O Ultimo Jantar - Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho
O Ultimo Jantar - Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho
O Ultimo Jantar - Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho
Sobre a obra:
Sobre nós:
eLivros .love
Converted by ePubtoPDF
O ÚLTIMO JANTAR
Psicografia da médium
Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho
Narrativa do espírito
Antônio Carlos
O PAIOL
OS COGUMELOS
A TENTATIVA
ZÉ GRILO
HISTÓRIA DE ISAURA
VISITANDO EDSON
CENTRO ESPÍRITA
A INVESTIGAÇÃO
ESCLARECENDO OS FATOS
TEMPOS DEPOIS
MARY
Mary quando encarnada, foi uma escritora de
entretenimento, sempre gostou de literatura, amava
imaginar histórias e colocá-las no papel. E, quando se ama o
que se faz, realiza-se bem-feito. O período encarnado
acabou seu corpo físico morreu e a mudança de plano a
perturbou. O que encontrou na Espiritualidade era muito
diferente do que pensava. Ela foi, após o sepultamento do
seu envoltório carnal, levada a um posto de socorro, porém
não quis ficar e voltou ao seu antigo lar.1
O sofrimento a fez querer o auxílio dos bons espíritos, e
foi novamente ajudada.
Aceitando então a mudança de plano, adaptou-se à nova
maneira de viver. Ativa, quis ser útil, aprendeu e passou a
servir, foi trabalhar num posto de socorro. Uma tarefa
especial despertou sua vontade de trabalhar com a
literatura e pediu então para estudar sobre o assunto e foi
estagiar na Colônia Casa do Escritor.2
Ela estava amando estar ali, achou a colônia linda, tudo
era simples e prático. Gostava de maneira especial do vasto
jardim bem cuidado, onde a maioria de seus moradores,
professores e estudantes, gostava de ficar conversando,
trocando informações entre os canteiros floridos e os bancos
confortáveis. Fez novos amigos, e todos ali tinham o mesmo
objetivo: ser útil, fazer algo de bom na tarefa de instruir
pessoas por meio de escritos, palestras e filmes.
Surpreenderam-se com a maneira simples e sábia com que
os orientadores da casa ensinavam, e os novos
conhecimentos a fascinavam. Mary estava sempre dizendo:
"Como podemos ajudar, esclarecer com a boa literatura!
Não usei bem meu talento, sinto por isso. Alegro-me por
saber que terei outras oportunidades e, para aproveitá-las
melhor, quero aprender e me preparar.”
E, como não devemos ficar remoendo o passado, mas sim
aproveitar bem o presente, Mary resolveu estudar bastante,
aprender, para ser útil da melhor maneira possível. Não
queria adiar o que tinha de fazer para o futuro,
compreendera que o que importa é o presente, é fazer,
realizar no momento atual.
A literatura era o assunto preferido da colônia de estudos
e também de Mary, que estava sempre conversando,
principalmente com pessoas que, quando encarnadas,
dedicaram-se a instruir, educar e ensinar pela escrita. Mary
amava assistir a palestras, comparecia a todas que eram
realizadas na colônia e almejava um dia poder ensinar
daquele modo. Em uma tarde, ela se dirigiu a um dos salões
para ouvir um orador que há algum tempo estava no plano
espiritual e, em sua opinião, tratava-se de um exímio
palestrante.
A sala de palestra era grande, tinha poltronas confortáveis
de cor bege claro e somente alguns quadros nas paredes;
na frente havia uma pequena mesa enfeitada com flores
cor-de-rosa. A colônia recebe muitos convidados para essas
palestras de espíritos que trabalham em outras casas e até
em outros países. Recebe também alguns encarnados, que
deixam o corpo físico adormecido e vão acompanhados de
seus espíritos protetores.
Após uma rápida oração, o orador falou sobre as
parábolas de Jesus:
— As parábolas têm dois sentidos: o material e o
espiritual. O material é de fácil entendimento; são os fatos
do dia a dia das pessoas, da natureza. Mas, o espiritual
depende da evolução, da capacidade de assimilação de
cada indivíduo. Por isso é que vemos até hoje pessoas
darem explicações para esses ensinamentos de formas tão
diversas, interpretando-os conforme o entendimento que
possuem. Nós mesmos já os interpretamos de muitos
modos e certamente o faremos futuramente de outras
formas. As parábolas nos convidam a uma profunda
meditação. Devemos senti-las e vivê-las para
compreendermos os ensinamentos contidos nessas
preciosidades.
