Tese - Rita Gutierrez - CD Final
Tese - Rita Gutierrez - CD Final
Tese - Rita Gutierrez - CD Final
LISBOA
2019
RITA DE CASSIA ANAYA GUTIERREZ
Lisboa
2019
1
Rita de Cássia Anaya Gutierrez - Doenças do trato urinário em cães e gatos:
um estudo retrospetivo da prescrição e resistência aos antibióticos
Agradecimentos
Ao Professor Doutor João Manuel Cardoso Martins, orientador da presente tese, meu
agradecimento por partilhar todo conhecimento e amizade.
À minha família, aos meus pais sempre presentes nas etapas mais importantes da
minha vida, ao meu marido Randal, por todo companheirismo e apoio, ao meu filho Miguel,
por aceitar a minha ausência por vezes.
Resumo
As doenças do trato urinário em cães e gatos representam uma boa parte dos atendimentos
clínicos. As infeções urinárias são parte significante na prescrição de antibióticos, por vezes
desnecessários, contribuindo para aumentar a resistência bacteriana. Para descrever a
epidemiologia local de infeções urinárias e as suas apresentações, foram analisadas as fichas
clínicas de 37 animais, sendo 23 cães e 15 gatos, após as amostras de urina serem submetidas
a cultivo aeróbio, para classificar as doenças do trato urinário quando presentes, em relação à
forma clínica, microrganismos isolados, perfil de resistência e tratamento. Foi identificado no
isolamento bacteriano em 11 cães, sendo que 4 apresentaram cistite bacteriana esporádica, 6
com recorrente e 1 em que não foi possível a classificação. Foram isolados: E. coli,
Staphylococcus spp., Enterobacter aerogenes e Proteus spp., com perfil fenotípico de
resistência predominante AmpC (Ambler). Nos gatos, o isolamento foi obtido em 4, sendo 3
cistites esporádicas, 1 recorrente e 4 cistites idiopáticas felinas, todos com E. coli, com
resistência AmpC em 1 amostra, 2 sem resistência aos antibióticos testados e 1 resistente a
enrofloxacina e cefalotina. A correlação de piúria com o isolamento bacteriano foi
inconsistente nos gatos e consistente nos cães; a de alterações ou doenças concomitantes foi
inconsistente para ambos.
Abstract
Dogs’ and cats’ urinary tract diseases represent most of clinical treatments. Urinary infections
are a significant part on antibiotics’ prescription, sometimes unnecessary, helping to increase
the bacteria’s resistance. In order to describe the local epidemiology of urinary infections and
its presentations, thirty-seven animals, including twenty-three dogs and fifteen cats, had their
clinical files analyzed after urine samples were submitted to aerobic culture in order to
classify urinary tract diseases if present, in relation to the clinical form, isolated
microorganisms, resistance profile, and treatment. Bacterial isolation was identified in eleven
dogs, four of them with sporadic bacterial cystitis, six recurrent bacterial cystitis, and in one
of the dogs it was not possible to classify bacterial cystitis. The isolated microorganisms were
E. coli, Staphylococcus spp., Enterobacter aerogenes and Proteus spp. The predominant
phenotypic profile of resistance was AmpC, according to the Ambler classification. Bacterial
isolation was obtained in four cats, three sporadic cystitis, one recurrent cystitis and four
idiopathic feline cystitis, all E. coli with phenotypic profile of AmpC resistance in one
sample, two with no resistance to the tested antibiotics and one with resistance to enrofloxacin
and cephalothin. The correlation of the presence of pyuria with bacterial isolation was
inconsistent in cats and consistent in dogs. The correlation of concomitant changes or diseases
was inconsistent for both cats and dogs.
Índice geral
Introdução ................................................................................................................................. 16
3 Resultados ......................................................................................................................... 62
4 Discussão ........................................................................................................................... 72
5 Conclusão .......................................................................................................................... 81
Índice de tabelas
Tabela 3 – Indicações para realizar cultura de urina em cães e gatos que não apresentam sinais
do trato urinário inferior ........................................................................................................... 36
Tabela 7 – Descrição das gerações de quinolonas e seus respetivos espectros de ação ........... 56
Tabela 12 – Sinais clínicos associados a doença urinária, análise do sedimento urinário, perfil
de resistência aos antibióticos e classificação da cistite em felinos ......................................... 68
Tabela 13 – Tratamento e evolução clínica dos pacientes com cistite bacteriana .................... 70
Índice de figuras
Figura 1 – Classificação Ambler das β-lactamases, perfil fenotípico e correlação com o perfil
genotípico adaptado .................................................................................................................. 55
Índice de gráficos
Gráfico 5 – Classificação e casuística das cirurgias realizadas ao longo dos quatro meses..... 15
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
setembro
Já no mês de outubro foram realizadas 75 cirurgias (gráfico 2), sendo que 84% foram
cirurgias de tecidos moles, 7% cirurgias ortopédicas, 5% cirurgias odontológicas e 4%
endoscopias.
60
50
40
30
20
10
0
C. ortopédicas Endoscopias C. de tecidos moles C. odontológicas Biopsias
outubro
No mês de novembro, foram realizadas 96 cirurgias (gráfico 3), sendo 76% cirurgias
de tecidos moles, seguidas por 7% ortopédicas, 7% odontológicas, 7%, biópsias e 3%
endoscopia.
novembro
dezembro
Gráfico 5 – Classificação e casuística das cirurgias realizadas ao longo dos quatro meses
No total durante o período de estágio foram realizadas 317 cirurgias, sendo 257
cirurgias de tecidos moles, 21 cirurgias ortopédicas, 16 cirurgias odontológicas, 10 biópsias,
10 endoscopias e 3 cirurgias oftalmológicas.
INTRODUÇÃO
As infeções de trato urinário (ITU) são consideradas uma das doenças que tem maior
número de prescrições terapêuticas, entre elas os antibióticos. A ITU é definida pela
colonização microbiana do epitélio estratificado do trato urinário, incluindo-se a mucosa
uretral, a vesícula urinária, os ureteres, a pélvis renal, os túbulos contorcidos e os ductos
coletores renais, que são regiões estéreis, com exceção da uretra distal. Acredita-se que essa
colonização se dá por via ascendente, associada a fatores predisponentes, como os fatores de
virulência e uma alteração imunológica do hospedeiro, podendo envolver um único agente
patogénico (mais comum) ou vários (Thompson et al., 2011; Carvalho et al., 2014, Patterson
et al., 2016; Lamoureux et al., 2019).
As bactérias mais encontradas nas ITU podem ser gram-positivas, como os cocos
Staphylococcus spp. e Streptococcus spp., cuja incidência ocupa o segundo lugar, ou
Enterococcus spp., ou gram-negativas, observadas em 75% dos casos, com destaque para
Escherichia coli, a qual ocupa o primeiro lugar nas ocorrências animais e humanas, como
também Proteus spp., Pseudomonas spp., Mycoplasma spp., Klebsiella spp., Pseudomonas
spp. e Enterobacter spp. (Carvalho et al., 2014; Patterson et al., 2016; Zhanga et al., 2018;
Lamoureux et al., 2019).
A bactéria E. coli apresenta o risco de transmissão entre humanos e animais, sendo a
que apresenta maior incidência de resistência a antibióticos (Thompson et al., 2011; Carvalho
et al., 2014; Zhanga et al., 2018; Lamoureux et al., 2019), por isso, a importância de um
tratamento bem realizado, evitando riscos para o paciente (a não resolução das infeções,
resistência aos antibióticos, económicos, regulatório (prescrição de antibióticos) e de saúde
pública (Weese et al., 2019).
É comum em cães e pouco frequente em gatos, sendo caraterizada por sinais clínicos
que incluem polaquiúria, disúria, estrangúria e hematúria, que podem aparecer separadamente
ou em associação, devido à infeção bacteriana da bexiga (Foster et al., 2018; Weese et al.,
2019). Incluem-se nesta categoria animais machos e fêmeas não prenhas, com ou sem
doenças concomitantes ou alterações anatómicas e que tenham menos que três episódios por
ano (Foster et al., 2018; Weese et al., 2019). A prostatite em machos não esterilizados deve
ser considerada, uma vez que a cistite esporádica nesse grupo parece ser rara (Weese et al.,
2019).
