PREVENTIVA - Estudos Epidemiológicos Versão FINAL 04
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ISBN: 978-65-81704-00-1
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ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS ....................................................................................................................................................................... 5
1 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTUDOS ........................................................................................................................................................ 5
1.1 ESTUDO SECCIONAL / INQUÉRITO / ESTUDO DE PREVALÊNCIA ........................................................................................ 5
1.2 ESTUDO ECOLÓGICO........................................................................................................................................................... 6
1.3 ESTUDO DE COORTE ........................................................................................................................................................... 6
1.4 ESTUDO DE CASO-CONTROLE ............................................................................................................................................. 6
1.5 ENSAIO CLÍNICO .................................................................................................................................................................. 8
1.6 FASES DO ENSAIO CLÍNICO ................................................................................................................................................. 8
2 ANÁLISE DE DADOS EM ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS ................................................................................................................. 10
2.1 MEDIDAS DE FREQUÊNCIA OU OCORRÊNCIA................................................................................................................... 10
2.2 MEDIDAS DE ASSOCIAÇÃO................................................................................................................................................ 10
2.2.1 ESTUDO DE COORTE ................................................................................................................................................... 11
2.2.2 CASO-CONTROLE......................................................................................................................................................... 12
2.2.3 ENSAIO CLÍNICO .......................................................................................................................................................... 12
2.2.4 ESTUDOS TRANSVERSAIS ............................................................................................................................................ 13
3 TESTES DIAGNÓSTICOS .................................................................................................................................................................. 13
3.1.1 SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE .............................................................................................................................. 13
3.1.2 VALOR PREDITIVO DO TESTE....................................................................................................................................... 14
4 NÍVEIS DE EVIDÊNCIA DOS ESTUDOS............................................................................................................................................. 16
5 TIPOS DE VARIÁVEIS ...................................................................................................................................................................... 17
5.1 VARIÁVEIS QUANTITATIVAS (OU NUMÉRICAS) ................................................................................................................ 17
5.2 VARIÁVEIS QUALITATIVAS (OU CATEGÓRICAS) ................................................................................................................ 17
6 MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL ............................................................................................................................................... 18
6.1 MÉDIA ............................................................................................................................................................................... 18
6.2 MEDIANA .......................................................................................................................................................................... 18
6.3 MODA................................................................................................................................................................................ 18
6.4 COMPARAÇÃO ENTRE MÉDIA, MEDIANA E MODA .......................................................................................................... 19
6.5 DISTRIBUIÇÃO NORMAL (CURVA DE GAUSS) ................................................................................................................... 19
7 TIPOS DE AMOSTRA ....................................................................................................................................................................... 20
7.1 AMOSTRAGEM PROBABILÍSTICA....................................................................................................................................... 20
7.2 AMOSTRAGEM NÃO-PROBABILÍSTICA .............................................................................................................................. 20
8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................................................. 22
9 QUESTÕES EXTRAS......................................................................................................................................................................... 23
9.1 COMENTÁRIOS & GABARITOS .......................................................................................................................................... 28
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• Os estudos clínicos apresentam quatro diretrizes principais: questões sobre diagnóstico, tratamento, prognóstico ou
prevenção. Para responder a cada uma dessas questões, existem desenhos de estudos adequados.
• A escolha de um delineamento apropriado para um estudo é um passo crucial em uma investigação epidemiológica.
• Os estudos epidemiológicos podem ser classificados de acordo com os seguintes aspectos: objetivos do estudo, posição do
investigador, dimensão temporal e dados que serão analisados.
− Objetivos do Estudo: Descritivos x Analíticos.
✓ Estudos Descritivos: investigam a frequência e distribuição de um agravo à saúde na população segundo as características
da própria população, do lugar e do tempo. Eles apenas descrevem dados e geram hipóteses, sem testá-las; são estudos
mais curtos e mais baratos. Ex.: Relato de caso e série de casos.
− OBS.: Relatos de caso x Séries de casos:
Relatos de caso: descrição do caso, procedimentos realizados e conclusão;
Séries de casos: exposição de 3 a 10 casos.
✓ Estudos Analíticos: analisam a associação entre os fatores de risco de um agravo à saúde e o agravo; ou seja, buscam provar
a relação causa-efeito. Geram a hipótese e/ou a testam. Ex.: ecológico, transversal, caso-controle, coorte, ensaios clínicos.
− Quanto à posição do investigador: Observacional x Intervenção (Experimentação ou Ensaio):
✓ Estudo observacional: o pesquisador só observa e não interfere nos indivíduos do estudo; não existe nenhuma manipulação
do fator em estudo.
✓ Estudo de intervenção (Ensaio): acontece manipulação direta; o pesquisador exerce algum tipo de ação sobre os
participantes do estudo, como, por exemplo, através da introdução de um medicamento, de uma nova vacina etc.
− Quanto à dimensão temporal: Transversal (Instantâneo, Seccional) x Longitudinal (Serial):
✓ Transversal ou Seccional: os dados referem-se a um momento específico no tempo, a uma situação pontual, de forma que
a exposição e o agravo (doença) são estudados simultaneamente;
✓ Longitudinal: o pesquisador acompanha os participantes do estudo em mais de um momento no tempo. Os estudos
longitudinais, por sua vez, podem ser de dois tipos:
− Longitudinais prospectivos (ou concorrentes): quando o acompanhamento parte da situação de risco para a análise do desfecho (agravo);
− Longitudinais retrospectivos (históricos ou não concorrentes): quando a doença já ocorreu e o acompanhamento irá analisar o histórico
do indivíduo para a avaliação dos fatores de risco.
− Quanto aos dados investigados (analisados): Individuado x População:
✓ Individuado: cada variável é observada e registrada para cada indivíduo;
✓ Agregado (população): as variáveis são observadas e registradas para um grupo de indivíduos.
Agregado
Investigado Individuado
(População)
Nome Ensaio Clínico Caso Controle Coorte Inquérito Série Temporal Ecológico
Ensaios Temporais
(Retrospectivo) (Prospectivo) (Transversal ou
(ou Ensaios
Estuda “daqui Estuda “daqui Estudo de
Comunitários)
para trás” para frente” Prevalência)
Figura 1 – Algoritmo-resumo: Tipos de Estudo. Intervenção = Ensaio; Perceba que não existe estudo de intervenção transversal, pois ele precisa de tempo para observar
o desfecho. Fonte: os autores.
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• Vantagens: fácil, de baixo custo, rápido, análise simples de dados.
• Desvantagens: baixo poder analítico (gera hipóteses, mas não as testa).
• Exemplo: Censo Demográfico do IBGE – o inquérito é feito individualmente e em um único momento (a cada quatro anos).
• Medida de associação: razão de prevalência.
• Viés de causalidade: como o fator de risco e o desfecho são estudados simultaneamente (corte transversal), pode haver
erro na avaliação da temporalidade dos acontecimentos – “quem veio primeiro: a exposição ou o desfecho?”
Direção do Estudo
Doença
Expostos
Sem Doença
Pessoas sem a
População
Doença
Doença
Não Expostos
Sem Doença
Figura 2 – Delineamento de um estudo de coorte. Fonte: Bonita R, Beaglehole R, Kjellstrom T. Epidemiologia Básica. 2ª Ed. São Paulo: Grupo Editorial Nacional; 2010.
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• Vantagens: é mais rápido e mais barato que o estudo de coorte. É BOM PARA ESTUDAR DOENÇAS RARAS e de LONGA
DURAÇÃO, uma vez que o estudo já se inicia com o desfecho;
• Desvantagem: RUIM PARA FATORES DE RISCO RAROS (podem não ser encontrados no estudo; viés de memória (o paciente
não lembra ou não valoriza o fator de risco);
• Medida de associação: Razão de chances ou razão dos produtos cruzados ou odds ratio.
TEMPO
Direção do Estudo
Início com:
Expostos
CASOS
(pessoas com doença)
Não Expostos
População
Expostos
CONTROLES
(pessoas sem a doença)
Não Expostos
SUS-PE 2010 ACESSO DIRETO. Em relação aos estudos epidemiológicos, é correto afirmar que:
A. Coorte histórica ou não concorrente é o estudo que parte do efeito para observar a causa ou a determinação.
B. Os estudos de caso-controle são estudos de baixo custo relativo, adequados para estudar doenças raras, tendo
alto poder analítico.
C. Os inquéritos ou estudos transversais são de alto custo e alto poder analítico, adequados para testar hipóteses.
D. Coorte concorrente tem baixo custo, não é vulnerável a perdas e possui baixo poder analítico.
E. Os estudos ecológicos não são adequados para estudar uma série temporal.
COMENTÁRIO: Letra A: incorreta, pois a coorte histórica parte de um fator de risco para um desfecho. Letra
B: estudos de caso-controle são de custo relativamente baixo e são uma boa alternativa para avaliação de
doenças raras. Letra C: incorreta, pois os estudos de inquérito ou estudos transversais são baratos, têm
baixo poder analítico e não testam hipóteses. Letra D: incorreta. A coorte concorrente tem alto custo, é
vulnerável a perdas (pelo longo tempo de observação). Letra E: incorreta. Uma das características dos
estudos ecológicos é poder comparar dados de áreas distintas, ou em momentos diferentes no tempo
(séries temporais). RESPOSTA: Letra B.
SUS-PE 2019 ACESSO DIRETO. Quais das seguintes estratégias epidemiológicas são classificadas como
estudos prospectivos?
A. Coorte e Intervenção.
B. Coorte e Prevalência.
C. Coorte e Seccional.
D. Prevalência e Caso Controle.
E. Intervenção e Caso Controle.
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• Desenho: individuado + longitudinal + intervencionista;
• É o único tipo de estudo em que há intervenção. Pode ser considerado como uma das ferramentas mais poderosas para a
obtenção de evidências para a prática clínica;
• Devido ao seu desenho, são capazes de minimizar a influência de fatores de confusão sobre relações de causa-efeito quando
comparados aos demais estudos, daí sua grande relevância como fonte de evidências;
• É o melhor estudo para avaliar uma relação causal, pois testa em tempo real uma intervenção (nova droga, nova vacina,
novo exame, novo procedimento etc.);
• Baseia-se no estudo de dois grupos, em que um recebe a intervenção e o outro não (o grupo controle pode receber um
placebo). Os pacientes são avaliados ao longo do tempo e os dados são coletados para efeito comparativo.
Sucesso
Grupo
Experimental
(Intervenção)
Insucesso
Participantes Randomização
Sucesso
Grupo Controle
(Comparação)
Insucesso
População
Figura 3 – Desenho Típico de um ECR (Ensaio Clínico Randomizado).