Depois de uma ligeira pausa, o orador falou dos
ensinamentos de Jesus: "O amigo importuno e o juiz
iníquo.”3
— Ao meditar sobre essas duas parábolas,
Compreendemos que Jesus insistiu em que devemos orar
sempre, que jamais, em nenhuma circunstância, devemos
deixar de fazer com sinceridade nossas Preces. Pedi e
recebereis; batei abrir-se-vos-á; buscai e achareis. Tudo o
que pedirdes ao Pai, Ele vo-lo dará... E, orai não vos deixei
de orar. Podemos achar no Evangelho vários textos
incentivando-nos a não perder a esperança e a fazer o que
nos cabe para receber o que almejamos. E nessas duas
parábolas os pedintes chegam ser impertinentes, insistem -
continuou o orador - Deus não deve se sentir importunado
com nossos pedidos importunos nem nos atende para ficar
livre. E, se Ele sabe do que necessitamos até antes de
pedirmos, por que a necessidade de fazê-lo? A finalidade do
pedido, da oração, é nos levar a crer em nós mesmos, é nos
fazer agir de forma que Deus possa nos atender. Quando
pedimos e nos preparamos para receber, nos tornamos
receptivos a esse recebimento. Por isso Jesus recomendou:
“Busque, bata, faça sua parte, prepare-se para receber.
Torne-se receptivo!”
Todos nós temos capacidade para receber. Muitos
imprudentes obstruem esse recipiente; outros o alongam. E
o pedir, orar, buscar etc., alongam essa capacidade de
receber o dom do Doador Divino. E recebe-se de acordo
com a capacidade que se tem para receber. Quem for a uma
fonte de água pura e cristalina com um dedal irá trazer um
dedal com água. Quem for com um copo trará um copo com
água. Assim acontece com quem leva um balde ou um
recipiente maior. E o importante é quem vai buscar,
caminha para chegar lá, bate, pede e recebe, faz sua parte.
E para chegar à fonte ele deve ter trabalhado e estudado a
melhor forma para ir, lá bateu, insistiu em pedir etc. Não
ficou parado esperando, e com tudo o que fez o pedinte,
tornou-se receptivo. Pedir para alguém fazer o que nos
compete é receber a água que a pessoa foi buscar na fonte.
Jesus, porém, recomendou que fizessem, nós mesmos, o
que nos compete, busquemos, criemos um ambiente de
receptividade com nosso esforço.
Mary escutava atenta. De repente sentiu que alguém em
algum lugar falava dela, e não era algo bom. Ficou inquieta
e ouviu:
"Maldita escritora!"
Olhou um tanto assustada à sua volta. Ficou aliviada, pois
ninguém escutara. Entendeu que a voz estava se referindo
a ela, portanto apenas ela a sentira, ouvira ou recebera por
sintonia.
Tentou prestar atenção no fabuloso orador do qual era fã.
Admirava-o por ele ter voltado ao plano espiritual com seu
objetivo cumprido e por ter feito o que planejara. O orador
logo terminou a palestra com uma linda oração e as pessoas
foram se retirando maravilhadas pelo que ouviram. Era de
madrugada. Palestras com convidados encarnados são
realizadas em horários em que normalmente o corpo físico
dorme.
Mary saiu do salão e foi para o jardim. Preferiu ficar
sozinha olhando o firmamento. Ficou pensando na palestra
que ouvira, memorizando-a, e concluiu que temos sempre
de fazer o que nos compete, ser autossuficientes, aproveitar
as oportunidades de aprender, praticar o bem para um dia
sermos bons. Logo o Sol4 despontou no horizonte e a nossa
aprendiz se encantou com a beleza do astro rei.
Meditou e concluiu que do Sol podemos tirar um grande
exemplo. Silencioso, ele dá luz e calor a todos igualmente.
Faz simplesmente o que tem de ser feito: existe, é útil.
"E por que não sermos assim: Fazermos por amor a todos
e sem alarde; sermos uma fonte de luz e calor?", pensou
ela.
No período da manhã, ela tinha aulas e foi assistir a elas.
