Complicacoes em Preenchimentos
Complicacoes em Preenchimentos
Complicacoes em Preenchimentos
Dois fenômenos distintos podem ocorrer quando os 4.1.1 Área de Pele Espessa
médicos aplicam preenchimento pela primeira vez.
Primeiro, o médico considera que o procedimento é A pele espessa é dura e resistente; portanto,
muito fácil e apresenta uma resposta imediata sem quando o material de preenchimento é injetado,
nenhum risco. Segundo, o médico sente um medo é encontrada alta resistência. Vasos entre preen-
absoluto sobre onde e quanto preenchimento usar. chimentos aplicados e pele espessa tendem a
Ambas as atitudes ocorrem por falta de conhecimento. aumentar o risco de necrose em comparação
A aplicação de preenchimento é um procedi- com os de pele fina.
mento fácil, mas potencialmente de risco. No entanto, Estudos demonstraram que a ponta nasal, a
não é difícil aprender e, sendo assim, a segurança glabela, as bochechas e o mento têm peles rela-
pode ser garantida com o conhecimento básico. tivamente espessas e que as áreas mais visíveis
Neste capítulo, discutiremos as áreas de risco são a glabela e a ponta nasal (Tabela 4.2; Figs.
facial e maximizaremos a segurança durante as 4.1, 4.2, 4.3 e 4.4). Essas duas áreas são mais
aplicações de preenchimento. comumente tratadas com um material de preen-
chimento, que tende a ser injetado superficial-
mente e carrega um risco maior de compressão.
4.1 Áreas de Risco Facial
1
2 4 Áreas de Risco de Aplicações de Preenchimento
Fig. 4.5 Classificação da artéria supraorbital. A artéria supraorbital tende a correr subcutaneamente nos tipos I e II,
mas tende a correr profundamente no músculo pós-frontal no tipo III.
4 4 Áreas de Risco de Aplicações de Preenchimento
a b
Fig. 4.7 Artéria supraorbital danificada. (a) Três dias danificado. Áreas danificadas podem ter sequelas. (b)
após a aplicação de preenchimento de hidroxiapatita de Duas semanas após o tratamento.
cálcio na frente. O território da artéria supraorbital foi
Crânio
Artéria
Supraorbital
Artéria
Artéria Supratroclear
Supratroclear
Tecido
Subcutâneo
Músculo Frontal
Músculo orbicular
dos olhos
Pele
Fig. 4.8 Localização da artéria supratroclear. O ramo cutâneas na linha de expressão de franzimento glabelar
superficial da artéria supratroclear percorre o plano sub- devem ser administradas com cuidado. O ramo superficial
cutâneo (quadrado pontilhado); portanto, aplicações sub- é dominante.
4.1 Áreas de Risco Facial 5
Fig. 4.10 Via da artéria supratroclear. Não existe ramo Injetar na camada supraperiosteal não é um método com-
profundo da artéria supratroclear no tipo II, mas 55% pletamente seguro porque a artéria supratroclear e a arté-
apresentam ramos profundos (tipo Ia + Ib). O tipo Ib mos- ria supraorbital podem ter ramos profundos.
tra anastomose superficial do ramo com a artéria central.
6 4 Áreas de Risco de Aplicações de Preenchimento
resultados injetando nesta área e comprometendo artéria nasal lateral. A relação entre essas artérias
os vasos (Figs. 4.17, 4.18, 4.19, 4.20 e 4.21). é mostrada na Figura 4.22. Este vaso também
atravessa a camada subcutânea; assim, uma apli-
4.1.2.4 Artéria Nasal Dorsal cação superficial pode causar comprometimento
A artéria nasal dorsal é o ramo da artéria oftál- vascular (Fig. 4.22).
mica da artéria carótida interna. Ela irriga o nariz Quatro artérias foram descritas. As artérias
após perfurar acima do ligamento palpebral nasais supraorbital, supratroclear e dorsal surgem
medial na órbita e, em seguida, cria uma anasto- da artéria carótida interna, enquanto a artéria
mose com a artéria nasal dorsal contralateral e a nasal lateral surge da artéria carótida externa. Os
4.1 Áreas de Risco Facial 7
Fig. 4.13 Localização da artéria nasal lateral. A artéria subcutânea no nível dos músculos elevador do lábio supe-
facial corre profundamente para os músculos zigomáticos rior e elevador do lábio superior e da asa do nariz. A arté-
maior e menor e corre superficialmente para a camada ria nasal lateral é ramificada.
Ponta nasal
Asa nasal
8 4 Áreas de Risco de Aplicações de Preenchimento
Fig. 4.15 Fenômeno de branqueamento após bloqueio do nervo infraorbital. A artéria nasal lateral e os territórios da
artéria labial superior são branqueados devido ao bloqueio do nervo infraorbital com anestesia com adrenalina.