Fonte: Adaptado de HULLEY et al.
• Vantagens: é o melhor para se TESTAR e ESTUDAR INTERVENÇÕES (medicamentos, vacinas, procedimentos etc.);
• Desvantagens: é complexo, caro, longo e propenso a perdas;
• Medidas de associação: risco relativo, redução absoluta do risco (RAR), redução do risco relativo (RRR), número necessário
para tratamento (NNT).
• Fase pré-clínica: antes de começar a testar novas intervenções em seres humanos, os cientistas fazem testes em animais de
experimentação (cobaias). Cerca de 90% dos medicamentos são abandonados nesta fase. O objetivo desta fase é TESTAR A
SEGURANÇA DA INTERVENÇÃO:
− Quando esta intervenção se mostra segura em animais, está pronta para ser testada em humanos. As fases de
investigação clínica iniciam-se e seguem uma após a outra, até que o maior volume possível de informações seja obtido.
• A pesquisa clínica é usualmente classificada em 4 fases (I, II, III e IV):
− Fase I: refere-se ao uso do medicamento pela primeira vez em um ser humano, geralmente em um grupo pequeno de
indivíduos saudáveis. Nessa fase serão avaliadas diferentes vias de administração e diferentes doses, realizando-se
TESTES INICIAIS DE SEGURANÇA EM SERES HUMANOS e interação com outras drogas ou álcool. Cerca de 20 a 100
indivíduos participam dessa fase;
− Fase II: cerca de 100 a 300 indivíduos que têm a doença ou condição para a qual o procedimento está sendo estudado
participam dessa fase, que tem como objetivo obter mais dados de segurança e começar a AVALIAR A EFICÁCIA DO
NOVO MEDICAMENTO OU PROCEDIMENTO (estudo piloto);
− Fase III: nesta fase, inicia-se o ENSAIO CLÍNICO PROPRIAMENTE DITO. Formam-se grupos grandes de pacientes que serão
selecionados para receber ou a intervenção ou o placebo (grupo controle). O objetivo desta fase é comparar ambos os
tratamentos e estabelecer a superioridade de um sobre o outro. Os testes de fase III devem fornecer todas as
informações necessárias para a elaboração do rótulo e da bula do medicamento. A análise dos dados obtidos nesta fase
pode levar ao registro e aprovação para uso comercial do novo medicamento ou procedimento, pelas autoridades
sanitárias;
− Fase IV: fase é conhecida como de FARMACOVIGILÂNCIA. Após liberada para comercialização, a nova intervenção (seja
um medicamento, vacina, teste ou procedimento) é rigorosamente acompanhada nos anos que se seguem, para que
sejam compreendidos os efeitos de longo prazo nos seus usuários. São avaliados, principalmente, segurança e
efetividade.
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Quando abordamos o tratamento e falamos em evidências, referimo-nos à efetividade, eficiência, eficácia e
segurança:
1. Efetividade: tratamento que funciona em condições do mundo real;
2. Eficiência: tratamento barato e acessível para que os pacientes possam dele usufruir;
3. Eficácia: tratamento funciona em condições de mundo ideal (laboratório);
4. Segurança: indica que uma intervenção possui características confiáveis, que tornam improvável a ocorrência
de algum efeito indesejável grave para o paciente.
SUS-PE 2012 ACESSO DIRETO. Sobre as fases dos ensaios clínicos, assinale a alternativa INCORRETA:
A. A fase I se compõe de ensaios de farmacologia clínica e toxidade realizada em animais não-humanos.
B. A fase IV é conduzida após a droga ter sido aprovada para distribuição ou comercialização.
C. A fase III é a avaliação em larga escala do tratamento, após a droga ter sido demonstrada como razoavelmente
eficaz; é essencial compará-la em larga escala com tratamentos padrões disponíveis em um ensaio clínico
controlado, envolvendo um número suficientemente grande de pacientes.
D. A fase I está primariamente relacionada à segurança e não, à eficácia, envolvendo estudos do metabolismo e
da biodisponibilidade da droga.
E. A fase II se compõe de ensaios iniciais de investigação clínica do efeito do tratamento, constituindo-se em
investigação em pequena escala da eficácia e da segurança da droga.
COMENTÁRIO: Letra A: incorreta, pois a alternativa refere-se à fase pré-clínica de um ensaio clínico, e não à
fase I, na qual são realizados testes iniciais de segurança em humanos. As demais alternativas são conceituais
e estão corretas. RESPOSTA: Letra A.
EM BUSCA DA VERDADE!
− A busca da verdade envolve a aplicação rigorosa do método científico, que parte de uma hipótese de trabalho,
testa-a num experimento e, finalmente, aceita-a ou refuta-a;
− Ao se testar uma hipótese, procura-se controlar todas as potenciais fontes de erros sistemáticos e aleatórios
do estudo, para que, ao final, suas conclusões possam ser consideradas válidas;
− Esquematicamente, a verdade na pesquisa científica pode ser definida como resultado de uma observação
empírica, controlados os erros sistemáticos e aleatórios. Verdade = observado - (erro sistemático + erro
aleatório).
• Erro sistemático (viés):
− O erro sistemático, ou viés, é definido como qualquer processo, em qualquer estágio da inferência, que
tende a produzir resultados e conclusões que diferem sistematicamente da verdade. É um erro que pode
ser evitado, na maioria das vezes, quando todas as etapas do estudo são bem executadas.
− Basicamente, existem três grupos de vieses, embora mais de 40 já tenham sido catalogados. São eles:
A. Viés de seleção: ocorre quando a amostra do estudo não é representativa da população. Ele é
resultante da maneira como os indivíduos foram selecionados para o estudo, resultando em grupos
de comparação heterogêneos. Exemplo: grupos com médias de idade muito diferentes;
B. Viés de aferição (ou avaliação): quando os métodos de coleta dos dados diferem entre os grupos.
Exemplo: laboratórios com métodos diferentes de testagem;
C. Viés de confusão: quando há algum fator de confundimento entre os grupos, o que pode resultar na
impossibilidade de comparação. Exemplo: quando se estuda a associação entre consumo de café e
incidência de litíase renal. Se o grupo que consome café tomar mais água durante o dia, teremos um
fator de confusão.
• Erro aleatório:
− O erro aleatório decorre, exclusivamente, do acaso. São erros imprevisíveis e que não podem ser
controlados, mesmo com uma boa execução de todas as etapas do estudo. Podem ser estimados por
testes estatísticos.
• Erros de intervenção:
− Efeito Hawthorne: relacionado às alterações de comportamento e hábitos de vida dos participantes do
estudo, devido unicamente ao fato de estarem sendo seguidos.
− Efeito placebo: efeito psicológico causado devido à aplicação de uma intervenção clínica semelhante, mas
que não tem um mecanismo de ação específico conhecido.
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Tabela 1 – Hipótese Nula e Erros do Tipo I e II. Fonte: Os Autores.
Hipótese Nula e Erros Tipo I e Tipo II:
− Em um estudo clínico sobre o efeito de um medicamento, por exemplo, a hipótese nula costuma ser contrária à hipótese de investigação. Por
exemplo: se a hipótese de investigação é de que o tratamento é eficaz para o controle de uma doença, a hipótese nula será contrária (ela dirá que
o medicamento não é eficaz).
− O OBJETIVO DOS ENSAIOS CLÍNICOS É REJEITAR A HIPÓTESE NULA.
− Existem dois tipos de erros que podem ocorrer na realização de um teste estatístico:
✓ Erro Tipo I (Alfa): ocorre quando rejeitamos a hipótese nula, sendo ela verdadeira. Ou seja: quando afirmamos que a intervenção nova funciona
quando, na verdade, não funciona;
✓Erro Tipo II (Beta): ocorre quando não rejeitamos (ou seja, aceitamos) a hipótese nula, sendo ela falsa:
− Erro Tipo I ou Alfa: consiste em uma conclusão falso-positiva.
− Erro Tipo II ou Beta: consiste em uma conclusão falso-negativa.
• A análise dos estudos epidemiológicos pode ser feita através de três parâmetros:
− Medidas de frequência (ou ocorrência): com que intensidade ocorre a doença? É medida através da prevalência ou da
incidência?
✓ Estudos de prevalência: Estudos Transversais;
✓ Estudos de incidência: Coorte / Ensaio Clínico.
− Medidas de associação: há associação entre o fator de exposição e a doença?
− Estatística: a associação encontrada é confiável?
• Comparam duas medidas de frequência e medem a força da relação entre uma variável e a frequência da doença,
funcionando como conclusão do estudo;
• Cada estudo tem uma medida de associação;
• Conceito de risco: probabilidade de que pessoas que estão sem a doença, mas expostas a certos fatores, possam tê-la.
• Em outras palavras, a associação diz respeito à comparação dos resultados encontrados no estudo, o que deve ser realizado
com o auxílio de uma tabela de análise de dados dicotômicos no formato 2x2, construída SEMPRE da seguinte forma:
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− A Linha 1 diz respeito aos avaliados que foram expostos a um determinado fator de risco (“a” e “b”), enquanto os da Linha 2,
não foram expostos (“c” e “d”);
− A Coluna 1, por sua vez, diz respeito aos avaliados que desenvolveram uma determinada doença (“a” e “c”), enquanto os da
Coluna 2 não apresentaram a doença (“b” e “d”).
Doença
Fator Total
Sim Não
Leia-se:
a = número de pessoas expostas ao fator que adoeceram;
b = número de pessoas expostas ao fator que não adoeceram;
c = número de pessoas não expostas ao fator que adoeceram;
d = número de pessoas não expostas ao fator que não adoeceram;
a + c = número de pessoas que adoeceram;
b + d = número de pessoas que não adoeceram;
a + b = número de pessoas que foram expostas ao fator;
c + d = número de pessoas que não foram expostas ao fator;
a + b + c + d = N = total de pessoas observadas no estudo.
• Risco relativo (RR): corresponde ao risco que um indivíduo exposto a um determinado fator tem de desenvolver o desfecho
com relação aos não-expostos. É calculado pela razão da incidência da doença nos expostos sobre os não-expostos, e o
resultado significa quantas vezes mais risco o indivíduo exposto tem de desenvolver a doença, quando comparado a um não
exposto. O RR é, portanto, a razão das incidências.