As doenças concomitantes (Tabela 1) são importantes, particularmente em animais
jovens e idosos, mesmo nas infeções esporádicas é importante considerar a causa da infeção,
mesmo não sendo usual exames de diagnósticos extensos nestes doentes (Weese et al., 2019).
1.1.1 Tratamento
ainda uma injeção única, em especial guardados para casos em que não existe adesão do tutor.
A Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, desaconselhou o uso de
fluoroquinolonas em humanos em infeções não complicadas, devido aos efeitos adversos,
como lesões em articulações, tendões e nervos. Wesse et al. (2019) desaconselham o uso de
fluoroquinolonas em cistite esporádica quando há existência de outras alternativas.
No tratamento de cães inteiros e sem evidência de prostatite e com doenças
concomitantes que não envolvam o trato urinário e com infeções não recorrentes, deve-se
seguir o mesmo tratamento já mencionado (Wesse et al., 2019).
Quando o tratamento escolhido é o empírico, deve-se estar consciente dos padrões de
resistência, evitando a escolha tendenciosa, com o uso do perfil de cistites refratárias ou
recorrentes, e ainda se poderá recorrer à ajuda de um microbiologista local para auxiliar na
escolha do antibiótico, sempre com a monitorização da evolução clínica, consciente de poder não
haver resposta à terapêutica e necessidade de uma possível mudança de tratamento (Wesse et al.,
2019).
Como últimas diretrizes, não existe a recomendação de administrar antibióticos, anti-
inflamatórios e biocidas na bexiga, através de algalias uretrais, devido à falta de evidência de
eficácia, e ainda, por existir o risco potencial de infeção iatrogénica por trauma durante o
cateterismo, ou devido à irritação da bexiga quando do contato com os fármacos
administrados por esta via. No mesmo sentido, não existem evidências que sustentem o uso de
terapias adjuvantes, como por exemplo o extrato de cranberry e D-manose (Weese et al.,
2019).
A falta de resposta clínica após 48 horas do início do antibiótico apropriado, pode ser
um indício da presença de fatores complicadores, e exige investigação adicional para
determinar o insucesso do tratamento. Se após a cultura, houver presença de resistência ao
antibiótico escolhido, ele poderá ser substituído por um que apresente sensibilidade, porém se
o doente tiver evoluído bem, poderá ser mantido o antibiótico empírico (Weese et al., 2019).
A troca de antibiótico empírico, baseado somente na resposta inicial – sem cultura e
antibiograma – é precária e contraindicada, e ainda, se houver falha na administração do
antibiótico, a troca do antibiótico não trará melhores resultados, devendo-se reavaliar o doente
e as condições possíveis de tratamento. Nas cistites esporádicas, Weese et al. (2019) não
recomendam a realização de urianálise e culturas para controlo.
1.2.1 Tratamento
A maior parte baseia-se na cura clínica, uma vez que faltam dados desejados ou
esperados em relação à resposta microbiológica, citológica ou hematológica. As culturas são
contraindicadas durante o tratamento de curta duração (3 a 5 dias) e nos tratamentos de longa
duração, pois o benefício de nova cultura ainda não está totalmente claro. Nos períodos mais
longos de tratamento, a cultura pode ser realizada após 5 a 7 dias do início do tratamento. As
culturas positivas indicam a necessidade de avaliação e testes diagnósticos adicionais, para
estabelecer o motivo pelo qual a bactéria não foi eliminada, principalmente quando há cura
clínica documentada. Já a cultura negativa pode auxiliar na decisão de quando parar o
antibiótico nas terapias a longo prazo, mas não como uma garantia de cura microbiológica
(Weese et al., 2019).
Uma nova cultura de urina em animais, em que a cura clínica foi obtida, pode ser
realizada após 5 a 7 dias da interrupção do antibiótico, sendo a colheita realizada idealmente
por cistocentese. Esta ajuda a diferenciar uma recidiva, reinfeção ou infeção persistente e
serve como base para testes diagnósticos futuros, mas não como uma indicação de tratamento.
Esse dado deve refletir uma bacteriúria subclínica, e devem ser exploradas razões para a
persistência microbiana ou reinfeção rápida (Weese et al., 2019).
1.2.3 Prevenção
É uma infeção do parênquima renal que pode ter origem ascendente, acompanhada
ou não por infeções do trato urinário inferior ou bacteriémia. As Enterobacteriaceae são
geralmente as causadoras da maior parte das infeções (Wong et al., 2015), no entanto, deve-se
ter também em consideração a nefrite bacteriana causada pela leptospirose nas regiões
endémicas (Sykes et al., 2011). Nos humanos, a pielonefrite é classificada como complicada e
não complicada. Na presença de doenças concomitantes sistémicas, como diabetes, neoplasias
e alterações anatómicas ou obstrutivas (por exemplo ureter ectópico ou obstrução por
cristais), as pielonefrites são consideradas como complicadas (Weese et al., 2019).
Na atualidade, a pielonefrite bacteriana em cães e gatos não se encontra bem
documentada, dada a dificuldade do diagnóstico definitivo. As pielonefrites podem resultar de
uma lesão renal grave e aguda, logo um diagnóstico precoce determina a eficácia do
tratamento. Comparativamente às infeções bacterianas de trato urinário inferior, as
implicações na falha inicial do tratamento são maiores no caso da pielonefrite. Nas
pielonefrites, deve-se ter mais em consideração a concentração de antibiótico no soro e
tecidos moles e não a concentração de antibiótico na urina (Weese et al., 2019).
1.3.1 Tratamento
dos fármacos apresentar resistência, este deve ser descontinuado, e se o paciente não obtiver
uma evolução clínica favorável, pode-se associar outro antibiótico que apresente
suscetibilidade à espécie isolada. Se existir resistência para os dois fármacos e sem resposta
clínica, a terapêutica terá de ser alterada de acordo com o teste de sensibilidade in vitro.
Porém, mesmo que exista resistência para os fármacos, se o paciente apresentar uma boa
evolução clínica, a terapia inicial pode ser considerada, desde que não haja outros fatores que
conduzam a melhoria clínica do paciente como a fluidoterapia: nesse caso, a terapia deverá
ser alterada de acordo com o teste de sensibilidade. Na presença de um organismo resistente a
múltiplos fármacos, um microbiologista ou médico veterinário especialista em doenças
infeciosas ou nefrologista deverá ser consultado (Weese et al., 2019).
Os diagnósticos diferenciais devem ser tidos em consideração no caso de não haver
melhoria dos sinais sistémicos, hematologia ou bioquímica sérica dentro das primeiras 72
horas de terapia antibiótica e se os resultados da cultura e sensibilidade indicarem
suscetibilidade ao antibiótico e existir confiança no cliente. Dentro dos diagnósticos
diferenciais encontramos a bacteriúria subclínica (com a descontinuação de antibióticos, ou a
presença de fatores subjacentes não controlados como as neoplasias) (Weese et al., 2019).
As recomendações anteriores sugeriam um tratamento de quatro a seis semanas
(Weese et al., 2011). Num estudo prospetivo realizado por Ren et al. (2017), a cura clínica e
microbiológica não foi inferior quando comparada 750 mg/dia de levofloxacina IV durante 5
dias e 500mg/kg dia IV, seguido de levofloxacina oral de 7 a 14 dias em humanos. Não
existem razões para aplicar numa duração maior em cães e gatos na ausência de dados
específicos. Wesse et al. (2019), recomendam o tratamento durante 10 a 14 dias.