Fig. 4.16 Esquema de pré-injeção do autor para corrigir Fig. 4.17 Comprometimento vascular após injeção de preen-
a dobra nasolabial. Local comprometido mais comum chimento na prega nasolabial. Embolia vascular clássica da
porque a artéria nasal lateral corre subcutaneamente artéria nasal lateral 4 dias após a injeção do preenchimento
(seta indicando). com ácido hialurônico para correção da prega nasolabial.
três vasos que surgem da artéria carótida interna realizada próximo da artéria carótida interna deve
são importantes porque seu comprometimento ser realizado com muito cuidado. Essas artérias
pode causar a complicação mais trágica do pre- tendem a percorrer a camada subcutânea; portanto,
enchimento, cegueira induzida por injeção retró- evite fazer aplicações na camada superficial ou use
grada do preenchimento (Fig. 4.23). uma agulha de grande diâmetro, como a 23G, para
As artérias nasais e angulares laterais também evitar uma injeção de alta pressão. Se uma aplica-
criam uma anastomose com a artéria nasal dorsal ção de preenchimento de alta pressão for realizada
e, sendo assim, qualquer injeção de preenchimento e o preenchimento for injetado de forma retró-
4.1 Áreas de Risco Facial 9
a b
Fig. 4.21 Necrose cutânea de espessura total induzida Ocorreu necrose cutânea de espessura total na área da asa
por comprometimento vascular após a injeção do preen- nasal esquerda devido à falta de tratamento adequado após
chimento na prega nasal. Um mês após a injeção do pre- comprometimento lateral da artéria nasal. (a) Vista fron-
enchimento com ácido hialurônico na prega nasolabial. tal. (b) Vista das narinas.
Artéria supratroclear
Artéria angular
Artéria columelar
Artéria facial
Fig. 4.22 A artéria nasal dorsal e artérias adjacentes. A vasos nasais estão localizados na camada subcutânea, que
artéria nasal dorsal cria uma anastomose com a artéria fica na superfície do sistema muscular aponeurótico
nasal lateral (seta) e atravessa a camada subcutânea. Os superficial (SMAS).
4.1 Áreas de Risco Facial 11
As zonas seguras são opostas às zonas de risco A região da glabela contém pele espessa e a artéria
(Tabela 4.3). Peles macias e finas podem disper- supratroclear (decorrente da artéria carótida interna)
sar a pressão, permitindo que as superfícies da está localizada na camada subcutânea. Portanto, pode
pele se expandam. ocorrer necrose cutânea localizada devido à pele espessa
Logo acima da camada periosteal ou pericon- ou cegueira e infarto cerebral devido à embolia.
drial está um plano avascular, uma camada alvo Para evitar essas complicações, quantidades
para cirurgia. Pelo mesmo motivo, é seguro para mínimas de material de preenchimento devem ser
injeção de preenchimento. injetadas na localização da artéria supratroclear,
A ponta nasal é uma região isolada de alto se possível. As rugas glabelares tendem a estar no
risco; por outro lado, a área do dorso nasal pode
dispersar a pressão quando o material é injetado,
tornando-o relativamente seguro. Quando alguém
aperta e move a pele da ponta nasal e o dorso
nasal, as diferenças se tornam claras à medida
que a ponta nasal parece um caroço e o dorso
nasal desliza suavemente. Esse fenômeno ocorre
devido a diferenças na forte ligação entre o tecido
subcutâneo e o SMAS.
Locais em que vários vasos criam uma anasto-
mose podem ser lugares seguros devido à circula-
ção colateral. Esses locais são os lábios e as
pálpebras, com risco relativamente menor de
comprometimento vascular.
mesmo local dos vasos supratrocleares e, sendo seguida, fazer a injeção com cuidado para garan-
assim, deve-se tomar cuidado. tir baixa tensão da pele.
Algumas rugas glabelares estão localizadas As cargas de ácido hialurônico tendem a cau-
nas regiões proximais onde a artéria supratro- sar retenção e expansão da água, portanto, 70%
clear perfura o septo orbital; sendo assim, é da quantidade máxima deve ser injetada.
necessário um cuidado especial para as correções
feitas nessa região (Fig. 4.27).
Os autores gostam de usar a técnica de Koh 4.3.2 Região Frontal
denomina “block masonry” para corrigir rugas
glabelares (Fig. 4.28). A artéria supraorbital também surge da artéria
Ao injetar nesta área, a agulha deve ser avan- carótida interna, de modo que o material injetado
çada e aspirada e a injeção deve ser realizada sua- no vaso pode causar cegueira ou infarto cerebral
vemente com pressão mínima usando uma agulha (Figs. 4.5 e 4.6).
de grande diâmetro, como a 23G. A primeira A artéria supraorbital possui um ramo superfi-
injeção deve ser feita na camada pré-periosteal cial e um ramo profundo (Fig. 4.5). Ele corre na
para criar a base para todo o procedimento, camada subcutânea e é mais seguro injetar material
enquanto a última injeção deve ser feita na de preenchimento na camada supraperiosteal. No
camada subcutânea. As injeções feitas na camada entanto, mesmo na injeção supraperiosteal, não é
subcutânea requerem mais atenção. Ao injetar na completamente seguro porque, como no ramo pro-
camada subcutânea, os clínicos devem avançar e fundo do tipo III, pode penetrar na camada suprape-
aspirar a agulha para verificar se há sangue e, em riosteal até 16–42 mm a partir da borda supraorbital
Artéria supratroclear
Arcada arterial
marginal superior
Arcada arterial
Artéria palpebral lateral
marginal inferior
Artéria angular
Fig. 4.27 A artéria supratroclear perfurando o septo orbital. Artéria supratroclear perfurando o septo orbital (seta).
14 4 Áreas de Risco de Aplicações de Preenchimento
Espaços
Fig. 4.28 Técnica de Koh. Injeção de preenchimento camada por camada, como na técnica de Koh (blocos de alvena-
ria), para corrigir eficazmente as rugas usando uma pequena quantidade de preenchimento.