𝑎
𝐼𝑛𝑐𝑖𝑑ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 (𝐼𝑒) 𝑎+𝑏
𝑅𝑅 = = 𝑐
𝐼𝑛𝑐𝑖𝑑ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑛ã𝑜 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 (𝐼𝑛𝑒)
𝑐+𝑑
• Risco atribuível ao fator (RAF) / Diferença de riscos: avalia o risco dos expostos ao fator e se subtrai os que desenvolveram
a consequência (doença), mas não foram expostos ao risco. Significa, portanto, o risco atribuível à exposição do determinado
fator. É calculado a partir da diferença entre as incidências (Coluna 1). RAF = Ie – Ine
• Risco atribuível populacional (RAP% ou RAP percentual) / Fração atribuível populacional (FAP): é um resultado (em
percentual) obtido a partir da diferença na incidência da doença na população (a + c) com relação à incidência dos que não
foram expostos ao risco (c). Seu cálculo afirma a quantidade em percentual de risco que o fator tem para desenvolver o
agravo naquela população. É calculado com os parâmetros da Linha 3.
𝐼𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 − 𝐼𝑛𝑒 (𝑎 + 𝑐) − 𝑐
𝑅𝐴𝑃(%) = =
𝐼𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑎+𝑐
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• Odds Ratio (OR) = Razão dos produtos cruzados ou Razão das chances: pode ser utilizado pelos diferentes estudos (inclusive
em coortes); no entanto, nos estudos caso-controle, estabelece-se à medida que se estima o risco relativo. Quanto mais
rara for uma doença, mais o OR aproxima-se do RR. O OR é uma estimativa do risco (não define risco tão fortemente quanto
o RR).
𝑎𝑥𝑑
𝑂𝑅 =
𝑏𝑥𝑐
A fórmula do OR é conhecida como a “fórmula do peixinho”: calcula-se a razão da multiplicação dos valores
dos grupos do caso sobre o grupo do controle.
DOENÇA
FATOR Sim ..... Não
Sim .......... a ......... b
Não ......... c ......... d
TOTAL ..... a + c ... b + c
• Interpretação (OR):
✓ Se OR = 1: o estudo não apresentou relação de associação entre efeito e fator;
✓ Se OR > 1: há possibilidade de o fator ser de risco, já que no grupo dos casos, a presença do fator teve maior proporção;
✓ Se RR < 1: há possibilidade de o fator ser de proteção, já que no grupo dos controles, a presença do fator teve maior proporção.
• Da mesma forma, para confirmarmos essas duas últimas possibilidades, é preciso calcular o IC.
• Risco Relativo (RR): Consiste na razão entre a incidência da doença nos expostos ao experimento e a incidência nos não-
expostos.
𝐼𝑒
𝑅𝑅 =
𝐼𝑛𝑒
• Redução do Risco Relativo (RRR): informa o quanto o risco foi reduzido com
a nova droga; em outras palavras, avalia o quanto a nova droga foi capaz
de reduzir a doença. Portanto, o RRR avalia a eficácia e efetividade de uma
droga.
RRR = 1 - RR
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UNIFESP-SP 2020 ACESSO DIRETO. Dados hipotéticos de um estudo avaliando fatores de risco para
ocorrência de infarto agudo do miocárdio encontraram um Risco Relativo igual a 0,40 ao se compararem
expostos a não expostos. A exposição considerada foi realizar atividade física regularmente. O Intervalo de
Confiança de 95% variou de 0,31 a 1,10. Com base nesses resultados, aponte a alternativa correta.
A. Os expostos apresentaram proteção de 60%, com significância estatística.
B. Houve uma redução de 40% no risco para os expostos, sem significância estatística.
C. Houve uma redução de 60% no risco para os expostos, sem significância estatística.
D. O risco de doença foi 40% maior entre os expostos (p<0,05.).
E. O risco de doença foi 60% maior entre os expostos (p>0,05.).
COMENTÁRIO: A questão trouxe um estudo que comparou grupos que praticavam atividade física
(exposição) com grupos que não praticavam (controle), e mediu sua associação com infarto agudo do
miocárdio. O valor do Risco Relativo (RR) encontrado foi de 0,4, ou seja, teoricamente, os praticantes de
atividade física estariam protegidos para IAM, uma vez que o RR foi < 1, e teriam uma Redução do Risco
Relativo de 60% (RRR = 1 - RR). Porém, como o Intervalo de Confiança (IC) cruzou o numeral 1 (variou de
0,31 a 1,10), essa proteção não tem significância estatística. Vamos avaliar as alternativas:
− Letra A: incorreta. Houve sim proteção de 60%, porém sem significância estatística (IC cruzou o numeral 1).
− Letra B: incorreta. A Redução do Risco Relativo nos expostos (praticantes de atividade física) foi de 60%. Letra
C: correta, pois houve Redução do Risco Relativo em 60% para os expostos, porém sem significância estatística.
− Letras D e E: incorretas, pois vimos que, mesmo sem significância estatística, o risco da doença acabou sendo
MENOR nos expostos.
RESPOSTA: Letra C.
• Razão de prevalência (RP): estima quantas vezes mais doentes estão expostos, quando comparados aos não expostos, no
momento da realização do estudo (já que se trata de um estudo transversal). É obtida pela seguinte fórmula:
𝑃𝑒
𝑅𝑃 =
𝑃𝑛𝑒
• A validade de um teste expressa o quanto um teste é útil para diagnosticar um evento (acurácia) ou para predizê-lo (valor
preditivo). Para determinar a validade, comparam-se os resultados do teste com os de outro teste já validado (de
preferência), que pode ser o verdadeiro estado do paciente (se a informação está disponível), um conjunto de exames
considerado mais adequado, ou uma outra forma de diagnóstico que sirva de referência.
• O teste diagnóstico ideal deveria fornecer sempre a resposta correta, ou seja, um resultado positivo nos indivíduos com a
doença e um resultado negativo nos indivíduos sem a doença. Ademais, deveria ser um teste rápido e fácil de ser executado,
seguro, inócuo, confiável e de baixo custo.
• Para definir os conceitos de sensibilidade e especificidade, serão utilizados como exemplos testes com resultados
dicotômicos, isto é, resultados expressos em duas categorias: positivos ou negativos.
• O teste é considerado positivo (anormal) ou negativo (normal) e a doença presente ou ausente. Assim, na avaliação de um
teste diagnóstico existem quatro interpretações possíveis para o resultado do teste: duas em que o teste está correto e
duas em que está incorreto. O teste está correto quando ele é positivo na presença da doença (resultados verdadeiros
positivos) ou negativo na ausência da doença (resultados verdadeiros negativos). Por outro lado, o teste está incorreto
quando ele é positivo na ausência da doença (falso positivo) ou negativo quando a doença está presente (falso negativo).
Os melhores testes diagnósticos são aqueles com poucos resultados falso-positivos e falso-negativos.
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Doença (Padrão-Ouro)
Presente Ausente
Verdadeiro Falso
Positivo a+b
Positivo Positivo
a b
Teste
c d
Falso Verdadeiro
Negativo c+d
Negativo Negativo
a+c b+d N (a + b + c+ d)
SES-PE 2014 ACESSO DIRETO. 200 pessoas foram submetidas ao exame de um clínico que diagnosticou cerca
de 40 pessoas com pneumonia, mas somente 20 delas foram confirmadas pelo exame radiológico. Entre
elas, estavam 16 pessoas diagnosticadas pelo médico. Assinale a alternativa CORRETA quanto à atitude do
médico:
A. A acurácia foi de 86,0%;
B. O valor preditivo positivo foi de 80,0%;
C. O valor preditivo negativo foi de 86,7%;
D. A sensibilidade foi de 40,0%;
E. A especificidade foi de 97,5%.
COMENTÁRIO: Pelos dados do enunciado, o teste que está sendo avaliado é o exame clínico do médico
(diagnosticou 40 pessoas com pneumonia), e a questão usou a radiografia de tórax como parâmetro
definidor de doença (que foi confirmada em 20 pessoas). Vamos construir a tabela de acordo com os dados
fornecidos:
PADRÃO-OURO
(Exame Radiológico)
+ -
+ 16 24 40
Exame Médico
- 4 156 160
20 180 200
• Em certas situações, devemos estar preparados para responder à seguinte questão: dado que o teste apresentou resultado
positivo (ou negativo), qual a probabilidade de o indivíduo ser realmente doente (ou sadio)? Esse atributo do teste é
conhecido como Valor Preditivo (VP), podendo ser positivo (VPP) ou negativo (VPN), e é determinado pela interação de três
variáveis: a sensibilidade e especificidade do teste, e a prevalência da doença no grupo estudado:
− Valor Preditivo Positivo (VPP): é a proporção de doentes dentre os positivos pelo teste. Avalia o quanto podemos confiar
no teste quando seu resultado for positivo.
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− Valor Preditivo Negativo (VPN): é a proporção de sadios (sem a doença) dentre os negativos ao teste. Avalia o quanto
podemos confiar no teste quando seu resultado for negativo.
• Enquanto a sensibilidade e especificidade são propriedades inerentes ao teste e não variam (a não ser por erro técnico), os
VPs dependem da prevalência da doença na população de estudo. O VPP aumenta com a prevalência, enquanto o VPN
diminui.
• Entenda da seguinte forma: quando a prevalência de certa doença é alta em determinada população (ex: tuberculose no
Rio de Janeiro) e um paciente sintomático tem seu teste positivo, existem boas chances de o teste estar correto, e podemos
confiar que ele acertou (VPP alto). Por outro lado, se nesta mesma situação o paciente tem seu teste negativo, existem boas
chances deste teste estar incorreto e assim não podemos confiar no resultado (VPN baixo).
• Se aplicarmos este mesmo teste em uma população com baixa prevalência de tuberculose (Londres, por exemplo), mesmo
que o paciente esteja sintomático, não podemos confiar 100% quando o resultado é positivo (VPP baixo). Porém, se o teste
for negativo, há maior chance de ele estar correto, dada a baixa prevalência da doença na população (VPN alto).
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• Os níveis de evidência são hierarquizados de acordo com o grau de confiança dos estudos, característica relacionada à
qualidade metodológica deles;
• No topo da pirâmide, está a revisão sistemática da literatura e, na sequência os ensaios clínicos randomizados, os estudos
coorte, caso-controle, série de casos, relato de casos, e por fim, a opinião de especialistas e pesquisas feitas em animais ou
in vitro;
Grau de Tratamento /
Nível de Evidência Diagnóstico
Recomendação Prevenção – Etiologia
Opiniões desprovidas de avaliação crítica ou baseada em matérias básicas (estudos fisiológicos ou estudos com
D 5
animais).