Nessa colônia de estudos, havia muitas salas e elas eram
bem confortáveis. Sua turma tinha vinte e oito estudantes e
todos com vontade de aprender tornaram-se bons amigos. A
maioria das aulas era nesse período, o que fazia a colônia
ser agitada nesse horário; professores e estudantes tinham
muito que fazer.
Quando terminaram as aulas, ela dirigiu-se à biblioteca da
colônia, um lugar muito frequentado pelos moradores e
visitantes. Espaçosa, ela tinha muitas estantes repletas de
livro. Um local maravilhoso para os amantes da literatura.
Mary cumprimentou Cecília, que estagiava na biblioteca, e
foi para uma das estantes pegar um livro para fazer uma
consulta.
"Maldita! Mil vezes maldita!”
Sentiu novamente as palavras na sua mente, bem como a
raiva de quem as dizia. Mary sentiu tontura, agachou-se
num canto, colocou as mãos na cabeça e pronunciou:
— Não! Não sou maldita! Pare com isso!
— Mary! Acalme-se, por favor! O que você tem? -
perguntou Cecília, erguendo-a do chão.
— Não sei Cecília - respondeu Mary com dificuldade. -
Alguém me amaldiçoou e senti tudo rodar.
Cecília chamou telepaticamente o orientador da colônia,
que era responsável pelos estudantes da casa, e ajudou
Mary a sentar-se numa poltrona. Logo Carlos Augusto entrou
na biblioteca e dirigiu-se a elas, indagando:
— O que aconteceu?
— Mary sentiu alguém amaldiçoá-la e teve um ligeiro mal-
estar" - respondeu Cecília.
— Desculpem-me - falou Mary - Não queria causar
nenhum transtorno. Não sei o que aconteceu. Nunca pensei
que estando aqui, na colônia, pudesse sentir alguém, que
não sei quem é nem onde está, falar ou pensar em mim de
maneira tão negativa. Não entendo o que está se passando.
Carlos Augusto deu um passe em Mary e, quando ela
melhorou, lhe falou:
— Mary vamos até o meu gabinete5 para conversarmos.
Mary o acompanhou e sentou-se em frente a uma
escrivaninha. Carlos Augusto acomodou-se ao seu lado,
dirigindo-se a ela de forma carinhosa:
— Querida Mary somos responsáveis pelo que fazemos. Se
alguém se sentir prejudicado por um de nossos atos,
mesmo que não o tenhamos feito com má intenção,
podemos de alguma forma sentir pelo sofrimento ou
dificuldade que causamos. E, se pudermos, devemos ajudar
quem se sente prejudicado direta ou indiretamente pelo que
fizemos. Você, minha amiga, quando encarnada, foi autora
de muitos livros. Por intermédio deles, você não fez o mal,
não teve em momento algum intenção de prejudicar
ninguém. Mas, se alguém se sentiu prejudicado e a
amaldiçoa, e como estamos de certa forma ligados aos
nossos atos, sejam eles bons ruins ou neutros, você sente e
ouve...
— O que faço agora? Fico indiferente a essas palavras? -
perguntou Mary.
— Você não sabe mesmo o que fazer? - indagou Carlos
Augusto, olhando-a carinhosamente.
— Devo ir ver o que se passa? Mas e meus estudos? Estou
amando muito tudo aqui. Alegro-me em conviver com
outros autores, participar desse aprendizado que tanto está
me esclarecendo - falou Mary suspirando.
— Se não for, não ficará sabendo o que acontece - opinou
o orientador.6
— Que tristeza! Terei de deixar esta casa - disse Mary,
suspirando.
— Mary - disse Carlos Augusto, calmamente - lembre-se
de que Jesus recomendou que fizéssemos primeiro a
reconciliação com o nosso próximo para depois fazermos
nossa oferta ao altar. No seu caso, faça esse ser lhe querer
bem, resolva esse caso, para depois fazer outras tarefas.
Você não conhece essa pessoa, talvez nem ela a você, mas,
pelos seus livros ou por algum outro motivo, ela a
amaldiçoa. Será que você terá condições de continuar
estudando ao deixar que essa pessoa se sinta assim? Deve
procurá-la e auxiliá-la para que não a maldiga mais.
— Como vou achá-la? Saberei ajudá-la? Irei sozinha? -
indagou Mary.
