corte decidiu:
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moradores e também esforço da Defensoria Pública, do próprio Minis-
tério Público Local e Procuradoria da República de efetivar a regulari-
zação de bens imóveis ocupados de forma precária - termo de com-
promisso e ajuste de conduta. 8. A partir de critérios tanto qualitati-
vos quanto quantitativos, ausente a gravidade e a relevância jurídica
da conduta vedada a ensejar cassação de diploma e inelegibilidade
por abuso do poder político (art. 22, XIV, da LC nº 64/1990). 9. A con-
denação por abuso de poder político não pode ser baseada em pre-
sunção, requer prova robusta de demonstração da prática do ilícito,
tendo em vista a gravidade da sanção imposta. 10. Recurso parcial-
mente provido. Inelegibilidade afastada.
E no caso da AIJE em questão, Excelência, repita-se, inexiste qualquer abuso por parte
dos investigados, menos ainda por parte dos Recorrentes. Vê-se mesmo que a AIJE é de todo
carente de fundamento e de lastro probatório, merecendo ser rejeitada imediatamente, na
exata linha da jurisprudência e, caso assim Vossa Excelência não entenda, que seja julgada
totalmente improcedente, tendo a inelegibilidade e cassação dos mandatos afastados, por
não guardar qualquer gravidade.
4. DOS PEDIDOS:
Destarte, diante de tudo o que se expôs, requer-se a este Douto Juízo que conheça
do presente recurso para:
a) Em todos os casos, por preenchidos os requisitos de admissibilidade e por servir a
prequestionar pontos para eventual recurso posterior, conheça o presente Recurso
Eleitoral, admitindo-o e processando, respeitadas as formalidades legais;
b) Julgar pelo seu provimento, reformando a decisão recorrida, para que seja a
Investigação Eleitoral julgada totalmente improcedente;
c) Subsidiariamente, na remota hipotese de Vossa Excelência entender que ocorreu
qualquer abuso praticado pelos Recorrentes, que seja tão somente aplicada sanção de
multa;
d) Proceda a todas as formalidades processuais, intimando a Parte de toda e qualquer
decisão, no endereço subscrito, bem como de todos os atos necessários ao processo.
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Nesses Termos,
Pede Deferimento.
Belém, 10 de Fevereiro de 2022.
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