• As separações em níveis de evidências orientam a elaboração dos graus de recomendações de condutas médicas e refletem
o nível de certeza e clareza das publicações e seu poder de modificar e orientar a tomada de decisão.
Tabela 3 – Grau de Recomendação. Fonte: Os Autores.
Consiste em estudos de Nível 1.
Estudo com forte recomendação na escolha; são excelentes os níveis de evidência para recomendar rotineiramente a conduta.
A
Os benefícios possuem peso maior que o dano.
Há boas evidências para apoiar a recomendação.
Consiste em estudos do Nível 2 e 3 ou generalização de estudos de Nível 1.
Estudo que recomenda a ação; são encontradas evidências importantes no desfecho, e a conclusão é de que há benefícios na escolha da
B
ação em relação aos riscos do dano.
Há evidências razoáveis para apoiar a recomendação.
Consiste em estudos de Nível 4 ou generalização de estudos de Nível 2 ou 3.
C Encontra mínimas evidências satisfatórias na análise dos desfechos, mas conclui que os benefícios e os riscos do procedimento não
justificam a generalização da recomendação. Há evidências insuficientes, contra ou favor.
Consiste em estudos de nível 5 ou qualquer estudo inconclusivo.
D
Estudos com pobre qualidade. Há evidências para descartar a recomendação.
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UFPE-PE 2013 ACESSO DIRETO. Considerando os estudos sobre tratamento e prevenção, no contexto da
Medicina Baseada em Evidências, as revisões sistemáticas e metanálises compostas por múltiplos ensaios
clínicos randomizados e bem delineados, representam o nível de evidência:
A. I.
B. II.
C. III.
D. IV.
• As variáveis representam características de algum dado avaliado em uma pesquisa. Podem ser classificadas em quantitativas
(quando o dado em questão é um número) ou qualitativas (quando a variável é uma categoria ou atributo).
Discreta
Quantitativo
Contínua
VARIÁVEL
Nominal
Qualitativo
Ordinal
• São representadas por meio de números resultantes de uma contagem ou mensuração. Podem ser de dois tipos:
− Discretas: quando os valores representam um conjunto de números inteiros, ou seja, que NÃO PODEM SER FRACIONADOS.
Por exemplo: número de filhos (0, 1, 2, …), número de bactérias por amostra, número de copos de cerveja tomados por dia;
− Contínuas: quando os valores pertencem a um intervalo de mensuração que PODE CONTER FRAÇÕES de um número inteiro.
Por exemplo: altura (1,72m), peso (69,6kg).
• Representam uma qualidade (ou atributo) de um algum dado ou indivíduo pesquisado que não pode ser quantificada.
Podem ser de dois tipos:
− Nominais: características que não possuem ordem ou sequência nas suas representações. Exemplos: sexo, cor dos olhos,
fumante/não fumante, estado civil, tipo sanguíneo;
− Ordinais: quando há sequência ou ordem nos dados estudados. Por exemplo: escolaridade (1º, 2º, 3º graus), estadiamento de
um tumor (IA, IB, IIA, IIB...).
SES-SC 2014 ACESSO DIRETO. Uma variável em um estudo epidemiológico consiste em uma característica
específica a ser aferida para a explicação do fenômeno estudado. As variáveis podem ser classificadas a
partir de sua natureza. Escolha, entre as alternativas abaixo, aquela que representa o tipo de variável
utilizada para a classificação dos grupos sanguíneos (O, A, B e AB):
A. Ordinal.
B. Nominal.
C. Contínua.
D. Graduada.
E. De Distribuição.
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COMENTÁRIO: As variáveis podem ser classificadas em quantitativas/numéricas (contínuas ou discretas) e
qualitativas/categóricas (ordinais ou nominais). A classificação do grupo sanguíneo não é representada por
números e não possui sequência/ordem entre suas variáveis, de modo que são classificadas como variáveis
qualitativas nominais.
RESPOSTA: Letra B.
• Frequentemente é necessário utilizar um único número para representar uma série de valores em seu conjunto. Esta
representação é obtida através das medidas de tendência central dos dados: moda, mediana e média aritmética.
• É a média aritmética: encontrada somando-se todos os valores obtidos e dividindo o resultado pela quantidade de dados.
Exemplo: se temos sete participantes de um estudo com idades, respectivamente, de 10, 20, 20, 30, 40, 50 e 60 anos, a
média seria a soma das idades (230) dividido pelo total de participantes (7), ou seja, a média de idade é de 32,8 anos.
• O número do centro: encontrado ordenando-se todos os dados e escolhendo o que está no centro (ou, se houver dois
números no centro, calculando-se a média desses dois números). É o valor cuja posição separa o conjunto de dados em
duas partes iguais. A mediana do exemplo acima seria 30, pois divide a metade mais jovem dos participantes (10, 20 e 30
anos) da metade mais velha (40, 50 e 60 anos).
• A moda é o valor que ocorre com maior frequência em um conjunto de dados. Ainda no exemplo anterior, a moda seria o
número 20, pois ele é o que mais se repete na amostra.
− Sem moda: nenhum valor se repete;
− Unimodal: quando existe apenas um valor repetido com maior frequência;
− Bimodal: quando existem dois valores com a mesma maior frequência;
− Multimodal: quando mais de dois valores se repetem com a mesma frequência.
HUPE-RJ 2012 ACESSO DIRETO. Em trabalho prospectivo, visando estudar a potassemia (em mEq/L) de
pessoas com e sem nefropatia, foram selecionados dois grupos de nove indivíduos. Nos controles, já em
ordem crescente, os resultados obtidos foram 3,8 – 4,1 – 4,3 – 4,3 – 4,3 – 4,5 – 4,5 – 4,8 – 5,0, a partir dos
quais foram definidas a média, a mediana e a moda. Comparando os valores destas 03 expressões de
tendência central, conclui-se que:
A. A média e a moda são iguais.
B. A moda e a mediana são iguais.
C. A mediana e a média são iguais.
D. Os três parâmetros diferem entre eles.
COMENTÁRIO: Para responder à questão, é precisar definir quais os valores de MÉDIA, MODA e MEDIANA
dos níveis de potássio apresentados:
− MÉDIA: a média aritmética representa o valor que indica o centro de equilíbrio de uma distribuição de
frequências de uma variável quantitativa. É calculada a partir da soma dos valores da variável, dividida pelo
número total de valores. A média dos valores de potássio resultou em 4,4 mEq/L;
− MODA: é o valor que, em um conjunto de dados, apresenta a maior frequência. A moda foi 4,3 mEq/L;
− MEDIANA: é o valor que ocupa a posição central da série de observações, quando estas estão ordenadas de
forma crescente ou decrescente. Os valores foram apresentados ordenadamente no enunciado da questão.
Assim, é possível verificar que a mediana foi 4,3 mEq/L.
Assim, a alternativa correta é a letra B, pois a MODA e a MEDIANA encontradas são iguais: 4,3 mEq/L.
RESPOSTA: Letra B.
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• Muitas vezes, precisamos decidir qual a medida de tendência central que mais se adequa aos nossos objetivos. Veja algumas
vantagens e limitações destas medidas:
Tabela 4 – Comparação entre Média, Mediana e Moda. Fonte: EPIDEMIO UFC. Conceitos Basicos em Epidemiologia e Bioestatistica.
Disponível em: http://www.epidemio.ufc.br/files/ConceitosBasicosemEpidemiologiaeBioestatistica.pdf. Acesso em: 2 ago. 2020.
Vantagens Limitações Tipo de Variável Aplicável
Reflete todos os valores da amostra. Contínua
Média É influenciada por valores extremos.
Possui propriedades matemáticas definidas. Discreta
Mais difícil de ser determinada para grande Contínua
Mediana Menos sensível a valores extremos que a média.
quantidade de dados. Discreta
Contínua
Não tem função em termos de cálculo. Discreta
Moda Representa um valor típico.
Não tem função em certos conjuntos de dados. Categórica
Ordinal
− Uma curva de distribuição pode descrever a forma da distribuição dos eventos em uma população. Conhecendo-se a forma, a
média e o desvio-padrão, pode-se caracterizar uma população. Um tipo de curva de distribuição bastante comum para
representar a distribuição de alguns dados biológicos nas populações (peso, altura, pressão arterial, glicemia etc.) é a curva
normal ou de Gauss. Isso se deve ao fato de que muitos fenômenos naturais apresentam sua distribuição de eventos simétrica.
− Na figura 6, vemos três curvas de distribuição distintas. Na curva a temos uma distribuição simétrica ou normal (curva de
Gauss), onde as medidas de tendência central se encontram (moda, mediana e média tem o mesmo valor). Um exemplo de
aplicabilidade desta curva seria a altura das mulheres, que pode variar amplamente (1,4m a 1,8m, por exemplo) mas a grande
maioria concentra-se no meio, com exatos 1,6m.
− Perceba que na curva b temos um desvio para a esquerda, ou seja, existe uma tendência de valores mais encontrados (moda)
serem menores do que a média e a mediana. Como exemplo temos a vida útil de um aparelho celular. A maior parte das
pessoas fica com o mesmo aparelho por 2 anos, porém algumas poucas pessoas trocam a cada ano e algumas permanecem
por 5, 6 até 7 anos com o mesmo aparelho. Por isso, a moda está desviada para a esquerda em relação à mediana e à média.
− Já na curva c, o desvio da moda é para valores maiores, ou seja, para direita. Um exemplo seria a duração da gestação em
humanos. O tempo mais provável de uma gestação durar é de 40 semanas, por isso usamos esse valor para calcular a DPP
(data provável do parto). Mas entendam que ela pode variar de 0 até, no máximo, 43 ou 44 semanas. Então a moda seria 40
semanas, e a mediana e média teriam valores inferiores.
Média. Média.
a b c
Figura 6 – Ilustração aproximada das posições relativas dessas três medidas de tendência central para diferentes distribuições.
Fonte: Distribuição Normal (Gaussiana). Disponível em: https://www.inf.ufsc.br/~andre.zibetti/probabilidade/normal.html. Acesso em: 5 ago. 2020.
f(x)
- 3 - 2 - + + 2 + 3
68%
95%
99,7%
Figura 7 – Em uma distribuição normal – Média, Mediana e Moda coincidem. Fonte: Distribuição Normal (Gaussiana).
Disponível em: https://www.inf.ufsc.br/~andre.zibetti/probabilidade/normal.html. Acesso em: 5 ago. 2020.
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• A curva normal (ou curva da Gauss) tem forma de sino, ou seja, é unimodal e simétrica. Por isso a moda coincide com a
média e com a mediana.