— Para encontrá-la, é só seguir a voz, pensar na pessoa e
ir ao seu encontro. Saberá auxiliá-la. Você é inteligente e
capaz. E deve ir só - respondeu o orientador.
— Fiz a ação sozinha, não é? - indagou Mary.
Carlos Augusto sorriu e respondeu:
— Quando resolvemos problemas, sejam nossos ou de
outros, aprendemos muito. Você irá sozinha, mas estaremos
aqui para orientá-la. Pode contar comigo. Vá, Mary, resolva,
auxiliando quem, em aflição, está dizendo essas palavras.
— Só eu escutei porque a pessoa se referiu a mim, não é?
— Sim, nossos atos e ações a nós pertencem, e você se
sente responsável pelos livros que escreveu...
— Se estivesse no umbral7, eu me sentiria pior? -
perguntou Mary.
— Benção e maldição com fundamento - respondeu Carlos
Augusto - são sentidas em qualquer lugar. No seu caso, não
tem fundamento, não foi culpada e não deve sentir-se
assim. Talvez, se estivesse encarnada ou desencarnada no
umbral, por não ter feito as coisas com intenção de
prejudicar, você não iria sofrer. Como você está bem,
consciente de tudo o que fez, sentiu por entender que é
responsável. Para esclarecer essa situação, eu a aconselho
a ir até essa pessoa, verificar o que aconteceu e ajudá-la.
— Quando devo ir? - perguntou Mary com expressão
aborrecida, sentindo como se estivesse sendo obrigada a
fazê-lo.
— Mary, só a estou orientando. Você tem o livre-arbítrio,
que é respeitado. Não está sendo obrigada a nada.
— Desculpe-me - disse Mary, de cabeça baixa - Ao
fazermos algo, não imaginamos quanto nos prendemos às
nossas ações e que os seus reflexos nos acompanham. Você
tem razão. Não conseguiria continuar aqui sabendo que
alguém se sente prejudicado pelo que fiz, mesmo que eu
tenha feito sem a intenção de causar danos. Devo ser grata
pela oportunidade de poder procurá-lo e tentar mudar sua
maneira de pensar a meu respeito, e certamente para isso
tenho de ajudá-lo a resolver o que o aflige. Vou confiante,
sabendo que posso contar com você. Ainda bem que meus
livros não se espalharam muito, não foram tão publicados,
porque, senão eu teria problemas maiores...
— Amiga - falou Carlos Augusto, tranquilamente - Não os
veja como problemas. Porém, se os vir assim, saiba que
pode achar soluções para cada um.
— Você, Carlos Augusto, já sentiu alguém amaldiçoá-lo? -
perguntou Mary.
— Sim, e ainda bem que ele não encontrou em mim erros
ou motivos. Porque, Mary, para sentir ressonância, tem de
haver a maldade feita. Mas, pode acontecer de uma ação
bem-feita ser mal interpretada e vista como uma maldade
por alguém e por isso sermos amaldiçoados. Uma vez,
quando estava encarnado, ajudei com conselhos e
orientação uma pessoa obsedada e ela passaram a
proceder corretamente, saindo da faixa vibracional do
obsessor, porém este me amaldiçoou. Certamente, ele não
me prejudicou, em primeiro lugar porque eu não estava na
sintonia dele e depois porque quis o bem dele também e
tentei ajudá-lo. Outra da qual me lembro foi quando já
estava no plano espiritual. Socorri um desencarnado que
estava no umbral como escravo e orientei-o, ele recebeu o
socorro e se esforçou para se modificar e melhorar. Esse
espírito era talentoso na literatura e estava sendo obrigado
a motivarem encarnados a escrever o que um grupo queria.
Esses moradores da zona umbralina me amaldiçoaram.
Também não encontraram ressonância. Mas, mesmo assim,
fui até eles, marquei uma entrevista e conversamos.
Entenderam que tanto eles quanto eu trabalhava cada qual
com um ideal. Desse encontro vieram comigo dois deles,
que resolveram mudar, para viver para o bem. O resto do
grupo não me amaldiçoou mais. Muitos dos meus
companheiros e eu, ao receber uma maldição, tentamos
resolver a questão ajudando, esclarecendo. Embora isso não
nos incomode, é um prazer fazer quem não gosta da gente
nos querer bem...