1.4.1 Tratamento
Existe um aumento expressivo para taxas de 15% a 74% quando a bacteriúria subclínica é
estudada em cães com diabetes mellitus, cães obesos, cachorros com parvovirose, cães com
hérnia discal aguda, cães cronicamente paralisados, com doença renal crónica e cães tratados
com glucocorticoides ou ciclosporina (Koutinas et al., 1998; McGuire et al., 2002; Peterson et
al., 2012; Wynn et al., 2016; Baigi et al., 2017; Olby et al., 2017; Foster et al., 2018). Em
gatos, a bacteriúria subclínica é limitada e apresenta taxas muito inferiores comparativamente
às observadas em cães, sendo que em gatos saudáveis se aproximam de 1 a 13% ( Sævik et
al., 2011; White et al., 2016; Puchot et al., 2017).
Não existem evidências que demonstrem a associação entre bacteriúria subclínica e o
risco de desenvolvimento de cistite ou outras complicações infeciosas em cães ou gatos, no
entanto, os estudos são limitados (Foster et al., 2018; Weese et al., 2019). Wan et al. (2014)
acompanharam nove cadelas com bacteriúria subclínica persistente ou transitória durante três
meses, sem evidenciar associação com desenvolvimento subsequente de cistite. Em outro
estudo envolvendo cães paralisados, a bacteriúria, por vezes, não foi acompanhada de febre
(Baigi et al., 2017).
White et al. (2016) acompanharam gatos idosos e não azotémicos com bacteriéuira
subclínica sem tratamento por um período de três anos e concluíram que a privação de
antibióticos não afetou a sobrevivência dos animais (White et al., 2016).
Em humanos, existe uma forte recomendação para não tratar bacteriúria
assintomática, mesmo em populações com taxas altas de predominância como diabéticos,
idosos e pacientes com paralisia. Tanto as diretrizes da Sociedade Americana de Infectologia
para o Diagnóstico e Tratamento de Bacteriúria Assintomática em Adultos, quanto as da
European Association of Urology, em infeções urológicas, não recomendam tratar bacteriúria
assintomática em quase todos os grupos de pacientes (Nicolle et al., 2009; Bonkat et al.,
2017). As exceções incluem os pacientes submetidos a resseção transuretral da próstata e
pacientes que serão submetidos a procedimentos urológicos que resultam no sangramento da
mucosa (Nicolle et al., 2005). Todos estes esforços visam minimizar a resistência antibiótica,
além de para reduzir tratamentos desnecessários, o que se reflete em redução de custos e
eliminação de efeitos secundários dos antibióticos, somados à falta de evidência da melhoria
nos pacientes tratados (Nicolle et al., 2014). Mesmo que haja eliminação da bacteriúria,
normalmente é de curto prazo e é seguida de recolonização, o que não reflete nenhum impacto
na morbidade ou mortalidade geral (Dalal et al., 2009).
Em animais paralisados existe um grande desafio. Não se deve tomar como uma
regra que a presença de bacteriúria e alteração de odores estão diretamente relacionadas com a
cistite e ao tratamento com antibióticos. A decisão de efetuar qualquer tratamento deve ser
guiada pelo surgimento dos sinais clínicos da cistite, reconhecidos pelos tutores do animal e
associado a exames clínicos e laboratoriais que corroborem o tratamento da cistite (Weese et
al., 2019).
O diagnóstico baseia-se na presença de isolamento bacteriano por cultura sem que o
animal apresente sinais clínicos. A cistocentese é o método preferido para a colheita da
amostra, só devendo ser substituída por outros métodos em caso de contraindicação (Weese et
al., 2019). Não há benefício na contagem de células bacterianas como UFC/ml para o
diagnóstico, pois, mesmo animais com contagens superiores a 100.000 UFC/ml foram
diagnosticados com bacteriúria subclínica. O diagnóstico é sempre baseado na ausência de
sinais clínicos, não devendo ser considerada a presença ou ausência de piúria no exame de
sedimento urinário. Não se devem realizar controlos de uroculturas positivas em animais
diagnosticados, com bacteriúria subclínica, uma vez que mesmo que o resultado seja positivo,
não será realizado tratamento. O importante são as razões potenciais para a bacteriúria (Weese
et al., 2019).
1.5.1 Tratamento
Tabela 3 – Indicações para realizar cultura de urina em cães e gatos que não apresentam sinais do trato
urinário inferior
Situações de rastreio de pielonefrite
Investigação da bexiga como fonte de bacteriémia/ septicemia
Pacientes que se submeterão a procedimento cirúrgico ou minimamente invasivo que
envolverá a entrada ou transecção do trato urinário
Cães com suspeita de urolitíase de estruvite
Animais com doença da medula espinhal que não podem exibir com segurança evidências de
doença do trato urinário inferior
Diabéticos difíceis de regular a glicémia independente da cetoacidose estar presente
Adaptado de: Weese et al. (2019).
Como o cateter uretral atua como uma comunicação direta entre o meio externo e a
bexiga, possibilita a migração ascendente de bactérias para a bexiga, aumentando o risco de
bacteriúria ou cistite bacteriana (Weese et al., 2019). A migração é facilitada pelo mau
maneio do cateter, como no caso dos sistemas de colheita abertos, falha em manter a bolsa
coletora abaixo do nível do paciente e contaminação durante a manutenção do cateter. Em
humanos, a migração extraluminal é a principal via de infeção (Hooton et al., 2010). Pode
ainda ocorrer a contaminação no momento da colocação do cateter, e embora menos comum,
a bacteriémia pode resultar na bacteriúria (Weese et al., 2019).
A cistite, bacteriúria subclínica e infeção extraurinária podem estar associadas à
colonização do cateter ou bexiga urinária (Weese et al., 2019). Em humanos, a cistite
associada a cateteres é um dos problemas mais comuns, estando associado a aumento de
custos económicos e ocasionalmente mortalidade (Hooton et al., 2010). Um estudo
multicêntrico realizado entre 1977 e 1981 em humanos revelou que 15% dos casos de
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Faculdade de Medicina Veterinária
37
Rita de Cássia Anaya Gutierrez - Doenças do trato urinário em cães e gatos:
um estudo retrospetivo da prescrição e resistência aos antibióticos
bacteriemia tem origem no trato urinário, as bactérias envolvidas normalmente estão presentes
na microbiota intestinal do doente e, quanto maior o tempo de cateterismo, maior é a
predisposição à infeção (Bryan & Reynolds, 1984).
Apesar de haver poucos dados disponíveis em medicina veterinária, seja porque os
animais doentes são menos cateterizados e por menor tempo comparado aos humanos, ou seja
pela dificuldade na diferenciação de bacteriúria e cistite bacteriana, alguns autores relataram
uma prevalência de bacteriúria alta em cães e gatos cateterizados (10-55%) (Ogeer-Gyles et
al., 2006; Bubenik & Hosgood, 2008; Sullivan et al., 2010; Hugonnard et al., 2013), sendo a
maior parte representada por bacteriúria subclínica. Os estudos apontam que, quanto maior o
tempo de permanência do cateter urinário, maiores as hipóteses de desenvolver bacteriúria
associada ou não com a cistite, para além disso, a maioria das bactérias isoladas nas
uroculturas desses doentes fazem parte da microbiota intestinal ( Bubenik & Hosgood, 2008;
Sullivan et al., 2010; Hugonnard et al., 2013). É importante diferenciá-la da cistite bacteriana,
pois nestes casos pode haver repercussões na saúde e no bem-estar animal (Weese et al.,
2019).
Podem ser considerados como pontos críticos, a colocação asséptica do cateter, não
utilizar colheita aberta, devendo os cateteres ser monitorizados constantemente a fim de
reconhecer problemas associados à contaminação (como quebra do cateter ou contaminação
fecal). Não se deve realizar a substituição do cateter rotineiramente com vista a evitar
contaminação, a duração deve ser o mais curta possível e a cateterização intermitente deverá
ser considerada em alguns casos selecionados, se a cateterização repetida e atraumática for
possível (Weese et al., 2019).