− A média é o centro da curva. A distribuição de valores maiores que a média e a dos valores menores que a média é
perfeitamente simétrica, ou seja, se passarmos uma linha exatamente pelo centro da curva, teremos duas metades,
sendo que cada uma delas é a imagem especular da outra.
• Sempre que tivermos uma distribuição normal, 68% dos valores estarão entre -1 e +1 Desvio-Padrão (DP); 95,5% dos valores
estão entre -2 e +2 DP; 99,7% dos valores estão entre -3 e +3 DP.
• A mediana é o valor que divide a distribuição da variável em duas partes iguais. Não é influenciada por valores extremos
(diferentemente das médias aritméticas) e é considerada mais robusta que a média.
INCA-RJ 2014 ACESSO DIRETO. A medida de tendência central que corresponde ao percentil 50 de um
conjunto de dados chama-se:
A. Moda.
B. Média Aritmética.
C. Mediana.
D. Desvio-Padrão.
COMENTÁRIO: Como discutido acima, a mediana está sempre no meio dos valores obtidos. Por isso, dizemos
que ela divide igualmente os resultados em duas metades e corresponde ao percentil 50 da distribuição das
variáveis. RESPOSTA: Letra C.
• Quando fazemos uma pesquisa ou utilizamos algum mecanismo para obter informações, um dos objetivos principais é
coletar dados de uma amostra pequena, mas que possa representa um grupo maior.
• Existem dois tipos de amostragem: probabilística e não-probabilística.
• Todos os elementos da população têm probabilidade conhecida (diferente de zero) de serem incluídos na amostra, o que
garante a representatividade da amostra em relação à população. Pode ser: aleatória, sistemática, estratificada e por
conglomerado:
− Amostragem Aleatória: também chamada de aleatória simples, é aquela na qual todos os elementos da população têm
a mesma probabilidade de serem escolhidos como elementos da amostra; os elementos da amostra são escolhidos por
sorteio. Para que o sorteio possa ser realizado, é necessário que os elementos da população sejam identificados;
− Amostragem Sistemática: os elementos que constituirão a amostra são escolhidos segundo um fator de repetição (um
intervalo fixo). Sua aplicação requer que a população esteja ordenada segundo um critério qualquer, de modo que cada
um de seus elementos possa ser unicamente identificado pela sua posição (uma lista, uma fila de pessoas etc.). O fator
de repetição é determinado dividindo-se o tamanho da população (N) pelo tamanho da amostra (n). O primeiro
elemento é escolhido por sorteio, dentre os elementos da população que ocupam a posição igual ou inferior a N/n (fator
de repetição); em seguida, selecionam-se os elementos a cada intervalo N/n;
− Amostragem Estratificada: quando a população é dividida em estratos (ex: classe social, escolaridade), a amostra
também será estratificada, de tal modo que o tamanho dos estratos na amostra seja proporcional ao tamanho dos
estratos correspondentes na população;
− Amostragem por Conglomerado: consiste em subdividir a população que se vai investigar em grupos fisicamente
próximos, independentemente de eles serem homogêneos ou não. Em tais conglomerados, são agregados os elementos
populacionais com estreito contato físico (como casas, quarteirões, bairros, cidades, regiões etc.).
• São amostras em que a escolha dos participantes é feita de forma aleatória, a partir de critérios pré-definidos pelo
examinador. Ou seja: são amostras em que nem todo o universo de possíveis candidatos tem a mesma probabilidade de
serem escolhidos.
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• Os tipos de amostras não-probabilísticas mais importantes são:
− Por Conveniência (ou Acessibilidade): os participantes são simplesmente aqueles em que o pesquisador tem acesso. Ex:
pacientes do hospital X e Y pois foram os que autorizaram a entrevista.
− Por Resposta Voluntária (ou Intencional): os questionários são enviados a diversas pessoas, porém apenas algumas o
respondem. Ex: quando se envia uma pesquisa por email ou quando o pesquisador vai a campo entrevistar voluntários
aleatoriamente numa praça.
Tabela 5 – Tipos de Amostras Não Probabilísticas e Probabilísticas.
Fonte: Os Autores.
Não-Probabilística Probabilística
Bola de Neve
SES-PE 2017 ACESSO DIRETO. Uma amostra estatística que considera as classes de renda das pessoas é
classificada como:
A. Conglomerado.
B. Estratificada.
C. Aleatória Sistemática.
D. Em Blocos.
E. Múltiplos Estágios.
COMENTÁRIO: Letras A e D: incorretas, pois as amostras por conglomerado (ou por blocos) são selecionadas
por blocos de regiões ou setores e não utilizam uma característica individual como critério. Letra B: correta.
A classe social é uma forma de estratificar a população estudada. Letra C: incorreta. Quando se estabelece
um critério individual para seleção da amostra, ela deixa de ser aleatória. Letra E: incorreta. Para se ter uma
amostragem em múltiplos estágios, selecionam-se, aleatoriamente, as unidades primárias de amostras. Em
seguida, também de forma aleatória, selecionam-se unidades secundárias, localizadas dentro das unidades
primárias. Depois, em cada unidade secundária selecionada, procede-se à seleção aleatória de uma
subamostra de unidades terciárias, continuando o procedimento até o estágio ou etapa desejada.
RESPOSTA: Letra B.
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Acesso em: 4 ago. 2020.
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1. SES-PE 2020.2 ACESSO DIRETO. No quadro a seguir, mostra-se um diagrama da estrutura de um teste diagnóstico da
epidemiologia utilizado para a aferição de um teste diagnóstico comparado ao padrão ouro. O resultado da divisão do valor
descrito na casela “a” pelo valor da casela “a+c” (a/a+c) é denominado de:
Padrão-Ouro
Total
+ -
+ a b a+b
Teste
- c d c+d
Total a+c b+d a+b+c+d
A. Sensibilidade.
B. Especificidade.
C. Valor preditivo positivo.
D. Valor preditivo negativo.
E. Acurácia.
2. SES-PE 2020.2 ACESSO DIRETO. Observando-se o quadro, pode-se afirmar, quanto ao diagnóstico do teste, que as caselas:
A. “a” e “c” correspondem aos verdadeiros positivos.
B. “a” e “d” correspondem aos verdadeiros positivos.
C. “b” e “d” correspondem aos verdadeiros negativos.
D. “b” e “c” correspondem aos verdadeiros positivos.
E. “a” e “b” correspondem aos verdadeiros positivos.
3. IAMSPE-SP 2020 ACESSO DIRETO. Um dos métodos para controle de vícios de seleção no delineamento de um estudo
epidemiológico é:
A. Ajustamento simples.
B. Randomização.
C. Ajustamento simples.
D. Estratificação.
E. Ajustamento múltiplo.
4. UFF-RJ 2021 ACESSO DIRETO. Segundo estudo publicado em abril de 2020 (Castro et al. COVID-19: uma meta-análise da
acurácia diagnóstica dos testes registrados no Brasil. Braz J Infect Dis. 2020;24(2):180-7), a sensibilidade (SE) dos testes de
IgM foi 82% e a especificidade (SP) foi 97%. Em relação aos testes de detecção do antígeno SARS-CoV2, a SE foi 97% e a SP
99%. Curvas ROC foram estimadas para ambos os testes. Tendo em vista o exposto, assinale a opção mais adequada.
A. Na análise das curvas ROC, espera-se que a área sob a curva seja menor para os testes de antígeno que para os testes
sorológicos.
B. Considerando que a prevalência de COVID19 em alguns estudos nacionais foi cerca de 10%, esperam-se valores preditivos
positivos maiores que os negativos, em ambos os testes.
C. Os testes sorológicos produzem maior número de falsos positivos enquanto o PCR-RT mais falsos negativos.
D. Como a prevalência de COVID19 em alguns estudos nacionais foi cerca de 10%, esperam-se valores preditivos negativos
maiores que os positivos, em ambos os testes.
E. Na análise das curvas ROC, espera-se que a área sob a curva seja igual para os testes de antígeno que para os testes sorológicos.
5. SES-PE 2019 ACESSO DIRETO. Sobre a curva de distribuição normal (curva de Gauss), assinale a alternativa INCORRETA.
A. A curva é simétrica, unimodal e tem forma de sino.
B. Numa distribuição aproximadamente normal a média, a mediana e a moda coincidem.
C. Numa distribuição assimétrica, a mediana é mais representativa que a média.
D. A área correspondente a dois desvios-padrões para ambos os lados da média corresponde a cerca de 95,5%.
E. A duração da gravidez humana tem uma distribuição normal.
6. USP-SP 2021 ACESSO DIRETO. Considere que um determinado teste diagnóstico de uma infecção está sendo utilizado em
uma cidade onde sua prevalência é 10%. O que se espera dos valores preditivos positivo (VPP), negativo (VPN) e da
especificidade (E) deste teste, se o mesmo for aplicado em outra cidade onde a prevalência da infecção é 20%?
A. Diminuirá; aumentará; aumentará.
B. Diminuirá; aumentara; será mantida.
C. Aumentará; aumentará; diminuirá.
D. Aumentará; diminuirá; será mantida.
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7. UNIFESP-SP 2021 ACESSO DIRETO. Algumas publicações “pre-print” iniciais sugeriam um efeito da hidroxicloroquina na
redução da mortalidade pela COVID-19 em pacientes internados, porém alguns desses estudos apresentavam diferentes
vieses. Três deles foram: 1) Os pacientes não foram aleatorizados em grupo intervenção e controle; 2) A utilização
concomitante de antivirais e a idade dos pacientes não foram controladas na análise de efeito do medicamento; e 3)
Os exames diagnósticos para selecionar os casos foram diferentes entre os sujeitos investigados. Qual alternativa categoriza,
respectivamente, os três vieses acima identificados?
A. 1) Viés de seleção; 2) Viés de confusão; 3) Viés de informação ou aferição.
B. 1) Viés de informação ou aferição; 2) Viés de acompanhamento; 3) Viés de desenho.
C. 1) Viés de informação ou aferição; 2) Viés de similaridade; 3) Viés de seleção.
D. 1) Viés de confusão; 2) Viés de informação ou aferição; 3) Viés de seleção.
8. SES-PE 2020.2 ACESSO DIRETO. Numa distribuição de dados numéricos aproximadamente normal (distribuição de Gauss),
a área correspondente a dois desvios padrões (± 2 DP) é de:
A. 34%.
B. 68%.
C. 88%.
D. 95%.
E. 99%.
9. SUS-SP 2020 ACESSO DIRETO. Um marcador sorológico deve predizer a ocorrência de uma determinada doença ou infecção,
e diante de um resultado positivo, a probabilidade do indivíduo ser realmente doente é dado por:
A. Especificidade.
B. Valor preditivo negativo.
C. Sensibilidade.
D. Valor preditivo positivo.
E. Precisão.
10. SUS-SP 2020 ACESSO DIRETO. Com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), foi realizado um estudo para identificar,
dentre outras, associações da dor crônica na coluna com características sociodemográficas e estilos de vida, por sexo.