— Carlos Augusto, se a maldição encontrar ressonância,
como fica o indivíduo que a recebe? - perguntou Mary.
— Ao fazermos mal a alguém - respondeu o orientador -
primeiramente o fazemos a nós mesmos. Quando estamos
errados, vibramos de tal modo que recebemos as energias
negativas. Expressar maldições é muito triste, porque quem
amaldiçoa não perdoa e quem recebe sente bastante. Por
outro lado, temos as bênçãos, que são energias benéficas,
que tanto bem fazem para quem é grato como para quem
recebe. Minha mãe é uma pessoa maravilhosa que, quando
encarnada, fez muito o bem. Uma vez um irmão dela lhe
disse: “Irmãzinha, você coleciona Deus lhe pague e
obrigado!” Ela sorriu. Um dia, minha mãe me contou que,
em muitas situações difíceis, ela pedia a Deus e pensava
nos agradecimentos que recebia. Esses fluidos a
fortaleciam, e certamente alguns desses beneficiados
intercediam por ela. E ela nunca ficou sem receber que
pedia, usando da energia da gratidão. Pelo visto, meu tio
tinha razão. Mamãe colecionava “Deus lhe pague e
obrigado.” Quando seu corpo físico estava morrendo, foram
centenas de amigos ajudá-la, lhe dar boas-vindas. Nesse
dia, estávamos meus dois irmãos, uma tia e eu ao seu lado.
Mamãe sorriu e disse: “Deus lhe pague! Obrigado!” E
tranquilamente partiu com seus inúmeros amigos para o
plano espiritual. Ela me disse depois, quando nos
encontramos no plano espiritual, que foi isso que escutou
quando seu envoltório carnal morria, e ela repetiu. Mary,
como seria bom se todos colecionassem essas duas formas
de agradecer e de receber bênçãos...
— Acho que vou começar a colecionar agradecimentos,
como sua mãe, mas antes disso vou animada me entender
com essa pessoa que não gosta de mim e que, com certeza,
a transformarei em uma amiga.
— Mary, saia da colônia e vá para onde se encontra essa
pessoa. Não se apresse em voltar: estará fazendo uma
pausa nos seus estudos. Deverá sentir como se estivesse
em férias escolares. Com certeza irá aprender muito,
mesmo.
— Será que saberei auxiliá-la? Serei bem recebida?
— Quando queremos ajudar e solucionar um problema,
devemos conhecer a pessoa e sua dificuldade. E você não
precisará dizer quem é realmente. Fale que é uma amiga, é
isso que deverá ser: uma amiga. Quando usamos da
amizade, sempre encontramos um jeito de ajudar o outro.
Lembro a você, Mary, que são muitos os postos de socorro
espalhados pela Terra e que certamente encontrará um
perto de onde irá. Logo que possível, visite-o, identifique-se
e conte a eles o que está fazendo. Peça ajuda se necessitar
e receberá auxílio.
Mary abraçou Carlos Augusto, agradeceu e saiu do
gabinete. Foi para seu quarto e olhou seus pertences:
— Vou levar só o necessário!" - exclamou.
Pegou uma mochila8 e colocou dentro uma lanterna e
alguns livros.
— Talvez tenha tempo para lê-los! - voltou a se expressar.
Foi para o jardim da colônia com a mochila e escutou
novamente:
— Maldita!
Seguiu a sintonia de quem se expressava.
Volitou...
1 Somos livres para permanecer nos locais de socorro.
Não querendo ficar, podemos sair com permissão, ou então
por uma vontade forte somos atraídos para onde desejamos
ir. (Nota do Autor Espiritual – N.A.E.)
2 Mary narrou esse trabalho especial, sua aventura, no
FIM
Ao terminar a leitura deste livro, provavelmente você tenha
ficado com algumas dúvidas e perguntas a fazer, o que é
um bom sinal. Sinal de que está em busca de explicações
para a vida. Todas as respostas que você precisa estão nas
Obras Básicas de Allan Kardec.
19 Não seria difícil orientadores, trabalhadores do posto de
socorro modificarem o perispírito de José Ari, assim como de
qualquer socorrido. Mas, para que o necessitado dê valor, se
esforce para melhorar e com isso se eduque, são feitos
tratamentos que duram meses e até anos. (N.A.E.)
20 Mateus, 6: 19-21, 25-34. O leitor poderá encontrar mais