As novas diretrizes não recomendam: o tratamento de bacteriúria sem evidência
clínica de cistite ou pielonefrite, a terapia profilática com antibióticos em paciente
cateterizados, o uso de metenamina como antisséptico (assim como não há evidências de
prevenção de cistite com o uso de cranberry ou probióticos, porém para esses não existe
contraindicação), infusão de biocidas ou antibióticos na bexiga através do cateter, troca de
cateter, que pode aumentar o risco de infeção por contaminação ou trauma, troca ou remoção
na presença de bacteriúria subclínica, uso de cateteres urinários com substâncias como prata e
clorexidina (não existe evidência que faça prevenção de cistite bacteriana originada pelo
cateter) (Weese et al., 2019).
1.6.1 Tratamento
Os animais cateterizados com sinais de cistite devem ser investigados. Por outro
lado, em alguns animais, por exemplo cães com doença do disco vertebral, torna-se um
desafio, devendo ser tido em consideração a presença de febre ou ainda bacteriémia de origem
desconhecida (Wan et al., 2014).
A presença de alterações repentinas, como aspeto grosseiro e alteração no odor, pode
levar a considerar a cistite bacteriana, mas nem sempre há correlação dessas alterações com o
desenvolvimento de cistite bacteriana. Portanto, é necessária investigação mais aprofundada
para identificar a presença de cistite. Para isso, deve-se realizar a cultura da amostra de urina,
que deve ser recolhida por cistocentese. Caso o animal esteja cateterizado e ainda seja
necessário manter o cateter, deve-se retirar o cateter, recolher a amostra por cistocentese, e
colocar um novo. Caso não seja possível realizar a cistocentese, deve-se retirar o cateter,
colocar um novo, desprezar os primeiros 3 a 5 ml de urina e, posteriormente, obter a amostra
do cateter. Não está indicada a cultura da extremidade do cateter e nunca deve ser utilizada a
urina da bolsa coletora ou parte do sistema coletor para o isolamento bacteriano (Weese et al.,
2019).
Para a realização da cultura, a amostra de urina pode ser obtida por cistocentese,
método mais indicado, pielocentese para casos de cistocenteses negativas ou, na
impossibilidade de realizar o procedimento, por cateterização ou micção espontânea. No
caso de animais com imunossupressão ou febris, pode-se fazer hemoculturas ao mesmo
tempo que uroculturas (Patterson et al., 2016; Sorensen et al., 2016; Foster et al., 2018;
Weese et al., 2019).
A cistocentese é um procedimento simples, porém invasivo, com um alto potencial
de risco de complicações, exigindo uma equipa bem treinada. É contraindicada em animais
agitados, cães grandes ou com obesidade mórbida. Sugere-se a utilização da ultrassonografia
como guia, pois além de facilitar a colheita, pode-se avaliar possíveis anomalias na bexiga,
como divertículos, massas tumorais e presença de urólitos (Patterson et al., 2016; Sorensen et
al., 2016; Weese et al., 2019).
O volume recomendado da amostra é de 4 ml, que deve ser processada
imediatamente. O armazenamento pode originar resultados falsos, porém, se necessário, deve
ser refrigerada e processada dentro das 24 horas após a colheita (Patterson et al., 2016;
Sorensen et al., 2016). Num trabalho de Patterson et al. (2016), os autores recomendam o uso
de tubos com conservantes químicos, como a mistura de ácido bórico (formato de sódio,
borato de sódio e ácido bórico), usada em análises de humanos, os quais permitem o
armazenamento dos tubos à temperatura ambiente durante 48 horas. No entanto, não há
estudos sobre a sua eficácia em amostras de animais, somente está descrita uma possível
indução de falsos-negativos, quando comparada ao tubo estéril (Patterson et al., 2016; Weese
et al., 2019).
A contagem bacteriana pode ser afetada por fatores pré-analíticos e analíticos, como
conservação e transporte, procedimentos laboratoriais e método de colheita de urina
(Sorensen et al., 2016). Amostras obtidas por outros métodos, que não a cistocentese, podem
gerar resultados falso positivos e falsos negativos, recomendando-se refrigerar e processar o
quanto antes. Para a obtenção de amostras por cateterização ou micção espontânea, deve-se
desprezar os primeiros mililitros de urina.
Para contornar desvios nos resultados, aceita-se uma contagem bacteriológica com
―bacteriúria significante‖, tanto na medicina humana como na veterinária, representadas por
unidades formadoras de colónias (UFC/ml), que devem ser iguais ou maiores que 100.000
UFC/ml (Sorensen et al., 2016; Lamoureux et al., 2019; Weese et al., 2019).
Para cães com culturas negativas, deve-se considerar o despiste da leptospirose por
meio de testes sorológicos e PCR (Sykes et al., 2011; Weese et al., 2019).
Pode-se considerar as culturas para micoplasmose e ureaplasmose, apesar da
incidência baixa, e realizar também cultura bacteriana de tecidos obtidos por biópsias da
bexiga, aspirados ou biópsias da próstata. A biópsia da mucosa da bexiga é indicada
principalmente nos casos de persistência de sinais clínicos somados a culturas bacterianas
negativas, com vista a identificar infeções profundas, sendo que a biópsia de próstata é
indicada para comparar com os fluídos. Recomenda-se a utilização da ultrassonografia para
melhor acurácia e evitar contaminação, assim como exame histopatológico do material, para
descartar neoplasias concomitantes (Weese et al., 2019).
Rastreio incerto:
Doentes diabéticos que são difíceis de regular ou são cetoacidóticos.
Animais com doença da medula espinhal que não podem exibir com segurança evidências de doença do trato
urinário inferior.
Adaptado de: Weese et al., 2019.
A cistite idiopática felina (CIF) pode ser definida pela presença dos sinais clínicos de
doença do trato urinário inferior tais como disúria, hematúria, perúria (alteração de
comportamento, como urinar fora do tabuleiro), sem existir uma causa aparente diagnosticada.
Os diagnósticos diferenciais incluem a urolitíase, processos obstrutivos, cistites bacterianas e
neoplasias vesicais (Westropp et al., 2019). Como os sinais clínicos são semelhantes aos da
cistite intersticial em humanos, Buffington et al. (1996) propuseram o termo cistite intersticial
felina, mas o termo cistite idiopática felina apresenta maior aceitação, por muitas vezes se
desconhecer as alterações na parede vesical, sendo que na grande maioria dos gatos não existe
avaliação por cistoscopia, nem são realizados exames histológicos da parede vesical (Westropp
& Buffington, 2004).
A CIF tem alta incidência, no entanto, as suas causas ainda são pouco conhecidas.
Acredita-se que, tal como nos humanos, os gatos possuam dois tipos de CIF: a tipo I não
ulcerativa, associada a alterações imunoneuroendócrinas, e a tipo II ulcerativa, relacionada ao
processo inflamatório comum (Westropp et al., 2019). Portanto, todos os estudos para o
reconhecimento de sua patogénese e diferenciação de outras doenças do trato urinário felino
apresentam um carater relevante para a sua compreensão (Westropp & Buffington, 2004;
Mohamaden et al., 2019)
A CIF trata-se de um processo inflamatório, desencadeado por fatores estressantes.
É, ainda, uma doença multifatorial, que afeta mais machos que vivem exclusivamente no
ambiente interno dos domicílios, que consomem ração seca e ingerem menor quantidade de
água (Westropp et al., 2019). A inflamação crónica leva ao remodelamento da bexiga.
Existem estudos, que comprovam a presença de inflamação persistente tanto na bexiga quanto
na uretra proximal, mas nenhum destes estudos correlaciona o isolamento bacteriano com a
CIF (Westropp & Buffington, 2004; Parys et al., 2018; Mohamaden et al., 2019).
A resposta imunológica inata é importante na defesa do hospedeiro, principalmente
nas infeções ascendentes. O fluxo pulsátil da urina na pélvis renal através dos ureteres para a
bexiga, adicionado à força de cisalhamento da micção, impedem mecanicamente a adesão de
parte das bactérias ao epitélio do trato urinário e ainda, ao expressar proteínas de
reconhecimento de microrganismos, conduz a uma ativação do sistema de complemento e
recrutamento de neutrófilos. Alguns estudos indicam, que a inflamação da mucosa da bexiga
é responsável pelo anulamento da resposta inata, criando condições favoráveis para infeções
recorrentes (Byron, 2019).