Concluiu-se que os dados da PNS mostram que, aproximadamente, um quinto da população brasileira referiu dor crônica
de coluna. Alguns resultados foram: 18,5% da população brasileira referiram dor crônica na coluna, sendo 15,5% (IC95%
14,7-16,4) em homens e 21,1% (IC95% 20,2–22,0) em mulheres. Encontrou-se um valor de p < 0,01 na associação entre dor
na coluna e idade, escolaridade e atividade física (MALTA et al., Rev. Saúde Pública, 2017). Com base nessas informações,
este estudo:
A. Teve como critério de inclusão: dor na coluna.
B. É transversal.
C. Mostra que a prevalência do desfecho não diferiu segundo o sexo.
D. Teve intervalo de confiança (IC muito baixo para idade, escolaridade e atividade física.
E. Nenhuma associação foi estatisticamente significativa.
11. IAMSPE-SP 2020 ACESSO DIRETO. Numa observação clínica, quando grupos, ao serem comparados, são diferentes em
relação a todas as variáveis que determinam o resultado da associação, exceto naquela em estudo, apresenta-se um vício
de:
A. Aferição.
B. Confusão.
C. Erro aleatório.
D. Seleção.
E. Amostragem.
12. UNIFESP-SP 2021 ACESSO DIRETO. O IBGE e o Ministério da Saúde iniciaram em maio de 2020 a PNAD COVID-19 (pesquisa
nacional por amostra de domicílios), visando quantificar as pessoas com sintomas de COVID-19, sua relação com os serviços
de saúde e os impactos da pandemia no mercado de trabalho. Por telefone, foram contatados cerca de 194 mil domicílios
em 3.364 municípios de todos os estados do país. O delineamento e as medidas de frequência dessa pesquisa são,
respectivamente:
A. Estudo transversal e prevalências.
B. Estudo caso-controle e odds ratio.
C. Estudo de coorte e incidências.
D. Estudo ecológico e correlações.
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13. UFRJ-RJ 2020 ACESSO DIRETO. Têm ocorrido vários surtos de caxumba no Brasil e no mundo. Em Iowa-EUA, após a discussão
sobre a necessidade de uma terceira dose da vacina, a recomendação foi feita livremente nas universidades, no início do
ano letivo 2015/2016, e vários alunos se vacinaram. Um estudo (CARDEMIL et al., 2017) monitorou os alunos quanto à
ocorrência de caxumba, de acordo com o número de doses da MMR (duas ou três). Os principais resultados estão na tabela
a seguir. Podemos afirmar que foi realizado:
Receberam MMR3
DIAS APÓS VACINAÇÃO
SIM NÃO
07 Dias p-valor < 0,001
Hazard Ratio (IC95%) 0,40 Referência
(0,26-0,62)
14 Dias p-valor < 0,001
Hazard Ratio (IC95%) 0,37 Referência
(0,24-0,58)
21 Dias p-valor < 0,001
Hazard Ratio (IC95%) 0,32 Referência
(0,20-0,51)
28 Dias p-valor < 0,001
Hazard Ratio (IC95%) 0,22 Referência
(0,12-0,39)
A. Ensaio clínico comparando as doses da vacina, e não houve eficácia da vacina, pois a medida de associação foi menor que 1.
B. Ensaio clínico comparando as doses da vacina, e os alunos que receberam a terceira dose tiveram 40% menos caxumba
considerando a primeira semana pós-vacinação.
C. Estudo de coorte e a terceira dose mostrou efeito protetor forte, com significância estatística e aumento do efeito com o
passar dos dias pós-vacinação.
D. Estudo de coorte e a terceira dose mostrou efeito protetor forte, com significância estatística, porém queda do efeito protetor
com o passar dos dias pós-vacinação.
E. Análise de sobrevida, pois a medida de associação é hazard ratio e não se pode afirmar nada sobre o efeito da vacina, apenas
sobre o tempo necessário para a resposta.
14. IAMSPE-SP 2020 ACESSO DIRETO. A população de um município A, segundo censo de 2000, era de 50000 habitantes, dos
quais 28000 eram do sexo masculino. No censo de 2010, sua população foi para 55000, sendo 30000 do sexo feminino.
Admitindo um crescimento aritmético na população, a Razão da Masculinidade por 1000 nos casos de 2000 e 2010 foram,
respectivamente:
A. 1012 e 702.
B. 1120 e 800.
C. 1272 e 833.
D. 1472 e 844.
E. 1482 e 864.
15. SES-PE 2020.2 ACESSO DIRETO. Dos 320 participantes de um estudo epidemiológico, 120 pertenciam ao grupo dos expostos
ao fator de risco em investigação, dos quais 6 desenvolveram a doença durante o período de observação. Não se detectou
o surgimento da doença em 309 participantes. Assinale a alternativa que apresenta o estudo epidemiológico descrito.
A. Transversal.
B. Retrospectivo.
C. Ecológico.
D. Seccional.
E. Prospectivo.
16. SURCE-CE 2020 ACESSO DIRETO. Ana Maria trabalha em uma unidade de saúde e foi aprovada em mestrado
profissionalizante com dois anos de duração. Na sua área de abrangência, existem algumas crianças acompanhadas por
microcefalia. No seu projeto de pesquisa, ela pretende identificar se existe relação entre as crianças com microcefalia e a
exposição das mães ao vírus Zika durante a gestação. Qual o desenho de estudo mais adequado para tentar responder a
esse questionamento?
A. Série de casos.
B. Caso-controle.
C. Coorte prospectiva.
D. Transversal descritivo.
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17. SES-PE 2020.2 ACESSO DIRETO. Quando a randomização dos participantes de um estudo epidemiológico é utilizada para a
alocação deles em cada um dos grupos sob investigação, afirma-se que o estudo é do tipo:
A. Caso Controle.
B. Coorte.
C. Intervenção.
D. Correlação Ecológica.
E. Série de Casos.
18. INCA-RJ 2015 ACESSO DIRETO. Corresponde à proporção de pacientes com exame positivo que têm efetivamente a doença:
A. Sensibilidade.
B. Especificidade.
C. Valor preditivo negativo.
D. Valor preditivo positivo.
19. SES-PE 2020.2 ACESSO DIRETO. Ao realizar um estudo utilizando uma amostra probabilística, o pesquisador considerou o
sexo das pessoas e ponderou o tamanho da amostra considerando esse atributo. Essa amostra é do tipo:
A. Conglomerado.
B. Estratificada.
C. Quotas.
D. Ecológica.
E. Cluster.
20. INCA-RJ 2015 ACESSO DIRETO. Assinale a alternativa que corresponde a uma medida de tendência central que não é sensível
à presença de valores extremos:
A. Média.
B. Especificidade.
C. Mediana.
D. Amplitude.
21. SURCE-CE 2020 ACESSO DIRETO. Dr. Luís Arthur assumiu a coordenação da atenção básica em um município no interior do
Ceará, com o objetivo de reduzir a mortalidade infantil. Com base no estudo epidemiológico abaixo, que investigou os
fatores preditores da mortalidade infantil neonatal, podemos afirmar que:
Variáveis Caso (N=132) Controle (N=264) Medidas de Associação IC95% Valor de p
Sexo
Masculino 77 120 1,70 1,08 – 2,67 0,014
Feminino 54 143 1,00
Idade Gestante
< 37 semanas 86 22 29,91 11,96 – 40,46 0,000
37 semanas 43 241 1,00
Peso ao Nascer
< 2.500 g. 88 17 29,73 15,51 – 57,67 0,000
2.500 g. 43 247 1,00
Anos de Estudo da Mãe
<4 38 70 1,12 0,68 – 1,83 0,632
4 94 194 1,00
22. SURCE-CE 2021 ACESSO DIRETO. Uma médica iniciou, em fevereiro de 2020, sua atuação como plantonista de um hospital
que era referência para o tratamento de pacientes com COVID-19. Após atender os primeiros pacientes, resolveu ler um
artigo para ter mais segurança no manejo clínico destes. Considerando os princípios da Medicina Baseada em Evidências
(MBE) e os dados de um estudo transversal apresentados na tabela, qual a interpretação mais adequada para este artigo?
DESFECHO
ASPECTOS GERAIS Alta Óbito RP IC p-Valor
Nº % Nº %
Idade
< 60 anos 25 73,5 9 26,5 1 - 0,015
= 60 anos 165 51,6 155 28,4 1,42 1,14 – 1,79
Tomou AZITROMICINA
Sim 187 57,9 136 42,1 1 - 0,000
Não 4 12,5 28 87,5 4,63 1,84 – 11,64
Fez TOMOGRAFIA
Sim 21 33,3 42 66,7 1 - 0,501
Não 19 30,2 44 69,8 1,10 0,66 – 1,85
Sexo
Feminino 136 66,7 68 33,3 1 - 0,000
Masculino 54 36,2 95 63,8 1,84 1,46 – 2,32
Dados Fictícios.
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A. A não realização de tomografia foi mais associada à evolução para óbito e a associação apresentou significância estatística.
B. Ter idade < que 60 anos foi associado a maior chance de evoluir para o óbito por COVID-19, mas não teve significância
estatística.
C. Pacientes do sexo masculino morreram mais que do sexo feminino e esse achado teve significância estatística.
D. O uso de azitromicina foi mais prevalente entre os pacientes que evoluíram para óbito e um estudo transversal é o mais
adequado para respaldar a tomada de decisão para uma conduta clínica.
23. INCA-RJ 2015 ACESSO DIRETO. Com relação ao processo de randomização em ensaios clínicos, assinale a alternativa
incorreta:
A. A randomização tem o intuito de gerar grupos comparáveis.
B. A probabilidade de homogeneidade entre os grupos de comparação independe do número de participantes do estudo.
C. O ocultamento do processo de randomização é importante para evitar manipulações da alocação que podem comprometer a
comparabilidade dos grupos.