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Faculdade de Medicina Veterinária
47
Rita de Cássia Anaya Gutierrez - Doenças do trato urinário em cães e gatos:
um estudo retrospetivo da prescrição e resistência aos antibióticos
O diagnóstico desta doença é um desafio, pelo facto de não haver um teste com alta
sensibilidade e especificidade. A recolha da história clínica, deve obter o maior número
possível de informações relativamente aos episódios de cistite e suas recidivas, a associação
com um possível fator desencadeante, o uso de enriquecimento ambiental e respostas a
terapêuticas anteriores. Os exames laboratoriais podem auxiliar no diagnóstico diferencial e
incluem exame radiográfico abdominal para a identificação de cálculos nos ureteres e/ou
uretra, ultrassonografia abdominal, análise de urina com urocultura, exames hematológicos e
bioquímicos séricos recomendadas em ITU (Westropp et al., 2019). Além dos exames
convencionais, tem-se proposto a pesquisa de biomarcadores, como as citocinas e
quimiocinas, e a avaliação por cistoscopia com biópsia da bexiga para a determinação de
processo inflamatório ou ulcerativo (Westropp et al., 2019).
O urotélio apresenta uma função de barreira, impedindo a entrada de solutos da urina
no estroma da bexiga. A manutenção da permeabilidade do urotélio é garantida pela
glicoproteína de permeabilidade (glicoproteína-P), que se comporta como uma bomba de
efluxo, transportando substâncias nocivas para fora da célula e pela E-cardenina, uma molécula
de adesão célula-célula. Qualquer alteração, nas células da barreira, altera sua permeabilidade
(Mohamaden et al., 2018). De forma a tentar comprovar as alterações histopatológicas e
bioquímicas nos gatos com CIF, Mohamaden et al. (2018) compararam amostras de sangue,
urina e tecido da bexiga de dois grupos de gatos, um proveniente de gatos saudáveis e outro de
gatos com CIF, tendo sido demonstrado um aumento de citocinas pró-inflamatórias –
interleucina-1 beta (IL-β), interleucina 6 (IL-6), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), tanto a
nível sérico, como na urina do grupo de gatos com CIF. No exame histopatológico da bexiga, os
gatos com CIF apresentaram perda de espessura e desaparecimento do urotélio, espongiose
urotelial, edema, hemorragia, congestão de vasos sanguíneos na lâmina própria e acumulação
de exudados serohemorrágicos no lúmen da bexiga, com infiltração de linfócitos e células
inflamatórias no interstício da bexiga. Por fim, a imunohistoquímica apresentou um aumento no
número de mastócitos entre a lâmina própria e o urotélio e uma diminuição da glicoproteína-P e
E-cadernina, o que contribuiu positivamente para alteração da permeabilidade uroepitelial,
agravando os sinais de CIF. Esse trabalho contribuiu para a evidenciar a correlação dos
mastócitos na inflamação e a alteração de permeabilidade uroepitelial (Mohamaden et al.,
2019).
As citocinas e quimiocinas, alvos de pesquisa em CIF, tem um papel importante
para a determinação da gravidade da doença e podem tornar-se ferramentas úteis para o seu
2019). O uso de antibióticos sem isolamento bacteriano, apoiado nos sinais clínicos de doença do
trato urinário inferior, constitui um problema, pois além de retardar o inicio do tratamento
adequado para a CIF, aumenta a possibilidade de criar resistências bacterianas (Weese et al.,
2019).
Um estudo realizado na Suíça com 773 doentes felinos, pesquisou a utilização de
antibióticos. Do total de felinos, 333 gatos foram classificados como doença do trato urinário
inferior e, destes, 200 foram tratados com antibiótico. A bacteriúria foi decisiva para a escolha
da prescrição de antibióticos, no entanto, somente em 56 casos foi constatado o envolvimento
bacteriano. O que mais chamou a atenção neste estudo, foi a diferença de dados colhidos
comparando universidades com clínicas particulares: 87% dos felinos com suspeita de doença
do trato urinário atendidos nas universidades tiveram amostras de urina submetidas para
cultura e isolamento bacteriano, enquanto nas clínicas particulares, somente 10% dos felinos,
tendo este facto resultado em uma prescrição excessiva de antibióticos (Schmitt et al., 2019).
1.10.1 Beta-lactâmicos
Classificação
Ambler C A D B
Perfil
inibitório Ac.clavulânico EDTA
ESBL
Carbapenemases
Exemplos
clássicos Penicilinase: ESBL: OXA-11
ESBL: AmpC
TEM-1, SHV-1B Carbapenemase: Carbapenemase:
ESBL: CTX OXA-23, OXA- IMP, VIM, NDM
Carbapenemase: 48
KPC -M, TEM-3
Figura 1 – Classificação Ambler das β-lactamases, perfil fenotípico e correlação com o perfil genotípico
adaptado
Adaptado de: Munita & Arias, 2017.
AmpC: Ampicilinase de classe C, CTX-M: cefotaximases, EDTA: ácido etilenodiamino tetra-acético; ESBL: β-
lactamasesde espectro estendido; IMP:ativa frente ao imipenem, KPC: Klebsiella pneumoniae carbapenemase,
NDM: New Delhi metallo - lactamase, OXA-23 oxacilanase- 23, OXA-48 oxacilanase- 48, TEM: Temoniera,
VIM: Verona Integron-encoded - lactamase.
1.10.2 Quinolonas
passiva. Além disso, ambos os grupos bacterianos possuem sistemas de efluxo energia-
dependentes, que podem ser expressos continuadamente ou mediante mutação. No caso da E.
coli, há um sistema de efluxo com múltiplos controles chamado AcrAB-TolC, o qual atua de
forma importante no efluxo de quinolonas (Ruiz, 2003; Jacoby, 2005). Tanto as mutações em
gyrA e gyrB como de genes de porinas e de bombas de efluxo podem aumentar a resistência às
quinolonas mediada por plásmideos, descrita no terceiro mecanismo de resistência (Nordmann
& Poire, 2005).
Pode-se atribuir o aumento da resistência, também à transferência vertical e
horizontal de elementos genéticos transmissíveis entre diferentes populações bacterianas, ao
seu uso indiscriminado e à perda de fatores de virulência, resultando na perda parcial ou
completa de ilhas de patogenicidade, portadoras de controladores de genes urovirulentos,
como a hemolisina, o fator necrosante citotóxico 1, a fímbria P, e o autotransportador sat
(Ruiz, 2003; Thompson et al., 2011; Álvarez-Hernández et al., 2015, Janecko et al., 2018).
A resistência da E. coli às fluoroquinolonas, já foi observada em estudos com
patologias urinárias em cães, em que as estirpes resistentes, agrupadas filogeneticamente (A,
B1, B2 e D), possuíam genes associados à virulência com baixa prevalência, especialmente no
grupo B2, e que 26% delas possuíam potencial patogênico devido aos fatores de virulência.
Observou-se, também, que o aumento dessa resistência é gradativo em relação ao tempo,
porém a eficácia das fluoroquinolonas mantém-se alta em mais de 80% das bactérias isoladas
in vitro (Thompson et al., 2011; Papich, 2012).
A avaliação molecular das bactérias resistentes isoladas revelou perfis de macro-
restrição de DNA diversos, indicando que o aumento da resistência à enrofloxacina não estava
atribuída a apenas um clone de uma estirpe enrofloxacina-resistente, mas ao aumento coletivo
de diversas linhagens clonais dessas estirpes (Thompson et al., 2011; Papich, 2012). As
estirpes resistentes a fluoroquinolonas com fatores de virulência diminuídos estão associadas
às bacteriúrias assintomáticas, comuns em humanos com desordens que predispõem as ITU
(Thompson et al., 2011).
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Foi realizado um estudo retrospetivo com amostras recolhidas no período
compreendido entre 1 de setembro a 31 de dezembro de 2018, a partir de exames de
isolamento bacteriano realizados no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Lusófona (Lisboa, Portugal). Os exames foram separados por
culturas bacterianas de urina, dermatológicas (pele e ouvidos), feridas cirúrgicas, bílis, líquido
ascítico, parafusos ortopédicos e útero, sendo selecionados os resultados de uroculturas
recolhidas por cistocentese.
Neste trabalho foram incluídas amostras de urina de cães e gatos recolhidas por
cistocentese e submetidas a cultivo aeróbio, recorrendo ao uso dos meios de cultura como o
agar MacConkey (MacConkey Agar- Oxoid) e agar Mueller-Hinton com sangue de ovelha
(Mueller-Hinton Agar With Sheep Blood- - Oxoid), incubadas à 37°C, submetidas a teste de
sensibilidade difusão em disco- Kirby-Bauer - em placa agar Mueller-Hinton (Mueller-Hinton
Agar- - Oxoid), de acordo com as diretrizes do Comité Europeu para Teste à Sensibilidade
Antimicrobiana (EUCAST).
Após seleção dos exames de urocultura, realizou-se uma revisão das fichas clínicas
dos animais, a fim de melhor classificar a doença do trato urinário. Foi levado em
consideração todo o historial clínico, sobretudo do último ano que antecedeu a urocultura
analisada, com o intuito de identificar doenças concomitantes e/ou fatores desencadeantes da
doença urinária. Em alguns animais não foi possível ter acesso ao historial clínico, no entanto,
a amostra foi incluída no estudo para dados epidemiológicos de isolamento bacteriano.
Foram excluídos os animais com urinálise sem urocultura ou com cultura colhida por
micção natural ou algalias.
3 RESULTADOS
Durante o período de quatro meses, foram realizadas 100 culturas microbiológicas no
Hospital Veterinário da Universidade Lusófona, envolvendo amostras de urina,
dermatológicas (pele e ouvidos), ferida cirúrgica, bílis, líquido ascítico, parafusos ortopédicos
e útero. As amostras de urina para urocultura foram recolhidas por cistocentese e
representaram 52% de todas as culturas solicitadas. Envolveu 38 pacientes, sendo 23 cães (10
machos, 43,48%, e 13 fêmeas, 56,52%), com uma média de idades nos machos de 12,5 ± 3,49
anos, e nas fêmeas de 10,3 ± 1,58 anos; e 15 gatos (machos, 40% e 9 fêmeas, 60%), com uma
média de idades nos machos de 8,2 ± 5,04 anos, e nas fêmeas de 8,5 ± 5,78 anos. Na Figura 2
são apresentados os resultados encontrados.
a)
b)
E. coli 60%
Staphylococcus ssp
26.60%
Enterobacter
aerogenes 6,70%
Cães Gatos Proteus ssp 6,70%
c)
A bactéria E. coli foi isolada em oito cães, dos quais cinco foram considerados ter cistite
bacteriana recorrente. Os animais 3 e 5 apresentaram cistite recorrente por reinfeção, o animal 5
com envolvimento prostático e o 3 era um animal com história de diarreia intermitente, de todos
os animais, este possuía o maior número de doenças concomitantes. Outros dois animais foram
diagnosticados com cistite esporádica. Para um dos cães (17) não houve classificação, devido à
falta de dados, pois o animal veio para o hospital somente para realizar exames. Nesse grupo de
animais, sete apresentavam doenças concomitantes, como doença renal, doença degenerativa
espinhal, pancreatite, prostatite, pielonefrite, piometra e neoplasia vesical na região do trígono.
A presença de leucócitos no sedimento urinário em cães com isolamento bacteriano ocorreu em
90% das amostras, e nas amostras sem isolamento bacteriano, a presença de leucócitos no
sedimento urinário foi de 20% e representou p= 0,00061 com correção FDR p = 0,002452.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Faculdade de Medicina Veterinária
63
Rita de Cássia Anaya Gutierrez - Doenças do trato urinário em cães e gatos:
um estudo retrospetivo da prescrição e resistência aos antibióticos
Quanto ao perfil de resistência aos antibióticos (tabela 9), os resultados foram muito
semelhantes. Em sete animais ocorreu o perfil fenótipo de resistência do tipo Amp C - grupo
C segundo a classificação de Ambler (Bonono, 2017), e num paciente com perfil fenótipo de
penicilamases do grupo A segundo a classificação Ambler, sendo resistente à amoxicilina
com clavulanato e cefalotina, porém sensível a tazobactam e aztreonam.
Os isolamentos que apresentaram crescimento de Staphylococcus spp. envolveram
dois cães: um apresentava cistite recorrente e o outro, cistite esporádica. O cão 6, com cistite
recorrente, tinha uma uretrostomia pré-escrotal, pois quando jovem teve um trauma no osso
peniano e o seu perfil de resistência a antibióticos foi fenotipicamente compatível com OXA
classe D segundo a classificação de Ambler. Na sua terceira cultura, houve o acréscimo da
resistência à enrofloxacina.
O isolamento que apresentou crescimento de Proteus spp. estava associado ao cão
23, com cistite bacteriana recorrente e sem a presença de resistência aos antibióticos, sendo
que o provável fator predisponente era a retenção urinária relacionada com alterações
comportamentais.
foram positivos para a bactéria E. coli, e desses, dois animais não apresentaram resistência
aos antibióticos. Um animal apresentou perfil fenótipo de Amp C – classe C, segundo a
classificação de Ambler, e o outro, resistência à cefalotina e enrofloxacina (tabela 12). Três
animais foram classificados como apresentando cistite infeciosa esporádica e apresentavam
doenças concomitantes, como hipertiroidismo e insuficiência renal crónica. Um deles
apresentava alterações ecográficas compatíveis com pielonefrite e os sinais clínicos eram
inespecíficos. O último paciente tinha hiperaldosteronismo renal e defeito congênito renal, e
foi classificado como portador de cistite infeciosa persistente.
Tabela 12 – Sinais clínicos associados a doença urinária, análise do sedimento urinário, perfil de
resistência aos antibióticos e classificação da cistite em felinos
Doente Sinais Sedimento Sedimento Isolamento Perfil de Classificação
felino clínicos urinário urinário resistência aos cistite (de acordo
(leucócito (eritrócito antibióticos com ISCAID,
por campo por campo 2019)
400X) 400X)
24 Hematúria 10 a 15 10 a 15 Negativo - CIF
25 Sem sinais 0-1 0-1 Negativo - -
26 Sem sinais 0-1 0-1 Negativo - -
27 Pielonefrite 100-120 0-1 E. coli Sem resistência CBE
28 Sem sinais Sem dados Negativo - -
29 Sem sinais, Negativo - CIF
porém já foi
0-1 0-1
acompanhada
por CIF
30 Hematúria 4-6 12-15 Negativo - CIF
31 Disúria E. coli Cefalotina e CBR
5-10 0-1
enrofloxacina
32 Hematúria 0-1 1-4 Negativo - CIF
33 Sem sinais Sem dados Sem dados Negativo - -
34 Disúria 15-20 0-1 E. coli Sem resistência CBE
35 Dilatação Negativo - -
Sem dados
pelve renal
36 Sem dados Sem dados Negativo - -
37 Disúria E. coli Amp C- classe CBE
100 a 150 2-5
C
38 Sem sinais 0-1 0-1 Negativo - -
AmpC (Ampicilinase de classe C); CBE (cistite bacteriana esporádica); CBR (cistite bacteriana recorrente); CIF
(cistite idiopática felina); ISCAID (International Society for Companion Animal Infectious Diseases).