D. Em ensaio clínico bem conduzido, a decisão de incluir ou não um paciente no estudo deve anteceder a sua randomização.
24. SURCE-CE 2021 ACESSO DIRETO. Considere um cenário hipotético em que prevalência de lesões neoplásicas em pacientes
com a Pesquisa de Sangue Oculto (PSO) positivo é de 1%, e que o PSO tem sensibilidade (S) de 85%, especificidade (E) de
75%, Valor Preditivo Positivo (VPP) de 3,3% e o Valor Preditivo Negativo (VPN) de 99,8%. Se o PSO for positivo, qual a chance
de o paciente ter a doença?
A. 3,30%.
B. 75%.
C. 85%.
D. 99,80%.
25. USP-SP 2021 ACESSO DIRETO. A tabela a seguir apresenta os resultados de um estudo caso-controle que teve como objetivo
avaliar a associação entre tuberculose e diabetes. Os casos incidentes de tuberculose pulmonar foram selecionados em
serviços públicos da cidade de Salvador, assim como seus controles, sem tuberculose pulmonar. A variável “tem diagnóstico
de diabetes” foi categorizada em sim e não com base no valor de corte da glicemia capilar proposto pela American Diabetes
Association. Assinale a alternativa que apresenta o valor da medida de associação adequada para o desenho do estudo
relacionada ao risco de indivíduos com diabetes apresentarem tuberculose, em relação aos não diabéticos.
Casos Controles
DIABETES - % %
Nº. Nº.
Não 279 86,4% 305 94,4%
Sim 44 13,6% 18 5,6%
TOTAL 323 100% 323 100%
OBS.: N = Número de Indivíduos. % = Proporção de Indivíduos.
A. 0,37.
B. 0,41.
C. 2,44.
D. 2,67.
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1. COMENTÁRIO: A questão quer saber ao que corresponde o resultado da divisão de “a” por “a + c”. Vamos lá.: “a” representa
o número de pessoas que têm o teste diagnóstico positivo e têm a doença, enquanto “a + c” representa o número de total
de pessoas que têm doença, seja o teste positivo ou negativo. Esse é o conceito de sensibilidade, que representa a chance
de quem a doença (isto é: “a + c”) ter um teste positivo (“a”). RESPOSTA: Letra A.
2. COMENTÁRIO: Vamos ler cada uma das alternativas. Letra A: incorreta, pois “a” corresponde aos verdadeiros positivos e
“c” aos falsos negativos. Letra B: incorreta, pois “a” corresponde aos verdadeiros positivos e “d” aos verdadeiros negativos.
Letra C: incorreta, já que “b” corresponde aos falsos positivos e “d” aos verdadeiros negativos. Letra D: incorreta, pois “b”
corresponde aos falsos positivos e “c” aos falsos negativos. Letra E: incorreta, pois “a” corresponde aos verdadeiros positivos
e “b” corresponde aos falsos positivos. Não há nenhuma alternativa correta e essa questão foi adequadamente anulada
pela banca.
3. COMENTÁRIO: Vieses ou vícios são erros sistemáticos em estudos ou análises que levam a interpretação equivocada dos
resultados. Eles podem ser de vários tipos: seleção, confusão, informação, de seguimento e por aí vai. Nos vícios de seleção,
os pacientes não são alocados de forma aleatória nos grupos de intervenção e controle. Para que o paciente tenha a mesma
chance de ficar num grupo ou em outro, deve ser feita a randomização. Ajustamento simples, estratificação e ajustamento
múltiplo são estratégias utilizadas na fase analítica, e não no delineamento do estudo. A Letra A está igual à C e ambas estão
erradas, assim como a Letra E. RESPOSTA: Letra B.
4. COMENTÁRIO: Letra A: incorreta. A curva ROC tem relação com a sensibilidade e a especificidade do teste; o teste que tem
sensibilidade e especificidade maiores tem maior área sob a curva. Os testes de antígeno, a exemplo do que detecta o SARS-
CoV2, têm maior área sob a curva porque são mais sensíveis e específicos que os testes sorológicos, como o que detecta o
IgM. Letra B: incorreta. Os valores preditivos têm relação com a prevalência da doença na população estudada. Quanto
maior a prevalência, maior o valor preditivo positivo e menor o valor preditivo negativo. Uma prevalência de 10% é
considerada baixa, de modo que os valores preditivos positivos tendem a ser menores, enquanto os valores preditivos
negativos tendem a ser maiores. Letra C: incorreta. Testes sensíveis detectam muitos doentes, mas produzem muitos falsos
positivos. Se os testes sorológicos têm menor sensibilidade, eles produzem menos falsos positivos que o teste de detecção
do antígeno, como o RT-PCR. Letra D: correta. Quanto maior a prevalência, maior o valor preditivo positivo e menor o valor
preditivo negativo. Uma prevalência de 10% é considerada baixa, de modo que os valores preditivos positivos tendem a ser
menores, enquanto os valores preditivos negativos tendem a ser maiores. E: incorreta. A curva ROC tem relação com a
sensibilidade e a especificidade do teste. Se os testes de antígeno e sorológicos têm sensibilidade e especificidade
diferentes, a área sob a curva será diferente. RESPOSTA: Letra D.
5. COMENTÁRIO: A curva de Gauss pode ser utilizada para a interpretação de dados com uma distribuição normal. Ou seja:
por mais que os dados sejam diferentes, a média deles tende a convergir, tanto que a curva de Gauss é simétrica em relação
ao seu ponto médio. Há um porém: nem todo dado tem distribuição normal. E como perceber isso? Sempre que a
distribuição dos dados for muito assimétrica, quando eles estiverem muito concentrados, acima ou abaixo de determinado
valor, eles não têm distribuição normal. Na curva assimétrica negativa, os valores concentram-se à esquerda. Na positiva,
os valores concentram-se à direita. Vamos voltar à questão! Letra A: correta. A curva de Gauss é simétrica, unimodal e tem
forma de sino. Letra B: correta. Se os dados são assimétricos, a média é distorcida, já que há valores muito altos e muito
baixos. Por isso, a mediana é mais representativa. Letra C: correta. Ao analisar a curva de Gauss, veremos que a área ocupada
por dois desvios, para ambos os lados, é de cerca de 95,5%. Letra D: incorreta. A duração média da gravidez é de cerca de
40 semanas. Por mais que o término da gestação possa ocorrer antes, na grande maioria das vezes, ocorre por volta de 40
semanas. Os dados se distribuem de forma assimétrica. RESPOSTA: Letra D.
6. COMENTÁRIO: Os valores preditivos, tanto o positivo quanto negativo, dependem das características do teste diagnóstico
e da prevalência da doença na população. Quanto maior a prevalência, maior o valor preditivo positivo (VPP) e menor o
valor preditivo negativo (VPN). Já a especificidade é uma característica do teste diagnóstico. Ela independe da prevalência
na população estudada. Se o teste for aplicado numa cidade em que a prevalência é maior, o VPP aumentará, o VPN
diminuirá e a especificidade será mantida, pois ela é uma característica do teste. RESPOSTA: Letra D.
7. COMENTÁRIO: Vieses são erros sistemáticos em estudos ou análises que levam a interpretação equivocada dos resultados.
Eles podem ser de vários tipos: seleção confusão, informação, de seguimento e por aí vai. No primeiro caso (os pacientes
não foram aleatorizados em grupo intervenção e controle): houve um viés de seleção, devido à maneira pela qual os
indivíduos foram selecionados. Qual foi o critério para definição grupo de que os pacientes fariam parte? Não houve
randomização. Eles não foram aleatorizados. No segundo caso (a utilização concomitante de antivirais e a idade dos
pacientes não foram controladas na análise de efeito do medicamento): houve um viés de confusão. Se não houve controle
do uso de antivirais e das idades, uma ou mais variáveis de confundimento podem distorcer a associação entre a exposição
e a doença. No terceiro caso (os exames diagnósticos para selecionar os casos foram diferentes entre os sujeitos
investigados): houve um viés de informação ou de aferição. E se os indivíduos foram submetidos a testes diagnósticos pouco
precisos, com alta índice de falsos positivos? Há um erro sistemático na forma de obtenção de informações sobre o
diagnóstico. RESPOSTA: Letra A.
Página 28
8. COMENTÁRIO: A curva de Gauss pode ser utilizada para a interpretação de dados com uma distribuição normal. Lembre-se:
nesta curva, por mais que os dados sejam diferentes, a média deles tende a convergir. Tanto é que a curva de Gauss é
simétrica em relação ao seu ponto médio, o que lhe dá o aspecto clássico de sino. A área ocupada pelos desvios padrões,
para cada lado, tem correspondência com a porcentagem. Se você revisar a curva no texto acima, verá que a área ocupada
por dois desvios, para ambos os lados, é de cerca de 95,5%. RESPOSTA: Letra D.
9. COMENTÁRIO: A relação entre o número de verdadeiros positivos (têm exame positivo e realmente têm a doença) e o
número total de pessoas com exame positivo (verdadeiros positivos e falsos positivos) corresponde ao valor preditivo
positivo. Ele expressa a probabilidade de um paciente com o teste positivo realmente ter a doença. RESPOSTA: Letra D.
10. COMENTÁRIO: Letra A: incorreta, pois o enunciado fez referência à avaliação de dor crônica na coluna com características
sociodemográficas e estilos de vida, por sexo. Um dos critério de inclusão, portanto, foi a presença de dor CRÔNICA na
coluna. Letra B: correta. Trata-se de um estudo transversal ou seccional, pois a pesquisa fez uma “fotografia” dos dados,
num momento específico. Letra C: incorreta. A prevalência de dor crônica foi maior no sexo feminino (de 21,1%, contra
15,5%, no sexo masculino). Letra D: incorreta. O intervalo de confiança (IC) foi de 95%, o que significa que o resultado estará
dentro daquele intervalo em 95 dos 100 estudos hipoteticamente realizado. Este valor de IC é considerado adequado. Letra
E: incorreta. Todas as associações descritas no enunciado foram estatisticamente significativas (IC de 95%, com valor de p
< 0,01). RESPOSTA: Letra B.
11. COMENTÁRIO: Vieses ou vícios são erros sistemáticos em estudos ou análises que levam a interpretação equivocada dos
resultados. Letra A: incorreta. Um vício de aferição ocorre por erros na medição das variáveis do estudo, distorcendo os
resultados. Letra B: incorreta. Vícios de confusão ocorrem um ou mais variáveis de confundimento distorcem a associação
entre exposição e doença. Letra C: incorreta. Erro aleatório é um erro intrínseco aos estudos. Uma taxa de erro sempre
deve ser considerada, por melhor que seja o estudo. Letra D: correta. Ocorre quando os grupos de comparação são
diferentes entre si. Uma alternativa para controle dos vícios de seleção é a randomização, a alocação, de forma aleatória,
dos indivíduos entre os grupos de estudo. Letra E: incorreta. Para representar a população, a amostra tem que ser aleatória.