0
Enrofloxacina Amoxicilina/ ác. Sulfametixazol+ Cefalolina Cefovecina
clavulânico trimetoprim
CBE CBR
Gráfico 6 – Antibióticos utilizados nas cistites bacterianas esporádicas e recorrentes em cães e gatos
4 DISCUSSÃO
As ITU de origem bacteriana apresentam uma incidência mais elevada em cães do que
em gatos, estando também descritas com maior frequência em fêmeas de ambas as espécies
(Carvalho et al., 2014; Weese et al., 2019). Este trabalho, apresentou o mesmo padrão
relativamente ao sexo dos animais, visto que 60% dos isolamentos foram realizados em
fêmeas, das espécies canina e felina. Relativamente à idade e raça de cães com ITU
persistente ou recorrente, existiu bastante variação, no entanto, observou-se uma maior
incidência em fêmeas com idade avançada (média de 7-8 anos), o que está de acordo com a
literatura veterinária consultada (Ling et al., 2001; Thompson et al., 2011; Patterson et al.,
2016). Quanto às fêmeas com CBR analisadas neste trabalho, apresentavam média de idades
de 10,5 anos nas cadelas e 5 anos na única gata classificada como CBR.
A ITU canina não complicada, ocorre em aproximadamente 14% dos cães durante as
suas vidas e resolvem-se num prazo de duas a três semanas com o uso de antibióticos orais. Já
a persistência e recorrência da ITU, está presente em 4,5% dos cães atendidos, ou 0,3% de
cães hospitalizados, estando associada a bactérias refratárias, sendo que o tratamento com
antibióticos convencionais pode apresentar falhas. (Seguin et al., 2003; Thompson et al.,
2011). Cerca de 95% dos casos subclínicos estão associados a alguma doença de base, não
sendo observados sinais clínicos de ITU como estrangúria, polaquiúria ou pigmentúria, e
metade representa os casos recorrentes ou persistentes (Ling et al., 2001; Thompson et al.,
2011; Patterson et al., 2016).
Segundo as novas diretrizes, as cistites bacterianas devem ser classificadas em cistite
bacteriana esporádica, com menos de três episódios por ano; cistite bacteriana recorrente, com
três ou mais episódios por ano ou dois ou mais em seis meses; bacteriúria subclínica, a
mudança visa facilitar a compreensão e guiar o tratamento dos animais com ITU, deixando
alguns aspetos mais claros principalmente em relação a alterações ou doenças concomitantes
(Weese et al., 2019).
No presente trabalho, a classificação baseou-se nas novas diretrizes e apresentou um
total de 23 cães (43,48% machos e 56,52% fêmeas) que foram submetidos a urocultura, sendo
6/(23) classificados como CBR com três machos e três fêmeas, 4/(23) como CBE com dois
machos e duas fêmeas, e 15 gatos (40% machos e 60% fêmeas), sendo 1/(15) como CBR com
uma fêmea e 3/(15) como CBE com três fêmeas. No entanto, os dados avaliados neste
trabalho representam uma amostra pequena e a grande maioria dos animais analisados
apresentavam sinais clínicos específicos de ITU ou tinham sinais inespecíficos, porém
Forrest et al. (1990) indicaram a urocultura como rotina para os animais diabéticos e
com hiperadrenocorticismo, mesmo sem apresentar sinais clínicos, no sentido de evitar
bacteriémia. A diabetes mellitus também foi alvo de pesquisa do estudo de McGuire et al.
(2002), que sugeriram a pesquisa de infeções ocultas do trato urinários em cães com diabetes
através da urocultura. No entanto, as últimas diretrizes não recomendam a urocultura de uma
forma rotineira, mesmo nos doentes com endocrinopatias, mas com exceções, que incluem
glicémias descontroladas ou presença de uma bacteriémia de origem desconhecida (Weese et
al., 2019).
Neste trabalho, a maior parte das cistites recorrentes foi identificada em animais que
apresentavam doenças ou alterações concomitantes, e as endocrinopatias estavam associadas
em cinco cães (hiperadrenocorticismo, diabetes mellitus e hipotiroidismo) e em três gatos
(hipertiroidismo e hiperaldosteronismo renal). O isolamento bacteriano estava presente em
1/(5) dos cães e apresentava sinais clínicos de ITU, classificado como CBR. Os cães com
endocrinopatias e que a cultura foi negativa não apresentavam sinais clínicos de ITU, mas sim
sinais clínicos inespecíficos. Em relação aos gatos, 2/(3) foi isolado E. coli, esses felinos
apresentavam sinais clínicos compatíveis com ITU, um foi classificado como CBR e o outro
como CBE e, da mesma forma, o gato em que não houve isolamento bacteriano apresentava
sinais clínicos inespecíficos.
Na literatura veterinária, estão descritas outras desordens que possivelmente
contribuem com ITU recorrentes em cães, como defeitos anatómicos (uretrostomia, rutura
uretral, ureter ectópico, incontinência etc.), alterações no urotélio (urolitíase, carcinoma de
células de transição ), alteração da composição urinária (hipoadrenocorticismo, diabetes
mellitus), disfunção de micção (paraparese, dissinergia do destrusor, quistos ou abcessos
prostáticos) e alterações do sistema imunitário (corticoterapia, quimioterapia, lúpus
eritematoso sistémico, hiperdadrenocorticismo) (Olby et al., 2017; Thompson et al., 2011).
Neste trabalho, um dos cães que tinha uma uretrostomia pré-escrotal foi classificado
com CBR. A disfunção da micção, para além da relacionada a diabetes mellitus, foi vista em
duas cadelas, uma com alteração comportamental de retenção de urina e outra que
apresentava neoplasia na região do trígono vesical, tendo as duas sido classificadas como
CBR. Além dessas alterações, os doentes caninos deste trabalho cujo isolamento bacteriano
foi positivo apresentavam: doença renal, doença degenerativa espinhal, pancreatite, prostatite,
pielonefrite, piometra, e todos foram associados a sinais clínicos de ITU. Em relação à cadela
com piometra, classificada como CBR, a E. coli isolada na parede uterina e amostra de urina
em outra amostra, Enterobacter aerogenes, tendo sido classificado com CBR com
envolvimento prostático.
Quanto aos felinos sem isolamento bacteriano na urina 11(15), apresentavam doenças
concomitantes como hipertireoidismo, insuficiência renal, pancreatite e dilatação de pelve
renal no exame ecográfico, tendo sido quatro animais classificados como tendo CIF e com
sinais clínicos de ITU.
A CIF nos gatos tem uma grande prevalência, e o seu diagnóstico é pouco preciso,
devido à ausência de um teste com sensibilidade e especificidade adequada. O ideal, para
além da recolha do historial clínico detalhado, principalmente no que se refere ao ambiente
em que o felino habita e o exame físico, consiste na exclusão de doenças que fazem parte dos
seus diagnósticos diferenciais, como as cistites bacterianas, pielonefrites e obstruções
mecânicas do sistema urinário (Westropp & Buffington, 2004; Westropp et al., 2019). A
cultura da urina é de extrema importância para a confirmação de cistites bacterianas, devendo-
se aguardar a confirmação do isolamento e associar aos sinais clínicos, antes de prescrever
antibióticos (Weese et al., 2019). Num estudo realizado na Noruega, por Saevick et al.,
(2011), a cistite bacteriana foi observada apenas em 11% dos gatos com sinais de doença do
trato urinário inferior, tendo sido a maioria (55%) diagnosticada como CIF.
No presente trabalho, ocorreu o mesmo em todos os casos, o número de CIF em gatos
foi de 4/(15) e apresentavam como sinal clínico a hematúria. Foram tratados de acordo com as
recomendações da MEMO.
Apresenta uma grande importância, aplicar todos os esforços para identificar o
agente na urocultura, classificar as ITU, e principalmente reconhecer a CIF nos gatos e a
bacteriúria subclínica nos cães, dado que a bacteriúria subclínica em gatos apresenta valores
muito baixos (Eggertsdóttir et al., 2011). Estes esforços, vão-se refletir numa restrição da
prescrição de antibióticos, evitando assim o desenvolvimento de resistências bacterianas. É
fundamental uma mudança de postura, com vista a eliminar a crença de que os antibióticos
não fazem mal, e que mais vale usa-los de forma excessiva, do que não os usar. O
crescimento das resistências aos antibióticos observado especificamente em agentes
patogénicos urinários (Ball et al., 2008), adicionado à falta de pesquisas para novos grupos de
antibióticos, conduz a um cenário futuro, em que as infeções voltarão a tornar-se uma das
principais causas de morte, chegando a ultrapassar as mortes relacionadas com cancro
(O’Niel, 2016).
como reservatórios desses agentes patogénicos (Johnson et al., 2001). Num estudo de Nan et
al. (2013) foi descrita a capacidade da E. coli obtida em amostras de urina de cães, em invadir
células epiteliais da bexiga humana e causar citotoxidade e produção de citocinas, conferindo-
lhe um potencial zoonótico. Le et al. (2019) detetou um gene de virulência E. coli P-50 em
amostras de urina num bull terrier da Nova Zelândia. A proporção de E. coli retais resistentes
isoladas, está associada ao tempo de hospitalização e ao uso de fluoroquinolonas, e existe uma
possibilidade de compartilhamento de estirpes bacterianas resistentes entre humanos e cães
(Thompson et al., 2011).
Em ITU recorrentes ou persistentes de cães, observa-se uma maior prevalência de
bactérias como a Pseudomonas aeruginosa e Enterococcus spp., do que em infecções
comuns. No entanto, isola-se com frequência múltiplas bactérias, sendo as mais comuns a E.
coli, Klebsieilla spp., Staphylococcus spp., Enterococcus spp., Proteus spp. e Pseudomonas
spp., o que dificulta a escolha do antibiótico (Seguin et al., 2003). Tem-se observado um
aumento da resistência da E. coli a múltiplos antibióticos, especialmente devido à reutilização
dessas terapias ao se isolar a bactéria durante o diagnóstico. Entretanto, acredita-se que as
uroculturas não são testes apropriados para avaliação clonal, já que apenas 4% das bactérias
encontradas se apresentaram resistentes a todos os antibióticos testados (Seguin et al., 2003;
Thompson et al., 2011).
Além do isolamento da E. coli no presente trabalho, houve isolamento de
Staphylococcus spp, Proteus spp. e Enterobacter aerogenes. O perfil de resistência da E. coli
predominante nas amostras analisadas neste trabalho foi o AmpC (6/8), sendo em quatro cães
associadas a CBR, em dois cães a CBE um penicilamase classe A, e em um sem resistência
aos antibióticos testados. Nos quatro gatos com isolamento E. coli, um apresentou perfil
AmpC e era CBE, um com resistência à enrofloxacina e cefalotina e com classificação clínica
CBR e dois sem resistência, com a classificação de CBE.
Os dois cães que obtiveram o isolamento Staphylococcus spp. apresentavam CBE, um
apresentou padrão fenotípico de resistência OXA- classe D e, o outro, resistência a amicacina.
O cão com isolamento de Proteus spp., apresentava CBR mas sem resistência aos antibióticos
testados, e o isolamento Enterobacter aerogenes apresentava CBR com perfil AmpC. O
trabalho de Ball et al. (2008) encontrou Escherichia coli, Staphylococcus intermedius,
Enterococcus spp., com maior prevalência de E. coli, tendo ainda constatado um aumento na
resistência a antibióticos com o passar o tempo.
Em relação às escolhas dos antibióticos neste estudo, para as CBE o mais utilizado foi
a enrofloxacina, amoxicilina com ácido clavulânico, sulfametixazol com trimetoprim e
cefalotina. Clare et al. (2014) não descreveu diferença nos resultados de tratamento curto com
sulfonamidas em comparação à cefalexina por 7 dias em ITU não complicada em cadelas. A
recomendação das novas diretrizes de tratamento de CBE é o uso de amoxicilina isolada, ou
tratamento curto com trimetoprim-sulfonamida, devendo-se reservar a nitrofurantoína,
fluoroquinolonas e cefalosporinas de terceira geração para os casos de resistência a
amoxicilina no teste de sensibilidade. As CBR desse estudo foram tratadas com amoxicilina
associada a ácido clavulânico ou enrofloxacina na maioria dos casos, seguido de cefovecina e
sulfametixazol-trimetoprim.
Schmitt et al. (2019) referiram quais os antibióticos de primeira eleição para as ITU
em gatos, sendo as aminopenicilinas potenciadas em 61% dos casos, cefalosporinas de
terceira geração em 26%, fluoroquinolonas em 13%, aminopenicilinas em 12%,
cefalosporinas de primeira geração em 3%, anfenicóis em 1% e tetraciclinas em 1% dos
casos, e ainda 13% receberam terapia combinada (duas classes de antibióticos ao mesmo
momento) ou terapia seriada (classes de antibióticos diferentes em momentos diferentes).
Weese et al. (2019) colocam como primeira opção, enquanto se aguarda o resultado do teste
de sensibilidade, o uso de amoxicilina associada a ácido clavulânico, ou ainda, o uso de anti-
inflamatório para os casos em que o animal esteja estabilizado e não apresente sinais clínicos
exacerbados. Na suspeita de prostatite bacteriana, a enrofloxacina pode ser considerada como
tratamento empírico até o resultado do teste de sensibilidade, critério que foi utilizado nos
cães deste trabalho.
Atendendo a tudo o que foi descrito, pode-se afirmar que não há um tratamento
único para as ITU. Deve ser apoiado em dados multifatoriais, desde o diagnóstico até à
escolha do tratamento e conscientes que devemos obter a cura clínica (principal objetivo), e
quando possível a cura microbiológica (objetivo secundário). Por outro lado, deve-se sempre
visar o bem-estar animal, garantindo os menores efeitos colaterais, entre eles o da resistência
aos antibióticos.
5 CONCLUSÃO
As ITU são alvo de muitos estudos que abordam a sua apresentação clínica e
tratamento. Desde 2000, as ITU têm sofrido constantes alterações na sua classificação e
critérios de tratamento.
Neste trabalho retrospetivo, a relação da piúria com isolamento bacteriano foi
inconsistente em gatos e consistente em cães, porém nesta espécie deve-se considerar mais
fatores além do isolamento bacteriano.
É frequente a bacteriúria subclínica em que não está indicada a prescrição de
antibióticos, com exceção dos casos em que esta é o foco de bacteriémia ou motivo para o
descontrolo da glicémia em animais diabéticos. Pelo fato de a amostra deste estudo ser
pequena, e os animais estudados se apresentarem na sua maioria, com sinais clínicos
específicos de ITU, a bacteriúria subclínica não foi detetada. A piúria isolada é inconsistente
para o tratamento com antibióticos, principalmente nos felinos, na maioria acompanhados
devido a CIF, e para cuja espécie se contraindica o uso de antibióticos empíricos para ITU.
O rastreio de ITU em animais com alterações e doenças concomitantes no presente
trabalho mostrou-se inconsistente para as duas espécies. Os animais que fizeram despiste para
ITU com doenças concomitantes apresentavam sinais clínicos inespecíficos, e na sua maioria
não se confirmou o isolamento bacteriano. As últimas diretrizes não recomendam o rastreio
de ITU para esses animais, com exceção dos doentes que apresentem sinais clínicos
específicos de ITU, ou com as mesmas exceções para a bacteriúria subclínica.
O agente mais associado a ITU nos animais deste estudo foi a E. coli, com perfil
fenotípico de resistência AmpC, de acordo com a classificação de Ambler.
Como conclusão final, torna-se fundamental uma reflexão sobre o uso empírico de
antibióticos em animais de companhia, pois estes podem implicar efeitos adversos como
alterações metabólicas nos animais, económicos quando a escolha não for assertiva, aumento
no tempo de exposição aos antibióticos, o que aumenta as hipóteses de resistência aos
antibióticos. A terapia empírica não deve acabar, mas deve sofrer alterações a fim de diminuir
os seus efeitos adversos, devendo ser orientada por dados epidemiológicos locais e
apresentação clínica, evitando uma prescrição e uso excessivos.
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