E o vício ou viés que compromete essa característica da amostra é o de seleção, ainda no delineamento do estudo.
RESPOSTA: Letra D.
12. COMENTÁRIO: Se o IBGE e o Ministério da Saúde, à época, buscaram quantificar o número de pessoas com sintomas de
COVID-19, foi realizado um estudo seccional sobre o possível número de doentes naquele momento específico. Foi
realizada, portanto, uma “fotografia” da situação de saúde. O estudo seccional que faz uma foto dos dados é o estudo
transversal, cujo medida de frequência é a razão de prevalências. Os estudo caso-controle e coorte são estudos
longitudinais, realizados ao longo do tempo. Eles fazem um “filme” da situação de saúde, e não uma “fotografia”. O estudo
ecológico é um estudo transversal, mas a base de análise dele é um agregado populacional. A base de estudo não seriam os
domicílios, mas as cidades, os estados. RESPOSTA: Letra A.
13. COMENTÁRIO: O estudo avaliou quem recebeu e quem não a terceira dose da vacina. A tabela mostra que eles foram
acompanhados quantos à ocorrência de caxumba, por 7, 14, 21 e 28 dias, em relação a quem não tinha recebido a terceira dose.
Foi feito, portanto, um estudo de coorte. Por que não um ensaio clínico? Não foi realizada randomização, não houve alocação
aleatória, a recomendação de uma terceira dose foi feita livremente. Recebia quem quisesse. Depois, todos foram acompanhados.
No ensaio clínico, o controle de quem recebe a intervenção e de quem não recebe é extremamente rígido. Vamos ler as
alternativas. Letras A e B: incorretas. Não foi realizado um ensaio clínico. Letra C: correta. Como discutido, foi realizado um estudo
de coorte. A medida de associação, que equivale ao risco relativo, mostrou proteção. O valor dela foi menor do que 1,0, com
significância estatística. Com o passar dos dias de vacinação, a HR fica ainda menor, o que indica realmente que há aumento do
efeito, com o passar dos dias pós-vacinação. Letra D: incorreta. É justamente o contrário. Com o passar dos dias pós-vacinação,
menos gente adoece. Perceba como a HR diminui progressivamente. Letra E: incorreta. A análise de sobrevida avalia a sobrevida.
O que se avaliou aqui foi a frequência de adoecimento. RESPOSTA: Letra C.
14. COMENTÁRIO: Para responder a essa questão, é preciso saber o que é razão de masculinidade. A razão ou coeficiente de
masculinidade corresponde ao número de homens em relação ao número de mulheres, em determinado espaço geográfico,
no ano considerado. Em 2000, o número de homens era de 28000 e o de mulheres, portanto, era de 22000. Basta dividir e
multiplicar por 1000, já que a questão quer saber a razão por 1000. 28000/22000 = 1,272 x 1000 = 1272. Em 2010, basta
dividir o número de homens, que foi de 25000, pelo de mulheres, que foi de 30000. Lembre-se de que a população cresceu
e passou a ser de 55000 pessoas. 25000/30000 = 0,833 x 1000 = 833. RESPOSTA: Letra C.
15. COMENTÁRIO: Foram formados dois grupos, um de expostos ao fator de risco e outro de não expostos (estudo de coorte).
Os participantes foram acompanhados durante o período de observação quanto ao surgimento da doença, de forma
longitudinal e prospectiva (do presente em direção ao futuro, do fator de risco em direção ao surgimento da doença).
RESPOSTA: Letra E.
Página 29
16. COMENTÁRIO: Ana Maria quer saber se existe relação entre microcefalia e a exposição materna ao Zika vírus. Ou seja: a
doença já existe e ela quer fazer uma análise retrospectiva, em direção a um suposto fator de risco. Ela formaria dois grupos:
um de casos (composto por pacientes com microcefalia) e outro de controle (de pacientes sem microcefalia). Depois, iria
comparar quais mães se expuseram e quais não se expuseram ao vírus Zika. Essa é a definição do caso controle. Série de
casos e estudo transverso descritivo são estudos seccionais, que não permitem testar hipóteses. Num estudo de coorte,
seria diferente: partiríamos do fator de risco para avaliar quem desenvolve ou não o agravo. RESPOSTA: Letra B.
17. COMENTÁRIO: O estudo epidemiológico que se utiliza da randomização para a alocação aleatória dos participantes em cada
um dos grupos de investigação é o intervenção (ensaio clínico). A randomização minimiza o confundimento por fatores
conhecidos e não conhecidos em uma investigação. RESPOSTA: Letra C.
18. COMENTÁRIO: A capacidade de encontrar os verdadeiros positivos dentre todos os doentes corresponde a sensibilidade.
Especificidade corresponde à capacidade de encontrar os verdadeiros negativos dentre todos os sadios. Quando nos
referimos a valor preditivo positivo, estamos falando da proporção de verdadeiros positivos dentre todos os indivíduos com
teste positivo. Valor preditivo negativo, por sua vez, é a proporção de verdadeiros negativos dentre todos os indivíduos com
teste negativo. Perceba que a questão pergunta a proporção de pacientes com exame positivo que têm efetivamente a
doença. Ou seja, ele quer detectar os verdadeiros positivos (dentre todos os doentes? Ou dentre todos os testes positivos?).
Questão mal elaborada... O gabarito liberado foi letra D, mas fica a nossa crítica à redação da questão. RESPOSTA: Letra D.
19. COMENTÁRIO: Letra A: incorreta. Na amostragem por meio de conglomerados, a população apresenta uma subdivisão em
pequenos grupos, chamados conglomerados. Isto é, existem conglomerados e não mais os elementos individuais de uma
população. Letra B: correta. Quando a população é dividida em subgrupos ou estratos, de maneira que um elemento pode
fazer parte apenas de um único estrato ou camada. Ela é interessante quando os grupos formados são muito homogêneos
internamente, mas heterogêneos quando comparados. A estratificação mais comum é a feita com base no gênero. Letra C:
incorreta. A amostragem por quotas é um tipo de amostra não probabilística. Letra D: incorreta. Não existe essa amostra
do tipo ecológica. Letra E: incorreta. A amostra por clusters é a mesma coisa que a amostra por conglomerados.
RESPOSTA: Letra B.
20. COMENTÁRIO: A mediana ocupa posição central em uma série de observações, quando estas estão ordenadas de forma
crescente ou decrescente. Ela é a medida de tendência central menos sensível a valores extremos. RESPOSTA: Letra C.
21. COMENTÁRIO: Letra A: incorreta. Trata-se de um estudo caso-controle, cuja medida de associação é o odds ratio, e não o
risco relativo. Letra B: incorreta. O intervalo de confiança da prematuridade variou 11,94 a 40,46, o que a torna um fator de
risco para mortalidade infantil, com significância estatística. Lembre-se: via de regra, se a medida de associação for maior
que 1, a exposição é de risco; se menor que 1, ela é de proteção. O valor unitário não pode estar incluído, já que, se ele
estiver, não há significância estatística. Letra C: correta. O intervalo de confiança do baixo peso ao nascer variou de 15,51 a
57,67, com significância estatística, o que nos permite classificá-lo como um fator de risco para mortalidade infantil, como
um preditor de óbito neonatal. Letra D: incorreta. Não se pode falar isso porque o intervalo de confiança da escolaridade
ora foi menor que 1, ora foi maior que 1. Não há, portanto, significância estatística. RESPOSTA: Letra C.
22. COMENTÁRIO: Letra A: incorreta. Não houve significância estatística. O intervalo de confiança incluiu o valor unitário. Variou
de 0,66 a 1,85 e, portanto, ora foi fator de risco, ora de proteção. Letra B: incorreta. Ter menos de 60 anos se associou a
menor taxa de óbito, com significância estatística. Letra C: correta. O sexo masculino apresentou maior frequência de óbito,
com significância estatística. Perceba que o intervalo de confiança foi maior de 1, o que indica que a associação é de risco.
Letra D: incorreta. O uso de azitromicina foi mais frequente em quem recebeu alta. Outro problema dessa alternativa:
o estudo transversal não é o mais adequado para respaldar a tomada de decisão clínica. Os melhores estudos para a tomada
de decisão são os ensaios clínicos e as metanálises. RESPOSTA: Letra C.
23. COMENTÁRIO: Letra A: correta. A randomização busca eliminar o viés de seleção, minimizar a interferência de variáveis de
confusão conhecidas e não conhecidas (diminuir o viés de confundimento) e garantir um risco de comparável de desfecho
entre os grupos. Letra B: incorreta. Para que a amostra tenha representatividade e poder estatístico, o tamanho da amostra
(número de pacientes) deve ser adequado, de modo a garantir homogeneidade entre os grupos de comparação. Devemos
observar que, em amostras muito pequenas, é mais fácil que eventuais extremos na seleção dos participantes possam
induzir a diferenças na análise estatística. Letra C: correta. O sucesso da randomização depende, dentre outros fatores, do
ocultamento – os participantes e a equipe do estudo não podem saber a que tratamento/procedimento/técnica o
participante será alocado. Letra D: correta. A estratégia descrita busca evitar manipulações no processo de ocultamento.
RESPOSTA: Letra B.
Página 30
24. COMENTÁRIO: O valor preditivo positivo expressa a probabilidade de um paciente com o teste positivo ter a doença (Letra
A correta). A sensibilidade representa probabilidade de um teste dar positivo na presença da doença, enquanto a
especificidade representa a probabilidade de um teste dar negativo na ausência da doença. Já o valor preditivo negativo
indica a proporção de verdadeiros negativos entre todos os indivíduos com teste negativo. Nesse caso, a questão quer saber
sobre os verdadeiros positivos. RESPOSTA: Letra A.
25. COMENTÁRIO: Trata-se de um estudo caso-controle, cuja medida de associação é o odds ratio. Vamos entender como
calcular o odds ratio, que também pode ser chamado de razão dos produtos cruzados. O primeiro passo é montar um Tabela
2 x 2, em que, de um lado, está a condição (no caso, tuberculose) e, do outro, a exposição (no caso, diabetes). Vejamos
como montá-la (D = diabetes / T = tuberculose).
T + T-
D+ a b
D- c d
O odds ratio pode ser chamado de razão dos produtos cruzados porque é calculado pelo produto (a.d)/(b.c). Vamos
substituir os números na tabela:
T + T-
D+ 44 18
D- 279 305
Página 31
@eumedicoresidente @medresumosoficial